ANDRÉ
LUIZ
LERMEN
JÚNIOR
PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO
DA
GESTANTE
HIV POSITIVA
NO
ESTADO
DE SANTA CATARINA
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, paraa conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.
FLORIANÓPOLIS
-
SANTA CATARINA
ANDRÉ
LUIZ
LERMEN
JÚNIOR
PERFIL
EPIDEMIOLÓGICO
DA
GESTANTE
HIV
POSITIVA
NO
ESTADO
DE SANTA CATARINA
Coordenador
do
Curso:
Dr.Edson
Cardoso
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.Orientador: Dra.
Maria Helena
BittencourtWestrupp
FLORIANÓPOLIS
-
SANTA
CATARINA
AGRADECIMENTOS
Agradeço
principalmente aomeu
pai e aminha
mãe,
André
e Vera, aquem
dedico
não
apenas este trabalho,como
todomeu
amor
também.
À
minha
querida irmã Daiane,companheira
de teto e de vida, protetora incondicional.Conta
comigo
para o que der e vier.A
todosmeus
amigos
e amigas, que compartilharamcomigo
não
só alegrias,mas também
tristezas, e por isso são verdadeiros.Agradeço
àminha
orientadora doutora professoraMaria Helena
Westrupp,cuja paciência e atenção
me
mantiveram
tranquilo para realizar este trabalho.Agradeço
aos poetas, músicos, pintores e escritores cuja arte nos mostraquão
humanos
todos somos.Agradeço
a todas as boas pessoas, cujo objetivonão
consiste apenasna
busca incessante pelo dinheiro, e
sim
peloconhecimento
e compreensão, e que~
ÍNDICE
1NTRODUÇAO
... ..OBJETIVO
... ..MÉTODO
... ._RESULTADOS.
DISCUS
SAO
... ._ ~CONCLUSAO
... ._REFERÊNCIAS
... ..RESUMO
... ..SUMMARY
...INTRODUÇÃO
No
iníciodo
terceiro milênio, entramosna
terceira década de epidemiado
vírus
HIV. Segundo
estimativa realizada pelaCoordenação
Nacional deDST/
AIDS,
no
ano de 1988, haviano
Brasil 536.920 pessoas de 15 a49
anos de idade infectadas peloHIV.
O
perfil epidemiológicoda doença
vem
apresentandomudanças
significativas ao longo dos anos; o estigma de
doença
de homossexuais, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos jánão
existe mais, de talmodo
que
adenominação
de“gmpos
de risco” é totalmente repudiada, sendoque
hoje o conceito de“comportamento
de risco” é expressão corrente.Um
dos aspectos mais alarmantes é o crescenteaumento
de casos deAIDS
no
sexo feminino,aonde
as mulheres infectadaspossuem
principalmente entre 25-39
anos, e adquiriram o vírus através de contato heterossexual.Em
1984 aproporção
homens/mulheres
infectados erada
faixa de 23:1;em
2000
essa relaçãoera de 3:l.(1)
Segundo
o DossiêPanos/ Mulheres
eAIDS:
T
ríplaAmeaça
de 1993, asmulheres representam
um
pilar básicona
fisiopatologia social da infecção peloHIV,
na
medida
em
que
quando
infectadas,além da
própria saúde,perdem
também
a capacidade de cuidar dos filhos e de outros possíveis doentes
em
seus lares,além
do
risco de transmissão vertical aos futuros conceptos.(2)Reconhecendo
a importânciado
diagnósticoda
infecção peloHIV
no
2
~
na
estimativa de casos totais(3), seja principalmente pela constataçao deque
autilização da zidovudina
(AZT)
profilaticamente reduz substancialmente o risco detransmissão vertical, o governo federal instituiu a partir
do ano 1999 que
oexame
anti-HIV deveria ser oferecido a todas as gestantes durante seu pré-natal.
A
partir de2002
cogita-se a inserçãodo
teste anti-HIVna
rotina pré-natal detoda gestante, tornando-se assim obrigatório;
porém
não
existenenhuma
postura oficial concreta a esse respeito até omomento.
A
implementação do
SISGHIV
(sistema de informação de gestanteHIV
positiva e crianças expostas) através de
ficha
de investigação padronizada denotificação compulsória permite o levantamento epidemiológico
da
gestanteinfectada pelo
HIV.
É
justamente esse o objetivodo
presente trabalho: traçar o perfilda
gestanteHIV
positivano
estado deSC com
baseno
estudo das fichas de investigaçãodo
SISGHIV
no
períodocompreendido
entre julho de2000
atémaio
de 2001,bem
como
discutir e relatar importantes informações presentes nesses interrogatórios,tais
como
aépoca do
diagnóstico laboratorialdo
HIV
e a idade gestacionaldo
início
da
profilaxiacom
AZT.
Considerando a gestante
como
parte fundamental e representativado
progresso
da
epidemiaem
nosso meio, e amulher
como
a vítima mais incipiente,todas as
medidas
preventivasou
assistenciaisdo
contágio peloHIV
tem
de serOBJETIVOS
_ Geral: identificar o perfil epidemiológico
da
gestanteHIV
positivano
estadode Santa Catarina.
Específicos: l-Identificar quais cidades
do
estadopossuem
as maiores populações de gestantes infectadas.2-Identificar a categoria de exposição
da
gestanteHIV
positivaem
SC.3-Identificar a
época
do
diagnóstico laboratorial nessas gestantes eMÉTODOS
O
trabalho baseou-sena
coleta dedados
de 137 gestantesHIV
positivas, estruturação dosmesmos
em
gráficos e tabelas, e análise dos resultados.Esses
dados foram
obtidos através dasfichas
de investigação de gestanteHIV
positiva e criança exposta. Essas fichas- (anexo l) são padronizadas,distribuídas a todos os municípios
da
federação, fazendo partedo
programa
implantado pelo Ministério
da
Saúde
da República Federativado
Brasil, oSISGHIV.
Esse programa, o
SISGHIV
( Sistema de Informação de GestantesHIV
Positiva e Criança Exposta) passou a ser
implementado
a partirdo segundo
semestre
do ano 2000
e visa criarum
banco
de dados nacional aomodelo
do
jáexistente
SINAN.
Essas
fichas
de investigaçãotem
notificação compulsória, são preenchidasna
instituição (hospital,
matemidade,
posto de saúde) responsável pelo atendimento/diagnóstico
da
gestante soropositiva, sendo aficha encaminhada
às Gerências Regionais e daí então à Gerência Estadual deDST/AIDS
do
respectivo estado para informatização dos dados.O
sistema informatizadodo
SISGHIV
aindanão
foi implementado; nessetrabalho os dados
foram
obtidos diretamente dasfichas
de investigação presentesna
Gerência Estadual deDST/AIDS com
data de notificação entre julho de2000
D
Foram
estudadas 137fichas
notificadas entre Julho/2000 aMaio/2001.
Os
dados são objetivos e
foram
agrupados demodo
a ajustar-se ao objetivo analíticodesse trabalho.
Os
municípios de residênciaforam
levadosem
conta, enão
0 município de notificação; esses municípiosforam
agrupadosem
macroregiões,mas
também
são mostradosem
tabela deforma
individualizada.Foram
coletadosDados
Gerais (município de notificação; datada
notificação),
Dados
da
Gestante/Pa11;uriente/Puérpera (idade, raça/cor; município deresidência; escolaridade), Categoria de Exposição,
Dados
Pré-natal (idadegestacional da primeira consulta pré-natal; diagnóstico laboratorial
do
HIV;
idadegestacional
do
inícioda
profilaxiacom
AZT).
Esses dados são apresentados
na forma
de gráficos e tabelas e discutidosno
RESULTADOS
Os
resultadosforam
dispostosna forma
se tabelas e gráficos de análiseestatística e são discutidos ao longo
do
trabalho.Tabela I - Número de gestantes HIV positivas
segundo município de residência.
município de residência número de casos
Joinville 36 Florianópolis 25 Blumenau 20 (O Palhoça U1 São José U1 Biguaçu U1 Concórdia g -B Chapecó «b
São Bento do Sul
0) Timbó Ç0 Jaraguá do Sul N Brusque Barra Velha N N Campo Alegre l\) Canoinhas ._\ Corupá -À Hapoá -L Garopaba é Gaspar _L Piçarras -\ Indaial ¿ Lages ¿ Guaramirim í Mafra ._\ Sombrio Julho/2000-maio/2001, SC.
UI
:if
.Qt
Fngura 1 Numero de casos de gestantes HIV posltlvas por regiões do estado Julho/2000-mano/2001 SC Fonte Gerencla Estadual DST/AIDS de Santa Catarma.
°/o 7 até 19 anos ¡20-24 anos E125-29 anos
U
30-34 anos¡
35 anos ouFlgura 2 Fama etarla da gestante HIV posltna _¡u1ho/2000-maio/2001 SC
Fonte Gcrencta Estadual DST/AIDS - SC
13%
I
brancaI
pretaEI parda
ignorado
Figura 3. Disuibuição das gestantes HIV positivas segundo raça.
julho/2000-maio/2001, SC. Fonte: Gerência Estadual DST/AIDS - SC.
20% 49% EI nenhuma ¡1-3 anos ¡4~7 anos 8-11 anos 112 anos ou mais Iignorado
Fonte: Gerência Estadual DST/AH)S - SC.
Figura 4. Escolaridade em anos de estudo completos das gestantes HIV
E
s ex ualI
UDI E1 transfusão90%
Figura 5. Categoria de exposição das gestantes HIV positivas, julho/
2000-maio/2001, SC.
Fonte: Gerência Estadual DST/AIDS - SC.
primeiro trimestre
Isegundo trimestre terceiro trimestre
Figura 6. Idade gestacional da primeim consulta pré-natal da gestante
I-[IV positiva, julho/2000-maio/2001, SC.
2%
33% 65% Bantes do pré-natal jdurante o pré- natal |:| ignoradoFigura 7. Época do diagnóstico laboratorial do HIV nas gestantes
Infectadas, julho/2000-maio/2001, SC
Fonte: Gerência Estadual DST/AIDS - SC.
10%
90%
Isim Elnâo
Figura 8. Gestantes HIV positivas que realizaram profilaxia com AZT, J ulho/2000-maio/2001, SC.
17%
15% ijá usava retrovirais
¡
primeiro trimestre ' '. ' '-EI I Dsegundo trimestre __E
` flterceiro trimestre5a%`
Figura 9. Período em que foi iniciada profilaxia com AZT nas gestantes
HIV positivas, julho/2000-maio/2001, SC. Fonte: Gerência Estadual DST/AIDS - SC.
Í
E
atraso noresultado do
exame
30% Irecusa da
gestante
UAZI' não oferecido
mabortou
lignorado
Figura 10. Motivo pelo qual não foi realizada a profilaxia com AZT
Nas gestantes HIV positivas, julho/2000-maio/2001, SC.
DISCUSSÃO
Discutiremos
nossos
resultadossegundo
a
ordem
em
que
foram
apresentados
no
capítulo anterior.No
Brasil,é
notávela
distribuiçãodos
casos de
AIDS
nas
regiõesSudeste e
Suldo
país.Se
existemenor
prevalêncianas
demais
regiões,principalmente
o
Nordeste,
que
possui
altadensidade
demográfica
e baixa
renda per
capita, restasaber se
issose
deve
às
precáriascondições
de
acesso
da população
a saúde,
diagnósticoe
subsequente
notificaçãodos
casos.De
qualquer forma,observa-se
que
a
Região
Sulse
tem
mantido
como
a
segunda
regiãode
maior
incidênciadesde
1983,
com
exceção do
triênio
1985-87,
quando
a
Região Centro-Oeste apresentou
taxas
ligeiramente
mais elevadas
do que
a
Região
Sul
(1).Desde
o
inícioda
epidemia
na
região,a
incidênciaanual
da
aidsvem
apresentando
uma
tendência
ascendente nos
estados
do
suldo
país.O
RioGrande do
Sul,estado
onde
teve inícioa
epidemia
de
AIDS
na
Região
Sul,manteve
as mais elevadas
taxas
de
incidênciaao
longo
da
década de 1980
(1).Em
1990,
entretanto, foiultrapassado
por
Santa
Catarina,
que tem
permanecido,
desde
então,como
a
unidade federada
da
região Sul
onde
a
AIDS
é mais
freqüente,em
termos
relativos.Santa
Catarina,segundo dados do
Boletim
Epidemiológico
de
13
municípios
classificados entreos 100
municípios
com
os maiores
números
de casos
de
AIDS
notificados entre1980
a
2000.
Esses
casos
distribuíram-se
assim:
Florianópolis,com
um
totalde 1548
casos,
Itajaí,com
1143
casos,
Joinville,com
706
casos, Criciúma,
Blumenau,
São
José e
Balneário
Camboriú,
com
483, 478,
399
e
326
casos, respectivamente
(5).Na
tabela 1,observamos
a
distribuiçãodas
gestantes
HIV
positivasno
estado,segundo
o município
de
residência,e
destacamos
alguns
aspectos
importantes;nessa
discussão,os
municípios
foram
agrupados
de
acordo
com
as áreas
de
abrangência das Gêrencias
Regionais
DST/AIDS
notificadoras.
A
regiãode
Florianópolis,que
agrupa os
municípios
de
Biguaçu,
Garopaba, Palhoça
e
São
José
totalizou45
casos
de
gestantes
soropositivas,
enquanto
a
regiãode
Joinville,com
os
municípios
de
Campo
Alegre, Itapoá
e
São
Bento
do
Sulcontou
43
casos,
sendo
as
regiõesmais
afetadas
no
estado.A
região deBlumenau
somou
27 casos, a região de Jaraguádo
Sul teve 6casos, a região de
Concórdia
eChapecó
notificaram 5 e 4 casos respectivamente.Um
importante aspecto éo
fato das regiõesde
Itajaí,que
abrangeo
município de BalneárioCamboriú,
e a região de Criciúma, todas três cidadescom
alta prevalência de notificações de casos de
AIDS,
praticamentenão
participamdo
quadro,
com
apenas l notificaçãoem
Piçarras,na
região de Itajaí. Isso certamenteocorreu devido ao atraso e a retenção das
fichas
de investigação nas Gerências Regionais;bem
como
uma
possível subnotificação,opção
menos
provável pois essas regiões e seus profissionais de saúde são cientesda
situaçãoem
que
seencontram
eda
importância desse tipo de atividade paramonitoramento
e controle14
É
bastante provávelque
amesma
retenção de informações esteja ocorrendoem
outras regiões, principalmentedo
Oeste , provavelmenteporque
as GerênciasRegionais
esperam
um
razoávelacúmulo
de notificações para então enviá-las todas deuma
vez à capitaldo
estado.Desse
modo,
não
pudemos
traçarum
quadro geralfidedigno
em
relação adistribuição das gestantes soropositivas
em
SC,
mas
retiramos informaçõesque
enbasam
certos aspectos; é de se esperar que a distribuição das gestantes infectadassiga o
mesmo
padrãodo
resto da populaçãoem
tennos de prevalência nosmunicípios, assim
como
constatamosem
Florianópolis, Joinville eBlumenau.
Ainda
existe outro aspecto visível nos dados coletadosque
é digno de nota.Segundo
dadosdo
ProjetoAIDS
II Desafios e propostas (Brasil, 1998), foi relatadoque a epidemia
no
Brasil apresentaum
caráter de interiorização crescente,podendo
ser encontrados portadoresdo
vírusHIV
nas localidades mais longínquasdo
país(6). Esse processo é notado
em
SC,com
casosem
pequenas
cidadescomo
Itapoá,Sombrio
e Guaramirim.Em
relação a idadeda
gestanteHIV
positivaem
SC,35%
têm
entre20
e24
anos de idade,35%
situam-sena
faixa entre25
e29
anos de idade e16%
têm
de30
a 34 anos de idade
(fig
2).É
naturalque
essa distribuição siga aépoca
fértilda
mulher, vistoque
a infecção peloHIV
não
relaciona-secom
diminuiçãoda
fertilidade. Esse é
um
triste aspecto da epidemiaem
todo omundo;
o fato dapopulação principalmente acometida ser
jovem
e estarem
seu períodomais
produtivo, seja
como
força de trabalho, sejacomo
perpetuadorada
espécie (7).De
1983 a 2000,segundo
o Boletim EpidemiológicoAIDS,
14%
dasmulheres infectadas
possuíam 20
a24
anos,21%
tinham 25 a29
anos e20%
tinham entre30
e 34 anos de idade (5).Quando
comparados
com
os dadosda
população femininaHIV
positivado
país.Assim
notamos
um
predomínio
das15
idades mais jovens nas gestantes
HIV
positivasem
comparação
a população totalfeminina infectada.
Nada
mais natural, já que amulher mais
jovem
gestamais que
a mais idosa.
Apenas
7%
das gestantes infectadastinham
acima
de34
anos, enquanto a população feminina apresentaem
torno de35%
de mulheresacima
dessa
mesma
idade.Na
(fig 3)observamos o predomínio da
raça branca(74%)
entre as mulheresnotificadas entre julho de
2000
emaio
de 2001, enquanto as raças preta e pardasomaram
19%
do
total das gestantesHIV
positivasem
SC. Essas taxas são compatíveiscom
a população total deSC,
em
sua maioriaformada
pela raça branca, diferenteda maior
partedo
país devido questões históricas de colonizaçãoitaliana e alemã,
com
pequena
utilização de trabalho escravo negro,que
contribuiupara
mestiçagem
em
raça pardaem
grande partedo
país.Ademais, pode
se ter anoção
errada de encontrarmosum
predomínio
das raças parda e negra por associá-las a piores condições socioeconômicas, e por consequência a
um
maior
risco de contrair adoença
(8).Percebe-se que essa associação de
AIDS
a populaçõesmais
carentestambém
carece de confirmação,uma
vezque
a epidemianão
têm
claras característicasduma
doença da
“pobreza”, visto que se concentra nas regiõesmais
ricasdo
país, nasáreas metropolitanas e
com
baixíssima presença de analfabetos.É
aindasignificativa a frequência,
tomado
o nível de escolaridade, entre aquelescom
primeiro grau completo (38,l%) esegundo
grau e nível superior (25,2%), contraposta à baixa frequência, já comentada, entre os analfabetos (2,8%). Essassão as estatísticas da população geral
no ano
de1998
fornecidas pelo Ministérioda
Saúde.
Mesmo
assim observa-seum
aumento do
número
de analfabetos; resta saberió
acesso dos pobres ao serviço de saúde,
ou
aindauma
melhora
na
coleta das informações.(6)Na
análisedo
nível de escolaridadeda
gestante infectadaem
SC
(fig
4),observamos que
a maioria das infectadas(49%)
possui primeiro grau (4-7 anos deestudo), enquanto
20%
possuem
segundo
grau (8-11 anos de estudo) e4%
tem
nível universitário.
Encontramos
ainda apenas1%
de analfabetos. Esses dados sãocompatíveis
com
o padrão nacional discutido anteriormente, caracterizando o acesso dos infectados as escolas e a informação disponível nos grandesmeios
de comunicação;mesmo
assimcontinuam
se infectando.Tratamos
dum
importante aspectoda
mudança
do
caráterda
epidemia aolongo dos anos ao analisarmos a
figura
5: categoria de exposição da gestanteinfectada. Já foi enfatizado o fato
da
crescente inserçãoda mulher no
cenárioda
AIDS,
principalmente atravésda
contaminação heterossexualem
relações estáveis nas quais o parceiro,comumente
omarido
é usuário de drogas injetáveisou
contamina-seem
relações extraconjugaishomo
ou
heterossexuaissem
proteção(2,9). Ressalta-se
também
o aspecto anatômicodo
corpo femininoque
facilita apenetração
do
vírus; a vagina é coberta pormucosa,
ricaem
vasos sanguíneos, oque
facilita a absorçãodo
virusnum
contato prolongadocom
osêmen
ejaculado.(4)Segundo dados da
Gerência deDST/AIDS
, utilizando oprograma
SINAN
(sistema nacional de notificação), o
número
de casos deAIDS
em
indivíduoscom
13 anosou mais
de idade,do
sexo feminino, contaminadas através de exposição heterossexualem
SC
entre1984
e2000
foi de1738
mulheres, caracterizando71%
do
total, enquanto518 foram
contaminadas atravésdo
uso de drogas injetáveis(20%).
As
gestantes infectadasno
estado de Santa Catarinano
período estudado17
contágio pelo vírus
HIV,
perfazendo90%
do
total. Oito gestantes(6%)
relataramser usuárias de drogas injetáveis e cinco gestantes
(4%)
referiram terem sidosubmetidas a transfusões sanguíneas.
Assim
é imprescindível o incentivo e adistribuição de preservativos, a
adoção do
sexo seguro, inclusive entre mulherescasadas cujos parceiros
não
são fiéisou
usam
drogas injetáveis, enfrentando-se aíuma
séria dificuldade psicossocial cuja discussão fogedo
objetivo desse trabalho.Através
da
figura
6 é possível observar aépoca
em
que
essas mulheres procuraram o auxílio pré-natal.Das
137 mulheres objetos de pesquisa,49%
iniciaram o pré-natalno
primeiro trimestre de gestação,44%
no segundo
trimestre e ainda10%
receberam
o primeiro auxílio pré-natalno
terceiro trimestre.Esses dados são importantes
na
medida
em
serão relacionadoscom
a idade gestacional de inícioda
profilaxiacom
AZT,
discutidosmais
adiante.De
qualquer maneira é importante perceberque
essesnúmeros
reforçam aidéia
duma
razoável população ignoranteem
relação a necessidade deum
acompanhamento
pré-natalbem
feito e iniciado o maisprecocemente
possível.Como
já foi citado anteriormente, é deverdo
médico
oferecer a toda gestanteo teste anti-HIV durante a primeira consulta pré-natal realizada
com
aconselhamento pré e pós teste, independente
da
situação de riscoda mulher
para infecção peloHIV.
O
teste deve ser voluntário e confidencial..A
solicitaçãodo
teste anti-HIV apenas para gestantes quepossuem
fatores derisco é desaconselhável pois falha
na
identificação deum
considerávelnúmero
desoropositivas.
O
diagnóstico precocena
gestante é essencial pois optimiza seutratamento clínico e psicológico, reduz a transmissão vertical e diminui
o
risco de transmissão horizontal para parceiros sexuais (10).Em
nosso país, a transmissão vertical é responsável por cerca de90%
dos casos notificados deAIDS
em
menores
de 13 anos. Estima-se que 15 a30%
das18
crianças nascidas de
mães
soropositivasadquirem
o vírusna
gestação durante o trabalho de partoou
pormeio
da amamentação.(l 1)Em
1994, os resultadosdo
Protocolo076 do
Aids Clinical TrialGroups
comprovaram
que
o usodo
AZT
pelamulher
durante a gestação, trabalho de partoe parto, e pelo recém-nascido
pode
reduzir a transmissão verticaldo
HIV em
cercade
70%.
Em
1998,um
estudo realizadona
Tailândiademonstrou que
o uso deum
regime
de tratamento de curta duração deAZT
oral, iniciadona
36°semana
degestação e mantido durante o trabalho de parto,
sem
a administração deAZT
para o recém-nascido, ecom
substituiçãodo
aleitamentomatemo,
foi capaz de reduzir, aproximadamente,50%
a taxa de transmissão(11).i
A
época
em
que
o diagnóstico laboratorialdo
HIV
foi estabelecido nessasgestantes catarinenses
pode
ser observadona
figura
7.Constatamos que 89
gestantes(65%) receberam
o diagnóstico laboratorialdo
HIV
durante a realizaçãodo
pré-natal eque
surpreendentemente45
gestantes(33%)
játinham
o diagnóstico antesdo
pré-natal. Essedado
chama
a atenção poisdeduz-se que a
maior
parte dessas45
mulheres jápossuíam
diagnóstico antes de engravidarem. Se porum
lado constata-se a eficiênciada
triagemno
pré-natal,que
identificou a
maior
parte dos casos, por outro lado as mulheres infectadasanteriormente
mostram
que não
sónão
utilizamo
preservativo afim
de resguardar seus parceiros,como
também
não
possuem
nenhuma
orientação anticoncepcional.Aqui
parece essencial enfatizar a dificuldadena
escolha deum
método
anticoncepcional único e
eficaz
visto a interelaçãoem
prevenir a transmissãovertical e
também
evitar a contaminaçãodo
parceiro. Estudostêm
demonstrado
que
as mulheres
HIV
positivasque
usam
um
método
anticoncepcional sãomenos
propensas ao usodo
preservativo(l2).Por
outro lado, o preservativo(método
de19
barreira) que é seguro para prevenir a transmissão se usado corretamente,
não
semostra tão eficaz para evitar gestações indesejadas quanto outros
métodos
anticoncepcionais.
Essa
questão ainda é controversa.Em
estudo realizado pela Universidade Estadual deCampinas,
que avaliou asmudanças
do comportamento
sexualem
140 mulheres soropositivas, encontrou-seum
nítidoaumento na
prevalênciado
uso de anticoncepcionais,além
duma
diminuição
do
número
de parceiros e de relações sexuais,porém
30%
das mulherespermaneceram
sem
usarnenhum
método
anticoncepcional. Descobriu-setambém
que
metade
dos parceiros das mulheres soropositivas fazia uso consistentedo
preservativo,
porém
uma
grande parcelapermaneceu
sem
nunca
usa-los(9).Assim, o
que
parece maispremente
em
nossomeio
é que essas mulheresinfectadas sejam orientadas claramente quanto aos riscos e a necessidade de evitar
a gestação, e estimuladas ao uso
do
preservativo e práticas sexuais seguras.São recomendações do
Ministério daSaúde
o oferecimentodo
AZT
oral atoda gestante infectada pelo
HIV,
independenteda
carga viral, nível deCD4
ou
estado clínico,
devendo
o tratamento ser iniciadoem
qualquermomento,
a partir da14°
semana
de gestação até o parto.Na
figura 8observamos que
90%
das 137 gestantes realizaram a profilaxiacom
AZT
e afigura
9 nos mostraque
das 123 mulheres,16%
iniciou a profilaxiano
primeiro trimestre,22%
realizaram a profilaxiano
terceiro trimestre.Aqui percebemos
claramente que as mulheres infectadas antesdo
pré-natal(33%) não
estão se tratando adequadamente, pois apenas6%
já utilizavamretrovirais.
É
sabidoque
a utilizaçãodo
coquetel antiviral retarda o aparecimentoda
AIDS
e reduz amorbidade
das infecções oportunistas.Percebemos
ainda,que
alguns profissionais médicos,no
ímpeto de iniciarem20
iniciar a profilaxia a partir
da
14°semana
para minimizar o risco de efeitosteratogênicos.
Na
figura 10 são relatadas as 14 mulheres quenão
realizaram profilaxia.Desses
14 casos, 3(21%)
deveram-se a atrasono
resultadodo exame,
refletindo aítalvez
uma
parcela cujo pré-natal foi iniciado muito tardiamente; outras 3(21%)
gestantes infectadas se recusaram a receber o
AZT
devido motivos culturais ereligiosos.
Percebemos
que a maioria das gestantes recebeu a profilaxia (90%), iniciadana época
maisadequada
(60%
no segundo
trimestre)ou
não; e quehouve
apenasum
casoem
que
oAZT
não
foi oferecido a gestante. Isso reflete os esforçosdo
poder
público eda
comunidade
científicano combate
sem
tréguas a disseminaçãodo
HIV, mas
que
têm
um
longocaminho
a trilhar, e cuja barreiramais
alta é a faltade
conhecimento
e educaçãoda
populaçãoda
necessidadeda
prevençãocomo
alternativa ideal, e
da
utilidadedo
tratamento precocecomo
propiciadorduma
maior
sobrevida emenor
mortalidade.É
vital perceber neste trabalho a importância de pesquisas nessa área;esperamos
que demodo
algum
encerre o assunto,mas
ao contrário, sirva desubsídio a estudos subsequentes,
que
venham
aprofundar diversos aspectos aqui abordados.CONCLUSÃO
Através deste estudo é possível perceber
que
o perfilda
população gestanteHIV
positiva deSC
é deuma
jovem
entre 20 e29
anos de idade, cor branca, que possui de 4 a 7 anos de estudo completos, emora
nas grandes cidadesdo
estado,embora
a epidemia existaem
todo o estado. Para teruma
idéia mais precisada
distribuição geográfica das mulheres infectadas
no
estado é necessário o registro detodas as regiões
do
estado. Percebe-se que as mulheres secontaminam
em
sua maioria através de relações sexuaissem
preservativo e que muitas delasengravidam
mesmo
após saberem-se soropositivas. Outro fatorque
chama
aatenção é que ainda existe
demora
na
procurado
atendimento pré-natal por parte dealgumas
mulheres.Por outro lado, o teste pré-natal
tem
detectado muitas gestantes infectadascom
oHIV
e tem-se iniciado o tratamento profiláticosempre
e omelhor
possível. Para finalizar,nunca
é demais ressaltar o papel da sociedadecomo
um
conjtmto trabalhando para o controle
da
epidemia atravésda
medida
mais viável: ainformação. Seja o profissional de saúde
dando
explicações e aconselhamento, sejaa mídia através de
campanhas
contínuas, sejam os orgãos públicos atravésda
destinação de recursos
humanos
e financeiros.Em
tempos da
AIDS
é preciso usar o preservativo e convencer as pessoasda
importância disso.Só
a educação e o consequente autoconhecimentofazem
um
povo
saudável e feliz.É
a buscada
felicidade a única razão de todo serhumano,
enão
é possivel alcançá-la sozinho.REFERÊNCIAS
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[Tese de Doutorado]. Florianópolis: Universidade Federal de SantaRESUMO
Este trabalho estuda o perfil epidemiológico e fatores associados ao pre'-natal
da gestante
HIV
positivano
estado de Santa Catarina, analisandodados
como
município de residência, idade, raça, escolaridade, idade gestacional
da
primeiraconsulta, categoria de exposição,
época
do
diagnóstico laboratorialdo
HIV
eépoca
do
início da profilaxiacom
'AZT.Foram
utilizados dados colhidos através dasF
ichas de Investigação de GestanteHIV
Positiva e
Criança Exposta que foram
implantadas a partirdo ano 2000
pelo Ministério da Saúde.Foram
137 gestantes soropositivas notificadas entre julho de2000
emaio
de 2001. Caracteriza-se que amaior
parte das gestantes éjovem
(20-29
anos), branca (74%),possuem
entre 4 e 7 anos de estudo completos. Concentra-se nas maiores cidades
do
estado, exibindo o caráter metropolitanoda
infecção.Sem
dúvida a transmissão sexual é a responsável pela maioridade dos casos (90%).A
gestanteHIV
inicia seu pré-natal geralmenteno
primeiro trimestre (49%),porém
uma
parcela substancial ainda realiza a primeira consulta tardiamente.A
maior
parte dessas gestantes obteve o diagnóstico laboratorial
do
HIV
durante o pré-natal,
porém
é alarmante onúmero
de casos de gestações presumivelmenteocorridas após o diagnóstico.
Das
137 gestantes infectadas,90%
realizaram profilaxiacom
AZT,
na maior
parte das vezes iniciada durante osegundo
trimestre de gestação.SUMMARY
The
presentwork
studies the epidemiologic profileand
associated factors with pre-birth following ofHIV
infected pregnants in Santa Catarinaby
analising the residence city, age, raceand
schoolarity data, as well as, gestacionalweek
offirst pre-birth visit,
way
of contamination, periodof
laboratory diagnosisand
beginning period
of
AZT
profilaxis.These
datawere
obtained ofHIV
InfectedPregnant
and Exposed
Child lnvesíigacion File,which were
distributedby
BrazilWealth
Ministery since 2000. Therewere
137HIV
infected pregnantwomen
notified
from
july of2000
tomay
of 2001.The
majority beingyoung
(20-29 yearsold), white (74%),
and
having 4 to 7 yars of study.They
are living in the biggestcities, exhibiting the metropolitan aspect of the disease. There's
no
doubt thesexual transmission is responsible for
most
of cases (90%).The
pregnantHIV
infected
women
usually begins the pre-birth following at first trimonth, but asignificant
number
still beginning too late.The
most
of thiswomen
received thelaboratory diagnosis of
HIV
during the pre-birth following, altoughmany
women
problably got pregnant after theHIV
diagnosis.Of
all 137 pregnantHIV
infectedwomen,
90%
have
done
profilaxy withAZT,
themost of
this at the second trimonth.›"' fim Munícímo de 2 DÉ3 da flilílfiifl
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DE
WVESTIGAÇÃO GESTANTES
HIV +E
CRIANÇAS
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1 - Antes do pré-natal 2 -Durante o pre-nan! 3 Durave ou apos o parto
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Azrz |_.¬, 1 zsamanals)
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Se não fez profilaxia, motivos:
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1 Atraso no resultado do teste anti-HIV É 1zzí.`:¿,.
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Recusa az gesrzmeOutros moovos ,
1 -Sim 2 - Não 9 - Ignorado
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1 \ Criança , I I away yqgnçq I L_L_›¢_._¿_,....z __. «_._-._. `1 UFIÚÍE de
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ata de nascimento v› Í1_§]Nomedacriança: IIIIIII.
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Aleitamento cruzado: _ _ _E
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I' *'4"ã°'°f=***Za“° 9“*g"°“**°
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1 - infectada 2 - não infectada 3 ~ Indeterminada 4 - perda de seguimento/Óbito I
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ÓÍIITO 1 - sim 2 - não 9 - ignorado '_ se 5¡'“f data d° Ôbm
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1 | I I I I I I I
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) __ _ __ ___ ~ I __4 . . _;
ama do Óbiro reiacionada à aids: 1 ‹ sim 2 - não 9 - ignorado
TSH Ê Õ J '_IÍ'J ""
i Resøonsávd peio preenchimento: 0391
-
“Então o
mundo
explodiuLançou
fogos
edons
pelos céusLançou
corpos ealmas
E
omundo
já não
é mais omesmo
Foi
novamente além
E
me
levou juntoSe
não posso
voarMeu
espírito pode, evoa
Se
não
morro
ele viveSe
morro
vivocom
eleNós
escrevemossem
canetasE
lemossem
livrosCada
ponto
écada
pedaço
E
cada pedaço
éum
fragmento
duma
dimensão
maior
quea
primeiraNessa concepção
nosmovemos
sem
caminhar
Rezando
pro que
somos
T
ranscendendo. ”TCC
UFSC
SP 0033
Ex.l
N-Ulflflh 'ILÇ Uhst; sr Uuóó
Autor: Lermen Junior, And
Título: Perfil epidemiológico da gestant
IIIIII III|¡|||IIW|I IIII IIIIU
972809630 AQ 254111 Ex.l UFSC BSCCSM