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Riscos fiscais para os estados brasileiros

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Academic year: 2021

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(1)

Apresentação de Teresa Ter-Minassian no seminário

FGV-FMI sobre riscos fiscais

Rio de Janeiro, 25-26 de Abril, 2013

(2)

Roteiro da apresentação



O atual sistema brasileiro de controle do endividamento dos estados, numa

perspectiva internacional



Impacto do sistema sobre o desempenho dos estados durante a ultima década



Possíveis riscos para as finanças estaduais



Dificuldade de reembolso da dívida pelos estados altamente endividados



Espaço para novo endividamento de estados com baixa dívida



Recurso ao endividamento externo



Empresas estaduais e parcerias publico-privadas (PPPs)



Responsabilidades futuras com aposentadorias e pensões



Conclusões

(3)

O sistema brasileiro de controle do

endividamento dos estados numa

perspectiva internacional

(4)

Diferentes mecanismos de controle do

endividamento subnacional (I)



A grande maioria dos países utiliza um o mais

sistemas de controle

do endividamento subnacional, para assegurar



A coerência dos orçamentos subnacionais com a política fiscal nacional

no curto prazo



A sustentabilidade fiscal subnacional e a ausência de crises de dívida no

médio e longo prazo



Quatro tipos de controles



Autorização pelo governo nacional de operações individuais de

endividamento subnacional (controles diretos)



Acordos negociados entre os diferentes níveis de governo



Regras fiscais



Disciplina pelos mercados financeiros

(5)

Diferentes mecanismos de controle do

endividamento subnacional (II)

 Ambos os mecanismos de controle direto e de acordos negociados abrem espaço para discricionariedade e barganha politica, o que frequentemente leva a indisciplina fiscal (soft

budget constraint) e risco moral (moral hazard). Além disso, os controles diretos podem ser inconsistentes com a autonomia constitucional das entidades federativas

 As condições para eficácia da disciplina de mercado são exigentes e dificilmente cumpridas. Especialmente importantes são ausência de canais de acesso privilegiado dos

governos subnacionais ao credito, e uma longa história de não resgates (bailouts) pelo governo central. Por isso, poucos países (p.ex. o Canada e os EEUA) confiam principalmente na

disciplina de mercado

 As regras fiscais subnacionais são utilizadas por muitos países, mas não são uma panaceia. Sua eficácia depende de seu desenho, robustez de sua base legal, qualidade dos

sistemas de gestão orçamental dos governos subnacionais e a firmeza em sua aplicação. A evidencia empírica sobre eficácia das regras fiscais é inconclusiva

 A combinação de sistema de controles varia entre países, refletindo fatores econômicos,

institucionais e políticos. Não há uma receita para todos, mas em geral a combinação ótima inclui regras fiscais e medidas para fortalecer a disciplina de mercado

(6)

O sistema brasileiro: regras fiscais

 O atual sistema brasileiro inclui regras fiscais e controles diretos

 A LRF manda a fixação pelo Senado Federal de limites a relação dívida liquida/receita corrente

líquida (RCL) de todos os entes da federação. Os limites especificados na Resolução do Senado no. 43 de 2001 são de 200% para estados e 120% para municípios

 A mesma resolução estabelece outros tetos em relação as RCL para os estados:

 11,5% para o serviço da divida  16% para novo endividamento

 22%-32% para concessão de garantias  60% para a folha de pessoal

 Recurso a novo endividamento só é permitido para financiar gasto de investimento (regra de ouro) e quando sejam cumpridos os mencionados tetos

 A LRF inclui proibição de novos resgates (bailouts) entre diferentes níveis de governo

 Também inclui exigências de contabilidade padronizada e publicação oportuna de relatórios orçamentais para todos os níveis de governo, e sanções para inadimplências

(7)

O sistema brasileiro: controles diretos



Por além das regras fiscais, quase todos os estados tem que cumprir com os

contratos de refinanciamento da divida subnacional de 1997-99 (Lei 9.496)



Os contratos preveem a amortização da divida refinanciada mais juros (IGP-DI + 6 a

9%) em 20-30 anos. O serviço da divida em excesso do teto de 13-15% da receita

liquida real (RLR) é automaticamente adicionado ao estoque residual da divida a

amortizar



O pagamento do serviço da divida é garantido pelo acesso a conta única dos

governos contratantes, inclusive para sequestrar desde transferências da União até

receitas próprias de impostos



Pleitos para novo endividamento só podem ser autorizados pelo Tesouro quando o

estado tiver cumpridos com ambos os contratos e as regras antes mencionadas

(8)

Avaliação do sistema, numa

perspectiva internacional

 Elementos positivos

 Bailoutde 1997-99 reduziu risco moral ao incluir  Sólida base legal (contratos de refinanciamento)  Condicionalidade (Programas de ajuste fiscal, PAFs)

 Eficazes sanções para inadimplência (retenção de transferências e até receitas próprias)  Fortalecimento institucional através da introdução de regras fiscais, proibição de novos

resgates, e requisitos de transparência das contas publicas dos estados

 Elementos negativos

 Os tetos para ambos o estoque da dívida e o novo endividamento são fixados em níveis elevados  Também, não incluem dívidas de curto prazo e responsabilidades contingentes (por além de

garantias explícitas)

 A fórmula para determinação da taxa de juros sobre dívida refinanciada não tem relação com o

custo do refinanciamento para o Tesouro

 A diferencia entre o custo da dívida refinanciada para os estados e a taxa SELIC foi negativa

(implicando subsídios para os estados) durante a maioria do período, mas tornou-se positiva nos últimos dois anos

 O Tesouro tem importante margem de discricionariedade em aceitar mudanças no plano de

ajuste e em autorizar novo endividamento subnacional, e não publica os critérios utilizados na avaliação dos pleitos

(9)

Impacto do sistema sobre o

desempenho financeiro dos estados

na ultima década

(10)

Impacto sobre as finanças estaduais

consolidadas



Em geral, o impacto do sistema de controles da dívida subnacional adotado a

partir de 1997 foi positivo

 A combinação da necessidade de servir a dívida refinanciada e de limites a novo

endividamento tem levado os estados a gerar superávits primários durante a maioria da ultima década, complementando o ajuste fiscal da União. No entanto, os superávits

mostram tendência a baixa nos últimos anos

 A divida estadual consolidada tem baixado significativamente desde 2002 até 2011.

No entanto, o nível mais baixo atingido (perto de 10% do PIB) continua bastante alto na

comparação com outros países avançados e emergentes



A União tem permitido significativo recurso dos estados a novo endividamento desde

2009



A recrudescência da guerra fiscal e as rigidezes nas despesas correntes tem levado

o

ajuste fiscal dos estados a ser feito principalmente a custo dos investimentos, que

ficaram abaixo de 1 % do PIB na maioria da ultima década, agudizando o déficit de

(11)

Superávit primário consolidado dos

estados

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Superavit primario dos

estados em

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Divida liquida consolidada dos estados

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Divida estadual em

porcentagem do PIB

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Investimentos estaduais

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Investimentos estaduais

em porcentagem do PIB

(14)

Importantes diferenças nos desempenhos

dos estados



Além disso, o desempenho tem variado significativamente entre

estados, refletindo diferenças em, entre outros:



os desequilíbrios iniciais



as condições dos contratos de refinanciamento (principalmente a taxa

de juro aplicável)



a evolução das bases tributarias,



o uso de incentivos fiscais, e



as políticas de gasto



Consequentemente há estados (principalmente nas regiões Norte e

Nordeste) com dívidas relativamente baixas, e outros (incluídos os

estados com maior peso econômico) com dívidas altas (mas de 100%

das RCLs)

(15)

A relação dívida liquida/RCL em diferentes

grupos de estados



Grupo 1: Relação baixa(entre 1 % e 30%)



Inclui AM, AP, DF, ES, MT, PA, PB, RN, RR e TO



Grupo 2: Relação media (entre 30% e 50%)



Inclui AC, BA, CE, MA, PE, PI, RO, SC e SE



Grupo 3: Relação médio-alta (entre 50% e 100%)



Inclui GO e PR



Grupo 4: Relação alta (entre 100% e 200%)



Inclui AL, MG, MS, RJ, SP



Grupo 5: Relação superior ao limite da LRF

(16)

Principais riscos para as finanças

estaduais

(17)

Capacidade de reembolso da dívida

dos estados mais endividados



Simulações indicam

que os estados com alta relação dívida/RCL terão dificuldade

em reembolsar a União a dívida refinanciada até os próximos 15 anos, porque o

serviço necessário para tal reembolso é significativamente superior ao teto previsto na

resolução do Senado antes mencionada



Além disso, o Tesouro tem autorizado nos últimos anos novo endividamento de estados

do grupo 4 antes mencionado, inclusive oferecendo contra garantias. O serviço dessa

nova dívida vai capturar parte do espaço para serviço da dívida refinanciada



Possíveis abordagens do problema

 Aumento do teto do serviço da dívida em relação à RCL. Opção pouco realista porque

implicaria maior esforço fiscal dos estados em termos de resultado primário

 Extensão do prazo para reembolso

 Redução da taxa de juros real e mudança do indexador (IPCA em vez do IGP-DI)



Todas as opções apresentam dificuldades legais, por necessitar modificações da LRF

(que proíbe novos resgates) e/ou dos contratos de refinanciamento

(18)

Espaço para novo endividamento dos

estados com baixa dívida

 Os estados nos grupos 1 e 2 antes mencionados tem significativo espaço para novo endividamento

 O serviço da sua remanescente dívida refinanciada fica bastante abaixo do teto

 Em principio, recurso a novo endividamento pode ser autorizado pelo Tesouro ate 16% da RCL do estado, sempre que seja cumprido o teto do serviço

 Para evitar problemas futuros com a sustentabilidade da dívida desses estados e assegurar um eficaz aproveitamento da sua capacidade de novo endividamento seria importante:

 Condicionar a autorização pelo Tesouro a analises de sustentabilidade da dívida do estado, baseadas em critérios transparentes e padronizados, e incluindo os fatores de risco relevantes para o caso

 Publicar os resultados dessas analises para fortalecer a disciplina de mercado

 Evitar acesso a canais privilegiados de credito (p.ex. créditos pelos bancos federais a taxas subsidiadas) ; e  Condicionar a aprovação do endividamento também à analise de custos/benefícios dos projetos de

investimentos a ser financiados pelo novo endividamento

 Também seria desejável exigir que os estados recebam boas qualificações de credito por agencias de rating antes de acessar mercados de capitais ou credito bancário

(19)

Recurso ao endividamento externo (I)



O recurso dos estados a endividamento externo, depois de ter

baixado monotonamente desde 2002 ate 2009,

está crescendo

novamente nos últimos anos

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Divida externa dos

estados em

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Recurso ao endividamento externo (II)



Alguns estados tem utilizados recursos de crédito externo para

reembolsar parte da dívida refinanciada, aproveitando as baixas taxas

de juros internacionais e a caída dos spreads para Brasil



No entanto,

recurso a crédito externo denominado em moeda

estrangeira envolve riscos cambiais para os estados, cujos

ingressos fiscais são denominados em reais



No médio prazo, o objetivo para estados com adequada capacidade de

endividamento deveria ser a

emissão de bônus em Reais

suficientemente atrativos para ambos investidores nacionais e

estrangeiros



O Brasil pode aproveitar de experiências de outros países (p.ex. Estados

Unidos e Canada) no

desenvolvimento de mercados de capitais

(21)

Empresas Estaduais e PPPs



As empresas estaduais não parecem apresentar atualmente riscos

fiscais sistêmicos. Sua dívida consolidada tem baixado de 2,6% do PIB

em 2002 para 0,7% em 2012. No entanto, análises mais detalhadas

poderiam apontar para debilidades que necessitem correções

especificas em alguns casos



Os estados brasileiros tem feito até agora uso limitado de

PPPs. Alguns

(p.ex. MG, SP) tem adotado leis próprias em linha com boas práticas

internacionais nesta área



A lei federal de Parceria Publico-Privada limita os possíveis

riscos fiscais de tais parcerias ao permitir garantias e transferências

voluntarias federais e a autorização do Tesouro para novo

endividamento somente no caso que as despesas anuais dos contratos

vigentes nos 10 anos subsequentes não excedam 5% das RCL projetadas

para os respectivos exercícios

(22)

Responsabilidades futuras com

aposentadorias e pensões (I)



Todos os estados mantém

sistemas de previdência próprios (RPPS) em regime de

repartição simples; 16 deles tem começado transição para regime de capitalização para

novos servidores (a chamada segregação da massa dos servidores)



Durante a transição coexistem fundos financeiros (em regime repartição) e fundos

previdenciários (capitalização)



Alguns dados sobre a

situação financeira consolidada dos RPPS estaduais em 2011

(últimos dados disponíveis):

 3 milhões de servidores vinculados

 1,9 milhões de aposentados e pensionistas

 Aumentos de 15,9% em aposentados e 9,6% em pensionistas entre 2009 e 2011

 Receitas previdenciárias: R$ 34,8 bilhões (com aumento de 20% com respeito a 2009)  Despesas previdenciárias: R$ 70,1 bilhões (aumento de 31%)

 Importante déficit previdenciário, R$ 35,3 bilhões (0,9% do PIB), coberto com receitas de

(23)

Responsabilidades futuras com

aposentadorias e pensões (II)



Uma analise (liderada por M. Caetano) do IPEA, com base nos Demonstrativos de

Resultado da Avaliação Atuarial (DRAA) submetidos pelos estados ao Ministério da

Previdência Social (MPS), indica que

os balanços atuariais dos RPPS estaduais

variam muito entre estados, dependendo de vários fatores, notadamente:

 A segregação ou não da massa dos servidores  A relação servidores/aposentados e pensionistas

 O atual nível das alíquotas de contribuições do estado (que variam entre 10% e 28%) e dos

servidores (entre 10% e 14%)



Os desequilíbrios atuariais estimados para os estados que não segregaram a massa e só

mantém fundos financeiros

requererão no futuro significativos aumentos de

alíquotas, cortes de benefícios, e/o maiores aportes dos Tesouros estaduais



Os estados que já segregaram a massa terão crescentes déficits em seus fundos

financeiros no médio prazo, mas na maioria projetam equilíbrio nos fundos

previdenciários. Estas projeções são vulneráveis a vários riscos macroeconômicos,

incluindo rendimentos mais baixos que esperado das aplicações financeiras dos fundos

previdenciários

(24)

Breves conclusões

 O sistema de controle do endividamento estadual no Brasil inclui regras fiscais e controles diretos

 Os limites determinados pelas regras parecem demasiado elevados para assegurar a sustentabilidade da dívida

estadual no médio a longo prazo. A geração de superávits primários reflete principalmente o serviço da dívida com a União refinanciada em 1998-99

 O nível da dívida permanece alto nos estados mais grandes, e parece difícil assegurar seu reembolso nos próximos

15 anos, como previsto pelos contratos de refinanciamento

 Por outro lado, o acesso a novo endividamento pelos estados com baixa relação divida/RCL é limitado

principalmente por decisões do Tesouro, com base em critérios não transparentes. Isto cria risco de “soft budget

constraint

 O acesso deveria ser condicionado a cuidadosas e transparentes análises de sustentabilidade da dívida de cada estado e dos custos/benefícios dos investimentos a financiar

 Para moderar o risco cambial, é preciso evitar aumento significativo da dívida externa dos estados

 A grande maioria dos estados apresenta déficits atuariais em seus RPPS, o que aponta para a necessidade de

(25)

Referências

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