1
Ui\IVERSIDADE
DE
EVORA
MESTRADO
EM SOCIOLOGIA
Área
de
Especialtzação em
Família
ePopulação
PARA
UMA SOCIOLOGIA
DAS PNÁTTCAS
DO
CUIDAR DA
ENFER]VIEIRA
OBSTETRA
O
CasoParticular
daIntervenção Junto
daParturiente,
Puérpera
eFamília
dePortalegre
Tese
elaborada
paraa obtenção do
Grau
deMestre
em
Sociologia
AIDA
MARTA
QUINTINO
DE
OLIVEIRA
BARRADAS
Orientada por Professor Doutor Carlos
Alberto
da
Silva
Título:
Parauma socioloeia
daPráticas do Cuidar
daEnfermeira Obstetra
Sub-títuto:
O
CasoParticular
dalntervenção Junto
daParturiente,
Puérpera
eFamília
dePortalegre
Palavras-chaves : Enfermagem; Cuidar
em
Obstetricia; Comunicação;
Competências, Identidade.
Tese
elaborada
para aobtenção do Grau
deMestre
em
Sociologia
d
Orientada por Professor Doutor Carlos
Alberto
da
Silva
",1
tg
/á
t
Departamento
de
Sociologia
Universidade
de
Évora
RESUMO
Título:
Parauma socioloeia
daPráticas
do CuidaÍ
daEnfermeira Obstetra
O objectivo desta tese
é
caracterizar as práticas profissionais da enfermeira obstetrado HDJMG,
em Portalegre. Como estratégiade
investigação, privilegiamoso
estudo de casoe
o
paradigmaqualitativo.
Este métodode
análise intensiva permiteuma
melhor compreensãoda
naturezada prática
do
cuidar,
descrevendo assimas
experiências dasenfermeiras, a forma como as vivem e como elas as descrevem.
Os
resultados demonstram
uma
interacção
muito
forte com
a
seguinte caracterização:A
enfermeira cuida da puérperae
da família, estão melhor preparadas epossuem melhor imagem que anteriormente; fazem ensinos programados sobre o puerpério,
valorizando a dor e as necessidades das utentes. tdentificam como barreiras na relação, a
formação
cultural
da
utente
e
como
estratégiaspara as
transpor,
demonstram uma permanente disponibilidade. Entendem que a atitude de submissão e obediência, por parte das utentes, é exercido pela autoridade da classe de enfermagem. Utilizam como paradigmadas suas práticas o da Transformação privilegiando a relação humana em vez da técnica.
O posicionamento da pesquisadora frente a esse cenario aparece, ao final desta tese,
na
forma de contribuir para
a
melhoria
das
práticasprofissionais
em
enfermagem obstétrica.ABSTRACT
Title:
For
aTakins
caÍe
Practises Sociology of the Obstetric Nurse
The
purposeof
this
thesis
is
to
characterizethe
obstetric nurse's professional practisesof
the
in
HDJMG
in
Portalegre.As
a
strategic analysis,we
considerthe
case-study-method and the quality paradigm. This methodof
intensive analysis allows a better understandingof
the caring nature, describing thus the experienceof
nurses; the way these are lived and how they are described.The
resultsshow
a very
strong interactionwith the following
characterization: nurses carefor
the puerpera andfamily,
they are better prepared and have a better imagethan before; they teach programs about puerperium, regarding the pain and the needs
of
patients. The cultural education of patients is identified as a barrier to the relation and the permanentavailability
is a
strategyto
solveit.
They understand thatthe
obedience and submissive attitudefrom
patientsis
dueto
nurses'authority.
They
use asa
practice paradigm the Transformation considering as relevant the human insteadof
the technical relationship.The
researcher'spositioning
regardingthis
scenariois
shownat the
endof
this thesis, asa way
of
contributingto
the
improvementof
professional care practices inAGRADECIMENTOS
A
todos aqueles que me ajudaram e apoiaram paÍa a concretização deste trabalho em especial, ao Sro Professor António Casa Nova eSf
Professora Fátima Freitas ambos daEscola Superior
de
Saúdede
Portalegre,pelo
apoio
e
incentivo
no
percurso
desta dissertação.Ao
meu
orientador, ProfessorDoutor
Carlos
Alberto
da
Silva, pelo
percursoformativo que me proporcionou, com o seu apoio, disponibilidade, estimulo e critica. Aos Enfermeiros que colaboraram no estudo, pela disponibilidade demostrados.
À
Direcção da UnidadeLocal
de Saúde do Norte Alentejano do Hospital DoutorJosé Maria Grande, pela colaboração concedida.
À
minha família e todas as mães em especial a minha mãe, porque sem o seu apoioSIGLAS
E
ABREVIATI]RAS
BAI.
CTG EPE...HDJMG...
oE...
OMS REPE...ULSNA...
Bolsa amniótica integra Cardiotocografia
Entidade Pública Empresarial Hospital Dr José Maria Grande
Ordem dos Enfermeiros
Organizaçáo Mundial da Saúde
Regualmento do Exercício Profissional dos Enfermeiros
ÍNorcr
o-
rxrnouucÃo
pNoua»RausNro
rp,óRrc
o
flt2
Il8
l8
35 44 91 93 96 100 101 104 105 107lll
tt2
r.l
- ENFERMAGEM EsocIEDADE
- pnÁuces,
coNCEITos
ECORRENTES DO PENSAMENTO...
1.2 - PROTO-HISTORIA
DA
ENFERMAGEM OBSTETRICAr.3
-
DoMÍNIo pnopISSIoNAL Do
ENFERMEIRo
oBSTETRA:covpsrÊNCTAS
EcurDAR...
2
-
METODOLOGIA
2.1.
PROBLEMATICA
E OBJECTIVOS DOESTUDO...
2.2 -ABORDAGEM
E TIPO DE ESTUDO2.3 - TERRENO DE PESQUTSA
2.4 _ OS ACTORES DO ESTUDO... ...
2.4.1. - Caracterizaçáo dos actores em estudo... 2.4.2. - Caracterizaçáo do serviço.
2.4.3.
-
Vivências no Serviço de Obstetrícia e Ginecologia...2.5
.
ESTRATEGIA DE RECOLHA DE DADOS2.5.2
-
Guião daEntrevista
2.5.3 - Procedimentos formais e éticos
2.6.
TRATAMENTO
DEDADOS...
3
.
ANÁLISE
E APRESENTACÃO DOS DADOS.3.I
_ PERFIL E REPRESENTAÇÃO SOCI-AL DO CUIDAREM
ENFERMAGEM OBSTETRA... .
3.1.1-
Conceito decuidar
em Obstetrícla..3.1.2-
Representação Social daEnfermeira
Obstetra (RSE).3.1.3
-
Importância
da construção do percurso profissional (ICP)...3.2
_
ARTICULAÇÃO ENTRE
OS
ENSTNOSREALIZADOS
E
AS 115t20
122 126t28
129 136 143t46
NECESSIDADES DAS UTENTES
3.2.1
-
Importância dos
ensinos realizados
OERy Prioridade
àsnecessidades das utentes
(PN[I).
1463.2.2
-
Importância
dos ensinos realizados(IER)
lYalorização
doestado físico e emocional das utentes
(YEF)
152 3.2.3-
Importância
dos ensinos realizados(IER)
/Integra
os ensinosr57
no
cuidar (IEC)...
.3.3 _ RELAÇÃO COVT
A
UTENTENA
PERPECTIVA DA ENFERMETRA 159OBSTETRA
3.3.1-
Relação entre enfermeira/utente(RE[D
/Barreiras
160
identificadas
durante
o processo de relação(BIR)
3.3.2-
Estratégias mobilizadas paramelhorar
a relação(EMR)...
1653.3.3
-
Atitude
de Submissão e Obediência (ASO) 1683.4
IMPORTÂNCIA
RELACIONAL.
DA
VERTENTE
TÉCNICA
VERSUS173
3.4.1-
Paradigma das práticas proÍissionais@PP)...
1733.4.2
-
Privilegia
técnica/relação humana4.
CONCLUSÃO.5
.
BIBLIOGRAFIA.
AITIEXOS:
ANEXO
I-
Guião da entrevista...ANEXO tt
-
Pedido de autorização aoHDJMG
pararealização do estudo....ANEXO
III
-
Matriz de análise de entrevistas.ANEXO IV
-
Matriz de Codificação Global.176
t82
189 203 2082t0
237RELAÇÃO
DE
QUADROS
QUADRO N.oI
-QUADRO N.o 2 -QUADRO N.o 3 -QUADRO N.o 4 -QUADRO N.o 5 -QUADRO N.o 6 -QUADRO N.o 7 -QUADRO N.oI
-QUADRO N.o 9 -QUADRO N."l0
-QUADRO N."l1
-QUADRO N.o 12-Caracteização dos actores em estudo...
Matri/Síntese - Conceito de Cuidar em Obsteficia (CCO)..
Matri/Síntese -Representação Social da Enfermeira Obstetra (RSE)... '
Matri/síntese - Importância da construgão do Percurso Profissional (ICP) ...
Matriz/Síntese - Prioridade às necessidades das utentes
(PNU)...""
Mafiiz/Síntese - Valorização do estado fisico e emocional das utentes (VEF)....
Maúiz/Síntese
-
Integra os ensinos no cuidar(EC)...
Matriz/Síntese - Barreiras identificadas durante o processo de relagão (BIR)...
Matri/Síntese
-
Estratégias mobilizadas para melhorar a relação (EI\R)..Mafiz/Síntese
-
Atitude de submissão e obediência (ASO).. Matriz/Síntese - Paradigma das Práticas Profissionais (PPP).Matriz/Síntese -
Utiliza
recursos técnicos (UTR)fl 104 134
t4t
r45 150 156 158 163 166 17l 175 180RELAÇÃO
DE
ESQUEMAS
ESQUEMA N.oI
-ESQUEMA N.o 2 -ESQUEMA N.o 3 -ESQUEMA N.o 4 -ESQUEMA N.o 5 -ESQUEMA N.o 6 -ESQUEMA N.o 7 -ESQUEMA N.o 8 -ESQUEMA N.o 9 -ESQUEMA N.ol0
-
ESQUEMAN.oII-ESQUEMA N.o 12 -Conceito de CuidarRepresentação Social da Enfermeira Obstefia.
Importância da construção do percurso profissional
Prioridade as Necessidades das Utentes' '.
lmportância ds Ensinos Realizados..'... Integra os Ensinos no Cuidar
Barreiras Identifi cadas
Estratégias para Melhorar Relação. .
Atitude de Submissão e Obediência.... '... ' ' ' '
Paradigma das Práticas Profissionais... ... '.,
Priviligia Técnica ou a Relação Humana-...
Esquema Final . fl 135 142 145 151 156 159 164 167 172 176 181 188
0
-
TNTROpUÇÃO
^
qualidade no atendimento de enfermagem obstétrica faz, pafte da evolução
Ãactual
e
do
progresso dos níveis epidemiológicos mundiais. Esta premissa,tem tido
constante fomento,visível na
actual
diminuição dastaxas
de
mortalidade e morbilidadeinfantil e
materna. Este percurso, segundo Resende(1991),"(...)
tem sofrido constantes alterações, de acordo com as revoluções de motriz sociocultural e tecnológicas, mqs tem qs suos raízes em épocas tão remotas, comopor
exemplo, em 40.000 a.C., erom os homens que ajudavam os suas mulheres aparir,
mas em 6000 o.C. surgemiá
os mulheres na assistência aosportos(...)"
(Resendel99l:3).
O
mesmo autor refere que, poucoa
pouco, as mulheres foram-se especializando nesta arte. O trabalho de parto e parto ocorriam em ambiente domiciliar, no qual a mulherera
assistidapor outra
mulher,
geralmenteuma
parteiraou
uma
"aparadeira"da
sua confiança, e apoiada pelos seus familiares.A
parteira tradicional era uma figurafamiliar
etranquilizadora, que proporcionava uma assistência sem pressas,
podia
usar amuletos etalismãs e empregava técnicas, transmitidas de geração em geração, mas nem sempre se
observava
medidas higiénicas
preventivas (Resendel99l:4).
No
século
XX,
maisexpressivamente depois da Segunda Guerra
Mundial,
em nome da redução das elevadas taxas de mortalidade materna einfantil
ocorre a institucionalização do parto, passando dodomicílio para o hospital, e consequentemente a sua medicalizaçáo. (Resende
l99l:4).
Efectivamente,
com
a
melhoria da assistência sanitariae o
alargamento da rede hospitalar,a
institucionalizaçáo do parto tornou-seum
factor determinante para afastar a"parteira" no
domicílio
e a rede sócio-familiar do processo do nascimento, uma vez que aestrutura física hospitalar e as suas consequentes rotinas foram organizadas para atender as
necessidades
dos
profissionaisde
saúde,e
não
das parturientes(Carneiro
2002:5-10). Assim, a maioria das mulheres passou a peÍrnanecer intemada em salas de trabalho de partocom
práticas baseadasem
noÍrnase
rotinas que as tornaram passivase
impediram ou impossibilitaram a presença de uma pessoa da sua confiança para as apoiar.De relevar que o modelo de assistência médico tradicional, mais especificamente o obstétrico, tem vindo, a ser questionado
por
investigadores e actores sociais como algumasONG's
e
vários
movimentos internacionaisde
mulheres pelosdireitos
humanose
atémesmo
por
agênciascomo
a
OrganizaçãoMundial de
Saúde(OMS).
Personalidadescredenciadas, como
Kitzinger,
antropóloga social, surgemno
panorama actual contra aintervenção obstétrica
como
um
processoclínico de alta
tecnologiaem
detrimento da experiência pessoal, activa e intensa, vivida pela mãe, pai e restantes familiares.A
tomada de consciência de que o parto é uma experiência a servivida
activamente, ao invés de passivamente intensifica-se no contexto actual. Assiste-se, nos nossos dias, nãosó
na
obstetrícia, mas nasmais
diversas áreas,a
par com
uma acelerada evolução datecnologia
e
ciência,a
uma tentativa
de
regressoàs
origens,ao
passado...ao que
é"natural".
A
humanidade parece ter necessidade de controlar esta explosão tecnológica e científica e de se reaÍirmar enquanto seres humanos, reencontrando o seu equilíbrio.Importa salientar que o exercício profissional da enfermagem centra-se
na
"relaçãotnterpessool
de um
enfermeiroe
uma pessoctou
um
grupo
depessoas" (Ordem
dosEnfermeiros
2002:9), nestarelação,
cruzam-seas
tecnologiasmais
avançadascom
a humanizagão do cuidar.Atingido
o pico máximo da medicalizaçáo do parto na década de70, com a criação de berçários onde os bebés ficavam afastados das suas progenitoras, e onde as mesmas se
dirigiam
apenas para exercera
sua função técnica de amamentação, chegamos a um ponto em que a presença de um acompanhante durante o trabalho de parto eparto,
a
diminuição das taxas
de
cesarianas,da
medicalização,das
intervenções desnecessárias, vêem acontecendo como estratégias de humanização do nascimento. Estas eoutras condutas são actualmente recomendadas pela OMS para o parto normal.
A
busca por uma assistência humanizada éum
assunto de crescente interesse, ainda que os sentidos, conteúdose
finalidades dessa forma de assistência sejam, em grande medida, um debate aberto (Lopes 1997 :34).A
importância doCUIDAR
da enfermeira obstetra,junto
da parturiente, puérpera efamília,
é consideradafulcral
em todos os aspectos (físico, psicológico, emocional, enfteoutros). Como
enfermeira obstetra,
muitas
vezes
questiono-mese
a
nossa
classeprofissional tem uma
perfeita
caracterização sociológica das suas práticase
ainda se seidentificam com algum modelo de representação social do
CUIDAR.
Se agimos puramentedentro da esfera
do
modelo biomédico, com práticas rotineirase
sistematizadasou
se a nossa actuação tem como alicercesa
adopção de algum modelo conceptual das práticas profissionais, onde a comunicação e a articulação entre os cuidados e os ensinos realizadosé relevante para a nossa intervenção
junto
da parturiente, puérpera e famílias.Estas dúvidas,
motivaram-nospara
a
realizaçáo desteestudo,
num
contextosocioprofissional,
em que as
contínuas transformaçõesdo
paradigmade
actuação daenfermeira obstetra,
concomitantementecom
a
mudançada
expressãosocial
das maternidades dos SNS, hoje emdiq
têm colocado permanentemente os seus actores sob os holofotes da comunicação social e assim mais expostos à crítica social.Este trabalho, tem assim, como objectivo geral caracterizar as práticas profissionais da enfermeira obstetra
no
local onde fazemos parte da equipa multidisciplinardo
Serviçode
Obstetrícia
do
Hospital Dro José Maria
Grande
em
Portalegre
(HDJMG)
daULSNA/EPE (Unidade
Local
de
Saúde
do
Norte
Alentejano/ Entidade
Pública Empresarial).Numa perspectiva minimalista, poderíamos reduzir a nossa investigação a questões tâÍo básicas como: Quem somos?
O
que fazemos?E
comoo
fazemos? Porventura, asrespostas irão de encontro as estas questões, mas querendo ser mais metódica e assumindo
uma
perspectivada
análise
social,
decerto
encontraremosoutras
soluçõespara
aidentificação
da
sociologia
das
nossas práticas, pretendendo,assim,
contribuir
para caracterizar uma área onde estetipo
de investigação é ainda reduzido e, até mesmodificil
de penetrar.Para esta análise, seleccionamos como terreno de pesquisa o nosso próprio contexto
profissional,
por
ser uma
realidade
que
queremosdescodificar
e
podermos
ter
a possibilidadede
fazer observação participante, coadjuvando deste modoa
investigação.Como
estratégiade
investigação, privilegiamoso
estudode
caso, porque,como
temosreferido, pretendemos compreender em profundidade e, através do contacto directo mantido no terreno, a realidade das práticas do cuidar da enfermeira obstetra, a sua realidade social,
a
forma
como
ele
é
concebida, percepcionadae
experimentada pelas enfermeiras noHDJMG.
Para
tal
desiderato,a
opçãopelo
paradigma qualitativo, paÍece-nosser
a
mais adequada, porque nos possibilita uma melhor compreensão da natureza daprática do cuidarda
enfermeiraobstetr4 bem como
a
dinamização entreos
cuidados,os
ensinose
asnecessidades das utentes, descrevendo assim as experiências das enfermeiras,
a
"formacomo as vivem e como elas as descrevem"
(Polit
1987:348).Temos consciência que não podemos alargar as conclusões do nosso estudo a toda a
realidade
portuguesa,mas
pensandoque
todas
as
enfermeiras obstetras portuguesas, realizaram a sua formação especializada nos mesmos centros de estudos, isto é, nas mesmas escolas das grandes cidades, poderemos inferir que as correntes do pensamento pedagógicoterão
um
denominador comum,não
se desviandomuito de
um
padrão,em
que todas receberam as mesmas influências. O que afirmamos pode não ser um dado objectivo, maspode sustentar uma percepção geral
e
generalizada da intervenção da enfermeirajunto
dasutentes nas nossas maternidades.
Como técnica de recolha de dados, de modo
a
obtermos informações importantes para o nosso estudo e, explorando o contexto das respostas dadas pelos actores em estudo,fizemos
a
opçãopela
entrevista semi-estrufurad4a
esta técnica aliamosa
observação participante, como técnica complementar.Para validar
o
nosso estudo, utilizamos a validação por triangulaçáo,por
ser umaprova
eflrcientede
validação.A
triangulação consistena
combinaçãoe
cruzamento demúltiplos pontos de vista, através do trabalho conjunto de diversos pesquisadores, de vrários informantes e varias técnicas de colheita de dados.
A
triangulação surge assim como uma actividade intema que acompanha todo o processo de investigação.Na
presente pesquisa,a
elaboraçãofinal
das
categorias temáticasé
feita
pelaactores em esfudo.
As
dimensões foram expressas em somatório das unidades de registomais significativas paÍa a pesquisa das categorias questionadas às enfermeiras obstetras, permitindo uma análise articulada dos resultados obtidos.
Para cada Matriz/Síntese, analisad4 procedemos
à
descodificação das categorias temáticas por esquemas representativos das conclusões obtidas, possibilitando deste modo, um melhor entendimento das conclusões obtidas.A
estruturação do trabalho esta dividida cinco partes principais.O
primeiro
capítulo,é
dedicado ao referencial teórico onde nos baseamos para aapresentação
da
"enfermeira obstetra",as
suas origens, abordandoa
proto-história da enfermagem obstétrica, as correntes do pensamento mais prevalentes nesta area e quais osseus domínios profissionais.
O segundo capítulo é destinado á apresentação da metodologia seleccionada paru a presente pesquisa, descrevendo ponnenorizadamente o
tipo
e o paradigma de investigaçãoutilizado; enunciando a problemática emergente e os objectivos do estudo; assim como a
estratégia de recolha de dados e a caracterizaçáo e a justificação da amostra seleccionada.
Fazendo a transição para
o
terceiro capítulo, onde procedemos à análise e tratamento dos dados, apresentamos as categorias e sub-categorias onde assenta a pesquisa, revelando asmatrizes/síntese tratadas
e
por
fim
apresentamosos
respectivos esquemas ilustrativosdessas análises efectuadas, procurando interpretar, sob uma perspectiva sociológica, como é
que
as enfermeiras obstetras percepcionamas
suas vivênciase
intervençõesjunto
das"suas"
utentese,
de que forma
surgem constrangimentos que poderão afectara
sua prestagão.O quarto capítulo é inteiramente dedicado às conclusões e sugestões desta pesquisa
social, começando
por
uma síntese de todos os dados obtidos da investigação, sugerindo porfim
algumas reflexões importantes e que poderão contribuir para uma perfeita definição da imagem social que as enfermeiras têm de si próprias e os constrangimentos que maiorinfluência têm no seu desempenho profissional.
Por
fim,
no último capítulo apresentamos a bibliografia consultada e colocamos em anexos vários documentos acessórios detodo
o
estudo, como os pedidos de autorizaçãoefectuados, os instrumentos de colheita de dados, amatriz de codificação global e a gtade de análise de entrevistas.
Ficamos com
a
ceÍteza de que este trabalho não estará completo, pois é um campo que ainda não esta devidamente explorado, com pouca investigação na temática além de serum meio de
acessomuito
restrito, mas como
queremoscontribuir para uma
melhordefinição sociológica das nossas práticas enquanto enfermeiras obstetras, decidimos assim lançarmo-nos nesta aventura, pretendendo contribuir para uma melhor interpretação dessa
mesma prártica
profissional,
com
o
propósito
de
promovera
profissão
em
constante desenvolvimento, com credibilidade, cujos membros do seu corpo profissional sejam tidos como credíveis.1
_
ENQUADRAMENTO
TEORICO
I.I
_ ENFERMAGEM E SOCIEDADE _ PRÁTICAS, CONCEITOS E CORRENTES DOPENSAMENTO
^
profissão de Enfermagem tem ao longo do seu percurso
feito
esforços paral\rdo
rizar oseu papel social através das suas práticas profissionais, de modo aadquirir
um
lugar
de destaquena
hierarquiada
sociedade, aflrrmandoo
seu mandato eidentidade social,
tal
comorefere
Marques, Silvae
Santos (2005) citandoW.
Hesbeen, "essa identidade existe, e, mais do queprocurá-la,
os enfermeiros deveriam desenvolver uma estratégiapara
mostrar ovalor
de todas essas "pequenos coisas" que constituem os cuidados de enfermagem." (Marques, Silva e Santos 2005:55)Indo de
encontrocom
o
conceitode
identidadeno
âmbitoda
Sociologia, como refere Abreu (2001) citando Dubar,"
(...) assumindo uma dinâmica abrangente, partindo deuma
reinterpretação
da
noção
de
dialéctica
sujeito/sociedade. Considera-seque
a construção identitária não ocorre openas devido á pertenço do indtvíduo a um grupo: é opercurso de
vida do
indivíduo
quepermite moldar
a
sua
identidode.Esta
identidade,constituída segundo uma
trajectória,
ocorue atravésde
negociações sucessivas com os outros, podendo estesatribuir-lhe
uma identidade(virtual)
que pode nãocoincidir
com areal, que o
próprio
sujeito constrói epersonifica".
(Abreu 2001:82)A
enfermagem temvindo
a evoluir segundo modelos de formação determinados porcontextos sociais, históricos e culfurais ao longo dos tempos, assim tem sido uma realidade, a preocupação que os enfermeiros manifestam
por
adquirir formação, como
objectivo de melhorar as práticas profissionaisjunto
dos utentes, interrogandoo
seu saber, pois este ébaseado em princípios científicos e concepções teóricas, como afirma Franco (2000)
"(...)
uma boa prática sem uma boa formação, oliás a
prática
deve ser sempre fonte de formação e aformação deve ter sempre uma importonte componenteprática".
(Franco 2000:6)Concordando,
também
como afirma Abreu (2001)
"A
problemáttca
da configuração identitária dos enfermeiros suscita, desta forma, o interesse eo
investimento dos responsáveispelo
desenvolvimento dos diversos níveis de formação e liderança destesprofissionais.
A
identidade profissional forma-se sobretudo através de processos sociais ereconstitui-se, igualmente, a
partir
das interacções sociais."
(Abreu 2001:82)Segundo
Falcato
(2000)
citando
Lopes
"a
luta pela
posse
de
instrumentosocadémicos e
jurídicos,
(Licenciaturas, Mestrados, Doutoramentos, Códigos deontológicose
Ordem dos Enfermeiros) confere aos enfermeiros uma competência técnica e científicaespecífica, mas essencial porque esses instrumentos são entendídos como trunfos que lhes podem conferir recursos de
poder".
(Falcato2000:24)
Como afirma Abreu (2001)
"
Todas estqs alterações e mudanças, a nível social emgeral
e daprópria
área da saúde emparticular,
colocaram a enfermagem numq situaçãode
mudança,
acompamhadade
padrões de formação cada vez mais
elevados e diferenciados.(Abreu
2001:81).Como
refere Pimentel(2000) "Analisar
a
identidadeprofissional da enfermogem significa rever toda a história social, comprender a inJluência
do
meio
e
identfficar os
conflitos
intra
e
inter profissionais."
(Pimentel
2000:31)
Acrescentando a mesma autora ao citar Lopes" A
emergência da enfermagem, enquantogrupo
socioprofissional,
está
intimamenteligada
à
expansãodo
sistema hospitalarocorrida
apartir
do
séculoXIX,
assim comoàs
transformações técnicase
sociais que estiveram na origem dessa expansão, verificando-se nestaaltura
umq reorganização do modo da produção de cuidados, quer atravésdo
aumentoda
complexidade técnica dos cuidados de saúde, decorrentesda
institucionalização da moderna medicina, quer aindapelo
aumentoda
complexidade administrotiva epela
burocratização organizacional do sistema hospital. Isso veto exigirà
enfermagem competências e responsabilidadesparq
asquais esta
ainda não
se encontraila preparada,pois
os
cuidados de enfermagem erqmprestados
por
"religiosas"ou
por
pessoal "não
diferenciado"
quu, até
essa altura,esta formação deverá mostrar os seus oofrutos"como afirma
Piúeiro
(2004)
"A formaçã' deverápermitir
que ofuturo
especialista utilizea
reflexão e razoabilidade na tomada d decisdopara
apresentar solução/soluções mais adequadas aos problemas de saúde d cqda mulher efamília,
num determinado contexto e momento". Acrescentando a mesmautora,
"(...)
aformação
deverógarantir
os
alicercespara
a
construçãode um
autc conceito profissional positivo, e o deserwolvimento de uma cultura profissional quepermit
a sua distinção quanto ao
tipo,
qualidade, eficácia e eficiência da actividade profissionc do enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstetrícia, no contexto d equipas multidisciplinares. (Pinheiro 2004:6)Reflectindo
no
meu
desempenhoprofissional,
fico
com
a
certeza
que reconhecimento social que a profissão tanto procura, passa pela utilização dessa formaçãjunto
dos utentes, sendo importante que os enfermeiros tomem consciência que éjunt
deles e da comunidade, compartilhando oosaberes" e sentimentos, isto é, desempenhando essência da nossa profissão que é o acto de Cuidar, que se adquire esse oo galardão", e se m permitem, tão desejado. Como refere Pinheiro (2004)"
Codo especialista deverá sentir-s e saberfazer
sentir que é indispensóvelpara
o
trabalho dessa equipe e, simultaneamentt deverá sentir-se elemento de um cofpoprofissional
que se demarcapela
sua importâncisocial"
(Pinheiro2002:6).
Pois os conhecimentos técnicos, científicos e humanos poder mudar com o tempo, assim como as crenças e os valores da sociedade, mas a essência d nossa profissão deverá manter-se constante senão poderemos pôr em risco a especificidad do conteúdo da Enfermagem.Não
esquecendotambém
como afirma Basto
e
Portilheiro (2003) que
oodesenvolvimento da profissão depende do esforço de reflexão sobre
a
ortentação seguiana
prática
dos
cuidadosde
enfermagemfeito
a
nível das
equipese
das
associaçõeprofissionais
e
do nível de
desenvolvimentoque cada
enfermeiroatinja,
através a formoçãoinicial
e daformação ao longo davida."
(Basto e Portilheiro 2003:50)Contudo as práticas profissionais de enfermagem, nem sempre foram unânimes a«
conceitos
actuais, sendo
a
sua
evolução
influenciadapor
diferentes
concepções cenfermagem. Sendo assim, pensamos ser importanÍe, fazer um percurso histórico sobre t
organizacional que se desencadeou
a
"reforma"
de Florence Nigthingale, da qual resultouuma
reelaboraçdo
da
natureza
dos
cuidados
de
enfermogem, concretizadana
sua progresstva dissociação do trabalho doméstico a que estivera associado. Esta demarcaçãoiria
constituir
uma referência fundamentalno
sentidoda
construção de uma identidadecomo
grupo
sócio-profissional. Assim, comprenderas
concepçõesque
acompanham odesenvolvimento das práticas profissionais dos enfermeiros,
implica identificar
quais as concepções profissionats subjacentesà
construçãoda
identidadeprofissional,
não só no quediz
respeitoà
aquisiçãoe
desenvolvtmento de valores, mas tambémà
aquisição de conhecimentos teóricos epráticos."
(Pimentel 2000:3l)
Acrescentando a mesma autoracitando
Canário
"
(...) às
importantes mudançosque
ocolneromno
campoda
saúde, descreve aformação
como instrumento essencial, quer para fazerface a
mutações quedecorrem da
própria
inércia socil,
querpara
produzir
e
gerir
mudanças deliberados."(Pimentel
2000:32). Acrescentando
ainda
a
mesma autora citando
Martin:
"Aeducação/formação como
os
"caminhos"paro
a construção do identidade profissional da profissão"
(Pimentel2000:32)
Assim podemos pensar que a constante evolução tecnológica leva à necessidade de
adquirir novos saberes no domínio do saber-fazer, oriundos da formação.
Tal
como refereAbreu (2001)
"(...)
as identidades profissionais não são estáticas, evoluem com a história devida, vão
sendo construídas atravésde
escolhas mais ou menos conscientes (Abreu2001:95).
Continuandoo
mesmoautor
"Resultamde
interocçõesentre
as
estruturaspsíquicas individuais e as dinômicas das estruturas sociais, ao longo de toda
a
vida
dosujeito em sociedade." (Abreu 2001:87). Acrescentando ainda
Abreu
(2001)
"
Um dos sectores sócio-profissionaiscuja
trajectória
identitária
maisse
tem transformado, numprocesso contingente
e
estratégico ondese
destacam(...) a
valorização
crescente das diferentes dinâmicas deformação
que searticulam ao
longo dos percursos devida
dos enfermeiros"
(Abreu 1997:
149)Decorrente das práticas e necessidades sociais
a
aprendizagem ao longo davida
éuma
realidadenos
profissionaisde
enferÍnagem,uns
por
motivos
de
necessidade deactualização de conhecimentos, outros pela ascensão na hierarquia social e outros por gosto por uma especialidade, como é o caso da especialidade de saúde materna e obstetrícia. Mas
diferentes concepções e paradigmas de enfermagem, que influenciaram
o
nosso percursoprofissional, e ao mesmo tempo, exercer um olhar retrospectivo para os primeiros tempos
da
nossaprofissão
e
como
as
praticasse
foram
modificando,pois
para
sabermos ecompreendeÍTnos o que hoje somos, será relevante olhar para o que fomos para podermos
reflectir para o que poderemos ser tanto como pessoas como membros desta profissão.
Ao
estudar as práticasdo
cuidarem
enfermageme
a forma como
o
enfermeiro pensa nos cuidados, sendo um dos factores determinantes da sua prâtica, como diz Basto ePortilheiro
(2003)
"
o
sentido queo
enfermeirodá à
suaprática
estáligado
oo
selt conceito de cuidados de enfermqgem,àforma
como concebe a saúde e o ambiente e aindaà
concepção que tem de pessoa, como sujeito dos seus cuidados."
Ainda para os mesmos autores,"
(...)
que estes conceitos são de talforma
centrais queforam
designados de"metaparadigmas", no sentido de estarem acima dos vários paradigmas com que se pode
perspectivor
o
cuidar
em
enfermageme
por
teremsido
identificodosem
estudos de enfermagem ao longo do tempo"
(Basto e Portilheiro 2003:43).Para
melhor
compreensãodos
fundamentosda
prestaçãode
cuidados
de enfermagem, parece-nos pertinentedefinir
cadaum
dos seusprincipais
conceitos base,fazendo referência
a
alguns autorese
instituições,cujas
ideiase
postuladosque
nos parecem bastante adequados paÍaa
enunciação dos conceitos em causa, designadamente das áreas "gerais" de envolvimento da enfermagem:o
Saúdeo
Pessoao
Ambiente
o
Enfermagemo
Cuidados de Enfermagemo
Enfermeiro
o
Enfermeiro
ObstetraSaúde:
O
conceitode
Saúdeé
um
conceito complexo,na
perspectivada
Ordem
dosEnfermeiros (2002) "A Saúde é o estado, e simultaneamente, a representação mental sobre a condição individual o controlo do sofrimento, o bem-estar
fisico
e o conforto, emocionale espiritual.
Na
medido em quese
trata
de uma representação mental, trata-sede
um estado subjectivo;portanto,
não podendo sertido
como conceito opostoao
concetto de doença.A
representação mentalda
condiçãoindividual
e
do
bem-estaré
variável
notempo;
ou
seja, cada pessoaprocura
o
equilíbrio
em cada momento de acordo com os desafios que cada situação lhe coloca. Neste contexto, a saúde é o reflexo de um processo dinâmico e contínuo; toda a pessoq desejaatingir
o estado deequilíbrio
que se traduz nocontrolo do sofrimento, no bem-estarfisico e no conforto, emocional, espiritual e
cultural
"
(Ordem dos Enfermeiros 2002:6).AOrganização Mundial de Saúde, de acordo com Phipps (1995) define saúde como: o'Estado
de
bem-estarfisico,
mentole social, e não
openasa
ausência de doença". Asmesmas autoras, mencionam também a definição mais dinâmica de
Murray e
Zentner de saúde como: 'oO estado de bem-estar em que q pessoa é copaz de usor reacções e processosadaptativos, intencionais, fisicamente, mentalmente, emocionalmente, espiritualmente e
socialmente em resposta
a
estímulos (agentes de stress) internos e externos,paro
manter uma estabilidadee
um conforto, relativos, epara
lutar
por
objectivos pessoaise
metasculturais". (Phipps et
al
1995:34)No
entanto, parece-nos ser importanteintroduzir
aqui,um
conceitode
saúde, de acordo com a representação social e a importância que a sociedade lhe atribui. De acordocom Honoré
(2002),
"(...) q
saúdeé
entendida como um domíniode
investigoçãoe
deacção, uma ciêncio
e
umq arte(...)"
(Honoré 2002:26).O
mesmo autorrefere
"(...)que parasefalar
de saúde é necessário possuir um "sqber" e de "metódos" (Honoté2002:27).A
palavra "saúde","(...)
está relqcionada como
indivíduo de um modoparticular
ou deum modo colectivo, situando-se como elemento fundamentol
da
história
e do
mundo". (Honoré 2002:28), depois de alguns estudos efectuados em grupos profissionais, distinguiu- ausência de doença;
- tonalidade da existência; - estilo de vida;
- bem que se recebe; - significagáo ética
- significação aos olhos do mundo e
- com ressonância económica e política.
Estas abordagem dos diversos registos da significação de "saúde", são entendidas
como uma ideia definida
de
que não existe
um
entendimento universal sobreo
esteconceito,
é
o
que Honoré (2002), defrne comum
termo queé
"polissémico quanto ao conteúdo, ao campo e ao volor que lhe é atribuído"
(Honoré 2002:39).Pessoa:
De acordo com Phipps (1995) "A centralidade da intervenção e acção das práticas
de
Enfermagemé
a
indubitavelmentea
Pessoa,cuja
noção
é
deveras polisssémica"(Phipps etal1995:44).
Outra abordagem da definição de Pessoa, segundo a Ordem dos Enfermeiros (2002),
"A Pessoa é um ser social e agente intenctonal de comportamentos baseados nos valores, nas crenças e nos desejos da natureza individual, o que torna cada pessoa num ser único, com dignidade
própria
edireito
a auto determinar-se. Os comportamentos da pessoa são influenciados pelo ambiente no qual ela vive e se deser»olve. Toda a pessoa interage com oambiente:
modifica-o
e
sofre
a
influência dele durante
todo o
processode procura
incessante
do
equilíbrio
e
harmoniq.Na
medidaem
que cada pessoq, naprocura
de melhores nívets de saúde, desenvolve processos intencionais baseados nos seus valores, crençqs e desejos da sua notureza individual, permite-nos um entendimento no qual-
cadapessoa
vivência um projecto
de
saúde.A
Pessoopode
sentir-se
saudável quandotransforma
e
integra
as
alteraçõesda
sua
vida
quotidiano,
no
seuprojecto de
vida,podendo ndo ser
feita a
mesma apreciação desse estado pelopróprio
epelos
outros. APessoa é também centro de processos nõo intencionais. As funções
fisiológicas,
enquanto processos ndo intencionais, sãofactor
importante no processo deprocura
incessante domelhor equilíbrio. Apesar
de
tratar-se
de
processosnão
intencionais,
as
funçõesfisiológicas são influenciadas pela condição psicológica das pessoas, e,
por
suavez, esta éinfluenciada
pelo
bem-estar e confortofisico.
Esto inter-relação torna claraa
unicidade eindivisibilidade de
cada pessoa; assim, a pessoa tem deser
encarada comoser
uno eindivisível.
"
(Ordem dos Enfermeiros 2002:6)Ambiente:
Naturalmente que as práticas de Enfermagem não decorrem num vazio, segundo a
Ordem dos Enfermeiros (2002), "O Ambiente no qual as pessoas vivem e se desenvolvem é
constituído
por
elementos humanos,
fisicos, políticos,
económicos,
culturais
eorganizacionais, que condicionam e influenciam os estilos de vida e que se repercutem no
conceito de sqúde. No
prática
dos cuidados os enfermeiros necessitamfocalizar a
suaintentenção
na
complexa interdependência Pessoa/Ambiente." (Ordem dos Enfermeiros2002:7)
O ambiente segundo Nightingale referido por Phipps (1995),
foi
pela primeira vezdescrito como
os
factores externos ao doente que afectama vida
e o
desenvolvimento.Rogers
nomeadaainda
por
Phipps
(1995)
"entendeo
ambiente
como
contíguo
emutuamente influente com
o
utente" (Phipps etal
1995:75). Os padrões de trabalho numhospital,
os
horários
das
visitas,
as
refeições,os
barulhos
ou os
equipamentos em funcionamento podem ser nocivos para quem esta doente e consequentemente debilitado em termos sensoriais.É
importante que os enfermeiros transmitam aos seus utenteso
quepodem esperar
de
um
ambiente hospitalar, partilhandocom
eles informações sobre oambiente de cuidados de modo a evitar situações de stress e momentos de angústia. (Phipps
lee5)
Enfermagem:
Segundo o REPE, (Dec. Lei
n'
161196 de 4 de Setembro,aÍt.4\"A
Enfermagem é aprofissão que, no área da saúde, tem como objectivo prestar cuidados de enfermagem ao ser humano, são ou doente, ao longo do ciclo
vital,
e aos grupos sociais em que ele estáintegrado, de
forma
que
mantenham, melhoreme
recuperema
saúde, ajudando-os aatingir
a sua mfuima capacidadefuncional tão rapidamente quanto possível".A
definiçãooficial
de Enfermagem, da Ordem dos Enfermeiros, defende que:" (...)
é uma disciplinaprática
que possui elementos da ciência e da arte.Ela
contém uma base de conhecimentos,fruto
do estudo sistemático e daprática".
Meleis citado por Phipps (1995) define enfermagem como:
"
Uma ciência humana que trata de reacções ou potenciais reacções, humanas e ambientais, a situações de saúdee de doença" (Phipps et
al
1995:61).Os Cuidados de Enfermagem:
Com
a
criaçãoda
Ordemdos
Enfermeiros(OE),
a
enfermagemviu
definido
oenquadramento conceptual
e
os enunciados descritivosem
que assentam os padrões dequalidade dos cuidados
de
enfermagem. Destemodo
e
de
acordocom
o
Conselho deEnfermagem da Ordem dos Enfermeiros (2002),
"o
exercício profissional da enfermagem assenta na relação interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa ou entre um enfermeiroe
um
grupo
de pessoas, comoseja a
família. No
estabelecimentodas
suas relaçõesterapêuticas,
o
enfermeiro distingue-sepela formação
e
experiênciaque lhe
permiterespeitar os valores e as crenças individuais dos
outros"
(Ordem dos Enfermeiros 2002: 8)A
tomadade
decisõespor
parte
do
enfermeiroé
orientadade
acordocom
oregulamento
do
exercício profissionaldos
enfermeiros, segundoo
qual os
enfermeiros devem adoptar uma conduta responsável eéticq
actuando com respeito pelos interesses edireitos dos utentes.
De acordo com a anterior definição de saúde, os enfermeiros devem orientar as suas
avaliando as suas concepções pessoais e capacitando-o para a sua autoafirmação para que possa de um modo eftcaz atingir o seu próprio equilíbrio.
A
pessoa ouo
utente é um componente essencial da prática da enfermagem. Paraque
possa
mais
facilmente
compreenderas
reacções humanas,o
enfermeiro
deve reconhecer cadaindivíduo
comoúnico
e
irrepetível.Ao
encetarcom
cada utente uma relaçãode
ajuda,o
enfermeiro deve encara-locom
base numa perspectiva holística.A
aceitação do utente desta forma permite ao profissional desenvolver estratégias de cuidados para além do sistema orgânico afectado pela fisiopatologia.Nesta investigagão será utilizado o termo "utente" como forma de
referir
a pessoa que é alvo dos cuidados de enfermagem e que tem um papel activo na relagão de cuidados.De acordo com
o
Conselho de Enfermagem da Ordem dos Enfermeiros, as competênciasdos
enfermeirosde
cuidados gerais
incluem três
domínios diferentes
l: a
práticaprofissional,
a
éticae
legal;
a
prestaçãoe
gestãode
cuidadose
o
desenvolvimento profissional.Em
relação
ao
primeiro domínio,
as
competências aprovadasincluem:
aresponsabilidade;
a
prâtica segundoa
etica; ea
práttica legal.No
que respeita ao segundodomínio, este subdivide-se nas seguintes competências: promoção da saúde; colheita de
dados; planeamento; execugão; avaliaçáo; comunicação e relações interpessoais; ambiente seguro; cuidados de saúde inter profissionais; a delegação e supervisão.
Por
fim,
o
domínio
do
desenvolvimentoprofissional
abrange:a
valorização proflrssional;a
melhoria da qualidade ea
formação contínua.O
exercício profissional da enfermagem centra-se na relação interpessoal entre um enfermeiro e uma pessoa ou entre um enfermeiro e um grupo de pessoas (família ou comunidades). Quer a pessoa enfermeiro, quer as pessoas clientes dos cuidados de enfermagem, possuem quadros de valores, crenças e desejos da nattreza individual-
fruto das diferentes condições ambientais em que vivem e se desenvolvem. Assim,no
âmbitodo
exercício profissional,o
enfermeiro distingue-sepela
formaçãoe
experiênciaque
lhe
permite compreendere
respeitaros
outros numaperspectiva
multicultural,
num
quadro onde procura
abster-sede juízos
de
valorrelativamente à pessoa cliente dos cuidados de enfermagem.
A
relação
terapêutica
promovida
no
âmbito
do
exercício profissional
de enfermagem caracteriza-se pela parceria estabelecida com o cliente, no respeito pelas suascapacidades e na valorização
do
seu papel. Esta relação desenvolve-see
fortalece-se ao longo de um processo dinâmico, que tem por objectivo ajudaro
cliente a ser proactivo na consecução do seu projecto de saúde. Várias são as circunstâncias em que a parceria deveser
estabelecida envolvendoas
pessoassignificativas
do
cliente individual (famíli4
convivente signifi cativo).Os cuidados de enfermagem tomam por foco de atenção a promogão dos projectos de saúde que cada pessoa
vive
e persegue. Neste contexto, procura-se ao longo de todo ociclo vital,
prevenir
a
doengae
promover
os
processosde
readaptação, procura-se asatisfação das necessidades humanas fundamentais e a miáxima independência na realizaçáo
das actividades
da
vid4
procura-sea
adaptagãofuncional
aos déficese
a
adaptaçáo amúltiplos factores
-
frequentemente através de processos de aprendizagem do cliente. Os cuidados de enfermagem ajudam a pessoa a gerir os recursos da comunidade emmatéria de saúde, prevendo-se vantajoso
o
assumir de um papel depivô
no
contexto daequipa.
Na
gestÍlo dos recursosde
saúde,os
enfermeiros promovem, paralelamente, aaprendizagem sobre a forma de aumentar
o
repertório dos recursos pessoais, familiares ecomunitarios para lidar com os desafios de saúde.
As intervenções de enfermagem são frequentemente optimizadas se toda a unidade
familiar
for
tomada
por
alvo
do
processode
cuidados, nomeadamentequando
asintervenções
de
enfermagemvisam
a
alteraçãode
comportamentostendo
em vista
aadopção de estilos de vida compatíveis com a promoção da saúde.
Ainda segundo, Ordem dos Enfermeiros (2004) "as competências do enfermeiro de
cuidados
gerais
inserem
o
seu
exercício
profissional
num
contexto
de
actuaçãomultiprofisstonal. Assim, distinguem-se
dois
tipos
de
intervençõesde
enfermagem: asprescrições
médicas-
e
as
iniciadas
pela prescrição
do
enfermeiro
(intervenções autónomas)"
(Ordem dos Enfermeiros 2004:7)Ainda
segundo, Ordem dos Enfermeiros (2004), relativamente às intervenções de enfermagem que se iniciam na prescrição elaborada por outro técnico da equipa de saúde, oenfermeiro
assumea
responsabilidadepela sua
implementagão.Relativamente
asintervenções de enfermagem que
se
"iniciam
na prescrição elaboradapelo
enfermeiro, ossume a responsabilidade pela prescrição epela
implementação técnica da intertenção".(Ordem dos Enfermeiros 2004:8)
A
tomada de decisão do enfermeiro, segundo a Ordem dos Enfermeiros (2004) que orienta o exercício profissional autónomo, implica uma abordagem sistémica e sistemática.*Na
tomada
de
decisdo,
o
enfermeiro
identifica
as
necessidadesde
cuidados
deenfermagem da pessoa
individual
ou dogrupo
(família e comunidade), após efectuada a identificação da problemática do cliente, os intervenções de enfermagem são prescritas deforma
a evitar riscos, detectar precocemente problemas potenciais e resolver ou minimizar os problemos reais identificados. No processo da tomoda de decisdo em enfermagem e nafase de
implementaçãodas
intervenções,o
enfermeiro
incorpora
os
resultados
da investigoção na suaprática"
(Ordem dos Enfermeiros 2004:6).Reconhece ainda a Ordem dos Enfermeiros Portugueses' que a produção de guias orientadores
da
boa práticade
cuidadosde
enfermagem baseados na evidência empírica constitui uma base estrutural importante paÍa a melhoria contínua da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros.Do
ponto
de vista das
atitudesque
caracterizamo
exercício profissional dos enfermeiros, os princípios Humanistas de respeito pelos valores, costumes, religiões e todos osdemais previstos
no
código deontológico enformama
boa
prâticade
enfermagem. Neste contexto, os enfermeiros têm presente que bons cuidados significam coisas diferentes para diferentes pessoas e, assim, o exercício profissional dos enfermeiros requer sensibilidade paÍa lidar com essas diferenças perseguindo-se os mais elevados níveis de satisfação dos clientes.Enfermeiro:
O REPE @ec.
Lei
n'
161196 de 4 de Setembro, art.4o), defrne enfermeiro como: 'o(...)
oprofissional habilitado
com um curso de enfermagem legalmente reconhecido, aquem
foi
atribuído um titulo profissional que lhe reconhece competência cientifica, técnicae
humanapara
a
prestaçãode
cuidadosde
enfermagemgerais
ao
individuo,família,
grupos
e
comunidadee,
qos
níveisda
prevençãoprimária,
secundárise
terciária.
oo.Considera ainda que os cuidados de enfermagem são:
"
(...)
as intervenções autónomos ol,tinterdependentes
q
realizar
pelo
enfermeiro
no
âmbito
das
suas
qualificaçõesprofissionais".
Enfermeiro
Obstetra:Actualmente,
o
exercício da actividade profissional do Enfermeiro Especialista de Saúde Materna e Obstetrícia, em Portugal e restante Comunidade Europeia é regulado pelaDirectiva 80/155/CEE de
2l
de Janeiro, descrito no artigo 42" da secção 6 do Jornal Oficialda União Europeia de 30.09.2005:
"
É
tudo
o
indivíduopreparado cientffica
e
tecnicamentepara prestar
cuidados deenfermagem específicos
à
utente
(gravida, parturiente,
puérpera
e
recém-nascido)englobando a.família e comuntdade no sentido de promover e manter a saúde".
No
que
diz
respeito
às
correntesdo
pensamento abordaremosas
diferentes concepçõesde
cuidadosde
enfermageme
a
sua
relagãocom
os
paradigmas queinfluenciam as praticas dos enfermeiros, enumerando
o
que alguns autores nomeadamenteBasto
e
Portilheiro (2003)
denominamde
"metaparadigmas"
(Basto
e
Portilheiro2003:48):
r
Categorizaçáoo
IntegraçãoKérouac, citado por Basto e Portilheiro (2003) propôs que os paradigmas, acima referidos,
(...)
se locolizayam cronologicamente, noturalmente tnfluenciados pela cultura dominante na época". @asto e Portilheiro 2003:48)O paradigma da Categoraaçáo pode-se localizar nos séculos
XVIII
eXIX,
período em que começou a ser possível relacionar algumas doenças com agentes patogénicos e mais tarde controlar infecções com antibióticos e medidas de assepsia. Neste paradigma incluem-se como orientações paÍaa
prâtica de enfermagem a orientação paÍaa
saúde pública e aorientação paÍa a doença, daí resultando o controlo da doença como objectivo dos cuidados
de enfermagem e a organização do trabalho à tarefa. (Basto e Portilheiro 2003:48)
Este espaço temporal, frcou marcado pela designação de Período Pré-Profissional, onde se enquadra um modelo conceptual em que a enfermagem, como sustenta Silva (2001)
"
(...)
consistia inicialmente numa resposta intuitiva, deforma
a proporctonar os cuidadosessenciais que assegurossem
o
confurto eo
bem estar espiritual e material qos doentes"(Silva
2001:ll2)
.Após
o
que lhe sucedeum
segundo período histórico, correspondente ao modelovocacional,
disciplinar
e
obediência perante as hierarquias,Silva (2001)
"para
que umindivíduo se possa integrar neste grupo profissional é preciso, não apenas, uma formação
adequada,
mas
também
um
perfil
moral
e
uma
determinada
aptidão
vocacional estabelecidos pelo seu quadro ideológico"
(Silva 2001 : 1 I 3)No contexto actual como refere Silva (2001)
"(...)
não se pode delimitar o ingressona
enfermagempela
mera vocação, mas sim relqcionando com motivação, ou melhor, amotivação
particular de
cada
indivíduopara
escolher determinadaprofissão"
(Silva 2001:115)O paradigma da Integraçáo, Basto e Portilheiro (2003) citando Kérouac "engloba a
orientação da enfermagem
porq
a pessoa, inicia-se em meados do séc.D(
nos EUA, e éinJluenciado
pelas
preocupações
sociais
e
pelo
desenvolvimentodos
meios
decomunicação.
O
objectivo dos
cuidadosde
enfermagempassa
a
ser
bio-psicosocial-cultural-espiritual."
(Bastoe
Portilheiro
2003:48). Esta fase, denominadapor
Waldowpredominando
até aos
anos40.
Tal
como refere Colliére (1999)"As
enfermeirqs são atraídas pelo saberfozer,
confinando-se ao papel deamiliar
do médico em que o médico era a profissão dominante"
(Colliére 1989:92)A
mesma tese é defendidapor
Silva (2001) ooprecisamente na crença de que estes (enfermeiros) devem ter poucos conhecimentos técnicos e muitaprática"
(Silva 2001: Il8).
A
denominaÃa 4u fase abrangeum
período entre os anos 50e 60
Waldow t1995)"fase que
é
impulsionadapela
enfermagemcientífica,
em gue
o
poder dos
novos conhecimentos tecnológtcos se evidencia, no entanto, éa
classe médica que domina essaevolução
tecnológica" (Waldow
1995:73).Silva
(2001)justifica
o
anteriorfacto,"
(...)pelos contextos históricos de submissão á dominância médica" (Silva 2001:120)
Após este faseamento evolutivo, como refere Waldow
(1995)
"surge a Sofase que englobaa
década de60"
(Waldow
1995:75).Ainda
que para Basto e Portilheiro (2003), "esta mudança de paradigma, ou esta novaforma
de pensar inicia-se na décadade 70"
(Basto e Portilheiro 2003:48).O paradigma da Transformação para Basto e Portilheiro (2003) "ossume, assim, os
fenómenos humanos como complexos e em constonte mudança. Considera-se que a saúde
se
integra
na vida
da
pessoa,família
e
grupos sociais,
estandorelacionada com
o ambiente.A
orientaçãopara
os cuidados de enfermagem éa
manutenção e aumento do bem-estar da pessoa definidopor
elaprópria.
O enfermeiro intertém emparceria
com a pessoa, num processointer relacional"
(Bastoe
Portilheiro 2003:48).Tal
como refere Sardo(2005)
"
(...)proporcionar
umcuidar
mais humanizado no nascimento(...)
numa assistência que respeita a dignidade das mulheres, a sua autonomia e o seu conffolo sobre a situação, e em que os direitos à informação e à dectsão informada estejam contemplados(...)
a assistência seria centrada nas necessidades das parturientes, em vez de organizada segundo as necessidades das institutções e dos profissionais. " (Sardo 2005:57)Mas com
esta mudança nas nossas práticas surgem outrostipos
de problemas e conflitos concordando com Sardo e Sousa(2000) "O
enfermeiro ao exercer a suaprática
fá-lo
integrado numa equipa de saúde, que nos coloca inúmeras dificuldadespqro
que possqmos exercer os nossqs funções como membros depleno direito,
talvezpela
nossatradição de subalternidade,
pela
real sobreposição do nosso papel com outros técnicos de saúde e ainda pelo recente desenvolvimento da enfermagem como ciênclta. " (Sardo e Sousa 2000:9)Ainda como profissão que é, numa perspectiva relacional e inter accionista entre a
sociedade
e
os
utentes, como afrrmaSilva
(2001)"
devaser
analisadano
quadro
dasrelações
de
poder
que
estabelececom outras
ocupações,com
os
consumidorese
oempregado" (Silva 2001:136). Referindo ainda "qualquer uma destasformas de poder dos
profissionais está o saber, o
poder
dosaber"
(Silva 2001:138)" asrescentandoo
mesmo autoÍ o'quea
capactdade do poder e monopólio de sertiços encontram-se na produção de saberes de natureza técnico-científica" (Silva 200 I : 138).No
entantono
contextoda prática
(organização hospitalar),como
afirma
Silva(2001) a enfermagem não está apenas "delimitada pelos efeitos de dominância médica, mas
também pelas regras e procedtmentos burocráticos das administrações hospitalares e das
políttcas
de saúde, controlando qssim,os
recursos disponíveispara
quea
enfermagem possq desempenhar empleno
q suq actividade"
(Silva
2001:144). Podemos pensar que aenfermagem
"
éprtsioneira
daprópria
estruturapolítica
e
institucional dos hospitais, constrangendo as possibilidades de afirmação do seu profissionalismo, nomeadamente no estabelecimentode
uma relaçãode cuidar
mais efectiva eplena
como
doente"
(Silva2001:144). O mesmo autor, que seguimos, refere ainda
que
"
os conflitos ea
competiçdo entre profissionais devemser
vistos comoo
motor de desenvolvimento profissional,para
além de funcionarem como condições que mostram
a
necessidadede
interdependênciaentre os diversos grupos
profissionqis"
(Silva 2001:144).Continuando a descrever e a reflectir nas concepções de cuidados de enfermagem e
a sua relação com os paradigmas que influenciam a orientação para a nossa prática