• Nenhum resultado encontrado

MÃE STELLA DE OXÓSSI Perfil de uma liderança religiosa

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MÃE STELLA DE OXÓSSI Perfil de uma liderança religiosa"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Vera Felicidade de Almeida Campos

M

ÃE

S

TELLA

DE

O

XÓSSI

Perfi l de uma liderança religiosa

Jorge Zahar Editor

(2)

Copyright © 2003, Vera Felicidade de Almeida Campos Copyright © 2003 desta edição:

Jorge Zahar Editor Ltda. rua México 31 sobreloja 20031-144 Rio de Janeiro, RJ tel.: (21) 2240-0226 / fax: (21) 2262-5123

e-mail: jze@zahar.com.br site: www.zahar.com.br Todos os direitos reservados.

A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98)

Fotos: Acervo pessoal de Mãe Stella

Todos os esforços foram feitos no sentido de localizar e contactar os detentores dos direitos das imagens aqui reproduzidas. A autora e Jorge Zahar Editor terão prazer em providenciar eventuais correções.

Preparação de originais: Angela Ramalho Vianna Projeto gráfi co: Mari Taboada

Campos, Vera Felicidade de Almeida,

1942-Mãe Stella de Oxóssi: perfi l de uma liderança religiosa / Vera Felicidade de Almeida Campos. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003

il.; ISBN: 85-7110-737-8

1. Stella, de Oxóssi – Biografi a. 2. Candomblé – Bahia. I. Título.

CDD 922.996

CDU 929 STELLA, DE OXÓSSI 03-1477

(3)

1

Ialorixá — liderança

e individualidade

I

alorixá é um título, um cargo e ao mesmo tempo designa quem exerce o poder supremo nas casas de candomblé da Bahia, se for uma mulher. Quando a liderança é masculina chama-se babalorixá.

Na velha e tradicional terra iorubá, na África Ocidental, falava-se “yèyé” como sinônimo de mãe; dizia-se “ìyá” ao se dirigir a ela, a mãe, e “ìyáàmi” ao se falar dela. “Ìyá” era tam-bém a maneira de se designar a irmã mais velha do pai e da mãe, ou a filha do irmão do avô paterno e materno.1

Herdamos a cultura e a língua iorubás através de ex-pressões e conceitos básicos desdobrados ou recriados aqui no Brasil, especialmente na Bahia, segundo novas conttualizações. Na nossa sociedade colonial, patriarcal por ex-celência, a iá – a mãe – passou a ser quase sinônimo de uma

(4)

no final do século XVIII, com a predominância dos iorubás entre a população negra da cidade de Salvador, as mães eram as iás, imponentes senhoras dedicadas ao culto dos orixás – os deuses da religião iorubá. As olorixás, as donas dos orixás da África, tornaram-se as mães dos orixás, na rea-lidade as mães-de-santo, porque no contexto sincrético o orixá era o santo. Em seu próprio título – ialorixá – está im-plícita toda uma ligação com os antepassados e uma tradi-ção cultural.

As ialorixás são detentoras de poder porque são deposi-tárias de axé (força). E este é transmitido por encadeamen-to: os antecessores receberam o axé e o transmitiram a seus sucessores. Nesse sentido, quanto mais pura a linhagem, mais se pode recuperar o axé trazido da África, e daí a im-portância das raízes, das casas matrizes. O axé é uma força mágica e mítica, e as ialorixás são os veículos que transpor-tam, mantêm e recriam isso que é mensagem, alimento e força. Essa característica justifica a necessidade de “pureza”, capacitação hierárquica e ancestralidade para ser detentora de axé; igualmente explica as intermináveis querelas e dis-putas pelo decá, isto é, os balaios e as cuias cerimoniais.

O candomblé é uma religião de origem africana na qual são fundamentais a ascendência e a conseqüente hierarquia, mas o significado disso precisa ser bem compreendido. Na

MÃE

STELLA

DE

OXÓSSI

(5)

terra iorubá – assim como no restante da África e em quase todo o mundo até a Idade Média –, as relações de parentes-co sustentavam e garantiam as dinâmicas que estruturam a sociedade e são por ela estruturadas. Elas asseguravam a manutenção da propriedade privada em uma economia substancialmente agrária.

Na sociedade iorubá a religião era um dos principais modeladores da cultura: ser iniciado na religião dos orixás era uma maneira de ser africano. Com a escravização e a conseqüente perda dessa atmosfera, diluiu-se a identidade cultural. Para reaver o ser africano era preciso recuperá-la. O caminho para essa mudança, para o reencontro com as origens, era possibilitado pela iniciação no candomblé. Assim as casas de candomblé tornaram-se as agências so-ciais e religiosas responsáveis pelo resgate da individualidade.

A iniciação significava crença no orixá, exigia sacrifí-cios e buscas e, ademais, demandava soluções. As casas de poder e de força – os ilê axé –, representadas por suas iás, se tornaram polarizantes dessa transformação, dessa individu-alização, da iniciação na trilha da velha África conduzida por seus guias – os eledás. A tradição, entendida como an-cestralidade, era mantida pelo poder e impunha uma hie-rarquia rígida. Surgia assim a figura da ialorixá como detentora desse poder.

(6)

Na literatura sobre candomblé, tornou-se denomina-dor comum centrar a definição de ialorixá na questão do poder e da ancestralidade, quase como uma explicação da trajetória do axé, de sua função mágica e mítica. A análise de Roger Bastide, em seu livro O candomblé da Bahia, é um bom exemplo disso:

Acima de todos encontra-se o babalorixá, ou pai-de-santo, sacer-dote supremo se a seita é dirigida por homem – ou a ialorixá, ou mãe-de-santo, sacerdotisa suprema se a seita é dirigida por mu-lher. O babalorixá é o chefe do culto; tem por conseguinte toda autoridade sobre o conjunto dos fiéis, indo até à possibilidade de açoitá-los se faltam com seus deveres; é quem prepara os objetos sagrados, quem dirige as festas públicas, ou privadas, quem iden-tifica as divindades que então se manifestam, quem controla os sacrifícios e as iniciações, quem consulta os obi (e algumas vezes os búzios) para conhecer a vontade dos Orixás.

Se, de um lado, os sacerdotes ou sacerdotisas supremas têm autoridade absoluta sobre os membros da confraria religiosa que dirigem, por outro lado têm também obrigações para com eles, tanto de assistência pecuniária quanto moral, o que, em plena ci-dade da Bahia, torna os candomblés verci-dadeiras socieci-dades de so-corro mútuo, de auxílio fraterno, que mantêm o espírito comunitário africano....Babalorixá ou ialorixá são escolhidos obrigatoriamente entre os ebômin, ou os filhos-de-santo que têm pelo menos sete anos de permanência no candomblé, desde a

ini-MÃE

STELLA

DE

OXÓSSI

(7)

ciação; recebem eles também os Orixás, portanto caem também em transe, o que os distingue dos ogã, obá e de outros funcioná-rios do culto, além do posto que ocupam. … O que quer dizer que a ascensão na hierarquia depende, em última instância, da participação mais ou menos completa à civilização africana, do tesouro de conhecimentos reunidos no decorrer dos anos, e que, para descobrir a metafísica iorubá, é àqueles que ocupam os graus mais elevados da seita que devemos nos dirigir. São em geral pessoas extremamente inteligentes, perspicazes, de uma poli-dez consumada, de extraordinária memória, e que sempre nos acolheram como a um “filho”. Mas, justamente devido a isto tudo, a transferência de conhecimentos obedece forçosamente à lei africana.2

Os comentários de Juana Elbein dos Santos também demonstram abordagem similar ao definir a ialorixá:

O chefe supremo do “terreiro”[,] a Ìyálôrìsà, textualmente, a “mãe”-que-possui-os òrìsà, que é responsável pelo culto dos òrìsà, é, ao mesmo tempo, a Ìyá-l’àse, isto é, a detentora e transmissora de um poder sobrenatural, de uma força propulsora chamada àse. … Assinalamos que a Ìyálôrìsà – “mãe” dos òrìsà – [,] sacerdotisa suprema do “terreiro”, é, ao mesmo tempo, a Ìyálàse, “mãe” do àse do “terreiro”. Por ser o chefe supremo é quem possui os maiores conhecimentos e experiência ritual e mística, quem possui o àse mais poderoso e mais atuante. Ao ser investida como Ìyálàse, ela é portadora do máximo de àse do “terreiro”, recebe e herda toda força material e espiritual que possui o “terreiro” desde a sua

(8)

dação. Ela será responsável não só pela guarda de templos, alta-res, ornamentos e de todos os objetos sagrados, como também deverá, sobretudo, zelar pela preservação do àse que manterá ati-va a vida do “terreiro”. Ela poderá transferir muitas de suas obri-gações à cúpula das sacerdotisas[,] as quais, por sua antigüidade, estão preparadas para assumi-las.3

E Edison Carneiro, em seu livro Candomblés da Bahia, reitera essas análises e explica:

A autoridade espiritual e moral emana direta e exclusivamente do pai ou da mãe, que só reconhece, acima da sua própria autorida-de, a dos orixás. Esta autoridade – absoluta em toda força do ter-mo – o chefe a divide com as demais pessoas do candomblé, em linhas muito nítidas de hierarquia que beneficiam especialmente os velhos e as mulheres.4

(9)

Do ponto de vista da individualidade humana, a inicia-ção no candomblé é ori, isto é, “cabeça” no sentido iorubá, quase sinônimo de odu, que significa “caminho”, “destino”. A iniciação é “fazer a cabeça”. Várias ialorixás, inclusive Mãe Stella, explicam sua indicação como ialorixá dizendo: “Era o meu caminho…”

Na terra iorubá, Ori, “a cabeça”, é uma divindade ado-rada por adultos de ambos os sexos como deus do destino. Acredita-se que a boa ou mesmo a má sorte (dita ori buruku) acontece de acordo com a vontade desse deus. O bori, ou ri-tual de oferenda, é um modo de adorar, fortificar e agradar Ori. Em seu dicionário de iorubá moderno, R.C. Abraham esclarece que a imagem que representa Ori consiste de qua-renta e um pequenos búzios, juntos na forma de uma coroa, que era mantida numa grande arca. Essa arca seria tão gran-de quanto seu dono pugran-desse fazê-la e após sua morte gran- deve-ria ser destruída junto com a imagem de Ori; e os búzios – que serviam de moeda na África – deviam ser gastos.

Na religião do candomblé, portanto, é como se toda an-cestralidade – e conseqüentemente todo pertencimento, me-recimento e participação – fosse resolvida em outro plano que não o da Terra. Não é no aiê (Terra), mas no orum (céu), por concatenações entendidas e mediadas pelo orixá e pelo

odu (caminho), que as relações e os destinos se esclarecem.

(10)

Essas considerações fornecem um contexto e servem como filtro para melhor entender a função mediadora in-trínseca à definição de ialorixá: é o orixá/odu (deus/cami-nho), guia protetor responsável pelas idiossincrasias, pelo destino e pela individualidade dos homens.

Quando é escolhida uma ialorixá para governar uma casa, essa escolha instantaneamente entroniza um orixá. A nova ialorixá sabe disso, e o seu reinado é sobretudo dedi-cado ao engrandecimento de seu orixá, ao mesmo tempo que é por ele organizado, orientado e protegido.

(11)

Essa nuance pode ser melhor percebida quando se esta-belecem diferenças entre ialorixá e ialaxé, aquela que admi-nistra o ilê axé. A ialorixá na maioria das vezes é também a

ialaxé, mas ela sabe como ninguém quando um caminho

começa e quando o outro termina. A presença da fé absoluta possibilita reconhecer e fazer com que se conheça o odu (caminho) e o ori (cabeça). A fé faculta estabelecer diferen-ciações, critérios e parâmetros necessários para o reconheci-mento e para a iniciação. Ao mesmo tempo permite que, através desse reconhecimento, o iniciado se conheça.

O candomblé é uma religião de chamado. A adoração do orixá é feita no peji, que significa “altar”, mas quer dizer também “despertar para o chamado”. No sentido iorubá, a palavra designa o lugar em que se reúnem os que são cha-mados, estabelecendo assim o espaço onde o sagrado se manifesta. O corpo é o grande peji no qual o orixá é adorado através da incorporação absoluta, o transe, situação em que desaparece o adorador, permanecendo apenas o adorado. No transe o corpo se neutraliza: é como se o altar sumisse e ficasse apenas o orixá. Perde-se o próprio corpo e ganha-se aquilo que o individualiza, o orixá. A história mítica se de-senrola, as barreiras são quebradas, o orixá em sua dança está em outro tempo, em outro espaço.

(12)

Esse transporte mágico é uma fonte alimentadora, é o

axé. A maior parte das ialorixás vivenciam isso e também

podem desencadear o processo de transe em seus filhos. Elas conhecem esse desenrolar de ponta a ponta e regu-lam-no com o olhar, com um simples toque de adjá, a sineta que usam para chamar os orixás. Esse presente total é co-mandado pela individualidade da ialorixá. A tradição e a ancestralidade existem para que se chegue até esse ponto, mas daí por diante tudo cabe à ialorixá. Ela comanda, re-cria, não é mais o veículo que transporta o axé, a mensagem: tornada a senhora absoluta, ela é a própria mensagem, con-seguindo realizar o absurdo de, por ser mensageira perfeita, tornar-se a rainha, a emissora da mensagem. Essa é a inte-gração do ser com o outro – com o próprio orixá e depois com seu egbé (comunidade). A integração, esse passe de mágica, é responsável pelo poder, força e axé. Há individua-lização e reaindividua-lização do caminho.

As ialorixás sabem de seu ori (cabeça) e cuidam dele. Quando isso não acontece, vemos assumir a posição de co-mando títeres, reféns de interesses comunitários, pessoas desamparadas ou sustentadas por ordens e hierarquias.

Na cidade de Salvador é comum ouvir-se que quanto mais o tempo passa, mais Mãe Stella se parece com Oxóssi, o caçador; mais Mãe Olga do Alaketo se parece com o vento,

MÃE

STELLA

DE

OXÓSSI

(13)

Iansã, e assim por diante. Isso é integração, individualidade se realizando e é o caminho se definindo.

Para as ialorixás, a relação com o divino estrutura uma dimensão transcendente, constrói o carisma e estabelece o

axé, pois o outro – o sagrado – está nelas, é o seu ori

(cabe-ça). Quando as ialorixás se relacionam com sua comunida-de e com o mundo, já trazem essa força, esse olhar encantado. Elas vêem as coisas daqui com os olhos de lá, por isso escolhem, reconhecem e podem iniciar, ter

omori-xás (filhos-de-santo). Essa função não é para qualquer um.

Não basta querer ser ialorixá, deve-se ter caminho, não ter

ori buruku (má sorte). Isso é mais fundamental do que as

raí-zes, mais importante do que cumprir estágios iniciáticos, embora deles não se prescinda.

As iás são dedicadas fundamentalmente aos seus ori-xás. Em função deles empenham-se e trabalham em seus

ilês (casas), como se tudo existisse e estivesse reunido para

cuidar de seu orixá. Esse aspecto imanente à existência da ialorixá cria uma situação singular: as grandes casas dão continuidade às linhas tradicionais, mas só conseguem fazer isso quando estão completamente voltadas para o re-lacionamento com os orixás através de sua grande represen-tante, única apta a com eles dialogar: a iá. É como se toda a estrutura comunitária, e até mesmo o aiê (mundo), fosse

(14)

periodicamente substituída por uma nova ordem enviada pelo orum (céu). Nesse sentido a horizontalidade, em geral expressa pela roda ou agrupamento circular – a comunida-de –, gira em função comunida-de um mastro ou viga mestra – a indi-vidualidade – que traduz a verticalidade. Através dessas realizações individuais é que a tradição se mantém. Por meio do ori, ou seja, das individualidades, estruturam-se as comunidades. Seu funcionamento hierarquizado garante que elas se tornem raízes e sementes dinamizadas pela indi-vidualidade.

Não é muito difícil perceber a individualidade quando se divisa a liderança. No caso específico de Mãe Stella, assim podemos entender seu trabalho comunitário, sua liderança social e a transformação criada pelo seu posicionamento público ao afirmar que candomblé não é uma seita sincréti-ca, e sim uma religião. Só assim se pode compreender todo esse esforço que desencadeou uma mudança de atitude em relação ao negro, como expressão do cuidado com seu ori-xá, exercício de individualidade, possível exatamente por-que ela se posicionou como uma representante por-que defendia uma tradição.

É fácil ver Mãe Stella como um caçador de grandes fe-ras, abatendo leões, leopardos, elefantes e antílopes para salvaguardar sua comunidade do perigo de desaparecer; é

MÃE

STELLA

DE

OXÓSSI

(15)

fácil vê-la empunhando o ofá (arco-e-flecha) a fim de prover alimento para seus filhos. Esse aspecto de provedor e distri-buidor de caças é típico de seu orixá – Oxóssi. O cuidado, a coerência e a lucidez de Mãe Stella, sua “atenção aos sinais”, como ela própria costuma dizer, são coisas de Oxóssi. E, como todo caçador, ela também faz a distribuição e a sele-ção das caças.

Recentemente, quando eu planejava as novas instalações do museu do Ilê Axé Opô Afonjá – o Ilê Ohun Lalai –, fiquei surpresa com a radicalidade e a coerência de Mãe Stella, ao me dizer: “Tem os santos católicos que estão na casa de Ie-manjá para você colocar no museu.” “Os santos da casa de Iemanjá, os do tempo de Mãe Aninha? Vão sair de lá?”, per-guntei espantada. “Claro, os tempos são outros, não preci-samos mais nos esconder, o sincretismo já acabou”, foi a resposta que recebi.

Na época de Mãe Aninha, tudo o que se fazia no can-domblé era acobertado pelo sincretismo. Havia forte repres-são policial às atividades dos terreiros, que chegavam a ser proibidos de “bater” (tocar atabaques). Os santos da casa de Iemanjá a que Mãe Stella se referia eram católicos, como São

(16)

Jerônimo por exemplo, que no candomblé representava Xangô.

Naquele incidente, pasma com a lógica de Mãe Stella, senti que eu tinha um apego residual ao que Mãe Aninha havia feito. Mas imediatamente percebi que Mãe Stella, ao retirar os santos da casa de Iemanjá, recuperava o gesto e o apreço que na verdade Mãe Aninha tinha à sua tradição nagô pura, como ela dizia, sem misturas. Aprendi como as coisas vão e voltam sem sair do lugar. Este é um exemplo da firmeza de convicções de Mãe Stella.

Alguns dias depois disse-lhe que ia pendurar os santos na parede do museu, e ela observou: “Na parede? Pendura-dos? Os santos? Não. Vamos levar o nicho, onde os santos estavam, e colocá-los dentro.”

Entendi a flexibilidade de Mãe Stella: embora nada ti-vessem a ver com sua religião, os santos eram sagrados para a outra religião e não podiam ser pendurados em uma pare-de. Isso é Oxóssi, é decisão de caçador: algumas caças são para comer, outras são para distribuir, de algumas aprovei-ta-se o couro, outras, enfim, são empalhadas como orna-mento e relembram os grandes dias.

MÃE

STELLA

DE

OXÓSSI

Referências

Documentos relacionados

Este trabalho teve como objeto de análise a música guarani, executada no ritual cotidiano realizado pelos Guarani, denominado jeroky, nos subgrupos kaiová e

se uma estrutura semelhanie à cie um microcompósito e a argila ierá o comportamento ae uma carga convencionai, proporcionando pouca ou nenhuma melhora de propriedades. Neste caso

Como relatamos anteriormente, pacientes chegam a aguardar mais de 20 dias nas Upas para uma transferência para um leito hospitalar, mas segundo as informações obtidas, a “fila”

A par disso, analisa-se o papel da tecnologia dentro da escola, o potencial dos recursos tecnológicos como instrumento de trabalho articulado ao desenvolvimento do currículo, e

É possível aumentar a produtividade e com melhor qualidade (a cobertura morta gera aumento no conteúdo de matéria orgânica no solo), promovendo-se as condições necessárias

O termo de adesão ao serviço voluntário em atividades de extensão, (anexo V), deve ser preenchido, assinado e anexado ao SUAP pelo Coordenador do projeto, sob

do, durante o reinado da rainha Vitória, cujos registros historiográficos contêm somente fatos ma- teriais do contexto; Era Vitoriana Multidimensionalista = o período do

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo