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COMUNICAÇÃO NO SÉCULO XXI

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Avanços relevantes da comunicação neste século não se restringiram apenas a hardware e software. Expandiram-se para novas fronteiras da ciência e do design que propiciam uma relação mais orgânica entre tecnologias e seres humanos, através da Internet das Coisas (IoT) ou da Internet de Todas as Coisas (IoE); das Learning Machines (máquinas que aprendem com seres humanos); e da Realidade Virtual e da Inteligência Artificial. Tecnologias que estão levando a comunicação homem-máquina para um novo patamar, uma simbiose até pouco tempo improvável. Em A Segunda Era das Máquinas, Brynjolfsson, Erick e McAffee Andrew (2015, p. 279) fizeram a seguinte premonição:

Nossa geração provavelmente terá a sorte de experimentar dois dos mais incríveis eventos da história: a criação da verdadeira inteligência artificial e a conexão de todos os humanos por meio de uma rede digital comum, transformando a economia do planeta. Inovadores, empreendedores, cientistas, criativos e muitos outros tipos de geeks tirarão vantagem dessa cornucópia para construir tecnologias que nos impressionam, deleitam e trabalham por nós.

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É fato que o desenvolvimento tecnológico, em sua essência, busca facilitar as tarefas humanas em praticamente todos os níveis, assim como é fato que essa evolução foi assimilada com mais facilidade pelos jovens, ou ‘nativos digitais’ - conceito forjado no artigo “Digital Natives, Digital Immigrants”, do escritor e designer de videojogos norte-americano Marc Prensky (2001). A idade produz limitações de ordem biológica que, somadas à falta de intimidade com os recursos das TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação, que hoje permeiam praticamente todas as atividades humanas, promovem um tipo de alienação social e familiar danosa à saúde. Entretanto, é bom lembrar que essa população cresceu imersa na era digital nos últimos 50 anos, portanto ainda que não tenha o domínio, ela tem referências dos impactos que a tecnologia exerce sobre a sociedade. Essa alienação, que tende a ser minimizada no futuro com o avanço da ciência e da tecnologia, é alimentada pela indústria eletrônica, por exemplo, que ainda não despertou para o fato de que o poder de consumo e a longevidade dessa população vão impactar sobremaneira na economia da maioria dos países em todo mundo.

Os idosos estão diante de inovações que não levam em consideração as limitações de ordem biológica e a falta de intimidade com os aparatos tecnológicos. Os indivíduos com 60 anos ou mais são familiarizados com os meios de comunicação tradicionais, impressos, eletrônicos e até digitais. No Brasil, dos 29,6 milhões de pessoas dessa faixa etária, apenas 20% possuem smartphone e acessam a internet regularmente. Felizmente, esse gap vem sendo reduzido gradativamente, através da oferta de produtos amigáveis e acessíveis, de forma que um contingente cada vez maior de pessoas está tendo acesso a dispositivos tecnologicamente avançados, independentemente da idade, da limitação física ou da classe social. É nesse contexto que entra em cena uma área de pesquisa denominada Gerontecnologia, como um desdobramento contemporâneo da gerontologia, que busca definir padrões de produtos e serviços adequados à realidade física e funcional da população idosa.

Em artigo apresentado no Congresso Brasileiro de Gerontecnologia (2017), Lodovici coloca uma luz sobre os argumentos de que velhice e tecnologia não podem dialogar.

É preciso também acreditar no pressuposto de que que a infância que existe em todos os velhos lhes pode ser cúmplice no sentido de dizer que o espírito dos velhos não se fixou, seus interesses também não estão fixos, continuam se reconfigurando, e que podem ser potencializados em sua curiosidade para o possível das coisas novas. O possível de ultrapassar a si mesmo a partir das possibilidades abertas potencialmente pelo dispositivo tecnológico.

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Esse velho que se sente contemporâneo na ânsia de fazer-se útil, de tomar as rédeas de seu tempo e de afastar o fantasma da inutilidade ou da resistência à tecnologização.

A cada dia que passa sabe-se mais sobre o mundo que nos cerca, mas essa informação nem sempre é traduzida como conhecimento, já que a oferta de conteúdos – qualificados ou não – cresce em velocidade exponencial, tornando cada vez mais difícil separar o que merece crédito do que deve ser descartado. A comunicação é uma das áreas que mais sofre os efeitos das transformações dessa nova era e, consequentemente, afeta quem faz uso dela. Aprender e evoluir são condições imprescindíveis para nossa adaptação e sobrevivência no mundo de hoje e esse processo passa pela comunicação.

A comunicação é essencial nas relações entre as pessoas e entre estas o mundo que as cerca, mas é preciso atentar para o fato de que em breve este cenário vai ganhar a companhia de dispositivos cibernéticos que serão os novos protagonistas da comunicação. Esse novo paradigma vai exigir uma releitura da linguagem das mensagens, bem como nos formatos dos conteúdos transmitidos, que serão comunicados em forma de bits, de uma imagem 3D, de uma imagem codificada ou mesmo de ondas elétricas conectadas diretamente ao cérebro do receptor. Assim, evoluímos nos meios de comunicação, na velocidade e no conteúdo, multiplicando as opções de conexão, seja ela estabelecida entre humanos ou entre estes e as máquinas.

A novidade é que a tecnologia inseriu um novo protagonista em cena, que não é exatamente uma extensão do homem como sugeria McLuhan, mas pode ser classificado como um aliado, que é a inteligência artificial, embarcada em um robô ou em qualquer outro dispositivo, ou seja: comunicar não será mais um ato que inclui exclusivamente seres humanos, pois máquinas estão sendo construídas – literalmente – para ‘entrar na conversa’. O futurologista Alvin Toffler (2007, p. 14), há mais de 10 anos, já profetizava: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever. Mas, aquele que não consegue aprender, desaprender e aprender novamente”.

A comunicação do século XXI não vai prescindir das mídias tradicionais on e off-line, mas certamente a sociedade deve se preparar para estabelecer uma nova relação de uso desses meios, que tendem a romper os limites convencionais conhecidos até então. Evidentemente, a

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população do planeta irá se beneficiar de tais avanços, mas é fato que os idosos, em especial terão na tecnologia uma forte aliada para garantir uma qualidade de vida proativa, onde o acesso aos meios de comunicação será multiplicado, tornando-se um importante estímulo para a socialização, que é um dos vetores da longevidade.

Complementarmente, a tecnologia anuncia a criação de dispositivos capazes de propiciar a comunicação para pessoas com deficiências físicas severas, visuais, auditivas, fonéticas e até mentais. Evidentemente, os conteúdos das mensagens também deverão se adaptar a tais dispositivos, inaugurando – eventualmente – uma nova linguagem, de forma a assegurar que a mensagem seja efetivamente assimilada pelo receptor, independente de idade ou de limitação física.

É inegável que avanços relevantes deste século estão inaugurando uma nova relação entre homem e máquina, entre a vida e o tempo. Novas tecnologias emergem sistematicamente e entre as que estão promovendo transformações exponenciais estão: IoT - Internet das Coisas ou a IoE - Internet de Todas as Coisas; Learning Machines - Máquinas que aprendem; VR - Virtual Reality - Realidade Virtual e AI – Artificial Intelligence - Inteligência Artificial, além de outras inovações em desenvolvimento, guardadas a sete chaves em laboratórios espalhados pelo mundo.

Estamos no limiar de uma fronteira que até pouco tempo não passava de ficção científica: a integração entre o humano e o tecnológico. Softwares avançados permitem que computadores sejam capazes de aprender com os humanos, de forma a tornar a relação entre ambos mais amigável, orgânica e quase simbiótica. O futuro prenuncia algo ainda mais surpreendente, a engenharia e o design serão capazes de reproduzir máquinas com formas humanas perfeitas, tornando a comunicação entre ambos cada vez mais efetiva, de forma que será cada vez mais difícil determinar onde termina o conhecimento de um e onde começa o do outro e vice-versa.

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