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Comparação entre o fator de reflectância bidirecional de um dossel de mudas de Eucalyptus grandis e o fator de reflectância direcional hemisférico de suas folhas isoladas

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COMPARAÇÃO ENTRE O FATOR DE REFLECTÂNCIA BIDIRECIONAL

DE UM DOSSEL DE MUDAS DE Eucalyptus grandis E O FATOR

DE REFLECTÂNCIA DIRECIONAL HEMISFÉRICO DE SUAS

FOLHAS ISOLADAS

Flávio Jorge Ponzoni1 ,Alessandra Rodrigues Gomes1, Francisco Dario Maldonado1, Hiromi Suzana Yamasaki Sassagawa1, Izaya Numata1, Luciana Spinelli de Araújo1

RESUMO: Medidas radiométricas foram realizadas em um dossel de mudas de Eucalyptus grandis e

em folhas isoladas, extraídas desse mesmo dossel, considerando três estágios de desenvolvimento: fo-lhas maduras, intermediárias e novas. Do dossel foram determinados Fatores de Reflectância Bidire-cional (FRB) em diferentes horários do dia (08:00 até 15:00h, com intervalos de 1 hora) e das folhas foram determinados os Fatores de Reflectância Direcional Hemisféricos (FRDH) das faces ventrais. Foi aplicada a Análise de Variância (ANOVA) para comparar os valores de FRB e FRDH nos diferen-tes horários para avaliar a influência da geometria de iluminação nas relações entre esdiferen-tes dois parâme-tros em regiões espectrais específicas, definidas então por: Banda 1 (450 a 520 nm), Banda 2 (520 a 600 nm), Banda 3 (630 a 690 nm) e Banda 4 (760 a 900 nm). Os resultados indicaram que, para as ca-racterísticas estruturais do dossel em questão, a geometria de iluminação não exerceu influência nas relações entre FRB e FRDH em todas as bandas espectrais consideradas. Os valores de FRDH prove-nientes das folhas novas apresentaram maior semelhança com os FRBs do dossel na região do visível, independentemente dos horários de coleta de dados, indicando ter sido essa porção do dossel a melhor iluminada. Na região do infravermelho, devido ao espalhamento múltiplo da radiação eletromagnética, não foram identificadas semelhanças entre FRB e FRDH em todos horários.

Palavras-chave: radiometria da vegetação, comportamento espectral da vegetação

COMPARISON BETWEEN THE BIDIRECTIONAL REFLECTANCE

FACTOR OF A Eucalyptus grandis SEEDLING CANOPY AND THE

HEMISPHERICAL DIRECTIONAL REFLECTANCE FACTOR OF ITS

DETACHED LEAVES

ABSTRACT: Radimetric measurements were performed on an Eucalyptus grandis seedling canopy and in detached leaves from that canopy, considering three growing stages: old, intermediate and young leaves. From the canopy it was determined the Bidirectional Reflectance Factors (FRB) in different times of the day (from 08:00 am to 3:00 pm, in 1 by 1 hour) and from the up size of the leaves it was determined the Hemispherical Directional Reflectance Factors (FRDH). ANOVAs statistical procedure was applied in order to compare FRB and FRDH in all collecting times to evaluate the illumination geometry influence in both parameters relationship in specific spectral regions: Band 1

1 Divisão de Sensoriamento Remoto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Avenida dos Astronautas,1758;

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(450 a 520 nm), Band 2 (520 a 600 nm), Band 3 (630 a 690 nm) and Band 4 (760 a 900 nm). The results showed that for that specific canopy (structural characteristics) the illumination geometry did not influence the relationship between FRB and FRDH in all bands and different time of day. The FRDH from the younger leaves were frequentely similar to the FRB in the visible region, independently of the time of the day, which indicated that the superior portion of the canopy was better illuminated. In the near infrared, due the multiple scattering, it was not identified any similarity between FRB and FRDH along the time.

Key words: Vegetation radiometry, vegetation spectral behaviour 1. INTRODUÇÃO

A busca do conhecimento do processo de interação entre a radiação eletromagnética e a vegetação tem sido motivada principalmente pela necessidade de se correlacionar os padrões ou mesmo dados radiométricos presentes em ima-gens orbitais, com parâmetros relevantes (de in-teresse) da vegetação. Colwell (1974) comentou que os primeiros esforços nesse sentido apresen-taram resultados anômalos ou contraditórios e atribuiu esse fato à não consideração das verdadeiras relações de causa e efeito envolvidas nesse processo de interação.

A predição e a compreensão da aparência assumida por um dossel vegetal ou de um dado radiométrico proveniente desse mesmo dossel, presentes em uma imagem orbital, não podem ser feitas única e exclusivamente tomando-se como base a reflectância espectral de alguns e-lementos da vegetação (folhas, flores, galhos, troncos, frutos, etc.). As geometrias de ilumina-ção e visada (parâmetros geométricos que carac-terizam a bidirecionalidade da radiância medida pelos sensores remotamente situados), a densi-dade destes elementos da vegetação (muitas ve-zes expressa pelo Índice de Área Foliar - IAF), suas orientações espaciais e as características es-pectrais do solo no qual a vegetação se desen-volve são outros fatores que exercem influência sobre a reflectância espectral da vegetação. Ape-sar disso, é inegável que as propriedades espec-trais das folhas que constituem um dossel são os fatores mais influentes na sua reflectância, por ser a folha o principal elemento da planta sob

ponto de vista da interação da Radiação Eletro-magnética (REM) com a vegetação.

Goel (1988) mencionou que a caracteri-zação espectral de folhas isoladas tem sido reali-zada fundamentalmente em laboratórios, com fontes de iluminação posicionadas próximo da vertical (normal à superfície de uma das faces da folha), ou utilizando ainda esferas integradoras que permitem a determinação de fatores de re-flectância e/ou transmitância direcional hemisfé-ricos (a fonte é colimada, mas a incidência da REM sobre o sensor se dá de forma difusa) das faces ventral ou dorsal das folhas. Os objetivos dessas caracterizações incluem estudos de fitos-sanidade (Ponzoni, 1996), de deficiências mine-rais (Ponzoni & Gonçalves, 1997), de identifica-ção taxonômica etc. Os parâmetros utilizados nessas caracterizações têm sido considerados como parâmetros de entrada dos chamados Mo-delos de Reflectância da Vegetação que visam prever valores de reflectância do dossel mediante o conhecimento de parâmetros geométricos, bio-físicos e espectrais dos elementos da vegetação e do solo (Ponzoni, 1993).

Ponzoni (1993), estudando o modelo

Scattering by Arbitrarily Inclined Leaves

(SAIL), concluiu ser este modelo muito sensível às variações das propriedades espectrais das fo-lhas, subestimando a influência dos demais pa-râmetros sobre a reflectância da vegetação. Ma-jor et al. (1992) avaliaram a sensibilidade deste modelo SAIL e concluíram que as simulações da reflectância de um dossel foram sensíveis às va-riações da reflectância e da transmitância dire-cional hemisféricas das folhas e que os efeitos dos demais parâmetros foram coerentes, mas não

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tão evidentes quanto esperado. Estes resultados comprovam um certo desconhecimento sobre a real participação das propriedades espectrais das folhas sobre a reflectância espectral dos dosséis dos quais estas fazem parte, sobretudo quando consideram-se variações nas geometrias de ilu-minação e visada.

O objetivo deste trabalho foi comparar valores de Fatores de Reflectância Bidirecional (FRB) de um dossel constituído por mudas de

Eucalyptus grandis com valores de Fatores de

Reflectância Direcional Hemisférica (FRDH) de folhas extraídas destes mesmos dosséis em três diferentes estágios de desenvolvimento (madu-ras, intermediárias e novas) que se posicionavam em três diferentes níveis de profundidade no dossel (inferior, intermediário e superior, respec-tivamente), ao longo de diferentes horários do dia para avaliar, ainda, a influência da geometria de iluminação sobre as relações de FRB e FRDH.

2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Medidas radiométricas sobre o dossel

Foi elaborado um dossel nas dependên-cias do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/São José dos Campos, SP) composto por 576 mudas de Eucalyptus grandis, com aproxi-madamente 35 cm de altura cada uma, mantidas em tubetes, distanciadas entre si em aproxima-damente 5 cm, dispostas em seis bandejas de po-lietileno preto, as quais foram arranjadas no ter-reno procurando manter a orientação das fileiras das mudas segundo a direção leste-oeste. As di-mensões aproximadas deste dossel no terreno foi de 2,0m x 0,8m.

Foram realizadas medições radiométricas sobre o dossel em oito diferentes horários do dia 25.06.97, iniciando às 08:00 horas, com interva-los regulares de uma hora entre as baterias de medidas. Assim, foram realizadas baterias de medidas às 8:00, 9:00, 10:00, 11:00, 12:00, 13:00, 14:00 e 15:00 horas. Essas medições fo-ram realizadas utilizando o espectroradiômetro

GER 2100, atuando de 400 a 2.500 nm. O obje-tivo desse procedimento foi avaliar o efeito das diferentes geometrias de iluminação sobre a comparação entre os valores de Fatores de Re-flectância Bidirecional (FRB) provenientes do dossel e os Fatores de Reflectância Direcional Hemisféricos (FRDH) provenientes das folhas que os compunham. O espectroradiômetro era mantido sobre o dossel, apontado verticalmente para baixo a aproximadamente 1,5 m acima da porção superior do dossel (topo), o que definiu um elemento de resolução no topo do dossel de aproximadamente 7 x 4 cm. Intercaladamente a cada medida radiométrica sobre o dossel, foi rea-lizada uma medida de uma placa de referência de Sulfato de Bário (BaSO4) para posterior determi-nação dos valores de FRB. Em cada um dos ho-rários mencionados, foram realizadas 19 medidas radiométricas do dossel (cada uma delas seguida de uma medida da placa de referência), procu-rando coletar dados de toda a sua extensão.

O IAF médio deste dossel foi estimado por meio da seleção arbitrária de 24 mudas, as quais foram subdivididas em seis grupos de qua-tro mudas. Destas quaqua-tro mudas, foram extraídas todas as suas folhas que, imediatamente, foram dispostas na esteira do instrumento LI-COR 3200 Areameter, que permitiu a determinação da área acumulativa das folhas destas quatro mudas. Uma vez que cada grupo de quatro mudas ocu-pava uma área de 100 cm2 no canteiro, a deter-minação do IAF médio do dossel foi feita segun-do as seguintes equações: 6. 5, 4, 3, 2, 1, i cm 100 ) (cm i grupo do folhas das Área 2 2 = = i IAF

IAF médio= Σ IAFi / 6

Vale salientar que a determinação deste IAF médio foi feita após a realização das medi-das radiométricas sobre o dossel.

A estimativa do IAF teve como objetivo permitir avaliar a densidade do dossel, uma vez que esse parâmetro biofísico exerce influência sobre a reflectância do dossel (GOEL, 1988). A

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consideração de diferentes geometrias de ilumi-nação foi outro fator que reforçou a necessidade de se conhecer a densidade do dossel, uma vez que seus efeitos são diferenciados entre dosséis densos e outros menos densos (Ponzoni, 1993; Goel, 1988).

2.2. Medidas radiométricas sobre as folhas

Foram selecionadas aleatoriamente 50 mudas pertencentes ao dossel, as quais foram re-tiradas das bandejas e levadas ao Laboratório de Radiometria do INPE (LARAD). As medidas ra-diométricas foram realizadas mediante a utiliza-ção do espectrorradiômetro SPECTRON SE-590, atuando na amplitude espectral compreen-dida entre 400 a 1100nm, e tendo acoplada uma esfera integradora LI-COR 1800, que permitiu o registro da radiância direcional hemisférica da face ventral das folhas. Foram selecionadas de cada muda, uma folha localizada na porção infe-rior (folhas mais maduras), outra na porção intermediária (folhas intermediárias) e, finalmente, outra folha da porção superior (folha mais nova), das quais foram coletados os dados radiométricos. Para a determinação dos valores de FRDH destas folhas, foram coletados dados radiométricos de uma placa de referência de BaSO4 existente no interior da esfera, ao início e ao final da coleta de dados das folhas mencionadas. O resultado foram arquivos contendo, seqüencialmente, um vetor com valores de radiância direcional hemisférica da placa, um vetor referente à radiância direcional hemisférica da face ventral da folha madura, outro vetor referente à radiância direcional hemisférica da folha intermediária, outro vetor com os valores de radiância direcional hemisférica da folha nova e, finalmente, um último vetor contendo os valores da radiância di-recional hemisférica da placa de referência. Por meio do aplicativo ESPECTRO, desenvolvido pelo LARAD, foram então compostos outros ar-quivos contendo os

Relembrando que foram realizadas deze-nove medidas radiométricas sobre o dossel e pa-ra evitar a ocorrência de diferentes números de amostras entre estas medidas e aquelas realizadas sobre as folhas (tratamentos), foram selecionados aleatoriamente dezenove arquivos de folhas con-tendo seus respectivos valores de FRDHs. Com base neles, procedeu-se à comparação estatística entre os FRBs e os FRDHs.

2.3. Análise estatística

Foi aplicada a Análise de Variância (ANOVA), tendo como fontes de variação os FRBs e os FRDHs, procurando identificar dife-renças significativas entre ambos ao nível de 5% de probabilidade, considerando um delineamento inteiramente casualizado. Para tanto, foram de-terminados valores médios tanto de FRB, quanto de FRDH em quatro bandas espectrais assim de-nominadas: Banda 1 Î 450 a 520 nm; Banda 2 Î 520 a 600 nm; Banda 3 Î 630 a 690 nm e Banda 4 Î 760 a 900 nm. Dado que as resolu-ções espectrais de ambos os instrumentos (GER 2100 e SPECTRON SE-590) eram diferentes, procedeu-se à compatibilização dos dados, de-gradando a resolução espectral do SPECTRON SE-590 por meio do cálculo de médias aritmé-ticas dos valores de FRDH ao longo de toda a amplitude espectral compreendida entre 400 a 1100 nm, para que os novos vetores resultantes tivessem então uma resolução de 8 nm, compa-tível com aquela do espectroradiômetro GER 2100. Esse procedimento foi adotado antes do cálculo dos valores médios por banda espectral.

As ANOVAs foram aplicadas em cada banda e para cada um dos estágios de desenvol-vimento das folhas (maduras, intermediárias e novas) individualmente, procurando identificar em quais destes haveria maior ou menor proxi-midade entre os valores de FRB e FRDH. Consi-derando que foram realizadas medidas ao longo de diferentes horários do dia, as ANOVAs foram ainda aplicadas para os dados provenientes de cada um dos horários e os resultados foram FRDHs de cada uma das

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lisados relativamente para constatar ou não a in-fluência da geometria de iluminação nas relações entre FRB e FRDH.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Espectros adquiridos

A Figura 1 apresenta a representação grá-fica dos valores de FRB do dossel e dos valores de FRDH médio das folhas (maduras, intermedi-árias e novas) adquiridos durante as campanhas de coleta de dados em campo e em laboratório, respectivamente.

Como pode ser observado, os valores de FRB do dossel não apresentaram qualquer ten-dência ao longo dos horários, indicando não ter havido influência marcante da variação da geo-metria de iluminação sobre eles. Vale salientar que o experimento foi concebido para um dossel bastante denso, apesar de suas pequenas propor-ções. A quase que inexistente diferenciação estru-tural vertical do dossel elaborado neste trabalho pode ter influenciado na também inexistente di-nâmica dos valores de FRB ao longo dos horá-rios de coleta de dados. Trabalhos como os de Kimes (1984), Pinter et al. (1985) e Jackson et al. (1979) fundamentaram-se na dinâmica do que chamaram “reflectância dos dosséis”, em função de variáveis de iluminação, visada, ge-ometrias de plantios e ainda de diferenças na

arquitetura de dosséis. Suas conclusões fun-damentaram-se na trajetória da radiação ele-tromagnética dentro do dossel, ora incidindo nas porções mais profundas do dossel, ora nas porções mais superiores. Para o caso deste tra-balho, essas porções foram caracterizadas pela existência de folhas maduras (porção inferior), folhas intermediárias (porção intermediária) e folhas novas (porção superior), sendo que tais porções encontravam-se distanciadas em al-guns poucos centímetros.

Ranson et al. (1986) realizaram experi-mentos com dosséis apresentando diferentes ní-veis de densidades e concluíram que dosséis den-sos apresentam tendência de refletirem muito na região do infravermelho, refletindo pouco na re-gião do visível.

Outro aspecto importante refere-se à ori-entação espacial assumida pelas folhas que, para o caso do dossel aqui considerado, aproximava-o de um dossel do tipo planófilo, no qual suas fo-lhas apresentam orientação próxima da horizon-tal. Goel (1988) afirmou que um dossel denso, que apresenta folhas predominantemente na po-sição horizontal, apresenta pouca variação de sua reflectância em função dos ângulos de ilumina-ção e visada. Dossel 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de Reflectância (%) 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00 15:00 Folhas 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas

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Figura 1. Representação gráfica dos valores de FRB e de FRDH. Figure 1. Graphic representation of FRB and FRDH

Os FRDHs das folhas apresentaram al-gumas diferenças bastante pronunciadas na regi-ão do visível, com as folhas maduras apresentan-do valores mais elevaapresentan-dos em relação às demais folhas (intermediárias e novas). Gates & Tan-trapporn (1952) verificaram que a reflectância de uma folha decresce com a idade na região do vi-sível. Este fato pode ser atribuído ao desenvol-vimento da clorofila, que aumenta em quantidade rapidamente nos estágios iniciais do desenvol-vimento da folha, aumentando mais lentamente nos estágios subseqüentes, até que a coloração verde característica da espécie seja atingida. A-pós esse estágio de desenvolvimento, há o au-mento da reflectância decorrente do início da se-nescência, caracterizado pela degradação dos pigmentos fotossintetizantes.

Na região do infravermelho próximo, as folhas diferiram pouco entre si, destacando-se a reflectância ligeiramente inferior das folhas no-vas, decorrente de uma possível maior compac-tação de suas estruturas internas, compara-

do com as demais. Gausman et al. (1969) rea-lizaram experimentos com plantas de algodão que haviam sido submetidas a um crescimento em ambiente com umidade controlada. Em ge-ral, a reflectância aumentou e a transmitância decresceu no intervalo de 500 nm a 2.500 nm para as folhas maduras. Depois de um período de 12 dias, verificou-se um decréscimo na re-flectância e um acréscimo na transmitância dessas mesmas folhas. Durante esse período de tempo, as folhas dobraram o número de espa-ços intercelulares e suas espessuras aumenta-ram em 14%, aproximadamente. A reflectância na região do infravermelho próximo para as folhas mais velhas, após os 12 dias, aumentou porque também aumentou o número de espa-ços intercelulares no mesófilo.

A Figura 2 apresenta gráficos nos quais é possível comparar os valores de FRDH das fo-lhas com os valores de FRB do dossel em cada um dos horários de coleta de dados.

Dossel x Folhas 08:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 08:00 Dossel x Folhas 09:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 09:00

Figura 2. Representação gráfica dos valores de FRDH e FRB nos diferentes horários

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Continua... Continuação Figura 2... Dossel x Folhas 10:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 10:00 Dossel x Folhas 11:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 11:00 Dossel x Folhas 12:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 12:00 Dossel x Folhas 13:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 13:00 Dossel x Folhas 14:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 14:00 Dossel x Folhas 15:00h 0 10 20 30 40 50 60 70 350 450 550 650 750 850 950 Comprimento de onda (nm) Fator de reflectância (%) Maduras Intermediárias Novas Dossel 15:00

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Observando esses gráficos da Figura 2, é possível verificar que os valores de FRB do dos-sel foram quase sempre inferiores aos dos FR-DHs das folhas na região do visível, enquanto que, na região do infravermelho próximo, eles foram significativamente superiores. Isso pode ser explicado pela existência de sombras no inte-rior do dossel que diminuem a incidência de ra-diação sobre as folhas, ocasionando a diminuição da sua reflectância. Goel (1988) e Kumar (1972) confirmam que a reflectância referente à região do visível de uma folha isolada é sempre maior do que a reflectância do dossel da qual ela faz parte devido ao sombreamento mútuo das folhas. Para a região do infravermelho, os mesmo auto-res afirmaram que o espalhamento múltiplo da radiação dentro de um dossel entre suas inúme-ras folhas aumenta significativamente sua reflectância nessa região espectral, o que foi igualmente confirmado neste trabalho.

Independentemente do horário de coleta de dados, os valores de FRDH mais próximos dos valores de FRB foram aqueles referentes aos das folhas novas, indicando ser a porção superior

do dossel aquela que dominou na reflectância do dossel em qualquer um dos horários, indepen-dentemente então da geometria de iluminação. Para uma análise mais segura, foram então apli-cadas as ANOVAs, segundo já descrito no ítem 2.3. A Tabela 1 apresenta um resumo dos resul-tados alcançados da aplicação das ANOVAs.

As células que se apresentam sombreadas nessa Tabela 1 indicam as bandas espectrais e os horários nos quais não foram identificadas dife-renças significativas entre os valores de FRDH e FRB. Como pode ser observado, a reflectância do dossel foi muito semelhante à reflectância das folhas novas somente na região do visível e essa semelhança não foi afetada pela variação da ge-ometria de iluminação. Na região do infraverme-lho, o espalhamento múltiplo das folhas ocorreu indistintamente entre as camadas, resultando em um fluxo de radiação não diferenciado. Já na re-gião do visível, o predomínio foi das folhas mais novas, localizadas na porção superior do dossel, indicando serem estas as folhas que se mantive-ram mais iluminadas em relação às demais, inde-pendentemente da geometria de iluminação.

Tabela 1. Resultados da aplicação das ANOVAs

Table 1. ANOVA’s application results

Maduras Intermediárias Novas

Hora B1 B2 B3 B4 B1 B2 B3 B4 B1 B2 B3 B4 08:00 09:00 10:00 11:00 12:00 13:00 14:00

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15:00

4. CONCLUSÕES

Considerando as características estrutu-rais do dossel utilizado neste trabalho, a geome-tria de iluminação não exerceu influência na sua reflectância. Resultado semelhante não deve ser esperado quando da análise da dinâmica da re-flectância de dosséis de porte florestal que apre-sentem diferenciação de estratos, devido à ocor-rência de sombreamento também diferenciado com a variação do ângulo de incidência solar. A semelhança entre os FRDHs das folhas novas e os FRBs do dossel na região do visível é expli-cada pela iluminação previlegiada da porção superior do dossel. Já na região do infravermelho, a disparidade entre os FRDHs das folhas e os FRBs do dossel é explicada pelo espalhamento múltiplo que ocorreu indistintamente entre as porções do dossel.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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