• Nenhum resultado encontrado

Qualidade do relacionamento entre irmãos, competências sociais, ideação suicida e estilos parentais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Qualidade do relacionamento entre irmãos, competências sociais, ideação suicida e estilos parentais"

Copied!
98
0
0

Texto

(1)

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Qualidade do relacionamento entre irmãos, competências sociais, ideação suicida e estilos parentais

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Ana Rita Narciso Tavares

Professoras Doutoras Inês Moura de Sousa Carvalho Relva e Otília Monteiro Fernandes

(2)
(3)

iii Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Qualidade do relacionamento entre irmãos, competências sociais, ideação suicida e estilos parentais

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Ana Rita Narciso Tavares Inês Carvalho Relva Otília Monteiro Fernandes

(4)
(5)

v Agradecimentos

Cinco anos se passaram desde o início desta que considero a maior aventura e aprendizagem da minha vida. Com a chegada ao fim de mais uma importante etapa deste meu percurso académico, chega a hora de agradecer aos meus, àqueles que tornaram este caminho mais fácil e que permaneceram sempre do meu lado.

Sendo assim, agradeço à Professora Doutora Otília Monteiro Fernandes e à Professora Doutora Inês Relva pela orientação prestada ao longo destes meses, por toda a disponibilidade e apoio constante, pela compreensão que sempre demonstraram comigo.

À minha orientadora de estágio, Doutora Maria José Coutinho, uma enorme profissional com um grande coração. Um obrigada não será suficiente: pela total disponibilidade, pela força diária, pelo apoio, pela sincera amizade e pela grande referência em que se tornou! Foi um privilégio.

Aos meus pais, Maria José e Américo, amores incondicionais, cujas palavras nunca serão suficientes para expressar a gratidão e o enorme respeito que tenho. Obrigada por orientarem os meus passos, ampararem as minhas quedas e serem um exemplo para mim. Foi por vocês, e com vocês, que cheguei até aqui e é por vocês, e com vocês, que seguirei sempre em frente!

Aos meus padrinhos, Sandra e José Carlos, os melhores do mundo. Obrigada pelo amor absoluto, por me acompanharem ao longo deste percurso, por me ensinarem e transmitirem tantos conhecimentos, sempre com a vossa proteção e carinho!

A toda a minha restante família, que se dedicaram a mim sem medir esforços. Aos meus avós, Agostinho, Amélia e Lina, por todos os ensinamentos acompanhados de afeto. Sem esquecer dos meus avós Glória e Ernesto que, onde quer que estejam, sei que estarão orgulhosos do que alcancei. À minha Tita que cumpre não só o papel de tia, mas também de mãe, irmã e amiga. Aquela que mais se preocupa e me dá o colo que preciso. Às minhas primas, Margarida e Sofia, pela capacidade de me fazerem ver a vida de outra forma. Entre risos, choros e discussões, deram-me a força necessária para chegar até aqui. Ao Rogério e aos meus “primos”,

(6)

vi Diogo e Luís Carlos, por todas as gargalhadas e momentos de convívio que me faziam ultrapassar o fim de um dia menos bom. Aos meus tios, Paula, Luís e Artur, pelo carinho e às minhas primas, Cristiana e Filipa, por todos os momentos vividos.

À Vitória, o meu porto seguro. Obrigada por marcar o meu caminho, o caminho que eu continuarei a seguir de mãos dadas com ela para sentir que sempre que surgir um obstáculo juntas o vamos derrubar. Obrigada por ser quem é e, acima de tudo, por o conseguir ser comigo. Obrigada pelas horas de ajuda e de sono perdidas, por aturar cada má disposição e cada dia menos bom, e mesmo assim chegar ao fim desse dia e mostrar o quanto se orgulha de mim e o quanto eu tenho que me orgulhar de mim. Foi a minha companheira de todas as horas, a minha confidente.

À Xana, amiga do coração, que me acompanhou em todos os momentos, que sempre se demonstrou disponível e presente e que dedicou grande parte do seu tempo a fazer parte da minha vida. Um obrigada ainda ao Xavier, Gonçalo e Gustavo por também eles me acompanharem e marcarem presença nos grandes momentos da minha vida.

Aos meus amigos, que estiveram comigo nos momentos mais difíceis desta caminhada. Que abriram mão dos momentos de convívio e que compreenderam a minha falta de tempo, a minha ansiedade e os desencontros. Por terem permanecido do meu lado, independentemente de tudo, dando-me a maior força e fazendo-me sentir que estarão sempre presentes.

Obrigada a todos vocês que contribuíram para o meu sucesso e para o meu crescimento. Sou o resultado da força e confiança de cada um.

(7)

vii Índice

INTRODUÇÃO ... 1

Estudo empírico I: Estilos parentais: implicações na qualidade do relacionamento entre irmãos ... 3

Resumo ... 5

Abstract ... 6

Introdução ... 7

Importância das relações familiares e dos estilos parentais ... 7

Relevância dos estilos parentais na qualidade do relacionamento entre irmãos ... 9

Método ... 10

Participantes ... 10

Instrumentos ... 11

Procedimentos ... 13

Estratégias de análise de dados ... 13

Resultados ... 14

Associação entre as dimensões dos estilos parentais e as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, médias e desvios-padrão ... 14

Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos e dos estilos parentais em função do sexo e tipo de fratria ... 16

Análises preditivas: Papel preditor do sexo e dos estilos parentais nas táticas de resolução de conflitos entre irmãos ... 21

Discussão ... 25

Implicações práticas, limitações e propostas para futuros estudos ... 28

Referências ... 30

Estudo empírico II: Qualidade do relacionamento entre irmãos: relação com as competências sociais e a ideação suicida ... 35

(8)

viii

Abstract ... 38

Introdução ... 39

Desenvolvimento de competências sociais e a importância dos irmãos ... 39

Violência entre irmãos e as suas consequências ... 40

Método ... 42

Participantes ... 42

Instrumentos ... 43

Procedimentos ... 44

Estratégias de análise de dados ... 45

Resultados ... 46

Associação entre as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, as competências sociais e a ideação suicida, médias e desvios-padrão ... 46

Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos, competências sociais e ideação suicida em função do sexo e da idade ... 47

Análises preditivas: predição da ideação suicida em função das variáveis sexo, táticas de resolução de conflitos entre irmãos e competências sociais ... 51

Discussão ... 52

Implicações práticas, limitações e propostas para futuros estudos ... 56

Referências ... 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 61

Referências gerais ... 65

(9)

ix Índice de tabelas

Estudo empírico I ... 3 Tabela 1. Associação entre as dimensões dos estilos parentais e as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, médias e desvios-padrão (N=1046) ... 16 Tabela 2. Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos e dos estilos parentais em função do sexo ... 18 Tabela 3. Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos e dos estilos parentais em função do tipo de fratria ... 20 Tabela 4. Análises preditivas: predição das táticas de resolução de conflitos entre irmãos em função das variáveis sexo e estilos parentais ... 23 Estudo empírico II ... 35 Tabela 1. Associação entre as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, as competências sociais e a ideação suicida, médias e desvios-padrão (N=1046) ... 47 Tabela 2. Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos, competências sociais e ideação suicida em função do sexo ... 48 Tabela 3. Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos, competências sociais e ideação suicida em função da idade ... 50 Tabela 4. Análises preditivas: predição da ideação suicida em função das variáveis sexo, táticas de resolução de conflitos entre irmãos e competências sociais ... 51

(10)
(11)

1 INTRODUÇÃO

A família constitui-se como a principal responsável pelo desenvolvimento da personalidade, de competências sociais e pela aquisição de componentes indispensáveis ao processo de socialização. Tal como a presença dos pais, torna-se fundamental a existência de um bom subsistema de fratria que, tendo em conta os estilos parentais adotados, pode ser pautado por boas ou más relações entre os irmãos (Castanho, 2010). Durante a adolescência tais relações tendem a ser positivas, contudo quando se tornam negativas e acarretam sofrimento acabam por devastar a autoestima do próprio indivíduo, tornando o sistema familiar num local de insegurança (Castanho, 2010; Relva, Fernandes, & Alarcão, 2012). Além disso, sendo a adolescência um período pautado por episódios de reestruturação psíquica e de instabilidade emocional, tais interações negativas, aliadas à adoção de práticas educativas negativas, poderão dar origem a uma maior vulnerabilidade face ao risco. Perante o esgotamento de recursos importantes, os adolescentes podem ver na ideação suicida uma possível forma de resolução (Macedo, 2010).

Neste sentido, a presente dissertação encontra-se dividida em duas investigações, cuja temática se intitula “Qualidade do relacionamento entre irmãos, competências sociais, ideação suicida e estilos parentais”. Assim sendo, o primeiro artigo objetiva averiguar o efeito dos estilos parentais na qualidade do relacionamento entre irmãos. Por sua vez, o segundo artigo pretende avaliar a relação existente entre a qualidade do relacionamento entre irmãos e as competências sociais e ideação suicida.

No final de cada artigo será realizada uma discussão face aos resultados obtidos, expostas as considerações finais e mencionadas algumas limitações dos estudos.

(12)
(13)

3 Estudo empírico I

Estilos parentais: implicações na qualidade do relacionamento entre irmãos

(14)
(15)

5 Estilos parentais: implicações na qualidade do relacionamento entre irmãos

Parenting styles: Implications on the quality of relationship between siblings

Ana Rita Narciso Tavares, Inês Carvalho Relva, & Otília Monteiro Fernandes

Resumo

A família constitui-se como o primeiro contexto social onde os indivíduos iniciam o seu desenvolvimento. Assim, o presente estudo tem como objetivo analisar o papel dos estilos parentais na qualidade do relacionamento entre irmãos. A amostra foi constituída por 1046 adolescentes com irmãos, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos de idade. Os resultados sugerem que o estilo democrático se associa positivamente com a negociação e negativamente com a agressão psicológica e a agressão física sem sequelas, enquanto o estilo autoritário se associa negativamente com a negociação e positivamente com a agressão psicológica e a agressão física sem sequelas. O sexo feminino recorre mais à negociação, sendo a principal vítima de agressão psicológica por parte do sexo masculino. O sexo masculino evidencia uma maior perceção da escala coerção física e punição face ao pai e à mãe, e o sexo feminino das escalas apoio e afeto e cedência de autonomia e participação democrática face à mãe. As díades masculinas recorrem mais à negociação e apresentam valores mais elevados de perceção de coerção física e punição, enquanto as díades feminino/masculino evidenciam valores mais elevados de perceção de apoio e afeto e cedência de autonomia e participação democrática, ambos face à mãe. Os resultados alcançados apontam para o efeito preditor dos estilos parentais nas táticas de resolução de conflitos. Tendo em conta os resultados, torna-se fundamental uma maior consciencialização por parte dos pais da relevância que os estilos parentais adotados exercem no relacionamento entre os irmãos.

(16)

6 Abstract

The family constitutes the first social context where individuals begin their development. Thus, the present study aims to analyze the role of parenting styles in the quality of sibling relationships. The sample consisted of 1046 adolescents with siblings, aged between 14 and 18 years of age. The results suggest that the democratic style is positively associated with negotiation and negatively with psychological aggression and physical assault, while the authoritarian style is negatively associated with negotiation and positively with psychological aggression and physical assault. The female sex resorts to negotiation, being the main victim of psychological aggression by the male sex. The male sex evidences a greater perception of the physical coercion and punishment scale vis-à-vis the father and the mother, and the female sex of the scales support and affection, and yield of autonomy and democratic participation towards the mother. Male dyads use more negotiation and have higher values of perceived physical coercion and punishment, while female / male dyads show higher values of perceived support and affection, and yields of autonomy and democratic participation, both with regard to the mother. The results obtained point to the predictive effect of parental styles in conflict resolution tactics. Taking into account the results, it is fundamental to raise awareness among parents about the relevance that the adopted parenting styles have on the relationship between siblings.

(17)

7 Introdução

Importância das relações familiares e dos estilos parentais

Enquanto fonte de socialização primária, a família constitui-se como o primeiro e mais importante contexto social onde os indivíduos se encontram inseridos e onde se inicia o seu desenvolvimento enquanto ser humano. É este contexto, responsável pela transmissão de componentes afetivas, que dá origem às primeiras descobertas, aprendizagens e relações sociais, nomeadamente com os pais e irmãos (Fernandes, Alarcão, & Raposo, 2007; Relva, 2015; Rockhill, Stoep, McCauley, & Katon, 2009; Sampaio & Gomide, 2007). Trata-se pois de uma instituição que, para além de permitir o conhecimento e contacto com cada um dos seus membros, possibilita adquirir competências pessoais indispensáveis ao processo de desenvolvimento (Dias, 2012). Neste sentido, Lubi (2003) atribui aos pais a responsabilidade pela formação do seio familiar, tornando-os poderosos agentes potenciadores do desenvolvimento pessoal da(s) criança(s) e de sentimentos de confiança, autoestima e identidade pessoal (Cruz & Lima, 2012).

Neste seguimento, Baumrind (1991) defende que a família, enquanto primeiro e mais importante contexto de socialização para as crianças, desempenha um importante papel no comportamento e desenvolvimento social, emocional e mental das mesmas (Oliveira, 2002). Além disso, é ainda considerada um meio privilegiado de aprendizagem de importantes componentes de interação (linguagem, comunicação e interações interpessoais), transformando-se num local de apoio e segurança capaz de satisfazer necessidades como o amor, a segurança, a confiança e a saúde (Alarcão, 2000; Oliveira, 2002; Silva, 2011). Esta conceção é igualmente apoiada por diversos autores (Maccoby, 2000; Sroufe, 2000) que apontam as relações primordiais como essenciais para o bom desenvolvimento das crianças, sendo no entanto a qualidade dos cuidados parentais implementados na infância a variável predominantemente apontada como a mais relevante para o desenvolvimento infantil (Roelofs, Meesters, Huurne, Bamelis, & Muris, 2006).

Segundo alguns autores (e.g., Carvalho & Silva, 2014; Darling & Steinberg, 1993; Spera, 2005; Weber, Prado, Viezzer, & Brandenburg, 2004) torna-se fundamental diferenciar práticas parentais e estilos parentais, frequentemente entendidos como conceitos idênticos. As práticas parentais/educativas dizem respeito a comportamentos específicos dos pais que visam a socialização da criança, ou seja, correspondem a estratégias utilizadas com o intuito de fomentar nos filhos comportamentos que assegurem a sua autonomia e independência, ao

(18)

8 mesmo tempo que os orienta para a prática de interações sociais saudáveis (Alvarenga & Piccinini, 2001; Darling & Steinberg, 1993; Valentini & Alchieri, 2009). Por sua vez, os estilos parentais compreendem as práticas parentais e aspetos da interação pais-filhos, tais como linguagem corporal, tom de voz, atenção, entre outros, e que conduz ao desenvolvimento de um ambiente emocional (Darling & Steinberg, 1993; Lamborn, Mounts, Steinberg, & Dornbusch, 1991; Santos, 2007). Correspondem assim ao conjunto de práticas educativas utilizadas pelos pais com o intuito de promover a educação, a socialização e o desenvolvimento de comportamentos adequados, ao mesmo tempo que fortalecem o ambiente emocional entre pais e filhos (Costa, Teixeira, & Gomes, 2000; Darling & Steinberg, 1993; Simões, 2011; Valentini & Alchieri, 2009).

Após sucessivos estudos, Baumrind (1966) formulou uma abordagem tipológica que incorpora três estilos parentais que considera essenciais para o processo de desenvolvimento das crianças: o autoritativo, o permissivo e o autoritário. Os pais que adotam o estilo autoritativo são caracterizados por comportamentos racionais relativamente aos filhos, direcionando as suas atividades de forma orientada (Baumrind, 1991, 1966) ao mesmo tempo que procuram instituir regras e limites de forma saudável e equilibrada através da promoção do diálogo e da troca de ideias. São pais afetuosos e apoiantes que favorecem o desenvolvimento de um ambiente estimulante e seguro que permite às crianças a interiorização das normas impostas. Além disso, procuram privilegiar a autonomia e independência dos filhos, apresentando-se responsivos face às necessidades e opiniões dos mesmos, utilizando o poder de forma equilibrada e sem recurso à punição (Baumrind, 1991, 1966; Darling & Steinberg, 1993). Os pais permissivos caracterizam-se pelo facto de não exigirem qualquer responsabilidade por parte dos filhos, baseando-se nas opiniões deles para tomar decisões familiares. São pais incapazes de se opor aos comportamentos impróprios dos filhos, lutando para cumprir sempre os desejos dos mesmos não sendo portanto encarados como modelos, mas sim como um recurso para os filhos poderem satisfazer as suas necessidades (Baumrind, 1991, 1966). Por sua vez os pais autoritários, através de padrões rígidos, punitivos e obedientes, procuram controlar e modelar os comportamentos dos seus filhos, ao mesmo tempo que restringem a autonomia dos mesmos. São pais que fornecem a sua opinião, a qual deve ser aceite sem contestação, não existindo espaço para o diálogo dado o elevado controlo parental. Além disso, são pouco afetuosos e excessivamente controladores, com uma baixa participação na vida dos filhos (Baumrind, 1991, 1966).

(19)

9 Martinho (2010) sugere que pais mais tolerantes e autoritativos fomentam nos filhos uma maior criatividade e liberdade, tornando-os indivíduos mais ativos. Pelo contrário, pais autoritários criam filhos mais inseguros, ansiosos e com uma maior probabilidade de vir a desenvolver psicopatologia ou comportamentos de risco. Estes resultados vão de encontro a outras investigações que revelam que as crianças educadas com base num estilo autoritário apresentam baixos índices de autonomia e insegurança, e elevados índices de agressão e dependência (Cecconello, Antoni, & Koller, 2003; Fotti, Katz, Affi, & Cox, 2006; Lizardi et al., 2011; Simons & Conger, 2007), enquanto crianças com pais autoritativos evidenciam uma maior capacidade para lidar com vivências negativas (Morris, Silk, Steinberg, Myers, & Robinson, 2007; Silva, Morgado, & Maroco, 2012).

Relevância dos estilos parentais na qualidade do relacionamento entre irmãos

A família é definida por Alarcão (2000) como um sistema constituído por subsistemas que se encontram inseridos em diferentes suprassistemas, sendo que se organizam em torno de uma hierarquia onde cada um possui os seus próprios limites. Além do subsistema parental, é possível identificar outros subsistemas igualmente relevantes no contexto familiar, nomeadamente o subsistema conjugal e o subsistema fraternal. Este último apresenta-se como um subsistema do sistema familiar que se revela facilitador do desenvolvimento cognitivo (Brody, 2004) e de competências de autorregulação (Alarcão, 2000; Solmeyer, McHale, & Crouter, 2014), constituindo-se como um dos vínculos mais perene e intenso na vida de um indivíduo (Dunn, 1983; Foote & Holmes-Lonergan, 2003; Michalski & Euler, 2008).

Em função do nascimento dos irmãos mais novos, os primogénitos têm necessidade de reorganizar o seu espaço e a sua própria forma de pensar, uma vez que o espaço deixa de ser ocupado apenas por este e passa a incluir um novo elemento no seio familiar. As relações fraternas estabelecidas a partir de então serão potenciadoras de harmonia ou desarmonia familiar, sendo que tais relações serão avigoradas ao longo da infância (Dunn, 1983), sofrendo uma série de modificações durante o período da adolescência que poderão condicionar o desenvolvimento cognitivo, emocional e social (Volling, 2003). Mais tarde, na idade adulta e especialmente na velhice, as relações fraternas voltam a encontrar um equilíbrio e a funcionar como uma importante fonte de suporte (Goldsmid & Féres-Carneiro, 2007; Martin, Anderson, & Rocca, 2005).

Tal como Adler (1984), Minuchin (1990) define as relações fraternas como o primeiro laboratório em termos sociais a partir do qual os irmãos desenvolvem os seus primeiros

(20)

10 relacionamentos. É na fratria que se os irmãos compartilham entre si histórias, vivências e recordações, ao mesmo tempo que disponibilizam afeto, apoio, segurança e proteção, conduzindo ao desenvolvimento de uma relação de amizade extremamente profunda e íntima (Fernandes, 2005; Goldsmid & Féres-Carneiro, 2007). Além disso, muitas das experiências vivenciadas com os irmãos irão influenciar futuramente a forma de agir, de pensar e as próprias considerações (Faber & Mazlish, 2012), revelando-se como um importante recurso do sistema familiar (Tucker, Holt, & Wiesen-Martin, 2013).

De acordo com um estudo desenvolvido por Gass, Jenkins e Dunn (2007), quando as relações fraternas são positivas, e independentemente da qualidade da relação parental, podem exercer um papel protetor e funcionar como fonte de suporte para crianças aquando a ocorrência de episódios de vida negativos potenciadores de stresse ou mal-estar psicológico. No entanto, por vezes essas relações também podem ser pautadas por emoções negativas, tais como ciúme, ódio, competição e violência (Angel, 2004; Fernandes et al., 2007), especialmente na primeira infância onde a disputa pelo amor dos pais é maior (Fernandes, 2002; Goldsmid & Féres-Carneiro, 2007). Estes sentimentos negativos presentes entre os irmãos, aliados a uma ausência de relações de proximidade, poderão conduzir a um afastamento fraterno e diminuir a confiança mútua. De acordo comGoldsmid e Féres-Carneiro (2007) a existência de relações saudáveis ou não saudáveis na fratria pode depender de uma série de fatores como o género, a idade e as intervenções parentais. Desta forma, e de modo a colmatar algumas lacunas que se verificam na literatura no que respeita à influência dos estilos parentais na qualidade do relacionamento fraterno, o presente estudo visa: (a) averiguar as associações entre estilos parentais e táticas de resolução de conflitos entre irmãos; (b) analisar em que medida os estilos parentais e as táticas de resolução de conflitos entre irmãos variam em função do sexo e do tipo de fratria e (c) e procurar predizer as táticas de resolução de conflitos entre irmãos tendo em conta o sexo e os estilos parentais.

Método Participantes

O presente estudo contou com a participação de 1046 adolescentes com irmãos, com idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos (M = 15.74; DP = 1.286), sendo que 437 (41.8%) correspondem ao sexo masculino e 609 (58.2%) ao sexo feminino. A amostra foi recolhida aleatoriamente em turmas do segundo e terceiro ciclo do ensino básico e secundário: 234

(21)

11 pertencentes ao 9º ano (22.4%), 247 ao 10º (23.6%), 274 ao 11º (26.2%) e 291 ao 12º (27.8%). No que concerne ao número de irmãos 77.4% dos adolescentes tem apenas um irmão, 18.5% tem dois irmãos e 4.1% tem três irmãos, sendo que os participantes foram inquiridos somente sobre o irmão cuja idade era a mais aproximada à sua. Relativamente às díades fraternas, 29.7% dos adolescentes constituíram a díade feminino/masculino, 28.5% feminino/feminino, 20.9% masculino/masculino e 20.8% masculino/feminino (o primeiro relativo ao sexo do sujeito inquirido e o segundo ao/à irmão/irmã que menciona).

Instrumentos

Questionário sociodemográfico: procedeu-se à elaboração de um questionário sociodemográfico que objetivou a recolha de informações pertinentes para a caracterização da amostra, com questões associadas à idade e sexo dos participantes, estado civil, agregado familiar, número de irmãos, relacionamento com os pares e atividades extracurriculares.

O Styles & Dimensions Questionnaire - Short Version (PSDQ) foi traduzido para a população portuguesa por Nunes e Mota (2013) a partir da versão original de Robinson, Mandleco, Olsen e Hart (1996). Este instrumento foi utilizado com o intuito de avaliar a perceção dos adolescentes face aos estilos parentais das suas figuras cuidadoras e corresponde a uma escala de autorrelato constituída por um conjunto de 32 itens que estabelecem duas versões: uma para o pai e outra para a mãe, sendo que as respostas aos itens são apresentadas numa escala tipo Likert que oscila entre 1 “Nunca” e 5 “Sempre”. No que concerne à estrutura organizativa do questionário, este apresenta-se de acordo com a tipologia de Baumrind, ou seja, segundo três dimensões: autoritativo, autoritário e permissivo. O Estilo Autoritativo (ED) é constituído por três subescalas (apoio e afeto, regulação e cedência de autonomia e participação democrática); o Estilo Autoritário (EA) é composto também por três subescalas (coerção física, hostilidade verbal e punição) e o Estilo Permissivo (EP) inclui apenas uma subescala (indulgência). No entanto, apesar de se ter em conta a organização do instrumento, a análise das propriedades psicométricas do mesmo na presente amostra conduziram a uma necessidade de agregação das dimensões coerção física e punição numa só dimensão, com vista à obtenção de índices de ajustamento mais apropriados. Não obstante, importa ainda mencionar que não se procedeu à análise das dimensões hostilidade verbal e indulgência uma vez que as análises confirmatórias de 1ª ordem não revelaram ajustamentos face ao construto originalmente instituído pelo autor.

(22)

12 Face às alterações estabelecidas, foram analisadas três dimensões do estilo autoritativo, cada uma constituída por cinco itens, a saber: apoio e afeto “Os meus pais encorajam-me a falar dos meus problemas”; regulação “Os meus pais explicam-me como se sentem quando me comporto bem e quando me comporto mal” e cedência de autonomia e participação democrática “Os meus pais encorajam-me a expressar-me livremente mesmo quando não concordam comigo”. Quanto o estilo autoritário, e tendo em conta as alterações que foram efetuadas, procedeu-se apenas à análise da dimensão coerção física e punição “Os meus pais batem-me quando sou desobediente”, constituída por oito itens. A análise de consistência interna referente à totalidade do instrumento revelou valores de alfa de Cronbach de .89 para o pai e de .85 para a mãe. No que respeita à consistência interna de cada dimensão, as análises demonstraram os valores de alfa de Cronbach que se seguem: apoio e afeto= .87 / .83; regulação= .85 / .82; cedência da autonomia e participação democrática= .85 / .81 e coerção física e punição= .72 / .71, para o pai e para a mãe respetivamente. As análises fatoriais confirmatórias revelam valores de ajustamento adequados (RMR= .03 / .03, CFI= .98 / .97, RMSEA= .05 / .05, GFI= .97 / .97, Ratio: 3.86 / 4.41, χ2 (44)= 169.819, p = .000 / χ2 (44)= 194.194, p= .000), para o pai e para a

mãe, respetivamente.

As Revised Conflict Tactics Scales – Sibling Version (CTS2-SP) de Straus, Hamby, Finkelhor, Boney-McCoy e Sugarman (1996), adaptadas por Relva, Fernandes e Costa (2013), foram utilizadas com o objetivo de analisar os diferentes tipos de conflito existentes entre os irmãos. O instrumento é composto por duas escalas, perpetração e vitimização, sendo que cada uma delas é constituída por 39 itens e ainda por cinco subescalas: negociação - 6 itens; agressão psicológica - 8 itens (7 na versão portuguesa); agressão física sem sequelas - 12 itens; coerção sexual - 7 itens e agressão física com sequelas - 6 itens. Metade dos itens (39) referem-se à perpretação de táticas de conflito do participante para com o seu irmão, enquanto os restantes itens dizem respeito à vitimização do participante de táticas de conflito por parte do seu irmão. O participante deverá selecionar a resposta que mais se adequa à situação em questão, sendo que os valores variam entre 1 e 5 permitindo assim avaliar a frequência dos comportamentos correspondendo o 1 a “Nunca” e o 5 a “Muitas vezes”. De forma a ir de encontro aos objetivos inicialmente formulados, no presente estudo foram utilizadas apenas três subescalas: negociação, agressão psicológica e agressão física sem sequelas. Nas escalas de perpetração, os valores de confiabilidade para a presente amostra foram de .82 para a escala de negociação, .76 para a escala de agressão psicológica e de .78 para a escala de agressão física sem sequelas. Por sua vez, nas escalas de vitimização os valores de alfa foram de .84 para a escala de negociação,

(23)

13 de .75 para a escala de agressão psicológica e de .75 para a escala de agressão física sem sequelas. As análises fatoriais confirmatórias demonstraram que as CTS2-SP apresentam índices de ajustamento adequados para os modelos (RMR= .03 / .03, CFI= .98 / .98, RMSEA= .05 / .05, GFI= .98 / .98, Ratio: 3.50 / 3.69, χ2 (22)= 76.907, p= .000 / χ2 (20)= 73.826, p= .000), para a perpetração e vitimização respetivamente.

Procedimentos

Numa primeira fase foi solicitada a autorização para a realização do presente estudo por parte da Comissão de Ética. Uma vez aceite, a recolha dos dados iniciou-se de forma aleatória em diferentes instituições do Ensino Básico e Secundário na zona norte de Portugal. Com o objetivo de assegurar e certificar a recolha dos mesmos, procedeu-se numa primeira fase a uma reunião com os respetivos Diretores das escolas, onde foram solicitadas as autorizações previamente elaboradas para o efeito e esclarecidos diversos aspetos da investigação como o seu objetivo e pertinência. Após a sua aceitação, foi solicitado aos participantes a assinatura do Termo Consentimento Livre e Esclarecido e, em seguida, procedeu-se à aplicação dos questionários. Os dados foram recolhidos em turmas previamente designadas pelas escolas, em contexto de sala de aula onde, na presença do investigador, foram inicialmente explanados os objetivos primordiais do presente estudo, assim como asseguradas as questões de anonimato, confidencialidade e voluntariedade dos questionários. Tendo em conta possíveis fatores que pudessem enviesar as respostas dadas por parte dos participantes, nomeadamente o cansaço, foram invertidos os questionários de autorrelato no protocolo de avaliação.

Estratégias de análise de dados

Para o tratamento estatístico dos dados recorreu-se ao programa estatístico SPSS - Statistical Package for Social Science - versão 23.Inicialmente procedeu-se a uma limpeza da amostra, no sentido de identificar e excluir possíveis missings e outliers – identificados através do cálculo de Zscores e da distância de Mahalanobis. Em seguida, de forma a averiguar os pressupostos de normalidade dos dados da amostra, realizou-se o processo de inferência estatística da distribuição normal ou de Gauss, analisando-se os valores de skeweness (assimetria) e kurtosis (achatamento) das variáveis dependentes. Não obstante, foram ainda realizadas análises estatísticas (teste Kolmogorov-Smirnov, Histogramas, Q-QPlots, Scatterplots e Boxplots) com vista à obtenção de informação relativa à distribuição dos dados (Marôco, 2007; Pallant, 2001). Mediante as análises efetuadas, foi possível assegurar os

(24)

14 critérios de normalidade da amostra do estudo recorrendo-se, para tal, à utilização de testes paramétricos. Face aos objetivos estabelecidos, procedeu-se a uma série de análises estatísticas: análises correlacionais, médias e desvio-padrão das respetivas variáveis, e análises de variância multivariada (MANOVA), com nível de significância de 5% (p≤ .05), sendo que os valores de eta parcial de .01 sugerem um efeito pequeno, valores de .06 um efeito moderado e valores de .14 um efeito grande (Cohen, 1988). Foram ainda realizadas correlações de Pearson intraescalares, onde correlações entre .10 e .29 são consideradas baixas, entre .30 e .49 são médias e entre .50 e 1.0 são elevadas (Cohen, 1988). Por fim, foi realizada uma regressão múltipla hierárquica com o intuito de averiguar a predição do sexo e dos estilos parentais em função das táticas de resolução de conflitos entre irmãos.

Para verificar com maior rigor a adequação dos modelos teóricos aos dados empíricos e testar a estrutura proposta pelos autores dos instrumentos utilizados, foram efetuadas análises confirmatórias de 1ª ordem através do programa IBM SPSS Amos – versão 23.

Resultados

Associação entre as dimensões dos estilos parentais e as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, médias e desvios-padrão

Com o intuito de averiguar as associações entre os estilos parentais e a qualidade do relacionamento entre irmãos foram realizadas análises correlacionais entre os instrumentos utilizados para as variáveis em estudo. Os resultados das correlações inter-escalas, assim como as médias e desvios-padrão das mesmas, permitem verificar associações significativas entre as variáveis em estudo (Tabela 1).

No que concerne às associações entre as dimensões dos estilos parentais adotados pelo pai e as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, os resultados sugerem a presença de associações significativas. As dimensões apoio e afeto e regulação revelam associações significativas positivas de magnitude moderada com a negociação, quer para a escala de perpetração (r= .335; p≤ .01; r= .345; p≤ .01) quer para a escala de vitimização (r= .336; p≤ .01; r= .350; p≤ .01), associações significativas negativas de magnitude baixa com a agressão psicológica para a perpetração (r= -.097; p≤ .01; r= -.083; p≤ .01) e com a agressão física sem sequelas para a vitimização (r= -.091; p≤ .01; r= -.091; p≤ .01) e associações significativas negativas de magnitude elevada com a agressão psicológica para a vitimização (r= -.123; p≤ .01; r= -.108; p≤ .01) e com a agressão física sem sequelas para a perpetração (r= -.113; p≤

(25)

15 .01; r= -.100; p≤ .01). A dimensão cedência de autonomia e participação democrática regista uma associação significativa no sentido positivo de magnitude moderada com a negociação, quer para a escala de perpetração (r= .364; p≤ .01) quer para a escala de vitimização (r= .359; p≤ .01) e no sentido negativo de magnitude baixa com a agressão psicológica, tanto para a escala da perpetração (r= -.063; p≤ .01) como para a escala da vitimização (r= -.075; p≤ .01). Por fim, a dimensão coerção física e punição regista uma associação significativa negativa de magnitude elevada com a negociação, tanto para a escala de perpetração (r= -.123; p≤ .01) como para a escala de vitimização (r= -.130; p≤ .01) e uma associação significativa positiva de magnitude elevada com a agressão psicológica, tanto para a escala de perpetração (r= .136; p≤ .01) como para a escala de vitimização (r= .140; p≤ .01) e com a agressão física sem sequelas, quer para a escala de perpetração (r= .228; p≤ .01) quer para a escala de vitimização (r= .223; p≤ .01).

No que se refere às associações entre as dimensões estilos parentais adotados pela mãe e as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, os resultados indicam a existência de associações significativas. As dimensões apoio e afeto e regulação demonstram associações significativas positivas de magnitude moderada com a negociação, quer para a escala de perpetração (r= .355; p≤ .01; r= .363; p≤ .01) quer para a escala de vitimização (r= .341; p≤ .01; r= .361; p≤ .01), associações significativas negativas de magnitude baixa com a agressão psicológica para a escala de perpetração (r= -.093; p≤ .01; r= -.087; p≤ .01) e de magnitude elevada com a agressão psicológica para a escala de vitimização (r= -.108; p≤ .01; r= -.100; p≤ .01) e com a agressão física sem sequelas, tanto para a escala de perpetração (r= -.125; p≤ .01; r= -.129; p≤ .01) como para a escala de vitimização (r= -.107; p≤ .01; r= -.116; p≤ .01). A dimensão cedência de autonomia e participação democrática regista uma associação significativa no sentido positivo de magnitude moderada com a negociação, quer para a escala de perpetração (r= .367; p≤ .01) quer para a escala de vitimização (r= .355; p≤ .01), uma associação significativa negativa de magnitude baixa com a agressão psicológica, tanto para a escala da perpetração (r= -.071; p≤ .01) como para a escala da vitimização (r= -.067; p≤ .01) e de magnitude elevada com a agressão física sem sequelas, tanto para a escala de perpetração (r= -.111; p≤ .01) como para a escala de vitimização (r= -.104; p≤ .01). Por último, a dimensão coerção física e punição revela uma associação significativa negativa de magnitude elevada com a negociação, tanto para a escala de perpetração (r= -.155; p≤ .01) como para a escala de vitimização (r= -.145; p≤ .01) e uma associação significativa positiva de magnitude elevada com a agressão psicológica, tanto para a escala de perpetração (r= .112; p≤ .01) como para a

(26)

16 escala de vitimização (r= .117; p≤ .01) e com a agressão física sem sequelas, quer para a escala de perpetração (r= .208; p≤ .01) como para a escala de vitimização (r= .201; p≤ .01).

Tabela 1.

Associação entre as dimensões dos estilos parentais e as táticas de resolução de conflitos entre irmãos, médias e desvios-padrão (N=1046)

Nota: PSDQ = Styles & Dimensions Questionnaire – Short Version; CTS2-SP = Revised Conflict Tactics Scales – Sibling Version; M = Média; DP = Desvio-padrão; * p≤ .05; ** p≤ .01

Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos e dos estilos parentais em função do sexo e tipo de fratria

Com o intuito de averiguar as diferenças das táticas de resolução de conflitos entre irmãos e os estilos parentais em função das variáveis sociodemográficas da presente amostra, foram realizadas análises de variância multivariada (MANOVA) para o tipo de fratria e um t-test para o sexo.

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 M ± DP PSDQ: Pai 1. Apoio e afeto - 3.64 ± 1.05 2. Regulação .803** - 3.51 ± 1.02 3. Cedência de autonomia e participação democrática .808 ** .768** - 3.50 ± 1.01

4. Coerção física e punição -.052** .045 -.105** - 1.64 ± .53

PSDQ: Mãe 5. Apoio e afeto .712** .603** .622** -.103** - 4.02 ± .89 6. Regulação .619** .836** .634** .019 .726** -3.69 ± .92 7. Cedência de autonomia e participação democrática .595 ** .599** .814** -.150** .767** .708** - 3.69 ± .90

8. Coerção física e punição -.061* .011** -.116** .833** -.129** -.015 -.171** - 1.68 ± .53

CTS2-SP 9. Negociação perpretação .335** .345** .364** -.123** .355** .363** .367** -.155** - 2.55 ± .91 10.Negociação vitimização .336** .350** .359** -.130** .341** .361** .355** -.145** .911** - 2.41 ± .96 11. Agressão psicológica perpetração -.097 ** -.083** -.063* .136** -.093** -.087** -.071* .112** -.070* -.104** - .76 ± .62 12. Agressão psicológica vitimização -.123 ** -.108** -.075* .140** -.108** -.100** -.067* .117** -.061* -.123** .936** -.73 ± .60 13. Agressão física

sem sequelas perpetração -.113

** -.100** -.093** .228** -.125** -.129** -.111** .208** -.160** -.168** .591** .606**

-.21 ± .29 14. Agressão física

sem sequelas vitimização -.091

(27)

17 No que concerne ao sexo foi possível constatar a existência de diferenças significativas face ao estilo parental do pai na escala coerção física e punição [t(832.37)= 5.31; p= .000], com IC 95% [.11, .24], na qual o sexo masculino (M= 1.74; DP= .57) manifesta uma perceção mais elevada em comparação com o sexo feminino (M= 1.56; DP= .48). As análises indicaram ainda diferenças estatisticamente significativas do sexo face ao estilo parental da mãe nas escalas apoio e afeto [t(1044)= -3.85; p= .000], com IC 95% [-.32, .10], cedência de autonomia e participação democrática [t(1044)= -3.59; p= .000], com IC 95% [-.31, -.09] e coerção física e punição [t(802.32)= 5.20; p= .000], com IC 95% [.11, .24], sendo que o sexo masculino (M= 1.78; DP= .59) evidencia uma maior perceção de coerção física e punição comparativamente com o sexo feminino (M= 1.60; DP= .47). Por sua vez, o sexo feminino apresenta uma maior perceção de apoio e afeto (M= 4.11; DP= .87) e cedência de autonomia e participação democrática (M= 3.77; DP= .90) quando comparado com o sexo masculino (M= 3.89; DP= .89) (M= 3.57; DP= .88) nas mesmas escalas respetivamente.

Foram ainda encontradas diferenças estatisticamente significativas do sexo nas táticas de resolução de conflitos entre irmãos face à perpetração na dimensão negociação [t(1044)= -3.68; p= .000], com IC 95% [-.32, -.09], sendo o sexo feminino (M= 2.64; DP= .90) o principal perpetrador comparativamente com o sexo masculino (M=2.43; DP=.92). Quanto à vitimização também se verificaram diferenças estatisticamente significativas do sexo relativamente às dimensões negociação [t(1044)= -2.78; p= .005], com IC 95% [-.29, -.05], sendo que o sexo feminino (M= 2.48; DP= .96) manifesta níveis mais elevados em comparação com o sexo masculino (M=2.31; DP=.96), e ainda na dimensão agressão psicológica [t(1044)= -2.52; p= .012], com IC 95% [-.17, -.02], com o sexo feminino (M= .77; DP= .61) a evidenciar resultados mais elevados comparativamente com o sexo masculino (M= .67; DP= .59).

(28)

18 Tabela 2.

Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos entre irmãos e dos estilos parentais em função do sexo dos adolescentes

Sexo M±DP IC95% Direção das diferenças

PSDQ: Pai

Apoio e afeto 1 – Feminino

2 – Masculino 3.67±1.10 3.61±.97 [-.19, .06] n. s. Regulação 1 – Feminino 2 – Masculino 3.49±1.08 3.54±.94 [-.06, .18] n. s. Cedência de autonomia e participação democrática 1 – Feminino 2 – Masculino 3.55±1.04 3.44±.96 [-.24, .01] n. s.

Coerção física e punição 1 – Feminino

2 – Masculino

1.56±.48

1.74±.57 [.11, .24] 1<2

PSDQ: Mãe

Apoio e afeto 1 – Feminino

2 – Masculino 4.11±.87 3.89±.89 [-.32, -.10] 1>2 Regulação 1 – Feminino 2 – Masculino 3.72±.94 3.66±.90 [-17, .05] n. s. Cedência de autonomia e participação democrática 1 – Feminino 2 – Masculino 3.77±..90 3.57±.88 [-.31, -.09] 1>2

Coerção física e punição 1 – Feminino

2 – Masculino

1.60±.47

1.78±.59 [.11, .24] 1<2

CTS2-SP

Negociação perpetração 1 – Feminino

2 – Masculino

2.64±.90

2.43±.92 [-.32, -.10] 1>2

Negociação vitimização 1 – Feminino

2 – Masculino

2.48±.96

2.31±.96 [-.29, -.05] 1>2

Agressão psicológica perpetração 1 – Feminino 2 – Masculino

.78±.62

.72±.63 [-.14, .02] n. s.

Agressão psicológica vitimização 1 – Feminino 2 – Masculino

.77±.61

.67±.59 [-.17, -.02] 1>2

Agressão física sem sequelas Perpetração

1 – Feminino 2 – Masculino

.19±.28

.23±.32 [-.00, .07] n. s.

Agressão física sem sequelas Vitimização

1 – Feminino 2 – Masculino

.20±.28

.22±.30 [-.02, .05] n. s.

Nota: PSDQ = Styles & Dimensions Questionnaire – Short Version; CTS2-SP = Revised Conflict Tactics Scales

– Sibling Version; M = Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de Confiança a 95%.

Relativamente à variável tipo de fratria, os resultados indicam a presença de diferenças estatisticamente significativas face ao estilo parental do pai [F(12,2749)= 3.63; p= .000; 𝜂2=

.014] e da mãe [F(12,2749)= 3.98; p= .000; 𝜂2= .015]. No que concerne ao pai, as análises

revelam que as diferenças ocorrem na escala coerção física e punição [F(3,1042)= 10.52; p= .000; 𝜂2= .029], no entanto, o recurso ao teste Scheffé permitiu verificar que não existem

diferenças significativas entre grupos. No que respeita à mãe, as diferenças significativas surgem nas escalas apoio e afeto [F(3,1042)= 5.24; p= .001; 𝜂2= .015], cedência de autonomia

e participação democrática [F(3,1042)= 4.41; p= .004; 𝜂2= .013] e coerção física e punição

(29)

19

dimensão apoio e afeto o valor da média do tipo de fratria masculino/masculino (M= 3.90;

DP= .87) é significativamente diferente do tipo de fratria feminino/masculino (M= 4.14; DP=

.88). Os valores médios desta última fratria são, por sua vez, significativamente diferentes dos

valores médios do tipo de fratria masculino/feminino (M= 3.88; DP= .91). Na dimensão

cedência de autonomia e participação democrática as comparações entre os grupos demonstraram que o valor da média do tipo de fratria masculino/masculino (M= 3.57; DP=

.89) é significativamente diferente do tipo de fratria feminino/masculino (M= 3.79; DP= .90).

Os valores médios desta última são, por sua vez, significativamente diferentes dos valores

médios do tipo de fratria masculino/feminino (M= 3.58; DP= .88). Por fim, na dimensão

coerção física e punição as comparações entre os grupos demonstraram que o valor da média

do tipo de fratria masculino/masculino (M= 1.79; DP= .60) é significativamente diferente do

tipo de fratria feminino/feminino (M= 1.60; DP= .47) e do tipo de fratria feminino/masculino

(M= 1.60; DP= .47). Por sua vez, os valores médios do tipo de fratria feminino/feminino são

significativamente diferentes dos valores médios do tipo de fratria masculino/feminino (M=

1.77; DP= .58) e os valores médios deste último tipo de fratria são, por sua vez,

significativamente diferentes dos valores médios do tipo de fratria feminino/masculino (M=

1.60; DP= .47).

As análises multivariadas permitem verificar ainda a presença de diferenças estatisticamente significativas do tipo de fratria face às táticas de resolução de conflito entre irmãos, tanto para a perpetração [F(9,2531)= 3.48; p= .000; 𝜂2= .010] como para a

vitimização [F(9,2531)= 3.26; p= .001; 𝜂2= .009]. Ao nível da perpetração as diferenças

significativas entre grupos ocorrem nas dimensões negociação [F(3,1042)= 4.56; p= .004; 𝜂2=

.013] e agressão física sem sequelas [F(3,1042)= 2.83; p= .037; 𝜂2= .008]. As comparações

entre os grupos, de acordo com o teste Scheffé, verificaram que na dimensão negociação o valor

da média do tipo de fratria feminino/feminino (M= 2.65; DP= .92) é significativamente

diferente do tipo de fratria masculino/masculino (M= 2.41; DP= .91), enquanto que na

dimensão agressão física sem sequelas não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos. Relativamente à vitimização, as diferenças significativas entre grupos ocorrem apenas na dimensão negociação [F(3,1042)= 3.30; p= .020; 𝜂2= .009], sendo que o valor da média do

tipo de fratria feminino/feminino (M= 2.53; DP= .97) é significativamente diferente do tipo de

(30)

20 Tabela 3.

Análise diferencial das táticas de resolução de conflitos e dos estilos parentais em função do tipo de fratria

Tipo de fratria M±DP IC95% Direção das diferenças

PSDQ: Pai Apoio e afeto 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 3.64±.94 3.62±1.12 3.57±.99 3.72±1.08 [3.51, 3.78] [3.50, 3.74] [3.43, 3.71] [3.60, 3.84] n. s. Regulação 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 3.59±.94 3.45±1.09 3.51±.95 3.52±1.06 [3.46, 3.73] [3.33, 3.57] [3.37, 3.64] [3.41, 3.64] n. s. Cedência de autonomia e participação democrática 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 3.45±.98 3.50±1.06 3.43±.94 3.59±1.03 [3.31, 3.58] [3.39, 3.62] [3.30, 3.57] [3.48, 3.71] n. s.

Coerção física e punição

1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 1.77±.60 1.56±.49 1.70±.54 1.56±.47 [1.70, 1.84] [1.51, 1.62] [1.64, 1.78] [1.50, 1.62] n. s. PSDQ: Mãe Apoio e afeto 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 3.90±.87 4.07±.87 3.88±.91 4.14±.88 [3.79, 4.02] [3.97, 4.17] [3.77, 4.00] [4.04, 4.24] 4>1>3 Regulação 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 3.66±.90 3.67±.96 3.66±.90 3.76±.92 [3.54, 3.78] [3.56, 3.77] [3.53, 3.78] [3.66, 3.87] n. s. Cedência de autonomia e participação democrática 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 3.57±.89 3.75±.91 3.58±.88 3.79±.90 [3.45, 3.68] [3.65, 3.86] [3.46, 3.70] [3.69, 3.89] 4>3>1

Coerção física e punição

1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 1.79±.60 1.60±.47 1.77±.58 1.60±.47 [1.72, 1.86] [1.55, 1.67] [1.70, 1.84] [1.54, 1.66] 1>3>2>4 CTS2-SP Negociação perpetração 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 2.41±.91 2.65±.92 2.44±.92 2.63±.88 [2.29, 2.54] [2.54, 2.75] [2.32, 2.56] [2.52, 2.73] 1<2 Negociação vitimização 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino 2.28±.97 2.53±.97 2.34±.96 2.43±.94 [2.16, 2.41] [2.42, 2.64] [2.21, 2.47] [2.32, 2.54] 1<2 Agressão psicológica perpetração 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino .74±.62 .80±.62 .70±.64 .76±.88 [.66, .83] [.73, .87] [.62, .78] [.69, .83] n. s. Agressão psicológica vitimização 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino .70±.57 .77±.59 .64±.61 .76±.63 [.62, .78] [.70, .84] [.56, .72] [.69, .83] n. s.

Agressão física sem sequelas perpetração 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino .26±.33 .20±.27 .19±.30 .19±.28 [.22, .30] [.16, .23] [.16, .23] [.15, .22] n. s.

Agressão física sem sequelas vitimização 1- Masculino/Masculino 2- Feminino/Feminino 3- Masculino/Feminino 4- Feminino/Masculino .24±.30 .20±.27 .19±.29 .20±.28 [.20, .28] [.17, .23] [.15, .23] [.17, .23] n. s.

Nota: PSDQ = Styles & Dimensions Questionnaire – Short Version; CTS2-SP = Revised Conflict Tactics Scales

(31)

21 Análises preditivas: predição das táticas de resolução de conflitos entre irmãos em função das variáveis sexo e estilos parentais

Foi realizada uma regressão hierárquica múltipla com o objetivo de avaliar a capacidade preditiva do sexo e dos estilos parentais nas táticas de resolução de conflitos entre irmãos (Tabela 4). Para tal foram introduzidos 3 blocos: o bloco 1 correspondeu à variável dummy sexo (0- sexo masculino; 1- sexo feminino), o bloco 2 correspondeu aos estilos parentais do pai e o bloco 3 aos estilos parentais da mãe.

Relativamente à escala da negociação perpetrada, o bloco 1 explica 11.3% da variância total (R2= .113), contribui individualmente com 1.3% da variância para o modelo (R2 change= .013) e apresenta um contributo significativo [F(1,1044)= 13.56; p= .000]. O bloco 2 apresenta um contributo significativo [F(5,1040)= 40.48; p= .000], explica 40.4% do total de variância (R2= .404) e contribui individualmente com 15% da variância para o modelo (R2 change= .150). O bloco 3 contribui significativamente [F(9,1036)= 26.57; p= .000], explica 43.3% da variância total (R2= .433) e contribui individualmente com 2.5% para o modelo (R2 change= .025). A

partir da análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, verifica-se que duas das variáveis apresentam uma contribuição significativa (p≤ .05) enquanto preditoras da negociação: o estilo democrático-regulação da figura materna (β= .161) (prediz positivamente) e o estilo autoritário-coerção física e punição da figura materna (β= -.135) (prediz negativamente).

No que respeita à escala de vitimização da negociação, o bloco 1 explica 8.6% da variância total (R2= .086), contribuindo individualmente com .7% da variância para o modelo (R2 change= .007) e apresentando um contributo significativo [F(1,1044)= 7.74; p= .005]. O bloco 2 contribui significativamente [F(5,1040)= 39.84; p= .000] e explica 40.1% do total de variância (R2= .401) contribuindo individualmente com 15.3% da variância para o modelo (R2 change= .153). O bloco 3 apresenta um contributo significativo [F(9,1036)= 24.96; p= .000], explica 42.2% da variância total (R2= .422) e contribui individualmente com 1.7% para o modelo (R2 change= .017). Através da análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, constata-se que o estilo democrático-regulação da figura materna prediz positivamente a utilização da negociação (β= .149).

Na variável perpetração de agressão psicológica, o bloco 1 explica 4.7% da variância total (R2= .047), contribui individualmente com .2% da variância para o modelo (R2 change= .002), não apresentando um contributo significativo [F(1,1044)= 2.27; p= .132]. O bloco 2

(32)

22 contribui significativamente [F(5,1040)= 7.50; p= .000], explica 18.7% do total de variância (R2= .187) e contribui individualmente com 3.3% da variância para o modelo (R2 change= .033). O bloco 3 apresenta um contributo significativo [F(9,1036)= 4.36; p= .000], explicando 19.1% da variância total (R2= .191), contribuindo individualmente com .2% para o modelo (R2 change= .002). A análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, permitiu verificar que o estilo autoritário-coerção física e punição da figura paterna prediz positivamente o recurso a esta tática de resolução de conflitos entre irmãos (β= .154).

No que concerne à escala de vitimização da agressão psicológica, o bloco 1 explica 7.8% da variância total (R2= .078), contribui individualmente com .6% da variância para o modelo (R2 change= .006) e apresenta um contributo significativo [F(1,1044)= 6.35; p= .012]. O bloco 2 apresenta um contributo significativo [F(5,1040)= 10.83; p= .000], explicando 22.2% do total de variância (R2= .222) e contribuindo individualmente com 4.3% da variância para o modelo (R2 change= .043). O bloco 3 apresenta um contributo significativo [F(9,1036)= 6.12; p= .000],

explica 22.5% da variância total (R2= .225), contribuindo individualmente com .1% para o

modelo (R2 change= .001). Face à análise individual do contributo de cada uma das variáveis

independentes dos blocos, constatou-se que o estilo autoritário-coerção física e punição da figura paterna apresenta uma contribuição significativa (p≤ .05) e prediz positivamente a vitimização de agressão psicológica (β= .164).

Em relação à variável perpetração da agressão física sem sequelas, o bloco 1 explica 5.7% da variância total (R2= .057) e contribui individualmente com .3% da variância para o modelo (R2 change= .003), não apresentando um contributo significativo [F(1,1044)= 3.45; p= .064]. O bloco 2 apresenta um contributo significativo [F(5,1040)= 14.91; p= .000], explica 25.9% do total de variância (R2= .259) e contribui individualmente com 6.4% da variância para o modelo (R2 change= .064). O bloco 3 apresenta um contributo significativo [F(9,1036)= 8.96; p= .000], explica 26.9% da variância total (R2= .269) e contribui individualmente com .5% para o modelo (R2 change= .005). Perante a análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, verificou-se que o estilo autoritário-coerção física e punição da figura paterna apresenta uma contribuição significativa (p≤ .05) e prediz positivamente a utilização de agressão física sem sequelas (β= .173).

No que diz respeito à escala de vitimização da agressão física sem sequelas, o bloco 1 explica 2.9% da variância total (R2= .029), contribui individualmente com .1% da variância para o modelo (R2 change= .001) e não apresenta um contributo significativo [F(1,1044)= .89;

(33)

23 24.9% do total de variância (R2= .249), contribuindo individualmente com 6.1% da variância para o modelo (R2 change= .061). O bloco 3 apresenta um contributo significativo [F(9,1036)= 8.05; p= .000], explica 25.6% da variância total (R2= .269) e contribui individualmente com .4% para o modelo (R2 change= .004). Através da análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, verificou-se que o estilo autoritário-coerção física e punição da figura paterna apresenta uma contribuição significativa (p≤ .05) enquanto preditora da agressão física sem sequelas (β= .192) (prediz positivamente).

Tabela 4.

Análises preditivas: predição das táticas de resolução de conflitos entre irmãos em função das variáveis sexo e estilos parentais

R2 R2 Change B S Error β t p

Negociação perpetração

Bloco 1 - Sexo (dummy) .113 .013

Bloco 2 – Estilos parentais pai .404 .150

Apoio e afeto .022 .065 .025 .337 .736

Regulação .023 .077 .025 .293 .769

Cedência de autonomia e participação

democrática .122 .078 .135 1.57 .116

Coerção física e punição .053 .090 .031 .590 .556

Bloco 3 – Estilos parentais mãe .433 .025

Apoio e afeto .079 .067 .077 1.18 .237

Regulação .160 .075 .161 2.14 .033

Cedência de autonomia e participação

democrática .028 .080 .028 .352 .725

Coerção física e punição -.231 .089 -.135 -2.60 .010

Negociação vitimização

Bloco 1 - Sexo (dummy) .086 .007

Bloco 2 – Estilos parentais pai .401 .153

Apoio e afeto .042 .069 .046 .606 .545

Regulação .056 .082 .060 .687 .492

Cedência de autonomia e participação

democrática .096 .082 .101 1.17 .243

Coerção física e punição -.045 .096 -.025 -.469 .639

Bloco 3 – Estilos parentais mãe .422 .017

Apoio e afeto .054 .071 .049 .751 .453

Regulação .156 .079 .149 1.97 .049

Cedência de autonomia e participação

democrática .046 .084 .043 .541 .589

Coerção física e punição -.158 .095 -.087 -1.67 .095

Agressão psicológica perpetração

Bloco 1 - Sexo (dummy) .047 .002

Bloco 2 – Estilos parentais pai .187 .033

Apoio e afeto -.070 .049 -.117 -1.43 .153

Regulação -.034 .057 -.055 -.590 .555

Cedência de autonomia e participação

(34)

24

Coerção física e punição .182 .067 .154 2.71 .007

Bloco 3 – Estilos parentais mãe .191 .002

Apoio e afeto -.004 .050 -.005 -.074 .941

Regulação -.011 .056 -.016 -.198 .843

Cedência de autonomia e participação

democrática -.039 .059 -.057 -.664 .507

Coerção física e punição -.005 .066 -.005 -.080 .936

Agressão psicológica vitimização

Bloco 1 - Sexo (dummy) .078 .006

Bloco 2 – Estilos parentais pai .222 .043

Apoio e afeto -.066 .047 -.115 -1.41 .158

Regulação -.050 .055 -.084 -.900 .368

Cedência de autonomia e participação

democrática .073 .055 .122 1.32 .188

Coerção física e punição .187 .064 .164 2.91 .004

Bloco 3 – Estilos parentais mãe .225 .001

Apoio e afeto -.031 .048 -.046 -.653 .514

Regulação -.005 .053 -.008 -.093 .926

Cedência de autonomia e participação

democrática .004 .057 .006 .072 .942

Coerção física e punição .001 .064 .001 .013 .990

Agressão física sem sequelas perpetração

Bloco 1 - Sexo (dummy) .057 .003

Bloco 2 – Estilos parentais pai .259 .064

Apoio e afeto -034 .023 -.122 -1.52 .128

Regulação .004 .027 .014 1.47 .884

Cedência de autonomia e participação

democrática .031 .027 .107 1.17 .244

Coerção física e punição .096 .031 .173 3.10 .002

Bloco 3 – Estilos parentais mãe .269 .005

Apoio e afeto 010 .023 .030 .436 .663

Regulação -.042 .026 -.133 -1.65 .100

Cedência de autonomia e participação

democrática -.008 .027 -.024 -.284 .776

Coerção física e punição .036 .031 .064 1.16 .247

Agressão física sem sequelas vitimização

Bloco 1 - Sexo (dummy) .029 .001

Bloco 2 – Estilos parentais pai .249 .061

Apoio e afeto -.017 .022 -.061 -.757 .449

Regulação -.018 .026 -.064 -.688 .492

Cedência de autonomia e participação

democrática .034 .026 .122 1.33 .185

Coerção física e punição .103 .030 .192 3.45 .001

Bloco 3 – Estilos parentais mãe .256 .004

Apoio e afeto .007 .022 .020 .290 .772

Regulação -.022 .025 -.071 -.880 .379

Cedência de autonomia e participação

democrática -.019 .027 -.059 -.698 .485

Coerção física e punição .024 .030 .046 .819 .413

Nota: B, SE e β para um nível de significância de p<.05

Bloco 1- Sexo; Bloco 2- Dimensões dos estilos parentais do pai (PSDQ_Pai); Bloco 3- Dimensões dos estilos parentais da mãe (PSDQ_Mãe).

(35)

25 Discussão

O presente estudo teve como principal objetivo averiguar o papel dos estilos parentais na qualidade do relacionamento entre irmãos.

Existem diversas variáveis capazes de influenciar a estabilidade das regras impostas pelos pais e consequentemente dificultar a sua implementação. O desacordo que muitas vezes se verifica entre o pai e a mãe no que diz respeito às regras, poderá ser considerado um importante fator de desestabilização, que poderá afetar o comportamento dos filhos e a própria relação fraterna. Desta forma, o presente estudo apresentou como principal objetivo analisar a influência dos estilos parentais adotados pelos pais na qualidade do relacionamento entre irmãos.

No que respeita às associações entre as dimensões dos estilos parentais e as táticas de resolução de conflitos na fratria, os resultados revelam que o estilo democrático se associa positivamente com a negociação e negativamente com a agressão psicológica e agressão física sem sequelas. Por sua vez, o estilo autoritário associa-se positivamente com agressão psicológica e agressão física sem sequelas e negativamente com a negociação. Tendo em conta os resultados obtidos, parece que a criação de um ambiente democrático em contexto familiar contribui para uma melhor qualidade da relação entre os irmãos e para a adoção de táticas de resolução de conflitos baseadas na negociação. Por sua vez, um contexto familiar pautado por imposição de regras rígidas e punições, e onde raramente se evidenciam manifestações afetivas por parte dos pais para com os filhos, poderá contribuir para o desenvolvimento de uma relação fraterna negativa. Neste tipo de ambiente, a resolução dos conflitos não passa pelo diálogo, discussão ou compreensão mútua, mas sim por agressões múltiplas que vão desde agressões físicas a agressões psicológicas, e que poderão manter-se durante um grande período de tempo. Estes resultados vão ao encontro dos resultados de outros estudos que sugerem que pais que adotam condutas pautadas pelo afeto, suporte e disciplina (estilo democrático) permitem o desenvolvimento de relações de elevada proximidade entre os seus filhos, contrariamente ao que se sucede com os pais autoritários (Brody, Stoneman, MacKinnon, & MacKinnon, 1985; Dunn, Deater-Deckard, Pickering, Golding, & the ALSPAC Study Team, 1999; Feinberg, McHale, Crouter, & Cumsille, 2003; Milevsky, Schlechter, & Machlev, 2011). Outros ainda referem o forte impacto que o subsistema parental exerce na qualidade das relações fraternas, uma vez que ao fornecerem modelos de socialização positivos aos seus filhos, as figuras parentais estimulam o desenvolvimento de relações mais próximas e

Referências

Documentos relacionados

41 Rudolf Steiner, A arte da educação I – O estudo geral do Homem, uma base para a Pedagogia (curso de Antropologia Geral para professores Waldorf). Catorze conferências,

Teaching methodologies include practical exercises in audiovisual, interactive activities between students as well as between the teacher and the students in synchronous

O trabalho se insere na área de Ciências Sociais Aplicadas, já que abrange estudos elaborados com a finalidade de resolver problemas identificados no âmbito da

a) o processo de acumulação de capital no setor têxtil blumenauense só foi possível, entre m últiplos fatores, graças ao grande incremento populacional que

O gráfico 12 traduz a simulação do valor das rendas bem como do custo de reabilitação, em +20%, valor base e -20%, sendo que para cada um dos casos mencionados acresce a variação

Educador:.. Na agropecuária há três principais maquinários. Ligue os prestadores de serviços no agronegócio de acordo com as imagens.. É possível representar as paisagens

Vale reforçar que a classificação das áreas sob suspeita de contaminação ou contaminadas subdivide-se em: Áreas com Potencial de Contaminação (AP), Áreas

Para além disso, este material era dos poucos que implicava um trabalho de raiz por parte dos alunos (assim como o Diário de um Desportista).. Assim sendo, este envolvia um