Primeira Carta de João
“Quem não ama não conheceu a deus, porque deus é amor” (1Jo 4,8)
Primeira Carta de João
“Quem não ama não conheceu a deus, porque deus é amor” (1Jo 4,8)
Leonardo Agostini Fernandes
Copyright © Leonardo Agostini Fernandes, 2019
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Editor João Baptista Pinto Projeto Gráfico e Capa
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SiNdiCato NaCioNaL doS editoreS de LiVroS, rJ F399p
Fernandes, Leonardo Agostini
Primeira carta de João : quem não ama não conheceu a Deus, porque Deus é amor (1Jo 4,8) / Leonardo Agostini Fernandes. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Letra Capital, 2019.
64 p. ; 23 cm.
Inclui bibliografia ISBN 9788577856756
1. Bíblia. N.T. Epístolas de João - Comentários. I. Título.
19-58232 CDD: 227.9407
CDU: 27-248.83(048.8)
Vanessa Mafra Xavier Salgado - Bibliotecária - CRB-7/6644
Sumário
Prefácio ...7
Motivação Inicial ...9
1. Dados gerais sobre a 1Jo ...13
1.1. Autoria ...13
1.2. Traços literários ...15
1.3. Estrutura ...17
1.4. Pontos doutrinais ...18
2. Aproximação aos textos...23
2.1. Prólogo (1Jo 1,1-4) ...23
2.2. Crer no nome do Filho: Jesus Cristo (1Jo 3,19-24) ...27
2.3. Epílogo (1Jo 5,13.14-21) ...31
3. Exercícios de aproximação aos textos ...37
3.1. Caminhar na luz (1Jo 1,5-10) ...37
3.2. Guardar seus mandamentos (1Jo 2,1-6) ...40
3.3. O mandamento antigo e novo (1Jo 2,7-11) ...43
3.4. Viver o amor de Deus como filhos e filhas (1Jo 3,1-10) ...46
3.5. O amor é comportamento segundo a vontade de Deus (1Jo 4,7-21) ...49
Considerações �inais ...53
Posfácio ...57
Obras do autor...59
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Prefácio
a
Igreja do Brasil, há quase cinquenta anos, propõe aos fiéis a experiência salutar do mês da Bíblia em setembro, inspi- rada na celebração da memória de São Jerônimo (30/09), presbí- tero e doutor da Igreja, venerado pela tradução das Sagradas Escri- turas para o latim a partir das línguas originais e que se consagrou com o nome de Vulgata. Em cada edição do mês da Bíblia, é possível experimentar que Deus tanto amou o mundo que lhe deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3,16).Para o próximo mês da Bíblia, e sob o tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”, foi escolhida a Primeira Carta de João (1Jo). Esta, dentre os seus vários temas, insiste no conhecimento de Jesus Cristo, Verbo encarnado, na luta contra o pecado e na vida de comunhão que deriva desse conhecimento, em particular pela prática da caridade fraterna.
Nesse sentido, nos agrada prefaciar essa nova obra do Pe.
Leonardo Agostini Fernandes, professor do Departamento de Teologia da PUC-Rio e do ISTARJ, percebendo o seu esforço por colocar nas mãos dos sacerdotes, religiosos e religiosas, consa- grados e consagradas, leigos e leigas, mas, em particular, dos agentes de pastoral, um subsídio que se revela simples e didático.
Nota-se, justamente, um duplo objetivo: oferecer os fundamentos que favorecem a leitura e a compreensão da 1Jo, bem como, através das análises realizadas, com base na Lectio Divina, ensinar ao leitor um método eficaz de aproximação aos textos dessa carta.
Percebe-se a sintonia com o que afirma o Papa Francisco na Gaudete et exsultate, n. 156: “A leitura orante da Palavra de Deus,
«mais doce do que o mel» (Sl 119/118,103) e «espada de dois gumes» (Hb 4, 12), consente de nos determos a escutar o Mestre
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Leonardo Agostini Fernandes
fazendo da sua palavra farol para os nossos passos, luz para o nosso caminho (cf. Sl 119/118,105).”
Que o conhecimento da Palavra de deus aumente cada vez mais entre os fiéis e, por ele, a experiência eclesial se torne um vivo testemunho de amor a Deus e ao próximo, seguindo os passos e os exemplos de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem fomos configurados no batismo para a glória de Deus Pai. Que o Espírito Santo, derra- mado em nossas vidas, torne a fé operosa e fortaleça a esperança, a fim de que, em meio às adversidades trazidas com a mudança de época, a caridade aumente eficazmente e seja a bússola orienta- dora das propostas e das decisões assumidas à luz da Palavra de Deus para a transformação do mundo em que vivemos.
Cardeal Orani João Tempesta, O.Cist.
arcebispo de São Sebastião do rio de Janeiro Grão-Chanceler da PUC-Rio
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Moti vação Inicial
Quando encontrei tuas palavras, alimentei-me; elas se tornaram para mim uma delícia e a alegria do coração, o modo como invocar teu nome sobre mim, Senhor Deus dos exércitos. (Jr 15,16)
o
mundo atual está marcado por uma profunda mudança de época (Documento de Aparecida, n. 44), por grandes contrastes e desafios, dentre estes a transumância forçada em diversas partes do planeta, provocando novos e violentos êxodos. A Igreja, sob a condução do Papa Francisco, está atenta e tem se posicionado a favor da fraternidade e da solidariedade para com os imigrantes, convocando as comunidades de fé a assumirem a caridade como sinal vivo da esperança que vem de Deus para o ser humano.Além disso, na América Latina, a Igreja se prepara para celebrar o Sínodo local da Amazônia, pelo qual deve reafirmar, em todos os seus segmentos e carismas, a centralidade da sua vida e da sua missão em Jesus Cristo. A Igreja sabe que nada pode fazer de bom, dentro e fora dela, se não permanecer em seu mestre e Divino Salvador, como os ramos ligados à videira (Jo 15,5).
A missão não é um acessório, mas é um elemento essencial e constitutivo da natureza da Igreja (Mt 28,18-20; Lc 24,47)1. Pela missão, os batizados aprendem a perceber os apelos de deus e a discernir a voz do Espírito Santo, através dos sinais dos tempos, e a colocar seus talentos a serviço da evangelização e do bem-comum.
1 Sobre a dimensão missionária constitutiva da Igreja em Mt 28,28-20, veja-se: L.
A. FERNANDES. Palavra de Deus e Exercícios Espirituais – “No mundo tereis tribulações, mas tende confiança: Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Rio de Janeiro:
Letra Capital, 2019, p. 105-114.
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Sem a missão, a Igreja comprometeria, seriamente, o chamado que recebeu para ser sal da terra, luz do mundo e fermento na massa (mt 5,13-16; 13,33), isto é, deixaria de ser e de dar o seu testemunho profético libertador de todos os tipos de opressão que levam o ser humano às mais degradantes formas de miséria corporal e espiri- tual. O esfriamento da missão comprometeria a dimensão profé- tica da Igreja.
Diante dessas urgências humanas e eclesiais, a proposta para o mês da Bíblia, neste ano, é mais do que oportuna, porque deseja colocar as comunidades de fé diante da Primeira Carta de João e, por ela, reavivar, nos leigos e leigas, religiosos e religiosas, a adesão incondicional a Jesus Cristo e à verdade que liberta. Em vários pontos, essa carta evoca o caminho essencial da vida e da missão da Igreja, caminho que precisa estar pautado no projeto messiânico de Jesus atestado em Lc 4,16-21 e nos critérios de iden- tificação estabelecidos por Jesus em Mt 25,31-46. Por meio desses dois textos, compreende-se que o conhecimento de deus, pela fé viva e operosa, determina o comportamento condizente com a sua vontade pela prática do amor fraterno, seguindo e aplicando a pedagogia de Jesus no mundo atual e diante de seus desafios.
Um olhar atento para a 1Jo nos permite perceber que subjaz, nessa carta, uma pessoa profundamente alcançada por Jesus Cristo, convicta da sua vocação e missão, razão pela qual se dirige aos irmãos e irmãs como um pai preocupado e atento aos perigos aos quais os seus filhinhos estão expostos. A orto- doxia, que a carta evoca para se enfrentar os erros de doutrina e de comportamento, deriva da íntima união de quem fala e para quem se fala com Deus Uno e Trino. Esta divina koinonia é o fundamento da verdade, de toda e qualquer forma de comunhão na Igreja e entre os seres humanos, independente da raça, sexo e condição social.
diante da 1Jo, cada um(a) pode encontrar uma nova oportu- nidade para rever a formação que recebeu, as lacunas que ainda existem e as escolhas que tem feito. Ao se colocar diante da Palavra de Deus, através da 1Jo e dos vários textos que ela evoca, faz-se