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Os efeitos da cibercultura na Educação

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(1)Revista de Educação. OS EFEITOS DA CIBERCULTURA NA EDUCAÇÃO. Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010. Priscila Voigt Stumpf Faculdade Anhanguera de São José priscila_stumpf@yahoo.com.br. RESUMO O presente artigo visa apresentar os benefícios e possibilidades que o uso das redes sociais desenvolvidas para Internet pode trazer quando utilizadas a favor do meio acadêmico, apresentando formas de utilização e maneiras de interatividade possíveis de serem criadas entre o docente e o aluno. Busca-se, ainda, apresentar as ferramentas mais atuais, traçando um paralelo ao que existia nos primórdios da informática e suas evoluções. Além dessas questões, o artigo visa servir como um alerta àqueles que fazem uso dessas ferramentas para contar os acontecimentos de seu dia a dia aos demais, expondo sua vida pessoal, sem maiores preocupações com relação às conseqüências que isto poderá trazer. O uso das redes sociais deve ocorrer de forma consciente e, sabendo utilizá-las, grandes são os resultados que se poderá obter. Palavras-Chave: educação; tecnologia; comunicação; internet; mídia social.. ABSTRACT This article was developed to present the benefits and possibilities that the use of Internet’s social media can bring when used to promote the academic, presenting how to use and ways of interactivity that is possible to be created between teacher and student. It still looks to present the most current tools, making a parallel to what exist in the present day of computing and its evolution. Beyond these issues, this article looks to serve as a warning to those who use these tools to tell the events of their day to day to all other users, exposing your personal life, with no worried about the consequences that this might bring. The use of social media should occur consciously and knowing that using them, we can have great results. Keywords: education; technology; communication; Internet; social media.. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original Recebido em: 27/10/2010 Avaliado em: 23/9/2011 Publicação: 15 de outubro de 2011. 59.

(2) 60. Os efeitos da cibercultura na Educação. 1.. INTRODUÇÃO Junto às evoluções relacionadas ao uso de computadores, surgem também novas formas de mídias, mais interativas, e que, além de criar novos hábitos, acompanham as evoluções de nossa sociedade, modos de agir, pensar, a velocidade de se adaptar ao novo, principalmente quando tratamos do jovem. Conforme Braga (2008, p.193): Fala-se de novos arranjos sociais nos quais as mídias têm lugar de destaque, fala-se em uma sociedade da informação. Mídias de vulto, até então dominantes, têm sido eclipsadas, envelhecidas; outras, revitalizadas, reinventadas pelas tecnologias de comunicação que se apresentam a proporcionar novas formas sociais de apreciação das mídias.. Principalmente no que se refere à Internet, a evolução acontece diariamente, a todo o momento e, como conseqüência, nossa forma de comunicar se transforma, criando novas maneiras de interação entre pessoas. Essas questões envolvem, e muito, o processo educativo, como pode ser visto nas palavras de Tonus (2008, p.229): Ao pensarmos no processo de educação, inevitavelmente, entra em jogo a comunicação, não somente porque vivemos em uma sociedade midiática, mas porque a educação depende da comunicação para se concretizar... Com o avanço cada vez mais rápido das tecnologias da informação e da comunicação (TIC), o docente precisa aprender a lidar com elas, tanto para seu aprimoramento, como no caso de cursos e conferências, entre outras atividades, quanto para empregá-las como ferramentas educativas, a partir da reflexão dos meios e de seus conteúdos.. Pensando nisso, fica ainda mais clara a necessidade de atualização constante do docente, para que possa trabalhar essas possibilidades em sala de aula e, ainda, auxiliar seus discentes em possíveis dúvidas que possam surgir em suas atividades diárias. Nos dias atuais, os alunos já nascem inseridos no mundo tecnológico e se adaptam com extrema rapidez a tudo que surge de novo. É preciso que na área acadêmica essa adaptação ocorra na mesma velocidade, para que possam aproveitar os benefícios da informática de forma plena. Murray (2003, p.17) descreve muito bem esta situação ao expor que: O nascimento de um novo meio de comunicação é ao mesmo tempo estimulante e assustador. Qualquer tecnologia industrial que estende dramaticamente nossas capacidades também nos torna inquietos por desafiar nosso conceito da própria humanidade.. Não podemos ter medo do novo, precisamos nos adaptar a ele e caminhar junto à evolução dos tempos, seja ela tecnológica, social ou de qualquer outra área. Nascemos sem saber nada, ou quase nada, mas nosso meio nos leva a desenvolver capacidades. O mundo está cada vez mais dinâmico, passamos do tempo onde era possível transmitir. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(3) Priscila Voigt Stumpf. 61. mensagens apenas através de uma folha de papel, e a tecnologia veio proporcionar maneiras cada vez mais dinâmicas para essa mesma função. É curioso verificar como filmes e desenhos animados estimulam os pensadores a desenvolver novas tecnologias. Há não muito tempo, ao nos deparamos com a animação “Os Jetsons”, presenciávamos situações até então irreais e distantes de nossa realidade. Hoje, temos casas totalmente automatizadas, controladas por computadores, podemos nos locomover rapidamente por meio de aviões a jato, além de diversas outras tecnologias que vieram facilitar nosso dia. Nos computadores também vemos esta gigantesca transformação, dos tempos onde eram apenas máquinas perfuradoras, passando pelos seus revolucionários monitores de tela verde, até chegarmos aos tempos atuais, com processadores cada vez mais rápidos, monitores com telas cada vez mais finas e com o advento da Internet, que a cada dia nos presenteia com novas possibilidades de comunicação. Inclusive em momentos em que nos deparamos com atividades narrativas nos moldes tradicionais, grandes são as possibilidades de transcrevermos o que foi tratado para mídias eletrônicas. Quando isto ocorre no meio educacional, criamos possibilidades de manter um registro dos mais variados assuntos tratados em sala de aula em mídias que podem ser consultadas a todo o momento.. 2.. O COMEÇO DE TUDO Para muitos, pode parecer que os recursos tecnológicos e todas as possibilidades que estas plataformas nos oferecem sejam algo recente, mas conforme Kenski (2007, p. 15), esses recursos fazem parte do dia a dia das pessoas há tempos. As tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana. Na verdade, foi a engenhosidade humana, em todos os tempos, que deu origem às mais diferenciadas tecnologias. O uso do raciocínio tem garantido ao homem um processo crescente de inovações. Os conhecimentos daí derivados, quando colocados em prática, dão origem a diferentes equipamentos, instrumentos, recursos, produtos, processos, ferramentas, enfim, a tecnologias.. Com o advento da informática, criaram-se possibilidades até então impensáveis no que diz respeito ao uso da comunicação em favor da educação. Hoje, não precisamos mais de uma televisão, um rádio, telefone e demais meios de comunicação individualmente, temos acesso a tudo isto em um único canal de comunicação e que vai além, pois permite grande interatividade de todas as partes envolvidas. Como citado por Lance e Woll (2006, p. 177): Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(4) 62. Os efeitos da cibercultura na Educação. Primeiro, era preciso lidar com o próprio site. Agora, é necessário lidar com a propaganda na Web. E os blogs e podcasts estão aí – os seus, os de seus concorrentes e os de consumidores. Agora, a tendência do momento são as comunidades. E quando este livro tiver sido publicado, é possível que haja novas variações com as quais você terá também de lidar.. As atualizações neste meio acontecem verdadeiramente de forma rápida e grandes já foram as evoluções desde o primeiro computador, que necessitava de uma imensa sala apenas para ele. Hoje, conseguimos guardar informações em quantidades absurdamente maiores ao que ocorria há cinco anos em pequenos chips ou drives e, se formos voltar ainda mais no tempo, era inimaginável o fato de termos estas mesmas possibilidades inclusive em pequenos telefones celulares. O mesmo tipo de evolução ocorre praticamente na mesma velocidade no que diz respeito aos meios de comunicação desenvolvidos para Internet, vemos diariamente novas formas de interagir socialmente e de forma cada vez mais elaborada. Passamos por transformações em que a única forma de comunicação através da Internet eram textos enviados por e-mails, praticamente nulos de recursos de editoração e efeitos. Hoje, continuamos a fazer o uso desta ferramenta, mas existem milhares de outras, que nos permitem fazer uso de imagens, animações, conversas por webcam, uso de microfones e mesmo utilizar recursos que fazem conexão com telefones móveis ou fixos, permitindo fazer ligações para qualquer lugar do mundo, com valores muito mais acessíveis. Ao analisarmos esta evolução, verificamos que o início da Internet vem de meados do século passado, quando ocorreu a Guerra Fria e se tornou necessário desenvolver mecanismos para trocas de informações a longas distâncias, sem que se perdessem as informações trocadas. A partir deste momento, novas propostas foram colocadas em prática, desenvolvendo-se a idéia de trabalhar em rede e diminuindo barreiras entre países para “trafegar” informação até alcançarmos os moldes atuais. Como exposto por Sampaio (2003, p. 302): A Internet é a maior revolução deste final e início de século e seu impacto em toda vida da humanidade está longe de ser adequadamente imaginado, tantas são as perspectivas possíveis e aquelas que nem mesmo temos condições de prever atualmente.. O início da era digital possibilitou maior acesso a estas ferramentas e fez emergir nas mentes criadoras um universo novo, repleto de informações e caminhos a serem seguidos, como relata Murray (2003, p. 41) seu livro Hamelet no Holodeck: O último quarto do século XX marca o inicio da era digital. A partir dos anos 70, os computadores tornaram-se mais baratos, rápidos, potentes e mais conectados uns aos outros, numa taxa exponencial de aperfeiçoamento, fundindo, em um único meio, tecnologias de comunicação e de representação antes dispares.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(5) Priscila Voigt Stumpf. 63. Nasce, desta forma, uma nova era, na qual não se necessita mais ir a Paris para conhecer o Museu do Louvre ou gastar fortunas em ligações para o exterior para falar com o amigo que hoje mora do outro lado do mundo e, mesmo a leitura de livros, sejam eles clássicos de nossa literatura ou que abordem textos mais técnicos, focados em nossa área de atuação, tudo isto pode ser feito através do uso de um computador conectado à Internet. Entendendo isso, Murray (2003, p. 41) vai além dos descritos de seu livro, mostrando-nos que “todas as principais formas de representação dos primeiros 5 mil anos da história humana já foram traduzidas para o formato digital”. Fato este fácil de ser verificado, ao analisarmos que nos dias atuais é possível acessar rádios das mais variadas partes do mundo, assistir programas, novelas e filmes que já foram transmitidos na televisão, ou mesmo obras completas exibidas no cinema. A Internet nos permite, ainda, fazer leituras de obras literárias por completo, ler os mais variados jornais e revistas e, mesmo, publicar artigos científicos em revistas virtuais. Com base nisso, as redes sociais podem ser utilizadas como ferramentas de divulgação desses canais, com links diretos para cada uma dessas possibilidades, fazendo um elo entre o que se expõe nas ferramentas interativas e demais tipos de mídias já inseridas na Internet. É possível, ainda, disponibilizar esses conteúdos para acesso direto nessas ferramentas, variando o tipo de material de acordo com as possibilidades de cada sistema. Algumas dessas redes disponibilizam recursos para inclusão de fotos, vídeos, documentos, fáceis de serem inseridos e, posteriormente, visualizados. São sistemas desenvolvidos com foco em seus usuários, que, mesmo com pouco conhecimento, seja de programação ou mesmo do uso da Internet, conseguem fazer uso dos benefícios oferecidos e manipular as informações de acordo com seus gostos e preferências e, ainda, relacionar-se com os demais usuários conectados através dos mesmos sistemas.. 3.. OS BENEFÍCIOS DAS REDES SOCIAIS PARA A EDUCAÇÃO O advento das novas tecnologias trouxe benefícios incalculáveis para as mais diversas áreas de atuação, inclusive para a educação, facilitando e agregando valores às atividades exercidas no dia a dia. Conforme colocado por Kenski (2007, p. 45):. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(6) 64. Os efeitos da cibercultura na Educação. As novas tecnologias de comunicação (TICs), sobretudo a televisão e o computador, movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do professor, a compreensão do aluno e o conteúdo veiculado. A imagem, o som e o movimento oferecem informações mais realistas em relação ao que está sendo ensinado. Quando bem utilizadas, provocam a alteração dos comportamentos de professores e alunos, levando-os ao melhor conhecimento e maior aprofundamento do conteúdo estudado.. As possibilidades de troca de mensagens e interações entre professor e aluno tornaram-se absurdamente maiores e, a cada momento, verificamos o surgimento de novas possibilidades de sistemas de redes sociais que permitem compartilhar informações. Segundo Tônus (2008, p. 231): Ao adotar uma metodologia de formação que envolva um mix de meios ou multimídia, espera-se possibilitar a aprendizagem a todos os discentes, independentemente de suas preferências e estilos de aprendizagem ou de suas habilidades.. Seja através do uso de Blogs, Twitter, Orkut, Flicker, Facebook ou demais sites focados no relacionamento entre pessoas, transmitir um material trabalhado em sala de aula ou mesmo complementar esse conteúdo com outros dados, hoje, pode ser realizado de maneira extremamente rápida e com respostas em tempo real por parte dos demais que interagem com determinado grupo, podendo limitar ou não os usuários que terão acesso a essas informações. As redes sociais são sistemas que permitem fazer uso e manipulação de divulgação de textos, imagens, áudio e vídeos e possibilitam àqueles que o acessam enviar mensagens e comentários, ou ainda, no caso da educação, permite que o professor esclareça dúvidas de seus alunos, mesmo fora do ambiente escolar, dando mais velocidade e dinamismo ao processo educativo. Os ambientes oferecidos pelas redes sociais possibilitam uma interação harmoniosa, com a participação de todos e permite ao docente perceber fatos que precisam ser melhorados ou re-trabalhados junto aos discentes, através das respostas e comentários obtidos por estes canais. Como destaca Tônus (2008, p. 245): É preciso buscar, no exercício do papel docente, novas maneiras de ensinar, com base nas interações que as TIC possibilitam... abrangendo, por exemplo, produtos da aprendizagem dos discentes; inovação tecnológica; formas e conseqüências da interação mediada pelas TIC, entre outros temas.. É preciso, como profissional da educação, aprender quebrar paradigmas e visualizar as novas possibilidades de transmissão do conhecimento, indo além das situações que nos prendem apenas no modo tradicional de levar informação. As. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(7) Priscila Voigt Stumpf. 65. tecnologias de informação chegam como aliadas no processo educativo e cabe ao docente saber explorar todas as suas vantagens. Esta situação é retratada por Palfrey e Gasser (2011, p. 269) ao expor a necessidade de retrabalhar a estrutura de ensino e aprendizagem. Aprender é muito diferente para os jovens de hoje do que era 30 anos atrás. A internet está mudando a maneira com que as crianças coletam e processam informações em todos os aspectos de suas vidas. Para os Nativos Digitais, “pesquisa”, muito provavelmente, significa uma busca no Google mais do que uma ida até a biblioteca. É mais provável que eles chequem as coisas com a comunidade da Wikipédia ou recorra a um amigo online antes de pedir ajuda a um bibliotecário de referência.. As redes sociais, ao criarem maior diversidade de interações, fazem-nos perceber que são múltiplas as possibilidades de relacionamento, como explica Recuero (2009, p. 35): [...] a interação mediada pelo computador é também geradora e mantenedora de relações complexas e de tipos de valores que constroem e mantêm as redes sociais na Internet. Mas mais do que isso, a interação mediada pelo computador é geradora de relações sociais que, por sua vez, vão gerar laços sociais.. Com essa visão, é possível perceber que o uso das redes sociais e seus mais variados recursos de interação são capazes de aproximar as pessoas envolvidas no processo, criando, a partir daí, outras formas de relacionamento e aproximando o professor do aluno. Embora muitas pessoas ainda resistam a esse fenômeno e evitem o uso destes recursos em prol da educação, na crença de que o uso de computadores para mediar relações se trate de um sistema frio e distante, o que temos visto nos mostra exatamente o contrário, em que se percebe que é possível criar laços que aproximam os envolvidos e multiplicam-se as formas de comunicação e as ferramentas disponíveis no processo de educação. Nos primórdios dos sistemas educacionais, contávamos apenas com a fala do professor e livros de apoio, ou seja, ao finalizar aquele período em sala de aula, não havia espaço ou recursos, para outros tipos de interação que pudessem beneficiar o aprendizado; hoje, deparamo-nos com salas de aula equipadas, com computadores ligados à Internet, lousas interativas, sistemas de áudio e vídeo, que ajudam a enriquecer o dia a dia no ambiente escolar e , como se não bastasse, o aluno, ao retornar para sua residência ou mesmo em seu ambiente de trabalho possui mecanismos suficientes para dar continuidade aos seus estudos em suas horas livres. Isto nos leva a crer que o uso dessas ferramentas é muito positivo no ambiente escolar e que fazer uso desses meios nos leva a ambientes que vão além dos momentos presenciais entre professor e alunos, criando relações de troca ilimitadas e, em muitos casos, em tempo real, sem, necessariamente, criar um distanciamento nas relações entre o. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(8) 66. Os efeitos da cibercultura na Educação. docente e o discente. Cabe ao professor responsável por essas interações saber aproveitar todo esse diferencial em prol da educação.. 4.. O USO DAS REDES SOCIAIS EM EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA É visível o crescimento do número de instituições que oferecem a possibilidade de realizar um curso à distância. Para tanto, as opções se tornam a cada vez mais diversificadas, podendo-se optar por cursos de graduação, pós-graduação, cursos de extensão e aperfeiçoamento. Esse tipo de ensino tornou real, àqueles que não possuíam tempo hábil para realizar um curso presencial, a possibilidade de conquistar um diploma ou, ainda, realizar um curso em instituições situadas em outras cidades, sem que haja deslocamento para isto. As barreiras foram quebradas inclusive a níveis internacionais, como destacado por Moraes (2010, p. 53): A internacionalização parece uma tendência natural da EaD, desde seu nascimento e pela sua própria definição. Afinal, como dizem alguns de seus entusiastas, ela é uma oportunidade de eliminar distâncias na educação e, por extensão, desfazer fronteiras.. Pensando nisso, e conhecendo as ferramentas de redes sociais, é possível, mesmo que virtualmente, tornar o convívio entre as pessoas que optam por esses cursos mais próximos, permitindo que possam dialogar e trocar informações entre si. As ações em cursos à distância se tornam individuais e impessoais, devido ao sistema de aplicação utilizado, mas existem maneiras de driblar tais obstáculos, criando debates, reuniões, troca de informações e diversas outras atividades, nas quais todos os envolvidos, sejam alunos, tutores e coordenadores, possam participar. É preciso saber aproveitar todo tipo de tecnologia com a qual as pessoas se deparam no decorrer do dia, adaptando a forma de ensinar, de forma a engrandecer o conteúdo aplicado em aula, neste caso, não apenas ferramentas da Internet, mas também demais formatos de mídia, como colocado por Kenski (2007, p. 85): Desde que as tecnologias de comunicação e informação começaram a se expandir pela sociedade, aconteceram muitas mudanças nas maneiras de ensinar e aprender. Independentemente do uso mais ou menos intensivo de equipamentos midiáticos nas salas de aula, professores e alunos têm contato durante todo o dia com as mais diversas mídias. Guardam em suas memórias informações e vivências que foram incorporadas das interações com filmes, programas de rádio e televisão, atividades em computadores e na Internet. Informações que se tornam referências, ideias que são capturadas e servem de âncora para novas descobertas e aprendizagens, que vão acontecer de modo mais sistemático nas escolas, nas salas de aula.. Esses fatores engrandecem o curso e agregam valores, tornando possível criar novas visões a respeito dos assuntos discutidos.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(9) Priscila Voigt Stumpf. 67. Para tanto, é possível optar por redes sociais inseridas no próprio sistema de ensino à distância, como criar links para outros sistemas. Cabe, nesse caso, ter uma pessoa responsável pelo gerenciamento das informações que estão sendo trocadas e que possa controlar esse conteúdo. Porém, a partir do uso das redes sociais, fica mais fácil organizar reuniões e encontros que possam aproximar as pessoas.. 5.. CUIDADOS NA REDE As redes sociais surgiram como excelentes ferramentas de comunicação, que podem ser utilizadas para os mais variados propósitos, seja para uso pessoal, para criar interação entre alunos e professores no meio acadêmico, ou mesmo para divulgar a marca ou os produtos e serviços de um empresa. Mas é preciso lembrar que é alto e crescente o número de pessoas que possuem acessos às informações publicadas nesses meios e que podemos nos deparar com pessoas de má índole, interessadas em fazer uso errôneo com as mensagens postadas e que podem trazer grandes problemas para os responsáveis por determinada rede social. Conforme colocado por Palfrey e Gasser (2011, p.102) “O desafio é garantir que os jovens tenham as habilidades e as ferramentas necessárias para navegar nos ambientes novos e híbridos de tal forma que se mantenham seguros, tanto online quanto offline”. É preciso saber controlar e filtrar todo tipo de informação a ser redigida e inserida nesses canais e, quando possível, determinar o público que terá acesso aos dados publicados. É sabido que muitas vezes o jovem acessará informações sem o acompanhamento de um adulto, sendo necessário protegê-los em momentos online assim como fazemos nos momentos offline. Cabe ainda, ao profissional da área acadêmica, procurar orientar seus alunos no que diz respeito ao uso consciente de qualquer uma dessas mídias sociais, quando este opta por fazer uso de uma ou várias delas junto aos seus alunos. Palfrey e Gasser (2011, p. 119) destacam a importância da instituição de ensino neste processo ao salientar que: Professores e diretores também precisam se adiantar naquilo que ensinam aos Nativos Digitais sobre o corajoso novo mundo em que todos vivemos. As escolas de todos os níveis variam na maneira como transmitem aos alunos as informações e as habilidades relacionadas à segurança digital. Há milhares de maneiras padagogicamente legítimas de realizar este trabalho.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(10) 68. Os efeitos da cibercultura na Educação. Este tipo de auxílio pode ser prestado no que diz respeito a possíveis erros gramaticais e de escrita, e salientar aos discentes da importância do respeito na troca de mensagens, para que ocorra de forma a não agredir verbalmente os demais alunos e docentes em geral. Vivenciamos uma era em que o “internetês” está cada vez mais inserido no mundo dos jovens, com palavras em que “cadê” vira um simples “kd” ou como a palavra “você” se torna um ”vc”. É preciso esclarecer isso aos discentes, para que haja cautela no uso de tais termos, principalmente quando as mensagens trocadas sejam de cunho mais profissional, em casos de textos formais e, mesmo nas mensagens informais, evitar que se usem apenas abreviações para que não se torne um vício de linguagem. Sodré (2006, p. 85) nos remete à importância de entender as formas de troca de mensagens, criando-se novas linguagens, novos repertórios, inclusive na leitura de imagens expostas através do uso destas novas técnicas de comunicação ao colocar o seguinte pensamento: [...] de uma forma organizativa baseada em tecnologia da informação avançada, com um mesmo tipo de pressão sintática – a forma global da mídia eletrônica –, as imagens evocam umas às outras por associação, combinam-se e reproduzem-se à maneira de um vírus, permeando e oferecendo novos repertórios culturais ou “vocabulários” (lineares e analógicos) para hábitos, percepções, sensações e práticas sociais.. É preciso ser claro nas informações inseridas nos sistemas e cauteloso no que diz respeito às imagens expostas em redes sociais ou qualquer outra forma de sistema que permita interação, para que os demais usuários que possuam acesso a essas informações possam ler e compreender sem que haja distorções e evitar que, mesmo criando-se novos vocabulários, se perca a beleza de nossa língua, utilizando colocações formais no momento em que se devem utilizar textos formais e colocações informais quando a interlocução solicitar, porém, com o uso correto da língua, deixando os neologismos apenas em momentos que propiciem o uso de outros vocabulários. É válido salientar, principalmente ao tratarmos de alunos que cursam o ensino superior, que muitas empresas buscam o perfil de candidatos a vaga de trabalho nestas redes sociais para analisá-los e que alguns temas podem prejudicá-los em uma situação deste tipo.. 6.. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao concluir este artigo, é possível verificar que temos muitas possibilidades ainda inexploradas com o uso das redes sociais e demais recursos disponíveis na Internet e que. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(11) Priscila Voigt Stumpf. 69. beneficiariam diversos projetos nas áreas da educação, agregando ferramentas e melhorando as formas de interação entre o professor e o aluno. O uso do computador e ,mais tarde, da Internet, criou um mundo novo, cheio de possibilidades e que trouxeram praticidade ao nosso dia a dia, ao reunir em um só lugar os mais diversos tipos de mídias e formas de comunicação e interação entre as pessoas com acesso à Internet. É possível perceber, ainda, que esse tipo de ferramenta nos permite criar diversos outros caminhos para trocas de informações, como ocorreu com as redes sociais, e que com o uso delas, informações podem ser trocadas de maneira mais rápida, permitindo criar canais para solucionar dúvidas de alunos em relação ao conteúdo estudado em aula, mesmo não estando no ambiente de estudos, entre diversas outras particularidades que envolvam o meio escolar ou mesmo possibilitar a visualização de novos materiais que buscam enriquecer as informações anteriormente trabalhadas. No decorrer do artigo, foi possível perceber que as formas de comunicação a que temos acesso na atualidade se tornam cada vez mais dinâmicas, mas que, se usadas de maneira errada, podem ser prejudiciais, o que exige utilizá-las com certa cautela e saber alertar os alunos no que diz respeito ao assunto, para que não prejudiquem a si mesmos ou aos outros. De toda forma, os benefícios são visivelmente maiores que essas hipóteses.. AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos especiais ao Thiago, por estar sempre ao meu lado, dando força e incentivando em todas as minhas ações, aos meus pais, Moises e Neide, e irmãos, Vanessa e Mario Henrique, por toda compreensão e carinho, e aos amigos, que estiveram sempre presentes.. REFERÊNCIAS BECHARA, Evanildo. O que muda com o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008, 79 p. BORDENAVE, Juan Enrique Díaz; PEREIRA, Adair Martins. Estratégias de ensino e aprendizagem. 26 ed. Petrópolis: Vozes. 2005. 320 p. KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. Campinas: Papirus, 2007. 144 p. LANCE, Steve; WOLL, Jeff. O livro azul da propaganda: 52 idéias que podem fazer uma grande diferença. Rio de Janeiro: Campus / Elsevier, 2006, 233 p. MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação: como extensões do homem. 14.ed. São Paulo: Cultrix, 2005. 407 p.. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

(12) 70. Os efeitos da cibercultura na Educação. MENDES, Maria Izabel Porazza. A Terra sob medida: aplicações e reflexões sobre o uso da História da Ciência em ambientes virtuais de aprendizagem. 2006. 184 f. Dissertação (Doutorado em Ensino e História de Ciências da Terra) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006. MESQUITA, Rafael Barreto de, et al . Análise de redes sociais informais: aplicação na realidade da escola inclusiva. Interface, Botucatu, v. 12, n. 26, 2008. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141432832008000300008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 ago. 2010. MORAES, Reginaldo C. Educação a distância: introdução didática a um tema polêmico. São Paulo: SENAC, 2010, 120p. MURRAY, Janet H. Hamelet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. Tradução: Elissa Khoury Daher, Marcelo Fernandez Cuzziol. São Paulo: Itaú Cultural: UNESP, 2003. 282 p. PALFREY, John; GASSER, Urs. Nascidos na era digital: entendendo a primeira geração de nativos digitais. Tradução: Magda França Lopes; Revisão técnica: Paulo Gileno Cysneiros. Porto Alegre: Artmed, 2011. 352 p. PRETTO, Nelson; PINTO, Cláudio da Costa. Tecnologias e novas educações. Revista brasileira de educação, Rio de Janeiro, v. 11, n. 31, 2006. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141324782006000100003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 08 ago. 2010. PRIMO, Alex; BRAGA, Adriana; TONUS, Mirna et al. Comunicação e interações. Porto Alegre: Sulina, 2008. 264 p. RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. 191 p. SAMPAIO, Rafael. Propaganda de A a Z. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. 390 p. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22.ed. rev. ampl. São Paulo: Cortez, 2002. 333p. SODRÉ, Muniz. As estratégias sensíveis: afeto, mídia e política. Petrópolis: Vozes: 2003. 230 p. Priscila Voigt Stumpf Pós-graduação em Didática e Metodologia do Ensino Superior, pela Anhanguera Educacional. Pós-graduação em Comunicação Empresarial pela Universidade do Vale do Paraíba (2006), graduação em Publicidade e Propaganda pela Universidade do Vale do Paraíba (2003).. Revista de Educação • Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 • p. 59-70.

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