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A Ecologia Humana na Amazônia Globalizada: Sustentabilidade, Organização Social e Biodiversidade

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A Ecologia Humana na Amazônia Globalizada:

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Sustentabilidade, Organização Social e

Biodiversidade

Ariana Kelly Leandra Silva da Silva

UEPA

Ligia Amaral Filgueiras

UEPA

Roseane Bittencourt Tavares Oliveira

UFPA

Ana Flávia Santos de Brito

INFOR

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Gestão Ambiental nos Trópicos Úmidos: impactos das ações humanas nos recursos naturais das fronteiras amazônicas

Palavras-chave: Ecologia Humana, Amazônia Internacional, Organização Social,

Sustentabilidade e Biodiversidade.

RESUMO

A Amazônia é uma floresta complexa por sua própria natureza física e heterogeneida-de heterogeneida-de espécies vegetais e animais, todavia, a sua maior complexidaheterogeneida-de resiheterogeneida-de em sua natureza humana, através da organização social das populações indígenas, negras, ribeirinhas, caboclas e de trabalhadores das mais diversas magnitudes que habitam a região. A ecologia humana da Amazônia está internacionalizada pelas Organizações Não Governamentais (ONG’s), pelos protocolos estrangeiros e por políticas protecionistas que, de fato, privilegiam uma minoria, deteriorando o meio ambiente e a biodiversidade da floresta. Porém, apontamos algumas considerações ao longo do texto para a possibili-dade uma sustentabilipossibili-dade de fato e de direito que, se não servirem de alerta, ao menos servirão para repensarmos as nossas prioridades enquanto seres humanos.

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INTRODUÇÃO

Quando iniciamos a observação e as indagações sobre os processos de adaptabilidade humana das populações que habitam a Região Amazônica, notamos que a complexidade da maior floresta tropical do mundo é caracterizada por um sem número de peculiaridades que continuam a impressionar a todos que, de certa maneira, entram em contato com a heterogeneidade amazônica, que seguem: a cultura diversificada dos povos indígenas, das populações ribeirinhas, dos caboclos e de outros atores que compõem o cenário social da região, além da biodiversidade característica do nosso clima quente e úmido, com centenas de milhares de espécies animais e vegetais que fazem parte da fauna e da flora mais cobi-çada da atualidade pelas grandes indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de especulação madeireira, somente citando os mais evidentes.

As relações sistêmicas da Amazônia podem ser explicadas através das potencialidades culturais de adaptação dos povos indígenas que habitam a floresta há séculos, que obtêm o conhecimento ecológico mais completo do que qualquer outro etnólogo, antropólogo ou naturalista que se conheça nos dias de hoje, não por desmerecer a carga intelectual da academia, porém, é factual que os indígenas de diversas regiões amazônicas, por sua subsistência e formas de organização social, possuem saberes que fazem parte de seus rituais, como as plantas anti-fantasma dos Guajá da Amazônia (CORMIER, 2005), de sua adaptabilidade (NEVES, 1992), de seus conhecimentos tradicionais (POSEY, 1983), de sua ecologia humana (MORÁN, 1990) e da sociodiversidade e diversidade biológica em que estão inseridos (NEVES, 1992).

Ao longo do processo de evolução humana (KORMONDY e BROWN, 2002), o homem amazônico também passou por períodos de adaptação que o Homo sapiens sapiens neces-sitou adquirir durante as fases que compuseram as principais teorias evolutivas da humani-dade, sendo que a mais conhecida delas está no livro A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural (1859) de Charles Darwin, que é caracterizada pelo processo de mudança adaptativa humana ao longo dos séculos (ou milhões de anos), teoria interpretada atualmente pelos neo-darwinistas à luz das variações genéticas herdáveis e estudos de DNA humano.

A Ecologia Humana na Amazônia

O homem e o meio ambiente possuem uma relação complexa (MORÁN, 1990), sendo que a Amazônia não é apenas um ambiente físico por sua própria natureza, mas, sobretudo, um ambiente humano e que possui caráter político, histórico e social intimamente relacionado com seu caráter ecológico.

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Ecologia é uma palavra de derivação grega: oikos (morada) + logos (conhecimento), é o “estudo das habitações”, criada pelo biólogo Haeckel (1870), que definiu: “É o estudo [...] das relações dos animais com o ambiente orgânico e inorgânico, especialmente todas as relações benéficas e inimigas que Darwin mencionava como representando as condições de luta pela sobrevivência” (VIERTLER, 1988: 05).

A ecologia humana das populações amazônicas é muito heterogênea e, desde o período da colonização portuguesa, vem sofrendo inúmeros processos de resistência cultural e adap-tativa no que diz respeito à exploração da natureza física e cultural a que foram submetidos:

Nos séculos XVI e XVII, os principais impactos foram com os missionários, com as epidemias e com as guerras de conquista ao longo dos principais rios [...] A época pombalina do século XVIII secularizou um processo até então dominado pela igreja [...] Quando chegou a época da borracha, no século XIX, populações indígenas já eram minoria na Amazônia (Morán, 1990: 307).

O ecossistema se define como as espécies que vivem num ambiente físico abiótico e as relações funcionais e estruturais que existem entre elas, ou é o contexto geral onde ocorre a adaptação humana (MORÁN, 1990; BEGOSSI et al., 2004).

A ecologia amazônica é entendida pelo comportamento humano em toda a sua variabi-lidade e desde as teorias greco-romanas, a humanidade vem sofrendo com a difusão cultural e social, sendo que na Amazônia, não foi diferente. O que diferencia a região amazônica nos dias de hoje das outras regiões do planeta é o seu potencial energético (combustíveis fósseis), a sua biodiversidade (espécies heterogêneas de amplo interesse comercial), os saberes etnobotânicos dos povos da floresta (capazes de identificar o material genético de milhares de plantas, utilizados como produtos naturais pelo consumismo verde que ideolo-gicamente nos impõem uma democracia de consumo) (POSEY, 1994), a organização social de suas populações, a sua ecologia composta por uma infinidade de fatores geológicos, biológicos, socioculturais e genéticos e a adaptabilidade propriamente dita de seus atores sociais (MORÁN, 1994).

A importância do conhecimento indígena em nossa contemporaneidade é indiscutível, sendo que os processos de sociodiversidade encontrados na organização social dos povos da floresta são formas de adaptabilidade que se mostram sine qua non para a compreensão de sua riqueza cultural e podem ser as chaves para a interpretação de uma sustentabilidade planetária harmônica aos moldes da teoria holísta de que o todo é mais do que a soma das partes (MORIN, 1999), mas que esse todo (conjunto) forma sistemas complexos de inte-ração social que podem indicar caminhos a atividades de manejo florestal, apropriação da fauna e da flora amazônicos em nome de sua proteção, da criação de patentes aos saberes

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indígenas e de conservação ambiental sem, necessariamente, representar a exaustão e a depredação ecológica da Floresta Amazônica.

Organização Social Indígena

A organização social das populações da Amazônia é encontrada em discussões que dizem respeito ao poder de proteção, modificação, estruturação e catalogação ecológica, não apenas das espécies que rodeiam a biodiversidade amazônica, como também na maneira com que os indígenas como os Tukano e os Maku, que habitam as porções de águas pretas do noroeste da Amazônia (os rios da fome) conseguem conviver com a natureza inóspita da região (na visão da sociedade ocidental moderna) e ainda assim obter a mesma carga nutricional de outros povos indígenas que habitam regiões diferentes com acesso a uma biomassa mais diversificada (NEVES, 1992).

O complexo sistema de trocas sociais entre as populações indígenas amazônicas, através de suas relações de parentesco (casamentos exogâmicos), a plasticidade social adaptativa, a distribuição de peixes e frutas intertribais (po’oa), a hierarquização de sibs (lo-cais de alta e baixa produtividade), as incursões de longas distâncias de caça e coleta dos grupos Gê das savanas amazônicas (trekking), as corridas de tora entre os Krahó (família Gê) que tem importância como treinamento físico num grupo que precisa de deslocamen-tos contínuos para sua subsistência, entre outras formas de trocas, são apenas alguns dos sistemas adaptativos que podemos encontrar na Amazônia, demarcando a absoluta com-plexidade etnográfica e etnohistórica dessas populações amazônicas, que fazem parte de uma sociodiversidade que indica a possibilidade de sustentabilidade de fato. Outros estudos nos informam que “a etnoecologia das populações caboclas é a única chance de resga-tarmos o manejo tradicional indígena dos ambientes de várzea [...], já que as populações indígenas foram em sua maioria dizimadas nas primeiras décadas da ocupação europeia” (NEVES, 1992: 296).

O fato é que a ecologia humana não pode ser dissociada do manejo ambiental, pois a ideologia colonizadora de que a floresta nunca acabará é algo que atualmente não pode-mos – e não devepode-mos – conceber, porque o impacto da sociedade nacional industrializada tem acelerado abruptamente a ecologia das populações amazônicas em todos os sentidos.

A dizimação de povos indígenas é algo tão monstruoso quanto o temor que os

indíge-nas Guajá da Amazônia têm ao lembrar dos fantasmas dos mortos que podem canibalizar

a alma das pessoas: recordar os mortos traz simbolicamente à tona o mau cheiro que su-cumbe a alma, tendo como medidas de proteção as aiyã (plantas repelentes de fantasmas) que são compostas por uma imersão em água de plantas medicinais borrifadas no corpo

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dos que sentem o odor fétido dos mortos e que curam as febres trazidas pelas lembranças do passado (CORMIER, 2005).

Além das várias formas de organização social dessas populações, o uso de rituais, plantas medicinais, comportamentos em relação à natureza (como a importância das chuvas, dos ventos, dos odores, das mudanças climáticas etc.), os ritos de passagem, o curandei-rismo, as lendas e os aspectos culturais que definem o comportamento social dos povos indígenas – e de caboclos, de ribeirinhos etc. – possuem uma dimensão simbólica que delimita a paisagem ecológica, mística e etnobotânica desses povos, rearranjos com signi-ficados simbólicos que podem facilitar o entendimento do homem amazônico em toda a sua complexidade produtiva, cultural e social.

A Biodiversidade da Floresta: Conflitos x Desenvolvimento

Entendemos por biodiversidade a diversidade biótica (número de indivíduos em uma determinada área (densidade) e abiótica (temperatura, umidade, nutrientes etc.) dos ecos-sistemas onde estão assentadas as mais diferentes espécies do planeta, especialmente na Amazônia, além de sua capacidade produtiva de fontes energéticas (combustíveis fósseis), de biomassa (espécies de vegetais e ciclos reguladores do ambiente), fertilidade dos solos – ou pouca fertilidade, heterogeneidade florestal, componentes genéticos das estruturas da fauna e da flora, clima, aspectos ecológicos e culturais que compõem um determinado ambiente (NEVES, 1992).

Para que possamos mensurar os impactos no meio ambiente causados pelas Sociedades-Estado na biodiversidade e, consequentemente, na ecologia amazônica, de-vemos recordar as transformações políticas e econômicas que o Brasil – e o mundo – tem passado nas últimas décadas em seu caráter geopolítico e ambiental (SILVA et al., 2019).

Os desmatamentos na Amazônia e as medidas políticas de desenvolvimento em nome do progresso, que foram acelerados a partir da década de 70 no Brasil no tocante à mo-dernização do país, modificaram profundamente – e quem sabe para sempre! – a natureza simbólica e cultural das populações amazônicas, período em que a região foi internacio-nalizada pelas ONGs, pelos países membros que compunham o Protocolo de Kioto, pelos movimentos ambientalistas, pelo G-7 (grupo composto pelos 7 países mais ricos do mundo, que são: EUA, Japão, França, Inglaterra, Canadá, Alemanha e Itália, atualmente G-8, com a entrada da ex–União Soviética), pelo Banco Mundial e o FMI, entre outros participantes do debate ambiental em voga, que deflagraram entre 1989 e 2002 uma intervenção maciça do ambientalismo internacional na Amazônia, sendo que, de um lado, os naturalistas e as ONGs discursavam em prol de salvar a floresta, em contrapartida, os países industrializados, “obstinados perseguidores da industrialização, não permitiram que a discussão acontecesse.

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Eles argumentaram que a pobreza e os problemas ambientais de seus países não resultaram da industrialização, mas da falta desta” (BENTES, 2005: 227).

Abastecimento de seus mercados com os produtos naturais de nossas reservas am-bientais de fato estavam protegendo os interesses econômicos e políticos de abastecimento de seus mercados com os “produtos naturais” de nossas “reservas ambientais” (reservas para usufruto do capital especulativo), que “desde a Conferência da ONU de 1992, o Banco Mundial gastou 25 vezes mais dinheiro em projetos na área de combustíveis fósseis (pe-tróleo, gás natural e carvão) em países da Índia, China, no Marrocos, no Chad, na Bolívia e na Tailândia do que em projetos de energia renovável” (BENTES, 2005: 227; CABRAL e CHAVES, 2017).

Amazônia internacionalizada pode ser observada através, por exemplo, da luta dos seringueiros da floresta amazônica pelo uso sustentado e coletivo dos seringais, que teve como ícone de resistência política o sindicalista-seringueiro Chico Mendes (ALMEIDA, 2004), onde os seringais amazônicos passaram da invisibilidade à paradigma de desenvolvimento sustentável num piscar de olhos (NEGRET, 2010).

Vários foram os atores sociais (Chico Ginu, Mendes, Antonio Macedo etc.) que faziam parte do cenário amazônico no período em que a região (especialmente no Alto Juruá, co-nhecida como Região do Rio Tejo, Acre) conseguiu uma produção de borracha (Hevea bra-siliensis) de 42 mil toneladas de látex ao ano (1912), mesmo período em que as plantações asiáticas (biopirateadas por ingleses que clonaram o germoplasma retirado de centenas de milhares de sementes que seguiram de Belém para o Kew Gardens, os Jardins Botânicos Imperiais da Inglaterra), chegaram a produzir 400 mil toneladas de borracha de melhor qua-lidade que borracha silvestre brasileira.

A falência dos arrendatários dos seringais da floresta amazônica no Acre foi uma con-sequência natural e após diversas negociações nacionais e internacionais, com conflitos violentos que até hoje moldam o clima da região, a Reserva Extrativista Chico Mendes foi criada (1990). O movimento ficou conhecido pela sua visão ecológica, ontológica e ambien-talista, assim como, política, mas que, no entanto, ainda hoje possui uma natureza complexa. Muitos problemas ambientais fazem parte do pano de fundo da Região Amazônica, como: a descaracterização das culturas indígenas, a luta dos trabalhadores rurais sem terra (MST) – que perambulam ao longo das estradas de Norte a Sul com poucos assentamentos demarcados e realmente eficazes do ponto de vista econômico, o desmatamento da floresta pelas indústrias madeireiras – que exportam madeira nobre como o mogno, de alto valor comercial aos mercados europeus, japoneses, norte-americanos e asiáticos¬, causando redução da biomassa natural e deformando a biodiversidade amazônica; a presença da “biopirataria” que além de tomar posse do conhecimento indígena ainda deixa relegado a

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segundo plano a “patente intelectual” dos indígenas. Inúmeros são os fatores que afetam a biota e as populações amazônicas e que caracterizam conflitos armados e aumentam a exclusão social dos povos da mata, porém, o mais cruel problema sócio-ambiental é o des-caso do governo em relação às políticas públicas que deveriam de fato proteger a floresta (VIEIRA e GARDNER, 2012).

O Governo Federal (Estadual e Municipal) criou Leis de Proteção Ambiental das Florestas, da Fauna e da Flora nacionais (como: Constituição Federal, Leis Ambientais, Decretos etc.), criou Institutos de Proteção Indígena (FUNAI), de Proteção Jurídica (IBAMA), de Proteção Tecnológica (SEDECT, ex – SECTAM (Pa)), entretanto, o que percebemos é uma total inércia por parte da política nacional em fazer valer as leis que, ao invés de proteger a biodiversidade, finalizam protegendo os grandes empresários madeireiros pela negligência e corrupção política que é uma constante nos crimes que são cometidos con-tra a natureza: a lei é burguesa (no sentido Marxista do termo), pois funciona apenas para os menos privilegiados, que não podem negociar proteção jurídica do Estado (NEGRET, 2010). Os presos pela punição coercitiva da Justiça são os trabalhadores que lutam para sobreviver e que são flagrados com tratores que contribuem para a devastação da floresta, no entanto, os donos das empresas terceirizadas que têm autorização do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente) para exploração madeireira, continuam a devastar a floresta de forma indiscriminada e irracional, senão desumana. E livres Vale ressaltar que o governo do atual presidente brasileiro vem aplicando muitas medidas antiecológicas que descaracteriza-ram vários órgãos fundamentais de defesa da floresta e de suas respectivas coletividades, como a FUNAI, o ICMBIO, o IBAMA e outras instituições públicas basilares para a proteção e preservação do meio ambiente, com uma gestão governamental desarticulada das popu-lações tradicionais da Amazônia e demais biomas do país, que revelam o descaso não só em relação a sua política ambiental, mas também à diversidade de povos brasileiros, como: quilombolas, ribeirinhos, indígenas, agricultores, extrativistas, etc.

É uma luta entre Davi e Golias – para lembrar a passagem Bíblica, que está em voga na atual política do Governo Federal –, ou seja, de um lado, indígenas (sem suas ter-ras demarcadas), trabalhadores famintos e sem terter-ras, seringueiros, caboclos, ribeirinhos, quilombolas, caiçaras, expropriados e refugiados de hidrelétricas, meeiros, arrendatários, ONGs, pessoas pobres, trabalhadores assalariados da floresta, escravos (ou trabalhadores em condições análogas à escravidão), garimpeiros etc., de outro lado, o capital especulativo internacional, a inutilidade de leis da política nacional que privilegia o empresário capitalis-ta, a biopirataria, a apropriação dos saberes das populações indígenas, a globalização da economia, o desenvolvimento sustentável, as pesquisas internacionais em solo nacional

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autorizadas pelo governo e as pressões mundiais pelo usufruto dos produtos naturais da Floresta Amazônica (SILVA et al, 2019).

A realidade das populações que habitam o seio da quase ex-mata virgem, do quase ex-vazio demográfico, do quase ex-indígena, do quase ex- sem-terra, da quase ex-Ama-zônia é um fato social que deve ser analisado através de um retorno aos conhecimentos tradicionais dos povos da floresta.

E por que chamamos de “povos tradicionais”? (LITTLE, 2002). Por que não utilizamos o termo “amazônidas” ou simplesmente “indígenas”, caboclos, sem terra, escravos modernos, população da floresta ou qualquer outra denominação mais simplificada dessas populações, digamos dessa forma? Porque a natureza amazônica é bastante complexa, diversificada, heterogênea, com uma representação simbólica sem igual e que merece nosso respeito e nossa preocupação latente.

Longe de querer cair no discurso vazio de alguns partidos políticos oportunistas e de ONGs que são verdadeiras raposas vestidas com pele de cordeiro, é necessário alertar para os fatos e problemas antropológicos que surgem a cada dia na Amazônia.

Não devemos exercitar uma preocupação individualista pelo medo de que nossos recursos naturais se esgotem e que possamos passar privações de ausência de água – a exemplo das secas na Amazônia amplamente noticiadas pelo Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão) ou por altruísmo ideológico de que é necessário salvar a floresta, o peixe-boi (no dia 23-02-2008 um “peixe-mulher” de 55 anos de idade foi à óbito no Museu Paraense Emílio Goeldi, comovendo a Cidade de Belém pela simbologia que representava não só ao Goeldi, mas por todas as pesquisas realizadas na luta de proteção da Amazônia por nossos pesquisadores), o mico-leão dourado, as tartarugas, o boto cor-de-rosa, a onça-pintada, o pirarucu, a capivara e vários animais que se encontram em risco eminente de extinção, mas, principalmente, além de nossa biodiversidade é preciso alertar para a necessidade constante da manutenção da sustentabilidade e da cultura amazônica, florestal, ecológica, política e social que tem sido esquecida diante da possibilidade de exploração dos produtos da Amazônia(CABRAL e CHAVES, 2017).

É importante notar como que a Amazônia se transformou em um símbolo capitalista muito lucrativo, já que todo e qualquer produto que tenha a etiqueta da Amazônia tem uma conotação ufanista de preservação, de consumo consciente, de alimento orgânico, da coisa saudável, do que é politicamente correto, de preocupação ambiental, de conservação, de manejo sustentado e de qualquer categoria que lembre algo que realmente seria bom caso o sistema capitalista não tivesse se apropriado da natureza para revelar a sua mais nova face especulativa: a de exploração da ideia de preservação da Amazônia, que é defendida

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pelas mais variadas instituições, porém, o que ocorre de fato, é uma expropriação brutal e absorção do discurso naturalista em favor do capital verde (NEGRET, 2010).

Amazônia Global: Territorialidade, Mercado e Biopirataria

A Amazônia globalizada é um cenário paradoxal de dor e prazer, de desenvolvimento e exclusão social, de riqueza e de pobreza, de conquista e retrocesso históricos e de ameaça e de salvaguarda para a população mundial que volta os seus olhos e as suas inspirações poéticas e ideológicas em torno da floresta.

A territorialidade amazônica nunca foi tão debatida. No que concerne à territorialidade Little (2002) define como “o esforço coletivo de um grupo social para ocupar, usar, controlar e se identificar com uma parcela específica de seu ambiente biofísico, convertendo-a assim em seu território”.

Desse modo, podemos notar que na Amazônia existem inúmeros tipos de territorialida-des, como: os territórios dos latifúndios (improdutivos), de demarcação de terras indígenas, de demarcação (futura) de terras quilombolas, dos pescadores artesanais, dos caboclos, da ausência de uma territorialidade aos trabalhadores sem terra (desterritorializados) e até mesmo de territórios de luta pela permanência em suas terras de origem, que é o caso dos refugiados das hidrelétricas, como a de Tucuruí e Belo Monte (PA) e de tantos outros espaços entendidos como territórios sociais, que dão origens a nomes, lugares, memórias (boas e ruins), dimensões simbólicas, identidades, consistência temporal, fronteiras, comunidades e a uma multiplicidade de relações sociais e culturais que moldam o cenário territorial da Floresta Amazônica.

A questão territorial entre as populações amazônicas também possui uma complexi-dade analítica que no âmbito das Ciências Sociais – e da geografia, da história e de outras áreas das humanidades –, é vista como um ordenamento da prática social de pessoas que veem no chão uma forma de sustentabilidade, de defesa de seus territórios, de um lugar que é seu, de espaços culturais peculiares, assim como ao direito de ter direito sobre a terra, sobre o mecanismo de subsistência e sobre o respeito pela memória afetiva de pertencer a um determinado espaço social, dentro de uma lógica simbólica e territorial – que é diferente da ideia de direito burguês colocada acima.

O desenvolvimento humano na Amazônia através da modernização conservadora (PÁDUA, 2003) é a imagem de uma degradação ambiental e de injustiça social a partir, prin-cipalmente, da década de 40, quando foi intensificada a democratização do mundo rural e que alterou a sociabilidade do trabalhador do campo, agravando ainda mais a sua condição de exclusão social, diminuindo consideravelmente o acesso a insumos e incentivos fiscais, ao crédito rural e às condições mínimas de sobrevivência nas fronteiras agrícolas, onde

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milhares de trabalhadores foram literalmente expulsos de suas terras para a construção de estradas (como a Transamazônica) ou foram englobados pelos grandes proprietários de terra, sendo obrigados – por falta de incentivos por parte do governo – a vender as suas pequenas propriedades (poucos hectares de subsistência), causando um acelerado êxodo rural e aumentando as fileiras de miséria e indigência nas cidades urbanas – fenômeno que até os dias de hoje, infelizmente, ainda é uma realidade.

A concentração fundiária na Amazônia e os conflitos no campo pela ausência de uma distribuição de terras igualitária, a sonhada Reforma Agrária, é causa de violências de toda a sorte, como foi o episódio da morte de 21 trabalhadores rurais sem terra na Curva do S, em Eldorado do Carajás (Marabá – Pa), que na tentativa de bloquear a BR-150, com o intuito de protestar pela desocupação de terras improdutivas, foram executados pela Polícia Militar do Pará em 1996 em rede nacional durante a desobstrução da estrada, conflito fil-mado pela TV Liberal de Belém do Pará (afiliada da Rede Globo – na época o Governador do Pará era Almir Gabriel), sendo que toda a guarnição policial foi inocentada pelo júri por falta de provas, causando verdadeiro frisson na opinião pública mundial e nos órgãos que lutam pelos direitos humanos. Apenas os dois comandantes das tropas policiais, coronel Mário Pantoja e o major José Maria Oliveira foram condenados a 280 e 158 anos de prisão, respectivamente. No entanto, os dois foram os únicos responsabilizados dos 144 policiais envolvidos no massacre. Vale lembrar que a ação da PM foi a mando do governo do estado do Pará, à época no nome de Almir Gabriel, do PSDB (LUMOS JURÍDICO, 2019).

Outro caso – são inúmeros os casos de violência pela questão fundiária no Pará – foi a execução da missionária norte-americana Dorothy Stang, apanhada de surpresa por um pistoleiro por causa de terras griladas defendidas pela ordem da qual fazia parte (ainda em andamento judicial); Valdemir Resplandes dos Santos, defensor dos direitos humanos e liderança pela reforma agrária, assassinado em 2018 no Pará, isso sem falar em Chico Mendes, em “Marias”, “Josés”, indígenas posseiros, grileiros, pais de família, garimpeiros, sindicalistas, padres, freiras, políticos (Deputados João Batista e Paulo Fontelles), e centenas de pessoas marcadas para morrer na disputa interminável pela posse de terra (propriedade, território) não apenas no Estado do Pará, mas na Amazônia como um todo. Falar em barril de pólvora não seria metáfora diante da situação degradante desses confrontos.

O detalhe é que, na medida em que a concentração de terras cresce, os pastos para criação de gado bovino devastam a Amazônia numa velocidade impressionante. Cada cabeça de gado na Amazônia representa hipoteticamente um hectare de mata que foi transformada em grama para engorda no pasto e na região, a cada ano, dezenas de milhares de hectares são derrubados para a prática da pecuária extensiva.

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A pecuária é apenas um dos focos de degradação ambiental da biodiversidade amazô-nica, pois temos ainda a especulação fundiária – onde fazendeiros “limpam” as matas para que o terreno pareça ainda mais amplo –; as regiões de garimpo que utilizam o mercúrio nos rios à procura do ouro (o Eldorado Amazônico), causando cânceres aos trabalhado-res e poluindo as águas com metais pesados; a abertura de estradas vicinais ao longo da floresta – em nome do progresso e da integração nacional –; a construção de hidrelétricas para a produção de energia – como a de Tucuruí e Belo Monte (Pa); os Grandes Projetos da Amazônia, na busca de minérios como a bauxita (a Companhia Jarí S.A. recebeu milhões de dólares do Governo Federal e hoje está praticamente abandonada); a contaminação química dos solos e dos lençóis freáticos com o uso de fertilizantes na agricultura intensiva; a poluição do ar – e dos pulmões humanos nas cidades próximas – com as queimadas da Floresta Amazônica e pela produção de carvão vegetal em carvoarias artesanais que exigem o trabalho exaustivo de mais de 10 horas ao dia, principalmente de crianças e adolescentes; o desmatamento das matas ciliares às margens de igarapés e braços de rios, que matam a reprodução ecossistêmica dos ambientes desprotegidos, enfim, incontáveis são os modos de degradação ambiental que a Amazônia vem sofrendo no decorrer do séculos, principal-mente na primeira metade do século XX (SILVA et al., 2019).

Diante de tantas aflições e situações de devastação e desesperança por parte dos trabalhadores abandonados pelo Estado, dos conflitos pela posse da terra, da modernização e da transformação da biodiversidade através dos impactos sofridos pela ação antrópica da Sociedade Moderna e da apropriação sistemática de saberes dos moradores da floresta, é preciso buscar caminhos de sustentabilidade.

Entretanto, como encontrar soluções e esperanças dentro de uma ideologia que mas-cara a realidade da verdadeira Amazônia, que longe de ser um vazio demográfico é uma região composta por populações diversas, culturas peculiares e diversidade biológica em risco constante?

Sustentabilidade x Desenvolvimento Sustentável

A sustentabilidade que procuramos não é a do mercado, que trouxe o discurso do desenvolvimento sustentável, nem a do mundo globalizado que tornou a natureza uma mer-cadoria valiosa. É preciso despertar a mente de maneira verdadeiramente sensível como fizeram nossos ancestrais hominídeos quando adquiriram a cultura moderna e descobriram--se humanos (WONG, 2005).

A atual sustentabilidade que queremos pode ser encontrada através das porções de matas conhecidas como ilhas de apetês dos Kayapó (formações de floresta que são identifi-cadas por zonas ecológicas que sofreram a modificação indígena ao longo se sua ocupação

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ambiental, utilizadas e criadas para a sua proteção no período de guerras e para encontros amorosos) (ANDERSON e POSEY, 1985); na sociodiversidade dos Tukano e dos Maku, que enfrentam as mais diversas intempéries adaptativas na floresta amazônica nos chama-dos “rios de fome” e que conseguem conviver naturalmente através de suas trocas sociais intertribais; através das corridas de toras dos Krahó, que se exercitam em longas buscas de alimentos na floresta para sua subsistência; no conhecimento intelectual dos Guajá (com suas plantas repelentes de fantasmas – as aiyã, responsáveis pela curas das doenças do corpo – e da alma); no conhecimento etnobotânico dos caboclos e ribeirinhos, herdados de populações indígenas do passado que foram dizimadas pelo colonizador europeu; na importância simbólica que os indígenas dão às chuvas, aos ventos às mudanças climáti-cas, aos ciclos lunares, aos rituais – de passagem para a maturidade, ao curandeirismo, às cerimônias de casamento e fertilidade; na proteção à floresta; na valorização da cultura indígena (cultura entendida como “o conjunto de conhecimentos e comportamentos divididos pelas pessoas de uma dada sociedade, que inclui o conjunto de regras para a convivência em grupo, os valores, a linguagem e a tecnologia” (KORMONDY e BROWN, 2002: 285) e na manutenção da conservação da floresta para as gerações presentes e futuras.

Os tempos indígenas são diferentes dos tempos da sociedade moderna. A territo-rialidade cabocla é indiferente à territoterrito-rialidade geopolítica da internacionalização da Amazônia. Os sem terra necessitam de terra para sua subsistência da mesma maneira que os indígenas e quilombolas que habitam a floresta, que lutam em busca de um “chão”, um lugar próprio, uma memória e estão realmente preocupados com a sustentabilidade da Amazônia. A sustentabilidade dessas populações é muito desigual do desenvolvimento sustentável alardeado pela grande empresa capitalista. A biopirataria de saberes e espécies não tolera o esbulho da cultura indígena, que deve ser o maior direito de propriedade das comunidades da floresta, assim como seus mitos e conhecimento botânico e biológico de plantas e animais da mata.

O etnoconhecimento está diretamente relacionado à etnohistória dessas populações, para que a intelectualidade “natural” dos indígenas seja patrimônio cultural e social conserva-do. As patentes precisam de leis que deem sustentação financeira aos moradores da região amazônica, a fim de preservar suas identidades e direitos individuais e coletivos. E, final-mente, a variabilidade genética, cultural e social que engloba a ecologia amazônica deve ser prioridade da política nacional no sentido de proteção de fato e de direito – direito indígena, ribeirinho, sem-terra, quilombola e de todos os povos da floresta. Como diria Edgar Morin (1999) em sua consideração sobre sistema:

“Não apenas o todo é mais que a soma das partes. Eu diria mesmo que o todo é menos que a soma das partes [...] Além do mais, percebemos que tudo

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o que tem uma realidade para nós é, de certa maneira, sistema. Sistema, o átomo; sistema, as moléculas; sistema, o sol; sistema, as galáxias, sistema, a biosfera; sistema, a sociedade; sistema, o homem [...]” (p. 28-29).

Os governos ditos imperialistas estão por toda a parte e como somos mais do que a soma das partes é preciso que saibamos até onde vai nosso arcadianismo e o nosso racio-nalismo de proteger a Floresta Amazônica através de uma sustentabilidade adequada, sem a etiqueta da globalização (mundialização da economia) que internacionalizou a Amazônia e tornou-a realmente frágil do ponto de vista ambiental e antropológico.

A ecologia humana na Amazônia precisa ser divulgada, estudada, respeitada e ganhar território entre os governos, os políticos, as ONGs e o mercado global, fazendo com que a percepção da necessidade de proteção de saberes, populações e cultura heterogênea da Floresta Amazônica não é um discurso romântico, mas uma medida urgente de perpetuação das espécies de um modo geral, que através da sustentabilidade apreendida pelos povos tradicionais da região amazônica é intrínseca à sobrevivência não apenas da biodiversidade, como também da cultura milenar de populações que chegaram muito antes de nós em solo nacional e que merecem plenos direitos sobre a floresta e sobre o lugar e as memórias que demarcam a sua identidade e a etnicidade características dos povos amazônicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como vimos, a Amazônia é uma região que possui características peculiares no que se refere a seus sistemas culturais, como: etnicidade, formas de organização social, mitos, ritos e comportamentos adaptativos que envolvem uma sociabilidade complexa; a seus sistemas sociais, que são: as trocas intertribais, relações de parentesco, subsistência, casamentos; seus sistemas etnobotânicos: conhecimento de propriedades medicinais de plantas, regula-ção climática, criaregula-ção de espaços naturais modificados historicamente; sistemas simbólicos: curandeirismo, rituais com banhos medicinais, lendas, magia, significados sobre o valor das chuvas, das curas, das plantas repelentes de fantasmas e outros sistemas envolvendo conflitos, devastação ambiental, violência e esperanças de sustentabilidade.

A ecologia humana da Amazônia seja internacionalizada ou territorializada em conflitos e sistemas complexos e heterogêneos de sociodiversidade e biodiversidade, é configurada por comportamentos culturais e por saberes sobre a floresta que devem ser os caminhos ou a luz no fim do túnel para uma sustentabilidade de fato e de direito: fato por ser social e sendo social, necessita de articulações que percorram por ações políticas e humanas, no sentido de que é preciso proteger essas populações amazônicas da ideologia/utopia do desenvolvimento sustentável e conservação de suas culturas; direito por ser jurídico, no sentido de que é urgente a demarcação de suas terras e o ordenamento de patentes que

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a lei costuma desamparar historicamente. A sustentabilidade e a organização dos povos da Amazônia precisam de proteção, de apoio, de “intervenção” política interna e de uma ecologia que conserve as suas peculiaridades e formas de sociabilidade que sabemos fazer parte de toda a complexidade que envolve a Região Amazônica, que entre os conflitos da modernidade e os conhecimentos tradicionais dos indígenas, ainda consegue resistir às intempéries que têm ocorrido desde o início da ocupação europeia e que hoje se veste com a biopirataria e com o mito moderno do desenvolvimento sustentável.

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