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MANCHESTER POLICY BRIEFING

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Academic year: 2021

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Produzido como parte do projeto Counti ng Culture: What Do We Need to Know About How the Creati ve Industries Can Deliver Equitable, Just and Sustainable Development in Brazil and the UK?), no âmbito da bolsa Briti sh Academy Newton Advanced Fellowship outorgada ao Prof. Dr. Leandro Valiati , 2018-2020

POLICY BRIEFING

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Gerenciado e produzido por

Financiado por

Apoiado por

Equipe de pesquisa e editorial: Dr. Leandro Valiati , Dr. Meghan Peterson, Gustavo Möller, Joana Búrigo Vaccarezza, Bruno Palombini Gastal, Larissa Couto, Mariana Steff en, Bruna Cataldo, Luisa Lachan.

Editor geral: Gustavo Möller Ilustrações: Ellen Rose

Projeto de design: Gris Estúdio

Versão original em inglês de dezembro de 2020 Traduzido para o português em janeiro de 2021 Um projeto do People’s Palace Projects - Queen Mary University de Londres

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Policy Briefing

MANCHESTER

RESUMO

Apesar de Londres ainda receber mais investimento cultural do que qualquer outra cidade do Reino Unido, a Grande Manchester recebe um total de investimentos anuais em cultura, criatividade e patrimônio da ordem de £66.2 milhões, sem contar investimentos privados, corporativos e de cidadãos. As indústrias criativas da região representam um valor adicionado bruto de £4,4 bilhões, que sustentam 78,5 mil empregos. A estratégia cultural da cidade identificou três áreas prioritárias, com o objetivo geral de que “a oferta cultural reflita a diversidade de nosso povo, que se sente empoderado a compartilhar suas histórias com o mundo, melhorando seu bem-estar e aumentando a prosperidade de nossos negócios e a atratividade de nossos lugares” (Estratégia da Grande Manchester para Cultura e Criatividade, 2019).

Com uma população de 2,8 milhões de pessoas, Manchester é o maior conglomerado digital, criativo e tecnológico fora de Londres. Apesar disso, ainda há desafios para aqueles que trabalham nas indústrias criativas no sentido de que é difícil ser exitoso sem

BBC instalou uma sede importante em Manchester, levando milhares de empregos à região. No entanto, alguns argumentam que os que mais se beneficiaram disso não foram residentes de Manchester, já que muitos vieram de fora para ocupar esses postos de trabalho. Existem também desafios com o envolvimento, particularmente de pessoas de pior condição socioeconômica ou de minorias étnicas, tendo em vista as barreiras físicas e psicológicas presentes na cidade.

Através dessa estratégia cultural, a cidade busca ser mais representativa de sua cultura e patrimônio diversos. Ela identificou seis áreas temáticas prioritárias nas quais focar até 2024: diversidade, resiliência, sustentabilidade, digital, internacionalização e acessibilidade. As três áreas prioritárias são “criar condições para que a criatividade floresça”; “enriquecer as vidas de toda população através do envolvimento com cultura e patrimônio na Grande Manchester”; e “celebrar, proteger e desenvolver a cultura, o patrimônio, as forças, os ativos e o ecossistema únicos da Grande Manchester” (Estratégia da Grande Manchester para Cultura e Criatividade, 2019).

Counting Culture é um projeto liderado por Leandro Valiati e Paul Heritage como parte da bolsa

British Academy Newton Advanced Fellowship. Ao longo da última década, o modelo britânico de indústrias criativas influenciou fortemente as políticas realizadas no Brasil. Elaborou-se esta pesquisa para levantar questões sobre quão exitoso foi esse modelo comum em relação à mitigação de desigualdades em termos de distribuição de renda, gênero e etnia nos setores econômicos da indústria criativa desses países. O foco do processo de pesquisa foi tentar caracterizar como o modelo em evolução da política das indústrias criativas é visto no Reino Unido, bem como identificar os impactos de sua influência no Brasil.

Como parte do projeto, oficinas foram realizadas em Glasgow, Cardiff, Londres e Manchester de modo a explorar as percepções a respeito da política britânica para as indústrias criativas e sua relevância para as atividades artísticas e culturais, em contextos variados pelo Reino Unido. Em cada oficina participaram acadêmicos locais, elaboradores de políticas públicas e profissionais da cultura, assim como jovens.

Este relatório é baseado numa conferência que se deu no dia 25 de setembro de 2019 como parte do evento Política para as indústrias criativas: desafios para o século XXI, organizado pelo Prof. Bruce Tether na Escola de Negócios Aliança Manchester, da Universidade de Manchester. Contribuíram elaboradores de políticas, profissionais e acadêmicos da universidade.

O resumo, as afirmações e as recomendações a seguir foram baseados em notas feitas por relatores escolhidos pela universidade organizadora, exceto quando citadas outras fontes.

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Resumo de dados sobre as indústrias criati vas e sobre inclusão social no mercado laboral

Taxa de crescimento do VAB (Indústrias criati vas (IC) vs. economia) (%)

Mercado laboral – inclusão social (2018) (%)

Nota: Dados com esti mati vas econômicas do Departamento de Digital, Cultura, Mídia e Esporte (DCMS, 2019), ajustado pelo índice de preços ao consumidor (CPI) do Reino Unido (World Bank, 2019).

Nota: Dados para esti mati vas econômicas do DCMS (2018), ajustadas pelo CPI (World Bank).

Notas: Dados para gênero, etnia e informações socioeconômicas do Departamento Britânico de Estatí sti cas Nacionais (ONS, 2019); e para pessoas com defi ciência de Full Fact (2018).

47.30 12.29 32.17 12.85 37.16 14.14 7.50 11.32 16.00 14.00 12.00 10.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 8.00 6.00 4.00 2.00 0.00 Gender

(Female) Ethnicity(BAME)

England Total Economy UK Total Economy

2011 2011 1.27 1.36 4.87 4.46 4.20 4.14 5.94 5.49 4.40 3.33 3.91 3.12 3.10 3.19 5.63 4.34 5.47 4.49 8.10 6.53 8.13 7.72 7.75 6.57 6.16 6.27 5.46 5.39 2014 2014 2012 2013 2015 2016 2017 2012 2013 2015 2016 2017 England CI UK CI Socio-economic Status (Less Advantage) Disability (Disable) 50.00 45.00 40.00 30.00 25.00 20.00 15.00 10.00 0.00 In UK’s jobs In UK’s CI

Taxa de crescimento do Valor Adicionado Bruto (VAB) (%)

England UK 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 93.69 93.59 93.55 93.58 93.60 93.73 93.87

IC Total país IC Total país IC Total país IC Total país

1.44 1.44 1.29 1.29 1.19 1.13 1.10 3.67 3.69 3.95 4.02 4.10 4.08 3.95 1.20 1.27 1.21 1.11 1.10 1.06 1.07 84.64 84.97 85.02 85.38 85.78 85.95 85.87 3.48 3.49 3.48 3.41 3.42 3.43 3.42 7.74 7.75 7.82 7.84 7.68 7.63 7.60 2.18 2.20 2.17 2.14 2.14 2.18 2.18

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PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS

Cultura e regeneração

Investimentos significativos nas indústrias criativas de Manchester levaram ao desenvolvimento de hubs criativos, incluindo a chegada da BBC à cidade, criando milhares de empregos. Houve alguns aspectos questionáveis a respeito do quanto isso realmente beneficiou os moradores de Manchester, com algumas pesquisas sugerindo que o impacto sobre emprego foi irrisório, ainda que outros estudos questionem essa afirmação. A economia da vida noturna em Manchester é particularmente importante, apesar de ainda existir uma clara divisão entre as partes mais ricas e as outras que estão desconectadas da cidade e não recebem o mesmo nível de investimento. A criatividade é celebrada nas indústrias criativas da cidade de maneira geral, ainda que exista a percepção de que isso não é um sinônimo para um setor artístico pujante, e muitos artistas têm de ir regularmente a Londres para buscar trabalho e oportunidades.

Potencial para educação, treinamento e empregabilidade

Tendo em vista que muitas oportunidades de trabalho nas indústrias criativas ainda estão muito conectadas a Londres, Manchester tem problemas em gerar empregos que retenham graduados da cidade. Isso faz com que seja difícil ficar em Manchester na transição entre universidade e o mercado de trabalho. Ainda há a questão de como os universitários estão sendo treinados e se seus cursos estão ou não realmente os preparando para o mercado de trabalho criativo. Alguns programas da Universidade de Manchester estão lidando com essas lacunas culturais no currículo, mas, geralmente, instituições de ensino superior não entregam o que o setor necessita, dificultando o acesso dos graduados a trabalho. Ainda, alguns empregos requerem indicações e redes que muitos recém-graduados não têm.

Inovação e colaboração

A natureza do setor cultural faz com que seja

que dá dinheiro, ao invés de poder experimentar e inovar. Economistas trabalhando pelos benefícios da cultura defendem que se trabalhe com formuladores de políticas públicas para assegurar que as indústrias sejam mais pragmáticas e prontas para colaborar mais facilmente umas com as outras, de maneira a inovar. O processo criativo deve ser celebrado por incentivar a inovação e ter um apelo mais amplo. Há um precedente histórico no uso de recursos públicos para criar circunstâncias para a realização das indústrias criativas, financiando jovens para que sobrevivam enquanto inovam.

Políticas culturais

Levando em conta que as políticas culturais abrangem muitas indústrias diversas, há práticas e partes das indústrias criativas que podem não estar recebendo o suporte necessário. Por exemplo, o setor de artesanato é quase invisível, sendo difícil encontrar evidências do seu valor. Em Manchester, o conselho da cidade não está tão conectado às indústrias criativas como poderia estar, e há uma lacuna entre as políticas públicas e o que está ocorrendo de fato, de maneira similar ao que ocorre em outras partes do Reino Unido.

Desigualdade social e acessibilidade

Ainda existe uma divisão profunda entre os que acessam a cultura em termos de participação, oportunidades e experiências. Claramente, falta acordo sobre o quê define um profissional da cultura, particularmente entre aqueles com trajetórias e culturas diferentes, tais como afro-caribenhos ou asiáticos, cujas formas de arte não são incluídas nas definições. Como as indústrias criativas são caracterizadas em termos demográficos, de diversidade, e de cor de seus participantes, isso demonstra que há um problema com a falta de reconhecimento/ inclusão. A participação na cultura não é sempre conseguir empregos criativos para as pessoas, mas também possibilitar que elas se enriqueçam culturalmente e aumentam sua confiança. Todos os tipos de envolvimento cultural importam, e estratégias devem ser acessíveis e refletir a população.

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Financiamento

Nesse contexto de fi nanciamento, a cultura é vista como um fi m mais que como um meio, muitas vezes desconsiderando o processo de parti cipação em ati vidades culturais. Tanto os meios como os fi ns criam o círculo de cultura que ajuda a ati ngir benefí cios econômicos, ainda que o sistema de fi nanciamento esteja atualmente cortando esse círculo. A cultura é vista como o veículo para fi nanciadores ati ngirem alguma outra coisa, como, por exemplo, benefí cios sociais, o que é inerente a como pensamos o impacto cultural: nós vemos a cultura dessa maneira para fazer com que políti cos e organizações a fi nanciem. Muitos nas indústrias criati vas desenvolveram um discurso específi co para agradar fi nanciadores, ao invés do fi nanciamento ser fl exível às próprias formas de arte.

Impactos da cultura

Há uma difi culdade inerente em comunicar o impacto da cultura. Portanto, precisamos redefi nir medidas de valor cultural. A cultura é agora um agente para habitação, educação e saúde, mas não há dados adequados para evidenciá-la. Muitos ainda falam sobre impacto em termos de narrati vas e estudos de caso, mas deve haver uma maneira de contar histórias através de dados e pesquisa, mais do que somente com estudos de caso.

PRINCIPAIS RECOMENDAÇÕES

Cultura e regeneração

Deve haver mais investi mento na infraestrutura cultural de outras partes da cidade além do centro, e oportunidades devem benefi ciar os locais, não somente quem se benefi cia das artes.

Potencial para educação, treinamento e empregabilidade

Universidades devem trabalhar de maneira mais próxima ao setor para melhor entender as suas necessidades e como pode melhor treinar seus estudantes. Equalizar oportunidades também depende da maior abertura de redes e de trabalhar através dos setores de maneira a aprimorar o acesso às indústrias criati vas.

Políti cas culturais

Ao invés de somente olhar para as indústrias como um todo, políti cas públicas diferentes devem ser aplicadas a cada indústria de modo a que cada uma delas possa prosperar.

Desigualdade social e acessibilidade

As indústrias criati vas devem ser mais inclusivas no seu entendimento da economia criati va: muitas pessoas com intenções criati vas são ignoradas pela economia criati va. A história das indústrias deve ser comunicada aos parti cipantes e atores relevantes de uma maneira acessível, de modo a sobreviver e fl orescer.

Financiamento

O valor do processo criati vo deve ser levado em conta em decisões de fi nanciamento, ao invés de focar tanto em resultados.

Impactos da cultura

O impacto é muitas vezes pensado em termos de como a cultura pode gerar benefí cios socioeconômicos, mas, e se invertermos a questão e pensarmos como objeti vos socioeconômicos infl uenciam como pensamos as indústrias criati vas? Formuladores de políti cas públicas querem saber o valor do impacto, de modo que é importante pegar histórias e transformá-las em dados. Isso ajudará a mudar a maneira com que as indústrias criati vas podem falar de seu valor fora do setor, como, por exemplo, para profi ssionais de saúde e políti cos.

Referências

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