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Análise da Variabilidade das Zonas de Pressão Plantar e efeitos Posturais: Implicações Biomecânicas dos Suportes Plantares

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Academic year: 2021

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Análise da Variabilidade das Zonas de Pressão

Plantar e efeitos Posturais: Implicações

Biomecânicas dos Suportes Plantares

J. Carlos Pereira da Cruz

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Rua Dr. Roberto Frias, s/n, 4200-465 Porto

meb03015@fe.up.pt

Miguel V. Correia

INEB – Instituto de Engenharia Biomédica, LSI – Laboratório de Sinal e Imagem Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

mcorreia@fe.up.pt

João Tavares

INEGI – Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial, LOME – Laboratório de Óptica e Mecânica Experimental Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

tavares@fe.up.pt

RESUMO

Estudo descritivo das características das zonas de pressão plantar e efeitos na postura, em indivíduos com indicação para o uso de suportes plantares, antes e depois da sua aplicação, ainda não concluído.

A amostra é não probabilística, intencional e de conveniência tendo-se definido critérios de exclusão: relacionados com as idades dos sujeitos e a presença de disfunções anteriores primárias ou secundárias.

O projecto realizar-se-à em duas etapas com três momentos específicos, para a recolha da informação: antes e após a colocação dos suportes plantares.

Os dados são recolhidos através de um instrumento estruturado pelos autores para o efeito, durante as consultas de Podologia.

De acordo, com a informação disponível na literatura sobre a temática em estudo, prevê-se que exista uma modificação no padrão postural dos sujeitos após, a colocação dos suportes plantares bem como um maior controlo das disfunções inicialmente identificadas.

INTRODUÇÃO

Caminhar é um dos padrões fundamentais do movimento humano. As consequências das alterações da marcha são um factor de morbilidade social, interferindo na qualidade de vida dos indivíduos e são responsáveis por muitos processos de adaptação criados, no sentido de colmatar as consequências de algumas disfunções orgânicas, de forma voluntária ou involuntária.

A marcha humana pode apresentar vários tipos de alterações cujas causas se podem associar a estados morfo-funcionais do pé, a perturbações da visão, ao peso do sujeito, entre outros, Lacuesta,1999 [1].

(2)

A intervenção sobre este tipo de disfunção pode ser de natureza diversa sendo, os suportes plantares, de natureza compensatória, um dos meios, referidos na literatura, com um potencial elevado para apresentar vantagens, no controlo de alguns destes distúrbios, Wooden, 1996 [2]. A análise da marcha e a apreciação clínica do pé são instrumentos importantes na clínica. Muitas vezes, os clínicos confrontam-se com pacientes, de pés assintomáticos, e queixas relevantes, ou o contrário, o que releva a necessidade de compreender a função “normal” do pé durante o movimento e identificar as variáveis que se podem configurar como causas da entidade clínica responsável pelas queixas dos doentes e deste modo, poder determinar as estratégias de tratamento e constituir-se como indicadores para posterior comparação dos resultados de intervenção, Rodgers, 1995, [3].

Na prática clínica, em Podologia, o recurso à aplicação dos Suportes Plantares é frequente, Lacuesta,1999 [1], para minimizar o efeito de alterações estruturais do pé e, para controlar as consequências de algumas disfunções orgânicas cujas repercussões, nos pés, se traduzem em apoios viciados e adopção de posições de defesa, La Fuente, 2003 [4]. Estas entidades estão a maior parte das vezes reflectidas em zonas de hiperpressão plantar e distúrbios posturais, responsáveis pelos desvios dos padrões normais da marcha.

A importância destes efeitos no individuo, exige a uniformização das medidas necessárias para a avaliação biomecânica, antes e depois da colocação de suportes plantares para controlo da eficácia terapêutica implicando também, a confecção de suportes plantares dentro de parâmetros uniformes e os registos clínicos objectivos e sistemáticos.

Em podologia, uma profissão vocacionada para a prevenção, o diagnóstico, e o tratamento de disfunções do membro inferior e pé, o estudo da variabilidade das zonas de pressão plantar, em estática e dinâmica, bem como a caracterização da postura do sujeito, com e sem a colocação de suportes plantares é um imperativo que encontra justificação no objecto de intervenção profissional, enquanto indicador de eficácia e eficiência dos métodos terapêuticos mobilizados em podologia.

Neste sentido formula-se o seguinte problema de estudo:

Que alterações se verificam ao nível do pé, em relação às zonas de pressão plantar e postura do sujeito portador de suportes plantares, durante os primeiros 3 meses após a aplicação dos mesmos?

Objectivos do Estudo

Enumerar as características estruturais e biomecânicas do pé, em estática, dos sujeitos que participam no estudo;

Identificar a distribuição das pressões plantares durante a fase de apoio, (Fase de contacto inicial, de resposta à carga, de apoio médio, de apoio final, de pré-oscilação);

Descrever as características das zonas de pressão plantar em função da intensidade e participação no movimento do pé;

Determinar a variabilidade da distribuição das pressões do pé isolando o retropé, médio pé e antepé durante a fase de apoio;

Identificar as características da postura do sujeito antes e depois da colocação dos suportes plantares e sua variabilidade ao longo do tempo;

Descrever a informação mais relevante para a confecção de suportes plantares e sua eficácia na distribuição das pressões plantares e posturologia.

O enunciado do problema proposto para estudo é suportado teoricamente pela análise do ciclo do caminhar nomeadamente, a fase de apoio, tal como definida e conceptualizada por La Fuente, 2003 [4] por constituir 60%, do ciclo do caminhar; pelo estudo das zonas de pressão plantar em estática e dinâmica e pela análise da postura do sujeito, com especial incidência para os desvios latero-lateral a latero-posterior (figura 1).

(3)

Uma marcha anormal pode ser causada por problemas do cérebro, medula espinal, nervos, ossos ou músculos. Um doente com uma patologia ou disfunção que afecte qualquer destes sistemas pode beneficiar com um estudo sobre a marcha Davis, 1997[5]

Os métodos predominantes para a análise corrente da marcha integram o estudo da pegada externa do paciente, a monitorização do impacto paciente/superfície de apoio (ex: reacção da força e o registo da actividade muscular (electromiografia), durante a marcha Cavanagh, et al. 1997,[6].

A detecção de uma marcha anormal e suas causas é fundamental para determinar o tipo de tratamento. Este pode ser cirúrgico, terapia física ou uma ortotese, Davis, 1997 [5]. Segundo Russek, Leslie N. 1996 [7], estas podem ser definidas como um aparelho colocado à volta de todo ou uma parte do pé patológico e serve para lhe dar apoio, corrigir as suas deformidades e melhorar a sua função.

Segundo La Fuente 2003, as manifestações no indivíduo relacionadas com perturbações no caminhar, independentemente da causa, podem desencadear zonas de pressão e interferir na sua postura [4].

A mobilização do peso do corpo durante a marcha verifica-se pelo suporte do peso deste, em ambos os pés. Alterações biomecânicas, variações nas formas de caminhar, mudanças estruturais do pé devido à idade, por redução da gordura plantar, abatimento do arco longitudinal interno e o desenvolvimento de hiperqueratoses (calosidades), são apontadas na literatura como responsáveis pelo aparecimento de algumas das situações acima referenciadas, Kanatli U, Yetkin H, Simsek A, Besli K, Ozturk A, 2001 [8].

A posição estática é o resultado de um trabalho importante de controlo das diferentes oscilações posturais. O corpo humano, em posição vertical, oscila continuamente e de forma involuntária em diferentes ritmos e direcções. No sentido de compensar estas oscilações contínuas cada indivíduo desenvolve uma sucessão de movimentos coordenados para manter o balanço postural, Gagey, Pierre Marie Y Weber, Bernard, 2001 [9].

O sistema postural necessita de uma informação contínua que, lhe é fornecida por receptores envolvendo o sistema nervoso e pelos músculos. Para além, desta informação mobiliza também, a informação proveniente dos órgãos dos sentidos representados pelos olhos e ouvidos, pés (representando a parte final da cadeia cinética fechada responsável pelo equilíbrio no caminhar, na corrida entre outros) e a mandíbula, Gagey, Pierre Marie Y Weber, Bernard, 2001 [9].

60% Ciclo do

Caminhar Fase de Apoio

Zonas de Pressão Postura

Suportes Plantares

Mask (divisão anatómica) Pico de Pressão

Pressão Média

Distribuição do peso do corpo Desvio Latero-lateral

Antero-posterior

Fase de contacto inicial Fase de resposta à carga Fase de apoio médio Fase de apoio final Fase de pré-oscilação

Estática

(4)

A obtenção da informação sobre o sistema postural tem-se afigurado útil para complementar o diagnóstico e orientar sobre a decisão tratamento, em situações de compromisso neurológico, oftálmico, ortopédico, entre outros. Do mesmo modo, ela serve também para apreciar os efeitos do tratamento proposto ao nível do comportamento postural dos sujeitos, Gagey, Pierre Marie Y Weber, Bernard, 2001 [9].

A consequências das disfunções no sistema postural são várias e com repercussões nos diferentes aparelhos e sistemas. No que se refere aos membros inferiores, salientam-se sobretudo as dores do pé e pernas, rigidez articular e estagnação venosa, Gagey, Pierre Marie Y Weber, Bernard, 2001 [9].

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo é de natureza quantitativa e de tipo descritivo. Integram-no os Pacientes que recorrem à consulta de Podologia durante os meses de Dezembro de 2004 a Abril de 2005 e que aceitaram participar no estudo, tal como lhes foi solicitado.

A amostra constituída é de tipo não probabilístico, intencional e de conveniência, definindo-se como critérios de exclusão: indivíduos com idades inferiores ou iguais a 18 anos e superiores ou igual a 65 anos; indivíduos que utilizem próteses de auxílio para caminhar; presença de qualquer amputação ou história de fractura, cirurgia, ou prótese no membro inferior.

No sentido de uma melhor operacionalização do problema, proposto para estudo, elaboraram-se as elaboraram-seguintes questões orientadoras:

1 Que características estruturais e biomecânicas apresentam, em estática, os pés dos indivíduos que participam no estudo?

2 Como se distribuem as pressões plantares, nas fases de contacto inicial, fase de resposta à carga, fase de apoio médio, fase de apoio final, fase de pré-oscilação?

3 Qual a influência das zonas de pressão no movimento do pé durante a fase de apoio; 4 Que alterações se verificam na distribuição das pressões plantares e na Posturologia após

a colocação de Suportes Plantares?

5 Qual a estabilidade destas medidas três meses após a colocação dos Suportes Plantares? 6 Que informação parece ser mais relevante na confecção de suportes plantares no sentido

de promover a distribuição eficaz das pressões e a manutenção do equilíbrio?

O desenho de estudo definido integra duas etapas, a 1º, antes da aplicação dos suportes plantares e visa a caracterização pessoal do sujeito e de outras variáveis com interesse para o estudo (e.g. peso, altura, profissão, tipo de actividade e calçado), descrição biomecânica do pé em estática, identificação e caracterização das zonas de pressão plantar (em estática e dinâmica) e enumeração das características posturais dos indivíduos com base nos estabilogramas (registos Antero-posteriores e latero-laterais).

A 2ª etapa da recolha da informação tem dois momentos. Um, no dia da colocação dos suportes plantares; nesta altura, repetir-se-ão os procedimentos destinados à caracterização das zonas de pressão plantar (em estática e dinâmica) e à recolha das variáveis previamente seleccionadas para que caracterizar a postura.

Um 2º momento, 3 meses após, a colocação do suporte plantar onde para além, de se avaliarem os parâmetros anteriormente descritos, se repetirá o estudo da pegada plantar, repetindo o procedimento efectuado na 1º etapa da avaliação.

O quadro 1, apresenta, em esquema, os itens que integram o instrumento de colheita de dados (inquérito construído especificamente para a realização do estudo) bem como as variáveis a mobilizar no estudo, nos diferentes momentos e o tipo de informação obtida em cada uma delas.

A recolha dos dados relativos às zonas de pressão plantar e efeitos posturais serão obtidos através do informaticamente, através do Sistema Computorizado Podobarométrico,

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Eclipse 3000.Trata-se de um sistema electrónico, que permite aceder ao estudo dos dados relativos à morfologia dos pés, em carga, resultantes da postura adoptada pelo sujeito e analisar a distribuição das pressões plantares com e sem sapatos e com e sem correcção. Em dinâmica, possibilita a determinação da evolução da pegada plantar, do pé em movimento, registando, as forças verticais do contacto. Permite ainda, a realização de estabilogramas com registo dos desvios antero-anteriores e latero-laterais.

Quadro 1 – Lista de formatos usados no modelo.

Momentos de Avaliação Caracterização Aval iação Estática Ped igr afi as E s tu do D ina m o m é tr ic o d as Pressõe s Pl antar es. E s tu d o Po st ur ol ó g ic o . Achados 1ª Avaliação Peso; Altura; Profissão /actividade; Estudo do desgaste do calçado. X X X

Caracterização das zonas de pressão plantar e postura, identificando as variáveis a identificar na confecção dos

S.P. para correcção das mesmas.

2ª Avaliação (colocação

dos S.P.)

- - - X

Colocação de S.P. e caracterização. Registo dos valores das variáveis: a) Pressão plantar (localizar o pico de pressão em estática e dinâmica); b) instabilidade postural (desvios

latero-lateral e antero-posterior). 3ª Avaliação (3 meses após a colocação dos S.P.) Estudo do desgaste do calçado x - x

Registo dos valores das variáveis: a) Pressão plantar (localizar o pico de pressão em estática e dinâmica); b) instabilidade postural (desvios

latero-lateral e antero-posterior). Caracterização das modificações ocorridas nos valores das variáveis

pressão plantar e postura. Determinação dos factores preditivos

dessas modificações

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Uma vez que a parte empírica deste estudo ainda se encontra numa fase muito inicial, não é possível apresentar dados relacionados com o desenho de estudo proposto.

No entanto, espera-se que os resultados apontem para uma modificação nas características das zonas de pressão plantar, evidenciadas pelas alterações dos valores das variáveis de caracterização das zonas de pressão plantar e documentem o padrão das modificações posturais no intervalo de tempo previsto para as avaliações. Prevê-se também, que os resultados permitam através de uma análise multivariada determinar as variáveis preditivas das alterações da postura e das zonas de pressão.

REFERÊNCIAS

[1] Lacuesta, J. 1999. Biomecanica de la Marcha Humana Normal e Patologica.Publicaciones IBV.

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[2] Wooden, M.J. 1996. Biomechanical evaluation for functional Orthotics. In: DONATELLI, R.A.(Org).The Biomechanics of the foot and ankle. 2º Edição. Philadelphia. Contemporary Perspectives in Rehabilitation .pp.168 a 183.

[3] Rodgers MM.1995.Dynamic foot biomechanics. J Orthop Sports Phys Ther. Jun;21(6):306-16.

[4] La Fuente, J.L.M.2003.Podologia General y Biomecanica. Masson.S.A

[5] Davis RB.1997. Reflections on clinical gait analysis. J Electromyogr Kinesiol. Dec;7(4):251-257

[6] Cavanagh PR, Morag E, Boulton AJ, Young MJ, Deffner KT, Pammer SE.(1997). The relationship of static foot structure to dynamic foot function. J Biomech. Mar;30(3):243-50. [7] Russek, Leslie N. (1996). Closed Kinetic Chain and Gait. In: DONATELLI, R.A.(Org).The

Biomechanics of the foot and ankle. 2º Edição. Philadelphia.Contemporary Perspectives in Rehabilitation .pp. 90 a 120.

[8] Kanatli U, Yetkin H, Simsek A, Besli K, Ozturk A.2001. The relationship of the heel pad compressibility and plantar pressure distribution. Foot Ankle Int. Aug;22(8):662-5.

[9] Gagey, Pierre Marie Y Weber, Bernard, 2001. Posturologia: Regulacion Y Alteraciones de Bipedestacion. Masson (Eds.).

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