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Criatividade em crianças com diferentes níveis de aptidão cardiorespiratória e massa gorda

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM

EDUCAÇÃO FÍSICA

CRIATIVIDADE EM CRIANÇAS COM DIFERENTES NÍVEIS

DE APTIDÃO CARDIORESPIRATÓRIA E MASSA GORDA

Gleydciane Alexandre Fernandes

NATAL - RN 2019

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CRIATIVIDADE EM CRIANÇAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE APTIDÃO CARDIORESPIRATÓRIA E MASSA GORDA

GLEYDCIANE ALEXANDRE FERNANDES

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física.

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Fernandes, Gleydciane Alexandre.

Criatividade em crianças com diferentes níveis de aptidão cardiorespiratória e massa gorda / Gleydciane Alexandre Fernandes. - 2019.

59 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação Stricto-sensu em Educação Física. Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Bodnariuc Fontes.

1. Aptidão física Crianças Dissertação. 2. Cognição -Dissertação. 3. Pensamento divergente - -Dissertação. I. Fontes, Eduardo Bodnariuc. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 796-053.2 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

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iii AGRADECIMENTOS

A Deus. Aos meus pais, José Rinaldo Fernandes e Francileuza Alexandre Fernandes por toda base que me foi dada. Meus irmãos Samira Alexandre Fernandes e José Rinaldo Fernandes Junior por estarem sempre me apoiando. Aos amigos próximos que sempre me deram força, Isabela Ramos, Layo Lucena, Jorge Lira e Raquel Pires. Aos colegas do grupo Neuroex. Aos professores desta instituição pelo apoio, em especial meu orientador Eduardo Fontes. Aos colegas do laboratório HBCL na McGill University e minha orientadora Caroline Paquette. Aos avaliadores deste trabalho não só pelas contribuições, mas todo apoio ao longo da minha formação Prof. Paulo Dantas e Dr. Fernanda Perez. Ao meu namorado David Shaulov pela paciência e apoio nesta jornada. A todos que de maneira ou outra contribuíram para a realização deste trabalho.

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iv SUMÀRIO

Página

LISTA DE TABELAS ... vi

LISTA DE QUADROS ... vii

LISTA DE FIGURAS ... viii

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ... ix

RESUMO ... x ABSTRACT... xi 1. INTRODUÇÃO ... 12 2. OBJETIVOS ... 16 2.1 Geral ... 16 2.1 Específicos ... 16 3. HIPÓTESES ... 16 4. REFERÊNCIAL TEÓRICO ... 17 4.1 Criatividade ... 17

4.2 Criatividade e Aptidão cardiorrespiratória ... 19

4.3 Criatividade e Massa gorda ... 27

5. METODOLOGIA ... 30

5.1 Sujeito da pesquisa ... 30

5.2 Desenho Experimental ... 31

5.2.1 Estrutura das sessões de avaliações ... 31

5.3 Variáveis Primárias ... 31

5.3.1 Variável Dependente ... 31

Teste de criatividade ... 30

5.3.2 Variáveis independentes ... 33

(6)

v

Composição corporal (DEXA) ... 34

5.3 Variáveis Secundárias ... 35

Medidas antropométricas ... 35

Maturação ... 35

Teste de desempenho escolar (TDE) ... 36

Questionário de nível sócio econômico e Questionário de escolaridade dos pais ... 36

Risco cardiovascular ... 37

5.5 Classificação dos grupos ... 37

Classificação do nível de massa gorda ... 37

Classificação do nível de aptidão cardiorrespiratória ... 38

5.5 Análise estatística ... 38 6. RESULTADOS ... 40 7. DISCUSSÃO ... 44 8. CONCLUSÕES ... 49 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 50 10. REFERÊNCIAS ... 52

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vi LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Aspectos socioeconômicos (classificação social segundo ABEP) Tabela 2 – Escolaridade dos pais segundo ABEP

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vii LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Revisão bibliográfica sistemática criatividade e exercício físico Quadro 2 – Classificação socioeconômica

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viii LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 – Multistage 20 m-Shutlle run

Gráfico 1 – Correlação de Pearson (Criatividade, massa gorda, aptidão cardiorrespiratória e teste de desempenho escolar)

Gráfico 2 – Correlação de Spearman's (criatividade, massa gorda, aptidão cardiorrespiratória e Teste de desempenho escola)

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ix SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

AC – Aptidão cardiorrespiratória

ABEP – Associação brasileira de empresas de pesquisas BDNF – fator neurotrófico derivado do cérebro

CMO – Conteúdo mineral ósseo CP – Comprimento de pernas

DEF – Departamento de educação física DEXA ou DXA – Densitometria óssea DLFPC – Córtex lateral pré-frontal E – Estatura em pé

EEG – Eletroencefalograma ES – Estatura sentado

fMRI – Ressonância magnética funcional I - Idade

IMC – Índice de massa corporal MG – Massa gorda

NIR’S – Espectroscopia no infravermelho próximo P – Peso corporal

PAR-Q – Questionário de prontidão para atividade física PVC – Pico de velocidade de crescimento

TALE – Termo de aceitação livre esclarecido TCFI – Teste de criatividade figural

TCLE – Termo de consentimento livre esclarecido TDE – Teste de desempenho escolar

TMM – Tecido mole magro

TOP – Temporal, occipital e parietal

UFRN – Universidade federal do Rio Grande do Norte Vo2 – Volume de máximo de oxigênio

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x RESUMO

CRIATIVIDADE EM CRIANÇAS COM DIFERENTES NÍVEIS DE APTIDÃO CARDIORESPIRATÓRIA E MASSA GORDA

Autor: Gleydciane Alexandre Fernandes Orientador: Eduardo Bodnariuc Fontes

A criatividade é um componente da cognição e vêm sendo apontada como uma das habilidades mais importantes para o desenvolvimento humano. Desta forma, estudos recentes buscam compreender os mecanismos cerebrais da criatividade e como esta pode ser melhorada através de exercícios. Já está claro na literatura que o acúmulo de massa gorda (MG) e uma pior aptidão cardiorrespiratória (AC) está associada com pior desempenho em controle inibitório, atenção, memória de trabalho e desempenho escolar em crianças, entretanto ainda não está bem definida a influência desses fatores na criatividade. OBJETIVO: Comparar a criatividade em grupos com diferentes níveis de AC e MG em crianças, assim como verificar a correlação entre essas variáveis. MÉTODO: Foi realizado um estudo transversal,

com 87 crianças (idade 10.5 (10.2-10.7), MG 31.9 (30.5 - 33.8), Vo² 44 ± 3.4), a MG

foi mensurada através da densitometria óssea (DEXA), divididos em dois grupos (normal pesos e sobrepesos e obesos), para o nível de AC foi utilizado o teste de mensuração indireta de Vo² máx. Shuttle run – 20m e divididos em dois grupos

através do critério de saúde para aptidão cardiorrespiratória (saudável e risco), a criatividade foi mensurada através do Teste de criatividade Infantil (TCFI). A normalidade dos dados foi investigada através do teste de Shapiro-Wilk e homogeneidade Levene, a comparação dos grupos feita através do test- t de variáveis independentes e Mann-Whitney e para a correlação das variáveis os testes de Pearson e Spearman. RESULTADOS: Nenhuma diferença significativa foi encontrada na criatividade entre os grupos em relação a MG (p=.984) e AC (p=.741). Também não foram encontradas correlações entre estas variáveis Criatividade e MG (r=.016) e criatividade e AC (r=.076). CONCLUSÃO: Desta maneira podemos concluir que neste estudo a Criatividade não se diferencia de acordo com os níveis de MG e AC, assim como não há correlação entre as variáveis.

Palavras Chaves: cognição; comportamento; aptidão física; pensamento divergente; escolares.

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xi ABSTRACT

CREATIVITY IN CHILDREN WITH DIFFERENT LEVEL OF CARDIORESPIRATORY FITNESS AND FAT MASS

Author: Gleydciane Alexander Fernandes Advisor: Eduardo Bodnariuc Fontes

Creativity is a component of cognition and has been pointed out as one of the most important skills for human development. In this way, recent studies seek to understand the brain's mechanisms of creativity and how it can be improved through exercises. It is already clear in the literature that fat mass accumulation (FM) and less cardiorespiratory fitness (CF) are associated with poor performance in inhibitory control, attention, working memory and school performance in children, however, the influence of these factors on creativity has not yet been well defined. OBJECTIVE: To compare creativity in groups with different levels of CF and FM, as well as to verify the correlation between these variables. METHODS: A cross-sectional study was carried out with 87 children (age 10.5 (10.2-10.7), FM 31.9 (30.5 - 33.8),Vo² 44 ± 3.4), FM was measured by bone densitometry DXA, divided

into two groups (normal weights and overweight and obese). The CF level was used the indirect measurement of Vo² max, Shuttle run - 20m and divided into two

groups through the health criterion for cardiorespiratory fitness (healthy and risk). Creativity was measured through the Infant Creativity Test (TCFI). The normality of the data was investigated through the Shapiro-Wilk test and Levene homogeneity, the comparison of the groups performed through the independent variables test and Mann-Whitney and for the correlation of the variables the Pearson and Spearman tests. RESULTS: No significant difference was found in the creativity between the groups in relation to FM (p = .984) and CF (p = .741). There were also no correlations between these variables Creativity and FM (r = .016) and creativity and CF (r = .076). CONCLUSION: We can conclude that in this study Creativity does not differ according to the levels of FM and CF, as there is no correlation between the variables.

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1. INTRODUÇÃO

A criatividade é a capacidade de produzir algo que seja novo (original, inesperado) e apropriado (útil, adaptável) (Sternberg & Lubart, 1999) . A criatividade é um tópico de grande amplitude sendo importante em diversos domínios e tarefas e em níveis individual e social. No nível individual, a criatividade é relevante, por exemplo, quando se está resolvendo problemas na vida cotidiana, em família, na escola, no trabalho etc. Em nível social, a criatividade pode levar a avanços tecnológicos, descobertas científicas, cura de doenças, novas formas de manifestações culturais e sociais, desenvolvimento econômico etc. É de extrema importância que a humanidade se adapte aos recursos existentes e às demandas mutáveis do ambiente. A importância econômica da criatividade é visível quando são criados produtos ou serviços que facilitam a vida da sociedade estimulando a competitividade do mercado. Segundo o último fórum econômico mundial (“World Economic Forum Annual Meeting, 2018), a criatividade será a terceira mais importante habilidade de trabalho até 2020. Para que estes avanços da humanidade continuem ocorrendo e até mesmo que possa haver um aumento de novas descobertas é necessário preparar o ambiente para que possamos formar cada vez mais pessoas criativas. Todos indivíduos são dotados de um potencial criativo, que pode se desenvolver com a presença de estímulos sociais e pessoais (Krop, 1969). Alguns ambientes podem proporcionar com que o ser humano desenvolva melhor a criatividade do que outros, nesta premissa, temos a escola como um ambiente que pode favorecer o desenvolvimento deste potencial criativo, como também dificultar (Alencar, 2007). Vale ressaltar que a maior e mais importante fase de aprendizado é na infância e se prepararmos as crianças para despertar seu potencial criativo e saber utiliza-lo, estaremos possivelmente tornando adultos criativos para uma sociedade mais avançada (Gallahue. D; Zmun, 2005; Haywood & Getcheel, 2004; Le Bouch, 1987). A criatividade pode ser desenvolvida em crianças a partir de treinamentos e oportunidades como a exposição a ambientes e condições que favoreçam e estimulem o potencial criativo da criança, sendo importante estímulos desde cedo. Além disso, destaca-se que todos os indivíduos possuem um potencial criativo, basta ser desenvolvido (E. P. Torrance & Safter, 1999).

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13 A criatividade pode ser atribuída à fatores extrínsecos (motivação extrínseca, cultura, meio ambiente, etc.) e fatores intrínsecos (genes, cognição, motivação intrínseca) (Krop, 1969). Desta forma, respostas corporais como o aumento da capacidade cardiorrespiratória e aumento de massa gorda são alguns dos marcadores de saúde do ser humano que geram respostas intrínsecos capazes de serem modulados por fatores extrínsecos (ex.: sedentarismo, exercício, hábito alimentar) que merecem ser investigados como forma de compreender suas relações com a criatividade.

Estudos demonstram que crianças com alta aptidão cardiorrespiratória apresentam melhor respostas cognitivas (Hillman et al., 2009; Kao et al., 2017; Pontifex et al., 2012; Schwarb et al., 2017). O estudo de Hillman e colaboradores investigou a relação entre aptidão aeróbica e função cognitiva, comparando baixo e alto desempenho, e encontrou associação positiva com índices neuroelétricos de memória de trabalho, atenção e velocidade de resposta em crianças, assim como uma associação com rápidos processamento cognitivo (Hillman, Castelli, & Buck, 2005). Além disso, um estudo de revisão demonstrou que uma melhor aptidão cardiorrespiratória tem processamento cognitivo mais eficiente no nível neuroelétrico, bem como maiores volumes dos gânglios da base e do hipocampo, comparado com menor nível de aptidão cardiorrespiratória em crianças (Haapala, 2013). Parece claro na literatura os efeitos e mecanismos de uma melhor aptidão cardiorrespiratória na cognição, entretanto os estudos relacionados a criatividade são ainda escassos, além de não deixar clara essa relação.

Na revisão sistemática realizada para este trabalho foram encontrados doze estudos que fazem a relação do exercício físico com a criatividade os quais serão melhor apresentados no segundo tópico do referencial teórico deste trabalho. Onze desses estudos investigaram o efeito de exercícios aeróbicos sendo sete que investigaram o efeito do exercício agudo em adultos. Quatro desses estudo não apresentam nenhuma influência do exercício na criatividade (Colzato, Szapora, Pannekoek, & Hommel, 2013; CURNOW & TURNER, 1992; Frith & Loprinzi, 2018; Steinberg et al., 1997), mas três demonstraram melhoras em alguns fatores criatividade após o exercício aeróbico agudo (Blanchette, Ramocki, John, & Casey, 2005; Oppezzo & Schwartz, 2014; Ramocki, 2002a). Quatro estudos analisam a efeito

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14 de um programa de treino aeróbico na criatividade, em crianças (Ariza, Manzano, Serrano, & López, 2017; Hinkle, Tuckman, & Sampson, 1993; Tuckman & Hinkle, 1986) e adultos (John C. Gondola & Tuckman, 1985), todos os estudos demostram influência do exercício aeróbico crônico em algum fator da criatividade, onde na maioria dos trabalhos foi encontrada uma relação com o aumento da aptidão cardiorrespiratória ocasionada pelo treinamento. Apenas um trabalho investigou a relação da aptidão física por meio do teste de VO2 máx. Shutle Run com a criatividade, sendo esta

correlacionada positivamente com o aumento da aptidão em crianças, além de demonstrar diferença significativa de uma melhor aptidão cardiorrespiratória no grupo de maior criatividade quando comparado com o grupo menos criativo (Román et al., 2017). Ressalto aqui que os estudos que analisaram o efeito do exercício demonstram resultados que se divergem entre eles, além de não ter um padrão no teste de criatividade utilizado. Assim como só existe um trabalho na literatura que pesquisou a relação da aptidão cardiorrespiratória com a criatividade sendo necessário uma maior investigação nas pesquisas desta temática.

Os mecanismos fisiológicos entre a aptidão cardiorrespiratória e os processos criativos ainda são desconhecidos, mas de maneira geral especula-se que a relação entre a aptidão cardiorrespiratória e a criatividade, podem ser explicadas através da neuroplasticidade causada pelo aumento da oxigenação cerebral, promovendo assim alterações cerebrais sejam estruturais, químicas, ou até mesmo, conectivas (Hillman, Erickson, & Kramer, 2008). Uma maior aptidão cardiorrespiratória está associada ao aumento do hipocampo (Schwarb et al., 2017), aumento do BDNF (brain-derived

neurotrophic fator), memória de trabalho (Hwang, Castelli, & Gonzalez-Lima, 2017) e

o aumento da massa cinzenta (Erickson, Leckie, & Weinstein, 2014). Além disso, o pesquisador Dietrich demostra que alguns tipos de criatividade ocorrem por meio da hipofrontalidade transiente, que estar relacionada ao estado alterado de consciência, esse mecanismo pode ser observado também em algumas práticas de exercício físico como a corrida (Dietrich, 2003).

Outro fator que precisa ser investigado que pode vir a ser um dos fatores intrínsecos da criatividade é o percentual de massa gorda. Atualmente não há nenhuma estudo que analise a relação da composição corporal com a criatividade. Entretanto alguns estudos demostram a relação da composição corporal com a

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15 cognição, que é um dos principais componentes da criatividade. Raine e colaboradores demostraram em seu estudo que o excesso de tecido adiposo está associado com uma pior habilidade intelectual e performance cognitiva em crianças. (Raine et al., 2018). Além disso o alto índice de massa gorda está associado à baixa cognição em crianças (Haapala et al., 2015; M. B. Pontifex et al., 2014). Da Costa demostrou que a massa gorda é um independente preditor do controle inibitório em crianças (da Costa et al., 2019). Esses achados podem ser explicados porque o excesso de massa gorda causa um processo inflamatório que afeta a cognição (Popko et al., 2010; Sobieska, Gajewska et al., 2013; Tsai, Huang, & Tsai, 2017). Os estudos mais próximos encontrados com a temática foi o que relaciona criatividade com o consumo alimentar de fibras e açucares (Hassevoort et al. , 2018a) e que o estudo de Román o qual não tem como objetivo a relação da composição corporal com a criatividade, mas que apresenta resultados correlacionando estas variáveis em crianças (Román et al., 2017), ambos os estudo serão melhor apresentados no tópico referente a composição corporal no referencial teórico deste trabalho.

Dessa forma, esclarecer e investigar a relação da aptidão cardiorrespiratória e percentual de massa gorda, dois grandes marcadores de saúde humana com a criatividade em crianças, é importante pois estes podem ser considerados fatores humanos intrínsecos que interagem com a criatividade, podendo ser desenvolvidos e estimulados desde cedo com a prática de exercício. Além disso, esta investigação contribui não só para uma sociedade mais saudável como também corrobora para a avanços da humanidade por meio da possibilidade de inovação, criação, e soluções de problemas frutos da criatividade. Uma vez que a criatividade é um elemento chave da cognição, podendo contribuir para o sucesso pessoal e socioambiental em que o sujeito está inserido.

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16

2. OBJETIVOS

2.1. Geral:

Verificar a influência da aptidão cardiorrespiratória e massa gorda na criatividade de crianças.

2.2. Específicos:

• Verificar se crianças com baixa aptidão cardiorrespiratória possuem menor criatividade comparadas com as crianças de alta aptidão cardiorrespiratória. • Verificar se crianças com alto percentual de massa gorda apresentam menor

criatividade comparadas de menor percentual.

• Verificar se o desempenho no teste de criatividade se correlaciona com a de aptidão cardiorrespiratória e percentual de massa gorda.

3. HIPÓTESES

1ª Crianças com menor aptidão cardiorrespiratória terão um pior desempenho no teste

de criatividade comparadas as de melhor aptidão cardiorrespiratória.

2ª Crianças com alto percentual de massa gorda terão um pior desempenho do teste

de criatividade comparadas as de menor percentual.

3ª Haverá correlação entre as variáveis de massa gorda e aptidão cardiorrespiratória

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4. REFERÊNCIAL TEÓRICO

4.1 Criatividade

A criatividade é uma construção complexa e ampla que tem sido essencial para o desenvolvimento da humanidade e, muito provavelmente, o desenvolvimento de processos da inteligência humana (Jung et al.,2013). De fato, a enorme gama de esforços criativos englobando trabalhos de atividades distintas como a descoberta da eletricidade (Benjamim Franklin,1706-1790), a criação da penicilina (Alexander Fleming, 1981-1955), a teoria da relatividade (Albert Einstein, 1879-1955) , as obras de Picasso (1881-1973) , as músicas de Beethoven (1770-1827), a cura de moléstias (Osvaldo Cruz, 1872-1917), a criação do Iphone (Steve Jobs, 1955-2011). Este são exemplos de diferentes habilidades consideradas criativas. Com alguns desses exemplos fica mais fácil visualizar o que é a criatividade, porém ainda sim é ampla sua definição.

A criatividade pode ser definida de diversas formas, afinal como já foi dito anteriormente existe diversas formas de manifestá-la. Para os propósitos desta pesquisa e de acordo com o teste que escolhemos para avaliar a criatividade, o qual avalia a criatividade de acordo o status transitório, iremos utilizar a definição de criatividade como algo novo e útil (Jung et al., 2013). Vale salientar que alguns autores que estudam criatividade preferem não a reduzir à apenas uma definição. Torrance tentou a definir como o processo de identificação da dificuldade, formulando hipóteses sobre as deficiências, resolvendo os problemas; e finalmente comunicando os resultados, mas o mesmo refutou sua definição, explicando que não se poderia definir um termo que englobe tudo o que a criatividade representa, e mesmo que quando se entenda seu significado faltariam palavras (Torrance, 1965). Para (Dietrich, 2007), nenhuma definição seria plausível para definir criatividade.

Outra definição importante para se esclarecer aqui é quanto a diferentes maneiras de pensamento para se chegar a criatividade, o pensamento convergente e divergente do Guilford (Guilford, 1956). Para o autor a criatividade ocorre de duas maneiras diferentes sendo o pensamento Convergente o resultado único, demostrando apenas uma resposta ao problema inicial. Já o pensamento divergente

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18 tem como resultados diferentes resposta ao problema original, não demonstrando uma conclusão única. Vale ressaltar que o pensamento criativo dependerá da pergunta e/ou problema inicial. Por exemplo um cientista ele normalmente utiliza o pensamento convergente, pois seu objetivo é chegar à uma única solução. Já um artista ele pode usar de diversas respostas como solução para seu problema original, sendo características de um pensamento divergente.

O Psicólogo Graham Wallas foi um dos primeiros a pesquisar e tentar compreender como ocorria o processamento da criatividade. Em seu livro a arte do pensamento (Wallas, 1926), apresenta um dos primeiros modelos do processo criativo que explicam os chamados “insigths” e/ou iluminações criativas em 5 etapas:

(i) preparação (trabalho preparatório sobre um problema que se concentra a mente do indivíduo e explorando as dimensões do problema);

(ii) incubação (onde o problema é internalizado na mente inconsciente e não aparece nada externamente estar acontecendo);

(iii) indicação (a pessoa criativa ganha um "sentimento" que uma solução está a caminho);

(iv) a iluminação ou insight (onde a ideia criativa irrompe de sua pré-consciente de processamento em consciência);

(v) a verificação (onde a ideia é conscientemente verificada, elaborou e, em seguida, aplicada).

Nos últimos anos cada vez mais pesquisadores procuram investigar como ocorre o processo criativo dentro do cérebro por meios de mecanismo neurocognitivos (Dietrich, 2004; Fink & Benedek, 2014; Saggar et al., 2019). Para Dietrich em seu artigo de revisão que investigou diversos estudos que analisam o comportamento neuronal da criatividade através do uso de diferentes técnicas (NIRS, fMRI, EEG), concluiu-se que o TOP (temporal, Occipital e Parietal) e o córtex pré-frontal mais especificamente o DLFPC (Dorso Lateral Pré-Frontal Córtex) são regiões críticas para se entender a criatividade. Existindo tipos diferentes de criatividade cada uma delas apresenta um mecanismo diferente, podendo ocorrer o acesso ou não da memória de trabalho, quando ocorre chama-se de um processo consciente e quando não inconsciente (Dietrich, 2004). Ainda segundo o mesmo autor, alguns desses processos de estados alterados da consciência podem ocorrer por meio de atividade física (corrida)

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19 promovendo uma melhora na criatividade (Dietrich, 2003). Corroborando com o estudo anterior (Zhou, 2017) demonstra que um corpo que se movimenta mais está relacionado há uma melhor criatividade, e isto pode ser explicado pela redução do mecanismo de controle top-down (de cima pra baixo), o qual também é explicado pelo estado alterado da consciência.

O estudo atual do Beaty (Beaty et al., 2018) que analisou as redes neurais de 163 sujeitos adultos com a alta e baixa criatividade por meio do fMRI (ressonância magnética funcional) numa tarefa de pensamento divergente. Este estudo demonstrou que os indivíduos com alta capacidade criativa possuem um padrão de conectividade funcional do cérebro, consistindo em regiões frontais e parietais dentro dos sistemas cerebrais padrão, saliência e executivo. Além disso o mesmo padrão neuronal foi encontrado no estado de repouso dos sujeitos investigados. Este estudo corrobora com os demais apresentados anteriormente quando a importância da região do córtex pré-frontal no processo criativo.

4.2 Criatividade e Aptidão Cardiorrespiratória.

Para este tópico foi realizado uma revisão bibliográfica sistemática na plataforma da biblioteca virtual em saúde que reuni trabalhos de duas outras plataformas de saúde (LILACS e Pubmeb). Foram adotadas as seguintes nomenclaturas para pesquisa: 1) Creativity and exercise; 2) Creativity and physical

fitness; 3) creativity and cardiorespiratory fitness. Foi utilizado como critério de inclusão

os trabalhos que tinham como objetivo a relação entre as variáveis criatividade e exercício, aptidão física, atividade física e aptidão cardiorrespiratória.

Na nomenclatura 1) creativity and exercise, apresentou 135 resultados, mas após a leitura dos resumos apenas três destes trabalhos se encaixavam nos critérios de inclusão da nossa pesquisa (Colzato et al., 2013; Frith & Loprinzi, 2018; Joan C. Gondola & Tuckman, 1985). Na segunda nomenclatura Creativity and physical fitness foram apresentados 15 resultados, sendo apenas três atendiam os parâmetros desta pesquisa ( Oppezzo & Schwartz, 2014; Román, Pinillos, Vallejo, & Aguayo, 2017; Tuckman & Hinkle, 1986). A última nomenclatura investigada nesta revisão foi

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20 já havia sido demostrado na pesquisa de palavras chaves anterior (Tuckman & Hinkle, 1986). Ao final desta pesquisa havia apenas seis trabalhos dentro da temática, entretanto ao ler cada um desses trabalhos notou-se que havia outras referências que não foram encontradas através da plataforma utilizada e/ou palavras chaves escolhidas, sendo assim cada vez que encontrava uma referência nova era realizada a busca por meio da plataforma google. No final foram incluídos mais cinco artigos nesta revisão (Ariza et al., 2017; Blanchette et al., 2005; Curnow & Turner, 1992; Hinkle et al., 1993; Ramocki, 2002a; Steinberg et al., 1997). Totalizando doze artigos, onde onze investigaram o efeito do exercício físico e um a relação da aptidão física com a criatividade. Sendo quatro dos que investigaram o efeito do exercício, analisaram o efeito crônico, onde três desses estudos foram com crianças. Os outros sete estudos analisaram o efeito agudo do exercício, sendo todos na população de adultos. Seguem mais detalhes dos estudos na tabela abaixo:

Quadro 1 - Revisão bibliográfica sistemática Criatividade e exercício físico.

Ano e jornal

Autores Título Amostra Metodologia Principais

achados 1985 Perce ptual and motor skills Gondola e Tuckman Effect of a systematic program of exercise on select measures of creativity N = 49 Estudante s Universitá rios Intervenção Grupo experimental – 20 min. de corrida 2x sem., 2 meses. Grupo Controle – Aulas teóricas. Teste de Criatividade: Match sticks, uso alternativo e consequências. Grupo experimental maior criatividade nos testes de uso

alternativo e consequência remota. Não houve diferenças nos testes

de Match stick e consequência remota. 1986 Health Psych ology Tuckman e Hinkle Na experimental study of the physical and psychological effects of aerobic exercise on schoolchildren N = 154 Escolares entre 9 e 11 anos. Intervenção Grupo Experimental – 30 min. de corrida 3x sem., 3 meses. Grupo controle – Aulas de educação física. Teste de criatividade: Uso alternativo. Grupo Experimental apresentou diferença na criatividade além de melhora na saúde cardiorrespiratória. 1992 The journal of creativ e behavi or Curnow e Turner The effect of exercise and music on the creativity of college students N = 46 estudante s Universitá rios Idade média: 19 anos Intervenção Aguda Grupo A: exercício (20 min. Ciclo ergômetro) e música; Grupo B: exercício (20 min. Ciclo ergômetro) s/ música;

Não houve diferença em nenhum dos grupos em relação a

criatividade nos momentos antes e

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21 Grupo C: Música s/ exercício; Grupo D controle: revistas; Teste de criatividade: Torrance teste de pensamento criativo (figural) 1993 Eleme ntary Scholl guidan ce and couns elling Hinkle, Tuckman e Sampson The psychology, physiology and creativity of middle school aerobic exercisers N = 88 Escolares com média de idade: 13 anos Intervenção Grupo experimental – 20 min de corrida 5x sem., 2 meses; Grupo Controle – Aulas de educação física; Teste de criatividade: Torrance teste de pensamento criativo (figural e verbal) O grupo experimental apresentou melhor criatividade figural nos fatores de fluência, flexibilidade e originalidade. Não houve diferença na criatividade verbal. 1997 British journal of sports medici ne Steinberg, Sykes, Moss, et al. Exercise enhances creativity independently of mood N = 63 adultos com mediana de idade: 20-24 Intervenção Aguda Grupo de treino funcional (20 min); Grupo de dança aeróbica (20 min); Grupo controle assistiu um documentário. Teste de criatividade: Usual teste de pensamento criativo.

Não foi encontrado nenhuma diferença

em relação a criatividade. O exercício foi capaz de alterar o humor, mas não a criatividade. 2002 The physic al educat or Ramocki Creativity Interacts with Fitness and Exercise N = 31 Adultos com idade entre 20 - 40 anos. Intervenção aguda e comparação Grupos de treinados e Grupo de sedentários ambos faziam a intervenção de 1 hora de exercício aeróbico rigoroso; Teste de criatividade: Uso alternativo e teste figural do Torrance. Na comparação dos grupos no momento antes pré-atividade física o grupo de sedentários apresentou melhor criatividade na fluência no teste de uso alternativo nenhuma diferença foi encontrada para as demais variáveis. O Grupo de treinados apresentou melhora em alguns fatores da criatividade após o exercício quando comparado com o controle. 2005 Creati vity Resea rch Blenchett e, Ramocki, O´del, et al. Aerobic Exercise and Creative Potential: Immediate and N = 60 Estudante s universitá rios com Intervenção aguda 30 minutos de exercício moderado (diversas atividades de alto-seleção. Os participantes demostram melhor criatividade após o exercício sendo este

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22 Journa l Residual Effects Aerobic Exercise and Creative Potential: Immediate and Residual Effects média de idade: 20 anos Criatividade avaliada em 3 momentos. Sem exercício físico,

imediatamente após e 2 horas depois.

efeito demonstrado até 2 horas depois.

2013 Frontie rs in Huma n Neuro scienc e Colzato, Szapora, Pannekoe k, et al. The impact of physical exercise on convergent and divergent thinking N = 96 Jovens adultos com média de idade: 20 anos Intervenção aguda Grupo de atletas e grupo de não atletas;

Exercício aeróbico no ciclo-ergômetro moderado, intenso e condição de descanso, 6 min cada. Testes de criatividade: Teste de associação remota e teste e uso alternativo. O exercício não influência no pensamento convergente de atletas, mas possui

efeito negativo no exercício intenso em não atletas. 2014 Journa l of Experi mental Psych ology: Learni ng Memor y and Cogniti on Oppezzo e Schwartz

Give your ideas some legs: The positive effect of walking on creative thinking N = 48 estudante s de graduaçã o em psicologia Intervenções aguda 1 – Sentado X Caminhando em esteira indoor; 2 – Sentado, caminhando, sentado. 3 – Indoor X outdoor em ambas condições (sentado e caminhando) 4 – Sentado e caminhando indoor, sentado e caminhando (com cadeira rolante) outdoor. Teste de criatividade: Teste de associação remota e teste de uso alternativo do Guilford. A caminhada outdoor melhora a criatividade. 2017 Pediat ric interna tional a official journal of the Japan pediatr Román, Penilos, Vallejo, et al. Association between creativity and physical fitness in primary school-aged children N = 308 Escolares de 8 a 12 anos Transversal Aptidão física – bateria de teste de aptidão Teste de criatividade: PIC-N

Crianças com mais criativas tem uma

melhor aptidão cardiorrespiratória,

além de haver associação entre

(24)

23 ic society 2017 Europ ean physic al educat ion review Ariza, Manzano, Serrano, et al. The effect of cooperative high-intensity interval training on creativity and emotional intelligence in secondary school N = 184 Escolares entre 12 e 16 anos. Intervenção Grupo experimental: aula de HIIT – Treino

intenso intervalado de alta intensidade,

cooperativo. Grupo controle: aula

de alongamento Ambos 16min. 2 x por semana, 3 meses. Grupos de ativos e inativos. Teste de criatividade: CREA teste A intervenção demostrou diferença apenas entre o pré e pós no grupo de inativos. 2018 Physio logy & Behavi or Frith e Loprinzi. Experimental effects of acute exercise and music listening on cognitive creativity N = 32 Estudante s universitá rios com média de idade: 23 anos Intervenção aguda Momento 1 exercício, caminhando na esteira (velocidade confortável, 15 min); Momento 2 ouvindo música (auto seleção, 15 min) Momento 3 controle, sentando acessando redes sociais (15min)

Testes de criatividade: tarefa de uso alternativo, Apresentação realística de um problema, geração de problemas realistas e tarefa de associação remota.

O exercício não foi capaz de influenciar

a criatividade.

A cerca de trinta e cinco anos já havia o interesse em investigar o efeito do exercício físico na criatividade. Tendo como base dos seus estudos os efeitos do exercício na cognição. Gondola (John C. Gondola & Tuckman, 1985) analisou o efeito de um programa sistemático de exercício na criatividade,este estudo vinte e três estudantes universitários corriam cerca de vinte minutos duas vezes na semana durante dois meses, foi comparado com o grupo controle que tinham aulas de educação em saúde nos mesmo horários que o grupo de corrida. Os Resultados demostraram diferenças significativas em dois dos quatros fatores de criatividade analisados (uso alternativo (p < .01) e consequência remota (p < .10). Ainda analisando

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24 o efeito da aptidão cardiorrespiratória por meio da corrida Tuckman desta vez em escolares entre nove e doze anos (Tuckman & Hinkle, 1986) encontrou uma significante diferença comparando o grupo que realizou treinos de trinta minutos de corrida três vezes por semana num período de três meses com o grupo controle que fazia aulas de educação física com atividades de jogos, tanto no nível de aptidão cardiorrespiratória como na criatividade (avaliado por meio do teste de uso alternativo). Este resultado nos mostra que não é apenas o exercício físico que melhora a criatividade, mas sim sua relação com o exercício aeróbico (corrida) que por consequência aumenta a aptidão cardiorrespiratória.

Na década de noventa foram encontrados três estudos que analisam a relação do exercício com a criatividade. O primeiro estudo (Curnow & Turner, 1992), investigou o efeito de vinte minutos no ciclo ergômetro na criatividade (Teste de pensamento criativo de Torrance) em estudantes universitários. Foram feitas análises pré e pós exercício assim como comparando a média entre grupos, os quais tinham três diferentes condições (Fazendo exercício e ouvindo música, apenas ouvindo música, e lendo revistas). Não foi encontrada nenhuma diferença significativa entre os grupos e entre a mesma condição (pré e pós exercício).

O estudo de Hinke analisou o efeito do exercício aeróbico em escolares com idade média de treze anos, divididos em dois grupos: o grupo de tratamento (corrida) e o grupo controle (aula de educação física com diversos jogos), ambos tinham cerca de 30 minutos de aulas, cinco vezes por semana com duração de dois meses. O teste de criatividade utilizado foi o teste de pensamento criativo de Torrance, nas versões verbal e figural. Após os dois meses de intervenção foram encontradas diferenças significativas entre grupos apenas na criatividade figural em três dos quatro fatores analisados (fluência, originalidade e flexibilidade), o autor tentar explicar o fato de não ter encontrado diferença no fator de elaboração por esse não se trata de uma medida menos exata da criatividade o qual analisa o “embelezamento” do desenho, entretanto esta é uma explicação não convincente pois o teste escolhido tem vários estudos que demostram a importância de cada fator na avaliação geral da criatividade (Hinke, Tuckman, & Sampson, 1993).

Ainda na década de noventa Steinberg (Steinberg et al., 1997) realizou uma pesquisa a qual investigou se o exercício poderia mudar a criatividade independente

(26)

25 do humor. A pesquisa foi realizada com adultos com idade entre dezenove e cinquenta e nove anos, divididos em dois grupos de intervenção aguda com atividade física, sendo um grupo que teve aula de treinamento funcional e o outro aula de dança, ambos com 25 minutos de exercício. Cada grupo tinha duas visitas randomizadas onde em uma era realizada a atividade física e a outra os participantes assistiam a um vídeo considerado neutro, durante o mesmo tempo da sessão do exercício. O teste de criatividade foi realizado no final de cada sessão e o humor avaliado no início e final das sessões. Os resultados demostraram que o exercício mudou o humor dos participantes, mas não alterou a criatividade. Não foi reportada a diferença entre os grupos em relação aos diferentes tipos de exercício. Concluindo que o exercício agudo (treinamento funcional e dança) não alteram a criatividade a qual não é modulada pelo humor. Vale salientar que este trabalho não avaliou a aptidão cardiorrespiratórios dos sujeitos, fator este que com base nos trabalhos anteriores podem influenciar na performance criativa.

Nos últimos anos os estudo e produção acadêmica dentro da temática proposta neste tópico aumentou consideravelmente. Cerca de onze artigos foram produzidos de 2002 até os dias atuais. Entretanto a maioria deles não analisam a aptidão cardiorrespiratória em si,mas o efeito do exercício que por sua vez melhora a aptidão cardiorrespiratória.

No estudo de Ramocki (Ramocki, 2002a), ele dividiu dois grupos de adultos pela aptidão cardiorrespiratório (treinados e não treinados) e analisou por meio de uma intervenção aguda com diferentes exercícios aeróbicos. Não foi encontrado nenhum resultado significativo entre os grupos, entretanto observou-se uma considerável diferença na criatividade por meio do teste de criatividade de formas de Torrance no grupo de treinados. Anos depois o mesmo autor com colaboradores (Blanchette et al., 2005), demostrou que a criatividade melhorou significativamente logo após 30 minutos de exercício aeróbico moderados em estudantes universitários, assim como após 2 horas comparado com a sessão de não exercício. Não foram identificadas diferenças significativas entre logo após e 2 horas depois o exercício. O principal achado deste trabalho é que indica que o efeito do exercício pode ser duradouro, fortalecendo a hipótese do nosso estudo que uma melhor aptidão física está relacionada a uma melhor criatividade.

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26 Tentando complementar estudos anteriores sobre criatividade e exercício aeróbico Colzato e colaboradores (Colzato et al., 2013) investigaram em seu estudo o impacto do exercício aeróbico agudo (ciclo ergômetro) moderado e intenso no pensamento divergente e convergente em atletas e não atletas com idade média de vinte e um anos. A criatividade foi avaliada tanto durante quanto após o exercício (moderado e intenso) e durante o estado de relaxamento, sendo seis minutos em cada momento. O primeiro achado desse estudo é que não há diferenças significativas na criatividade durante e depois nos indivíduos não atletas em relação aos momentos de exercício moderado e relaxamento, sendo esta diferença maior nos momentos de exercício intenso. O autor tenta explicar este resultado demonstrando que os indivíduos não atletas gastariam mais energia tendo que se concentrar mais na tarefa do exercício do que na criatividade. Já os atletas tem uma melhora significativa da criatividade durante o exercício e após sendo maior no exercício intenso. É como os atletas por estarem adaptados ao exercício pudessem aproveitar melhor os benefícios da atividade, como o aumento da oxigenação cerebral nos processos criativos. Vale salientar que esta diferença só foi encontrada durante e após o teste de pensamento convergente, não demonstrando resultados significativos em ambos os grupos e condições no teste de pensamento divergente, o qual utilizamos nessa pesquisa.

Até dois anos atrás quando comecei a planejar este trabalho não havia nenhum estudo que avaliou a associação da aptidão cardiorrespiratória com a criatividade. No ano de 2017 Román ( Román, Pinillos, Vallejo, et al. , 2017) publicou um estudo bem parecido com o desenho deste estudo. Ele avaliou a aptidão cardiorrespiratória através do Léger teste de 20 m, e criatividade através do PIC-N teste que é inspirado no teste de Guilford e Torrance, também parecido com o teste o qual aplicamos neste trabalho. O estudo foi realizado com 308 crianças com idade entre oito e doze anos, de uma escola do sul da Espanha. Os resultados demostram uma correlação moderada entre a aptidão cardiorrespiratório e a criatividade, em todos os fatores analisados (Criatividade geral, narrativa e gráfica). Na comparação dos grupos o autor optou por dividi-los em alta e baixa criatividade. Demostrando diferença na aptidão cardiorrespiratória entre os grupos. Dando a entender que o nível de criatividade pode alterar a aptidão cardiorrespiratória da criança, visto que esta é a variável dependente. Entretanto, durante a discursão o autor tenta explicar os mecanismos que a melhora

(28)

27 da aptidão física poderia alterar na criatividade e não o inverso. Além disso o autor analisou a correlação com outros fatores como o IMC que serão esclarecidos no próximo tópico.

Ao final deste tópico ressalto a necessidade de estudos que possam esclarecer se de fato existe ou não uma relação entre a criatividade e a aptidão cardiorrespiratória e se esta pode modular e melhorar a criatividade que é um dos pilares para evolução da humanidade. Se faz necessário para nós enquanto pesquisadores da área da saúde e da ciência do movimento esclarecer e por vez contribuir com esta evolução.

4.3 Criatividade e Massa gorda

Como já comentado anteriormente na introdução são escassos os estudos que fazem a relação da criatividade composição corporal. Apesar de haver estudos que comprovam que um alto índice de composição corporal, causando obesidade ou sobrepeso está relacionado com uma diminuição de performance cognitiva (controle inibitório, atenção, flexibilidade cognitiva, capacidade de pensamento, eficiência cognitiva)(Kamijo et al., 2014; M. B. Pontifex et al., 2014; Raine et al., 2018) fatores cognitivos estes que auxiliam na formação do processo criativo.

Na revisão de literatura realizada para este tópico foi utilizada como palavras chaves de pesquisa: 1) Creativity and obesity ,onde os resultados foram de 26 trabalhos, mas após a leitura dos resumos apenas dois trabalham atenderam ao requisito de relacionar a criatividade com composição corporal por meio do acúmulo de massa gorda (Mattson, 2019; Mishima & Barbieri, 2010). Foi utilizado também as palavras chaves 2) Creativity and fat mass, esta pesquisa demonstrou apenas um trabalho nesta temática o qual não atendia ao pré-requisito do tópico investigado.

O trabalho da Mishima, fez um estudo de caso coletivo transversal, com cinco crianças do sexo masculino entre sete e dez anos consideradas obesas após avaliação de um pediatra. Este estudo teve como objetivo analisar a relação entre obesidade infantil e aspectos da criatividade (teste de desenho da figura humana e teste de apercepção temática infantil. Os resultados demostraram que todas as crianças apresentaram sinais de dificuldade no processo criativo. Vale salientar este é um

(29)

28 estudo de caso onde é necessário novos estudos com uma maior amostra para comprovar os resultados obtidos (Mishima & Barbieri, 2010).

Além da relação direta da massa gorda com a criatividade um artigo de opinião publicado recentemente demostra uma perspectiva que o consumo excessivo de comida afeta a cognição, e em um dois tópicos abordado no artigo o autor descreve a relação com a criatividade (Mattson, 2019). Para o autor o acesso a uma dieta com alto teor calórico estaria associado a uma pior criatividade. O autor faz uma relação com a evolução do ser humano, onde regiões cerebrais ligadas a criatividade como o córtex pré-frontal, córtex parietal posterior e insula, passou por processo de evolução estando correlacionado ao processo de revolução da agricultura. Sendo o consumo de vegetais e grãos responsável pela evolução da humanidade.

Corroborando com este pensamento o estudo de Hassevoort o autor e colaboradores investigaram a relação de dietas ricas em açúcar e fibra na criatividade de cinquenta e quatro pré-adolescentes no Central leste de Illinois/EUA (Hassevoort et al., 2018). Os resultados demonstram uma correlação positiva nas crianças que consumem mais fibras e a criatividade e uma correlação negativa com as que consomem mais açúcar em suas dietas diárias. O acesso a dieta foi realizado por meio de um recordatório alimentar de 3 dias, a criatividade por meio do teste de pensamento criativo de Torrance na versão verbal. Vale salientar que nessa pesquisa foram avaliados a composição corporal e a aptidão cardiorrespiratória, os quais não tiveram seus valores reportados, especulo que talvez pelo fato de não ter dado qualquer correlação visto que os trabalhos desenvolvidos pelo grupo do autor são em sua maioria relacionados a aptidão física e composição corporal.

Como citado no tópico anterior o estudo de Román (Latorre Román et al., 2017) além da aptidão cardiorrespiratória analisou a composição corporal por meio do IMC em crianças entre oito e doze anos de idade. Os resultados demostraram diferenças no IMC quando comparados os grupos de baixa e alta criatividade, entretanto não houve correlação entre a criatividade e o IMC. O autor não discute esses resultados já que seu trabalho tinha como objetivo analisar a composição corporal. Entretanto ressalvo que é importante ter medidas de mensuração da composição corporal mais acuradas que o IMC, como por exemplo o DEXA que foi utilizado em nosso estudo.

(30)

29 Por fim, reforço a importância deste estudo em analisar a relação da composição corporal por meio da porcentagem de massa gorda avaliado pelo aparelho DEXA, como forma de uso de uma medida de composição corporal confiável com a criatividade. Além de não haver estudos na literatura que tenha como objetivo a relação dessas variáveis é extremamente importante para a saúde cognitiva e desenvolvimento do indivíduo elucidar esta relação, podendo ser utilizado como mais uma justificativa no combate da obesidade infantil.

(31)

30

5. METODOLOGIA

5.1. Sujeitos da pesquisa

A amostra foi composta por crianças com idade entre nove e onze anos, de ambos os sexos, de quatro escolas (duas públicas e duas privadas) da região metropolitana de Natal/RN. Ao todo foram coletadas 147 crianças, todas estudando entre o segundo e quarto ano do ensino fundamental I dos turnos matutino e vespertino. A escolha das escolas foi realizada por conveniência, as quais eram de fácil acesso a diretoria. Num primeiro contato com a escola foi apresentado o projeto da pesquisa para os diretores. Após a aprovação dos diretores e aceitação da participação da escola, foi realizada a comunicação e explanação sobre o estudo aos pais dos alunos por meio de comunicado escolar e quando necessário realizada reunião. Além disso foi realizada uma apresentação como forma de explicar a importância do estudo para as crianças por meio de uma conversar de aproximadamente quinze min com apresentação de power-point quando disponível na escola.

Ao aceitarem o convite em participar voluntariamente da pesquisa, os sujeitos tiveram que entregar o TALE (Termo de aceitação livre esclarecido) assinado pela criança, TCLE (Termo de consentimento livre esclarecido) assinado pelos responsáveis e a entrega do questionário PAR-Q (Questionário de prontidão para atividade física), questionário de nível econômico da família e nível de escolaridade dos pais respondido pelos responsáveis.

Foram utilizados como critérios de inclusão dos sujeito: ter todos os termos assinados; nenhuma resposta positiva no PAR-Q; não apresentar limitação física e cognitiva que os impossibilitem de realizar as atividades propostas; não fazer uso crônico de medicamento anti-hipertensivo; não apresentar patologia reconhecida que possa afetar qualquer uma das variáveis analisadas no estudo.

Como critérios de exclusão foram adotados os seguintes parâmetros: Não saber ler ou escrever (n=27); faltar alguma das sessões (n=23) desistir ou se opor a realizar algum teste ou avaliação (n=2), apresentar a perda de dados de alguma das variáveis primárias no banco de dados do estudo (n=6).

(32)

31

5.2. Desenho experimental

Este é um estudo observacional transversal, tendo como característica a mensuração das variáveis em um único momento. Os dados foram coletados no período entre julho de 2017 há março de 2018. Após os critérios de Inclusão serem atingidos os sujeitos participaram de duas sessões do estudo. A primeira sessão foi realizada na escola onde foram respondidos o TDE (teste de desempenho escolar),

Shuttle Run test para avaliar a aptidão cardiorrespiratória. A segunda sessão foi

realizada no DEF (Departamento de Educação física) da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte para coleta dos dados antropométricos, composição corporal (DEXA), medidas de pressão arterial, e teste de criatividade (TCFI). As sessões foram realizadas no turno de aula correspondente a cada turma (vespertino e matutino).

5.2.1 Estrutura das sessões de avaliações

• 1ª sessão na escola: ✓ TDE (1h- 1h30);

✓ Teste de aptidão cardiorrespiratória (15 min); • 2ª sessão na UFRN:

✓ Lanche

✓ Medidas antropométricas (5 min)

✓ Realização da composição corporal por meio da DEXA (10 min). ✓ Aplicação do teste de criatividade (20 min).

5.3. Variáveis Primárias

5.3.1 Variável dependente

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32 O teste TCFI (teste brasileiro de criatividade figural)(De, Nakano, & Wechsler, 2006), tem como base o teste de pensamento criativo com figuras de Torrance (TTCT) que é um dos instrumentos mais utilizados na literatura, é um teste que investiga a criatividade de acordo com o status transitório e avalia tanto o pensamento convergente como divergente. Além disso optou-se por utilizar o TCFI pois é um teste de criatividade figural validado para crianças brasileiras.

O TCFI é constituído de três atividades. A primeira composta de apenas uma figura situada no espaço central da página, onde foi solicitada a elaboração de um desenho a partir de um estímulo pouco definido e a escolha de um título, devendo ser realizada em cinco minutos. A segunda tarefa segue a mesma linha de raciocínio da primeira de completar as figuras, dez figuras inacabadas, apresentadas em duas páginas, distribuídas em duas colunas de forma simétrica onde também era necessário a escolha de um título para cada desenho. O tempo para esta atividade era de dez minutos. A última atividade proposta é a elaboração do maior número de desenhos a partir de um estímulo repetido, num tempo de dez minutos. Esta atividade fornece aos sujeitos três páginas de estímulos repetidos, totalizando trinta possibilidades de respostas, assim como as demais é necessário atribuir um título para cada um dos desenhos.

As instruções de todas as atividades são padronizadas e eram apresentadas no alto das páginas e tentando direcionar a performance dos sujeitos, pois lhes indicam as respostas que eram desejadas: respostas diferentes/raras, muitas respostas e respostas diversificadas.

O teste de criatividade foi avaliado por uma esquipe de psicólogos pesquisadores na área e que passaram por treinamentos para tal. Um manual fornece instruções pormenorizadas de correção, com vários exemplos sobre a forma de cotar cada uma das características corrigidas. Para cada atividade contêm pontuações totais para cada uma das características, sendo estas somadas no final a fim de fornecer uma pontuação geral que servirá de base de comparação para os outros sujeitos. Vale salientar que a pontuação será baseada em aspectos de criatividade e não na qualidade artística. As características avaliadas pelo instrumento são: fluência, flexibilidade, elaboração, originalidade, expressão de emoção, fantasia, movimento,

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33 perspectiva incomum, perspectiva interna, uso do contexto, combinações, extensão de limites, títulos expressivos, índice criativo.

Os resultados são reportados em cinco diferentes scores que utilizam as características de avaliação citadas anteriormente. Estes fatores são: O enriquecimento de ideias, o qual é observado a capacidade da criança em aprimorar sua ideia original, adicionando complementos gráficos por meio do desenho. O fator emocional que estar relacionado aos sentimentos do produto criativo. O fator de preparação criativa, que tem uma relação com o quão novo e inesperado foi a resposta em relação ao demais avaliados. Aspectos cognitivos, relacionado aos fatores cognitivos do desenho. E o score total que é a soma dos fatores anteriores.

5.3.1 Variáveis independentes

Aptidão cardiorrespiratória Teste de VO2 (Multistage 20-M Shuttle run)

Os sujeitos realizaram o teste de esforço progressivo proposto por Léger (1984) chamado multistage 20-m shuttle run. Teste amplamente utilizado na literatura científica para mensurar o nível de aptidão física em crianças (Batista et al., 2013; Mayorga-Vega et al., 2015). Nesse teste, o avaliados tinham que deslocar-se de um cone a outro compreendendo uma distância de 20 m, invertendo o sentido do percurso e retornando ao cone oposto (figura 1). O ritmo de deslocamento foi imposto em concordância com sinais sonoros emitidos por um áudio gravado especificamente para a execução do teste.

A velocidade inicial do teste é de 8,0 km/h, com um aumento progressivo de 0,5 km/h a cada minuto, com exceção do primeiro minuto, sendo o incremento de 1 km/h. À medida que a velocidade do teste aumenta, o intervalo entre os sinais sonoros diminui. O teste é encerrado quando o sujeito interrompe seu deslocamento por exaustão voluntária ou não estiver a pelo menos 2 m do cone por duas vezes, não necessariamente consecutivas, no momento do sinal sonoro. As estimativas do VO2

(35)

34 VO2 máx. = 31,035 + (velocidade * 3,238) - idade * 3,248) + velocidade * idade *

0,1536)

Onde, VO2 máx., é predito em ml/kg/min, velocidade refere-se à máxima

velocidade obtida pelo sujeito no teste, que é equivalente à velocidade alcançada no último estágio completo realizado e é expressa em km/h, e a idade deverá ser expressa em anos completos.

Figura 1 - Multistage 20 m – Shutle run

Composição corporal (DEXA)

Para a avaliação da composição corporal por meio da DEXA, foi utilizado um equipamento modelo iDXA (GE Healthcare Lunar, Madison, WI, EUA) com detectores do tipo fan beam (feixe em leque). Foi realizada a medida do corpo total, com as crianças posicionados em decúbito dorsal, com um tempo de escaneamento para o corpo inteiro de aproximadamente sete minutos.

O equipamento fará a avaliação da composição corporal de forma total e segmentada por membros (cabeça, tronco, braços e pernas) e dividida pelos lados do corpo (direito e esquerdo), no qual serão determinados a massa gorda (MG), o

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35 conteúdo mineral ósseo (CMO) e o tecido mole magro (TMM). Os dados serão analisados utilizando o software enCoretm 2011, versão 13.60 (GE Healthcare Lunar,

Madison, WI, EUA). Todas as medidas e a calibração do aparelho foram realizadas de acordo com os procedimentos recomendados pelo fabricante.

5.4. Variáveis Secundárias

Medidas antropométricas

Foram determinadas as medidas de peso corporal, utilizando uma balança digital, marca Filizola, graduada de 0 a 150 kg, com precisão de 0,1 kg, e medida de estatura em pé e sentado, por meio de um estadiômetro da marca Harpender com escala de precisão de 0,1 cm. Foram mensurados os perímetros da cintura, abdome, quadril e pescoço utilizando-se de uma fita métrica flexível, da marca Cardiomed, com precisão de 1 mm. Todos os procedimentos seguirão os protocolos recomendados e descritos por Loham (Lohman, Roche, & Martorell, 1988). Para as medidas de estatura sentado o qual foi utilizado para calcular a maturação foi colada a fita métrica flexível numa parede, era solicitado que a criança se sentasse de forma ereta encostando as costas na parede com as pernas esticadas. Para calcular o comprimento das pernas foi realizada a equação de estatura em pé – estatura sentado = comprimento de pernas.

Maturação

A maturação somática foi feita de acordo com o método proposto por Mirwald (Mirwald, Baxter-Jones, Bailey, & Beunen, 2002). A equação proposta por Mirwald, leva em conta três dimensões somáticas (altura, altura sentado, e comprimento das pernas), sendo equações diferentes para cada sexo. O resultado medi a distância em anos para o pico de velocidade de crescimento (PVC). Em seguida as equações utilizadas para calcular o PVC:

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36 PVC Meninos = -9.236 + ((0.0002708*(C.P*P) -0.001663* (I*C.P) + 0.007216 *(I*E.S) + 0.02292 *(P/E)));

PVC Meninas = -9.376 + ((0.0001882*(C.P*E. S) + 0.0022*(I*C.P) + 0.005841* (I*E.S) + 0.002658*(I*P) + 0.07693*(P/E)))

Onde C.P (comprimento das pernas), E.S (Estatura sentado), I (idade), P (peso corporal), E (Estatura em pé).

Teste de Desempenho Escolar (TDE)

O TDE é um instrumento psicométrico amplamente utilizado para avaliar capacidades fundamentais para o desempenho acadêmico em leitura, escrita e aritmética. Ele foi utilizado como forma de identificar o real nível escolar das crianças investigadas, visto que o Brasil há um grande desnível educacional entre as escolas. O TDE é validado para escolares brasileiros entre a 1ª e 6ª série do ensino fundamental I (Giacomoni, 2015).O TDE possui um manual de aplicação e avaliação (Stein, 1994), o qual explica como aplicar e avaliar os resultados do teste. O score é dado por um valor geral que é a soma dos valores obtidos nas três etapas. Este valor é comparado numa tabela a qual classifica o aluno em três níveis: superior, médio e inferior de acordo com o a série.

O teste é composto de três etapas:

1) Escrita: Escrita do próprio nome e de palavras isoladas, apresentadas no ditado de palavras;

2) Aritmética: Solução oral de problemas e cálculo de operações aritméticas por escrito;

3) Leitura: Reconhecimento de palavras isoladas do contexto.

Questionário de nível socioeconômico e Questionário de escolaridade dos pais

A classificação socioeconômica e a escolaridade dos pais foram verificadas por meio do questionário do critério de classificação econômica Brasil, feito pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (ABEP). Foi utilizado o critério Brasil

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37 2015 e atualização da distribuição de classes para 2016. A estimativa é feita por meio do critério de pontos, onde é a quantidade de pontos obtida no questionário por meio das variáveis equivale a classe socioeconômica do sujeito.

Quadro 2 - Classificação socioeconômica

Classe Renda média domiciliar A R$ 20.888,00 B1 R$ 9.254,00 B2 R$ 4.852,00 C1 R$ 2.705,00 C2 R$ 1.625,00 D-E R$ 768,00

Questionário de Prontidão para atividade física

O PAR-Q (Physical Activity Readiness Questionaire, ANEXO I) é um questionário proposto pela pelo British Columbia Ministry of Health and the

Multidisciplinary Board on Exercise e adotado pelo Colégio Americano de Medicina do

Esporte (ACSM). O questionário tem como objetivo a detecção de qualquer risco para a realização da atividade física e é considerado um padrão mínimo de avaliação pré-participação, uma vez que uma resposta positiva sugere a avaliação médica. O PAR-Q é constituído por 7 perguntas. Caso o voluntário responda SIM para qualquer uma delas, ele será considerado sintomático com alto risco, será aconselhado consultar um médico e não atendendo aos critérios de inclusão do projeto. Caso o voluntário responda NÃO para todas as perguntas, ele será considerado assintomático e deverá dar continuidade na sua participação no projeto. Além disso, os pais dos alunos deverão assinar o questionário comprovando a confiabilidade das respostas.

5.5 Classificação dos grupos

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38 Existem alguns estudos que tentaram definir um ponto de corte de risco de obesidade e saúde em crianças (Anzolin et al., 2017; Freedman et al., 2005; Taylor et al., 2002; Marques et al., 2008,Williams et al., 1992) pelo percentual de massa gorda, entretanto cada estudo possuem uma maneira diferente de mensuração assim como contextos ambientais diferentes que dificultam a realização de um ponto de corte internacional. Diante disto, adotou-se como método de divisão de grupos pelo percentual de massa gorda o ponto de corte sugerido no estudo de Higgins (Higgins et al., 2001) por utiliza o mesmo método de mensuração de percentual de gordura (DEXA). As crianças foram classificadas como Baixo percentual de gordura (< 33%) e alta percentual de gordura (> 33%) consideradas de acordo com a referência utilizada como acima do peso ou obesas. Este referencial foi utilizado para ambos os sexos.

Classificação do nível de aptidão cardiorrespiratória

A classificação dos grupos pelo nível de aptidão cardiorrespiratória foi realizada com base em uma revisão bibliográfica brasileira (Gonçalves et al., 2018) que tem o objetivo de encontrar um ponto de corte nacional para o critério de saúde na aptidão cardiorrespiratória em crianças. Optou-se por usar este critério pois não foi encontrado na literatura um ponto de corte internacional plausível que possa ser aplicado a população brasileira, onde o contexto social tem grande influência na aptidão cardiorrespiratória (Lang et al., 2018). Os valores são apresentados de acordo com o sexo e a idade. Optou-se por adotar o mesmo valor de vo²máx. da idade de 10 anos para 9 anos, pois não foi encontrado na literatura parâmetro para crianças abaixo de 10 anos. Sendo assim a divisão dos grupos foi feita nos seguintes parâmetros: baixa AC (> 40,2 VO2máx.) consideradas pela referência como saudáveis e alta AC

consideradas pela referência com risco cardiovascular (> 40,2 VO2máx.) para meninos

e meninas.

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39 Os dados serão apresentados em médias e desvios-padrão (paramétricos) e mediana e intervalo de confiança (não paramétrico). Os testes de Shapiro-Wilk e Levene foram usados para análise de normalidade de dados e homogeneidade, respectivamente. Testes t independentes e teste de Mann-Whitney foram utilizados para comparações entre grupos. A divisão de grupos foi realizada de acordo com as classificações apresentadas no tópico anterior. Correlações de Pearson ou Spearman foram usadas para comparar as associações entre as variáveis. O tamanho do efeito nas comparações dos grupos será expresso através do D de Cohen (COHEN), foi utilizado o cálculo on line do site Psychometrica. Além disso vale destacar que foi tentado realizar teste de regressão linear e ANOVA e MANOVA, mas os dados não atendiam ao pré-requisitos dos testes, assim como foi realizada a correlação utilizando a maturação como covariável. O nível de significância foi p <0,05. O SPSS® 20.0 para Windows (SPSS, Inc., Chicago, IL) foi utilizado para análise estatística e o programa Excel, 2016 para a criação dos gráficos.

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6. RESULTADOS

A tabela 1 e 2 apresentam respectivamente os aspectos socioeconômicos e o nível de escolaridade dos pais das crianças investigadas. A grande maioria se encontra em níveis sociais médios e baixos, visto que duas das quatros escolas que fizeram parte da pesquisa eram públicas e uma das escolas particulares era localizada numa região do subúrbio da cidade. Além disso temos um mesmo número de pais que são analfabetos e pais que terminaram o ensino superior, refletindo assim na heterogeneidade social de nossa amostra. Estes dados foram utilizados num teste de associação entre os grupos de aptidão cardiorrespiratória (classe social p=0.49, escolaridade dos pais p= 0.62) e massa gorda (classe social p=0.28, escolaridade dos pais p=0.20) não apresentando nenhuma associação entre as variáveis.

Tabela 1 - Aspectos Socioeconômicos (classificação social) segundo ABEP.

Classe Social Total N = 60

A 9 (15%) B1 5 (8.3%) B2 11 (18.3%) C1 9 (15%) C2 16 (26.7%) D - E 10 (16.6%)

ABEP – Associação Brasileira de Empresas em Pesquisa

Tabela 2 - Escolaridade dos pais segundo ABEP.

Escolaridade dos pais N = 60

Analfabetos 16 (26.7%) Fundamental I completo 8 (13.3%) Fundamental II completo 7 (11.6%) Ensino médio completo 12 (20%) Ensino superior completo 16 (26.7%)

Referências

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