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Reflexões sobre o saneamento básico na zona urbana de Mossoró/RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - DGEO CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA

PAULO CÉSAR DE MENDONÇA

REFLEXÕES SOBRE O SANEAMENTO BÁSICO NA ZONA URBANA DE MOSSORÓ/RN.

Caicó / RN 2020

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REFLEXÕES SOBRE O SANEAMENTO BÁSICO NA ZONA URBANA DE MOSSORÓ/RN.

Monografia apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Centro de Ensino Superior do Seridó, como parte dos requisitos para obtenção do título de graduação em Geografia - Bacharelado

Orientador: Prof. Dr. JOÃO MANOEL DE VASCONCELOS FILHO.

Caicó/RN 2020

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - CERES-Caicó

Mendonça, Paulo César de .

Reflexões sobre o saneamento básico na zona urbana de Mossoró / RN, / Paulo César de Mendonça. Caicó, 2020.

56f .: il. color.

Monografia (Bacharelado em Geografia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Departamento de Geografia.

Orientador: Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho.

1. Industrialização - Monografia. 2. Urbanização - Monografia. 3. Saneamento Básico - Monografia. 4. - Mossoró (RN) - Monografia. I. Filho, João Manoel de Vasconcelos. II. Título.

RN/UF/BS - Caicó CDU 628 (813.2)

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MONOGRAFIA DEFENDIDA E APROVADA (COM NOTA 8,0), EM 16 DE OUTUBRO DE 2020, PELA BANCA EXAMINADORA CONSTITUÍDA PELO

PROFESSOR (as):

______________________________________________ Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho (Orientador)

______________________________________________ Prof. Dr. Gleydson Pinheiro Albano (Membro)

______________________________________________ Prof. Dr. Gerson Gomes do Nascimento (Membro)

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Aos meus pais, esposa e filhos, dedico essa monografia, como forma de reconhecimento pelo apoio recebido.

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AGRADECIMENTOS

Para se chegar até a apresentação dessa monografia, passamos por várias etapas difíceis. Isso só foi possível com a ajuda, primeiramente, de Deus, dos professores, e de pessoas, aos quais, temos o prazer de citá-las em nossa pesquisa e agradecê-las.

Aos meus pais, Arlindo e Luzinete, o meu muito obrigado, apesar das dificuldades, por me ter conduzido ao aprendizado do saber da vida.

A esposa Josicleide e aos meus filhos Tainá, Miguel e Heitor.

A meu orientador, Prof. Dr. João Manoel de Vasconcelos Filho, com paciência e dedicação na condução deste trabalho.

Aos meus companheiros de trabalho do CREA/RN pelo incentivo e por muitas vezes auxiliar na labuta para que eu pudesse me dedicar mais ao curso.

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RESUMO

A sociedade moderna tem-se modificado constantemente devido ao processo denominado de industrialização, onde há avanços na técnica, na ciência e na informação. Com isso, as cidades crescem ora por causa da superpopulação,ora devido a diversificação e especialização de suas atividades econômicas. As grandes cidades do mundo atual concentram-se em manter e ao mesmo tempo expandir cada vez mais o processo de industrialização, o qual nos últimos anos tem-se intensificado, sobretudo, em área que envolve tecnologia, cujos investimentos em pesquisas avançaram e alavancaram a economia mundial. A industrialização foi muito importante, visto que inicialmente dinamizou o processo de urbanização, a qual em muitas situações, há o crescimento das cidades tendo o campo como área complementar para suas atividades cotidianas. A população rural migra para as cidades e começa o processo de interação social e relações econômicas, as cidades se urbanizam ao passo que se industrializam. Para fins deste trabalho, vamos nos deter na questão do saneamento básico, que é fundamental para as cidades, diante do processo industrial acelerado que vivemos hoje e que é afetado pelos inúmeros problemas existentes no mundo e mais especificamente no Brasil. Entende-se por Saneamento, conjuntos de medidas que visam preservar o meio ambiente, a fim da prevenção de doenças e de promover a saúde dos habitantes de dada região ou localidade. Pela própria nomenclatura, pode-se compreender a real importância da aplicação dessas medidas, ou seja, é Saneamento Básico porque são medidas básicas para uma população, no sentido de necessidades básicas para que uma sociedade viva da melhor forma possível. O saneamento básico cidade de Mossoró/RN é o objeto de reflexão do presente trabalho. O trabalho de pesquisa foi realizado com consultas bibliográficas, visitas a secretaria de infra estrutura da cidade e visitas as bacias de coleta de esgotos no entorno da cidade. O trabalho teve como objetivo conhecer a atual situação do saneamento básico em Mossoró, o que ficou como latente as desigualdades existentes na zona urbana da cidade.

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ABSTRACT

Modern society has constantly changed due to denominated industrialization process where there are advances in many areas and in many social and economic sectors. With this, cities grow sometimes because of over population, sometimes because of their growing industrial centers. The major cities of today’s world focus on maintaining and expanding the industrialization process more and more, which in recent years has intensified, especially in areas involving technology, whose investments in research have advanced and leveraged the industrial economy. With industrialization, we also have another very diverse and broad concept, which is urbanization, which in many situations, there is the growth of the cities to the detriment of the countryside. The rural population migrates to the cities and begins the process of social interaction and economic relations, cities are urbanized while industrializing. For the purpose of this work, we will focus on the issue of the basic sanitation, which is fundamental for cities, given the accelerated industrial process that we live today and which is affected by the numerous problems that exist in the word and more specifically in Brazil. Sanitation is understood as sets of measures aimed at preserving the environment in order to prevent diseases and to promote the health of the inhabitants of a given region or locality. By nomenclature itself, people can understand the real importance of the application of these measures, in the other words, it is basic sanitation because they are basic measures for the population, in the sense of basic needs so that a society lives in the best possible way. The basic sanitation in the city of Mossoró/RN is the object of reflection of the present work.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estações elevatórias da cidade de Mossoró/RN 44

GRÁFICO

Gráfico 1. Soluções de esgotamento sanitário realizados em Mossoró/RN no ano de 2010 (%)...36

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Crescimento da produção de sal marinho no Rio Grande do Norte... 20 Tabela 02: Histórico da extração de petróleo terrestre em Mossoró/RN... 20 Tabela 03: Evolução anual das ligações e residências de esgoto, bem como

População atendida...38 Tabela 04: Evolução da implantação de rede coletora de esgotos em Mossoró...39

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 12

2. SOBRE ACIDADE DE MOSSORÓ/RN 14

2.1 Da gênese ao momento contemporâneo 14

3. A POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO 24

3.1 O que diz a legislação brasileira 24

4. O SANEAMENTO BÁSICO EM MOSSORÓ/RN: CENÁRIO ATUAL 33

4.1. Áreas abrangidas pelo sistema de saneamento básico 34

4.2. Infraestrutura existente: áreas nobres e áreas periféricas 37

5. SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL NA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE SANEAMENTO BÁSICO EM MOSSORÓ/RN 44

5.1. Segregação socioespacial em Mossoró/RN 44

5.2. Bairros periféricos e a População de baixa renda: condições de vida 47

5.3. Bairros nobres: perfil da sua população e infra estrutura existente 51

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 52

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1. INTRODUÇÃO

Inicialmente, comunicamos que não temos a pretensão nem a ousadia de tratar o tema deste trabalho de maneira que seja discutido a exaustão, mas fazer algumas reflexões acerca do saneamento básico das cidades de forma geral e da cidade de Mossoró/RN em particular. Pois, o tema é atual e complexo, necessitando de estudos e pesquisas dos mais variados profissionais, a fim de amenizar as contradições, conflitos e diversidade de escolhas que existem no interior de uma cidade.

A falta ou a existência precária de saneamento básico na maioria das cidades brasileiras não é novidade, diariamente programas de televisão noticiam os mais diversos problemas causados pela falta deste serviço tão essencial a saúde pública, indo do acúmulo de lixo nas ruas das cidades, passando pelos esgotos a céu aberto e até mesmo a transbordamento de fossas sépticas construídas nas calçadas de residências de comunidades habitadas por pessoas de baixa renda. Os problemas atuais causados pela falta do saneamento básico nas cidades brasileira já são conhecidos de longas datas pela população, num indicativo forte de que nas cidades sempre houve tais problemas. Por sua vez, estes continuam na atualidade e em alguns casos até foram ampliados.

O Brasil possuía a maior parte de sua população vivendo no campo antes da década de 1950. A partir de 1950 iniciou-se o intenso processo de industrialização e urbanização, uma vez que o país era essencialmente rural, produtor de produtos agrícolas. Tal processo acarretou mudanças radicais na estrutura urbana das grandes cidades brasileiras, gerando problemas sociais, econômicos e ambientais que afetaram diretamente a vida da população nas zonas urbanas. Os migrantes oriundos de lugares variados, como cidades médias e pequenas, bem como do campo, procuravam as cidades grandes, pois estas aparentemente podiam lhes oferecer uma oportunidade de emprego e, consequentemente, dias melhores.

Como embasamento, a pesquisa utilizou à literatura técnica e científica (apresentada no final deste trabalho como referências bibliográficas), as leis (em destaque a lei 11.445/07), os planos PLANSABE e PLANASA, as normas e visitas a secretaria de infra-estrutura de Mossoró, CAERN e as bacias de captação de esgotos domésticos.

Essa pesquisa encontra-se estruturada em 5 capítulos: O primeiro apresenta uma introdução à temática em questão.

O segundo apresenta uma breve fundamentação histórica sobre a cidade de Mossoró/RN, da sua gênese ao momento contemporâneo. Relatando aspectos econômicos, sociais e

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características específicas da cidade levando em consideração sua importância no contexto do estado do Rio Grande do Norte e Nordeste.

O terceiro capítulo refere-se a análise da legislação vigente que trata das questões de saneamento básico no Brasil. Iniciando a análise com uma breve menção ao processo de industrialização e urbanização das cidades nas relações globais no sistema capitalista. Após isto, com base na legislação vigente, afirma-se o conceito de saneamento básico comumente aceito no Brasil e sua aplicabilidade. Nele retratamos, portanto, o que diz a legislação brasileira sobre a questão do saneamento básico.

O quarto capítulo aborda o cenário atual do saneamento básico na cidade de Mossoró/RN, seu plano diretor vigente, situação da infra-estrutura que a cidade dispõe para tratar o sistema de esgotamento sanitário, descrição de dados técnicos fornecidos pela secretaria de infra-estrutura da cidade, análise da prestação de serviços de saneamento prestados a diferentes bairros da cidade. Alem disso, é descrito detalhes das estações elevatórias existentes na cidade.

O quinto capítulo trata da segregação socioespacial presente na dinâmica da cidade. As relações econômicas desiguais e investimentos seletivos nas diferentes zonas da cidade promovidos pelo poder público produzem áreas com condições de moradia e acesso a serviços essenciais antagônicos. O saneamento entra nesse contexto de desigualdade, visto que, as diferentes áreas da cidade recebem prestação de serviços também diferentes. Até mesmo, e várias localidades, chegar ao ponto de sequer existe redes de coleta de esgoto e coleta de lixo residencial regular.

Portanto, um estudo sobre o objeto de pesquisa, onde caracterizamos e delimitamos a cidade Mossoró, dando ênfase aos impactos referentes à falta do saneamento básico para a população em estado de vulnerabilidade social.

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2 - SOBRE ACIDADE DE MOSSORÓ/RN Da gênese ao momento contemporâneo

Possuindo área de 52.796,8 km², com mais 410 km de litoral e localizando-se em um dos pontos mais setentrionais da América do Sul, o que lhe confere maior proximidade da África e da Europa, o estado do Rio Grande do Norte extrema ao norte e ao leste com Oceano Atlântico, delimita-se a Sul com o estado da Paraíba e a Oeste com o estado do Ceará. Seus limites geográficos se estendem entre as longitudes 34° 58'03'' W – 38° 36'12'' W e as latitudes 4° 49'53'' – 6° 58'57'' S. A distância entre os pontos extremos do Norte e do Sul é de 233 km e entre Leste e Oeste é de 403 km. Situado próximo a linha do equador, o Rio Grande do Norte apresenta características climáticas bem específicas, como verão seco e a presença do sol a maior parte do ano.

Diante dessa explanação acerca do estado do Rio Grande do Norte, considera-se para este trabalho o município de Mossoró, localizado no interior do estado, mais especificamente no Oeste Potiguar, ocupando uma área de aproximadamente 2100 Km², sendo o maior município do estado em área territorial e estando a 281 quilômetros de distância da Capital, Natal.

Porém, Mossoró não foi sempre município e nem tampouco um dos principais centros culturais e econômicos do estado, sua história passa por diversas fases e conjunturas sociais, econômicas e políticas ante a história regional e nacional.

Segundo a história local, contada através daqueles que pesquisam a fundo a conjuntura de como se deu a criação da cidade de Mossoró, dentre eles podemos destacar Luiz da Câmara Cascudo, que em seu livro Notas e Documentos sobre a História de Mossoró (Cascudo, 1955), destaca os aspectos que favoreceram a criação da capela de Santa de Luzia, que depois viria a se tornar Matriz e o ponto central da Vila nesta localidade, e que posteriormente se alavancaria para cidade. Câmara Cascudo é um dos principais pesquisadores que trabalharam sobre a perspectiva da História norte-rio-grandense, bem como a história da cidade de Mossoró. Nascido em 30 de Dezembro de 1898 na Capital do estado, Natal. Em sua carreira, foi Historiador, Antropólogo, advogado e jornalista. Atuou como professor da Faculdade de Direito de Natal.

De acordo com Luiz da Câmara Cascudo, por volta de 1600, através de cartas e documentos que se referiam as salinas que aqui existiam, teria esta região sido povoada pela primeira vez pelo índios. Neste período acontecia o que a História denomina de União Ibérica, no qual a coroa portuguesa e a coroa espanhola estavam unificadas por causa da crise

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sucessória do trono Português, dando fim a dinastia de Avis e que acabou coroando o Rei Filipe II, da Espanha, como rei tanto de Portugal como da Espanha.

Com todo este panorama do que estava ocorrendo na colonização Portuguesa no Brasil, chega-se no início do século XVIII, ainda como sistema de capitanias hereditárias – sistema pelo qual a coroa de Portugal concedia terras no Brasil a pessoas de sua confiança para administrar e obter lucros com essas terras -, mas já enfraquecida, o Governador de Pernambuco, D. Fernando Martins de Mascarenhas concede ao Convento do Carmo de Recife terras em Paneminha e ao redor as sesmarias de Entrada, Freire e Amaro, sitio ainda hoje pertencentes a Mossoró (LEFEBVRE, 2008).

Em 1760, quando o sistema de Capitanias desapareceu com ação do Marquês de Pombal, época em que as vilas estavam começando a serem estabelecidas, o sargento-mor Antônio de Souza Machado dava início na ilha das oficinas, onde hoje é o município de Grossos, a preparação de carne salgada, para exportação para o sul do país, e em 1770, ela era dono do sítio Santa Luzia, onde em 1772, ele construiu a capela de Santa Luzia, dando origem posteriormente ao povoado que viria a ser Mossoró (Souza, 2010).

Até meados do século XVIII, a área em torno do Sítio Santa Luzia, que posteriormente se tornaria Fazenda, era ocupada por vaqueiros, criadores, que segundo a tradição oral eram em sua maioria moradores de fora, vindos de outras regiões, como Pernambuco, Paraíba, Ceará e que aqui se instalaram (Souza, 2010).

Antônio de Souza Machado, sargento-mor em exercício naquela época adquire a propriedade da ribeira do rio Apodi - Mossoró, a Fazenda Santa Luzia, dando início ao povoamento daquele espaço, que viria a se tornar a cidade de Mossoró. A princípio, a pecuária era a forma de economia com que os ribeiros trabalhavam, posteriormente com a formação do povoado e com auxílio de técnicas para trabalhar no sertão nordestino, foi-se intensificando e buscando novas formas de trabalho e novas maneiras de sustento (Oliveira, 2017).

Como se sabe, mesmo situado em região com reconhecidas limitações climáticas para atividades produtivas que envolvessem relações diretas com a terra, o sertão não deixou de participar do movimento histórico de produção econômica da região e também do país, que foi condição importante para atrair o interesse colonial português, influenciando na sua afirmação territorial. Dessa forma a formação histórica de Mossoró converge para este entendimento, quando se percebe que, a partir de determinado estágio histórico, passa a reunir condições para a formação de um lugar, centralizando e articulando relações que contribuem na produção de subsídios econômicos em que estes refletem na sua organização espacial. (OLIVEIRA, 2017, p. 53).

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Os documentos antigos com relatos sobre a origem da formação espacial da vila descrevem que se davam num modelo conhecido como “quadra de rua”. Tendo, então duas ruas pequenas que ambas acompanhavam a delimitação lateral da capela de Santa Luzia, a qual o sargento Antônio de Souza Machado havia construído em 1772 (Souza, 2010).

A vila ia crescendo em termos habitacionais, mas também em termos religiosos e econômicos, e o sentimento de elevar a categoria a Freguesia crescia também, assim como o de colocar a então capela para ser a Matriz, a fim de realizar com maior autonomia os sacramentos da Igreja Católica. E foi assim que em 22 de Outubro de 1842, a vila se desmembrou da freguesia de Apodi, onde elevou Mossoró a categoria de Matriz sendo incorporada a comarca de Assú (Souza, 2010).

Em 15 de Março de 1852, através da Lei n° 246, é elevada a condição de município, fato que representava uma emancipação política e econômica perante as freguesias e outros municípios da região, embora suas condições espaciais estivessem em contradição para realizar tal feito. Segundo Câmara Cascudo em seu livro “Notas e documentos para a História de Mossoró, a população da então Vila de Mossoró se mantinha nas margens do rio, o qual era um recurso natural indispensável à vivência social da comunidade, e que continha o número de aproximadamente 6.000 habitantes, a partir da técnica de contagem de três habitantes por residência.

Uma referência para as mudanças sociais e econômicas ocorridas após a década de 1850 na Vila de Mossoró ocorre quando, em 1857, navios da Companhia Pernambucana de Navegação passa a aportar no Porto Franco, porto do município de Aracati, situado a 75 quilômetros de Mossoró. Tal fato é considerado pelos estudiosos como marco inicial da evolução comercial e espacial de Mossoró, onde a partir disso assume uma centralidade regional no que diz respeito às atividades comerciais da região.

A partir desta nova etapa econômica a dinâmica local passa por diversas transformações, sendo o período que vai de 1860 a 1870, como a década expansionista, da construção de casas, de armazéns e de estabelecimentos comerciais (SILVA, 1975). Fazendo com que em 11 de Novembro de 1870, pela Lei n° 620 Mossoró fosse elevada a categoria de Cidade, devido a sua expansão, principalmente na questão demográfica e comercial, dada sua importância naquele momento como centro comercial, não somente para a região Oeste do Rio Grande do Norte, mas também tendo relações econômicas com outras cidades, especialmente do Ceará. Havia uma expansão econômica cujo principal vetor era o empório comercial, o que lhes garantia a presença de uma elite que se voltava aos interesses estabelecidos de crescimento. Sua inserção na divisão territorial e internacional do trabalho tornava-a, cada vez mais, um centro com determinada expressão econômica, revelando progressiva acumulação econômica e produtiva, cujo reconhecimento se dava até na esfera internacional. Se este processo é também um feito político, os movimentos que buscavam esta reprodução econômica naquele período (segmentos sociais, empresas e negócios), já detinham capacidade de

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influência nos lugares desta abrangência da área de alcance de Mossoró em que atuavam. (OLIVEIRA, 2017, p. 58-59).

Diante dessa expansão espacial e econômica que Mossoró estava vivenciando, existiam na cidade comerciantes estrangeiros que movimentavam a economia local e que davam visibilidade para a região, fazendo com que a cidade se tornasse um dos centros de relações comerciais do estado (Oliveira, 2017). Vale ressaltar que neste período o País passava por transformações sociais e políticas, o desenvolvimento econômico era crescente e que proclamada a República poderia se ter maior autonomia nos municípios a fim de favorecer ainda mais o crescimento econômico de cada região, como bem descreve o escritor Francisco Fausto de Souza em seu livro “História de Mossoró” (2010).

A cidade, com sua considerável expansão do sistema industrial, especialmente após a proclamação da República no Brasil, se insere numa nova divisão internacional do trabalho, considerando que se torna fornecedora de matérias-primas naturais ou semi-elaboradas para a industrialização que se expandia pelo sudeste do País. Em conjunto com essa questão, é importante destacar também a construção e ativação da Estrada de Ferro em 1915 que ligava Mossoró a Souza na Paraíba (Souza, 2010).

Como isso a composição espacial da cidade haveria de se reorganizar, visto que era comum que as indústrias se fixassem próximas as ferrovias e aos trilhos, a fim de maximizar e otimizar a produção e vendas de seus produtos para assim gerar lucro para elas e para a população daquela região onde estavam localizadas. A linha ferroviária assume uma conotação de diretriz, com base na transformação morfológica urbana, delimitando assim a estrutura organizacional da cidade para ouros parâmetros (Oliveira, 2017).

Outro grande contexto de mudanças na estrutura da cidade é a construção das barragens submersíveis ao leito do rio Apodi - Mossoró na zona urbana, onde sua construção foi para auxiliar o abastecimento de água da população que estava em crescimento contínuo e por conta disso o açude do saco, até então única fonte de abastecimento de água, não tinha mais condições de satisfazer as necessidades da população (Souza, 2010).

Com isso a circulação de capital oriundo da industrialização da cidade fica cada vez mais evidente e crescente, e assim são instalados estabelecimentos bancários na cidade, começando pelo Banco do Brasil em 1918, e até a metade da década 1960 são instalados outros bancos, como Banco do Nordeste em 1958.

Essas transformações, acima descritas, ocorridas em Mossoró se inserem no desenvolvimentismo no qual o Brasil vivencia durante o governo de Getúlio Vargas, que chega ao poder em 1930, com a suposta revolução, que teria por objetivo acabar com a então

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política do café com leite. Toda a ideologia do governo Vargas tem por objetivo difundir e promover a modernização e a industrialização das cidades brasileiras.

O processo industrial de Mossoró se dá por conta também de sua localização e proximidade com outras cidades que também são de grande importância na economia regional no Nordeste brasileiro. A proximidade com as cidade cearenses de Fortaleza e Aracati favoreceu e ainda contribui para o crescimento industrial de Mossoró, bem como a proximidade e o relacionamento que se tem com a própria Capital do Estado do Rio Grande do Norte, Natal.

A questão da localização de Mossoró se mantém como característica, o que é possível de se confirmar na literatura sobre os aspectos da cidade. Até o período econômico conhecido como agroindustrial, que perdurou até meados do século XX, a localização situada entre o litoral e o sertão foi enaltecida como importante responsável pela hegemonia econômica e espacial adquirida. Atualmente é destacada a localização sob outro aspecto, agora é enfocada sua situação entre duas capitais estaduais, Fortaleza-CE e Natal-RN, onde para elas a ligação é feita pela BR 304 que a atravessa e passa por sua zona urbana. (OLIVEIRA, 2017, p. 63)

Com a modernização do Brasil e a construção das BR’s – estradas nacionais -, ficava cada vez mais interligadas as cidades brasileiras, e com isso o transporte de mercadorias e bens de consumo circulavam e movimentavam a economia local e nacional. Como exposto anteriormente, Mossoró localiza-se entre duas capitais com economias dinâmicas, como também de outros centros urbanos que contribuem para o desenvolvimento regional. Distando aproximadamente 281 quilômetros de distância da Capital Natal, e a aproximadamente 251 quilômetros de Fortaleza e para a cidade de Aracati, a distância média de 90 quilômetros.

Essas distâncias, em relativamente pequenas, são fundamentais para que haja uma relação de capital forte entre essas cidades, onde os empresários, comerciantes e outros trabalhadores podem gerar capital e até gerar lucro devido a “facilidade” de locomoção gerada por essas proximidades.

No cenário atual da economia de Mossoró, podemos destacar a fruticultura irrigada e a produção petrolífera, bem como o crescente setor de serviços, a cidade desde a sua criação tem sua importância na economia norte-rio-grandense, onde iniciara na sua origem com a pecuária, tempos depois com o empório do algodão, assim como já teve e ainda tem grande parte de sua economia derivada da produção e exportação de Sal, no qual era matéria prima de fundamental importância para as “oficinas” de carne seca, e diferentemente de outras partes do mundo, o sal potiguar é marinho. Como já exposto, Mossoró não é somente uma cidade de grande importância para o Rio Grande do Norte, mas é uma das cidades de maior relevância, no sentido econômico para o Nordeste brasileiro.

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Desde a década de 1970 a Petrobrás vem trabalhando na cidade de Mossoró na extração de petróleo em terra, sendo uma das empresas mais dinâmicas do estado, capaz de movimentar toda uma cadeia de atividades produtivas. Atualmente o Rio Grande do Norte é o quarto maior produtor de petróleo no Brasil, devido a uma queda considerável de sua produção, porém Mossoró diante dessa situação estadual é considerado o maior produtor em terra de petróleo. Isto ocorre, devido aos poços da região estarem em funcionamento, de acordo com a Petrobrás há mais de 30 anos (Oliveira, 2017).

Ainda de acordo com a Petrobrás, medidas estão sendo tomadas para que a produção de petróleo no estado retomadas por meio de empresas privadas, visto que estão sendo vendidas a maior parte de suas operações no estado do rio Grande do Norte. Como por exemplo, perfuração de novos poços e o aumento da pressão nos reservatórios, no qual consiste em injetar vapor nos reservatórios e, assim tornar o óleo menos viçoso e mais fino, ou seja, com maior mobilidade para a extração.

Através da extração do petróleo muitas outras atividades são realizadas no processo, gerando emprego e rentabilidade, sendo também atividades exercidas por empresas terceirizadas trabalhando em diversos setores e diversas fases da extração do petróleo, tais como: prospecção, perfuração de poços, transporte de materiais, aluguéis de imóveis, comércio de máquinas, dentre outros.

Como podemos perceber tanto a produção e exportação do Sal Marinho como também a extração do petróleo terrestre, injetam no Município de Mossoró e em todo o estado do Rio Grande do Norte dinamicidade na economia, gerando participação e emprego, e assim a economia local cresce. É sabido que devido a crise que o Brasil vivencia nos últimos anos afetou a conjuntura econômica de todas as regiões do País e em todos os seus segmentos, porém de certa maneira essa dinamicidade na economia local ainda continua sendo pertinente e continua gerando autonomia para a região, mesmo diante da crise nacional. Como demonstram a seguir as tabelas 1 e 2 que tratam do crescimento da produção de sal marinho no Rio Grande do Norte entre os anos de 1960 a 1990 e o histórico da extração de petróleo em barris até o ano 2020.

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Tabela 1: Crescimento da produção de sal marinho no Rio Grande do Norte.

Ano Produção em Toneladas

1960 584,340

1980 2.546,963

2000 3.233,000

2020 4.436,000

Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, anos de 1962, 1972,1982 e 1992

Tabela 2: Histórico da extração de petróleo terrestre em Mossoró/RN (1970 a 200

Ano Produção em barris por dia

1980 190

2000 550

2020 75

Fonte: Agência Nacional do Petróleo

Outro fator que contribui bastante para a economia local é a fruticultura irrigada, possibilitada pelo clima da região Nordeste, propícia a frutas tropicais. Onde a baixa Pluviosidade que domina grande parte do estado é considerada atualmente o fator chave para o desenvolvimento da agricultura irrigada de frutas, em especial do Melão e da Banana.

A agricultura sempre esteve atrelada a região, mas atualmente, devido a modernização das cidades e do próprio campo, bem como das técnicas de agricultura, ela passa a ser um fator contribuinte para alavancar e dinamizar a economia. Para isso, tem-se também o auxílio da Universidade Federal Rural do Semi Árido – UFERSA -, que através da intelectualidade e na sua grade de cursos, tendo alguns voltados para a produção agrícola, contribui para a expansão de tais atividades.

Durante quase toda a história do Rio Grande do Norte, Mossoró desempenhou um papel funda-mental no cenário político, econômico e social. A economia mundial mudou, significativamen-te, nas últimas décadas e Mossoró com ela. Nos últimos anos, a cidade viu brotar empreendi-mentos que modificaram a cara da cidade (construção de condomínios horizontais, shoppings centers, lojas de departamentos, grandes redes de supermercado internacionais, serviços cada vez mais especializados, universidades particulares, etc), quase todos surgidos a menos de uma década. (SILVA, 2015, p. 69).

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Nos últimos anos, a cidade de Mossoró experimentou grande crescimento em sua zona urbana e rural e com isso a economia não é submetida somente há alguns fatores, hoje pode-se perceber que a economia local do município não gira em torno somente da produção do sal, ou da extração do petróleo, nem da fruticultura irrigada, tem-se um aumento de variáveis e meios para gerar dinamicidade da economia, como por exemplo, o crescimento do setor de serviços. Diante disso, a cidade conta com a economia gerada através de seu comércio, no qual os principais expoentes se localizam no centro da cidade, mas também tem se expandido para o Shopping Partage, localizado em uma das extremidades da cidade, onde tem uma diversidade de lojas comerciais, desde o ramo varejista até o ramo alimentício, como também de entretenimento.

Outra área econômica que cresceu bastante na cidade foi o da educação, visto que Mossoró conta atualmente com diversas Universidades privadas e com um pólo universitário bastante diversificado, gerando economia, tendo em vista que as duas Universidades públicas da cidade, que estão localizadas no bairro Alto de São Manoel e com isso têm-se os transportes públicos, onde é gerado emprego e capital para a empresa licitada e para a cidade, bem como os transportes privados.

É importante destacar também a relevância que o Mossoró Cidade Junina possui para a economia, pois, se tornou o maior evento de mobilidade da economia local. Tal evento acontece no mês de junho, a fim de comemorar os festejos juninos a prefeitura a cada ano promove essa festa, que não podemos reduzir meramente a uma festa, visto que acontecem inúmeros eventos simultaneamente que contribuem para fortalecer a economia da cidade.

Durante o período das festividades do Mossoró Cidade Junina, acontecem shows na Estação das Artes Eliseu Ventania, tendo atrações locais, da própria cidade e atrações regionais e nacionais. Outro polo do evento é o “Chuva de Bala no País de Mossoró” (encenação teatral sobre a invasão do bando de cangaceiros a cidade), localizado na Igreja de São Vicente, centro da cidade, é um espetáculo a céu aberto, um dos maiores do Brasil, contando a História da invasão do Bando de cangaceiros comandados por Lampião, em 1927, e que a cidade se organizou e lutou para resistir e expulsar este bando.

Tanto os shows da Estação das Artes como o Chuva de bala na Igreja São Vicente são eventos totalmente gratuitos, promovidos pela Prefeitura Municipal de Mossoró através de sua Secretaria de Cultura, com intuito de estimular a cultura na cidade, assim como mobilizar a economia municipal, visto que todo o investimento nos festejos do Mossoró Cidade Junina é retornado para o município durante os meses restantes do ano, além de que a prefeitura a cada

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ano busca patrocinadores que possam auxiliar tal evento e contribuir para o crescimento da cidade.

Ainda há na programação do Mossoró Cidade Junina competições de Quadrilhas Juninas, sejam elas estilizadas ou tradicionais, que acontecem na Arena Deodete Dias,que se instala na Praça hoje intitulada de Sadraque Tavares, localizada em frente a Praça de Esportes, e que também fomenta além da cultura junina, com suas belas apresentações, o dinamismo na economia, através de comerciantes diretamente ligados a prefeitura, bem como comerciantes autônomos, onde há relação de venda e consumo.

E ainda podemos mencionar a questão do Turismo, ponto que nos últimos anos tem se desenvolvido bastante na cidade, apesar de que o município não possua um pensamento estratégico forte para a área turística, mas possui alguns pontos de extrema relevância para fomentar essa rede. A festividade “Mossoró cidade junina”, mencionada acima, é um importante atrativo turístico, bem como locais tidos como históricos como a Igreja São Vicente localizada no centro da cidade, onde foi armada a resistência ao bando de Lampião em 1927, a ponte de ferro no bairro redenção, o museu do petróleo no centro da cidade e, para ficar apenas nos mais importantes o museu Histórico Lauro da escossia, também localizada no centro da cidade.

Durante todo o ano a cidade recebe grupos turísticos que fazem visita a fim de conhecer a história da cidade, e um dos pontos mais importantes que fazem rota é o corredor cultural, no qual participa a própria Estação das Artes Eliseu Ventania, o Parque da Criança, recém reformado e reaberto, a Praça de Eventos, o Teatro Municipal Dix-Huit Rosado, o Memorial da Resistência de Mossoró – contendo um mural com as fotos dos resistentes que lutaram contra o bando de lampião, e também imagens dos próprios cangaceiros que passaram por Mossoró -. A Praça de Convivência e a Praça dos Esportes.

Vale mencionar, também, o Hotel Thermas Parque Aquático e Resort, onde é referência na região, conforme o ranking dos hotéis na cidade é o melhor em questão de hotelaria, mas principalmente devido ao seu parque aquático.

Diante disso, Mossoró desde suas origens tem-se mostrado forte e dinâmica, nas suas diversas áreas, mas especialmente na área socioeconômica, onde suas forças se concentraram bastante, tendo forte expressividade de sua população, a fim de que o crescimento da cidade passasse por uma modernização e industrialização e que se tornasse importante para seus habitantes, bem como para o estado.

O dinamismo que a cidade possui se dá pelo fato de que a população investe tempo e recursos para que a economia, a sociedade, a cultura, não fique estagnada. Uma cidade que

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surgiu às margens do rio Apodi - Mossoró, que na época ocupava somente um lado da margem, mas que devido as necessidades de seus habitantes foi se expandido até chegar ao outro lado, percebeu-se que seria necessário crescer ainda mais, não somente no sentido populacional, mas culturalmente, socialmente e economicamente.

Puxada por todos esses fatores expostos e pelo fato de ser uma cidade de médio porte atualmente, Mossoró se consolida cada vez mais como uma cidade de grande importância em âmbito não só estadual, mas, também regional. Mesmo possuindo uma economia tão dinâmica, a cidade de Mossoró sofre com a falta de infra-estrutura básica na sua zona urbana, principalmente nas áreas periféricas, como por exemplo a falta de saneamento básico adequado que possibilitem que os seus habitantes possuam melhor qualidade de vida. Diante de tudo o que foi citado acima, percebe-se que a demanda por serviços de infra-estrutura na cidade tem crescido demasiadamente, no entanto, não há a oferta a altura das necessidades. O sistema de esgotamento sanitário, coleta regular de lixo e limpeza de galerias são serviços regulares restritos apenas a zonas específicas da cidade, não sendo, portanto, comum a toda a cidade. A seguir, este será o tema central dos próximos capítulos.

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3 - A POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO O que diz a legislação brasileira

A sociedade moderna tem-se modificado constantemente devido ao processo denominado de industrialização, onde há avanços em diversas áreas e em diversos setores, e com isso as cidades crescem, tanto por causa da superpopulação, quanto também por causa de seu enorme centro industrial.

As grandes cidades do mundo atual concentram-se em manter e ao mesmo tempo expandir cada vez mais o processo de industrialização (em consonância com comércios e serviços , onde nos últimos anos tem-se intensificado, sobretudo na área da tecnologia, cujo padrões tecnológicos avançaram e alavancaram a economia mundial.

Junto a industrialização, temos também atrelado outro conceito bastante diverso e amplo, que é a Urbanização, na qual em muitas situações, há o crescimento das cidades em detrimento dos campos, e a população rural migra para as cidades e começa o processo de interação social e relações econômicas para assim as cidades se urbanizarem ao passo que se industrializam.

Sobre estes dois processos, Henri Lefebvre comenta:

A industrialização caracteriza a sociedade moderna. O que não tem por conseqüência, inevita-velmente, o termo “sociedade industrial”, se quisermos defini-la. Ainda que a urbanização e a problemática do urbano figurem entre os efeitos induzidos e não entre as causas ou razões in-dutoras, as preocupações que essas palavras indicam se acentuam de tal modo que se pode de-finir como sociedade urbana a realidade social que nasce a nossa volta. Esta definição contém uma característica que se torna de capital importância. (LEFEBVRE, 2008, p.11).

Esses conceitos atualmente são bem complexos e difíceis de definir, devido as suas mudanças ao longo da História e as relações que obtém através deles. Como Lefebvre aponta, existe uma problemática da urbanização e do mundo urbano, onde as preocupações acentuadas deste processo nascem da interação social.

Quando as cidades se urbanizam, por conseqüência há o aumento de fluxo nas relações, sejam elas interpessoais ou não, mas que através destas relações as cidades podem crescer e se industrializar. Contudo, as preocupações citadas acima têm relevância, porque, ao passo que a cidade se urbaniza e a população cresce e há relações entre os indivíduos, há também problemáticas difíceis até mesmo para caracterizar e apontar soluções. Com o apogeu do mundo moderno e consequentemente da industrialização, as cidades passaram a exercer um papel fundamental nas relações globais, ao contrário da época feudal, onde tais relações eram praticamente restrita a dentro dos feudos, entre os senhores e servos, mas que com o sistema capitalista em ascensão essa realidade tornou-se mais complexa (Caldeira, 2000).

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Antes o principal produto que mantinha o sistema mundial era a agricultura, o trabalho no campo, onde muitas vezes nem era para sustento próprio, mas sim para sustento e riqueza de outro – no qual essa questão não mudou completamente, onde ainda hoje nas relações trabalhistas, o trabalho de uns enriquecem poucos privilegiados (Carlos, 2007).

As transformações ocorridas no globo, especialmente após a Revolução Industrial, acentuou o desenvolvimento de grandes cidades e centros urbanos, no qual e principalmente as relações econômicas se dão por meio da oferta e da procura, que Karl Marx já dizia em suas obras. A partir disso, o avanço das indústrias e hoje as multinacionais alavancou o sistema capitalista vigente, fazendo com que a mão de obra e os produtos ofertados tivessem mais exigência e assim a conjuntura mundial sofresse alterações em suas diversas áreas (Carlos, 2007).

Com toda esta industrialização e urbanização, as cidades não tiveram somente transformações no quesito do desenvolvimento e nem tampouco positivas, como já exposto acima, houve o aumento de certas problemáticas e dificuldades nos centros urbanos, que podemos citar alguns: as contradições de em uma mesma cidade, coexistirem centros urbanos modernos, de alta renda e nas periferias pobres, as chamadas favelas; a questão da corrupção, que é global; o desemprego, a insuficiência do sistema de saneamento básico e tantos outros (Carlos, 2007).

Entende-se por Saneamento, conjuntos de medidas que visam preservar o meio ambiente, a fim da prevenção de doenças e de promover a saúde dos habitantes de dada região ou localidade. Pela própria nomenclatura, pode-se compreender a real importância da aplicação dessas medidas, ou seja, é Saneamento Básico porque são medidas básicas para uma população, no sentido de necessidades básicas para que uma sociedade viva da melhor forma possível. Seguindo esse pressuposto, a professora de Direito Administrativo da Universidade de Santos, Cintia Barudi afirma:

De fato, o saneamento básico corresponde a uma série de políticas voltadas à melhoria do meio físico onde a pessoa humana habita, visando criar melhores condições de salubridade a fim de assegurar a vida e a saúde dos habitantes de determinada localidade. Dessa forma, estabelece-se íntima relação entre o saneamento básico e a saúde da pessoa humana. (MORANO, 2009. p. 50).

Através desse conjunto de medidas, que no caso, é dever do Estado assegurar a população, a relação da pessoa humana com os seus pares e com o meio ambiente deverá ser a mais harmoniosa possível, tendo por base um dos princípios fundamentais assegurados pela

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Constituição, o direito a saúde, e não somente, mas também o direito de viver em condições mínimas.

Para que haja o cumprimento desses princípios básicos, o Estado deve propor soluções definitivas na área das políticas públicas, principalmente no campo do saneamento básico e da medicina preventiva. Sem a adoção de políticas públicas adequadas ou um saneamento básico de qualidade, não terá condições dignas para assegurar a vida e a saúde da pessoa humana. Vale mencionar que em 1971 foi criado o PLANASA (Plano Nacional de Saneamento Básico) com o objetivo de planejar, executar e universalizar os serviços de saneamento em nível nacional e que criou as Companhias Estaduais de Água e esgoto, concessionárias devidamente contratadas ou conveniadas com os municípios, reais detentores do poder concedente para a prestação dos serviços de saneamento, no caso, distribuição de água e coleta e destinação final de esgoto. E, em 2013, foi criado o PLANSAB, uma versão atualizada do plano anterior.

Foi publicada a lei 11.445/07, no qual podemos definir Saneamento Básico como conjunto de serviços, infra-estrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos e sistema de esgotamento sanitário, ou seja, serviços que cuidam de necessidades básicas da sociedade como abastecimento de água potável, que no caso não se trata somente da distribuição de água, mas também do sistema de tratamento em usinas, para que esta água chegue as casas de maneira limpa e sem resíduos tóxicos.

Segundo o art. 1° desta Lei, é estabelecido diretrizes nacionais para o saneamento básico, bem como para a política federal, ou seja, normas vigentes que deveriam ser cumpridas por todos os entes da Federação, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, já que estas diretrizes são Nacionais e sem exceção, devem ser cumpridas por toda a Nação. A respeito dessa questão, Luiz Henrique Antunes Alochio comenta sobre a nomenclatura “Diretriz”:

Bem agiu o legislador, pelo menos, ao referir no art. 1º que a nova lei dispõe a respeito de ‘diretrizes nacionais’ sobre o saneamento básico. Agiu bem por duas razões: a primeira, pois a palavra ‘diretrizes’ define o tom dos limites das ‘normas gerais’ federais sobre a questão do saneamento, nível este que preferencialmente deveria ser respeitado pela União, evitando ingressar em minúcias (geralmente competência normativa local). Por outra banda, o uso da expressão ‘nacionais’ nos indica que não se trata de uma Lei Federal, mas, isto sim, de uma Lei Nacional, quanto às diretrizes do saneamento. Evita-se, em tese, uma intervenção legislativa da União em assuntos de interesse local ou estadual (pelas regiões metropolitanas). Mas, é necessário o cuidado na interpretação, pois não basta a lei dizer que dita regras gerais e diretrizes: é preciso que o conteúdo normativo seja, de fato, uma diretriz. (ALOCHIO, 2007. p. 3).

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De acordo com o dicionário Aurélio, diretriz significa um conjunto de instruções ou indicações que devem ser seguidas, ou seja, no que diz respeito às diretrizes da Lei n° 11.445/07, elas são regras gerais, indicações amplas que devem ser seguidas pelos entes da Federação, sem levar em consideração as minúcias da lei aplicadas em cada região ou Estado, estas, cada parte deverá se atentar a ver e aplicar.

Por sua vez o art. 2° da Lei estabelece os princípios fundamentais para que os serviços públicos prestados estejam em conformidade com as diretrizes constituídas pela lei 11.445/07 para a política de Saneamento Básico Nacional, onde abordaremos alguns desses princípios a seguir:

Em seu primeiro ponto, o art. 2° define-se: “I – Universalização do acesso”, colocando que o acesso as políticas públicas que envolvem o Saneamento básico deve ser acessível a todos os cidadãos da Federação, é este o primeiro princípio fundamental da prestação de seus serviços, onde Todos, sem exceção, devem ter acesso ao serviço de saneamento. O que na verdade é bem similar e é em decorrência dos próprios princípios fundamentais da República Federativa do Brasil, nos artigos 1° ao 4° da Constituição Federal, no qual nos fala que todos têm direito fundamental a cidade que possibilite vida digna e que deve ser dotada de infra-estrutura urbana adequada a satisfazer serviços públicos voltados ao Saneamento Básico de qualidade.1

Segundo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil, divulgado pelo G1 em 2017 e estudado por Ana Carolina2, a universalização dos serviços de saneamento básico traria ao

País enormes benefícios na área da economia, sendo de até R$ 537,4 bilhões em 20 anos, envolvendo diversas áreas da sociedade.

Os benefícios gerados através da Universalização do saneamento básico vão desde a redução dos custos com a saúde, até a melhora da qualidade de vida como um todo, ganhos no setor turístico das regiões e benefícios para o meio ambiente. Neste ano de 2020 foi aprovado na câmara dos deputados o novo marco legal do Saneamento básico que possibilita a privatização destes serviços. A principal argumentação de quem a defende é que o governo federal e governos estaduais não possuem recursos suficientes para atender a toda a demanda do país, visto que 50% do Brasil ainda não possui acesso ao saneamento básico. Ainda há muitas questões a serem discutidas, mas pairam no ar muitas dúvidas de como se dará esse processo. As empresas investirão em cidades e localidades onde residem populações de baixa

1 Inciso I do Art. 3° da Constituição da República Federativa do Brasil

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renda e que não tem condições de pagar taxas elevadas para ter acesso a esses serviços? É razoável que recursos tão fundamentais a existência, como o acesso água de qualidade, esteja nas mão de pouquíssimas empresas no Brasil? A seguir vamos analisar o que diz a Lei 11.445/07.

O princípio fundamental seguinte colocado na Lei 11.445/07 é o da Integralidade – art. 2, inciso II -, ou seja, todas as ações que envolvem os serviços prestados com base nesta lei devem ser integrais, em conjunto, para ter melhor eficiência. Enquanto o princípio da Universalização fala a respeito do acesso aos usuários, a integralidade diz respeito ao serviço de saneamento em si.

Com isso, o serviço de abastecimento de água deverá estar integrado e trabalhando em conjunto com o serviço de coleta de esgoto, com o de manejo de resíduos sólidos e de drenagem de águas pluviais e o de limpeza urbana. É com toda esta integralização que o serviço de saneamento é composto de todos estes serviços básicos juntos para que haja eficiência na prestação de tal saneamento para a população.

Além disso, é colocada no Inciso III do presente artigo, que deverá haver abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e a proteção do meio ambiente. Onde estes serviços deverão acompanhar as regras de saúde pública e de meio ambiente previstas nas Constituição Federal. Da mesma forma deve acontecer com os serviços de drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza e fiscalizações preventivas das respectivas redes de esgotos, que devem servir a higiene dos locais públicos, a segurança da vida e do patrimônio público e privado conforme inciso IV do art. 2º.

Sendo assim, as atividades de prestação de serviços previstas para a política de Saneamento Básico não estão à parte das outras áreas da sociedade. Não são atividades que devam ser realizadas sozinhas, mas em colaboração com as outras necessidades do ser humano e consequentemente da sociedade de determinado local, especialmente com as necessidades de saúde e a seguridade da vida digna, bem como a preservação do meio ambiente no qual se vive.

Por sua vez, no Inciso V, a legislação prevê a adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais, levando em consideração a extensão do território nacional e que pode haver em cada região, suas peculiaridades, desafios e seus próprios métodos para melhor aplicar tal lei, evitando assim uma elaboração de modelos já prontos, como forma por parte do poder público Federal, deixando com que cada região,

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através de suas situações diferenciadas, adote os métodos e técnicas que melhor se enquadram.

Ainda no art. 2°, agora no Inciso VI, é estabelecida a necessidade de articulação com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate a pobreza e sua erradicação, assim como é proposto no ponto seguinte a sustentabilidade econômica, ou seja, a prestação de serviços deverá está de acordo com as políticas públicas de desenvolvimento urbano, buscando realizar suas atividades com a melhor eficiência, procurando os melhores resultados e com os menores gastos possíveis para assim sustentar e equilibrar a economia local, regional e nacional, estando sujeito por parte do prestador, no caso o Estado, a cobrar Taxas, Tarifas e tributos a fim de arrecadar recursos para a realização e consequentemente a eficiência dos serviços prestados.

Para tanto, a lei 11.445/07, ainda prevê a utilização de Tecnologias apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de soluções graduais e progressivas, bem como a transparência de suas ações, nos incisos VIII e IX do art. 2°, respectivamente.

Deve-se tomar bastante cuidado ao interpretar esses pontos, porque a legislação estabelece o uso de tecnologias de acordo com a capacidade de pagamento dos beneficiários, não parece ter sido a intenção do Estado em mostrar que para as classes dominantes, as atividades e suas tecnologias serão umas, e para a população da periferia as técnicas serão outras, ou nenhuma. A questão aqui está ao final da frase, em que o Estado diz que adotará soluções graduais e progressivas.

Porém, a falta de condições econômicas por parte de uma parcela de usuários não pode ser impedimento ou mesmo inibidor para o uso de melhores tecnologias, até porque essa atitude estaria contrariando a própria Constituição Federal, no que diz respeito ao direito de todos os cidadãos, sem exceção, de terem em suas cidades, condições dignas de vida.

No que concerne a transparência, se torna uma exigência até para o controle social – art. 2º, no inciso X – e que no inciso IV do art. 3º, é definido como: conjunto de mecanismos e procedimentos que garantem à sociedade informações, representações técnicas e participações os processos de formulações de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento básico.

Ainda sobre a Lei 11.445/07, em seu Capítulo II, aborda as atividades do titular dos serviços de saneamento básico, ou seja, o Estado, o Poder Público – e aqui não somente a esfera do Governo Federal, mas especialmente a esfera do poder Municipal -, no qual deverá organizar, regular e fiscalizar os serviços prestados a população em conformidade com o art.

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241 da Constituição Federal, elaborando planos de ação, assim como fixar os direitos e deveres dos usuários de seus serviços.

O município passa a exercer a titularidade na provisão do saneamento, podendo ter uma ou mais empresas responsáveis pela prestação dos serviços, mas competências da União e dos es-tados também são claramente determinadas pela referida Lei. O governo federal fica responsá-vel por estabelecer as diretrizes gerais, além de formular e apoiar os programas de saneamento em âmbito nacional. Enquanto isso, os estados têm o dever de operar e manter os sistemas de saneamento, além de estabelecer as regras de tarifas e os subsídios dos sistemas que operam. Por fim, as prefeituras, que ganham maiores funções, têm a competência de prestar, diretamen-te ou via concessão a empresas privadas, os serviços de saneamento básico, incluindo a coleta, o tratamento e a disposição final do esgoto sanitário. (CORRÊA, 20018. p. 20).

Com isso, obtêm-se maior autonomia dos municípios para agirem com suas políticas públicas no que de respeito ao saneamento básico, além do que eles elaboram os planos municipais de saneamento, para um melhor planejamento acerca da prestação do serviço. Com relação ao Planejamento, quero me deter ainda no capítulo IV da referida Lei, onde se trata dessa questão e que diante do plano da prestação de serviço, este deverá abranger especialmente o diagnóstico da situação e de seus impactos nas condições de vida, contendo objetivos a curto, médio e longo prazo – art. 19, alíneas I e II.

Após tal planejamento e a atuação em si dos serviços prestados, os órgãos que prestam tais serviços, seja o poder público ou entidade privada necessitam regular a oferta dos serviços, a fim de garantir o cumprimento das condições e das metas estabelecidas, monitorando os custos, a qualidade do serviço, verificando a eficácia do sistema, tendo por base manutenções periódicas, e se for o caso, realizar medidas de contingências e emergências, inclusive racionamento, se for necessário.

Já o capítulo VI desta Lei é referente à sustentabilidade econômica e social das políticas de saneamento básico vigentes, no qual se dará por meio da cobrança de taxas e de tarifas pelos serviços prestados de abastecimento de água e esgotamento sanitário; de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos e de manejos de águas pluviais, em conformidade com o regime de prestação de serviços, tais taxas serão usadas para melhoria e adequação dos serviços, assim como ampliação e geração de recursos para investimentos, objetivando o cumprimento das metas estabelecidas.

Mediante a isso, é interessante o que trata o art. 40, no qual elenca hipóteses, situações em que o prestador dos serviços de saneamento básico poderá interromper estes serviços. Poderá interromper, por exemplo, diante do perigo a segurança de pessoas e bens, para efetuar reparos, melhorias, manipulação indevida de tubulação, inadimplências, entre outras causas e efeitos.

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A questão da interrupção do serviço, especialmente de abastecimento de água é complicada e difícil de estudar, porém Ricardo Kling Donini em artigo Publicado, defende de maneira bem minuciosa e criteriosa a Inconstitucionalidade deste dispositivo legal, onde para ele, o fato da interrupção do serviço de abastecimento de água ser indispensável e fundamental a vida dos cidadãos não poderia ficar a mercê de eventuais inadimplementos dos usuários, sendo que o poder público municipal deveria junto ao órgão prestador do serviço, caso fosse privado, buscar outros mecanismos jurídicos viáveis para a solução do problema. (DONINI, 2007).

Para que a política de saneamento básico seja eficiente e de boa qualidade, e que atenda o cumprimento das metas estabelecidas, afim de condicionar melhores condições de vida e favorecer os cidadãos em suas habitações e relações entre si e com o meio ambiente, é preciso atender a certos requisitos técnicos, legais e ambientais, no qual na Lei 11.445/07 em seu capítulo VII vem a se referir nesses parâmetros técnicos para a prestação dos serviços. A Lei 11.445/07 trata ainda em seus últimos capítulos, da Política Federal de Saneamento Básico, onde a própria União deverá investir na elaboração e no cumprimento desta política, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento nacional, tendo em vista, como já observamos, de que os serviços de saneamento básico favorecem o desenvolvimento da economia local, regional e nacional, bem como melhora as condições de vida dos cidadãos. Outro objetivo desta Política Federal de Saneamento é reduzir as desigualdades regionais e geração de empregos e renda, como também a inclusão social, já que como o território brasileiro é de extensão continental e existe bastante desigualdades sociais entre as regiões e até mesmo entre bairros das cidades, a união, através de suas políticas públicas deve amenizar essas diferenças, proporcionando para a população o mínimo de condições possíveis para isto.

A população da cidade de Mossoró/RN não tem sido amplamente beneficiada pela aplicação da lei 11.445/07, principalmente no quesito “acesso amplo e irrestrito” seja no abastecimento de água potável, quanto a limpeza urbana e esgotamento sanitário. Mas somente áreas específicas da cidade são beneficiadas com tais serviços de qualidade. Quanto a atual situação do saneamento básico em Mossoró/RN, veremos com mais detalhes no próximo capítulo deste trabalho.

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4 – O SANEAMENTO BÁSICO EM MOSSORÓ/RN: CENÁRIO ATUAL.

4.1. Áreas abrangidas pelo sistema de saneamento básico

O município de Mossoró possui um Plano diretor denominado “Plano de desenvolvimento para o sistema de saneamento básico do município de Mossoró”. Tal plano foi elaborado no ano de 2010 pela Fundação Getúlio Vargas, de acordo com o previsto no contrato e na proposta de prestação de serviços nº 441/08-v2, conforme consta no documento.

Tal plano traz um diagnóstico da situação da época de elaboração dele, bem como apresenta propostas de um novo modelo para o sistema de saneamento básico do Município. No entanto, o referido plano se refere apenas aos sistemas de abastecimento e esgotamento da cidade, não abrangendo os serviços de manejo de resíduos sólidos e de águas pluviais. O plano também apresenta a questão dos investimentos necessários para cada segmento, bem como um cronograma físico-financeiro para o período de planejamento. No presente trabalho será realizada uma análise crítica do plano no que se refere à infra-estrutura de esgotamento sanitário.

De acordo com o plano, no ano de 2010 a população do município atendida pelo sistema de esgotamento sanitário representava 32% da população, sendo atendidas em sua totalidade ou parcialmente. Após a apresentação dos dados de cobertura, são citadas pelo plano as estações de tratamento de esgotos em funcionamento, à época: ETE Cajazeiras, ETE Vingt-Rosado, ETE Lagoa das Malvinas, ETE Marechal Dutra e ETE Rincão, sendo a ETE de Cajazeiras a principal unidade de tratamento, composta por duas lagoas e tratando cerca de 300 m³/h (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOSSORÓ, 2010).

A respeito das ETEs, são citados no plano apenas a quantidade de ligações e a vazão tratada em cada uma das estações, não ficando bem claro qual o tipo de tecnologia para tratamento empregada nas mesmas, sua localização, operação, e etc., explicitando a superficialidade do diagnóstico realizado. Além disso, não são descritas as estações elevatórias existentes no município, apenas são citadas como totalizando seis unidades.

A partir daí, são apresentados no diagnóstico os pontos fracos do sistema, destacando o baixo nível de atendimento à população. Neste item não são apresentados problemas de ordem estrutural ou necessidade de manutenção dos equipamentos existentes, apenas a ampliação do atendimento com vistas à universalização.

Por fim, são citadas algumas intervenções recentes nos sistemas de esgotamento sanitário, bem como obras em andamento na ocasião de elaboração do documento, com

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destaque para ampliações de estação elevatória (investimento de R$ 690 mil), ampliação de rede coletora (investimento de R$ 22 milhões) e melhoria e ampliação do sistema de esgotamento sanitário da cidade – obra do PAC (investimento de R$ 19,7 milhões).

O plano de metas apresentado pelo Plano de Desenvolvimento aqui analisado tem como propósito “estabelecer padrões quali-quantitativos de prestação dos serviços, para promover, não só a expansão dos mesmos para o atendimento da demanda, mas também a sua modernização e melhoria da eficiência” (PREFEITURA MUNICIPAL DE MOSSORÓ, 2010), baseado na avaliação realizada no diagnóstico.

As metas estabelecidas para o sistema de esgotamento sanitário preveem para um período de 30 anos, a ampliação do atendimento à população para 90% da área urbana do município, sendo que o nível de atendimento proposto seria atingido no ano de 2018, baseado na informação da CAERN de que as obras em andamento no município elevariam o índice de atendimento para 50% já no ano de 2011.

Verifica-se após análise crítica do plano, que não são estabelecidas metas de qualidade de atendimento, bem como de qualidade de tratamento dos esgotos, apenas cobertura do sistema de coleta, o que é uma deficiência do mesmo, já que o serviço de esgotamento sanitário não pode ser medido somente pelo seu índice de cobertura, devendo apresentar a interseção com as questões ambientais e de saúde pública.

Segundo dados do IBGE (2010), do total de domicílios existente no município (urbano e rural), 556 não possuíam banheiro ou sanitário (0,8%); já entre os 73.365 domicílios que os possuíam, apenas 29.147 tinham esgotamento sanitário feito a partir da rede geral de esgotos ou pluvial (39,7%), e ainda havendo uma forte presença do uso de fossas sépticas e rudimentares, chegando a uma representação de 25,2% daquela (18.466 domicílios) e de 32,7% desta (23.956 domicílios), conforme pode ser visto no gráfico a seguir.

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Gráfico 1. Soluções de esgotamento sanitário realizados em Mossoró/RN no ano de 2010 (%). Fonte: IBGE, 2010.

A análise do gráfico 1 anterior permite o destaque da baixa utilização de sistema coletivo de esgotamento sanitário no município de Mossoró, o que pode acarretar aumento da proliferação de doenças, vetores e a poluição ambiental.

Em relação às áreas urbanas e rurais, segundo dados do IBGE (2010), dos 29.147 domicílios atendidos por rede de coleta de esgotos, 28.471 estão localizados na área urbana e 676 encontram-se na área rural do município. Para os próximos itens, no presente diagnóstico a infraestrutura de sistema de esgotamento sanitário será apresentada separadamente em relação à área urbana (sede) e às áreas rurais de Mossoró.

Contrapondo estes dados com os apresentados pelo SNIS (2015), em Mossoró existem atualmente 32.190 ligações de esgoto cadastradas, sendo que destas, 31.460 encontram-se ativas. Em se tratando de economias, ainda de acordo com o SNIS (2015), existem em Mossoró 40.244 ligações ativas, destas, 36.177 são do tipo residencial, e a extensão da rede de esgotos no mesmo ano é de 211,22 km. Os dados referem-se ao ano de 2014.

Na área urbana de Mossoró/RN, na parte que é coberta pelo sistema de esgotamento sanitário coletivo, ele é do tipo separador absoluto e atende exclusivamente ao município. É administrado pela CAERN, Companhia de Águas e Esgotos do Estado do RN, concessionária responsável também pelo abastecimento de água do município, sendo que atualmente o contrato de delegação à companhia encontra-se dentro do prazo de validade, que é até o ano de 2025 (SNIS, 2015).

Ainda segundo o SNIS (2015), o consumo médio per capita de água em Mossoró é da ordem de 110,55 l/hab.dia. Dessa forma, considerando-se um coeficiente de retorno de 80%,

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tem-se que a produção média de esgotos per capita no município é de 88,44 l/hab.dia. Não foi possível calcular a produção de consumidores especiais, por falta de dados. Consumidores especiais são aqueles ligados a indústria que tem a água entre seus insumos essenciais, como é o caso da construção civil.

A coleta dos esgotos sanitários é feito através de rede coletora, contando com sete estações elevatórias e três estações de tratamento de esgoto. Nas áreas desprovidas de sistema de esgotamento sanitário, os habitantes utilizam sistema estático de fossas individuais, além do lançamento nas ruas.

Na área rural, por sua vez, excetuando-se uma comunidade que é atendida por rede de coleta e tratamento de esgotos, ocorrem fossas individuais do tipo rudimentar, de responsabilidade dos próprios moradores, conforme será descrito nos próximos itens.

4.2. Infra estrutura existente: áreas nobres e áreas periféricas

O município de Mossoró apresenta um total de 17 bacias receptoras das redes de esgotos, sendo que o sistema de esgotamento sanitário coletivo contempla as bacias de 1 a 9, intercalando o transporte dos efluentes por gravidade e por estações elevatórias, sendo necessárias sete estações elevatórias. Encontra-se em execução uma oitava estação elevatória. Os componentes dessa infra-estrutura serão apresentados em itens a seguir.

A evolução no esgotamento sanitário de Mossoró, representada pela ampliação do número de ligações, vem ocorrendo gradativamente desde a implantação do primeiro sistema de esgotamento sanitário do Município. Na tabela 3 a seguir é apresentada tal evolução a partir do ano de 2001 até 2013.

Referências

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