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202 Amazôn., Rev. Antropol. (Online) 5 (1): Fotográfi. Kaingang: Os Guerr

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Amazôn., Rev. Antropol. (Online) 5 (1):

Ensaio

Fotográfico

Kaingang: Os Guerreiros

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Ensaio

Fotográfico

Kaingang: Os Guerreiros

amáveis

Ensaio

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Kaingang: Os guerreiros

amáveis

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Os Kaingang são um povo indígena com um dos maiores registros demográficos do Brasil - estimativas apontam cerca de 30 mil indivíduos, vivendo nos três esta-dos da região sul do país (Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul) e também no estado de São Paulo. São falantes da língua que dá nome à etnia que per-tence ao tronco linguístico macro-Jê. O contato com a sociedade não-indígena ocorreu, de maneira mais intensa, na se-gunda metade do século XIX e início do século XX, quando vigorava a política de “pacificação” dos povos indígenas em território nacional, contato que gerou consequências drásticas com a expropria-ção territorial, conflitos internos, doenças e mortes. O saldo negativo, no entanto, não significou a morte do povo; pelo contrário, os Kaingang se orgulham de seus costumes e modo de vida, mantêm a língua materna e recriam continuamente suas táticas de manutenção cultural frente ao modelo hegemônico de organização social da sociedade nacional.

Conhecidos na literatura antropológica também pelas denominações de Coroa-dos, Kamés, Votoros, BotocuCoroa-dos, entre outros, os Kaingang dominaram por muito tempo os planaltos centrais da região sul do Brasil, onde a araucária pas-sou a ser seu símbolo. Hoje, esta árvore de fruto exótico é encontrada em grande quantidade somente na Área Indígena de Mangueirinha, com cerca de 17.000 hectares, localizada no sul do Paraná. A demarcação das terras Kaingang concen-trou populações em pequenas reservas, gerando transformações repentinas em seu modo de vida. A adaptação ante essa realidade de confinamento territorial tem

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sido fator interessante na cultura Kain-gang; no entanto, as consequências são notáveis. A cultura desse povo expressa-se por meio de uma dualidade preexpressa-sente, também, em várias outras culturas Jê. A dualidade tem origem nos gêmeos an-cestrais Kamé e Kainhru, que seriam os fundadores do povo e correspondem às metades exogâmicas que parecem ser complementares em toda sua lógica cul-tural; no entanto, contam eles que anti-gamente ocorriam frequentes conflitos entre estes grupos, quando o derrotado deveria abandonar o território, migrando para outras terras com a sua gente o seu grupo. Esse aspecto da cultura já não pode mais ser posto em prática, dado que não há mais terras para onde migrar e, segundo eles, isso acaba causando problemas em algumas comunidades. Isso, claramente, reflete uma condição imposta pela sociedade externa – o fato de estarem em territórios demarcados. Assim, os Kaingang aprenderam a criar novas táticas de sobrevivência cultural, já que a caça e a coleta são escassas, e a agri-cultura Kaingang, diferentemente da dos Guarani, limita-se, de modo geral, a um rústico cultivo de milho, feijão e abóbora. A fabricação de artesanato para a venda tem sido muito importante neste sentido. Muitas famílias chegam a “acampar” por vários dias nas cidades, vendendo artesanato. As imagens que seguem foram colhi-das nos últimos dois anos na Terra In-dígena Rio das Cobras, município de Nova Laranjeiras, Paraná. Nesta área de aproximadamente 18.500 hectares há sete aldeias Kaingang e duas aldeias Guarani, somando quase 3 mil indígenas, constituindo-se na maior Terra Indígena

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do Paraná. Espero que esta amostra de imagens permita ver um pouco da beleza do povo Kaingang – povo que sempre foi conhecido por ser muito guerreiro, característica que levam adiante na luta pelos direitos de viverem conforme sua cultura.

tonibandeira@hotmail.com

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Figura 2 – Artesanato Kaingang. Fabricado quase sempre pelas mulheres, é a principal fonte de renda da maioria das famílias. Muitos indígenas acampam em várias cidades, chegando a viajar até 400 km buscando melhores vendas na capital, Curitiba.

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Figura 3 – Criança da aldeia sede, Rio das Cobras.

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Figura 4 – Os Kaingang têm apreço pelas cores fortes e vivas. Esta imagem é da festa em comemoração ao Dia do Índio do ano de 2010, na aldeia sede, Rio das Cobras.

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Figura 5 – Crianças Kaingang, aldeia sede. Na cultura Kaingang, as crianças aprendem muito jovens a serem independentes. No convívio diário com este povo, nota-se que elas amadurecem muito rapidam-ente, assumindo tarefas que logo serão a base de sua rotina. É comum que as meninas com sete ou oito anos já cuidem de seus irmãos menores enquanto a mãe realiza outras atividades.

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Figura 6 – Mulher fabricando artesanato. A arte Kaingang expressa, também, a complexa dualidade clânica, presente também em outras sociedades Jê. Para eles, tudo gira em torno da herança dos gêmeos ancestrais Kamé e Kainhru, os quais teriam sido os origina-dores do povo. Como afirmam eles, Kamé apresenta “marcas” compridas, retas, traços; enquanto Kainhru relaciona-se a “marcas” redondas, circulares. A própria língua Kain-gang apresenta interessantes traços desta dualidade.

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Figura 8 – É comum entre homens e mulheres o uso de tatuagens. Muitas mulheres traçam na fronte uma letra pequena, que pode ser a inicial do nome.

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Figura 9 – Crianças Kaingang da aldeia sede. É impressionante como os Kaingang são amáveis entre si, despertando admiração!

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