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Matéria: literatura Assunto: modernismo - contexto e características Prof. IBIRÁ

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Academic year: 2021

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Matéria: literatura

Assunto: modernismo - contexto e características

Prof. IBIRÁ

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MODERNISMO (Séc. XX) – 1ª FASE

Antecedentes Europeus

O conselho geral aponta o ano de 1914 como o marco do verdadeiro fim do século XIX. Quanto à literatura, evidentemente, não é possível data tão exata. O fato de que estilos, maneiras de escrever e pensar do século XIX sobrevivam em plena época entre as duas guerras mundiais, não é de grande importância. É o epigonismo – sintoma de inércia nos autores e no público. Já importa mais outro fato: “a nova literatura”, a que em geral se chama modernismo, já aparecera antes da Primeira Grande Guerra, entre 1905 e 1910. O que ocorreu foi um prazo de incubação que vai entre 1905/1910 até 1914/1918, tendo a revolução literária coincidindo com imponentes acontecimentos e modificações na estrutura política e social do mundo.

A guerra está no centro destes acontecimentos, entre as crises marroquina e balcânica, de um lado, a revolução russa e a revolta do fascismo italiano, de outro. Nada parece mais natural do que a literatura ter reagido aos acontecimentos, seja refletindo-os, seja antecipando-lhes os reflexos psicológicos. (Otto Maria Carpeaux).

Características da Literatura Moderna

Cotidiano

Uma das maiores conquistas do modernismo é a valorização da vida cotidiana. O prosaico, o diário e o grosseiro tornam-se os motivos centrais da estética modernista. A grandiosidade da paisagem, Manuel Bandeira sobrepõe o beco:

“Que importa a paisagem, a Glória, a linha do horizonte? — O que eu vejo é o beco”.

A aventura do cotidiano leva o artista a romper com os esquemas de vida burguesa. Acima de tudo, o artista está consciente de que todos os objetos podem se tornar literários. Drummond celebra as dentaduras:

Dentaduras duplas Inda não sou bem velho para merecer-vos... Há que contentar-me, com uma ponte móvel e esparsas coroas. (...) Resovin! Hecolite! Nomes de países? Fantasmas femininos? Nunca, dentaduras, engenhos modernos, práticos, higiênicos

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e a língua especiosa através dos dentes buscando outra língua, afinal sossegada... (...)

Liberdade de Expressão

A linguagem livra-se normas gramaticais e técnicas, já não precisa seguir os padrões cultos. Em

“Poética”, Manuel Bandeira celebra essa liberdade de expressão: Estou farto de lirismo comedido, Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

Estou farto de lirismo que pára e vai averiguar no dicionário O cunho vernáculo de um vocábulo (...)

Quero antes que o lirismo dos loucos, O lirismo dos bêbados O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber de lirismo que não é libertação.

Paródia

Os modernistas realizam uma releitura de textos famosos do passado, reescrevendo-os em termos de paródia. Um dos livros de crítica literária de Mário de Andrade chama-se A escrava que não é Isaura, numa evidente alusão ao conhecido relato de Bernardo de Guimarães. Oswald de Andrade baseia-se na “Canção do exílio” de Gonçalves Dias para escrever “Canto de

regresso à pátria”:

Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar

Os passarinhos aqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra

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Inovações Técnicas

O rompimento com os padrões culturais do século XIX implicaria no surgimento de novas técnicas de escritura, tanto no domínio da poesia quanto no da ficção. As principais conquistas foram:

• o verso livre: o verso já não está sujeito ao rigor métrico e às formas fixas de versificação, como o soneto, por exemplo. Também a rima se torna desnecessária;

• a destruição dos nexos: os chamados nexos sintáticos, preposições, conjunções, etc. São eliminados da poesia moderna que se torna mais solta, mais descontínua e fragmentária e, fundamentalmente, mais sintética;

• novas técnicas narrativas: valoriza-se a exploração de técnicas jornalísticas, a ideia de mon-tagem cinematográfica de um texto, o monólogo interior, o fluxo de consciência, a enume-ração caótica, a colagem, e acima de tudo, o chamado estilo telegráfico, caracterizado pela economia dos recursos verbais, pela frase curta e sincopada.

Também a pontuação se torna facultativa. O escritor suborna o uso de pontos, vírgulas, etc., a uma disposição estilística psicológica. Com frequência os sinais são eliminados para que, intencionalmente, o texto apresente um aspecto caótico ou febril.

Antecedentes Nacionais

O ano de 1917 foi marcante como prenúncio das mudanças que viriam a ocorrer na arte brasileira. Neste ano, estreariam quatro jovens autores que já traziam algo de novo em seus poemas:

• “Cinza das horas” – Manuel Bandeira • “Nós” – Guilherme de Almeida • “Juca Mulato” – Menotti del Picchia

O Desdobramento do Modernismo

As contradições do grupo de 22 se sedimentaram em revistas como klaxon onde a literatura era vista e praticada a partir de um ponto de vista mais universal, e em movimentos como:

• Pau Brasil (1924) e Antropofagia (1927): chefiados por Oswald de Andrade, com a partici-pação de Tarsila do Amaral, Raul Bopp e outros, visando uma destruição dos valores euro-peus e sua substituição por uma visão primitivista, livre, quase anárquica, autenticamente brasileira da realidade.

• Verde-Amarelo (1924) e Anta (1926): com a participação de Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Plínio Salgado, opondo-se ao primitivismo destruidor e debochado dos antropó-fagos através de reforços do sentido de brasilidade e de uma tendência conservadora e direitista no plano social.

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Literatura – Prof. Ibirá Costa

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Bibliografia de Literatura

BOSI, Alfredo – História Concisa da Literatura Brasileira, 40.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 2002.

CANDIDO, Antonio – Formação da Literatura Brasileira, 7.ª ed., 2 vols., Belo Horizonte / Rio de Janeiro, Itatiaia, 1993.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. Momentos decisivos. 10ª ed. Rio de Ja-neiro: Ouro sobre Azul, 2006.

CARPEAUX, Otto Maria – Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira, nova ed., Rio de Janeiro, Ed. do Ouro, 1979.

CASTRO, Sílvio – História da Literatura Brasileira, 3 vols., Lisboa, Publicações Alfa, 1999. COUTINHO, Afrânio – A Literatura no Brasil, 5ª ed.,6 vols., S. Paulo, Global, 1999.

GONZAGA, Sergius – Curso de Literatura Brasileira, 1ª ed, Porto Alegre, Leitura XXI, 2004. JUNQUEIRA, Ivan – Escolas Literárias no Brasil, Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Le-tras,2004.

MOISÉS, Massaud – História da Literatura Brasileira, 3 vols., S. Paulo, Cultrix, 2001.

MOISÉS, Massaud – A Literatura Brasileira Através dos Textos, 19.ª ed., S. Paulo, Cultrix, 1996. NICOLA, José de – Painel da Literatura em Língua Portuguesa, 2ª ed, S. Paulo, Scipione, 2011. PICCHIO, Luciana Stegagno – História da Literatura Brasileira, 2ª ed., Rio de Janeiro, Lacerda Editores, 2004.

PROENÇA, Domício – Estilos de Época na Literatura, 5.ª ed., S. Paulo, Ática, 1978.

VERÍSSIMO, José – História da Literatura Brasileira: de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis (1908), 7ª ed., Rio de Janeiro: Topbooks, 1998.

Bibliografia de Música e Artes Plásticas

ACQUARONE, Francisco. Mestres da Pintura no Brasil, Editora Paulo Azevedo, Rio de Janeiro, s/d.

BARDI, Pietro Maria. História da Arte Brasileira, Editora Melhoramentos, São Paulo, 1975. CASTRO, Sílvio Rangel de. A Arte no Brasil: Pintura e Escultura, Leite Ribeiro, Rio de Janeiro, 1922.

DAMASCENO, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul, Editora Globo, Porto Alegre, 1971. SEVERIANO, Jairo – Uma História da Música Popular Brasileira, 3ª Ed., Editora 34, 2013.

Referências

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