ROMANTISMO
NO BRASIL
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“A liberdade literária é filha da liberdade política.
Eis-nos libertos da velha forma social e como não
nos libertaríamos da velha forma poética? A um
povo novo, uma nova arte.”
O Romantismo no Brasil surgiu poucos anos
após a independência política, alcançada no ano
de 1822. A autonomia em relação à colônia fez
surgir nos escritores brasileiros um sentimento
de nacionalismo, gerando um movimento
anticolonialista em defesa da criação de uma
literatura que enfim retratasse nossa cultura,
história e língua de maneira fidedigna.
ROMANTISMO NO BRASIL
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MARCO INICIAL: PUBLICAÇÃO DE
SUSPIROS POÉTICOS E SAUDADES
(1836) por Gonçalves de Magalhães.
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MARCO FINAL: PUBLICAÇÃO DE
MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS
(1881) por Machado de Assis.
CONTEXTO HISTÓRICO
(1808) Chegada da Família Real ao Brasil.
(1816) Chegada da Missão Artística Francesa.
(1821) D. João VI retorna a Portugal.
(1822) Proclamação da Independência do Brasil.
(1824) Outorgação da 1ª Constituição.
(1831) Dom Pedro I abdica do Trono.
ROMANTISMO –
CARACTERÍSTICAS GERAIS
Liberdade de criação, ruptura de regras, criação como impulso
Mistura de gêneros literários.
Subjetivismo, egocentrismo, primado do sentimento.
Ênfase no primeiro amor e na pureza feminina.
Vitória do bem sobre o mal.
Historicismo, nacionalismo, valores burgueses.
Pessimismo e mal-do-século.
A S G E R A Ç Õ E S R O M Â N T I C A S N O B R A S I L
PRIMEIRA
GERAÇÃO
SEGUNDA
GERAÇÃO
TERCEIRA
GERAÇÃO
NACIONALISTA,
INDIANISTA E
RELIGIOSA.
POETAS: GONÇALVES
DIAS E GONÇALVES
DE MAGALHÃES
INFLUÊNCIA: JEAN
JACQUES ROUSSEAU
MARCADA PELO
MAL-DO-SÉCULO.
APRESENTA
EGOCENTRISMO
EXACERBADO,
PESSIMISMO,
SATANISMO E
ATRAÇÃO PELA
MORTE. MULHER
IDEALIZADA
POETAS: ÁLVARES
DE AZEVEDO,
CASIMIRO DE ABREU,
FAGUNDES VARELA E
JUNQUEIRA FREIRE
INFLUÊNCIA: LORD
BYRON
MARCADA PELO
CONDOREIRISMO.
POESIA E CUNHO
POLÍTICO E
SOCIAL. CLAMOR
POR JUSTIÇA E
IGUALDADE.
POETA: CASTRO
ALVES
INFLUÊNCIA: VITOR
HUGO
Primeira geração
Os primeiros românticos são conhecidos como nativistas,
pois seus romances retratam índios vivendo livremente na
natureza, numa representação idealizada. O índio é transformado
no símbolo do homem livre e incorruptível.
Nosso Romantismo apresenta como traço essencial o
nacionalismo, destacando o indianismo, o regionalismo, a pesquisa
histórica, folclórica e linguística, e a crítica aos problemas
nacionais.
O nacionalismo ufanista, o indianismo e a valorização
da natureza são as principais características da primeira
geração do Romantismo brasileiro.
Exaltação da natureza e da
liberdade:
Os românticos utilizavam a
exaltação da natureza e da
liberdade como um mecanismo
para fugir da realidade, objetivo
alcançado quando o escritor
voltava-se para paisagens novas,
como a selva brasileira.
Canção do exílio (Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá;
Em cismar sozinho, à noite Mais prazer eu encontro lá; Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Indianismo:
O índio foi escolhido como um dos símbolos da
nacionalidade brasileira. O negro, vindo de outro
continente, não podia ser considerado como um típico
brasileiro, tampouco o homem branco, identificado
como o colonizador português.
A figura do homem nativo substituiu o herói
medieval europeu em nossa literatura: o índio era visto
como o “bom selvagem”, cujo comportamento era
idealizado.
Canção do Tamoio - (Gonçalves Dias)
I
Não chores, meu
filho:
Não chores, que a
vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos
abate,
Que os fortes, os
bravos,
Só pode exaltar.
II
Um dia vivemos!
O homem que é
forte
Não teme da
morte;
Só teme fugir;
No arco que
entesa
Tem certa uma
presa,
Quer seja tapuia,
Condor ou tapir.
(...)
III
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na
lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da
morte,
Que a morte há de
vir!
(Fragmentos)
Nacionalismo ufanista: O nacionalismo é um dos traços
essenciais da primeira geração. Essa característica abriu espaço
para a exploração do regionalismo, além de propiciar a
pesquisa histórica, folclórica e linguística e o debate acerca dos
problemas nacionais, o que evidenciava o comprometimento
com o projeto de construção de uma identidade nacional.
Minha terra! - (Gonçalves Dias)
“(...)
E vendo os vales e os montes
E a pátria que Deus nos deu,
Possamos dizer contentes:
Tudo isto que vejo é meu!
Meu este sol que me aclara,
Minha esta brisa, estes céus:
Estas praias, bosques, fontes,
Eu os conheço — são meus!
Mais os amo quando volte,
Pois do que por fora vi,
A mais querer minha terra,
E minha gente aprendi.
(Fragmentos)
Embora Gonçalves de Magalhães
seja considerado o introdutor
do Romantismo no Brasil,
foi Gonçalves Dias o
responsável por implantar e
solidificar a poesia romântica em
nossa literatura. Gonçalves Dias
foi o principal poeta da primeira
geração do Romantismo
Segunda geração do Romantismo
no Brasil
A
segunda
geração
do
Romantismo no Brasil é conhecida como
Ultrarromantismo e é caracterizada por
uma volta ao mundo interior e por uma
temática pessimista.
Leia o seguinte poema de Álvares de Azevedo, presente na segunda parte de seu livro Lira dos
vinte anos:
Meu anjo
.
Meu anjo tem o encanto, a maravilha Da espontânea canção dos passarinhos; Tem os seios tão alvos, tão macios
Como o pelo sedoso dos arminhos Triste de noite na janela a vejo E de seus lábios o gemido escuto É leve a criatura vaporosa Como a frouxa fumaça de um charuto.
Parece até que sobre a fronte angélica
Um anjo lhe depôs coroa e nimbo... Formosa a vejo assim entre meus sonhos
Mais bela no vapor do meu cachimbo. Como o vinho espanhol, um beijo dela Entorna ao sangue a luz do paraíso. Dá morte num desdém, num beijo vida,
E celestes
desmaios num sorriso!
Mas quis a minha sina que seu peito Não batesse por mim nem um minuto,
E que ela fosse leviana e bela Como a leve fumaça de um charuto!
Um dos grandes influenciadores desse
período romântico no Brasil foi o poeta
inglês Lord Byron, autor que possuía um
estilo poético agressivo contra a sociedade
e um estilo de vida que escandalizava a
Europa. Seu cinismo e seu pessimismo
inspiraram muitos outros poetas por todo
o mundo.
Características da segunda geração do
Romantismo no Brasil
⇒ Liberdade de criação e valorização do conteúdo em detrimento da forma; ⇒Versificação livre;
⇒ Dualismo;
⇒Tédio, morbidez, sofrimento, pessimismo, negativismo, satanismo, masoquismo, cinismo e autodestruição;
⇒ Fuga da realidade;
⇒ Idealização do amor e da mulher; ⇒ Subjetivismo e egocentrismo; ⇒ Gosto pelo escuro ou noturno;
⇒ Morte como fuga definitiva e solução dos problemas. ⇒ Presença da solidão;
Principais autores e obras
Álvares de Azevedo: Lira dos vinte
anos; Noite na Taverna e Macário.
Fagundes Varela: Noturnas; Cantos e
Fantasias e Anchieta ou O Evangelho
nas Selvas.
Casimiro de Abreu: As Primaveras e A
cabana.
Junqueira Freire: Inspirações do
Álvares de Azevedo - O poeta ultrarromântico
Em se tratando de Manuel Antônio Álvares de
Azevedo, o mesmo nasceu em São Paulo, em 1831. Aos
dez anos falava, lia e escrevia perfeitamente o francês e o inglês. Ingressou aos 16 anos na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Morreu aos 21 anos, sem ao menos ter publicado nenhuma de suas obras, entre as quais se destacam: Lira dos vinte anos, Poesias Diversas, O poema do frade, Macário (teatro), Noite na taverna (conjunto de narrativas fantásticas), além de discursos e
Terceira geração
A terceira geração é também
conhecida como “O condoreirismo”,
os poetas dessa geração apresentam
estilo grandioso ao tratarem de temas
sociais, eram comprometidos com a
causa abolicionista e republicana
Principal autor
Castro Alves é o poeta que mais se destaca.
Inspirado nos princípios de Victor Hugo, ele
começa a escrever poemas sobre a escravidão. Há,
retratado em seus poemas, o lado feio e esquecido
pelos primeiros românticos: a escravidão dos
negros, a opressão e a ignorância.
Obras: Espumas Flutuantes (1870), A
cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os
O navio negreiro V
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!... São os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão...
→
Características da 3ª
geração do Romantismo no
Brasil
Abolicionismo - a poesia desse período volta-se para a defesa da República e do
abolicionismo e, com isso, o foco das produções está concentrado nos pobres, marginalizados e negros escravizados;
Negação do amor platônico e erotismo – diferentemente das gerações
anteriores, a relação amorosa acontece de fato. Os autores dão forma e sensualidade à mulher, que, anteriormente, era vista como um ser intocável, angelical, impossível de ser alcançado;
Liberdade – munidos de um sentimento de revolta ante as injustiças sociais, os
autores acreditavam que , assim como o condor, tinham a capacidade de olhar de um ponto mais alto as questões sociais e, por isso, informar a sociedade sobre a realidade em que viviam de forma a conscientizá-la do ideal de liberdade...