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Unidade III MICROBIOLOGIA, IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA

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Unidade III

5 O SISTEMA IMUNOLÓGICO E SEUS CONSTITUINTES 5.1 Conceitos gerais

O organismo humano está exposto constantemente a diferentes agentes e ambientes, muitos deles, infecciosos. Embora o número de indivíduos expostos aos agentes infecciosos seja alto, apenas uma pequena parcela vai manifestar a doença, uma vez que o hospedeiro tem mecanismos para destruir o agente infeccioso.

O sistema imunológico é um conjunto de moléculas e tecidos que, por meio de reações coordenadas, vai conferir resistência às infecções. A resposta imunológica tem como objetivo prevenir e impedir a disseminação de infecções e erradicar processos infecciosos já estabelecidos, além de controlar a microbiota endógena. Para tanto, o sistema imunológico tem mecanismos específicos para lidar com a enorme variedade de antígenos encontrados no ambiente.

Alguns termos são muito importantes quando se fala de respostas imunológicas. É muito comum a confusão de alguns termos, como infecção versus inflamação, antígeno versus anticorpos e citocinas versus interleucinas.

A seguir definiremos alguns desses termos para que no decorrer da leitura não ocorram confusões, nem a compreensão errada desses conceitos.

A inflamação é uma reação do sistema imunológico que ocorre nos tecidos vascularizados. O processo inflamatório envolve tanto a ação dos leucócitos e dos famigerados glóbulos brancos como a de proteínas plasmáticas. A ação desses elementos ocorre em resposta à lesão tecidual ou pelo contato com toxinas. Nesta situação, existe um aumento da permeabilidade capilar que estimula a migração de células de defesa, no caso, os leucócitos, para o local da lesão. Paralelamente ocorre o extravasamento de fluidos para o tecido conjuntivo lesionado. Assim, em um primeiro momento, a resposta inflamatória tem uma função protetora, ao impedir a disseminação do agente estranho, e promove o reparo do tecido lesionado. Nem toda inflamação é acompanhada de infecção, porém todo processo infeccioso, independentemente do agente iniciador, desencadeia uma resposta inflamatória.

Observação

Inflamação aguda: processo de curta duração, com a remoção do agente inflamatório.

Inflamação crônica: longa permanência do agente agressor e sua remoção total pode não ocorrer.

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Figura 30 – Esquema demonstrando o mecanismo de resposta inflamatória. No primeiro quadrante à esquerda, vemos o início da resposta inflamatória causada por uma lesão, responsável por liberar os mediadores químicos que vão recrutar as células de defesa (quadrante à esquerda). Em 1, temos a lesão que provoca a liberação de mediadores químicos que recrutam as células de defesa; (2) as células de defesa realizam a diapedese e chegarem ao tecido conjuntivo; (3) por quimiotaxia essas células chegam até o local da

lesão para realizar a fagocitose e, consequentemente, a remoção do agente invasor

Chamamos de infecção a presença de microrganismos que causam alterações fisiológicas e danos teciduais, além de modificações das proteínas plasmáticas. As infecções endógenas são aquelas causadas por microrganismos pertencentes à microbiota endógena, ao passo que as infecções exógenas são provocadas por microrganismos da flora exógena.

São chamados de antígeno aquelas moléculas capazes de desencadear uma resposta imunológica ao se ligarem ao receptor de célula T ou a um anticorpo. Os antígenos que se unem aos anticorpos incluem todas as classes de moléculas, enquanto aqueles capazes de se ligarem aos receptores de célula T são de origem proteica.

A parte do antígeno reconhecida pela maioria dos linfócitos recebe o nome de epítopo imunodominante, que são normalmente gerados dentro da célula apresentadora de antígeno – cuja função será discutida mais adiante – e possuem maior probabilidade de ativarem as células T. Sempre que usarmos apenas o termo epítopo, estaremos nos referindo a uma região específica do antígeno macromolecular que se liga ao anticorpo ou será responsável pela ativação das células T.

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Anticorpos são sinônimos de imunoglobulina (Ig) – glicoproteínas produzidas pelos plasmócitos, que são células derivadas dos linfócitos B. Todo anticorpo se liga a antígenos específicos por meio de regiões de alta afinidade formando o complexo antígeno anticorpo. Também são capazes de se ligarem a outras moléculas do sistema imune para aumentar a eficiência da resposta imunológica. Mais adiante, veremos que os anticorpos possuem várias funções efetoras de acordo com o antígeno que ativar à sua produção.

Finalmente temos as citocinas, que são moléculas de origem proteica responsáveis por mediar as respostas imunes e inflamatórias. Podem ser produzidas pelos macrófagos, pelas células NK e pelos linfócitos T conforme o tipo de resposta imune desencadeada pelo antígeno.

As interleucinas (IL) são um tipo de citocina, porém se diferem das citocinas, uma vez que são produzidas e agem nos leucócitos.

-^

Figura 31 –Representação esquemática do mecanismo de ação das citocinas

Saiba mais

Existem diferentes tipos de citocinas e interleucinas com diversas aplicabilidades. A fim de conhecer e entender melhor como cada uma delas atua, leia:

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5.2 Órgãos e tecidos linfoides

Os órgãos linfoides e tecidos linfáticos são estruturas pertencentes ao sistema linfático. Nesses órgãos e tecidos, são geradas e diferenciadas as células de defesa, além da ocorrência de resposta imunológica. Chamamos de órgãos linfoides primários ou centrais as estruturas responsáveis pela produção e/ ou diferenciação de células de defesa. Nesta categoria, enquadramos a medula óssea e o timo. Já os órgãos linfoides secundários ou periféricos são aqueles que atuam tanto no armazenamento de células de defesa como no sítio de ocorrência de resposta imunológicas. São exemplos de órgãos linfoides secundários: baço, linfonodos e gânglios linfáticos. A figura a seguir mostra a distribuição dos órgãos linfoides primário e secundário pelo organismo humano.

Figura 32 – Distribuição dos órgãos linfoides primários e secundário pelo organismo humano

Após serem geradas nos órgãos linfoides primários, as células de defesa ficam circulando entre os órgãos linfoides secundários, o sangue e a linfa, mas nunca retornam ao órgão linfoide primário.

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Figura 33 – Representação esquemática da relação existente entre os órgãos linfoides primários e secundários 5.2.1 Órgãos linfoides centrais

A grande função dos órgãos linfoides primários está centrada na produção e na maturação dos linfócitos. As células-tronco da medula óssea são responsáveis pela geração e proliferação das formas imaturas dos linfócitos B e T, em diferentes estágios da sua maturação, seguida da expressão dos genes para os receptores de antígenos e a seleção daqueles linfócitos que apresentam expressão funcional desses receptores de antígenos. A interleucina 7 (IL-7) tem um papel crucial nesse processo, pois mantém e expande o número de células progenitoras de linfócitos.

A medula óssea é um órgão linfoide primário, responsável pela produção de todos os elementos sanguíneos, incluindo neles as células de defesa da linhagem mieloide e da linhagem linfoide, como é o caso dos linfócitos B e T.

A maturação dos linfócitos B ocorre na medula óssea, uma vez que as linhagens progenitoras desses linfócitos se multiplicam gerando um grande número de células pró-B que, após processo de maturação, será convertida em célula pré-B. Finalmente, depois da expressão dos receptores, será transformada em célula B imatura. A sua maturação pode ocorrer na própria medula óssea ou, ainda, após essa célula deixar a medula e entrar no baço. Independentemente do seu local de maturação, a célula B madura é capaz de responder à presença de antígenos localizados nos tecidos e nos órgãos linfoides periféricos.

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Proliferação

Células pró-B/T Aumento numérico

Expressão do receptor antigênico Células pré-B/T expressam

cadeia parcial do receptor

Proliferação das células que expressam a cadeia parcial do

receptor

Apoptose das células que não expressam essa cadeia do

receptor

Expressão do receptor antigênico Células B/T imaturas expressam cadeia

completa do receptor Apoptose das células que não expressam a cadeia completa

Seleção positiva e negativa Seleção positiva

• Fraco reconhecimento de autoantígeno

Falha na seleção positiva • Não reconhecimento de

autoantígeno

Falha na seleção positiva • Não reconhecimento de

autoantígeno

Figura 34 – Sequência de eventos que levam à seleção positiva ou negativa dos linfócitos B e T

Figura 35 – Estágios de maturação e seleção dos linfócitos B

As células progenitoras dos linfócitos T são produzidas na medula óssea, mas precisam migrar para o timo, onde ocorrerá sua diferenciação e maturação. O timo fica situado próximo ao arco aórtico e tem a função de gerar e diferenciar as células T (linfócitos T) a partir de células linfoides provenientes da medula óssea vermelha. As células T geradas no timo passam por um processo de seleção a fim de adquirirem a capacidade de diferenciar o próprio do não próprio, impedindo, assim, que as células de defesa ataquem os constituintes do próprio organismo.

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Lembrete

Em recém-nascidos, o timo é maior do que em adultos. Isso ocorre porque o timo, após a puberdade, sofre uma involução, ou seja, reduz de tamanho.

Essas células progenitoras imaturas são chamadas de células T duplo negativas, pois não expressam em sua superfície os marcadores CD4 e CD8. Após o primeiro evento de maturação, são formadas as células pré-T que, após nova expansão clonal e expressão de novos genes, recebe o nome de célula T duplo positiva, já que expressam simultaneamente os receptores CD4 e CD8. Neste ponto, as células estão prontas para serem selecionadas positiva ou negativamente conforme o padrão de reconhecimento do receptor MHC (complexo principal de histocompatibilidade). Aquelas células que não reconhecem nenhum tipo de receptor MHC, ou o reconhecem fortemente, são selecionadas negativamente e morrem por apoptose. Por outro lado, aquelas células que reconhecem fracamente os receptores MHC de classe I e MHC de classe II são selecionadas positivamente, gerando os linfócitos T CD8+ e T CD4+ maduros, respectivamente.

Figura 36 – Sequência de eventos necessários para o amadurecimento e a seleção dos linfócitos T. A maturação dos linfócitos T ocorre no timo por um evento de ativação sequencial de genes semelhante ao que ocorre nos linfócitos B. A expressão dos genes para os receptores CD4 e CD8 são essenciais para a formação da célula T madura. A incapacidade de reconhecimento e expressão dos

receptores antigênicos leva à morte da célula por apoptose 5.2.2 Órgãos linfoides periféricos

São chamados de órgãos linfoides periféricos aquelas estruturas cujas respostas imunes são iniciadas e o reconhecimento e a interação do antígeno com as células de defesa – em especial os linfócitos – são otimizadas no sentido de estimular a resposta imune adaptativa. Estão incluídos nessa categoria os linfonodos, o baço e o sistema imunológico cutâneo e das mucosas.

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Os linfonodos são estruturas levemente esféricas, situadas ao longo dos vasos linfáticos distribuídos por todo o corpo. A função dos linfonodos é filtrar a linfa de forma que as células apresentadoras de antígeno possam captar e reconhecer agentes infecciosos e destruí-los por meio da ação de células de defesa.

O baço fica situado próximo ao pâncreas e tem um papel similar ao do linfonodo, porém atua captando e reconhecendo agentes infecciosos presentes no sangue. Tais antígenos serão reconhecidos pelos macrófagos e pelas células dendríticas, destruindo-os mediante a ação de macrófagos e linfócitos B.

Chamamos de tecido linfoide cutâneo e mucoso as massas de tecidos linfoides localizadas sob o epitélio da pele e dos tratos respiratório e gastrointestinal. Os sítios mucosos estão localizados no intestino (placa de Peyer), nos pulmões e nas tonsilas. Nestes sítios ocorrem respostas imunológicas antes que os antígenos penetrem pelo epitélio e atinjam regiões mais profundas do organismo, ou seja, essas regiões funcionam como barreiras de contenção.

5.3 Células que participam da resposta imune

Todas as células que participam da resposta imunológica são geradas na medula óssea por meio de um precursor comum. A maturação e a diferenciação dessas células ocorrem mediante a ação de mediadores químicos, do tipo citocinas, específicos. Com exceção dos linfócitos T, cuja maturação ocorre no timo, todas as outras células participantes da resposta imunológica são geradas e maturadas na medula óssea. Podemos dividi-las em três grandes grupos:

• células apresentadoras de antígeno: capturam, processam e apresentam o antígeno; • linfócitos: fazem o reconhecimento específico;

• células de fagocitose: eliminam os patógenos.

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Figura 37 – Representação esquemática da origem das células de defesa provenientes de célula progenitora encontrada na medula óssea vermelha

Lembrete

Por serem pluripotentes, as células da medula óssea têm sido estudadas com o intuito de utilizá-las no tratamento de doenças degenerativas, como a doença de Parkinson e distrofias musculares.

5.3.1 Células apresentadoras de antígeno

São células encontradas nos sítios mucosos e cutâneos, ou seja, nas portas de entrada dos microrganismos. Funcionam como células apresentadoras de antígeno as células dendríticas e os macrófagos. Em comum, essas células têm a capacidade de fagocitar o antígeno, processá-lo e expô-lo aos linfócitos encontrados nos linfonodos e no baço.

As células dendríticas são mais atuantes na captura e no processamento de antígenos proteicos que usam o epitélio como porta de entrada. Ao fagocitar o antígeno, a célula dendrítica se desloca até os linfonodos e apresenta o produto desse processamento para o linfócito T.

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5.3.2 Linfócitos

Embora apresentem morfologia semelhante, são divididos em células B e T conforme o processo de maturação sofrido. Tal processo de diferenciação faz com que essas células adquiram receptores específicos para o reconhecimento antigênico tornando-os, deste modo, as principais células atuantes na resposta imune adaptativa.

Um linfócito que nunca entrou em contato com um antígeno é chamado de linfócito virgem. Quando um antígeno se ligar a um receptor de linfócito, essas células de defesa iniciarão a proliferação e se diferenciarão em células efetoras específicas de cada linfócito, que efetivamente destruirão o antígeno e as células de memória que, por sua vez, serão ativadas em um contato subsequente assim como o mesmo antígeno que desencadeou o processo inicial.

5.3.2.1 Linfócito B

Os linfócitos B, gerados e maturados na medula óssea, são as únicas células capazes de produzir anticorpos, por isso sempre associamos os linfócitos B como a principal célula envolvida na imunidade humoral.

Os antígenos que se ligam aos receptores dos linfócitos B não precisam ser processados pelas células apresentadoras de antígenos. Sendo assim, após a ativação dessa linhagem linfocitária, ou seja, da sua proliferação e diferenciação, ocorre a geração das células efetoras dos linfócitos B, que são os plasmócitos – células responsáveis pela produção e secreção dos anticorpos (estruturas proteicas que vão destruir os antígenos). Além dos plasmócitos, a ativação das células B gera células B de memória.

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Figura 38 – Mecanismo de proliferação e diferenciação do linfócito B resultando na formação de plasmócitos – células produtoras de anticorpos – e células B de memória

Observação

A procura por anticorpos no sangue é uma forma de identificar se o paciente foi exposto à determinado antígeno, principalmente no caso de procura por antígenos virais.

5.3.2.2 Linfócito T

Os linfócitos T estão relacionados à imunidade celular. Seus receptores são aptos a reconhecerem apenas peptídeos antigênicos, portanto é necessária a captura e o processamento do antígeno pelas células dendríticas antes da ativação dos linfócitos T.

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Embora a célula precursora do linfócito T seja gerada na medula óssea, a sua maturação ocorre exclusivamente no timo. Durante esse processo, são geradas duas populações de células T: as células T CD4+, também chamadas de T auxiliares, e as células T CD8+, conhecidas como linfócitos T citotóxicos ou CTLs.

A população CD4+ é responsável por auxiliar na diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos e recrutar células de fagocitose. Por outro lado, os CD8+ são aptos e destruir células infectadas por microrganismo. Além disto, após o processo de ativação e diferenciação dos linfócitos T, assim como aconteceu com os linfócitos B, são geradas as células de memória.

-Figura 39 – Mecanismo de diferenciação de células B e T e as diferentes subpopulações geradas no processo

Observação

O vírus HIV é considerado imunossupressor justamente por impedir a ativação do linfócito T CD4+.

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5.3.2.3 Células NK

Existe ainda uma terceira classe de linfócitos que se difere dos linfócitos B e T por não apresentarem receptores específicos na superfície da membrana. Essa célula, denominada célula Natural Killer (NK), é especializada em destruir células infectadas do hospedeiro. Porém, a ausência de receptores específicos na sua membrana impede que ela atue diretamente na resposta imune adquirida junto com os linfócitos B e T, mas é componente essencial para a resposta imune inata por eliminar rapidamente células infectadas.

Observação

O leucograma diferencial é a contagem individual dos leucócitos com o intuído de relacionar uma determinada alteração na quantidade e/ou na forma da célula com uma patologia específica.

5.4 Granulócitos

Chamamos de granulócitos um grupo de células geradas na medula óssea e que se caracterizam por apresentarem um citoplasma rico em grânulos enzimáticos capazes de induzir o estresse oxidativo de um patógeno ou, ainda, a sua hidrólise ácida. Essas células também são conhecidas como leucócitos.

Os granulócitos são gerados a partir de uma célula mieloide progenitora, também derivada da mesma célula-tronco que gerou os linfócitos. A seguir serão descritas as características dessas células, que também têm importante papel na resposta imunológica, em especial na resposta imune inata.

Figura 40 – Representação esquemática dos granulócitos provenientes da linhagem mieloide

Os neutrófilos, também conhecidos como leucócito polimorfonuclear (PMN), são o tipo mais abundante de leucócitos circulantes. São células com o citoplasma rico em grânulos, contendo lisozima e enzimas oxidantes, atuam principalmente na defesa contra bactérias e possuem alta capacidade de diapedese, ou seja, atravessam os vasos sanguíneo para chegar até o tecido conjuntivo lesionado, o que

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mostra seu papel durante a resposta inflamatória. Tem a capacidade de realizar fagocitose e promover a digestão enzimática do patógeno.

Figura 41 – Neutrófilos sofrendo diapedese. É possível observar a necessidade de moléculas de adesão que permitirão o rolamento e a migração do neutrófilo da luz do vaso em direção ao tecido conjuntivo responsável pela liberação dos fatores quimiotáxicos que

desencadearam o processo

O eosinófilo também possui o citoplasma rico em grânulos, mas, desta vez, o conteúdo é de histamina e heparina. Embora seja capaz de sofrer diapedese, esta não é tão rápida quanto a dos neutrófilos. É encontrado em abundância nos infiltrados inflamatórios de reações de hipersensibilidade, o que mostra sua participação nos processos patológicos em doenças alérgicas. Sua principal ação é contra parasitas extracelulares, em especial os helmintos.

Saiba mais

A fim de entender melhor o papel dos eosinófilos no combate a infecções parasitárias, leia:

TORTORA, G. J. et al. Microbiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

Os monócitos são células encontradas na corrente sanguínea e sofrem diferenciação ao realizar a diapedese por serem recrutados para um sítio inflamatório. Ao chegarem ao tecido conjuntivo, os monócitos se diferenciam em macrófagos – células com alto poder de fagocitose e importante papel nas respostas imunes inatas e adquiridas.

São responsáveis não apenas pela remoção de bactérias, mas também pela remoção de células velhas. Além disto, são capazes de sintetizar citocinas pró-inflamatórias e atuar como células apresentadoras de antígeno para o linfócito T. Alguns macrófagos podem sofrer alterações morfológicas e ficarem fixos

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em alguns tecidos do organismo, agindo exclusivamente na sua defesa – são as células da micróglia (tecido nervoso), as células de Kupffer (fígado) e os osteoclastos (tecido ósseo), por exemplo.

Figura 42 – (A) Monócito em sangue periférico. (B) Macrófago fagocitando várias Leishimania (setas)

Os basófilos e os mastócitos são células morfologicamente e funcionalmente semelhantes, além de ricas em grânulos contendo mediadores inflamatórios. Ademais, possuem na sua superfície receptores de alta afinidade para a região constante dos anticorpos do tipo Imunoglobina E (IgE), o que confere a essas células importante papel como mediadoras da resposta de hipersensibilidade imediata. Quando o IgE se ligar ao receptor encontrado nos mastócitos e/ou basófilos, desencadeará um processo de degranulação, isto é, ocorrerá a liberação de grânulos ricos em aminas vasoativas.

A principal diferença entre essas células está na localização. Enquanto os mastócitos se instalam em tecidos adjacentes aos vasos sanguíneos após serem liberados pela medula óssea, os basófilos são células encontradas na circulação, que sofrem diapedese ao serem recrutadas para o tecido onde o patógeno está localizado.

Saiba mais

Os livros a seguir podem auxiliar a entender melhor o papel de cada uma das células envolvidas na resposta imune:

ABBAS, A. K. et al. Imunologia celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

ROITT, I.; RABSON, A. Imunologia básica. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

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6 TIPOS DE RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS

Os agentes infecciosos estão presentes nos ambientes em que vivemos e, por isso, é necessário desenvolver uma série de mecanismos que defendam o hospedeiro da ação patogênica desses agentes.

6.1 Resposta imune inata

A fim de não permitir que tais agentes se instalem no nosso organismo, é preciso impedir que eles entrem no meio interno e invadam os tecidos mais profundos. Esse mecanismo que coíbe a entrada e a instalação desses patógenos no organismo hospedeiro recebe o nome de imunidade inata cuja característica principal é o fato de ser um mecanismo inespecífico, ou seja, a intensidade da resposta não é afetada pelo contato prévio com o agente.

Muito se especulava sobre a verdadeira força da resposta imune inata. Hoje sabemos que apesar de essa ser uma resposta inespecífica, não significa que ela seja fraca. Muito pelo contrário! Essa é uma resposta capaz de controlar as infecções antes que o mecanismo de resposta imune adaptativa se torne atuante.

A principal característica da resposta imune inata está na sua capacidade de reconhecer e responder às estruturas de antígenos que não estão presentes no hospedeiro humano, mas que são comuns às diversas classes de microrganismos. Como exemplos dessas estruturas, podemos citar a camada de LPS das bactérias Gram- e o RNA dupla fita dos vírus, que podem ser compartilhados por diferentes microrganismos do mesmo grupo, ou seja, os elementos da resposta imune inata se desenvolveram ao longo do tempo a fim de reconhecerem estruturas antigênicas essenciais à sobrevivência e à patogenicidade do microrganismo. Desta forma, os elementos da resposta imune inata não são capazes de reagir contra elementos do próprio hospedeiro.

Outra característica importante da resposta imune inata é o fato de responder, da mesma maneira, aos encontros subsequentes, isto é, não existe formação e uma memória imunológica em consequência da rapidez da resposta ao patógeno invasor.

6.1.1 Elementos e mecanismos de ação

Os elementos que compõem a resposta imune inata agem com o objetivo de bloquear a entrada dos patógenos nos tecidos do hospedeiro. Eles atuam como barreiras contra a penetração de microrganismo, células circulantes e fixas nos tecidos conjuntivos e proteínas plasmáticas.

A primeira linha de defesa da resposta imune inata é a barreira epitelial, representada pela pele e mucosas respiratória e gastrointestinal. Todas essas estruturas, quando íntegras, serão impermeáveis a grande parte dos patógenos.

Além da interferência física para a entrada dos patógenos, as células do epitélio produzem substâncias que interferem quimicamente na penetração do patógeno. Essas substâncias podem atuar como antibióticos naturais que destroem as bactérias, bem como impedir a sua aderência por meio da ação do muco protetor dessas superfícies e da ação de lágrimas e salivas.

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Figura 43 – Estratégia de ação das barreiras epiteliais

Porém, existem situações cujos microrganismos patogênicos conseguem driblar essas defesas e penetrar no organismo. Neste caso, entra em ação um outro mecanismo de contenção: a fagocitose.

Chamamos de fagócitos aquelas células especializadas em realizar a fagocitose. No caso da resposta imune inata, os fagócitos são representados pelos neutrófilos e monócitos circulantes recrutados para o local da infecção.

O neutrófilo, também chamado de polimorfonucleado (PMN), é o fagócito mais abundante, embora tenha uma vida relativamente curta na circulação. Seu núcleo é multilobado e seu citoplasma é rico em grânulos contendo enzimas com ação bactericida, como a lisozima, a fosfatase alcalina e a lactoferrina. Na presença de um agente infeccioso, ocorrerá a estimulação da produção e da maturação de neutrófilos na medula óssea em resposta à ação das citocinas. Infecções bacterianas e fúngicas são fortes indutores da proliferação dos neutrófilos.

Além dos neutrófilos, atuam na resposta imune inata os monócitos, que se diferenciam em macrófagos ao sofrerem a diapedese e chegarem ao tecido infectado, formando o sistema de fagócitos mononucleados. Duas características distinguem os neutrófilos dos monócitos. A primeira delas é a diferenciação em macrófagos ao chegarem ao tecido conjuntivo. Uma vez no sangue, os monócitos são incapazes de realizar fagocitose – tal capacidade só é adquirida quando essas células chegam ao tecido conjuntivo, enquanto os neutrófilos são capazes de realizar a fagocitose tanto no sangue como no tecido. A segunda característica é em relação ao tempo de vida – os monócitos/macrófagos têm um tempo de vida superior aos neutrófilos após sofrerem a diapedese e realizarem a fagocitose.

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Apesar dessas diferenças, o mecanismo de fagocitose é comum aos dois tipos celulares. O primeiro passo é o reconhecimento do antígeno por receptores presentes na superfície das células de fagocitose. Logo depois ocorre a adesão da molécula ao seu receptor seguida de modificações da membrana dos fagócitos que se fecharão ao redor do microrganismo, resultando na formação do fagossomo. Posteriormente os lisossomos migram para próximo do fagossomo, resultando na fusão do fagossomo com um ou mais lisossomo, formando o fagolisossomo. Nessa estrutura, acontece a interação das enzimas lisossomais com as estruturas do microrganismo, resultando na destruição deste por ação das enzimas microbicidas presentes nos lisossomos.

Figura 44 – Etapas da fagocitose

As células NK também atuam na resposta imune inata a fim de bloquear a ação dos patógenos intracelulares, em especial os vírus, antes que eles iniciem a sua replicação.

Elas são capazes de identificar “marcas” que os patógenos deixam na superfície da célula infectada. Tal reconhecimento ativa uma série de eventos, que resulta na liberação de grânulos presentes na célula NK. Esses grânulos, por sua vez, penetram na célula infectada e atuam como fatores citotóxicos, chamados de Fatores de Necrose Tumoral (FNT), ou seja, induzem à apoptose da célula-alvo, levando à sua morte e à morte do patógeno.

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Figura 45 – Mecanismo de reconhecimento das células NK. A interação entre o receptor das células NK (KIR) e o MHC de classe II (HLA) da célula-alvo impede a ocorrência da lise. A ausência do MHC de classe II é um sinal de que a célula foi infectada e, portanto,

ativará o mecanismo de liberação do TNF

O sistema complemento é um grupo de 20 proteínas plasmáticas que atuam diretamente na imunidade inata. Sua ativação envolve a iniciação de uma cascata enzimática com diferentes elementos moduladores, ocorrendo, assim, uma resposta rápida e amplificada à presença do microrganismo.

Esse sistema pode ser ativado de três formas diferentes, mas, após o processo iniciador, a cascata enzimática progride de maneira idêntica nas três situações, resultando na mesma consequência: opsonização e fagocitose do microrganismo ou, ainda, sua lise.

A primeira forma de ativação é conhecida como via clássica. Nela, o sistema complemento será ativado quando anticorpos se ligarem ao antígeno ou ao microrganismo desencadeando a cascata. Na segunda forma de ativação, conhecida como via alternativa, as proteínas do sistema complemento interagem com estruturas presentes na superfície do patógeno ativando a cascata enzimática. Finalmente, na via da lecitina, ocorre a ligação de elementos do sistema complemento, no caso, a lectina ligante de manose se une a glicoproteínas da superfície do patógeno.

Independentemente da via de ativação, sempre ocorrerá a produção de clivagem do componente do complemento 3 (C3) – C3b, que será depositado na superfície do microrganismo, provocando a opsonização e estimulando a fagocitose por macrófagos. Além disto, o C3b é responsável por desencadear as etapas posteriores que culminam na formação de numerosos peptídeos com uma estrutura polimerizada conhecida como C9 que, por sua vez, se deposita na superfície do microrganismo constituindo um complexo de ataque à membrana, que cria poros na membrana do microrganismo e leva à sua lise.

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A figura a seguir representa de forma esquemática a ação do sistema complemento no organismo:

Figura 46 – Mecanismo de ativação do sistema complemento

Por intermédio da resposta imune inata e do seu papel de primeira barreira de defesa contra as infecções, ocorre a geração de um sinal químico responsável pela ativação dos linfócitos B e T, permitindo o início da resposta imune adaptativa.

6.2 Resposta imune adaptativa

Ao contrário da imunidade inata, a resposta imune adaptativa, ou adquirida, é capaz de adaptar-se à presença de microrganismos invasores, gerando respostas específicas para cada patógeno que romper as barreiras da imunidade inata.

A fim de que cada antígeno tenha sua resposta específica, a imunidade adaptativa se dá mediante uma série de eventos sequenciais, envolvendo o reconhecimento antigênico, a ativação e diferenciação dos linfócitos, bem como a destruição do antígeno seguida do declínio da resposta imune e terminando com a formação de uma memória imunológica de longa duração.

Para que tais eventos ocorram, é necessária a ação dos linfócitos e dos linfócitos T – responsáveis pelas respostas imunes humoral e celular, respectivamente.

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A principal característica da reposta imune adaptativa é a sua capacidade de responder a uma variedade de antígenos de forma específica. Tal característica só é possível, porque os linfócitos B e T, ao entrarem em contato com o antígeno, iniciam um processo de expansão clonal, ou seja, sofrem mitoses sucessivas ao garantir uma grande diversidade de linfócitos que expressam receptores antigênicos diferentes entre si, formando um grande número de células capazes de combater um número diverso de microrganismos.

O processo de expansão clonal – proliferação dos linfócitos ativados pelo antígeno – permite que o sistema imune acompanhe a alta taxa de reprodução apresentada pela maioria dos microrganismos. Porém, existem mecanismos que impedem esses linfócitos de serem ativados pelos autoantígenos – elementos do próprio hospedeiro potencialmente reativos, isto é, antigênicos.

A imunidade adaptativa é autolimitada, ou seja, existem mecanismos que reduzem a intensidade da resposta na medida em que o número de antígenos viáveis diminui, sinalizando que a infecção está sendo controlada. Desta forma, o sistema imunológico entra em um período de descanso para estar apto a responder rapidamente ao mesmo antígeno em um segundo contato.

6.2.1 Elementos e mecanismos de ação

Participam da resposta imune adaptativa os linfócitos B e T, as células apresentadoras de antígeno e as células efetoras recrutadas pelos linfócitos.

Como dito anteriormente, os linfócitos B são as únicas células capazes de produzir anticorpos. Certos antígenos possuem a capacidade de ativar diretamente o linfócito B, isso quer dizer que eles não precisam ser previamente processados pelas células apresentadoras de antígenos, são os chamados antígenos T independentes.

Ao ligarem-se fortemente à superfície dos linfócitos B antígeno-específicos, induzem à expansão clonal e geram grandes quantidades de IgM, além de produzir uma memória imunológica relativamente fraca.

A maioria dos antígenos é chamado de T dependente, o que significa que eles são incapazes de estimular diretamente os linfócitos T. Sendo assim, é necessário seu processamento prévio pelas células apresentadoras de antígeno que levam o peptídeo antigênico ligado ao MHC, permitindo a ativação do linfócito T.

As células apresentadoras de antígeno ficam concentradas nas interfaces do corpo com o meio externo, como a pele e os tratos respiratório e gastrointestinal. Quando um microrganismo entrar em contato com o nosso organismo por uma dessas vias, ele será fagocitado pelas células apresentadoras de antígeno e transportado até os linfonodos. Uma vez dentro da célula apresentadora de antígeno, esse microrganismo será processado, ou seja, fragmentado em diferentes partes. Um peptídeo será selecionado e associado a moléculas de MHC, que conduzirão esse peptídeo antigênico até a célula T para que a resposta imune adquirida seja iniciada.

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O termo MHC refere-se ao complexo principal de histocompatibilidade – proteínas localizadas na membrana das células apresentadoras de antígeno, que podem se dividir em dois tipos: MHC de classe I e MHC de classe II. Os genes que codificam as proteínas do MHC são altamente polimórficos, ou seja, existem muitos alelos diferentes na população, garantindo que indivíduos respondam de diversas formas à variedade de antígenos presentes no ambiente. Além disto, esses alelos são codominantes, isto é, ambos os alelos, parentes de cada gene, são expressos com a mesma força, assegurando que um grande número de moléculas de MHC pode apresentar peptídeos às células T.

Figura 47 – Comparação estrutural e funcional das classes I (A) e II do MHC (B)

Observação

A viabilidade de um transplante é determinada avaliando a compatibilidade entre o MHC do doador e do receptor.

Cada MHC apresenta apenas um peptídeo por vez. O MHC de classe II é apto a apresentar proteínas extracelulares ao linfócito T CD4+, enquanto proteínas presentes no citosol (intracelulares), após serem processadas, são apresentadas ao linfócito T CD8+ pelo MHC de classe I.

Esse processo de apresentação do antígeno à célula T, graças ao MHC, permite que as células T reconheçam antígenos proteicos associados e selecione corretamente o tipo de célula T que melhor neutralize o microrganismo que desencadeou o processo.

Outra característica da imunidade adquirida é a formação da memória imunológica, ou seja, a capacidade de o sistema imunológico responder mais rapidamente, intensamente e eficazmente às exposições subsequentes de um mesmo antígeno.

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Figura 48 – Comparação entre a resposta imune primária e secundária. Na resposta imune secundária, há um aumento na quantidade de efetores produzidos, bem como uma maior rapidez na produção dos mesmos. Tal mecanismo só é possível graças à

formação da memória imunológica

Observação

A vacinação estimula a imunidade adaptativa por meio da introdução de um antígeno modificado. A memória imunológica será formada sem que o indivíduo fique doente.

6.2.2 Resposta imune celular

A resposta imune celular corresponde a um grupo de estratégias desenvolvidas pela imunidade adquirida a fim de eliminar microrganismos intracelulares, como os vírus, algumas bactérias e os protozoários. Para lidar com esses hóspedes indesejáveis, a imunidade celular é mediada pelas células T.

Na resposta imune celular, a ativação do linfócito T é precedida pelo processamento do antígeno pelas células apresentadoras de antígeno, que leva um fragmento antigênico de origem proteica associado ao MHC até o receptor do linfócito T virgem. A ativação do linfócito T leva à ativação da expansão clonal de células T antígeno-específicas seguida da diferenciação dessas células em diferentes populações efetoras.

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Figura 49 – Estratégias adotadas durante a reposta imune celular

Ao ocorrer a interação, entrará o complexo MHC – antígenos peptídeos com o linfócito T CD4+ e/ ou CD8+ virgem. Esses linfócitos serão ativados e, mediante o estímulo de citocinas, haverá a expansão clonal seguida da diferenciação dessas células em efetoras e de memória. As populações CD8+ serão acionadas quando o MHC de classe I apresentar o antígeno peptídeo ao linfócito T CD8+ virgem, enquanto o linfócito T CD4+ virgem será ativado quando o antígeno peptídico for apresentado pelas moléculas do MHC de classe II. As CD8+ também poderão ser ativadas pelas células T auxiliares, que serão subpopulações dos CD4+.

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Figura 50 – Mecanismo de ativação das populações CD4 e CD8 atuantes na resposta imune celular

As células CD8+ são ativadas por antígenos intracelulares e, após a diferenciação, se transformam em CTL (linfócitos T citotóxicos). Essas CTLs liberam mediadores citotóxicos que induzem a morte de células-alvo e a ativação de macrófagos. Também são geradas células T CD8+ de memória.

Já as células CD4+ serão ativadas quando forem estimuladas pelo MHC de classe II e se diferenciarem em subgrupos capazes de secretarem citocinas. O quadro seguinte descreve as principais funções das subpopulações dos linfócitos T CD4+.

Uma vez que os linfócitos CD4+ atuam na ativação de outras células de defesa, qualquer situação que impeça a ativação e a diferenciação dessas células levam ao comprometimento da imunidade adquirida como um todo.

Quadro 5 – Resumo das funções das principais subpopulações de linfócitos T CD4 Th1 • Produzem IFNγ capaz de ativar fagócitos e estimular a produção de anticorpos.

Th2 • Produzem IL-4 e IL-5 responsáveis pela estimulação da produção de IgE, ativação de eosinófilos. • Atuam na defesa contra helmintos e nas reações de hipersensibilidade.

Th3 • Produzem IL-17 que atuam no combate de infecções bacterianas. • Associada à reações inflamatória.

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6.2.3 Resposta imune humoral

Após a sua ativação e proliferação, as células B passam a produzir anticorpos cuja função é neutralizar e eliminar microrganismos extracelulares e toxinas. Quando os anticorpos forem o principal mecanismo responsável pela eliminação do patógeno e das toxinas, dizemos que está ocorrendo a imunidade humoral.

Os antígenos se unem ao linfócito B por meio de anticorpos do tipo IgM e IgD que ficam ligados à sua membrana. Após a interação do antígeno com esses receptores, ocorre a expansão clonal e a diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos – células responsáveis pela produção e secreção de anticorpos –, ou seja, temos um mecanismo apto a acompanhar a rápida proliferação dos microrganismos.

A repetitiva exposição do linfócito B a um mesmo antígeno leva à produção de anticorpos com maior capacidade de ligação ao seu antígeno específico, isto é, no primeiro contato é produzida uma quantidade menor de anticorpos do que nos contatos subsequentes com o mesmo antígeno.

Os linfócitos B podem ser ativados por antígenos de diferentes naturezas químicas, porém geram uma resposta mais fraca, uma vez que será produzido apenas o anticorpo da classe IgM. No entanto, se a estimulação do linfócito B acontecer por intermédio dos linfócitos T auxiliares, que foram ativados por antígenos proteicos previamente processados pelas células apresentadoras de antígeno, ocorrerá uma potente ativação das células B, sendo produzidas e geradas diferentes classes de anticorpos, além de formada uma forte memória imunológica. A maioria das células B que respondem aos antígenos T independentes é encontrada nas zonas marginais da popa branca do baço, nos tecidos mucosos e na cavidade peritoneal, enquanto as células B que respondem aos antígenos T dependentes são encontradas não apenas no fígado, como em outros órgãos linfoides.

Quando entrarem em contato com o antígeno, os linfócitos B virgens iniciarão sua proliferação e gerarão clones específicos para o antígeno que o ativou. Uma série de sinais citoplasmáticos é ativada e os genes responsáveis pela produção dos anticorpos são acionados e passam a expressar seus produtos proteicos. Os anticorpos gerados vão formar imunocomplexos com os antígenos que levaram à ativação da célula B inicial.

Os anticorpos produzidos podem, então, atuar próximo ou não do seu local de produção. Como dito anteriormente, os anticorpos são moléculas proteicas chamadas de imunoglobulinas (Ig). A figura seguinte é uma representação esquemática de um anticorpo e suas regiões funcionais. Duas regiões são especialmente importantes nos anticorpos. A primeira delas é a região Fab, também chamada de região de ligação ao antígeno e, como o próprio nome indica, vai se ligar ao antígeno e bloquear sua ação no organismo. A outra é a região Fc, que ativará os mecanismos efetores responsáveis pela eliminação do antígeno.

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Figura 51 – (A) Representação da estrutura de um anticorpo. A região Fab, também chamada de sítio de ligação ao antígeno, como o próprio nome diz é responsável pela interação entre o antígeno de qualquer natureza. Já a região Fc, também chamada de região constante, se ligará às células efetoras que vão auxiliar na remoção do antígeno; (B) formação do complexo antígeno anticorpo através da interação da região Fab com o antígeno; (C) fagocitose do complexo antígeno anticorpo através da interação da região Fc

com a célula efetora São funções normalmente atribuídas aos anticorpos:

Neutralização de microrganismos e toxinas: ligação dos anticorpos ao microrganismo neutralizando sua infectividade, ao passo que, ao unir-se às toxinas microbianas inibe sua interação com a célula hospedeira.

Opsonização e fagocitose: anticorpos revestem um microrganismo formando um complexo antígeno-anticorpo. Paralelamente ocorre o recrutamento de células de fagocitose que vão remover esses microrganismos.

Citotoxicidade celular: recrutamento de células NK e outros leucócitos que liberaram grânulos ricos em proteínas capazes de destruir esses alvos opsonizados.

Ativação do sistema complemento: o IgM e algumas classes de IgG ligam-se à superfície do antígeno, normalmente bacteriano, permitindo a união das proteínas do sistema complemento na região Fc do anticorpo.

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Figura 52 – Mecanismo de ação dos anticorpos durante a atuação na resposta imune humoral

Durante o processo de proliferação e diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos, ocorre a formação de quatro classes principais de anticorpos:

IgG (Imunoglobulina G): responsável pela neutralização de toxinas e opsonização, e consequente fagocitose de microrganismo. Também atribuímos ao IgG a função citotoxicidade celular e de ativação da via clássica do sistema complemento. Finalmente, o IgG será responsável pela imunidade neonatal quando ocorrer a transferência de anticorpos via placenta e intestino. O mais abundante e capaz de gerar memória imunológica mais forte.

IgM (Imunoglobulina M): responsável pela ativação da via clássica do sistema complemento. É a primeira linha de defesa contra bactérias, incapaz de ativar os fagócitos mononucleados e os neutrófilos polimorfonucleares. Atuam, principalmente, mediante a ativação do sistema complemento. É a maior de todas as imunoglobulinas. São conhecidos como agentes citolíticos e aglutinadores e agem com muita eficiência contra os estágios iniciais de uma infecção. Por estarem presentes no sangue, são os principais responsáveis pelo combate às bacteremias por ativarem fortemente o sistema complemento. É produzido na presença de antígeno T independente, portanto gera uma memória fraca.

IgA (Imunoglobulina A): responsável pela neutralização de microrganismos via opsonização e de toxinas. Está associado à imunidade das mucosas gastrointestinal e respiratória. Também é encontrado

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na forma dimérica, conhecida como IgAS (IgA secretória), na lágrima, na saliva e no leite materno (colostro).

IgE (Imunoglobulina E): responsável por induzir a degranulação dos mastócitos em processos de hipersensibilidade. Também está associado à defesa contra helmintos.

Figura 53 – Estrutura dos anticorpos produzidos durante a ação dos plasmócitos

Os anticorpos são estratégias extremamente eficientes contra a maioria dos patógenos, porém os microrganismos podem desenvolver estratégias de neutralização da imunidade humoral. Dentre as principais estratégias, podemos citar o desenvolvimento de apêndices que inibem a fagocitose e a variação antigênica da região que interage com o IgM e o IgD da superfície do linfócito.

6.3 Reações de hipersensibilidade

Hipersensibilidade é o termo utilizado para designar uma resposta imune adaptativa benéfica que acontece de forma exagerada ou inapropriada. Por ser uma resposta adaptativa, não se manifesta no primeiro contato com o antígeno, mas nos contatos subsequentes.

São descritos quatro tipos de hipersensibilidade:

Hipersensibilidade tipo I (ou hipersensibilidade imediata): resulta da ação da IgE contra um antígeno inócuo, como pólen, poeira e pelos de animais. Existe a liberação de mediadores químicos que desencadeiam uma reação inflamatória aguda com sintomas, como asma e renite.

Hipersensibilidade tipo II (ou citotóxica dependente de anticorpos): caracteriza-se pela ligação antígeno-anticorpo (IgM ou IgG) com fagocitose, ativação de células NK e lise mediada pelo sistema complemento.

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Hipersensibilidade tipo III: envolve a ação de complexos imunes que não podem ser completamente removidos do organismo.

Hipersensibilidade tipo IV (ou hipersensibilidade tardia – DTH): ocorre quando um antígeno fagocitado não consegue ser eliminado, estimulando a ação de linfócitos T e a liberação de mediadores inflamatórios, também são comuns em rejeição a transplantes e dermatite alérgica de contato.

Comumente dizemos que as hipersensibilidades do tipo I, II e III são mediadas por anticorpo, enquanto a do tipo IV é mediada pelos linfócitos T e macrófagos. Embora existam quatro tipos de hipersensibilidade, não significa que elas ocorreram sempre isoladamente.

Figura 54 – Tipos de doença de hipersensibilidade. (A) hipersensibilidade tipo I; (B) hipersensibilidade tipo II; (C) hipersensibilidade tipo III e (D) hipersensibilidade tipo IV. O linfócito T está envolvido apenas na hipersensibilidade tipo IV

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Leitura obrigatória Leia os livros na Biblioteca Virtual:

WARREN, L. Microbiologia médica e imunologia. 13. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/ books/9788580555578/pageid/0>. Acesso em: 21 jul. 2016.

PLAYFAIR, J. H. L. Imunologia básica: guia ilustrado de conceitos fundamentais. 9. ed. Barueri, SP: Manole, 2013. Disponível em: <https:// online.minhabiblioteca.com.br/books/9788520450154/pageid/0>. Acesso em: 21 jul. 2016.

Resumo

A resposta imunológica tem como objetivo impedir a disseminação de infecções, além de controlar a microbiota endógena. Para tanto, o sistema imunológico tem mecanismos específicos para lidar com a enorme variedade de antígenos encontrados no ambiente, uma vez que as infecções causam alterações fisiológicas e danos teciduais, além de alterações de proteínas plasmáticas que levam à ativação do sistema imunológico.

Os órgãos e os tecidos linfoides são responsáveis pela geração e diferenciação de células de defesa, além de serem sítios de ocorrência de resposta imunológica. Os órgãos linfoides primários, ou centrais, são responsáveis pela produção e/ou diferenciação de células de defesa. Nesta categoria, enquadramos a medula óssea e o timo. Já os órgãos linfoides secundários, ou periféricos, atuam no armazenamento de células de defesa e agem como sítio de ocorrência de respostas imunológicas. São exemplos órgãos linfoides secundários: o baço, os linfonodos e os gânglios linfáticos. Após serem geradas nos órgãos linfoides primários, as células de defesa ficam circulando entre os órgãos linfoides secundários, o sangue e a linfa, mas nunca retornam ao órgão linfoide primário.

A medula óssea vermelha é um tecido conjuntivo rico em células pluripotentes, ou seja, indiferenciadas, que são estimuladas por medidores químicos e, então, diferenciam-se em linhagem mieloide progenitora e linhagem linfoide progenitora. A partir da linhagem mieloide, são gerados os eritrócitos, as plaquetas, os basófilos, os neutrófilos, os monócitos, os eosinófilos e as células dendríticas. Com exceção dos dois primeiros tipos celulares, todos os outros atuam na defesa imunológica. A linhagem

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linfoide progenitora gera as células percussoras do linfócito T que, por sua vez, originarão os linfócitos T virgens após um processo de diferenciação no timo. A células da linhagem linfoide que permanecem na medula óssea se diferenciam em linfócitos B e células NK.

A resposta imune inata é uma resposta natural do organismo à presença de microrganismos ao reconhecer estruturas que são comuns e essenciais à sobrevivência de diferentes microrganismos. Por ser uma resposta rápida e inespecífica, não produz memória imunológica.

Os componentes da resposta imune inata estão localizados na interface entre o corpo e o meio interno, uma vez que eles funcionam como uma barreira física para a entrada de microrganismo. A pele e as mucosas funcionam formando as barreiras epiteliais para a entrada de microrganismos, enquanto os leucócitos sanguíneos e teciduais atuam como sentinelas no meio extracelular.

As células envolvidas na resposta imune inata atuam, na sua maioria, por meio da fagocitose. Os fagócitos (macrófagos) e os polimorfosnucleados (neutrófilos) são as principais células envolvidas na resposta imune e realizam a opsonização e a fagocitose dos patógenos após migrarem por diapedese para o local da infecção. Além das células de fagocitose, também atuam na resposta imune inata às células NK, especialmente ativas contra células infectadas por patógenos intracelulares, em especial os vírus.

A resposta imune inata também é auxiliada pelo sistema complemento – grupo de enzimas proteolíticas que atua em sistema de cascata estimulando o recrutamento de células de fagocitose e formando um complexo de ataque à membrana (MAC), que abre poros na membrana do patógeno provocando a lise osmótica.

Já a resposta imune adaptativa é a defesa elaborada ao combate de agentes infecciosos que escapam da imunidade inata. Sua principal característica é o desenvolvimento de uma memória imunológica, capaz de responder mais rapidamente à presença de um antígeno ao segundo contato. A resposta imune adaptativa é dividida em resposta imune humoral e resposta imune celular.

Os linfócitos B são a base da resposta imune humoral. Durante a ativação do linfócito B, existem sinais químicos que induzem sua diferenciação em plasmócito – responsáveis pela produção dos anticorpos. Produzidos pelo linfócito B, os anticorpos são: IgG, IgM, IgA, IgD e IgE.

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Os linfócitos T são as células efetoras da resposta imune celular, sendo direcionada contra qualquer fator, desde um vírus até contra uma mutação que transformou uma célula normal em uma célula cancerígena. Após serem ativadas pela seleção clonal, as células T geram dois tipos de células efetoras: linfócito T citotóxico (CLT ou T-CD8) – reconhece células infectadas por vírus e as mata por lise citotóxica – e linfócito T auxiliar (Cel. TH ou T – CD4) – auxilia a células efetoras da resposta imune humoral e da resposta imune celular, ligando-se ao antígeno antes da ativação da célula B.

Algumas vezes a resposta imune adaptativa reage de maneira exagerada à presença de um antígeno. Chamamos essas ações de hipersensibilidade. Existem quatro tipos de reações: hipersensibilidades I, II e III – mediadas por anticorpos –; e hipersensibilidade tipo IV – mediada pelo linfócito T.

Referências

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