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Efeito da suplementação de magnésio na capacidade de sprint repetido em crianças de 9 14 anos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE MAGNÉSIO NA CAPACIDADE DE SPRINT REPETIDO EM CRIANÇAS DE 9 A 14 ANOS

Kezianne Roseno de Castro

Orientador: Prof. Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinoco Cabral

Natal/RN 2019

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KEZIANNE ROSENO DE CASTRO

EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO DE MAGNÉSIO NA CAPACIDADE DE SPRINT REPETIDO EM CRIANÇAS DE 9 A 14 ANOS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Breno Guilherme Araújo Tinôco Cabral

Coorientador: Profa. Dra. Marcela Abbott Galvao Ururahy

Natal/RN 2019

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Castro, Kezianne Roseno de.

Efeito da suplementação de magnésio na capacidade de sprint repetido em crianças de 9 14 anos / Kezianne Roseno de Castro. - 2019.

58f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN, 2019. Orientador: Breno Guilherme Araújo Tinôco Cabral.

1. Magnésio - Suplementação - Dissertação. 2. Sprint - Dissertação. 3. Exercício - Dissertação. 4. Crianças - Dissertação. I. Cabral, Breno Guilerme Araújo Tinôco. II. Título.

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EFEITO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÓXIDO DE MÁGNÉSIO NA CAPACIDADE DE SPRINTS REPETIDOS EM CRIANÇAS DE 9 A 14 ANOS

Autor: Kezianne Roseno de Castro

Orientador: Profº Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral

RESUMO

Por participar de reações envolvidas na produção rápida de energia pela via fosfagênica e considerando que em esportes coletivos a performance depende de um adequado suprimento energético durante a realização dos movimentos, em particular nas modalidades coletivas, caracterizados por movimentos de curta duração e alta intensidade, o magnésio surge como elemento de interesse no meio científico. Nesse sentido, a suplementação com magnésio pode se apresentar como estratégia para promover incremento de índices, possibilitando melhorias em diferentes componentes da aptidão física necessários à prática de esportes coletivos. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito da suplementação com 350mg/dia de óxido de magnésio na capacidade de sprints repetidos de jovens praticantes de vôlei na iniciação esportiva. Participaram do estudo dezoito crianças, de 9 a 14 anos, de ambos os sexos, que foram randomizadas de forma aleatória em dois grupos: o experimental, que recebeu a suplementação, e o controle, que fez uso de placebo por 30 dias. Todos os participantes foram submetidos à coletas sanguíneas para dosagens bioquímicas dos componentes requeridos e teste de capacidade de sprints repetidos no momento pré e pós intervenção. Uma ANOVA de medidas repetidas (tempo x condição) foi utilizada para verificar os efeitos de interação entre os grupos. Os resultados demonstraram que, em jovens com concentrações séricas de magnésio normais, não houve efeito de interação entre os grupos, embora tenha sido observado efeito de tempo para as variáveis de sprint, no grupo experimental.

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EFFECT OF OXIDE MAGNESIUM SUPPLEMENTATION ON REPEATED SPRINT ABILITY OF CHILDREN AGED 9 TO 14 YEARS OLD

Author: Kezianne Roseno de Castro

Advisor: Profº Dr. Breno Guilherme de Araújo Tinôco Cabral

ABSTRACT

Magnesium appears as an element of interest for scientific community because it’s involved in rapid energy production reactions through phosphagenic pathway. Besides, it’s conside-red important for collective sports performance since this modality depends on adequate energy supply during the movement, particularly for collective modalities characterized by short duration and high intensity movements. Thus, magnesium supplementation should be a strategy to increase sportive indexes and making different components of physical fitness improvements possible for collective sports. The aim of the present study was to verify the effect of 350mg / day supplementation with oxide magnesium on young volleyball players repeated-sprint ability during sports initiation. Eighteen children, aged 9 to 14 years, both sexes, who were randomized in two groups: the experimental, who received the supplemen-tation, and the control, who ingesed placebo for 30 days took part in the study. All partici-pants were submitted to blood sample collections for required components biochemical do-sages and performed repeated sprints-ability test at pre and post intervention moments. Re-peated measures ANOVA (time x condition) was used to verify interaction effects between groups. Results showed there was no interaction effect between the groups for subjects with normal serum magnesium concentrations, although non significant time effect for the sprint variables was observed for experimental group.

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Sumário

APÊNDICES

Apêndice A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Apêndice B Termos de Assentimento Livre e Esclarecido

Apêndice C Formulário de coleta de informações dietéticas

Apêndice D Artigo I

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Descrição da amostra ... ... Tabela 2 Efeito de interação da suplementação de magnésio nos índices da capacidade de sprints repetidos

Tabela 3 Comparação do ∆% dos índices da capacidade de sprints repetido entre as condições ...

Tabela 4 Comparação entre o delta das variáveis bioquímicas entre os grupos Tabela 5 Comparação da ingestão dietética entre os grupos antes e após a intervenção ...

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LISTA DE FIGURAS

Figura xx Balanço do Magnésio em adulto saudável ... 18

Figura xx Correlações entre concentração sérica de magnésio e as variáveis de sprint ... 35 Figura xx Comparação das variáveis de sprints antes e após intervenção ... 39

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADP Adenosina Difosfato

ATP Adenosina Trifosfato

CSR Capacidade de Sprint Repetido

CSR 10-m Capacidade de Sprint Repetido nos 10m

CSRPico Melhor tempo nos Sprints

CSRPior Pior tempo nos Sprints

CSRTotal Somatório de todos os sprints

CSRmédio média de todos os sprints

CSRDec Decréscimo dos sprints

Ca2+ Cálcio

CK Creatina Quinase

DRI Dietary References Intake

FNB Food and Nutrition Board

GC Grupo Controle

GE Grupo Experimental

GLUTs Insulin-regulated glucose transporter

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IOM Institute of Medicine

Mg+2 Magnésio

RDA Recommended Dietary Allowances

PCr Fosfocreatina

PFK Fosfofrutoquinase

PVC Pico de Velocidade de Crescimento

SDH Succinato Desidrogenase

UL Tolerale upper Intake level

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(12)

11

1 INTRODUÇÃO

As demandas fisiológicas e a individualidade biológica representada pelas respostas a essas demandas devem ser consideradas desde as fases iniciais dos programas de seleção de talentos. Em esportes coletivos com características intermitentes como o vôlei, os principais movimentos realizados em quadra são caracterizados por sprints de curta duração e alta intensidade, intercalados por breves períodos de recuperação (1,2) , bem como por saltos verticais (3).

Nesse contexto, a Capacidade de Sprint Repetido (CSR) tem sido reportada na literatura como preditor da condição do atleta de manter o desempenho em séries sucessivas de sprints e é apontada como um teste importante em modalidades coletivas pela similaridade às demandas exigidas em modalidades intermitentes, tanto para adultos quanto para crianças (4).

As ações que são executadas durante as partidas (sprints e saltos) são totalmente dependentes do aporte adequado de energia fornecido pelas vias aeróbica e anaeróbica, além de estarem atreladas à eficiência dos mecanismos de contração muscular que possibilitarão o movimento. O complexo conjunto de reações que envolvem o metabolismo de substratos energéticos para a produção de energia e contração muscular é regulador por inúmeros fatores, dentre os quais se destaca o papel do Magnésio (Mg+2) (5–8).

Este mineral é o quarto mineral mais abundante no corpo humano em termos de concentração celular, sendo necessário em reações de óxido-redução, em especial naquelas relacionadas ao metabolismo energético da oxidação e glicólise, nas quais o íon atua como doador de fosfato, cofator de reações enzimáticas magnésio-dependentes ou ativador da própria enzima, como se observa na Na+/K+ ATPase, hexoquinase, creatina quinase, proteína quinase e

ciclase (9), além de ser uma peça chave no transporte ativo de cálcio e potássio transmembrana, mecanismo essencial à condução do impulso nervoso, contração muscular, tônus vasomotor e manutenção do ritmo cardíaco (10).

Considerando essa ampla gama de funções fisiológicas, pode-se sugerir que o Mg2+ tem importante papel na prática de esportes, em especial os esportes

(13)

coletivos, nos quais os mecanismos de produção rápida de energia são constantemente requeridos, situação em que o íon se liga à adenosina trifosfato (ATP) formando o complexo Mg – ATP, substrato para diversas enzimas localizadas nas membranas ou compartimentos intracelulares, como as fosfatases e fosfoquinases (11).

A alta demanda energética pela repetição de esforços durante uma partida pode culminar em queda da performance e fadiga acaso os estoques de energia são sejam suficientes. O metabolismo deve então trabalhar no sentido de fornecer continuamente a energia necessária à manutenção da atividade pelo máximo de tempo possível evitando assim a fadiga muscular, caracterizada pela diminuição da performance máxima entre os esforços (3).

Além disso, no processo de crescimento e desenvolvimento os sujeitos atravessam mudanças fisiológicas e metabólicas importantes tais como eficiência respiratória no exercício de caráter progressivo e um pico de potência anaeróbica mais baixo, o que se traduz em uma capacidade de gerar trabalho menor que a de adultos. Embora sejam dotadas de um maquinário aeróbico muito eficiente que contribui para contornar essas dificuldades (12,13), crianças e jovens tem suas necessidades energéticas e nutricionais principalmente quando associadas à prática desportiva (14–18).

Esse perfil mais oxidativo característico de crianças pré-púberes favorece um menor tempo de recuperação após o exercício intenso e menor fadiga muscular periférica em contrações voluntárias máximas, o que aproximaria o perfil metabólico de adultos e crianças no que diz respeito à prática de atividades de endurance (19–21).

Sabe-se que o metabolismo anaeróbico alático é a fonte de energia predominante em movimentos de explosão de alta intensidade e curta duração, como os sprints. Esse sistema metabólico fornece energia ao músculo pela produção de ATP a partir de fosfocreatina (PCr) e ADP em uma reação reversível mediada pela creatina quinase (CK), da qual o Mg2+ atua como cofator (22–24).

Em estudos experimentais com ratos, a suplementação com Mg2+ tem

demonstrado relação com a performance esportiva pelo aumento da disponibilidade de glicose no cérebro, músculo e sangue, além de reduzir o

(14)

acúmulo de lactato sanguíneo (25), condições que favorecem a melhora da capacidade aeróbica e anaeróbica por consequência, a CSR.

No entanto, a deficiência na ingestão dietética de Mg2+ vem demonstrando

alta prevalência no Brasil em crianças e adolescentes praticantes de atividades físicas como resultado do alto consumo de produtos industrializados (14,26–28) e pode comprometer diversos processos metabólicos de produção de energia, função cardiorrespiratória e manutenção da função muscular, evidenciando a importância do nutriente tanto para saúde como para a performance (29).

Estudos com suplem

entação demonstram a importância da suplementação com Mg2+ para

melhora da performance em atletas, embora, quando se trata de crianças, principalmente na fase pré-púbere, a literatura seja escassa no sentido de comprovar a eficácia da suplementação (7,23,30,31) .

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Importância Fisiológica do Magnésio

O Mg2+ participa de reações importantes aos processos cognitivos

envolvidos na aquisição de memória e aprendizado onde age como antagonista natural do cálcio promovendo bloqueio dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), aminoácido que ativa receptores ionotrópicos envolvidos nestes processos (32). É uma peça chave no transporte ativo de cálcio e potássio transmembrana, mecanismo essencial à condução do impulso nervoso, contração muscular, tônus vasomotor e manutenção do ritmo cardíaco (10).

Durante o exercício, a ação do Mg2+ vai desde o processo de contração

muscular, em que atua como fonte primária de energia com atividade de coenzima, até o relaxamento do músculo liso, participando também da inibição da transmissão neuromuscular colinérgica, propagação do impulso nervoso e regulação da pressão sanguínea (33,34).

A contribuição da energia fornecida pela via oxidativa diminui da infância para a vida adulta em função de processos de adaptação miocleulares, devido ao declínio progressivo na produção de energia pela via aeróbica. Não está claro se a

(15)

maior dependência do metabolismo oxidtaivo na infância está relacionada ao fato de crianças não conseguirem converter energia metabólica através das vias anaeróbicas na mesma proporção que adolescentes e adultos fazem ou se elas não precisam recorrer ao sistema de produção de energia aneróbico para realizar atividades de alta intensidade (15).

Essa via de produção de energia é a fonte predominante em movimentos de explosão de alta intensidade e curta duração, como os sprints. Lukaski et al., (1995) descreveram que o fluxo de Mg2+ do plasma para os eritrócitos se tornava

maior tanto mais anaeróbico se tornava o exercício e que a quantidade de Mg2+

excretada pela urina estava relacionada com o grau da anaerobiose induzida pelo exercício, revelando a importância do mineral para a manutenção da performance e desempenho nas modalidades em que a reserva anaeróbica desempenha papel determinante.

Exercícios de caráter anaeróbico estão totalmente relacionados à manutenção e regulação da homeostase da glicose. Em estudo conduzido por Chen et al. (2014), camundongos suplementados com Mg2+ 30 minutos antes do

exercício apresentaram concentrações 2 vezes maiores de glicose no sangue, músculo e cérebro quando comparados aos controles (p < 0,05). O glicogênio muscular sofre rápida depleção na fase aguda do exercício ocasionando aumento do transporte de glicose através da circulação para o músculo. Sabe-se que o transporte de glicose para o tecido muscular e para o cérebro é mediado por proteínas denominadas GLUTs – Insulin-regulated glucose transporter, cuja expressão após o exercício está aumentada para suprir a necessidade aumentada de glicose. No entanto, na deficiência de Mg2+, durante o exercício, a expressão

dessa proteína pode estar prejudicada, gerando prejuízos ao metabolismo energético. Além disso, o Mg2+ modula a atividade de insulina para o transporte

posterior da glicose pelo GLUT4. Sendo assim, é possível que o Mg2+ melhore a

expressão proteica dos GLUTs, facilitando a captação de glicose pelo cérebro e músculos, o que implicaria melhora no desempenho esportivo.

Estudos com animais sugerem que as concentrações de Mg2+ podem ter

relação com os níveis de glicose no cérebro e lactato no músculo e circulação sanguínea (23,25). Uma maior disponibilidade de Mg2+ pode aumentar os níveis

(16)

de glicose no sistema nervoso central e periférico durante o exercício, contribuindo para uma melhor performance. Em estudo recente, Chen et al., 2014 (25), investigou a mudança nos níveis de glicose no sangue músculo e cérebro de ratos exercitados em esteira e suplementados com Mg2+ e descobriu que o grupo

suplementado melhorou a performance do exercício pelo aumento da disponibilidade de glicose (aumento de 650 – 780% de glicose no músculo) e diminuição do acúmulo de lactato quando comparado ao controle. Estudo conduzido por Cinar et al., (2006) (37) mostrou diferença significativa entre os níveis de exaustão e repouso no grupo suplementado com Mg2+ quando

comparado ao controle possivelmente devido à redução dos níveis de lactato mesmo em pessoas sedentárias. O metabolismo energético e a capacidade de produzir trabalho podem ser negativamente afetadas.

2.2 Peril metabólico de crianças e produção de energia

Crianças tendem a optar espontaneamente por trabalhar de forma intermitente em tarefas cotidianas que envolvem movimentos típicos de suas brincadeiras, como correr e saltar. Na execução desses movimentos são empregadas estratégias metabólicas diferenciadas na produção de energia e, como consequência, as crianças acabam se cansando mais rápido em função de uma menor eficiência mecânica decorrente da dificuldade que que tem em utilizar a energia elástica armazenada nos ciclos de alongamento-encurtamento de forma tão eficaz quanto os adultos aumentando o custo metabólico dessas atividades (15–18).

A literatura tem apoiado a hipótese de que a reserva anaeróbica e capacidade aeróbica surgem como importantes variáveis para o desempenho (38) e a capacidade de sprint repetido tem se mostrado um teste relevante para mensurar performance de atletas em modalidades intermitentes devido às demandas similares entre crianças e adultos (39).

Somado a isso, crianças apresentam uma maior co-ativação durante a execução dessas tarefas cotidianas características do brincar, e dessa forma, o total de massa muscular ativa proporcional ao tamanho do corpo tende a ser maior. Pré-púberes possuem características fisiológicas diferenciadas em relação a adultos como a eficiência respiratória no exercício de caráter progressivo e um

(17)

pico de potência anaeróbica mais baixo, o que se traduz em uma capacidade de gerar trabalho menor, porém são dotadas de um maquinário aeróbico muito eficiente, o que contribui para contornar essas dificuldades (12,13). De fato, Vinet e Nottin (2002) observaram melhor VO2max, frequência cardíaca (195 batimentos/min), débito cardíaco (13.0 L.min-1 por superfície de área corporal),

volume sistólico (70.0 mL.m-2 de superfície de área corporal) e diferença de O2

arteriovenoso (12.0 mL.dL-1) em crianças de 10 a 11 anos quando comparadas às

respostas de jovens adultos, o que sugere respostas cardiovasculares semelhantes ao exercício máximo.

Em termos de produção de energia, crianças pré-púberes demonstram uma maior dependência do metabolismo energético aeróbico para produzir energia no músculo ativo e são menos susceptíveis à fadiga, o que as torna metabolicamente comparadas a atletas adultos de endurance quando se analisa a contribuição das vias oxidativas e não-oxidativas durante o exercício com intensidade de moderada a intensa (15). A contribuição da via anaeróbica aumenta gradativamente com o passar dos anos, da adolescência até o início da vida adulta, atestando que pré-púberes exibem um perfil mais oxidativo, como demonstrado em estudo realizado por Pesta (2013) no qual observaram que atletas adultos que faziam sprints durante um exercício incremental dependiam mais da via energética anaeróbica que os adultos treinados que praticavam atividades de endurance, os quais se utilizavam predominantemente da via oxidativa quando comparados aos não-treinados e aos não-treinados que praticavam sprints.

Esse perfil mais oxidativo característico de crianças pré-púberes favorece um menor tempo de recuperação após o exercício intenso e menor fadiga muscular periférica em contrações voluntárias máximas, o que aproximaria o perfil metabólico de adultos e crianças no que diz respeito à prática de atividades de endurance (19–21). Uma possível explicação para a menor capacidade de endurance de crianças quando comparadas a adultos se apoia na menor eficiência mecânica atribuída ao comprimento dos segmentos corporais das crianças, bem como do repertório motor menos desenvolvido, o que implicaria em trocas gasosas facilitadas nos pulmões e músculos em razão de distâncias mais curtas na circulação cardiovascular (42). No entanto, quando comparada com a de adultos destreinados, a capacidade de endurance de crianças, do ponto de vista

(18)

fisiológico, se assemelha a de atletas adultos de endurance e é melhor que a de adultos destreinados (43), o que sugere a existência de mecanismo fisiológicos adaptativos importantes.

As diferenças entre os tipos de fibras podem contribuir também para explicar o perfil metabólico diferenciado de crianças. As fibras de crianças pré-púberes tem potencial oxidativo maior que as de adultos pela predominância de fibras de contração lenta (tipo I), as quais são mais oxidativas, tem densidade mitocondrial maior, bem como realizam a ressíntese mais rápida de fosfocreatina (PCr), possibilitando maiores taxas de depuração de subprodutos de reação da contração muscular, como íons H+ (44–48).

A predominância de um tipo de fibra tem relação com a atividade enzimática do músculo em exercício como comprovado em estudo conduzido por Erikson (1973) e Gollnick (1972) (49,50) em que a atividade enzimática das enzimas oxidativas como a succinato desidrogenase (SDH) no vasto lateral de meninos de 11 anos (valor máximo 6.3 µmol.min-1.g-1) foi semelhante a de corredores de

endurance altamente treinados e uma média maior da atividade de SDH foi observada quando o grupo de pré-púberes foi comparado ao de adultos destreinados (5.4± 0.4 µmol.min-1.g-1; n = 5), o que sugere que crianças pré-púberes moderadamente treinadas podem apresentar atividade das enzimas oxidativas maior que indivíduos mais velhos altamente treinados.

O tipo de fibra, a atividade de enzimas oxidativas e a densidade mitocondrial podem influenciar a taxa de depuração de subprodutos de reação e, consequentemente, a taxa de recuperação após o exercício. Taylor e Kemp (1997) (51) observaram que a taxa de ressíntese de PCr no músculo flexor plantar de corredores de média distância, adultos e treinados (t1/2: 12.5 ± 1.5 s; n = 6) era comparada a de crianças de 6 a 12 anos (t1/2: 12 ± 4 s; n = 15). Os dados sugerem que a função oxidativa do músculo esquelético é maior na infância e pode ser similar em pré-púberes e atletas adultos de endurance (45,52). A atividade enzimática associada com a glicólise anaeróbica aumenta em paralelo às dimensões corporais (53). Exemplo disso é a atividade da fosfofrutocinase (PFK), enzima chave do metabolismo glicolítico, cuja concentração foi menor em

(19)

crianças pré-púberes que em jovens treinados e adultos destreinados em estudo realizado por Erikson (1973) e Gollnick (1972) (49,54).

2.3 Metabolismo do Magnésio

Estima-se que 60% do Mg2+ encontra-se nos ossos e 27% nos músculos,

sendo que apenas 1% do Mg2+ corporal está no sangue, 0,5% nos eritrócitos e

0,3% no plasma onde encontra-se sob a forma iônica ou livre e, em menor concentração, formando complexos com ânions (fosfato, bicarbonato, citrato ou sulfato) ou proteínas (55–58). A absorção do Mg2+ ocorre no intestino delgado e

vai de 11 a 65% do total ingerido. O transporte do íon ocorre através da ligação com a albumina e é direcionado ao armazenamento nos ossos, no tecido muscular e tecidos moles, com excreção pela via urinária e fecal, que por sua vez é regulada pelos rins, através de processos de filtração e reabsorção (59). Em condições normais, o Mg2+ passa por transporte passivo pelo túbulo proximal onde

é filtrado e reabsorvido pela membrana glomerular até ser excretado em definitivo pela urina (59,60).

Há um limiar para filtração de Mg2+ pelos rins que, caso seja ultrapassado,

leva à excreção do mineral, ou preservação, quando não atingido. Em condições de status reduzido do mineral, a excreção é reduzida devido à mecanismos de conservação renal (60). O Mg2+ se move do plasma para adipócitos e musculo

esquelético durante o exercício, fluxo que é modulado pelo nível da demanda energética durante a atividade. Imediatamente após o exercício, ocorre uma redistribuição do Mg2+ dos tecidos para o sangue com objetivo de restaurar as

(20)

Figura 1 – Balanço do Magnésio em adulto saudável. Fonte: Contreras, 2005.

Sabe-se que o status de Mg2+ no corpo tem relação com sua distribuição e

excreção, afetando a magnitude e direção do fluxo plasmático do mineral. Por ter funções críticas no metabolismo, o corpo precisa de mecanismos eficientes que assegurem a disponibilidade de Mg2+. Em situações de baixa ingestão de Mg2+, o

percentual absorvido pela dieta aumenta consideravelmente e a quantidade excretada diminui, mecanismo regulado pelos rins, que por sua vez retém o Mg2+

eficientemente, bem como, em situação inversa, são capazes de eliminar quase que 100% do mineral (62–66).

2.4 Métodos de avaliação do Status de Magnésio

Os principais métodos para avaliar o status de Mg2+ envolvem a ingestão

dietética, excreção urinária, e avaliação do Mg2+ sérico, plasmático ou eritrocitário.

A recomendação de ingestão diária para o Mg em pessoas saudáveis, em diferentes faixas etárias, é determinada pelas Dietary References Intake (DRI), que foram estimadas com base em estudos populacionais. Com base nas DRIs, a deficiência de Mg é comum em estudos populacionais possivelmente em razão de dados inconsistentes, restritos à população saudável, em condições dietéticas e ambientais ótimas e que foram utilizados para estabelecer as recomendações para população saudável, sendo motivo de questionamentos no que diz respeito à utilização dos valores de referência para avaliação do status do mineral (67). De

(21)

acordo com a Recommended Dietary Allowances – RDA – as recomendações atuais para ingestão dietética de magnésio, suficientes para atender às necessidades nutricionais de 97 a 98% dos indivíduos saudáveis, na faixa etária de 9 a 13 anos, de ambos os sexos, são de 240 mg/dia, com ingestão máxima tolerável – UL – de 350 mg/dia 13 anosEm 1997, O Food and Nutrition Board (FNB) do Institute of Medicine (IOM) definiu a RDA - para Mg em crianças de 9 a 13 anos em 240 mg/dia (68).

A avaliação da excreção urinária pode ser realizada com um teste de sobrecarga, a fim de verificar o estado nutricional do Mg2+, método considerado o

mais confiável para detectar deficiências do mineral (69,70). Recentemente, a excreção urinária de Mg2+ foi associada ao risco de doença cardiovascular e

hipertensão (71–73). Estudos demonstram que a concentração de Mg2+ na urina

se altera em função da ingestão dietética, mas mesmo assim o Mg2+ urinário pode

ser um bom indicador da ingestão em estudos populacionais uma vez que fornece estimativa do percentual de indivíduos que não atingem a RDA para Mg2+ e

estariam em possível risco para patologias associadas a deficiência do mineral (74).

A regulação da homeostase do Mg2+ foi demonstrada alguns estudos com

avaliação da excreção urinária. Em uma estudo duplo-cego do tipo crossover, os autores verificaram que mulheres pós menopausadas que consumiam uma dieta padrão (299 mg/dia de Mg2+ por 10 dias), tiveram a excreção urinária média de

Mg2+ de 120 a 130 mg/dia quando aumentaram o consumo do mineral para 390

mg/dia de Mg2+ por 81 dias. Quando submetidas à suplementação com Mg2+, a

média da excreção urinária caia para 63mg após 6 dias e permanecia próximo a isso nos 75 dias de depleção restantes.

As mulheres que eram submetidas à dieta com ingestão média de 116 mg/dia de Mg2+, por 81 dias, após o período de manutenção, tinham uma

diminuição do Mg2+ urinário para 58 mg após 6 dias e permaneciam assim nos 75

dias do período de depleção. Já as que receberam suplementação (ingestão média de 426 mg/dia), apresentavam excreção urinária aumentada para 132 mg/dia. Esses resultados indicam, além da relação entre a excreção e a ingestão dietética do mineral, que uma única coleta ou a coleta de Mg2+ urinário por menos

(22)

de 24h não é útil como indicador do status do mineral, pois a excreção pode estar baixa mesmo que o indivíduo tenha status adequado (67,75,76).

2.5 Consumo de Magnésio por Crianças e Adolescentes

A alimentação é crucial para manutenção de um adequado estado nutricional de Mg2+ e a prática de atividades físicas tem relação direta com a

utilização de nutrientes para suprir as demandas metabólicas do corpo, o que torna evidente a necessidade de estudos que avaliem não só o efeito do exercício nas necessidades de Mg2+, mas também o efeitos da deficiência ou

suplementação deste nutriente na performance (61). Cereais integrais, vegetais verdes folhosos, legumes e sementes são alimentos fonte de Mg2+, embora, com o

refinamento e processamento, haja perda substancial do mineral (33). A ingestão dietética de Mg2+ em crianças e adolescentes praticantes de atividade física tem

se mostrado abaixo das recomendações propostas pelas DRIs como atestam estudos epidemiológicos com crianças e jovens brasileiros nos quais foi demonstrada uma ingestão dietética de Mg <30 – 50% da RDA para Mg2+.

Em estudo com amostra não probabilística na cidade de São Paulo, verificou-se que a prevalência de inadequação para ingestão de Mg2+ em uma

amostra de 525 adolescentes, com idades de 14 a 18 na cidade anos foi de 89% (27). Estes resultados corroboram com os achados de Mattos; Dahmer; Magalhães, (2015) (26) que analisaram a ingestão alimentar de 129 atletas adolescentes envolvidos em diferentes modalidades esportivas e verificaram baixa ingestão diária de Mg2+, apesar da diferença não ter sido significativa entre

meninos (57,9% de inadequação) e meninas (68,6% de inadequação) no grupo com menos de 14 anos. No grupo de adolescentes com mais de 14 anos, o percentual de inadequação foi de 47,5% para meninos e 61,9% para meninas, mesmo esse grupo tendo apresentado maior ingestão calórica que os adolescentes do grupo menor de 14 anos, o que pode acarretar implicações importantes no crescimento e desenvolvimento uma vez que o Mg2+ é importante

nos processos de mineralização óssea, contribuindo para o pico de massa óssea (14).

O consumo de Mg2+ estava inadequado tambémem levantamento realizado

(23)

objetivo de verificar o consumo alimentar de magnésio, potássio e fósforo. Nessa amostra, foi observado o percentual de inadequação de 96,2% em meninas e 96% para os meninos, sendo que o consumo das meninas foi inferior ao dos meninos ( p < 0,01) (28).

Pesquisas tem sido direcionadas no sentido de utilizar de forma adequada estratégias nutricionais para otimizar o desempenho de atletas através da ação de suplementos ou recursos ergogênicos como a suplementação de Mg2+ (77). Pela

sua versatilidade em participar de reações em diferentes sistemas fisiológicos, a deficiência de Mg pode afetar a performance física (58,78), comprometendo diversos processos metabólicos de produção de energia, função cardiorespiratória e manutenção da função muscular, o que torna o nutriente importante na prática de esportes, em especial os esportes coletivos, cujos movimentos tem característica intermitentes e nos quais os mecanismos de produção rápida de energia são constantemente requeridos e marcados por esforços de alta intensidade intercalados por breves períodos de recuperação (29).

2.6 Magnésio e Desempenho no esporte

A relação do Mg2+ com a atividade física foi reportada pela primeira vez em

1983 por Liu e colaboradores (79) em estudo com conduzido com uma jogadora de tênis em que foi observado melhora dos espasmos musculares decorrentes de exercício intenso quando suplemento de Mg2+ foi administrado. Desde então as

implicações relacionadas ao Mg2+ e o exercício físico vem sendo objeto de

diversos estudos considerando que o status do mineral tem importância em processos metabólicos relacionados à captação de oxigênio, equilíbrio hidroeletrolítico e sua deficiência está diretamente relacionado a desfechos indesejáveis em exercícios extenuantes.

O tipo e a intensidade do exercício podem alterar o metabolismo de Mg2+ e

alguns autores tem demonstrado relação entre performance física e concentrações de Mg2+ em função do tipo de exercício (5,22,61,80). Rayssiguer e

Guezennec (1990) (81) observaram que as concentrações de Mg2+ diminuíam

após a exaustão em indivíduos que se submetiam a exercícios de alta intensidade e longa duração, e aumentavam após exercícios de alta intensidade e curta duração. Em atletas com ingestão inadequada de Mg2+ foi observado aumento da

(24)

excreção urinária decorrente do exercício, o que sugere possível redistribuição ou depleção do mineral causada pela grande demanda muscular (82,83). As concentrações de Mg2+ aumentam após a exaustão em atividades de alta

intensidade e curta duração, mas diminuem após exercícios de longa duração e alta intensidade (81) sendo que o exercício prolongado pode provocar hipomagnesemia implicando fraqueza muscular, disfunção neuromuscular e tetania, causando prejuízos à performance (74).

Há um influxo de Mg2+ do soro para os eritrócitos de acordo com a

predominância anaeróbica do exercício o que pode contribuir para diminuição das concentrações séricas do mineral (35). O exercício provoca alterações na homeostase do Mg2+, contribuindo para sua redistribuição no corpo, o que está

diretamente relacionado ao status de Mg2+ no organismo (69,81,84). Estudos

demonstraram redução das concentrações de Mg2+ plasmático após exercício de

intensidade e duração moderados, bem como após os exercícios de curta duração e alta intensidade (85–87). Se opondo a estes achados, estudos verificaram uma aumento das concentrações de Mg2+ no plasma após exercício de curta duração e

alta intensidade acompanhado em paralelo a perdas no volume plasmático (80,88,89).

A diminuição da concentração de Mg2+ em exercício prolongado pode ser

atribuída às perdas no suor e urina explicadas por um deslocamento transitório do Mg para o espaço intracelular nos eritrócitos , linfócitos e adipócitos e nos miócitos (85,87,90–92). Em exercícios de curta duração e alta intensidade, a hipomagnesemia pode ser consequência de diminuição do volume plasmático ou deslocamento do Mg2+ celular proveniente de acidose e contração muscular (61).

Soria et al., (2011) (74)realizaram estudo com 27 atletas de endurance do sexo masculino (33.8±6.7 anos) submetidos a um teste incremental máximo com cicloergômetro a partir do qual foram analisados o VO2 máximo e o pico de potência mecânico. Um segundo teste foi realizado, também em cicloergômetro, porém com aumento progressivo de carga (carga inicial de 2.5 W·kg-1 seguida de

aumento de 0.5 W·kg-1 a cada 10 minutos até a exaustão). Cada sujeito bebeu 4mL.Kg-1 de água 2 horas antes do teste a fim de garantir a hidratação e para

(25)

procedimentos. Ambos os testes tinham objetivo de avaliar o efeito da intensidade do exercício nas concentrações plasmáticas de Mg em indivíduos hidratados. Em relação à intensidade do exercício, quando submetidos ao teste incremental, não foram observadas diferenças significativas nas concentrações plasmáticas de Mg dos atletas. Os achados sugerem que o exercício em uma faixa de intensidade sub-máxima (41 a 92% do VO2 pico) e duração moderada (48± 2min) em atletas de endurance treinados e hidratados não afeta os níveis plasmáticos de Mg2+

sugerindo que volume plasmático tem papel importante na homeostase do Mg2+

durante o exercício.

Uma possível explicação para a relação entre o Mg2+ e esporte está na

capacidade que este íon possui para neutralizar ânions, como o que ocorre na própria molécula de ATP na qual a ligação do Mg2+ aos grupos fosfato do ATP

estabiliza a molécula e facilita a transferências destes grupos nos processos de fosforilação pela ação das quinases em reações enzimáticas ATP-dependentes como as do metabolismo de carboidratos, gorduras, proteínas e síntese de ATP mitocondrial (60,93,94).

Muitas etapas da glicólise, como as reações catalisadas pela hexoquinase e fosfofrutoquinase, utilizam o Mg2+, seja para formação de um complexo com

substratos de ADP o ATP ou como parte da metaloenzima (93). Além disso, Mg2+

é necessário em reações de fosforilação e desfosforilação, como a fosforilação do ADP pela síntese de ATP mitocondrial na fosforilação oxidativa, processo que utiliza o Mg-ADP como substrato, bem como na reação de ressíntese da fosfocretina no músculo esquelético, reação catalisada pela creatina quinase, enzima ativada pelo Mg2+ (60).

Em um trabalho realizado com atletas de elite de basquete, vôlei e handbol com o objetivo de analisar o papel da ingestão de Mg2+ na força destes atletas, foi

constatado que a ingestão de Mg2+ estava diretamente relacionada com flexão e

rotação de tronco, força de preensão palmar e testes de salto (5), o que, segundo os autores, poderia ser explicados pela participação do Mg2+ no metabolismo

energético, transporte transmembrana e relaxamento e contração muscular. Os mesmos autores reportaram ainda que a ingestão de Mg2+ apresentou correlação

(26)

braço e salto com agachamento, bem como com força e potência muscular em jogadores de basquete, handbol e vôlei, o que reforça a importância do Mg2+ nos

processos de pliometria e performance isocinética. Confirmando estes achados, em estudo com suplementação de Mg2+ conduzido em jovens jogadores de vôlei,

foi verificado que a performance no salto vertical aumentou discretamente após o período de suplementação atestando a influência do status de Mg2+ neste tipo de

exercício, em particular pelo fato do Mg2+ ser um cofator para a creatina quinase,

enzima chave para o metabolismo anaeróbico (22).

Cheng et al., (2010); Kass; Skinner; Poeira, (2013); Lukaski, (2001) (7,23,95) concluíram em seus estudos que a suplementação de Mg2+ melhora a

performance no exercício, o que configura uma estratégia a ser promovida desde as fases iniciais da vida, principalmente em crianças e adolescentes praticantes de esportes considerando que um adequado status de Mg2+ é condição indispensável

para crianças e adolescentes envolvidos em esportes competitivos a fim de assegurar uma nutrição adequada para manter o crescimento, a saúde e a performance (96).

Considerando que o mineral desempenha papel importante na função muscular e performance e a escassez de estudos com crianças, é necessário investigar os benefícios da suplementação, em especial neste grupo populacional devido às mudanças fisiológicas e metabólicas significativas que ocorrem neste período e que podem afetar de forma diferente as respostas fisiológicas e metabólicas quando comparamos crianças a adultos e indivíduos treinados.

(27)

3 OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Verificar o efeito da suplementação de Magnésio na capacidade de sprint repetido em crianças.

3.2. Objetivos Especíicos

Verificar os níveis séricos de Magnésio;

Avaliar a ingestão dietética de Magnésio em crianças de 9 a 14 anos;

Categorizar a população investigada quanto ao status de Magnésio sérico;

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Protocolo Experimental

O estudo caracterizou-se como sendo do tipo clínico randomizado duplo-cego conduzido em crianças participantes de um projeto de iniciação esportiva, durante o período de 3 meses. Os pacientes foram recrutados por livre demanda pela pesquisadora responsável após uma explicação acerca da importância e objetivos da pesquisa aos pais e responsáveis pelas crianças considerando os seguintes critérios de inclusão: crianças de ambos os gêneros, com idade entre 9 e 14 anos, que não estivessem em uso de medicamentos à base de hormônios, corticoides ou suplementos vitamínicos-minerais, que não fossem portadoras de doenças auto-imunes, ou da tireóide, e que não possuíssem limitações físicas que pudessem dificultar a realização dos testes físicos.

Após o período de recrutamento, fizeram parte do estudo 35 sujeitos, destes: 02 se recusaram a se submeter à dosagens bioquímicas, 01 não se enquadrava nos critérios de inclusão, 10 não compareceram à segunda coleta, e 04 foram excluídos por falta de dados. Sendo assim, a amostra resultou em 18 crianças que foram aletoriamente escolhidas para compor o (GC) Grupo Controle (Maltodextrina) (GI) e Intervenção (MgO) como mostra a Figura 2.

Convocação (n= 35)

Excluídos (n= 7)

♦ não atenderam aos critérios de inclusão (n= 7)

Analisados (n= 8)

Perdas (n= 6)

Ausentes na segunda avaliação (n= 6)

Alocados para intervenção (n= 14) ♦ Receberam a intervenção (n= 14)

Perdas (n= 4)

Ausentes na segunda avaliação (n= 4)

Alocados para intervenção (n= 14) ♦ Receberam a intervevnção (n= 14) Analisados (n= 10) Randomizados (n= 28) Recrutamento Alocação Acompanhamento

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Figura 2 – Fluxograma de recrutamento e seleção de amostra

No primeiro momento (T0) foram obtidas informações gerais sobre os participantes através de entrevista anotada em formulário específico. Nesta etapa, os dados referentes à ingestão dietética e do estado nutricional foram coletados, juntamente com as medidas antropométricas necessárias à avaliação do estado maturacional dos participantes. As dosagens sanguíneas foram realizadas em T0 e após 30 dias do início do experimento (T1). Foram analisados glicose em jejum, Mg2+ e cálcio (Ca2+) , CK sérico e lactato plasmático. Após a coleta de sangue

para as dosagens bioquímicas, as crianças recebiam uma refeição composta por alimentos de baixo índice glicêmico a fim de não provocar alterações bruscas da glicemia e seguiam para uma quadra coberta e arejada onde realizavam os testes físicos.

Ao final dos testes, os frascos contendo a suplementação eram entregues aos pais ou responsáveis pela criança os quais eram orientados sobre como administrar o suplemento, horário e duração da intervenção, bem como eram informados sobre a data da reavaliação. No retorno, após ao período de administração do suplemento, as crianças repetiram a coleta de sangue para as dosagens bioquímicas, avaliação dietética e testes físicos.

4.2 Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob o número 3.237.672, em conformidade com as diretrizes de coleta de dados em seres humanos (Resolução nº 466/12, de 12/12/12, do Conselho Nacional de Saúde), respeitados os princípios contidos na declaração de Helsinki (2008). A coleta de dados só teve início após a permissão dos pais e responsáveis pelas crianças para que realizassem os procedimentos necessários à coleta, bem como do assentimento das mesmas, o que ficou documentado através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (Anexos A e B).

(30)

A pesquisa teve seu término após a realização das etapas definidas no cronograma de atividades e os voluntários foram informados sobre a formação dos grupos suplementados e placebo, sendo facultado a cada um retirar seu consentimento a qualquer momento e deixar de participar da pesquisa sem qualquer prejuízo.

4.3 Controle do “cegamento” do estudo

Por se tratar de um estudo duplo-cego, os pesquisadores envolvidos diretamente na coleta de dados e análises posteriores dos dados coletados não tinham conhecimento acerca de qual grupo cada participante fazia parte. As variáveis utilizadas para estratificação foram estágio maturacional (97), Peso (kg), Estatura (cm) (98), e as concentrações de Mg2+ plasmáticos em T0(99). Os frascos contendo suplemento/placebo eram identificados através de códigos, cujas informações eram anotadas em formulários pelo responsável. A medida que os frascos eram entregues de forma aleatória aos pais e responsáveis, os mesmos eram codificados de acordo com a numeração do respectivo frasco que lhe foi entregue. De forma a evitar o viés de seleção. Ao final do processamento das amostras e análises pertinentes, o envelope contendo os formulários com a identificação foram entregues ao Coordenador responsável pelo projeto que por sua vez se encarregou de tabular os dados e aplicar o tratamento estatístico.

4.4 Protocolo de suplementação

A suplementação foi manipulada sob responsabilidade de farmacêutico habilitado e o padrão de qualidade das cápsulas foi comprovado por laudo para certificação do conteúdo de Mg2+ no sal de óxido. O Óxido de magnésio (MgO) foi composto de 584mg de Magnésio no Sal. Os participantes foram orientados a consumir uma cápsula do suplemento no desjejum. Foram utilizadas cápsulas gelatinosas duras com corpo branco e tampa verde e tamanho 0, tanto para o suplemento como para o placebo à base de maltodextrina. A opção pela cor justifica-se pela necessidade de mascarar a coloração da matéria prima para que as cápsulas não pudessem ser diferenciadas entre si. O controle de qualidade do produto final foi avaliado pelo peso médio das cápsulas e foram realizadas análises do conteúdo de minerais das cápsulas por amostragem, inclusive das cápsulas utilizadas como placebo.

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Após coleta de dados de antropometria, dietéticos e bioquímicos iniciais, a suplementação/placebo foi distribuída aos responsáveis pela criança aleatoriamente juntamente com orientações sobre a administração, quantidade a serem utilizadas. A dose de Mg2+ no sal de óxido foi determinada segundo metodologia proposta por Setaro et al., (2014) (22) em seu estudo com jovens atletas jogadores de vôlei, o qual considerou o limite máximo de ingestão (UL) preconizado pelas DRIs e média utilizada em estudos populacionais consolidados (68), o que garante que a suplementação não oferece riscos à saúde dos participantes. Sendo assim, a partir da dose de Mg2+ levando em conta o risco de toxicidade bem como resultados de estudos prévios de avaliação da ingestão de Mg2+, a dose definida foi de 584 mg de MgO/d. Juntamente com o suplemento/placebo, foi entregue aos participantes uma cartela com os dias da semana que deveriam ser marcados à medida que o suplemento/placebo fosse administrado a fim de garantir um controle para a equipe de pesquisadores e a adesão à prescrição.

O sorteio dos grupos controle (GC) e intervenção (GI) foi feitos por avaliador independente. O GC (n = 8) era formado por crianças que receberam 500mg/d de maltodextrina, enquanto que o GI (n= 10) recebeu 350 mg/d de óxido de Magnésio (MgO) em 30 doses ininterruptas. Foi orientado que a dose de Magnésio/placebo fosse administrada pela manhã, sem necessidade de jejum juntamente com um pouco de água.

A suplementação teve duração de 4 semanas, tempo necessário para se observar alteração nas variáveis que tem relação com a capacidade de sprint repetido. Ao término da suplementação, os indivíduos foram orientados a retornar ao local de coleta a fim de submeter-se a novos procedimentos para a coleta de sangue para as dosagens bioquímicas e testes físicos.

4.5 Testes ísicos

Foi avaliada a capacidade de sprint repetido de todos os atletas. Os sprints são deslocamentos curtos em intensidades máximas ou submáximas intercalados por breves períodos de recuperação no decorrer de uma modalidade (39) e são avaliados através do teste de sprint que consiste na realização de 6 sprints por 20 metros com intervalos de 20 segundos entre cada

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um (100). Para efeito de análise foi utilizado: o pico de velocidade - CSRPico (melhor desempenho entre os Sprint); o tempo total de Sprint – CSRTotal (soma de todos os Sprint); tempo médio de Sprint - CSRMédio (média entre todos os Sprint); decréscimo do Sprint - CSRDec (equação 1); e índice de fadiga.

Equação 1: Decréscimo do Sprint = ((tempo total/tempo ideal)-1) x 100 Tempo ideal = melhor desempenho multiplicado por seis (101).

Cada Sprint foi recordado através do sistema de fotocélula Speed Test 6.0 CEFISE®, posicionado a cada 10 metros dos 20 metros totais (102).

4.6 Avaliação Antropométrica

Os instrumentos utilizados para a avaliação antropométrica foram: uma balança eletrônica Filizola 110, com capacidade para 150 kg e divisões de 1/10 de kg. A massa corporal foi registrada em quilogramas, com precisão de 100 gramas e a estatura foi obtida através um estadiometro Sanny ES2020, para a aferição das dobras cutâneas será utilizado compasso científico Sanny, de fabricação brasileira, o paquímetro pequeno Sanny, com precisão de 0,1 cm, para aferição dos diâmetros ósseos de úmero e fêmur e por fim, será utilizada a fita antropométrica Sanny de fabricação brasileira com precisão de 0,1mm para o perímetro corrigido de braço.

4.7 Avaliação do estado Nutricional

O estado nutricional foi analisado a partir do IMC (peso/altura2) considerando o peso em (kg) e altura em (m). Foi solicitado às crianças qeu ficassem descalças e retirassem brincos, relógios, pulseiras ou qualquer outros objeto que pudesse interferir nas aferições, e que se posicionassem de pé, no centro da balança, em posição ortostática, com a cabeça na altura do plano de Frankfurt e com as costas e parte posterior dos joelhos encostados à parede

(33)

(GORDON, CHUNLEA e ROCHE, 1998) (103). A classificação do IMC foi feita de acordo com World Health Organizations – WHO (2007).

4.8 Avaliação da Ingestão Dietética

- Recordatório 24 horas – R24h

Foram aplicados dois recordatórios 24h (Anexo C) a fim de analisar a ingestão dietética dos participantes, sendo o primeiro aplicado no dia 1 da coleta e outro no retorno para reavaliação. Os pacientes relataram todos os alimentos que foram consumidos no dia anterior ao da entrevista e as informações sobre o tipo do alimento e a quantidade consumida em medidas caseiras foram registradas em formulário apropriado . Para estimar o tamanho das porções dos alimentos e/ou dos utensílios utilizados no porcionamento das preparações, o entrevistador contou com auxílio de um álbum de registro fotográfico (104,105). Posteriormente, foi realizada a conversão das medidas caseiras dos alimentos e/ou preparações consumidas para o equivalente em gramas (g) e/ou mililitros (mL) foi feita com base nas informações contidas em tabelas de composição de alimentos(106,107), fichas técnicas padronizadas para determinadas preparações e rótulos de alimentos.

Posteriormente, foi estimado o consumo dietético de energia, macronutrientes, magnésio e Cálcio utilizando-se o software AvaNutri on line (São Paulo, Brasil). Os alimentos não disponíveis no banco de dados do software foram analisados a partir de informações adicionais obtidas das tabelas e composição de alimentos brasileiras, internacionais bem como dos rótulos de produtos industrializados.

Para estimativa da distribuição alimentar habitual da amostra foram realizados testes estatísticos a fim de se obter os valores dos nutrientes ajustados pela variabilidade intra e interpessoal e energia a partir do cálculo das variâncias intra e interpessoal por meio da análise de variância (ANOVA One-Way), considerando as médias quadráticas (108). Em seguida, os dados foram ajustados para energia, utilizando o método residual proposto por (109), considerando a energia como variável independente e a ingestão de nutrientes absoluta, a variável dependente de modo a controlar o viés relacionado à ingestão total de energia.

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A análise de adequação da dieta consumida foi estimada a partir das recomendações nutricionais propostas pelas DRIs para energia, macornutrientes, fibras. A avaliação da ingestão de magnésio, vitamina D e cálcio foi feita considerando a RDA, que representa o valor da mediana da distribuição das necessidades de um nutriente para um grupo de indivíduos saudáveis, de mesmo sexo e estágio de vida, satisfazendo 50% das necessidades dessa população

O consumo de energia, macronutrientes e fibras foram analisados como variáveis categóricas e comparado às recomendações nutricionais, sendo classificado como abaixo, ideal (97 a 103% da recomendação) ou acima da recomendação.

4.9 Análise de Magnésio plasmático

As amostras de sangue (10mL) coletadas em jejum (12-14h) foram utilizadas para avaliação do estado metabólico geral dos sujeitos, incluindo a determinação de lactato, creatina quinase, magnésio e cálcio. A coleta ocorreu em uma sala climatizada, com iluminação adequada, sendo utilizado o sistema de coleta a vácuo, um adaptador de agulhas BD Vacuette, e o material coletado transferido para tubos Vacuette sendo um ativador de coágulo para separação do soro e quantificação da maioria dos analitos bioquímicos, e o outro contendo fluoreto de sódio/EDTA para posterior separação do plasma a ser utilizado na quantificação do lactato.

Os analitos foram avaliados utilizando os kits Labtest (Lagoa Santa, MG, Brasil) e o equipamento LABMAX PLENNO (LABTEST), no Laboratório Integrado de Análises Clínicas – LIAC, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

5.0 Maturação biológica

A maturação biológica foi estimada a partir da análise do pico de velocidade de crescimento (PVC) pela equação de Mirwald et al., (2002), que se mostrou válida para determinar a maturação somática de escolares, a qual prediz a distância (em anos) que um indivíduo de sua idade de PVC.

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PVC=-9,236+0,0002708(CPxTC)-,001663(IxCP)+0,007216(IxTC)+0,02292(P/E) Onde: CP = Comprimento das pernas (cm); TC = altura tronco-cefálica (cm); I = idade (anos); P = Peso (kg); E = estatura (cm)

5.1 Análises Estatísticas

Os dados foram analisados por meio do software e a distribuição das variáveis contínuas foi analisada através de histogramas. A normalidade dos dados verificada pelo teste de Shapiro-Wilk e os dados apresentados como média ± desvio-padrão (DP), média (IC de 95%) ou mediana (intervalo interquartil) quando necessário. O efeito de interação entre os grupos foi obtido a partir de uma ANOVA para medidas repetidas, considerando a condição e o tempo como fatores. A análise foi feita levando-se em consideração as interações entre o grupo controle e o intervenção, e entre pré e pós intervenção. O nível de significância adotado para as análises foi de 5%.

Para análises inter-grupo (suplementado e controle δ = Δ (grupo suplementado) – Δ (grupo placebo), as variáveis com distribuição normal foram comparadas pelo teste t de Student para amostras independentes.

5 ARTIGOS PRODUZIDOS

O presente estudo permitiu a elaboração de dois artigos científicos: “Relação entre o status de Magnésio sérico e a Capacidade de Sprint Repetido em Crianças” e “Efeito da suplementação com Óxido de Magnésio na Capacidade de Sprint Repetido em crianças”. Os manuscritos foram submetidos em periódicos com Qualis B1-A1 segundo a classificação da CAPES para área de Nutrição. A fim de possibilitar maior clareza na apresentação dos resultados obtidos, a discussão aqui abordada irá ter como objeto central (I) a relação entre o Mg e a CSR e (II) o efeito na suplementação nas variáveis da CSR.

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Em recente estudo conduzido por nosso grupo intitulado “Relação entre as concentrações de Magnésio e a Capacidade de Sprints Repetidos em Crianças” no qual 20 crianças (IC = 12,25±1,88) em iniciação esportiva tiveram a concentração de Mg2+ dosada com o objetivo de analisar a relação entre essas

as concentrações e o rendimento nos testes de Sprint repetido, verificamos que 100% dos participantes apresentaram concentrações normais de magnésio (2,07± 0,13) para sexo e faixa etária. Os resultados mostraram também uma tendência (p = 0,06) de relação moderada entre a concentração sérica de magnésio e o melhor desempenho nos sprints. Para os demais índices as correlações foram fracas (CSRPior) e triviais (CSRTotal, CSRmédio e CSRDec) (p<0,05) (Figura xx), o que sugere uma possível relação entre as concentrações de magnésio e os sprints iniciais porém não suficiente para manter a performance.

Figura 3 – Correlação entre concentrações de Mg2+ e as variáveis de Sprint repetido

em crianças

Estes achados parecem ter relação com o papel do Mg2+ como cofator de

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reações de oxidação da glicólise e na via fosfagênica, requeridas predominantemente para realização de movimentos de curta duração e alta intensidade (1, 4, 5) característicos dos sprints realizados no teste.

A relação entre magnésio e esportes já foi reportada na literatura por diversos autores e é atribuída ao importante papel do magnésio no metabolismo energético, transporte transmembrana e contração muscular (5,81). Em seu estudo, Rakhra et al. (2017) (110) (110) analisaram a relação da atividade física e idade nas concentrações de cobre, zinco, ferro e magnésio em 360 sujeitos e observaram diferença significativa (p <0,001) no valor médio dos minerais entre os grupos, sendo que o magnésio sérico foi maior nos grupos com moderada (p < 0,05) e alta atividade física (p < 0.001) quando comparada ao grupo sedentário, o que pode ser atribuído à diminuição do volume plasmático ou a uma troca celular de magnésio resultante de acidose.

A relação entre magnésio e parâmetros de performance física relacionados à força, flexibilidade, pliometria, pressão arterial já foi objeto de interesse em diversos estudos (5–7,22), embora os resultados sejam controversos sobre a eficácia da utilização do magnésio como recurso ergogênico, principalmente em jovens e crianças em função do nível de atividade física.

Partindo desse pressuporto, realizamos outro estudo entitulado “Efeito da suplementação de Magnésio na Capacidade de Sprints Repetidos em crianças” do qual participaram 18 crianças que ainda não haviam atingido o PVC (Tabela 1), que frequentavam um projeto de iniciação esportiva duas vezes por semana. Foi possível observar uma tendência de interação estatisticamente significativa entre a intervenção e o tempo na aceleração de jovens (F(1,16)= 4,180; p=0,058; Partial η2= 0,207). Foi possível identificar efeito de tempo (F(1,16)= 14,772; p= 0,001; Partial η2= 0,480), mas não de condição (F(1,16)= 2,211; p=0,157; Partial η2= 0,121). Pontualmente, o grupo suplementado com magnésio demonstrou efeito de tempo (∆= 0,135; 95%CI= 0,070 – 0,200; p<0,0001), enquanto que o grupo placebo não (∆= 0,041; 95%CI= -0,031 – 0,114; p= 0,245). Embora não tenha sido encontrado efeito de interação, os dados reportam uma tendência de diferença significativa no baseline (∆= -0,0250; 95%CI= -0,521 – 0,022; p= 0,069) que desaparece no momento após a intervenção (∆= -0,156; 95%CI= -,469 – 0,157; p= 0,307).

(38)

Tabela 1 – Tabela descritiva da amostra Controle (n = 8) Experimental (n = 10) Idade (anos) 12,2 ± 0,70 11,10 ± 1,19 Peso (kg) 53,38 ± 17,80 51,00 ± 9,80 Estatura (cm) 154,97 ± 8,50 154,57 ± 9,45 Maturação -3,43 ± 4,29 -2,71 ± 1,46 Mg2+ (mg/dL) 2,12 ± 0,35 2,11 ± 0,32

*Resultados apresentados em média ± desvio padrão

Como se vê na Tabela 2, não foi encontrada diferença significativa no efeito de interação entre a intervenção na performance de sprint pico (F(1,16)= 0,387; p= 0,543; Partial η2= 0,024). Entretanto, houve efeito significativo no tempo (F(1,16)= 6,73; p= 0,020; Partial η2= 0,296). O grupo suplementado com magnésio melhorou a performance de sprint (∆= 0,214; 95%CI= 0,402 – 0,26; p= 0,028), enquanto que não houve efeito para o grupo controle (∆= 0,131; 95%CI= -0,079 – 0,341; p= 0,204). Não foi possível identificar diferença entre as condições no baseline (∆= -0,442; 95%CI= -1,078 – 0,194; p= 0,160) e no momento após a intervenção (∆= -0,359; 95%CI= -0,983 – 0,264; p= 0,240).

Tabela 2 – Efeito de interação da suplementação de magnésio nos índices da capacidade de sprints repetidos.

Controle (n = 8) Experimental (n = 10) F P-valor Baseline Pós Baseline Pós CSR10-m 2,10 ± 0,09 2,05 ± 0,11 2,35 ± 0,08 2,21 ± 0,10a 4,180 0,058 CSRPico 3,97 ± 0,22 3,84 ± 0,22a 4,41 ± 0,20 4,20 ± 0,19a 0,387 0,543 CSRPior 4,14 ± 0,24 3,98 ± 0,26 4,68 ± 0,22 4,36 ± 0,23a 2,733 0,118 CSRTotal 24,28 ± 1,37 23,65 ± 1,51 27,75 ± 1,22 25,98 ± 1,35a 4,091 0,060 CSRmédio 4,05 ± 0,23 3,94 ± 0,25 4,62 ± 0,20 4,33 ± 0,23a 4,091 0,060 CSRDec# 0,40 ± 0,28 0,69 ± 0,20 0,66 ± 0,31 0,74 ± 0,20 1,692 0,212 CSRDec 2,98 ± 1,79 5,40 ± 2,48a 6,01 ± 5,90 6,03 ± 2,90 -

-*Resultados apresentados em média ± desvio padrão a Efeito do tempo (p<0,05)

# Transformado por Log de base 10.

Legenda: CSR10-m =Aceleração; CSRPico = melhor tempo; CSRPior = Pior tempo; CSRTotal = tempo total; CSRmédio = Tempo médio; CSRDec = Decréscimo de sprint

Para a CSRpior não foi identificado efeito de interação estatística (F(1,16)= 2,733; p=0,118; Partial η2= 0,146), embora tenha sido encontrado efeito de tempo (F(1,16)= 24,093; p< 0,0001; Partial η2= 0,601). Tanto o grupo

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suplementado (∆= 0,320; 95%CI= 0,182 – 0,458; p< 0,0001), como o grupo controle (∆= 0,159; 95%CI= 0,005 – 0,313; p= 0,044) demonstraram melhora da performance. Entretanto, não foi demonstrado efeito de condição (F(1,16)= 1,870; p= 0,190; Partial η2= 0,105), sem diferença para o baseline (∆= -0,535; 95%CI= -1,230 – 0,159; p= 0,122) e no momento pós intervenção (∆= -0,374; 95%CI= -1,104 – 0,356; p= 0,293).

Em nosso estudo foi verificado uma tendência de um efeito de interação no índice da CSRTotal (F(1,16)= 4,091; p= 0,060; Partial η2= 0,240). Embora não tenha sido identificado efeito de condição (F(1,16)= 2,296; p= 0,149; Partial η2= 0,125), nós identificamos uma tendência de diferença no baseline (∆= -3,463; 95%CI= -7,350 – 0,423; p= 0,077) que deixou de existir no momento pós intervenção (∆= -2,330; 95%CI= -6,624 – 1,965; p= 0,267). Em adição, foi encontrado efeito de tempo (F(1,16)= 18,430; p= 0,001; Partial η2= 0,535), mas que ocorreu apenas para o grupo suplementado com magnésio (∆= 1,770; 95%CI= 0,978 – 2,562; p< 0,0001) e não para o grupo controle (∆= 0,636; 95%CI= -0,249 – 1,522; p= 0,147).

Para o tempo médio, foi identificada uma tendência de interação significativa (F(1,16)= 4,091; p= 0,060; Partial η2= 0,240). A análise dos efeitos pontuais demonstrou haver efeito de tempo (F(1,16)= 18,430; p= 0,001; Partial η2= 0,535), mas não de condição (F(1,16)= 2,296; p= 0,149; Partial η2= 0,125). Os dados reportaram uma tendência de diferença entre as condições no baseline (∆= -0,577; 95%CI= --1,225 – 0,071; p= 0,077) que deixou de existir no momento pós intervenção (∆= -0,388; 95%CI= -1,104 – 0,328; p= 0,267). Em concomitância, o presente estudo identificou efeito de tempo para o índice de tempo médio (F(1,16)= 18,430; p= 0,001; Partial η2= 0,535) com diferença pontual apenas para a suplementação de magnésio (∆= -0,295; 95%CI= 0,163 – 0,427; p< 0,0001).

Não foi verificado efeito de interação pra o decréscimo de sprint (F(1,16)= 1,692; p= 0,0212; Partial η2= 0,096). Também não foi verificado efeito de condição (F(1,16)= 3,031; p= 0,101; Partial η2= 0,159), embora tenha sido encontrado efeito de tempo (F(1,16)= 5,183; p= 0,037; Partial η2= 0,245). Pontualmente, nosso estudo reporta uma tendência de diferença nos valores do

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baseline (∆= -0,259; 95%CI= -0,555 – 0,038; p= 0,083) que não se mantém após a intervenção (∆= -0,047; 95%CI= -0,248 – 0,154; p= 0,628). Em adição, nós identificamos que houve efeito do tempo para o grupo controle (∆= -0,291; 95%CI= -0,548 – -0,034; p= 0,029), mas não para o grupo que foi suplementado (∆= -0,079; 95%CI= -0,309 – 0,151; p= 0,475).

A comparação entre os deltas (Tabela 3) não verificou diferença estatística para o ∆% do sprint pico (U= 22,000; p= 0,122). O mesmo ocorreu para o ∆% do decréscimo de sprint (U= 27,000; p=0,274) e para o ∆% do pior sprint (t(16)= 1,376; p=0,188; ∆= 3,09 (95%IC= -1,67 – 7,85)). Entretanto, foi encontrada tendência de diferença para o ∆% da aceleração (t(16)= 1,752; p= 0,099; ∆= 3,90 (95%IC= -0,82 – 8,62), o ∆% do tempo total (t(16)= 1,797; p=0,091; ∆=3,82 (95%IC= -0,69 – 8,33)) e para o ∆% do tempo médio (t(16)= 1,797; p=0,091; ∆=3,82 (95%IC= -0,69 – 8,33).

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Tabela 3 – Comparação do ∆% dos índices da capacidade de sprint repetido entre os grupos. Controle (n = 8) Experimental (n = 10) 95% IC P-valor ∆%10-m -2,07 ± 5,90 -5,97 ± 3,47 -0,82 – 8,62 0,099 ∆%Picob -2,44 ± 8,46 -6,83 ± 5,12 - 0,122 ∆%Pior -3,89 ± 5,20 -6,98 ± 4,34 -1,67 – 7,85 0,188 ∆%Total -2,78 ± 3,88 -6,60 ± 4,90 -0,69 – 8,33 0,091 ∆%Médio -2,78 ± 3,88 -6,60 ± 4,90 -0,69 – 8,33 0,091 ∆%Decb 70,5 ± 141,9 20,4 ± 187,8 - 0,274

∆% = representa a variação percentual das variáveis apresentadas b dados apresentados em mediana ± amplitude interquartil

Para as avaliações sanguíneas não foram encontrados efeitos de interação para a creatinina (F(1,15)= 0,569; p= 0,462; Partial η2= 0,037), Calcio, magnésio (F(1,16)= 0,418; p= 0,527; Partial η2= 0,025), CK-Nac (F(1,15)= 0,047; p= 0,831; Partial η2= 0,003), lactato (F(1,15)= 1,406; p= 0,254; Partial η2= 0,086) como Figura 3 – Comparação das variáveis de sprint antes e após intervenção

Referências

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