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Fiança. Inicialmente, vejamos a definição doutrinária do contrato de fiança é de acordo com TARTUCE:

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Academic year: 2022

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(2) Fiança Fonte: Flávio Tartuce e Silvio Venosa. Inicialmente, vejamos a definição doutrinária do contrato de fiança é de acordo com TARTUCE:. “A fiança, também denominada caução fidejussória, é o contrato pelo qual alguém, o fiador, garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra. O contrato é celebrado entre o fiador e o credor, assumindo o primeiro uma responsabilidade sem existir um débito propriamente dito (“​Haftung sem Schuld​” ou, ainda, “​obligatio sem debitum”​ )”. Trata-se então de uma garantia ​PESSOAL​, em que todo o patrimônio do fiador responde pela dívida. ​Cuidado​! A fiança também não se confunde com aval, tendo em vista que a mesma é contrato acessório e via de regra, há benefício de ordem em favor do fiador.. Neste sentido, vejamos as lições de Silvio Venosa: Pelo contrato de fiança estabelece-se ​obrigação acessória de garantia. ao. cumprimento. de. outra. obrigação.. Essa. acessoriedade foi por nós estudada quando do exame da estrutura da obrigação. Na fiança, existe a responsabilidade, mas não existe o débito, dentro da díade ​Schuld und Haftung​. Lembre-se do que dissemos a respeito da dívida natural,. 1.

(3) exemplo. contrário,. a. qual. possui. débito,. mas. não. responsabilidade, pois não é juridicamente exigível (Direito civil: obrigações e responsabilidade civil, Capítulo 3). O fiador garante o débito de outrem, colocando seu patrimônio para lastrear a obrigação, o titular do débito garantido é um terceiro.. De acordo com o Artigo 820, do CC, a fiança pode ser estipulada ainda que sem o consentimento do devedor ou até contra sua vontade. Disso resulta sua natureza jurídica especial. Vejamos: Em primeiro lugar, trata-se de ​contrato UNILATERAL​, tendo em vista que gera obrigação apenas para o fiador. A fiança, em regra, será gratuita; Mas em algumas situações pode ser onerosa, como nos casos de alguns contratos bancários. Neste sentido, a FCC na PGM Caruaru-PE, considerou ​INCORRETA​: a fiança só pode ser estipulada com o consentimento do devedor. Cuidado! O contrato de fiança é ​FORMAL​, pois exige a forma ​ESCRITA​. No entanto, não é contrato solene, já que não é necessário a escritura pública. Ainda é importante ressaltar que a fiança ​NÃO ADMITE INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA​. Vejamos: “Isso porque a fiança será ​interpretada restritivamente​, uma vez que se trata de um contrato benéfico que não traz qualquer vantagem. ao. fiador,. que. responde. por. aquilo. que. expressamente constou do instrumento do negócio. Surgindo alguma dúvida, deve-se interpretar a questão favoravelmente. 2.

(4) ao fiador, parte vulnerável, em regra. Ilustrando, se a fiança for concedida para garantir um contrato de locação, o seu alcance não se estenderá em relação aos danos causados no prédio em decorrência de um evento imprevisível”. Na prova da PGE-PE a CESPE considerou ​INCORRETA a seguinte alternativa sobre o tema: (...) será admitida a interpretação extensiva para beneficiar o devedor. ​R: FALSA!. Bem como na PGM - BV (CESPE) foi considerada ​INCORRETA​: ​Em contratos de fiança, a declaração de vontade do fiador pode ser expressa ou presumida.. A fiança também não se estende além do período pactuado, sendo preciso para tanto a expressa anuência do fiador. Neste sentido temos a súmula nº 214, STJ: “O fiador na locação ​não responde por obrigações resultantes de aditamento ao qual não anuiu”. Como falamos acima, a fiança é um ​contrato acessório​. Não existe fiança sem um contrato principal; desse modo, tudo que ocorrer no contrato principal repercute na fiança. Vejamos como leciona TARTUCE:. “Sendo nulo o contrato principal, nula será a fiança (art. 824 do CC). Sendo anulável o contrato principal, anulável será a fiança (art. 184 do CC). Sendo novada a dívida principal sem a. 3.

(5) participação do fiador, extinta estará a fiança, exonerando-se este (art. 366 do CC)”.. Vale ressaltar que o que ocorre na fiança não repercute no contrato principal, bem como a mesma abrange todos os acessórios da dívida principal, tal como juros, cláusula penal e outras despesas.. A fiança pode ainda assumir a forma de contrato paritário ou de adesão. Quando ocorrer esta última hipótese, serão aplicadas as normas protetivas dos Artigos 423 e 424 do Código Civil. Não só as dívidas atuais, ​como também as futuras podem ser objeto de fiança. Se for objeto de uma obrigação futura, o fiador não será demandado senão depois que se fizer certa e líquida a dívida do devedor principal. A fiança pode ainda ser ​total ou parcial​, inclusive de valor ​menor ao da obrigação principal e em condições menos onerosas. No entanto, vejam essa lição precisa de Tartuce:. “​A fiança nunca poderá ser superior ao valor do débito principal, pois o acessório não pode ser maior do que o principal​. Sendo mais onerosa do que a obrigação principal, a fiança deverá ser reduzida ao limite da dívida que foi afiançada (art. 823 do CC)”.. Importante​! Informativo 509, STJ:. 4.

(6) “As despesas judiciais só serão arcadas pelo fiador ​a partir de sua citação​. Segundo dispõe o art. 822 do CC, não sendo limitada, a fiança compreenderá todos os acessórios da dívida principal, inclusive as despesas judiciais, desde a citação do fiador. Isso para que a lei não se afaste da fundamental equidade,. impondo. ao. fiador. uma. responsabilidade. excessivamente onerosa, sem antes verificar se ele deseja satisfazer. a. obrigação. que. afiançou”. (STJ,. REsp. 1.264.820/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 13.11.2012, publicado no seu Informativo n. 509).. As obrigações eivadas de nulidade absoluta não podem podem ser objeto de fiança, salvo quando a nulidade resultar de incapacidade do devedor, quando será considerada válida e eficaz.. Em regra, há o benefício de ordem na fiança, salvo quando: a) se ele renunciou ​expressamente​; b) se se obrigou como principal pagador ou devedor solidário e c) se o devedor for insolvente ou falido.. De acordo com TARTUCE: O fiador não é devedor solidário, mas ​subsidiário​, em regra. Isso porque tem a seu favor o chamado benefício de ordem ou de excussão, pelo qual será primeiro demandado o devedor principal.. Prevê o art. 827 do CC/2002 que “O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem direito a exigir, até a contestação da. 5.

(7) lide, que sejam primeiro executados os bens do devedor”. O fiador que alega o benefício de ordem deve nomear bens livres e desembargados do devedor principal que bastem para a satisfação da dívida, localizados no mesmo município onde corre a cobrança da dívida (parágrafo único do art. 827).. No entanto, entre fiadores, a regra é que exista a solidariedade. Vejamos:. “A fiança conjuntamente prestada a um só débito por mais de uma pessoa importa o compromisso de ​solidariedade entre elas​, se declaradamente não se reservarem o benefício de divisão”. Artigo 829, CC. Sobre o tema, a prova da PGE-SP (2012) considerou ​INCORRETA​: (...) é nula cláusula de renúncia ao benefício de ordem. ​R: FALSA! Vejamos a parte do parágrafo único, que consagra a divisão ​pro rata: Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.. Importante também verificarmos o que dispõe o Artigo 831 do CC:. Art. 831. O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota.. Parágrafo único. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.. 6.

(8) Importante verificarmos o teor também dos Artigos 835 e 836 do Código Civil:. Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta (60) dias​ após a notificação do credor. Art. 836. ​A obrigação do fiador passa aos herdeiros​; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança. Na prova da PGE-PA (2012) foi considerado como ​CORRETO​: ​Poderá o fiador exonerar-se da fiança caso tenha assinado por prazo indeterminado, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor.. Acredito que esses sejam os principais pontos sobre o contrato de fiança. Passo agora a colocar algumas jurisprudências que considero importante que vocês saibam, pois poderá ser cobrado em provas:. 1) “Conquanto a transação e a moratória sejam institutos jurídicos diversos, ambas têm o efeito comum de exoneração do fiador que não anuiu com o acordo firmado entre credor e devedor (art. 838, I, do CC)” (STJ, REsp 1.013.436/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 11.09.2012, publicado no seu Informativo n. 504).. 7.

(9) 2) Em sessão realizada na terça-feira (12), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não é possível penhorar o bem de família do fiador na locação comercial. Por maioria dos votos, os ministros proveram o Recurso Extraordinário (RE) 605709, no qual o recorrente alegava ser nula a arrematação de sua casa – localizada em Campo Belo (SP) – em leilão ocorrido no ano de 2002.. 3) O contrato de fiança deve ser interpretado restritivamente, de modo que a responsabilidade dos fiadores se resume aos termos do pactuado no ajuste original, com o qual expressamente consentiram.. 4) Havendo mais de um locatário, é válida a fiança prestada por um deles em relação aos demais, o que caracteriza fiança recíproca.. 5) É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação. (Súmula n. 549/STJ) (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/1973 - Tema 708). 6) A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia (Súmula n. 332/STJ).. 7) A fiança prestada por fiador convivente em união estável, sem a outorga uxória do outro companheiro, não é nula, nem anulável.. 8) A decretação de falência do locatário, sem a denúncia da locação, nos termos do art. 119, VII, da Lei n. 11.101/2005, não altera a responsabilidade dos fiadores junto ao locador.. 8.

(10) 9) O fiador que não integrou a relação processual na ação de despejo não responde pela execução do julgado. (Súmula n. 268/STJ). 10) Admite-se a substituição da garantia em dinheiro por outro bem ou por fiança bancária, na fase de execução ou de cumprimento de sentença, em hipóteses excepcionais e desde que não ocasione prejuízo ao exequente.. 11) Se o fiador não participou da ação de despejo, a interrupção da prescrição para a cobrança dos aluguéis e acessórios não o atinge.. 12) A falta de citação do fiador para a ação de despejo isenta o garante da responsabilidade pelas custas e pelas demais despesas judiciais decorrentes daquele processo, sem, entretanto, desobrigá-lo dos encargos decorrentes do contrato de fiança.. 13)O prazo para o fiador exonerar-se da fiança inicia-se do efetivo conhecimento da sub-locação, ainda que a ciência não ocorra pela comunicação do locatário sub-rogado (Informativo 660, STJ).. 14)O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável ao contrato de fiança bancária acessório a contrato administrativo (Informativo 649, STJ).. 15) As disposições relativas à fiança devem ser interpretadas de forma restritiva, razão pela qual, nos casos em que ela é limitada, a responsabilidade do outorgante não pode estender-se senão à concorrência dos precisos limites nela indicados (Informativo 595, STJ).. 9.

(11) 16) É ​necessária a outorga conjugal para fiança em favor de sociedade cooperativa. STJ. 4ª Turma. REsp 1351058-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26/11/2019 (Info 664);. 17)A interrupção do prazo prescricional operada contra o devedor principal prejudica o fiador (Informativo 602, STJ);. 18). Bons Estudos! Atenciosamente, Equipe CTPGE. 10.

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Referências

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