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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL. RICARDO MUCCI. COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E LONGEVIDADE. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2018.

(2) RICARDO MUCCI. COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E LONGEVIDADE. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, em cumprimento parcial de exigências para obtenção do título de mestre. Orientadores: Prof. Dr. S. Squirra (2016/2017) e Prof. Dr. Mateus Yuri Ribeiro da Silva Passos (2018). SÃO BERNARDO DO CAMPO 2018.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA. M88c. Mucci, Ricardo Comunicação, tecnologia e longevidade / Ricardo Mucci. 2018. 103 p. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) --Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2018. Orientadores: S. Squirra e Mateus Yuri Ribeiro da Silva Passos. 1. Comunicação e tecnologia 2. Gerontecnologia 3. Longevidade I. Título. CDD 302.2.

(4) A dissertação de mestrado sob o título “Comunicação, Tecnologia e Longevidade”, elaborada por Ricardo Mucci foi apresentada e aprovada em 15 de agosto de 2018, perante banca examinadora composta por Mateus Yuri Ribeiro da Silva Passos (Presidente/UMESP), Alexandre Cappellozza (Titular/UMESP) e Flamínia Manzano Lodovici (Titular/PUC-SP).. __________________________________________ Prof. Dr. Mateus Yuri Ribeiro da Silva Passos Orientador e Presidente da Banca Examinadora. __________________________________________ Prof. Dr. Luis Alberto Beserra de Farias Coordenador/a do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social Área de Concentração: Processos Comunicacionais Linha de Pesquisa: Comunicação Midiática, processos e práticas sócioculturais.

(5) DEDICATÓRIA. Esta Dissertação de Mestrado é dedicada ao Prof. Dr. S. Squirra e a Âmbar de Oliveira Barros, pelo estímulo que sempre recebi de ambos, principalmente nos momentos mais difíceis..

(6) “My brain is only a receiver. In the Universe there is a core from which we obtain knowledge, strength and inspiration. I have not penetrated into the secrets of this core, but I know that it exists”.. Nicola Tesla.

(7) AGRADECIMENTOS. Tenho o privilégio de conviver com o Prof. Dr. S. Squirra há mais de 40 anos como amigo e profissional de comunicação e devo a ele meu retorno à academia para cursar o Mestrado na Universidade Metodista de São Paulo. Portanto, agradeço a ele o voto a confiança e o otimismo para que concluísse a presente dissertação. Obrigado Prof. Dr. S. Squirra.

(8) RESUMO. Todo ser vivo utiliza uma linguagem específica para se comunicar, da mais rudimentar a mais complexa, como a dos golfinhos e dos elefantes, por exemplo. As plantas, os insetos, os animais, todos se comunicam de alguma forma, mas nenhuma espécie registrou uma evolução tão surpreendente quanto os seres humanos. Isto porque o homo-sapiens é provido de um cérebro pensante, que lhe permite raciocinar e interferir na realidade que o cerca, bem como estabelecer formas de linguagem para comunicar suas ações através de diversos meios: figurativos, sonoros, gestuais, manuais e eletrônicos. Esta qualidade nos trouxe até os tempos atuais, onde o homem concebeu uma máquina que pensa, aprende e pode substituí-lo na realização de inúmeras tarefas. Um dispositivo que utiliza uma linguagem digital integrada a uma inteligência artificial, que possibilita a comunicação entre máquinas e seres humanos e vice-versa. A velocidade da evolução tecnológica aponta para a perspectiva de que a comunicação se materialize de forma inusitada, como por exemplo, sem a mediação de aparatos físicos. Os futuristas porém, vão além, ousam afirmar que um dia a comunicação será mental, sem intermediação de qualquer meio. Na presente dissertação, centrou-se atenção num aspecto específico do processo comunicacional, para identificar onde e como as tecnologias de comunicação podem contribuir para a qualidade de vida da população idosa, seja no relacionamento interpessoal, na socialização, no aprendizado, no entretenimento ou mesmo para suprir limitações físicas ou cognitivas. Isto porque a elevação da expectativa de vida está colocando o ser humano diante do desafio de construir e prolongar uma vivência saudável e produtiva, e neste contexto a comunicação é vital. Para atingir esse estágio contextual, construímos uma trajetória que inclui a evolução dos meios de comunicação on e off-line, o impacto das tecnologias computacionais, os avanços da ciência no estudo do funcionamento do cérebro, até chegarmos na realidade virtual e na inteligência artificial, que são inovações capazes de gerar transformações exponenciais na relação entre homens e máquinas. Os estudos sobre os impactos da ciência e da tecnologia na longevidade ganharam tamanha relevância nos últimos anos que fizeram emergir uma nova área de conhecimento denominada Gerontecnologia, que abriga também a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos e processos comunicacionais que devem contribuir decisivamente para a integração e a socialização da população idosa no Brasil e no mundo.. Palavras-chave: comunicação, tecnologia e longevidade..

(9) ABSTRACT. Every living being uses a specific language to communicate, from the most rudimentary to the most complex, such as dolphins and elephants, for example. Plants, insects, animals, all communicate in some way, but no species has ever seen such an amazing evolution as humans. This is because homo sapiens is provided with a thinking brain, which allows it to reason and interfere in the reality that surrounds it, as well as to establish forms of language to communicate its actions through diverse means: figurative, sonorous, gestural, manual and electronic. This quality has brought us to the present times, where man conceived a machine that thinks, learns and can replace it in the accomplishment of numerous tasks. A device that uses a digital language integrated with an artificial intelligence, which enables communication between machines and humans and vice versa. The futurists, however, go beyond: they dare to affirm that one day the communication will be mental, without intermediation of any device. In this dissertation, we focus attention on a specific aspect of the communication process, to identify where and how communication technologies can contribute to the quality of life of the elderly population, whether in interpersonal relationships, socialization, learning, entertainment or even to help physical or cognitive limitations. This is because the increase of life expectancy is driving the human being to face the challenge of building and prolonging a healthy and productive life and in this context communication is vital. To reach this contextual stage, we have built a trajectory that includes the evolution of on and off-line media, the impact of computational technologies, the advances of science in the study of the functioning of the brain, until we reach virtual reality and artificial intelligence, which are innovations capable of generating exponential transformations in the relationship between men and machines. Studies on the impacts of science and technology on longevity have gained such relevance in recent years that they have emerged a new area of knowledge called Gerontechnology, which also includes the research and development of new products and communication processes that should contribute decisively to the integration and the socialization of the elderly population in Brazil and all the world.. Keywords: communication, technology and longevity..

(10) LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Estatística e indicadores de pessoas conectadas a Internet................................ 28 Figura 2 – Cronologia dos principais avanços tecnológicos do século passado até os 66 dias atuais na realidade virtual.................................................................................. Figura 3 – Foto ilustrativa de Trenchard More, Jhon McCarthy, Marvin Minsky, Oliver Selfridge, Ray Solomonoff................................................................................................... 72 Figura 4 – Foto ilustrativa de Sophia................................................................................... 74. Figura 5 – Foto ilustrativa de robô e Ishiguro..................................................................... 74 Figura 6 – Timeline da inteligência artificial...................................................................... 76.

(11) LISTA DE GRÁFICOS. Gráfico 1 - Estimativa do número de pessoas com 100 anos ou mais................................. 43. Gráfico 2 - Países com o maior número de centenários....................................................... 43. Gráfico 3 - Aumento da expectativa de vida no mundo associado à tecnologia................. 43.

(12) SIGLAS E ABREVIATURAS. ARP – American Association of Retired Persons AI - Artificial Intelligence - Inteligência Artificial, ARPA - Advanced Research Project Agency BBS - Bulletin Board System CERN - European Organization for Nuclear Research ELA - Esclerose Lateral Amiotrófica EEG - Eletroencefalograma FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo HTML - Hyper Text Markup Language IA - Inteligência Artificial IBM - International Business Machine IoE - Internet de Todas as Coisas IoT -Internet das Coisas MIT – Massachusetts Institute of Technology MMOG - Multiplayer Online Game OMS - Organização Mundial da Saúde PDA - Personal Digital Assistant RNA - Redes Neurais Artificiais TCP/IP TICs - Tecnologia da Informação e Comunicação.

(13) UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro VR - Virtual Reality - Realidade Virtual.

(14) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15 2 COMUNICAÇÃO ........................................................................................................... 20 2.1 RÁDIO .......................................................................................................................... 22 2.2 TELEVISÃO ................................................................................................................ 23 2.3 CELULAR .................................................................................................................... 25 2.4 INTERNET .................................................................................................................. 26 2.5 MÍDIAS SOCIAIS DIGITAIS ..................................................................................... 28 2.6 COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI ........................................................................ 31 2.7 UTOPIAS OU DISTOPIAS? ....................................................................................... 34 3 LONGEVIDADE ............................................................................................................ 40 3.1 GERONTECNOLOGIA .............................................................................................. 47 3.2 GERONTECNOLOGIA APLICADA ......................................................................... 50 3.3 A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA .............................................................. 53 4 A COMUNICAÇÃO E O TEMPO................................................................................. 56 4.1 PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO ........................................................................ 58 4.2 JOGOS DIGITAIS ....................................................................................................... 61 4.3 REALIDADE VIRTUAL ............................................................................................. 65 4.4 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL .................................................................................. 70 4.5 COMUNICAÇÃO MENTAL ...................................................................................... 77 4.5.1 A Conexão Entre o Orgânico e o Cibernético .......................................................... 82 4.5.2 Máquinas Cognitivas ................................................................................................. 85 5 A COMUNICAÇÃO E O IDOSO .................................................................................. 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 99.

(15) 15. 1 INTRODUÇÃO A história mostra que a humanidade evoluiu em sucessivos estágios, todos aderentes aos instrumentos e com enorme dependência das tecnologias. Incontestavelmente, desde que o homem elaborou o primeiro ato racional para convívio e sobrevivência, as tecnologias conferiram um papel essencial em sua existência. Bunch e Hellemans (1993, p.88)1 apontam que “existe uma boa razão para acreditar que o uso de instrumentos, e desta forma, tecnologia, começou entre nossos ancestrais bem antes que algum instrumento fosse construído a partir da pedra”2. Ao definir que a idade da “pedra” vai de 2.400.000 a 4 mil anos antes de Cristo, os autores destacam que após o Homem de Neandertal (ou Homo Habilis) desenhar nas paredes das cavernas este avançou na direção do fogo, um recurso tecnológico fundamental introduzido pelo Homo Erectus que, em seguida, levou a humanidade “diretamente para a [....] cerâmica da Nova Era da Pedra e a fundição da Era dos Metais”3. Os autores destacam que uma flauta e um tipo de apito datados de 30 mil anos e feitos da costela de um urso foram encontrados na França e o primeiro mapa foi descoberto em Mezhirich, na Ucrânia, cuja idade estimada é de 15 mil antes de Cristo. Pesquisadores reconhecem que os instrumentos ‘técnicos’ foram desenvolvidos e se interconectam com a humanidade há milhares de anos e que alguns dispositivos surpreendem pela engenhosidade e criatividade. Uma prova disto foi anunciada recentemente por cientistas, que descobriram o Anticítera, uma forma rudimentar de computador, com 2 mil anos (CORREA, 2006, p. 88).4 Em 1972, cientistas encontraram na África fragmentos de um aparato que poderia ser descrito como um reator nuclear com 2 bilhões de anos.. Vários historiadores e filósofos dedicaram espaço, tempo e teorias para estudar, explicar e contextualizar o significado das tecnologias, considerando a forte intersecção com o homem. No livro Filosofia da Tecnologia, Dusek (2009) lembra que estudos específicos sobre o papel das tecnologias surgiram com os primeiros filósofos modernos, nos séculos VXII e VXIII (2009, p.9). Ao reconhecer que se tornou frequente confundir técnica, 1. Bunch e Hellemans (1993) No original: The timetables of technology, a chronology of the most important people and events in the history of technology. 2 Bunch e Hellemans (1993) No original: There is good reason to believe that tool use, and therefore technology, began among our ancestors well before any tools were made from stone. 3 Bunch e Hellemans (1993) No original: Fire led directly to the creation of new technology.... to the pottery of the New Stone Age and the smelting of the Metal Ages. (Tradução do autor) 4 Anticítera Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2015/07/existe-um-reator-nuclearnatural-de-2-bilhoes-de-anos-na-africa.html. Acesso em: 24.08.2017..

(16) 16. ferramentas e máquinas e destacar o esforço de muitos cientistas em encarar a tecnologia como ciência aplicada, o autor indica as inúmeras definições que vieram de estudiosos renomados como Francis Bacon, Karl Marx, Martin Heidegger, Jacques Ellul, Charles Darwin, David Hume, Auguste Comte, Bertrand Russell, Karl Popper, Mario Bunge, Leonardo Da Vinci, Thomas Kuhn, entre outros. Dusek (2009) destaca, por exemplo, o conceito forjado por Lewis Mumford de que a “ ’máquina’ mais antiga da história foi a organização de grandes números de pessoas para o trabalho manual de mover terra para represas ou projetos de irrigação nas civilizações mais antigas” (grifo no original, DUSEK, 2009, p. 48).. A utilização de aparatos externos ao corpo deu origem à enorme sequência de equipamentos que o homem produziu para realizar tarefas físicas diárias, tais como enfrentar os desafios do meio ambiente, proteger-se das intempéries, animais e inimigos e, sobretudo, tempos depois, organizar o cotidiano, expressar-se através de símbolos, fazer contas e planejar o futuro. Dessa forma, estimulado pelos resultados das inovações, o homem vem experimentando uma evolução sensorial e cognitiva de proporções incalculáveis e, por necessidade ou diletantismo, conscientemente ou não, vive imerso em estimulantes e viciantes experimentos tecnológicos. Especialmente nos últimos tempos da sociedade em rede, conectada full-time em tempo real, o número de trocas e diálogos evolui de forma exponencial. As pessoas interagem compulsivamente com as máquinas fazendo com que as “tecnologias presentes em todas as coisas”5 sejam uma experiência profunda, consistente e incontornável e totalmente integrada ao comportamento humano.. A evolução das relações entre o homem e as tecnologias foi gradual, mas consistente, tanto na realidade quanto na ficção. Em 1938, no livro World Brain, o escritor H.G. Wells já vislumbrara uma World Wide Web, uma rede mundial de computadores (WIKIPEDIA, 2015). Dados de 2017 indicam que a internet já alcança quase 52% da população mundial6, o que fez Klaus Schwab (2016) anunciar a chegada da 4a. Revolução Industrial, baseada na revolução digital do século XXI. Para este autor, ela é caracterizada “por uma internet mais ubíqua e móvel, por sensores menores e mais poderosos que se tornaram mais baratos e pela Ampliação conceitual de “internet das coisas” O site da Internet World Stats http://www.internetworldstats.com/stats.htm tem dados interessantes. Acesso em: 24/04/2018 A Ásia tem 1 bilhão 938 milhões de usuários; a Europa 659 milhões; a América Latina/Caribe, 404 milhões; a África, 388 milhões; a América do Norte, 320 milhões; o Oriente Médio, 147 milhões e a Oceania/Austrália, 28 milhões de usuários. 5 6.

(17) 17. inteligência artificial e aprendizagem automática (ou aprendizagem de máquina)” (2016, p. 16) e que, em breve, “o rápido progresso da robótica irá transformar a colaboração entre seres humanos e máquinas em uma realidade cotidiana” (2016,p.25). Após falar de “biomimetismo” e metais “com memória”, Schwab acredita que estamos aprendendo muito sobre “o funcionamento do cérebro humano e vendo progressos empolgantes no campo das neurotecnologias” (2016, p.31), e chega à questão do emprego ao indicar que “diferentes categorias de trabalho, particularmente aquelas que envolvem o trabalho mecânico repetitivo e o trabalho manual de precisão, já estão sendo automatizadas” (2016, p.43). Na atualidade, ao ter mais recursos técnicos virtuais, parte significativa da humanidade vem libertando-se das atividades mecanizadas, destinando mais tempo para a cultura, lazer e conhecimento, o que abriu brechas para as questões filosóficas, despertando o ser para temas antes intangíveis, como o da espiritualidade, entre outros. Apesar desta cativante possibilidade, a crescente maquinização dos processos produtivos, que chegou de forma avassaladora, está provocando uma redução significativa nos postos de trabalho, o que deverá exigir o estabelecimento de políticas públicas de compensação e renda mínima para os cidadãos manterem suas famílias. A Finlândia saiu na frente. Foi implantado no país um programa de renda mínima chamado Universal Basic Income7, que no início irá beneficiar 2 mil cidadãos com 560 euros mensais. É um exemplo de mecanismo de compensação ao desemprego e à maquinização que deve ser crescente nos próximos anos.. Independente da logística cosmológica, geográfica ou tecnológica, a informação destaca-se como a matriz de tudo. Dos buracos negros às células que compõem o corpo humano; dos dados armazenados nas sementes a evolução do sistema solar, tudo é informação. A informação caracteriza os multiversos, os minerais, o mundo subatômico, a natureza, pois como diz Charles Seife (2010) “cada criatura na Terra é uma criatura de informação; a informação está no centro de nossas células, e as informações matraqueiam em nossos cérebros” (2010, p.9).. Seife (2010, p.9) vai além dizendo que:. Cada partícula do universo, cada elétron, cada átomo e cada partícula ainda não descobertos estão abarrotados de informações – informações que são 7. Disponível em: https://futurism.com/finland-has-finally-launched-its-universal-basic-income-experiment/. Acesso em: 13/02/2018..

(18) 18. muitas vezes inacessíveis para nós, mas não obstante informações, que podem ser transferidas, processadas, dissipadas. Cada estrela do universo, cada uma das inúmeras galáxias no espaço está repleta de informação, informação que pode escapar e viajar. Esta informação está sempre fluindo, indo de um lado para outro, espalhando–se pelo cosmo.. Na mesma direção, Armand Mattelart (2002) destaca Francis Bacon para quem “a palavra ‘informação’ significa o mesmo que intelligence” (grifo no original) (2002, p.9) e cita Daniel Bell que disse que “cada organismo é um organismo de informação. A informação é necessária para organizar e fazer tudo funcionar, desde a célula até a General Motors” (2009, p.86). James Gleick (2013) corrobora este raciocínio afirmando que “a informação é aquilo que alimenta o funcionamento de nosso mundo: o sangue e o combustível, o princípio vital” (2013, p. 16). E adiciona: “o próprio corpo é um processador de informações” (idem). Robert K. Logan adiciona importante esclarecimento no livro O que é informação?, ao citar Edward Fredkin que disse que “o universo é um computador e que a vida, inclusive a vida humana, é apenas um programa em execução no computador” (2012, p. 7) . O conceito se amplia quando Seife afirma que “tudo no universo deve obedecer às leis da informação, porque tudo no universo é moldado pela informação que contém” (2010, p.8). A fecundação é um exemplo singular desse processo, pois a evolução do feto se dá a partir de células, que abrigam informações sobre identidade e destino, de forma que ao se desenvolverem já sabem que devem se dirigir a um local específico, da unha ao cabelo, do pulmão ao coração, dando origem a um corpo humano após nove meses. Uma vez ativado e alimentado, o cérebro recém criado começa a evoluir e processar as informações, inaugurando um novo ciclo de vivências e descobertas.. Pode-se deduzir, portanto, que o cérebro é o ativo essencial do conjunto de órgãos que compõem o corpo humano e sua função fundamental é processar dados e informações, dar-lhes sentido e significado. De fato, todos os elementos que compõem o universo cientificamente conhecido realizam processos comunicacionais, de complexidades distintas e permanentes. Focar neste alvo é importante para nós, pois analisaremos as possibilidades – cada vez mais concretas - de que o homem e a máquina tendem a estabelecer uma relação inimaginavelmente próxima entre si, onde as eventuais limitações de um serão supridas pelas competências do outro. Hoje existem experimentos de máquinas se comunicando com humanos usando exclusivamente os pensamentos, antevendo que em futuro próximo os intermediários tecnológicos serão desnecessários nesse processo, ou seja: será preciso.

(19) 19. repensar os conceitos de comunicação, tendo em vista que os protagonistas tradicionais do processo comunicacional – emissor e receptor – não serão mais exclusivamente humanos.. Os impactos da ciência e da tecnologia na longevidade é uma área de conhecimento que vimos estudando há muitos anos como profissional de comunicação, tanto que lançamos em 2016 um portal na internet que trata da nova maturidade do século XXI: viveragora.com.br. O vetor científico que emergiu durante o mestrado nos levou a identificar um universo bem mais amplo e surpreendente de inputs, além dos que tradicionalmente nos moviam como jornalista, pois constatamos que as inovações em curso têm potencial para promover uma verdadeira revolução na vida, na socialização e no relacionamento entre os idosos e a sociedade civil. Neste cenário, entender qual o papel dos meios de comunicação nesse processo nos pareceu fundamental e, para tanto, realizamos pesquisas exploratórias junto a fontes diversas e confiáveis, que nos levaram a constatação de que é preciso atentar para a diversidade das inovações, em especial aquelas que tornam a comunicação mais acessível e amigável, facilitando o acesso a conteúdos relevantes e contribuindo para inclusão social e digital do idoso. O resultado desse trabalho está materializado na presente dissertação..

(20) 20. 2 COMUNICAÇÃO Comunicação pode não ser uma ciência exata e, a cada ano que passa e por razões diversas, defini-la vem se tornando um exercício cada vez mais complexo. Nesta era das informações fragmentadas e descartáveis, comunicação tornou-se um conceito mutante e multidisciplinar. É mutante por conta da imprevisibilidade que a caracteriza, do dinamismo, dos diversificados pontos de vista que se apoiam na inter-relação de contribuições advindas de diferentes áreas do conhecimento, como a filosofia, a história, a psicologia, a psicanálise, a sociologia, a antropologia, a economia, as ciências políticas, a biologia, a cibernética e as ciências cognitivas. O seu caráter multidisciplinar recebeu enorme contribuição dos postulados visionários do filósofo Marshall McLuhan, formulados no século passado. Conceitos que sobrevivem ao tempo e que até hoje mobilizam milhares de pesquisadores a refletir sobre eles, ora de acordo, ora rejeitando, mas nunca desmerecendo. A propósito da afirmação “o meio é a mensagem”, o professor Gabriel Cohn (1987) assim descreveu a contribuição de McLuhan em relação aos meios de comunicação:. O que Pasteur fez com relação às bactérias, McLuhan se propõe a fazer em relação aos meios – os media - que o homem engendra ao articular o processo básico constitutivo da sociedade, que é o da comunicação. Os meios de comunicação - isto é, tudo aquilo que serve para vincular o homem ao homem, desde a fala comum até a TV, passando pelos meios de transporte e a moeda e parando longamente na palavra impressa - são, para McLuhan, "extensões do homem": formam o meio ambiente no qual ele se move, se projeta e se forma. Aos diversos sentidos - visão, audição, tato, olfato - correspondem outras tantas e diversificadas "extensões" possíveis. O telefone é extensão do ouvido, o livro o é da visão, assim como a roda amplia e modifica as funções do pé humano. O ambiente criado pelo homem o seu environment - é uma segunda natureza, e forma o próprio homem, ao moldar os seus padrões de percepção do mundo e de si próprio. (COHN, 1987). De acordo com John Fiske (2002), a comunicação é uma daquelas atividades humanas que todos reconhecem, mas que poucos sabem definir satisfatoriamente. “As dúvidas subjacentes [...] poderão dar lugar à ideia de que a comunicação não é um objeto no sentido acadêmico [...] mas uma área de estudo multidisciplinar. Assumo que a comunicação é passível de estudo, mas que necessitamos de várias abordagens disciplinares para conseguirmos estudá-la exaustivamente” (FISKE, 1995, p. 13). Com esse movimento transgressor, delimitaram-se novas metodologias de estudo da comunicação. Comunicar é um.

(21) 21. termo originário do latim que significa “tornar comum a muitos”, por isso, trata-se de um processo interativo com base em uma troca simbólica compartilhada. No entanto, para compreender as diferentes formas com que o indivíduo se comunica, seja na construção do real quanto do ficcional, é preciso ultrapassar estudos que privilegiam apenas os elementos da comunicação e observar o processo comunicativo sob uma ótica mais abrangente.. Muita gente confunde informação com comunicação ou acha que esses conceitos significam a mesma coisa. No entanto, informar não é o mesmo que comunicar. Há muito mais por trás disso. Informação só se torna comunicação quando está agregada ao relacionamento, a interação, ao processo de comunicação no qual todos os interlocutores precisam estar em sintonia, ou seja, o transmissor precisa averiguar, constantemente a competência linguística e o conhecimento acerca do assunto por parte de seu receptor. A comunicação está em constante movimento, como afirma Marcondes Filho em seu livro Para Entender Comunicação.. A geração sênior, composta pela população com 60 anos ou mais que constitui-se no elemento de referência da presente dissertação, teve o privilégio de testemunhar as grandes transformações sociais e comportamentais que moldaram a sociedade nos últimos 100 anos. Uma geração que conviveu e convive com a dinâmica dos meios de comunicação de massa e, muito provavelmente, irá conviver com outros meios que ainda serão descobertos. O rádio, a televisão, a internet e as mídias sociais são alguns exemplos das mídias que essa geração viu nascer e com as quais se relacionou ativa ou passivamente, mesmo sem ter a percepção exata do significado de cada uma delas, na condição de usuários ou consumidores de informação. Testemunharam o nascimento e a morte de inúmeros aparatos tecnológicos que foram populares no século XX, como o mimeógrafo, o Fax, o Pager, o Palm Pilot, a Polaroid, o Ipod, o Walkman, o VHS, o Blue-Ray, o CD, o DVD, a copiadora Xerox, a câmera fotográfica, o filme de celuloide, entre outros. Alguns deles foram canibalizados em poucos anos, outros sobreviveram para felicidade dos saudosistas, mas é certo que todos serão descartados e substituídos por aparatos modernos, sintonizados com as tecnologias emergentes do século XXI.. Em paralelo, há que se ressaltar que essa geração testemunhou também relevantes transformações da ciência, que irão exercer forte impacto na expectativa de vida das.

(22) 22. populações no futuro: na medicina, na engenharia genética, na biologia, na farmacologia, na produção de alimentos, entre outras áreas do conhecimento. Trata-se de um universo de pessoas que teve uma vivência enciclopédica, tal a quantidade, a variedade e a qualidade dos acontecimentos que testemunharam ao longo da vida. Essa mesma população de idosos, que cresce a cada ano em todo mundo, está diante de um novo paradigma, que é o da longevidade 8. A par da contribuição decisiva da ciência e da tecnologia nesse processo, a comunicação, especialmente a denominada no media (no mass communication), que conecta pessoas individualmente ou em grupos através de tecnologias wireless, deverá contribuir decisivamente para a qualidade de vida9 dos longevos em diversos níveis, entre eles: mental, funcional, orgânico, social e intelectual.. A presente dissertação está centrada na intersecção entre a comunicação, a tecnologia e a longevidade, que nos últimos anos ganhou a companhia de uma nova área de conhecimento denominada Gerontecnologia10. Entretanto, para atingirmos essa plataforma de referência, consideramos importante resgatar a linha do tempo dos principais meios de comunicação que ainda são – em maior ou menor grau - os canais de informação mais acessados por este público.. 2.1 RÁDIO A criação do rádio é atribuída ao físico e inventor italiano Guglielmo Marconi. Em 1896, ele criou o primeiro aparelho de rádio do mundo, revolucionando a comunicação à distância. A partir de pesquisas sobre indução eletromagnética e ondas eletromagnéticas, ele reuniu diversos equipamentos para transmissão e recepção de sinais através do espaço. O objetivo inicial da invenção era substituir o telégrafo elétrico, que dependia da instalação de uma complexa rede de cabeamento de vastas regiões, pelo radiotelégrafo, que não dependia de fios para transmitir suas mensagens. Consta que a primeira transmissão da voz humana pelo rádio ocorreu na véspera de Natal de 1906, realizada pelo engenheiro canadense. 8. Longevidade: ampliação da expectativa de vida influenciada por fatores biológicos, sociais, científicos e tecnológicos. (nota do autor). 9 Qualidade de vida: conceito que define bem-estar geral dos indivíduos e das sociedades, que tem saúde física e mental, família, educação, emprego, renda, segurança, liberdade, crenças religiosas e meio ambiente como pilares essenciais. (nota do autor). 10 Geronteconologia: ramo da gerontologia que estuda a melhor relação entre as inovações tecnológicas e as limitações que o envelhecimento impõe ao ser humano. (nota do autor)..

(23) 23. Reginald Fessenden. Ele teria transmitido um “Concerto de Natal” para os tripulantes dos navios da United Fruit Company que cruzavam o Oceano Atlântico e o Mar do Caribe.. A invenção do rádio alimenta ainda muita controvérsia. Por utilizar cerca de 20 equipamentos patenteados por Nikola Tesla, a invenção de Marconi foi contestada na Suprema Corte dos Estados Unidos, na década de 40. A história também não reconhece o pioneirismo do padre brasileiro Roberto Landell de Moura, que realizou transmissões de rádio no Brasil supostamente em 1893, ou seja: dois anos antes de Marconi. Landell de Moura teria realizado a primeira transmissão de voz humana no Brasil em 1899, a partir do Colégio das Irmãs de São José (atualmente Colégio Santana, na zona Norte de São Paulo), conforme notícia do jornal O Estado de S. Paulo daquele ano. Daí para frente, a evolução do rádio foi acelerada.. As primeiras emissoras de rádio começam a surgir após a Primeira Guerra Mundial. Em 1920, Frank Conrad, engenheiro da Westinghouse Electric, começa a transmitir notícias de jornal e músicas. Com o sucesso das transmissões de Conrad, a empresa decidiu investir nas transmissões e implantou uma emissora: a KDK-A. A repercussão pública foi tão grande que acabou servindo de estímulo para criação de outras emissoras, inclusive no Brasil. Nesse mesmo ano, foi instalada a primeira rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Em 1922 já havia 300 emissoras em operação nos Estados Unidos e hoje temos mais de 45 mil emissoras de rádio no mundo, transmitindo suas mensagens através de meios eletrônicos e digitais. Em 2016, a Secretaria de Comunicação do Governo Federal (SECOM) divulgou a Pesquisa Brasileira de Mídia – Hábitos de Consumo de Mídia pela População Brasileira 11, onde foi constatada que o rádio ainda exerce uma forte atração na população a partir dos 55 anos, que corresponde à maior audiência desta mídia, variando de 10% a 12% do total da amostragem que foi de 15.050 entrevistados.. 2.2 TELEVISÃO A intenção de se criar o aparelho televisor tem origem no século XIX, fortemente apoiada em conceitos oriundos da matemática, da física e da química, que foram os principais indutores da tecnologia utilizada na criação dos aparelhos de TV. Na década de 1840, vários 11. Disponível em http://pesquisademidia.gov.br/#/Geral/details-917 Acesso em 04/03/2018..

(24) 24. cientistas estudavam a possibilidade de se realizar a transmissão de imagens em grandes distâncias. Em 1842, Alexander Bain conseguiu executar um projeto de envio telegráfico de imagem. Em 1873, o britânico Willoughby Smith comprovou que o selênio era uma substância química capaz de converter energia luminosa em energia elétrica. Com o emprego de tal princípio, a televisão já poderia ser imaginada como um aparelho elétrico receptor e transmissor de imagens. Em 1884, Paul Niokow desenvolveu um disco com orifícios espiralados capaz de fracionar uma imagem em elementos que eram reorganizados para sua transmissão.. No final do século XIX, os tubos de raios catódicos foram aprimorados para transmitir imagens à distância. Em 1920, o escocês John L. Baird reuniu diversos elementos já desenvolvidos para esse tipo de tecnologia e montou um dos primeiros modelos de televisão que se tem notícia. A partir de então, o aparelho de televisão foi sendo aprimorado até conquistar uma viabilidade comercial. Em 1923, o russo Wladmir Zworykin desenvolveu um tubo de imagem chamado de iconoscópio. Empolgada com a descoberta, a empresa norteamericana RCA contratou os seus serviços e fabricou o Orticon. Nascia o primeiro modelo de televisor produzido em escala industrial.. Na década de 1930, o televisor começou a incorporar novos recursos até se transformar num produto capaz de ganhar escala comercial. Em março de 1935, em plena vigência do nazismo, os alemães realizaram a primeira transmissão televisiva, um tipo de recurso tecnológico fartamente empregado na divulgação do regime liderado por Adolf Hitler. Pouco tempo depois, franceses e britânicos também investiram na construção de estúdios e na transmissão de imagens. No Brasil, as transmissões de TV chegaram em 18 de setembro de 1950, por iniciativa do empresário Assis Chateaubriand, que inaugurou a TV Tupi de São Paulo.. A partir dessa época, pesquisadores interessados nesse tipo de tecnologia já testavam a possibilidade de transmissão de imagens coloridas. A primeira transmissão de TV a cores ocorreu em 1954, através da rede de TV norte-americana NBC. Em 1962, o satélite Telstar realizou a primeira transmissão intercontinental enviando sinais de TV dos Estados Unidos para a Europa. No Brasil, a TV a cores só chegou em 1970 por intermédio da EMBRATEL, que realizou a primeira transmissão experimental durante a Copa do Mundo do México,.

(25) 25. quando o Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol. A partir daí a televisão foi se tornando o meio de comunicação preferencial dos brasileiros e, não por acaso, contribuiu para a criação de poderosos grupos empresariais, que exercem influência até mesmo nos destinos políticos do país. A qualidade da produção da TV brasileira tornou-se referência internacional.. A mesma Pesquisa Brasileira de Mídia 2016 citada no tópico anterior confirma que a TV é o veículo de comunicação preferencial de 90% da população brasileira, sendo que 63% desse total a considera a principal fonte de informação. Da mesma forma, confirma que a população a partir dos 55 anos tem a TV como meio de comunicação preferencial num percentual superior a 76%.. 2.3 CELULAR Nos anos 70, a comunicação interpessoal ganhou um novo protagonista: o celular. Em 1973, a Motorola lançou o revolucionário Dynatac 8000X, um aparelho com 25cm de comprimento, 7cm de largura, um quilo de peso e bateria com duração de 20 minutos. O aparelho foi apresentado publicamente em 3 de abril de 1974, por Martin Cooper, em Nova Iorque, mas só se popularizou dez anos depois. Quando chegou ao mercado em 1984, o Dynatac já tinha teclado alfanumérico, display digital de uma linha e bateria com capacidade de uma hora de duração ou oito horas em espera. Anos depois a própria Motorola lançou o modelo flip, bem menor e mais leve.. A partir dos anos 90, com a evolução das tecnologias de transmissão, foram incorporados os processadores de sinais digitais e as mensagens de texto. O primeiro PDA – Personal Digital Assistant – surgiu em 1993 sob o nome de Simon, fabricado pela IBM e pela BellSouth. O aparelho permitia enviar e receber chamadas de voz, dispunha de aplicações como agenda de endereços, tela de anotações, calculadora, pager e fax. O Simon foi o primeiro celular a oferecer o recurso de touchscreen. Em 1998, foi a vez da Nokia entrar em cena, com o lançamento do modelo 6160, que pesava 160 gramas, tinha display monocromático e bateria que possibilitava 3,3 horas de conversação. Os smartphones entraram em cena no final dos anos 90, com o lançamento do BlackBerry, o primeiro aparelho a oferecer teclado QWERTY multifuncional. Durante muitos anos foi o equipamento preferencial do mundo corporativo, mas com o tempo o produto perdeu mercado e hoje a.

(26) 26. Research in Motion (fabricante do BlackBerry) busca caminhos para tornar-se novamente competitiva no disputado mercado da telefonia celular.. O século XXI chegou com novidades, entre elas o surgimento de novas tecnologias como GSM, 3G, 4G. Em 2002, a Sanyo – fabricante de produtos eletrônicos do Japão - lançou o modelo SCP-5300 com câmera fotográfica digital acoplada ao celular, que tinha resolução de 640x480 pixels, zoom digital de 4x e alcance de 3 metros. Em 2004 a Motorola voltou a cena com o lançamento do primeiro modelo ultrafino, o RAZR V3, mas foi a partir de 2007, com a entrada da Apple no mercado, que a telefonia celular evoluiu para um novo patamar, com o lançamento do IPhone que nasceu com teclado touchscreen multi-touch, onde todas as funções eram feitas com os dedos. O aparelho já vinha com um sistema operacional nativo para navegação na internet e uma série de recursos inovadores embarcados, que posteriormente foram incorporados por diversas marcas e produtos.. Atualmente, todos os aparelhos dispõem de recursos tecnológicos similares, tornando a utilização do celular cada vez mais popular e amigável, apesar de algumas limitações ergonômicas no produto e na interface de navegação, que afetam principalmente os usuários com 60 anos ou mais. Porém, entende-se que esse gap será corrigido em breve, em decorrência do crescente número de idosos usuários de smartphones, que hoje no Brasil é superior a 5,5 milhões de pessoas, segundo dados do NIC.Br (www.nic.br). Já existem no mercado alguns modelos específicos para este público, onde o principal diferencial está na interface de navegação, que apresenta ícones maiores de fácil leitura.. 2.4 INTERNET Uma das revoluções mais transformadoras da era tecnológica emergiu com o surgimento da internet, que abriu caminho para que outras tecnologias de comunicação entrassem em cena para amplificar de forma exponencial o acesso a informação. A tentativa de automatizar funções até então executadas exclusivamente por seres humanos, porém, data de séculos atrás. A primeira máquina calculadora de somas e subtrações foi inventada por Pascal (Blaise Pascal – 1623-1662). Babbage (Charles Babbage – 1792-1871), professor de Cambridge, evoluiu para uma calculadora controlada por cartões, que foi posteriormente aperfeiçoada por Hollerith (Herman Hollerith – 1860-1929), criador de uma máquina acionada por eletricidade, controlada por cartões perfurados, que deu origem à IBM -.

(27) 27. International Business Machine. Em 1936 nasceu o Z1, computador eletromecânico construído por Zuse (Konrad Zuse – 1910-1995), que foi superado anos depois pelo Harvard Mark 1, computador projetado pelo professor Howard Aiken, durante a 2 a. Guerra Mundial, que ocupava uma área de 120m3.. Em paralelo ao desenvolvimento das máquinas ocorreu o desenvolvimento da conexão via cabo telefônico a partir dos anos 50, com a criação de uma rede para proteger a troca de informações militares do governo americano. Suas origens remontam ao final da II Guerra Mundial e aos primeiros anos da chamada ‘Guerra Fria’, como ficou conhecido o período que marcou o embate entre as duas potências da época: Estados Unidos e União Soviética, atual Rússia. Em outubro de 1957, os russos lançaram o primeiro satélite artificial da história da humanidade, o Sputnik. Em resposta à ousadia soviética, o presidente norte-americano Dwight Eisenhower criou a ARPA – Advanced Research Project Agency, em outubro daquele mesmo ano.. Em 1969 nascia a ARPANet, uma rede de computadores baseada nas universidades americanas de Stanford, Califórnia e Utah. Em 1972, a palavra defense entrou em cena e a rede foi rebatizada de DARPANet. Cinco anos depois, em julho de 1977, Vinton Cerf e Robert Kahn, anunciaram a criação do protocolo TCP/IP - Transmission Control Protocol and Internet Protocol, conectando três redes: ARPANET, RPNET e STATNET. Para muitos pesquisadores, a internet nasceu aqui. A rede foi evoluindo até chegarmos a 1990, quando o pesquisador do CERN – European Center for Nuclear Research, Tim Berners-Lee, tornou pública a descoberta do HTML – Hyper Text Markup Language, uma linguagem que levou a internet a uma escala global. No ano seguinte foi anunciada a criação da World Wide Web: www e a rede não parou mais de evoluir: textos e imagens estáticas deram lugar a áudios e vídeos acessíveis em tempo real. Foi a partir daí que se popularizou o termo “surfando na internet” e que emergiram as grandes corporações de tecnologia, que hoje estão entre as empresas mais valiosas do mercado. Até mesmo a televisão foi afetada por essa evolução, que tem se mostrado sólida e contínua.. Atualmente, mais de 4 bilhões de pessoas estão conectadas à internet em todo mundo (GLOBAL DIGITAL REPORT, 2018). No Brasil, já são 107 milhões, segundo a última pesquisa TIC-Domicílios. Desse total, a parcela de usuários da rede que mais cresceu foi a de.

(28) 28. pessoas com 60 anos ou mais: em 2010 apenas 5% acessavam a rede, mas em 2016 esse percentual já era de 22%. Para a população idosa, a rede vem se tornando um importante instrumento de socialização 12 , contribuindo para minimizar os efeitos da solidão e da depressão, que são os males mais comuns da maturidade. Figura 1 – Estatística e indicadores de pessoas conectadas à internet. Fonte: Global Digital Report (2018). As conexões se tornaram mais rápidas, eficientes e sem fio (Wi-Fi) e a rede ganhou o mundo. As máquinas, por sua vez, ganharam capacidade de processamento, enquanto diminuíam de preço e tamanho: o mesmo computador que exigia dezenas de metros cúbicos de espaço, se converteu num dispositivo móvel que cabe na palma da mão, milhares de vezes mais rápido e potente, pesando dezenas de gramas. O mesmo fenômeno ocorreu com o telefone celular, que começou a ser pesquisado em 1947, mas só funcionou de fato em 1973 e hoje é o aparelho mais popular do mundo, que já deixou de ser um simples telefone, para se converter em um computador portátil, com mais de 5 bilhões de usuários em todo mundo.. 2.5 MÍDIAS SOCIAIS DIGITAIS No passado, os ambientes hoje conhecidos como Mídias Sociais eram denominados sítios de relacionamento, de compartilhamento, de agregação, entre outras definições. Entre os pioneiros estão Geocities, Tripod, Classmates, SixDegrees, Friendster, Orkut e My Space, Second Life e mais recentemente, Facebook, Twitter, Flickr, YouTube, Whatsapp, Tumblr, 12. Geronteconologia: ramo da gerontologia que estuda a melhor relação entre as inovações tecnológicas e as limitações que o envelhecimento impõe ao ser humano. (nota do autor)..

(29) 29. Skype, Viber, Google+, Digg, Slideshare, Linkedin, Pinterest, Instagram, Snapchat, Messenger, Telegram, entre outros. Com o tempo, alguns foram canibalizados, por conta da oferta frenética de novidades que marcam o mundo digital e do gosto mutante do público jovem, como ocorreu com o Orkut e o Second Life, enquanto outros foram turbinados, como o Facebook, o Twitter, o Instagram e o YouTube.. No plano objetivo, as Mídias Sociais representam os ambientes de comunicação digital interpessoal, onde o conteúdo é produzido por e para consumo dos próprios usuários, que compartilham interesses comuns ou como definem Kaplan, Andreas e Haenlein, Michael (2012. p.101). “Um grupo de aplicações baseadas na internet que constroem as bases ideológicas e tecnológicas da internet 2.0, permitindo a criação e compartilhamento de conteúdo criado pelos usuários”.. Para uma análise específica do conceito de Mídias Sociais é salutar voltar às origens do conceito nos anos 80, com início de operação das redes BBS - Bulletin Board System, que permitiam a troca de arquivos e até mesmo de jogos. Em 1984 nascia a Fidonet, fundada por Tom Jennings, que lançou uma rede de BBSs para troca de mensagens batizada de Netmail, que os analistas consideram precursora do e-mail. As BBSs invadiram os anos 90 e contribuíram para o boom da internet, mas outras empresas entraram em cena oferecendo mais recursos para os usuários. Entre elas está a CompuServe, que inaugurou os fóruns coletivos de discussão e a AOL, que oferecia um campo denominado “member profiles” onde os usuários da plataforma podiam encontrar outras pessoas com interesses comuns e interagir entre si.. Em 1995, Randy Conrad lançou o site Classmates.com, para facilitar o relacionamento entre amigos e companheiros de trabalho e, em 1997, Andrew Weinreich evoluiu a plataforma, lançando o Sixdegrees.com, uma rede aberta a todas as pessoas que queriam trocar experiências e informações com outros usuários. Outras redes foram criadas em todo mundo, como a Blackplanet.com na Ásia e Migente.com na América do Sul. A partir do sucesso dessas iniciativas, confirmou-se a tese de que as redes que emergiram com a internet estavam, de fato, construindo um novo e poderoso meio de comunicação: a mídia social..

(30) 30. O lançamento do Friendster.com, em 2002, parcialmente inspirado no modelo do Sixdegrees.com, foi o ponto de partida de uma nova era e a frase conceito do site já anunciava: Friendster – a new way to meet people. Porém, problemas operacionais e de gestão canibalizaram o site e abriram espaço para concorrentes mais estruturados, como o Linkedin e o MySpace, que hoje está centrado em artistas e músicas. Em 2004, com o lançamento do Facebook, o mundo viria a conhecer um fenômeno midiático que, provavelmente, irá reinar por muito tempo. Mark Zuckerberg, ex-aluno de Harvard, construiu a maior rede social do planeta, que contabiliza 1,6 bilhão de usuários/mês, sendo 100 milhões apenas no Brasil, segundo dados da própria empresa.. Dois anos depois, uma outra plataforma de relacionamento viria a ampliar o universo das mídias sociais: o Twitter, que tem 400 milhões de visitantes/mês que geram 500 milhões de mensagens, ou tuítes, por dia. No rastro dessas plataformas, outras foram criadas e ganharam relevância, em especial junto aos usuários de smartphones: o Instagram (fotos), Snapchat (para celulares), Foursquare (rede social de geolocalização), o Tinder (aplicativo de encontros) e o WhatsApp, que se tornou a plataforma de troca de mensagens instantâneas via celular mais popular do mundo. Em 2014, o aplicativo foi comprado por Mark Zuckerberg por US$ 16 bilhões e hoje conecta mais de 1 bilhão de usuários.. O rápido desenvolvimento das tecnologias de comunicação e das mídias sociais está gerando uma série de interrogações sobre como gerenciar o conteúdo postado, uma vez que se constitui num fator detonador de reações e feedbacks que exigem constante interação.. Um. ponto de partida importante é compreender qual a relação entre Mídia Social e Rede Social, pois é comum confundi-las. Como as redes sociais se popularizaram, o termo ganhou relevância e extrapolou seu real significado, englobando praticamente todos os ambientes do mundo digital. Iniciou-se esta análise, portanto, esclarecendo que as Redes Sociais são parte integrante das Mídias Sociais, pois são estas últimas que abrigam todos os demais ambientes de relacionamento do meio digital, como as redes sociais genéricas, as redes sociais de conteúdo específico, os blogs, os vídeo-blogs, os micro-blogs, os mundos virtuais e os jogos online, conhecidos pela sigla MMOG – Multiplayer Online Game.. A par da enorme proliferação de ambientes de relacionamento digital nos últimos 10 anos, a contribuição mais relevante das Mídias Sociais foi transformar o usuário em.

(31) 31. protagonista, propiciando que ele exerça dois papéis simultâneos: o de consumidor e gerador de conteúdo. A mudança de paradigma não promoveu apenas uma revolução no relacionamento entre pessoas, afetou também a relação entre as organizações públicas e privadas e os cidadãos. As informações passaram a circular livremente, obrigando o público, os governos e as empresas a cuidarem mais e melhor da sua comunicação, já que a reação a qualquer publicação é imediata, positiva ou negativa. Com isso, a gestão do conteúdo postado deixou de ser exclusividade do autor, pois o compartilhamento permite agregar opiniões, adjetivos, críticas ou aprovações adicionais ao conteúdo original. Desta dinâmica nasceu uma atividade específica, a monitoração das redes sociais, que se transformou numa prioridade para instituições que se relacionam com grandes audiências.. A assimilação das mudanças que ocorreram e continuarão a ocorrer nos processos comunicacionais difere de um público para outro, em especial por parte da população idosa, que absorve as inovações numa velocidade bem mais lenta do que o público jovem (quando absorve...), que está habituado ao ritmo alucinante da rede e a uma interação praticamente ilimitada de todos com todos e de todos com todos os conteúdos disponíveis.. 2.6 COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI Avanços relevantes da comunicação neste século não se restringiram apenas a hardware e software. Expandiram-se para novas fronteiras da ciência e do design que propiciam uma relação mais orgânica entre tecnologias e seres humanos, através da Internet das Coisas (IoT) ou da Internet de Todas as Coisas (IoE); das Learning Machines (máquinas que aprendem com seres humanos); e da Realidade Virtual e da Inteligência Artificial. Tecnologias que estão levando a comunicação homem-máquina para um novo patamar, uma simbiose até pouco tempo improvável. Em A Segunda Era das Máquinas, Brynjolfsson, Erick e McAffee Andrew (2015, p. 279) fizeram a seguinte premonição:. Nossa geração provavelmente terá a sorte de experimentar dois dos mais incríveis eventos da história: a criação da verdadeira inteligência artificial e a conexão de todos os humanos por meio de uma rede digital comum, transformando a economia do planeta. Inovadores, empreendedores, cientistas, criativos e muitos outros tipos de geeks tirarão vantagem dessa cornucópia para construir tecnologias que nos impressionam, deleitam e trabalham por nós..

(32) 32. É fato que o desenvolvimento tecnológico, em sua essência, busca facilitar as tarefas humanas em praticamente todos os níveis, assim como é fato que essa evolução foi assimilada com mais facilidade pelos jovens, ou ‘nativos digitais’ - conceito forjado no artigo “Digital Natives, Digital Immigrants”, do escritor e designer de videojogos norte-americano Marc Prensky (2001). A idade produz limitações de ordem biológica que, somadas à falta de intimidade com os recursos das TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação, que hoje permeiam praticamente todas as atividades humanas, promovem um tipo de alienação social e familiar danosa à saúde. Entretanto, é bom lembrar que essa população cresceu imersa na era digital nos últimos 50 anos, portanto ainda que não tenha o domínio, ela tem referências dos impactos que a tecnologia exerce sobre a sociedade. Essa alienação, que tende a ser minimizada no futuro com o avanço da ciência e da tecnologia, é alimentada pela indústria eletrônica, por exemplo, que ainda não despertou para o fato de que o poder de consumo e a longevidade dessa população vão impactar sobremaneira na economia da maioria dos países em todo mundo.. Os idosos estão diante de inovações que não levam em consideração as limitações de ordem biológica e a falta de intimidade com os aparatos tecnológicos. Os indivíduos com 60 anos ou mais são familiarizados com os meios de comunicação tradicionais, impressos, eletrônicos e até digitais. No Brasil, dos 29,6 milhões de pessoas dessa faixa etária, apenas 20% possuem smartphone e acessam a internet regularmente. Felizmente, esse gap vem sendo reduzido gradativamente, através da oferta de produtos amigáveis e acessíveis, de forma que um contingente cada vez maior de pessoas está tendo acesso a dispositivos tecnologicamente avançados, independentemente da idade, da limitação física ou da classe social. É nesse contexto que entra em cena uma área de pesquisa denominada Gerontecnologia, como um desdobramento contemporâneo da gerontologia, que busca definir padrões de produtos e serviços adequados à realidade física e funcional da população idosa. Em artigo apresentado no Congresso Brasileiro de Gerontecnologia (2017), Lodovici coloca uma luz sobre os argumentos de que velhice e tecnologia não podem dialogar.. É preciso também acreditar no pressuposto de que que a infância que existe em todos os velhos lhes pode ser cúmplice no sentido de dizer que o espírito dos velhos não se fixou, seus interesses também não estão fixos, continuam se reconfigurando, e que podem ser potencializados em sua curiosidade para o possível das coisas novas. O possível de ultrapassar a si mesmo a partir das possibilidades abertas potencialmente pelo dispositivo tecnológico..

(33) 33. Esse velho que se sente contemporâneo na ânsia de fazer-se útil, de tomar as rédeas de seu tempo e de afastar o fantasma da inutilidade ou da resistência à tecnologização.. A cada dia que passa sabe-se mais sobre o mundo que nos cerca, mas essa informação nem sempre é traduzida como conhecimento, já que a oferta de conteúdos – qualificados ou não – cresce em velocidade exponencial, tornando cada vez mais difícil separar o que merece crédito do que deve ser descartado. A comunicação é uma das áreas que mais sofre os efeitos das transformações dessa nova era e, consequentemente, afeta quem faz uso dela. Aprender e evoluir são condições imprescindíveis para nossa adaptação e sobrevivência no mundo de hoje e esse processo passa pela comunicação.. A comunicação é essencial nas relações entre as pessoas e entre estas o mundo que as cerca, mas é preciso atentar para o fato de que em breve este cenário vai ganhar a companhia de dispositivos cibernéticos que serão os novos protagonistas da comunicação. Esse novo paradigma vai exigir uma releitura da linguagem das mensagens, bem como nos formatos dos conteúdos transmitidos, que serão comunicados em forma de bits, de uma imagem 3D, de uma imagem codificada ou mesmo de ondas elétricas conectadas diretamente ao cérebro do receptor. Assim, evoluímos nos meios de comunicação, na velocidade e no conteúdo, multiplicando as opções de conexão, seja ela estabelecida entre humanos ou entre estes e as máquinas.. A novidade é que a tecnologia inseriu um novo protagonista em cena, que não é exatamente uma extensão do homem como sugeria McLuhan, mas pode ser classificado como um aliado, que é a inteligência artificial, embarcada em um robô ou em qualquer outro dispositivo, ou seja: comunicar não será mais um ato que inclui exclusivamente seres humanos, pois máquinas estão sendo construídas – literalmente – para ‘entrar na conversa’. O futurologista Alvin Toffler (2007, p. 14), há mais de 10 anos, já profetizava: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever. Mas, aquele que não consegue aprender, desaprender e aprender novamente”.. A comunicação do século XXI não vai prescindir das mídias tradicionais on e off-line, mas certamente a sociedade deve se preparar para estabelecer uma nova relação de uso desses meios, que tendem a romper os limites convencionais conhecidos até então. Evidentemente, a.

(34) 34. população do planeta irá se beneficiar de tais avanços, mas é fato que os idosos, em especial terão na tecnologia uma forte aliada para garantir uma qualidade de vida proativa, onde o acesso aos meios de comunicação será multiplicado, tornando-se um importante estímulo para a socialização, que é um dos vetores da longevidade.. Complementarmente, a tecnologia anuncia a criação de dispositivos capazes de propiciar a comunicação para pessoas com deficiências físicas severas, visuais, auditivas, fonéticas e até mentais. Evidentemente, os conteúdos das mensagens também deverão se adaptar a tais dispositivos, inaugurando – eventualmente – uma nova linguagem, de forma a assegurar que a mensagem seja efetivamente assimilada pelo receptor, independente de idade ou de limitação física.. É inegável que avanços relevantes deste século estão inaugurando uma nova relação entre homem e máquina, entre a vida e o tempo. Novas tecnologias emergem sistematicamente e entre as que estão promovendo transformações exponenciais estão: IoT Internet das Coisas ou a IoE - Internet de Todas as Coisas; Learning Machines - Máquinas que aprendem; VR - Virtual Reality - Realidade Virtual e AI – Artificial Intelligence Inteligência Artificial, além de outras inovações em desenvolvimento, guardadas a sete chaves em laboratórios espalhados pelo mundo.. Estamos no limiar de uma fronteira que até pouco tempo não passava de ficção científica: a integração entre o humano e o tecnológico. Softwares avançados permitem que computadores sejam capazes de aprender com os humanos, de forma a tornar a relação entre ambos mais amigável, orgânica e quase simbiótica. O futuro prenuncia algo ainda mais surpreendente, a engenharia e o design serão capazes de reproduzir máquinas com formas humanas perfeitas, tornando a comunicação entre ambos cada vez mais efetiva, de forma que será cada vez mais difícil determinar onde termina o conhecimento de um e onde começa o do outro e vice-versa.. 2.7 UTOPIAS OU DISTOPIAS? Não são apenas os futuristas que estão empenhados em prever o futuro da comunicação homem-máquina. O professor Yuval Noah Harari, Doutor em História pela Universidade de Oxford, ganhou notoriedade internacional após o lançamento de dois livros.

(35) 35. emblemáticos sobre o futuro da humanidade: Sapiens (2012) e Homo Deus (2016). Em Sapiens, Harari não tem dúvidas de que a sociedade caminha para uma ‘vida biônica’, onde os avanços tecnológicos irão transformar seres humanos em cyborgs.. ...suponha que você pudesse fazer um back-up do seu cérebro para um HD portátil e então rodá-lo em seu notebook. Seu notebook seria capaz de pensar e sentir como um Sapiens? Se sim, ele seria você ou outra pessoa? E se os programas de computador pudessem criar uma mente totalmente nova, mas digital, composta de códigos de computador, completa, com um senso de eu, consciência e memória? Se você rodasse o programa em seu computador, este seria uma pessoa? Se você o deletasse seria acusado de assassinato? (SAPIENS, 2012).. Harari (2012) afirma que esse processo é irreversível e irá exercer um alto impacto sobre o futuro da humanidade. Ele lembra, por exemplo, que para mapear o primeiro genoma humano foram necessários 15 anos e 3 bilhões de dólares. Hoje, é possível mapear o DNA de uma pessoa em semanas, a um custo de uma centena de dólares. Cita como exemplo de impacto tecnológico a empresa alemã Retina Implant, que está desenvolvendo uma prótese de retina que permite que pessoas cegas adquiram uma visão parcial.. As fotocélulas absorvem a luz que incide sobre o olho e a transformam em energia elétrica, ativando as células intactas da retina. Os impulsos nervosos dessas células estimulam o cérebro, onde são traduzidas em visão. No momento, a tecnologia permite que os pacientes se orientem no espaço, identifiquem letras e inclusive reconheçam rostos.. As previsões de Harari corroboram as teses de futuristas respeitados como Ray Kurzweil, autor de diversos livros sobre os impactos da ciência e da tecnologia na longevidade. Em Singularity is near, livro publicado pela primeira vez em 2005 (Viking/Penguin, Estados Unidos), Kurzweil (2005) assim definia o termo Singularidade, que dialoga diretamente com a longevidade:. ...um período no futuro, no qual as mudanças tecnológicas serão tão rápidas, com impactos tão profundos, que a vida humana será irreversivelmente transformada. Essa época não será nem utópica, nem distópica, mas transformará os conceitos em que confiamos para dar sentido às nossas vidas, desde os nossos modelos de negócios até o ciclo da vida humana, inclusive a própria morte..

Referências

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