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Elementos para a compreensão do processo de construção, (re)construção da competencia - Estudo com treinadores de Andebol de equipas séniores da 1ª divisão portuguesa.

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DO PORTO FACULDADE DE DESPORTO. Elementos para a compreensão do processo de (re)construção do conhecimento do treinador de andebol em Portugal. Dissertação apresentada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciências do Desporto, na área específica de especialização de Treino de Alto Rendimento Desportivo, nos termos do Decreto-Lei nº 216/92, de 13 de Outubro. Orientadores: Professora Doutora Paula Batista Professora Doutora Luísa Estriga. Ana Filipa Vasquez Paulo Cunha Porto, Junho de 2012.

(2) Ficha de catalogação:. Cunha, A. P. (2012). Elementos para a compreensão do processo de (re)construção do conhecimento do treinador de andebol em Portugal. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Desporto - Universidade do Porto.. PALAVRAS-CHAVE: CONHECIMENTO. DO TREINADOR;. TREINADOR; REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA. II. FORMAÇÃO. DO TREINADOR;.

(3) Agradecimentos Este trabalho não teria sido possível sem o contributo de diversas pessoas, tanto a nível pessoal como profissional. A todas elas, aproveito este espaço para expressar a minha sincera gratidão e reconhecimento:. Às minhas orientadoras Professora Doutora Paula Batista e Professora Doutora Luísa Estriga que sempre me acompanharam e auxiliaram, mesmo nos momentos mais conturbados desta caminhada. Obrigada pelo rigor e dedicação com que contribuíram para a realização deste trabalho;. A todos os treinadores que participaram no presente estudo. O contacto com cada um deles foi, sem dúvida, o mais enriquecedor de todo o processo, pela simplicidade com que me receberam e a disponibilidade que demonstraram. Foram momentos de aprendizagem que ficarão sempre gravados na minha memória;. Ao Mestre Paulo Queirós pela disponibilidade e preciosas sugestões na elaboração da entrevista;. À Patrícia Gomes pelo seu auxilio na “luta” com o programa NVivo7;. Ao. Pedro. Azevedo,. companheiro. de. trabalho. pelas. “ajudas. informáticas” que tornaram a análise qualitativa uma realidade;. Ao Pedro Vieira, amigo e companheiro de muitas batalhas, por me fornecer o contacto da maior parte dos treinadores. Sem ele não teria sido possível;. Aos meus atletas, que durante esta época tiveram uma treinadora mais impaciente, sem saberem muito bem porquê. Mas que mesmo assim foram capazes de alcançar o “sonho”;. III.

(4) Às minhas amigas, Diana Teixeira e Bárbara Baião que a faculdade me permitiu conhecer e guardar no coração, para me ajudarem a vencer mais uma etapa da minha vida;. À Filipa Rodrigues, Inês Sena, Helena Oliveira, Marta Marques, Cárin Mateus e Suse Mateus, por todo o carinho, compreensão e palavras de incentivo que me ajudaram a superar as dificuldades;. À Kelly, por todas as dicas nos momentos de maior desorientação;. Às minhas irmãs, Alice e Sofia pelos seus maravilhosos sorrisos;. Ao Mário, pelas muitas “caras feias” e “respostas tortas” que aguentou sem nunca deixar esmorecer as suas palavras de apoio;. Aos meus avós, pessoas fantásticas que tanto já fizeram por mim e que ainda agora, no final desta etapa, mobilizam esforços para que a minha vida seja mais fácil;. Ao meu pai, por toda a confiança que depositou em mim ao longo do percurso, pelas criticas e correções, sempre acompanhadas por um abraço apertado;. À minha mãe, alicerce firme da minha vida, por todas as sábias palavras e incentivos que permitiram o meu equilíbrio.. IV.

(5) Índice geral. Índice de quadros. VII. Índice de anexos. IX. Resumo. XI. Abstract. XIII 3. Introdução geral I – Enquadramento teórico Estudo 1 - O percurso de construção do conhecimento: Um estudo de revisão. 11. sistemática da literatura. II – Componente empírica Estudo 2 - Fontes de conhecimento percecionadas pelos treinadores: Estudo. 39. com treinadores de andebol da 1ª divisão de andebol em Portugal. III – Conclusões gerais. 69. Bibliografia geral. 75 XVII. Anexos. V.

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(7) Índice de quadros. I Revisão da literatura Estudo I Quadro 1 - Origem dos artigos. 16. Quadro 2 - Tipo de modalidades contempladas. 17. Quadro 3 - Contextos de prática desportiva contemplados. 17. Quadro 4 - Instrumentos utilizados. 18. Quadro 5 - Fontes de conhecimento referidas. 19. Quadro 6 - Experiências obtidas pelos treinadores nos seus percursos. 20. II Estudo empírico Estudo 2 Quadro 7 - Dados caraterizacionais dos treinadores inquiridos. 42. Quadro 8 - Categorias e subcategorias - Fontes de conhecimento. 43. Quadro 9 - Categorias - Tipo de conhecimento. 49. Quadro 10 - Distribuição das referências pelas categorias das fontes de. 50. conhecimento Quadro 11 - Distribuição das referências de cada treinador pelas categorias Quadro 12 - Distribuição das referências de cada treinador pelas. 52 53. subcategorias Quadro 13 - Tipo de conhecimento adquirido em cada categoria das fontes de conhecimento. VII. 54.

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(9) Índice de Anexos. Anexo 1 - Quadro Sinótico. XVII. Anexo 2 - Estrutura da entrevista. XXI. Anexo 3 - Guião da entrevista. XXV. IX.

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(11) Resumo O crescente número de praticantes, associado ao aumento da popularidade do desporto e a sua profissionalização aportaram ao sistema desportivo um alargado leque de novas preocupações. Dado o caráter global e sistémico dessas preocupações e também da dificuldade de atuar sobre todas as componentes do sistema, as exigências acabam por convergir na figura do treinador, enquanto veículo condutor das novas imposições sociais direcionadas para o espetáculo e sucesso desportivo. Neste contexto, assumindo que o conhecimento do treinador é a chave para o crescimento e manutenção da qualidade dos processos de treino (Rynne et al., 2009), impõe-se a necessidade de qualificar os treinadores (Vargas-Tonsing, 2007; McCullick et al., 2005) de modo a garantir uma evolução estruturada e sustentada de todo o sistema desportivo. Nesse sentido, os principais propósitos deste estudo foram mapear os estudos efetuados acerca da construção do conhecimento do treinador, colocando em evidência as fontes de conhecimento utilizadas e detetar a perceção que os treinadores de andebol em Portugal têm das fontes de conhecimento que utilizam, nos diferentes momentos das suas carreiras desportivas. De modo a dar resposta a estes objetivos efetuou-se um estudo de revisão sistemática da literatura e um estudo empírico com 10 treinadores de elite de andebol, que atuam na 1ª divisão em Portugal. Neste segundo estudo o instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada. Os principais resultados evidenciaram que os treinadores adquirem o seu conhecimento numa grande variedade de fontes de conhecimento, nomeadamente as mediadas, as diretas e as internas. As diretas são aquelas que os treinadores percecionam como de maior relevância para o seu desenvolvimento, apesar de reconhecerem a importância das mediadas e das internas. Já a fonte de conhecimento interna não revelou ter o impacto esperado na construção do conhecimento dos treinadores de andebol em Portugal.. PALAVRAS-CHAVE: CONHECIMENTO. DO TREINADOR;. TREINADOR; REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA. XI. FORMAÇÃO. DO TREINADOR;.

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(13) Abstract The increasing number of athletes linked to the sport’s popularity and professionalism are responsible for new concerns in the sport system. These global and systemic concerns and the difficulty of acting in each system component lead to converge in the coach’s professional behaviour, as social demands oriented to the show business and sport success. In this context, assuming the coaching knowledge as a key factor in the training process quality and maintenance (Rynne et al., 2009), it is very important the contribution to qualify the coaching education (Vargas-Tonsing, 2007), guaranteeing the structured and sustained evolution of the whole sport system. So, the aims of this was mapping the research done about the coaching knowledge and searching the portuguese handball coach’s perception about their own knowledge sources in different moments of their sport careers. In order to answer to the goals a systematic review was made and an empirical study with 10 handball elite coaches that act at the first portuguese league. At the second study it was used a semi structured interview. Data show that coaches get their knowledge using several different sources - mediated, unmediated and internal. The coaches assume the unmediated sources as the most relevant in their development, recognizing however the importance of the mediated and internal ones. The internal knowledge source didn’t have the expected influence coaches’ knowledge construction.. KEY W ORDS: COACHES’. KNOWLEDGE;. SYSTEMATIC REVIEW OF LITERATURE. XIII. COACH. EDUCATION;. COACH; COACH.

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(15) Introdução geral.

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(17) Introdução geral O desporto é uma atividade que congrega um conjunto alargado de modalidades, cujo impacto é cada vez maior nos diferentes setores da sociedade portuguesa. Esta relevância, em parte, encontra justificação no crescimento exponencial da prática desportiva federada (93%), traduzido em termos absolutos numa variação de 266 mil praticantes em 1996 para os 513 mil em 2009 (Instituto do Desporto de Portugal, 2011). Neste contexto, o crescente número de praticantes, associado ao aumento da popularidade do desporto e a sua profissionalização são responsáveis pelo surgimento de um alargado leque de novas preocupações no sistema desportivo que sente a necessidade de se adaptar e reestruturar para ir de encontro às novas exigências dos diferentes intervenientes sociais. Dado o caráter global e sistémico dessas preocupações e também da dificuldade de atuar sobre todas as componentes do sistema, as exigências acabam por convergir na figura do treinador como veículo condutor das novas imposições sociais direcionadas para o espetáculo e sucesso desportivo. Da mesma forma que o sistema desportivo sofreu alterações, também o papel do treinador assumiu novos contornos (Côté et al., 2007). As tarefas do treinador tornaram-se mais complexas como advoga Cushion (2007) ao caracterizar o processo de treino como complexo, incerto, dinâmico, singular e repleto de conflitos de valores. Noutras palavras, treinar é operar na ambiguidade, porque cada situação de treino incorpora algum grau de novidade (Jones e Wallace, 2005) que obriga o treinador a uma maior versatilidade na sua atuação (Czajkowski, 2010). Outro aspeto a considerar é que o processo de treino não ocorre no vazio, mas sim numa estrutura de relações humanas que se estabelecem com outros significativos, num contexto social e cultural específico (Jones et al., 2002) onde a interação entre o treinador, o atleta e os constrangimentos do contexto determinam a natureza complexa da atividade. Desta forma, a ação do treinador não é independente das estruturas que o envolvem, nem tão pouco lhes fica circunscrita (Cushion, 2007). O seu. 3.

(18) valor é indiscutível no desenvolvimento de uma equipa (Bloom et al., 2003), assim como no crescimento da participação desportiva. Acresce, que a sua ação é social, física, psicológica e emocional (Misener e Danylchuk, 2009), guiando, moldando e influenciando o desempenho desportivo (Ford et al., 2009). Paralelamente às novas e renovadas exigências que se colocam ao papel do treinador, a definição daquele que é um expert reveste-se de um caráter multidisciplinar representando a complexidade de tarefas que o treinador assume. Face a este entendimento, Côté e Gilbert (2009) definem expert como aquele que demonstra a capacidade de aplicar, de forma consistente, os seus conhecimentos a um grupo particular de atletas e circunstâncias, no sentido da otimização das aprendizagens. Concretamente, é necessário o treinador possuir um reportório de conhecimentos que lhe permitam uma estabilização no desempenho da sua função, para que possa ser considerado um treinador expert. Neste contexto, assumindo que o conhecimento do treinador é a chave para o crescimento e manutenção da qualidade dos processos de treino (Rynne et al., 2009), impõe-se a necessidade de qualificar os treinadores (Vargas-Tonsing, 2007; McCullick et al., 2005) de modo a garantir uma evolução estruturada e sustentada de todo o sistema desportivo. Para isso, é necessário compreender como os treinadores adquirem o seu conhecimento, nomeadamente que fontes utilizam para recolher a informação adequada às exigências que a prática lhes coloca, que caminhos precisam de percorrer para possuírem as experiências relevantes a um desempenho competente e como transformam cada momento de aprendizagem e experiência vivida em conhecimento útil. Face a estes propósitos, a comunidade científica tem vindo a aumentar o número de estudos focados no percurso de vida dos treinadores, assim como em outras temáticas capazes de influenciar o processo de treino (Smith e Cushion, 2006; Cushion et al., 2006). O resultado foi um crescimento no número de publicações ao nível das diversas temáticas associadas ao treinador (Gilbert e Trudel, 2004), que são, em grande parte, relacionadas com a realidade desportiva dos EUA (Trudel e Gilbert, 2006). 4.

(19) Esta realidade americana possui uma estrutura competitiva diferente daquela que existe na maioria dos outros países. A organização desportiva deste país é suportada, essencialmente, por instituições de ensino, escolas e universidades, o que não se observa nos países europeus, onde há uma identificação clara do clube como suporte da estrutura competitiva. Face ao exposto, importa que o conhecimento científico, associado às temáticas do treinador, alargue a sua área de pesquisa a diferentes realidades desportivas. Nesse sentido, o principal propósito deste estudo é detetar a perceção que os treinadores de andebol em Portugal têm das suas fontes de conhecimento, nos diferentes momentos das suas carreiras desportivas. Assim, com este estudo, pretende-se fornecer dados acerca da realidade desportiva portuguesa que possam, de alguma forma, colmatar uma das lacunas reconhecidas pela comunidade científica.. Estrutura do estudo O presente estudo foi elaborado de acordo com as normas e orientações da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, para a redação e apresentação de dissertações. A sua estrutura assemelha-se ao modelo escandinavo, incorporando estudos com vista a publicação. Sendo assim, a presente dissertação encontra-se estruturada em três capítulos que procuram dar resposta à problemática em foco: o processo de (re)construção do conhecimento do treinador. O capítulo I integra o enquadramento teórico através um estudo de revisão da literatura que teve como objetivo sintetizar e analisar os resultados dos estudos empíricos publicados na década de 2001 a 2010 associados à temática da construção do conhecimento do treinador. O capítulo II incorpora o estudo empírico que teve como objetivo identificar as fontes de conhecimento percecionadas pelos treinadores de andebol em Portugal, assim como examinar a relação que se estabelece entre cada uma delas e o tipo de conhecimento adquirido. No capítulo III são apresentadas as conclusões gerais, onde são sintetizados os resultados obtidos nos estudos realizados e se dá resposta ao propósito central da dissertação. Para finalizar, é apresentada a bibliografia geral e os anexos. 5.

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(21) I. Enquadramento teórico Estudo 1 - O processo de construção do conhecimento do treinador: Um estudo de revisão sistemática da literatura.

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(23) Resumo A função do treinador tem vindo a revestir-se de novas exigências e responsabilidades (Nash et al., 2008), colocando-o numa posição de indiscutível importância como elemento condutor do sucesso desportivo. Face a este enquadramento, os treinadores tendem a estar altamente motivados para adquirir novos conhecimentos que os auxiliem a melhorar as capacidades dos seus atletas (Reade et al., 2008b). De acordo com Werthner e Trudel (2006), a aquisição de conhecimento pode verificar-se mediante a influência de três tipos de fontes de conhecimento: mediada, direta e interna. Neste contexto, o presente estudo teve como propósito central mapear os estudos efetuados acerca da construção do conhecimento do treinador, através da realização de uma revisão sistemática da literatura com os seguintes. objetivos. complementares:. (1). identificar. as. fontes. do. conhecimento do treinador; (2) identificar as experiências relevantes para um percurso desportivo no sentido da obtenção do sucesso; (3) compreender de que forma as diferentes fontes de conhecimento contribuem para a construção de novo conhecimento. De modo a dar respostas a estes objetivos foram utilizadas as bases de dados eletrónicas: SportDiscus Full Text e Academic Search Complete. As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram: coach development, coaching development, coaching experience, coaching learning, coaches’ knowledge, coaching knowledge, tendo sido incorporados 29 artigos da década 2001-2010. Os principais resultados evidenciam que os treinadores adquirem o seu conhecimento através. de. uma. grande. variedade. de. fontes. de. conhecimento,. nomeadamente as mediadas, as diretas e as internas. As diretas são apontadas como sendo as de maior relevância para a construção do conhecimento. No entanto, as internas parecem determinar o impacto que cada uma das outras tem na construção do conhecimento do treinador. As experiências como jogador e treinador parecem ser determinantes, apesar de não ser possível traçar uma marca quantitativa que todos os treinadores tenham de alcançar para atingir o sucesso. PALAVRAS-CHAVE: REVISÃO. SISTEMÁTICA DA LITERATURA;. TREINADOR; FONTES DE CONHECIMENTO. CONHECIMENTO. DO.

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(25) Introdução O palco desportivo tem vindo a suscitar cada vez mais interesse nos diferentes setores da sociedade, designadamente na procura de espetáculos atrativos e lucrativos. Na verdade, o acréscimo de popularidade e competitividade. do. desporto. conduziram-no. à. profissionalização. e. comercialização. Neste contexto, a função do treinador revestiu-se de novas exigências e responsabilidades (Nash et al., 2008) que o colocaram numa posição de indiscutível importância como elemento condutor do sucesso. Com efeito, cabe ao treinador desenvolver as habilidades técnicas, táticas, físicas e mentais dos seus atletas, sendo ainda suposto vencer (Becker, 2009). Este último propósito é, na grande maioria das vezes, a única meta a cumprir, por se entender a vitória como a representação máxima do sucesso desportivo. Face a este entendimento, os treinadores tendem a estar altamente motivados para adquirir novos conhecimentos e formas de pensar que os auxiliem a melhorar o desempenho dos seus atletas, com o objetivo de alcançarem resultados competitivos satisfatórios (Reade et al., 2008b). Esta. aquisição. é. um. processo,. em. grande. medida,. da. responsabilidade do próprio treinador, que se carateriza por um conjunto de tomadas de decisão (Wiman et al., 2010), dependentes das interações e oportunidades vivenciadas em determinados contextos (Young et al., 2009). De acordo com Werthner e Trudel (2006) a aquisição de conhecimento resulta da adaptação e alteração da estrutura cognitiva do treinador que pode verificar-se mediante a influência de três tipos de situações de aprendizagem: mediada (formal), direta (não formal) e interna (reflexão)1. Considerando a grande variedade de situações de aprendizagem em que os treinadores participam e o seu contributo para a melhoria do nível da qualidade do processo de treino, a comunidade científica tem demonstrado grande interesse no estudo da construção do conhecimento do treinador, no sentido de compreender quais as situações de aprendizagem em que participam (Jones et al., 2003; Erickson et al., 2008), que experiências são. 1. Nossa tradução de mediated, unmediated e internal. 11.

(26) relevantes para a obtenção do sucesso (Gilbert et al., 2006) e como se tornam elementos de sucesso (Gilbert e Trudel, 2001). Estas preocupações, entre outros aspetos, têm-se traduzido num crescimento exponencial do número de estudos empíricos acerca desta temática (Gilbert e Trudel, 2004). Paralelamente a este investimento, a pesquisa tem visado auxiliar a publicação de estudos que possibilitem a procura de uma base sólida para a construção, tanto de um programa de formação de treinadores que vá de encontro às necessidades da prática, como de um modelo de ação, aplicável aos três diferentes contextos de treino definidos por Trudel e Gilbert (2006): desporto de recreação, desporto de desenvolvimento, e desporto de elite. Este investimento é de tal forma notório, que o número médio de publicações na área do coaching cresceu de 1,8 artigos por ano em 1970 para 30 em 2001 (Gilbert e Trudel, 2004). Considerando este crescimento exponencial de publicações, torna-se clara a dificuldade de investigadores e treinadores acederem à informação disponível, pelo que importa realizar sistematizações regulares dos diversos estudos publicados, que resultem numa convergência da informação que facilite a transmissão clara e sucinta do conhecimento científico à comunidade desportiva. Como referem Gilbert e Trudel (2004), na ausência de revisões e análises da literatura, os investigadores têm a sua ação dificultada na contextualização do seu trabalho dentro da coaching science, assim como na compreensão das necessidades de investigação Face ao exposto, o presente estudo teve como propósito central mapear os estudos efetuados acerca da construção do conhecimento do treinador, colocando em evidência as fontes de conhecimento utilizadas pelo treinador.. Metodologia Dado ser um estudo de revisão sistemática da literatura, de natureza descritiva e bibliográfica, à semelhança da análise realizada por Gilbert e Trudel (2004) foi estruturado em 4 fases.. 12.

(27) A Fase I consistiu numa identificação exaustiva de toda a informação publicada em revistas científicas na língua inglesa, em duas bases de dados eletrónicas: SportDiscus Full Text e Academic Search Complete, na década compreendida entre janeiro de 2001 e dezembro de 2010. De todas as bases de dados eletrónicas disponíveis na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto foi escolhida a SportDiscus Full Text por ser a base de dados mais específica para as Ciências do Desporto e a Academic Search Complete por ser de caráter multidisciplinar. A seleção dos estudos foi realizada a partir do ano de 2001, no sentido de dar continuidade à pesquisa de Gilbert e Trudel (2004) que consideraram para análise os estudos científicos publicados no período compreendido de 1970 a 2001. As. palavras-chave. utilizadas. para. a. pesquisa. foram:. “coach. development” (337 resultados), “coaching development” (272 resultados), “coaching experience” (276 resultados), “coaching learning” (86 resultados), “coaches’ knowledge” (86 resultados), “coaching knowledge” (46 resultados). Identificada a totalidade de artigos que no título, palavras-chave ou abstract apresentavam pelo menos uma das palavras de pesquisa, avançouse para a Fase II. A Fase II teve como objetivo selecionar os estudos a incorporar na pesquisa. Para isso, após a identificação dos estudos na Fase I efetuou-se uma análise dos abstracts de todos os artigos e aplicaram-se os critérios de exclusão. Desta forma, foram excluídos os estudos que não se enquadravam na temática em foco, designadamente os que se reportavam ao tema do coaching empresarial. Foram também excluídas as dissertações, os capítulos de livros, os artigos não publicados e os resumos de conferências. Da aplicação destes critérios resultou um total de 144 artigos. Após esta fase de seleção, avançou-se para a Fase III, onde foi realizada a primeira leitura integral dos estudos para uma nova análise. Desta fase foram selecionados todos os artigos de caráter empírico, associados à temática da construção do conhecimento do treinador, mais especificamente, aqueles que procuravam: (1) identificar as fontes do conhecimento do treinador; (2) identificar as experiências relevantes para um percurso desportivo no sentido da obtenção do sucesso; (3) compreender de que 13.

(28) forma as diferentes fontes de conhecimento contribuem para a construção de novo conhecimento. Após a aplicação destes critérios de inclusão ficou-se com um total de 29 artigos. Na Fase IV os 29 artigos que cumpriram os critérios de inclusão foram submetidos a uma análise de conteúdo e agrupados em três unidades de análise definidas a priori: (A) artigos que procuraram identificar as fontes de conhecimento. do. treinador;. (B). artigos. que. procuraram. identificar. experiências relevantes para a obtenção do sucesso; (C) artigos que procuraram compreender a construção do conhecimento a partir das diversas fontes. Dentro do grupo A foram incluídos 23 artigos, no grupo B 6 artigos, 2 dos. quais. também. foram. incluídos. no. grupo. A. por. atenderam. simultaneamente às duas unidades de análise e no grupo C foram apenas incluídos 2 artigos.. Procedimentos de análise Os artigos do grupo A foram categorizados, a priori, de acordo com a definição que Werthner e Trudel (2006) fazem das situações de aprendizagem: mediadas, diretas e internas. Nas situações denominadas como mediadas, a aprendizagem é promovida diretamente por um instrutor ou professor no decorrer de cursos de treinadores, clinics ou workshops. Contrariamente, na aprendizagem direta não existe instrutor ou professor, o treinador toma a iniciativa e responsabilidade de escolher o que pretende aprender e procura, entre outras opções, observar os seus pares ou interagir com os atletas. Aprendizagem interna é essencialmente o resultado da autorreflexão onde não existe o surgimento de nova informação, mas sim a reconsideração e reorganização de ideias já existentes na estrutura cognitiva do treinador. Complementarmente às categorias mediada, direta e interna, houve necessidade de criar subcategorias a posteriori, representativas das fontes de conhecimento utilizadas pelos treinadores ao longo dos seus percursos desportivos: cursos de treinadores; formação académica; workshops/clinics; mentoring formal; interação com treinadores; interação com atletas; interação com a família; interação com os pais dos atletas; experiência no trabalho; experiência como atleta; experiência como treinador; influência de mentores; 14.

(29) tentativa/erro; observação de competições; observação de treinadores; livros/revistas; internet; comunidade científica; networking; feedback externo; e reflexão. O mesmo se verificou na análise dos artigos do grupo B, onde se definiram a priori duas categorias: (1) experiências obtidas enquanto atletas; (2) experiências obtidas enquanto treinadores. No decurso da análise emergiram subcategorias relativas às diferentes experiências enunciadas pelos treinadores: experiência em diversas modalidades; experiência em funções de liderança; experiência desportiva influenciada positivamente por agentes desportivos; experiência em tarefas de treino/ competição/ administração; experiência em formação profissional; e influência de mentores. Para além da categorização associada à situação de aprendizagem que cada fonte de conhecimento promove e ao tipo de experiência obtida, os artigos de todos os grupos foram ainda analisados segundo o contexto da prática desportiva a que os treinadores se encontravam associados. A análise teve como base as definições de contexto recreativo, de desenvolvimento e de elite que Trudel e Gilbert (2006) delinearam com o intuito de uniformizar conceitos na comunidade científica. Segundo os autores o contexto recreativo refere-se à prática desportiva que enfatiza a participação e o lazer em detrimento da competição, propiciando a aprendizagem das ações motoras de base, numa atividade de baixa intensidade. A sua organização é formal mas de funcionamento irregular e local. Os atletas não são selecionados pelas suas capacidades físicas. O contexto de desenvolvimento inclui um sistema mais formal de competição, com um aumento do envolvimento dos atletas e treinadores. É o primeiro momento para a identificação de talentos para o desporto de elite, uma vez que existe uma seleção dos atletas de acordo com as suas capacidades físicas. Neste contexto estão englobadas as participações desportivas escolares a nível local e regional. O contexto de elite é caraterizado por um envolvimento máximo dos atletas e treinadores, no sentido da preparação para a competição, altamente estruturada. Os atletas são rigorosamente selecionados de acordo com o rendimento que obtêm e os treinadores são geralmente profissionais. Neste 15.

(30) contexto estão englobados os campeonatos universitários de alguns países, assim como as equipas que participam nos campeonatos nacionais e provas internacionais. Relativamente à tipologia dos treinadores focados nos estudos procedeu-se ainda a uma categorização de acordo com o tipo de modalidade em que os treinadores se encontravam inseridos: modalidade coletiva ou individual, na tentativa de ir de encontro às designações utilizadas em estudos como os de Erickson et al. (2007) e Mesquita et al. (2010), possibilitando assim futuras comparações.. Resultados Como referido anteriormente, o presente trabalho abrange os estudos científicos publicados na década compreendida entre 2001 e 2010, centrados na temática da construção do conhecimento do treinador. Os artigos incluídos para análise foram publicados em 14 revistas diferentes. Detendo a International Journal of Sports Science and Coaching e The Sport Psychologist as maiores percentagens de publicações com 31% e 13,8%, respetivamente, da totalidade dos artigos incluídos (Quadro 1). Quadro 1 – Origem dos artigos Revista. Artigos (n). Artigos (%). Journal of Teaching in Physical Education. 1. 3,4. Sport Education and Society. 2. 7. The Sport Psychologist. 4. 13,8. Reflective Practice. 1. 3,4. International Journal of Sports Science and Coaching. 9. 31. Modern Athlete and Coach. 1. 3,4. Journal of Sports Sciences. 2. 7. Research Quarterly for Exercise and Sport. 1. 3,4. Physical Education and Sport Pedagogy. 2. 7. International Journal of Sport Science. 1. 3,4. Journal of Sport Behavior. 1. 3,4. International Journal of Coaching Science. 2. 7. Journal of Sports Science and Medicine. 1. 3,4. Physical Educator. 1. 3,4. 29 Artigos. 100. 14 Revistas. 16.

(31) No. conjunto. maioritariamente. dos. do. 29. género. trabalhos. foram. estudados. masculino,. cerca. de. 80%. treinadores (Anexo. 1),. provenientes de 7 países diferentes, dos quais se destacam o Canadá, Reino Unido e EUA com um maior número de estudos, associados a uma grande variedade de modalidades. Os desportos coletivos surgem na maioria dos estudos,. enquanto. que. os. desportos. individuais. são. referenciados. isoladamente em apenas 5 estudos, todos associados ao contexto de elite (Quadro 2). Quadro 2 – Modalidades contempladas Tipo de modalidade. Artigos (n). Artigos (%). Individual. 5. 17,2. Coletiva. 12. 41,4. Individual e Coletiva. 12. 41,4. 29 artigos. 100. As modalidades mais evidenciadas são o futebol, hóquei no gelo, natação e basquetebol, sendo que a maioria está associada ao desporto de elite, existindo apenas 4 estudos que contemplam nas suas amostras treinadores que atuam no contexto recreativo (Quadro 3). Quadro 3 – Contextos de prática desportiva contemplados Artigos (n). Artigos (%). Recreativo. Contexto de prática. 0. 0. Desenvolvimento. 6. 20,8. Elite. 17. 58,6. Recreativo/ Desenvolvimento. 2. 6,9. Recreativo/ Elite. 1. 3,4. Desenvolvimento/ Elite. 2. 6,9. Elite/ Desenvolvimento/ Recreativo. 1. 3,4. 29 artigos. 100. No que concerne aos instrumentos de recolha de dados foram utilizados. preferencialmente. instrumentos. associados. à. metodologia. qualitativa (Quadro 4), sendo que a entrevista semiestruturada foi o instrumento mais utilizado (51,7%). Dentro dos instrumentos associados à. 17.

(32) metodologia quantitativa, verificou-se apenas a utilização de questionários, mas num menor número de estudos (13,8%). Quadro 4 – Instrumentos utilizados Instrumentos. Artigos (n). Artigos (%). Entrevista semiestruturada. 15. 51,7. Entrevista estruturada. 3. 10,4. Questionário. 4. 13,8. Observação/entrevista/documentos. 3. 10,4. História de vida. 1. 3,4. Questionário/entrevista/focus group. 1. 3,4. Questionário/entrevista. 2. 6,9. 29 artigos. 100. Relativamente às fontes de conhecimento referenciadas pelos diferentes estudos, estas perfazem um total de 21, distribuídas por diferentes tipos de aprendizagem: mediada, direta e interna (Quadro 5). Nas fontes de conhecimento mediadas os treinadores referem os cursos de treinadores, a formação académica, independentemente da área, a frequência de workshops e clinics, assim como o recurso a sessões práticas de treino orientadas por um mentor. No entanto, neste grupo, são os cursos de treinadores que mais vezes se apresentam como fonte de conhecimento utilizada. Como fonte de conhecimento direta os treinadores indicam uma maior variedade de situações, sendo que as que parecem assumir um papel mais preponderante são a interação com outros treinadores e a experiência como atleta e treinador. Por outro lado, a interação com os pais dos atletas, a experiência no trabalho e o feedback externo foram apenas mencionados como fonte de conhecimento uma vez. Todos os autores fazem referência às fontes de conhecimento diretas. As mediadas não estão presentes em apenas 3 artigos, enquanto que as internas surgem unicamente em 7 estudos, especialmente nos anos 2009 e 2010, mais especificamente em estudos associados ao contexto de prática de elite.. 18.

(33) Workshops/Clinics. X. Mentoring formal Interação treinadores. X X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X X. X. Exp. no trabalho. X. 30. X. X. 52. Rynne et al., 2010. X. Wilson et al., 2010. 56. X. X. 9 X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. Exp. como treinador. X. Mentores. X. X. X. X. Tentativa/Erro. X. Obs. de competições. X. X. 9. X. 9 4. Obs. de treinadores. X. Livros/Revistas. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X X. X. X X. X. X. X. X. X. X. Comunidade científica Networking. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. 65. 13. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. X. 48. X. X. 56. X. X. 30. X. X. X. 17 22. X. X. 4 X. X. X. Para além da procura das fontes de conhecimento utilizadas pelos treinadores, encontraram-se estudos (Gilbert et al., 2006; Lynch e Mallett, 2006; Erickson et al., 2007; Nash e Sproule, 2009; Young et al., 2009; Gilbert et al., 2009) que advogam que a experiência é uma fonte indispensável à construção do conhecimento, pelo que procuraram definir quais as que surgem como relevantes para um percurso de sucesso na área do treino (Quadro 6), associado a indicações com vista a que essas experiências resultem na aquisição de novo conhecimento (Gilbert e Trudel, 2001; Gilbert. 19. X. 48. X. e Trudel, 2005).. 61. 22. Feedback externo X. X. X. X. X. X. 70 13. X. Exp. como atleta. Reflexão. X. X. X X. Interação pais. Interna. Wiman et al., 2010. X. Nash e Sproule, 2009. X. Dorgo, 2009. Stephenson e Jowett, 2009. Carter e Bloom, 2009. X. Jiménez et al., 2009. X. Werthner e Trudel, 2009. Reade et al., 2008 b. Erickson et al., 2008. Reade et al., 2008 a. X. X. Interação familia. Direta. X. %. X. Interação atletas. Internet. Lemyre et al., 2007. X. Wright et al., 2007. X. Gauthier et al., 2006. X. Mesquita et al., 2010. Mediada. Formação académica. X. Williams e Kendall, 2007. X. Cregan et al., 2007. X. Lynch e Mallett, 2006. Werthner e Trudel, 2006. X. Cursos de treinadores. Abraham et al., 2006. Irwin et al., 2004. Fontes de conhecimento. Jones et al., 2003. Quadro 5 – Fontes de conhecimento referidas. 30.

(34) Gilbert et al., 2006. Lynch e Mallett, 2006. Erickson et al., 2007. Nash e Sproule, 2009. Young et al., 2009. Gilbert et al., 2009. Quadro 6 – Experiências obtidas pelos treinadores nos seus percursos. C. I. C I. C/I. I. C I. Experiência em diversas modalidades. X. X. X. Técnica e táticamente melhor que a média. X. X. X. Experiência em funções de liderança. X. X. X. Experiências como atleta - Perfil Atleta. X X. Prática desportiva influenciada positivamente por agentes desportivos Experiências como treinador - Perfil Treinador. X. X. X. X. X. X. X. X. C. Elevado nº de horas em tarefas de treino/competição/administração. X. Reduzido nº de horas em formação profissional. X. Influência de mentores. I. C I X. X. X. C/I. X. X. X. I. C I. X. X. X. X. X. X. Legenda: C = Modalidade Coletiva; I = Modalidade Individual. Nesse sentido, Gilbert et al. (2006) e Lynch e Mallett (2006) procuraram identificar experiências significativas nos treinadores de sucesso durante os seus percursos desportivos. Tendo sido possível concluir que os treinadores, no que concerne ao perfil de experiências como atleta, acumulam em média milhares de horas e vários anos de treino, praticam diversas modalidades e quase sempre assumem funções de liderança. Para além de que na maior parte dos casos, são jogadores titulares e percecionam-se melhores que a média comparativamente aos seus pares. Identificadas as experiências comuns de alguns treinadores de sucesso, Erickson et al. (2007) procuraram encontrar qual a quantidade mínima necessária de cada uma delas para se alcançar a mestria. Os autores verificaram a existência de experiências comuns a treinadores de modalidades coletivas e individuais tais como: a experiência como atleta na modalidade que lideram; a frequência em cursos de treinadores; uma autoperceção de habilidade desportiva superior à média dos seus pares e a influência de mentores. A referência à vivência de funções de liderança e à experiência. como. atleta. noutra(s). modalidade(s). foram. encontradas. maioritariamente no grupo dos treinadores de modalidades coletivas.. 20.

(35) No entanto, em nenhuma das experiências detetadas foi possível quantificar, em anos ou épocas, o necessário para se alcançar o sucesso. Em todos os treinadores existiram, nas diferentes experiências, valores com desvio-padrão muito elevados, muitas das vezes superiores às próprias médias. Nash e Sproule (2009) ao procurarem compreender o percurso de treinadores experts, constataram a existência de consideráveis semelhanças em cada um deles, designadamente terem iniciado a atividade de treinador ainda como atletas, terem praticado diversas modalidades e identificado pelo menos uma pessoa com impacto positivo na sua participação desportiva. Para além destes aspetos, também ficou claro que a passagem formal destes treinadores de elite, para o papel de treinador ocorreu a partir do momento em que terminaram a sua prática desportiva. Por outro lado, Young et al. (2009) procuraram estabelecer uma comparação entre os percursos desportivos de treinadores, de diferentes níveis competitivos, tendo encontrado perfis muito discrepantes. Enquanto atletas, os treinadores envolvidos em competições de nível nacional, relativamente aos envolvidos em competições de nível local, iniciaram a sua prática mais cedo, vivenciaram uma carreira mais longa, atingiram níveis de desempenho superiores, tiveram mais mentores, assim como enquanto treinadores, estiveram mais tempo em funções de liderança, tiveram um maior número de horas de interação com os seus atletas, investiram mais horas na formação profissional, exerceram a função de mentor um maior número de vezes e disputaram mais campeonatos. Na mesma linha de pesquisa, Gilbert et al. (2009) acrescentam aos estudos anteriores a procura de experiências que se associem diretamente ao sucesso dos treinadores. Estes autores reforçam os resultados de Gilbert et al. (2006) e Lynch e Mallett (2006) ao verificarem que os treinadores acumulam várias épocas como atletas na modalidade que lideram e os de Erickson et al. (2007) ao verificarem o elevado número de horas que os treinadores investem em tarefas de treino, competição e administração. Gilbert et al. (2009) ao analisarem diferentes elementos do perfil de experiências dos treinadores e alguns parâmetros de sucesso, encontraram. 21.

(36) relação positiva em dois itens: o tempo investido como atleta na modalidade e o tempo investido como treinador em tarefas de treino e administração. Juntamente com a procura de quais as fontes de conhecimento utilizadas pelo treinador e quais as experiências relevantes para se obter sucesso, foram encontrados outros estudos que se debruçaram sobre a forma como cada uma das experiências contribui para construção de novo conhecimento (Gilbert e Trudel, 2001, 2005). Nesse contexto, Gilbert e Trudel (2001, 2005) examinaram 6 treinadores de jovens e identificaram a reflexão como o elemento mediador entre a experiência e o conhecimento. Os mesmos autores (2001) consideram que o conhecimento é construído em resultado de uma experiência refletida, num processo caraterizado por 6 componentes que consistem na situação de treino; nas caraterísticas da posição que o treinador ocupa; no surgimento de um problema; na construção de uma estratégia; na experimentação e na avaliação2. O processo inicia-se quando o treinador, no cumprimento das suas funções, é confrontado com inúmeras situações que se denominam de situações de treino. Estas podem estar relacionadas tanto com o comportamento direto dos atletas, como com a estrutura organizativa do próprio clube. Cada situação é analisada pelo treinador de acordo com o contexto que a envolve, considerando a idade e nível competitivo dos praticantes, a especificidade da modalidade praticada e os objetivos estabelecidos. No confronto com uma situação de treino que, de acordo com o contexto que a envolve, é uma situação problemática, o treinador identifica um obstáculo para o qual procura construir estratégias de intervenção que podem ser conseguidas com ou sem o auxilio dos seus pares. Neste sentido, o treinador pode recorrer a materiais didáticos como livros e revistas, à sua própria criatividade e reportório de habilidades ou recorrer aos seus pares pedindo opinião, debatendo ideias ou mesmo, observando-os para adaptar as estratégias aplicadas ao seu contexto.. 2. Nossa tradução de: coaching issues; role frame; issue setting; strategy generation; experimentation; evaluation.. 22.

(37) Uma vez encontrada uma estratégia de ação, o treinador coloca em prática as suas ideias e avalia a sua aplicação. A estratégia construída é avaliada e o treinador dá por terminado o seu processo de reflexão, ou regressa à procura de uma estratégia mais eficaz. Desta forma, o treinador é envolvido num processo de reflexão sistemática na procura de soluções para os problemas que surgem na prática do dia a dia e durante o qual, vai construindo o seu conhecimento. No entanto, a construção do conhecimento está dependente da capacidade de cada treinador para refletir acerca das situações que lhe são apresentadas. Só mediante uma situação problema é que o treinador envereda na procura de novas estratégias de ação que tendem a alargar o seu reportório de habilidades. Para isso, Gilbert e Trudel (2005) consideram que o processo de reflexão depende da interação de 4 condições: o acesso que o treinador tem aos seus pares; a etapa de desenvolvimento do próprio treinador; as caraterísticas da situação problemática e o contexto que a envolve.. Discussão dos resultados Os dados evidenciam que os treinadores participam numa grande variedade de situações de aprendizagem, mediadas, diretas e internas, as quais têm um contributo importante para a construção do conhecimento. No entanto, são as diretas que se apresentam como mais relevantes nos diversos estudos analisados, oferecendo aos treinadores uma panóplia mais alargada de opções no momento da procura de conhecimento. Esta maior amplitude, pode assim representar um impacto superior deste grupo de situações de aprendizagem, ao nível da construção de estratégias de ação. Seria, em todo o caso, pouco razoável acreditar que a aprendizagem mediada pudesse ultrapassar a direta em termos de volume de experiências que o treinador vivencia ao longo do seu percurso. Com efeito, como refere Reade (2009), se forem contabilizadas o número de horas, dias, semanas, meses e anos que um treinador investe em situações de aprendizagem diretas, certamente que as mediadas estarão em desvantagem. As fontes de conhecimento associadas a uma aprendizagem mediada materializam-se maioritariamente em cursos de treinadores, que apesar de 23.

(38) serem frequentemente criticados, pelo seu contributo limitado para a construção do conhecimento do treinador, são referidos em 56% dos estudos analisados. Este facto, pode indicar, que mesmo quando os cursos são uma imposição federativa, são reconhecidos como elementos positivos na construção do conhecimento. Este grupo de fontes de conhecimento esteve ausente em apenas 3 dos artigos analisados, que se encontram relacionados com contextos desportivos muito específicos, designadamente Gauthier et al. (2006), Cregan et al. (2007) e Rynne et al. (2010). Neste âmbito, Gauthier et al. (2006) procuraram compreender quais as fontes de conhecimento que treinadores, de uma zona isolada do Canadá, utilizavam na procura de estratégias para a resolução dos seus problemas geográficos. Os dados da pesquisa evidenciaram a inexistência de referências a situações formais de aprendizagem, assim como no estudo de Cregan et al. (2007) onde se examinaram as fontes de conhecimento de treinadores associados ao desporto adaptado. Rynne et al. (2010), procuraram perceber de que forma os treinadores inseridos no State Institute of Sport (SIS), mesmo face aos constrangimentos competitivos que o próprio local de trabalho impunha, continuavam a construir o seu conhecimento. Os três estudos apontaram para que quanto maior a especificidade da informação que se procura para a resolução dos problemas, menor é o investimento em situações de aprendizagem formal, pelo seu caráter generalizado e de pouca transferência para situações reais de treino (Côté, 2006). Não obstante estas evidências, seria incorreto afirmar que umas fontes de conhecimento são preferíveis comparativamente às outras. Na verdade, elas são distintas e complementares. Nesse sentido, importa salientar as vantagens e desvantagens de cada uma, no que concerne ao seu contributo para o percurso do treinador. A aprendizagem mediada tem como base procedimentos formais com garantia de qualidade, permite acesso a experts e possibilita a certificação, mas pode apresentar lacunas ao nível da sua aplicação por promover aprendizagens muito gerais. Por outro lado, a aprendizagem direta pode ocorrer em qualquer contexto, de acordo com as necessidades de cada treinador, conferindo-lhe um caráter muito individual sem, no entanto, garantia de qualidade (Mallett et al., 2009). 24.

(39) No que concerne às situações de aprendizagem internas, constata-se que estas se encontram associadas aos estudos com treinadores experts, maioritariamente em contextos de elite. Estes dados apontam para a influência do nível de desenvolvimento do treinador no recurso à fonte de conhecimento interna, tal como evidenciaram Stephenson e Jowett (2009). Estes autores promoveram um confronto entre as fontes de conhecimento de novatos e experts, detetando a aprendizagem interna apenas no grupo dos treinadores experts. Contudo,. sistematizando. os. resultados. de. todos. os. estudos. analisados, é possível afirmar que os treinadores constroem o seu conhecimento com base em quatro principais fontes de conhecimento: cursos de treinadores; experiência como jogador; experiência como treinador; e interação com outros treinadores. Relativamente à experiência como jogador e treinador, alguns autores procuraram quantificar as fontes de conhecimento com o intuito de traçar uma quantidade mínima que garantisse a obtenção do sucesso. No entanto, não se encontraram dados que sustentem a identificação de uma quantidade mínima em nenhuma delas. Na realidade, o que ficou claro é que existem percursos muito divergentes, fruto da influência que a estrutura cognitiva de cada treinador impõe em cada situação de aprendizagem (Werthner e Trudel, 2009) e da própria complexidade do processo de treino que longe de ser simples, é multifacetado e impossível de ser representado por um só elemento (Cushion, 2009). Neste sentido, apenas é possível esboçar um perfil das experiências que parecem ser relevantes, mas não suficientes, para a construção do conhecimento de um treinador de sucesso. Como primeiro elemento desse perfil, surge a experiência como atleta que Young et al. (2009) consideram ser um pré-requisito para que qualquer treinador possa exercer a sua ação a um nível competitivo superior ao local. Pré-requisito este que, usualmente, se encontra associado à modalidade na qual o treinador exerce a sua ação, apesar de também não ser incomum os treinadores terem praticado outras modalidades. Desta forma, parece ser necessário que treinadores de modalidades coletivas e individuais desenvolvam um leque generalizado de competências que poderão ser adquiridas com a participação em diferentes contextos 25.

(40) desportivos. No entanto, treinadores de modalidades individuais parecem centrar a sua participação num único desporto individual, a par de uma vivência mais diversificada ao nível dos desportos coletivos. Nos treinadores de modalidades coletivas a situação modifica-se, com a participação desportiva a surgir diversificada tanto em modalidades coletivas como individuais. Parece assim, que a especialização dos treinadores de modalidades individuais, começa na própria vivência desportiva que estes tiveram. A necessidade de adquirir competências muito específicas parece obrigar a que os treinadores de modalidades individuais tenham uma prática desportiva mais direcionada para o que será o seu futuro campo de ação. Para além da experiência como atleta, surge a perceção de sucesso que o treinador tem do seu desempenho como atleta. Neste contexto, os treinadores de sucesso foram habitualmente melhores que a média durante a sua prática desportiva, sem que com isso se imponha a necessidade de ser atleta de elite. O que realmente é relevante é a perceção de sucesso que os treinadores têm do seu percurso como atletas, o qual parece propiciar o desenvolvimento de um maior gosto e envolvimento na modalidade. Quanto mais nos consideramos competentes em determinada área, maior será a possibilidade de sermos efetivamente competentes, isto porque nos encontrarmos mais disponíveis para mobilizar esforços perante uma adversidade. Um atleta, ao terminar a sua participação desportiva, sente necessidade de continuar a desfrutar dos sentimentos positivos que a prática desportiva lhe ofereceu e acaba por assumir a função de treinador. Este facto parece ser evidenciado por Nash e Sproule (2009) ao constatarem que o envolvimento formal na atividade de treinador se inicia no final da carreira desportiva como atleta. Fundamentalmente, entende-se que o mais relevante não é o nível que se alcança como atleta, mas sim a perceção de sucesso que se adquire e a conotação que é dada ao contexto desportivo, seja por uma prática de sucesso ou pela influência positiva de um agente desportivo. Para além da perceção de habilidade que a maioria dos treinadores de sucesso manifestam, é comum indicarem a influência de mentores, como pessoas que conotaram a prática desportiva com caráter positivo (Erickson et al., 2007; Nash e Sproule, 2009; Young et al., 2009). 26.

(41) Por outro lado, parece existir uma associação entre o nível competitivo onde o treinador se encontra inserido e o nível competitivo vivenciado como atleta. Rodgers et al. (2007) verificaram que treinadores a exercerem a sua função em contextos de competição nacional e internacional enquanto atletas acumularam experiências nesses mesmos contextos. Da mesma forma que treinadores a competir localmente tiveram uma prática desportiva a esse mesmo nível, o que parece ser resultado da especificidade que cada contexto desportivo apresenta. Um treinador em início de carreira possui já competências adquiridas ao longo do seu percurso como atleta que se encontram inevitavelmente associadas ao contexto onde esteve inserido. Por conseguinte, um treinador sente maior conforto ao associar-se a um contexto já conhecido e para o qual já possui algumas ferramentas de ação, do que ao mergulhar num contexto completamente desconhecido. O percurso para que um treinador possa atingir o sucesso na elite é específico do próprio contexto de elite e o mesmo se passa para a recreação e para o desenvolvimento. O treinador vai acumulando experiência dentro do seu contexto, estabelecendo muito pouco contacto com qualquer um dos outros. Apenas um pequeno número de treinadores de sucesso no contexto de elite indicam ter tido experiência noutros contextos de prática (Erickson et al., 2007), uma vez que as competências adquiridas em determinado contexto não são possíveis de transferir na totalidade para outro (Ford et al., 2009). Cada. contexto. desportivo,. designadamente. de. recreação,. desenvolvimento e elite apresenta as suas caraterísticas específicas que não permitem grande fluxo de treinadores. O sucesso em determinado contexto está associado a um conhecimento específico para um contexto particular (Côté e Gilbert, 2009). Dentro dos artigos do grupo B, que procuraram encontrar as experiências relevantes para a obtenção do sucesso, surge ainda um outro traço comum entre os treinadores, a vivência de situações de liderança durante o percurso como atleta. Tanto os treinadores de modalidades coletivas como os de modalidades individuais que passaram por modalidades coletivas, referem ter tido experiência em funções de liderança que poderão justificar uma parte do 27.

(42) seu sucesso enquanto treinadores. A passagem por funções de liderança durante o percurso de atleta poderá ter possibilitado a aquisição de determinadas. competências,. necessárias. ao. desempenho. enquanto. treinador. Por outro lado, a verificação de que tanto treinadores de modalidades coletivas como de modalidades individuais fazem referência à vivência de situações de liderança, parece apontar para a existência de um traço de personalidade que qualquer treinador de sucesso deverá possuir. Este poderá manifestar-se ainda enquanto atleta, através de uma predisposição para a participação em tarefas de liderança. Relativamente ao perfil de experiências como treinador, uma das caraterísticas comuns entre os diferentes estudos é o reduzido tempo que estes dedicam à formação profissional. Mais uma vez fica em evidência o facto de os treinadores valorizarem muito mais as situações de aprendizagem direta comparativamente às mediadas. No entendimento de Reade (2009), a aprendizagem direta possibilita um acesso mais evidente ao conhecimento necessário para a resolução dos problemas. Ford et al. (2009) reforçam esta noção ao sugerirem que a construção do conhecimento se desenvolve através da experiência no terreno. Nesta linha de ideias, Gilbert et al., (2009) procuraram estabelecer uma relação positiva entre as diferentes situações de aprendizagem diretas e elementos indicadores de sucesso da ação do treinador. Neste esforço os autores procuraram identificar o número de épocas e anos investidos como atleta na modalidade liderada e o tempo investido como treinador em tarefas de treino e administração, como os únicos elementos associados positivamente ao sucesso do treinador. No entanto, como sublinham Côté et al. (2007), a simples acumulação de. experiências. não. se. traduz. automaticamente. na. aquisição. de. conhecimento. Deste modo, pode afirmar-se que treinadores aprendem através de uma grande variedade de situações (Lynch e Mallett, 2006; Nelson et al., 2006), que não são valorizadas de igual forma e que podem assumir maior ou menor relevância mediante a forma como cada treinador “vê” as situações de aprendizagem (Gilbert, 2009).. 28.

(43) Gilbert e Trudel (2001), ao procurarem compreender como os treinadores aprendem através da experiência, acrescentaram a reflexão como um elemento crucial para o desenvolvimento da compreensão do crescimento do conhecimento do treinador. De certa forma, os autores colocaram em evidência que a construção do conhecimento só é possível mediante um contacto refletido com qualquer uma das fontes de conhecimento. Sem reflexão a prática do treinador tornase uma simples reprodução de experiências passadas que são entendidas como corretas e que podem bloquear o crescimento do conhecimento (Cassidy, 2010). O treinador atua na sua zona de conforto e quando confrontado com uma situação problemática é forçado a enfrentar o problema desencadeando-se alguma resistência (Jones, 2010) que determina a construção ou não de novo conhecimento. Vencendo a resistência, o treinador constrói novas estratégias de ação que são o resultado da convergência da etapa de desenvolvimento em que o treinador se encontra, do acesso que tem às fontes de conhecimento, das caraterísticas da situação problemática e do contexto que a envolve (Gilbert e Trudel, 2005). Desta forma é possível inferir-se que a construção do conhecimento através da experiência está, em muito, dependente da capacidade de reflexão que o treinador possui. Tanto na capacidade de detetar lacunas na sua prática, que o obriguem a enveredar na busca de ferramentas que melhorem a sua intervenção, como na capacidade de encontrar as ferramentas certas, recorrendo às fontes de conhecimento mais apropriadas às diferentes situações. O recurso à situação de aprendizagem interna é caraterística dos treinadores mais experientes e encontra-se associada a todas as outras situações de aprendizagem, na medida em que só será possível construir conhecimento. se. as. diferentes. situações. de. aprendizagem. forem. acompanhadas de um processo de reflexão. Contudo, importa reforçar a ideia de que o processo de construção do conhecimento é caraterizado por inúmeros níveis de interação que se estabelecem na influência de diversos sujeitos, cada um deles com a sua bagagem pessoal, problemas e aspirações (Jones, 2007), o que justifica a grande diversidade de resultados que surgiram da análise dos estudos. 29.

(44) Conclusões Face aos dados resultantes dos estudos analisados, é possível inferir que os treinadores adquirem o conhecimento numa grande variedade de fontes de conhecimento, nomeadamente as mediadas, as diretas e as internas, que se complementam no sentido de propiciar a construção do conhecimento. As diretas são aquelas que os treinadores assumem como de maior relevância para o seu desenvolvimento, apesar de reconhecerem a importância das mediadas. No entanto, as internas parecem determinar o impacto que cada uma das outras tem na construção do conhecimento do treinador. Dentro das situações de aprendizagem diretas, as experiências como jogador e treinador parecem ser determinantes, apesar de não ser possível traçar uma marca quantitativa que todos os treinadores tenham de alcançar para atingir o sucesso. No entanto, existem experiências que parecem auxiliar na busca desse objetivo. A experiência como atleta na modalidade liderada parece ser imprescindível quando se pretende estar relacionado com um nível competitivo superior ao local como treinador. Contudo, a experiência desportiva surge muito diversificada e associada à vivência de situações de liderança. Tanto nas modalidades coletivas como individuais os treinadores referem ter tido experiências positivas na modalidade em que estão envolvidos, tanto por influência de agentes desportivos como por elevados desempenhos desportivos como atleta. A conotação que a prática desportiva assume parece ser determinante para a passagem do papel de atleta para o de treinador, assim como para a construção do sucesso nesse mesmo papel. Como treinador, o tempo dispendido em tarefas de treino e administração parecem ser elementos associados positivamente ao sucesso, enquanto que as experiências mais comuns são o fraco investimento na formação profissional e a influência de mentores. Independentemente destas evidências, cada treinador percorre um caminho que é único, ditado pelas suas caraterísticas pessoais e vivências passadas que funcionam como um filtro para todas novas aquisições, condicionando o percurso que cada treinador vai traçando.. 30.

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