• Nenhum resultado encontrado

VIOLÊNCIA ESCOLAR EM BELO HORIZONTE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "VIOLÊNCIA ESCOLAR EM BELO HORIZONTE"

Copied!
26
0
0

Texto

(1)

Nivia Rodrigues Alves e Silva

VIOLÊNCIA ESCOLAR EM BELO HORIZONTE

(2)

2010

Nivia Rodrigues Alves e Silva

VIOLÊNCIA ESCOLAR EM BELO HORIZONTE

Trabalho de conclusão de curso apresentado junto ao Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, como requisito parcial para obtenção do titulo de licenciado no curso de Ciências Biológicas, sob a orientação do professor Valdemir Silva.

(3)

2010

Nivia Rodrigues Alves e Silva

VIOLÊNCIA ESCOLAR EM BELO HORIZONTE

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do grau de licenciado em Ciências Biológicas, aprovado pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix de Belo Horizonte em Julho de 2010 em banca examinadora constituída pelos professores:

_________________________________________ Prof. Ms. Valdemir Silva– Orientador

(4)

Resumo:

A violência escolar é um fenômeno que vem crescendo assustadoramente no mundo e no Brasil e se tornando uma das principais preocupações da sociedade, assim este trabalho tem como objetivo estudar, compreender e refletir os significados da violência nas escolas de Belo Horizonte, as suas formas, os fatores que levam à sua prática, as consequências e implicações no desempenho escolar dos educandos e ainda descrever os principais projetos desenvolvidos pelos órgãos governamentais através de revisão bibliográfica. A violência nas escolas se delineia como uma problemática que chama atenção levando-se em conta o que tem sido exposto pela mídia e pela crescente produção acadêmica sobre o tema, fato que leva a importância deste trabalho. No cotidiano escolar a violência se apresenta de diferentes formas e é um fator determinante no aprendizado do aluno que às vezes deixa de freqüentar a escola por estar sofrendo ou ter sofrido algum tipo de agressão, repercutindo assim sobre a aprendizagem e a qualidade do ensino, pois para um processo ensino-aprendizagem favorável é necessário um bom clima tanto para os alunos quanto para os professores. Para a prevenção e erradicação da violência na escola é necessário a integração da mesma com a comunidade, envolvendo-os no cultivo da cultura da paz procurando resolver os conflitos em suas fontes através do diálogo, da negociação e da mediação.

(5)

SUMÁRIO:

1. INTRODUÇÃO ... 06

2. VIOLÊNCIA ESCOLAR ... 09

3. TIPOS DE VIOLÊNCIA ... 11

3.1 Alguns dados sobre Violência Escolar em Belo Horizonte ...12

4. OS FATORES QUE LEVAM OS JOVENS A PRATICAR ATOS VIOLENTOS ... 13

5. CONSEQUENCIA DA VIOLÊNCIA ESCOLAR ... 15

6. CAMINHOS QUE LEVAM AO COMBATE À VIOLENCIA ESCOLAR ... 16

7. PROJETOS DESENVOLVIDOS PELO GOVERNO DE MINAS GERAIS E PREFEITURA MUNICIPAL NO COMBATE A VIOLENCIA NAS ESCOLAS DE BELO HORIZONTE ...19

8. CONCLUSÃO ... 21

(6)

1. Introdução:

Se, como pesquisador envolvido na questão da educação, tivesse que propor uma definição da violência, proporia a seguinte: “Violência” é o nome que se dá a um ato, uma palavra, uma situação, etc., em que um ser humano é tratado como um objeto, sendo negados seus direitos e sua dignidade de ser humano, de membro de uma sociedade, de sujeito insubstituível. Assim definida, a violência é o exato contrário da educação, que ajuda a advir o ser humano, o membro da sociedade, o sujeito singular. Essa definição não diz “a verdade” do conceito de violência, que não pode deixar de ser relativo. Ela propõe uma postura ética, aquela postura que condiz com o engajamento pela educação.

(Bernard Charlot, 2006)

A violência é um fenômeno social que vem crescendo assustadoramente no mundo de forma geral e no Brasil passando a fazer parte do nosso cotidiano. Sua presença tem sido constante em todos os espaços da sociedade brasileira, principalmente nas escolas, que eram antes considerados um local seguro e hoje se tem transformado em palco para a sua prática, sendo seus protagonistas alunos e professores. (SPOSITO, 2001, p.100).

Vivenciamos em nossa sociedade muitas mudanças, como: sociais, políticas, tecnológicas e culturais, que frequentemente desafiam as instituições educacionais, pois esta realidade necessita de muitos esforços, dedicação e desprendimento para ser revertida. Atualmente tem sido perceptível que valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito tolerância entre outros, são poucos estimulados nos espaços de convivência social, como na família, na escola, no trabalho e em locais de lazer e a ausência destes valores dão margem à individualidade, a brutalidade, a intolerância a insensibilidade com o sofrimento e conseqüentemente o aumento da violência inclusive na escola. Assim, professores, pais e estudantes têm sentido que a escola não consegue transformar o que está sendo vivenciado no cotidiano (REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA nº 230).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) descrevem um aumento progressivo da violência nas instituições escolares em níveis globais e associam tal fenômeno à globalização e à exclusão social.

A violência escolar no Brasil tornou-se um estado social grave, e essa conjuntura tem reflexos terríveis no trabalho, sendo uma fonte importante de estresse nas escolas (GASPARINI, 2006, p.189). Há alguns anos, esta situação tem se agravado sem que políticas educacionais

(7)

eficazes sejam conseqüentes à transformação desta realidade, até porque existem para mantê-la. A realidade é que professores adoecem, estudantes sofrem pressões de todos os lados e escapam como podem, respondem com mais violência quando ameaçados, não vêem formas de superação, muitos diretores desanimam diante de tantos problemas e os pais não sabem mais o que fazer e a quem recorrer.

A violência nas escolas se delineia como uma problemática que chama atenção levando-se em conta o que tem sido exposto pela mídia e pela crescente produção acadêmica sobre o tema. Os extensos trabalhos desenvolvidos por Abramovay (2002) ou por Leite (2002) são apenas duas das muitas pesquisas desenvolvidas no país que expõe o perfil da violência e suas conseqüências no cotidiano escolar. Cada vez mais repercute a idéia de que as escolas estão se tornando territórios de agressões e conflitos, intensificando a percepção de que esses deixaram de ser um território protegido (BERNARDINI, 2008, p. 22).

Historicamente, a violência escolar não é um fenômeno novo. Na França, por exemplo, nas décadas de 1950 e 1960, há registros de atitudes violentas entre alunos de escolas profissionais, assim como existem relatos do século XIX sobre explosões de violência em escolas de nível secundário. Também nos Estados Unidos, desde os anos 1950, esse fenômeno é uma preocupação constante da sociedade, tendo sido realizada, por determinação do Congresso norte-americano na década de 1970, uma pesquisa sobre a ocorrência de crimes nas escolas e os fatores a ela associados (SANTOS, 2001, p.107).

Em Minas Gerais, especificamente na região metropolitana, não existem estudos que delimitam as causas e conseqüências da violência escolar, ocorre é que algumas instituições tentam isoladamente mudar a realidade da região em que estão inseridas, mas muitas vezes sem sucesso, pois necessitam do envolvimento de toda comunidade e inclusive do poder publico.

Diante de um ambiente conturbado e vulnerável, a escola perde suas características e funções essenciais de educação, socialização, promoção da cidadania e do desenvolvimento pessoal.

Devido ao grande número da violência escolar vivenciado por professores e alunos que tem ocorrido e que tem sido noticiado pela mídia, deve-se à importância deste projeto, pois a compreensão da violência no contexto e no cotidiano escolar exige de todos os envolvidos um aparelhamento teórico conectado com a sociedade contemporânea e seus desdobramentos sociais e históricos.

(8)

O presente trabalho tem como objetivo estudar, compreender e refletir os significados da violência nas escolas do município de Belo Horizonte, as suas várias formas de violência no cotidiano escolar, os fatores que levam os adolescentes e jovens a praticarem atos de violência no interior e exterior da escola, as consequências e implicações da violência no desempenho escolar do educando e nas práticas pedagógicas da escola, como os profissionais de educação se portam diante dessa questão e os projetos desenvolvidos pelos órgãos governamentais no combate a Violência nas Escolas, através da leitura e análise de livros, artigos científicos e teses; leitura de dados de pesquisas realizadas por instituições governamentais.

(9)

2. Violência Escolar

A violência é hoje uma das principais preocupações da sociedade. Ela atinge a vida e a integridade física das pessoas. É um produto de modelos de desenvolvimento que tem suas raízes na história (PERALVA, 2000, p.179,180).

A definição de violência se faz necessária para uma maior compreensão da violência escolar. Ela é uma transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade. É o atentado direto, físico contra a pessoa cuja vida, saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de outros (MONTEIRO, 2002, p.73).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis”. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque a dor é um conceito muito difícil de ser definido. Na comunidade internacional de direitos humanos, a violência é compreendida como todas as violações dos direitos civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto); políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e salário) e culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura).

Marilena Chauí (1999, p.3) define a violência de forma multifacetada: tudo o que age usando a força para ir contra a natureza de algum ser (é desnaturar); todo ato de força contra a espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém (é coagir, constranger, torturar, brutalizar); todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade (é violar); todo ato de transgressão contra o que alguém ou uma sociedade define como justo e como um direito. Violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação, pelo medo e o terror. A violência se opõe à ética porque trata seres racionais e sensíveis, dotados de linguagem e de liberdade, como se fossem coisas, isto é, irracionais, insensíveis, mudos e inertes ou passivos.

Charlot e Émin (1997, p. 20) referem-se à dificuldade em definir violência escolar, não somente porque esta remete aos fenômenos heterogêneos, difíceis de delimitar e ordenar, mas, também, porque ela desestrutura representações sociais que têm valor fundador, por exemplo, a

(10)

idéia de infância (associada à idéia de inocência) e a de escola (compreendida como refúgio de paz).

O fator que dificulta a apreensão e a análise da violência em particular da violência escolar é o fato de que não existe consenso sobre o significado de violência. O que é caracterizado como violência varia em função do estabelecimento escolar, do status de quem fala (professores, diretores, alunos, etc), da idade e, provavelmente, do sexo. (Charlot 1997, p. 20) amplia o conceito de violência escolar, classificando-a em três níveis: Violência: golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismos; Incivilidades: humilhações, palavras grosseiras, faltas de respeito; Violência simbólica ou institucional: compreendida como a falta de sentido de permanecer na escola por tantos anos; o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses; as imposições de uma sociedade que não sabe acolher os seus jovens no mercado de trabalho; a violência das relações de poder entre professores e alunos. Também o é a negação da identidade e da satisfação profissional aos professores, a obrigação de suportar o absenteísmo e a indiferença dos alunos.

Segundo Debarbieux (1996, p. 42) quando se estuda violência escolar, deve-se considerar: os crimes e delitos tais como furtos, roubos, assaltos, extorsões, tráfico e consumo de drogas etc., conforme qualificados pelo Código Penal; as incivilidades, sobretudo, conforme definidas pelos atores sociais; sentimento de insegurança ou, o que aqui denominamos sentimento de violência resultante dos dois componentes precedentes, mas, também, oriundo de um sentimento mais geral nos diversos meios sociais de referência.

Por isso, em diversas partes no mundo e no Brasil, pesquisadores têm procurado refinar o conceito de violência considerando a população alvo, os jovens e o lugar da escola como instituição. Nesse sentido, a literatura nacional contempla não apenas a violência física, mas acentuam a ética, a política e a preocupação em dar visibilidade a violências simbólicas. Por exemplo, Sposito, encontra nexo entre a violência e a quebra de diálogo, da capacidade de negociação que, de alguma forma, é a matéria-prima do conhecimento/ educação. Assim, para Sposito (1998, p. 60), violência é todo ato que implica a ruptura de um nexo social pelo uso da força. Nega-se, assim, a possibilidade da relação social que se instala pela comunicação, pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito.

Os termos para indicar a violência também variam de um país para outro. Nos Estados Unidos, diversas pesquisas recorrem ao termo delinqüência juvenil. Na Inglaterra, alguns autores

(11)

defendem que o termo violência na escola só deve ser empregado no caso de conflito entre estudantes e professores ou em relação a atividades que causem suspensão, atos disciplinares e prisão (ABRAMOVAY, 2002, p. 33) .

Também é importante atentar para a mudança do tipo de violência que ocorre nas escolas, tendência que vem sendo observada no Brasil e em outros países. No caso do Brasil, Codo e Vasques-Menezes (2001, p. 37 a 47) observam, nas brigas, uma tendência de se passar das palavras e punhos para as armas, especialmente as de fogo, o que provocaria o aumento dos casos com desfecho fatal.

Apesar das diferenças entre países e de conceituação, reforça-se a existência de um consenso quanto ao fato de que não só a violência física merece atenção, pois outros tipos de violência podem ser traumáticos e graves dentro das escolas.

3. Tipos de Violência

A violência que as crianças e os adolescentes exercem, é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles. “A criança reflete na escola as frustrações do seu dia-a-dia” (COLOMBIER, 1989, p.35).

Bernard Charlot (1997, p. 471) classificou a violência escolar em três níveis: a violência – golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo; incivilidades – humilhações, palavras grosseiras, faltas de respeito; violência simbólica ou institucional – falta de sentido em permanecer na escola por tantos anos; o ensino como um desprazer, que obriga o jovem a aprender matérias e conteúdos alheios aos seus interesses; as imposições de uma sociedade que não sabe acolher os seus jovens no mercado de trabalho; a violência das relações de poder entre professores e alunos; a negação da identidade e satisfação profissional aos professores, a sua obrigação de suportar o absenteísmo e a indiferença dos alunos. Para Charlot, se a agressão física ou a pressão psicológica aparecem mais espetacularmente, são as “incivilidades” que representam a principal ameaça para o sistema escolar. Porém, outros autores, como Dupâquier (1999, p.149), alertam para a necessidade de uma preocupação com os vários tipos de violência na escola, tanto pelo princípio dos direitos humanos, pelo lado das vítimas, como também por sua expressão e por seu crescimento. Haveria de se indignar socialmente com o sentido da violência para as vítimas, para as instituições que a sofrem e para a democracia. De fato, como adverte Hanke ( JOURNAL OF CRIMINAL JUSTICE, págs 207-226), não basta focalizar atos considerados criminosos e

(12)

extremos, pois isso não colaboraria para melhor entender a natureza, a extensão e as associações entre violências e vitimização. Budd (1999 apud Hayden e. Blaya, 2001) argumenta que não é só a violência física é a merecedora de atenção, já que outros tipos podem ser traumáticos e graves, ambos recomendam escutar as vítimas e a comunidade acadêmica, para construir noções sobre a violência mais afins às realidades experimentadas e os sentidos percebidos pelos indivíduos.

Charlot, Lopes Neto, Saavedra e Fante (REVISTA PERSPECTIVA, pgs 17 à 34) citam que de todos os tipos de violências praticadas por jovens, os mais registrados em pesquisas são: violência física (caracterizada pelo uso da força, ou por atos visíveis praticados entre alunos, os membros da escola e por integrantes da comunidade aos alunos portando facas e revólveres); violência verbal (atos agressivos expostos visivelmente nas situações de opressão, humilhação, xingamentos, palavras de baixo calão, entre os próprios alunos dentro e fora das escolas); a violência simbólica (atitudes praticadas por alunos ou por membros da escola, na forma de conduta discriminatória do outro) e o Bullying (manifestados por ofensas verbais, apelidos ofensivos e depreciativos, humilhações, exclusão e discriminação).

Abramovay (2002, p. 67) cita que a violência na escola associa-se a três dimensões sócio organizacionais distintas. Em primeiro lugar, à degradação no meio ambiente escolar, isto é, à grande dificuldade de gestão das escolas, resultando em estruturas deficientes. Em segundo, a uma violência que se origina de fora para dentro das escolas, por intermédio da penetração das gangues, do tráfico de drogas e da visibilidade crescente da exclusão social na comunidade escolar. Em terceiro, relaciona-se a um componente interno, específico de cada estabelecimento. Há escolas que historicamente têm-se mostrado violentas e outras que passam por situações de violência. É possível observar a presença de escolas seguras em bairros ou áreas reconhecidamente violentas, e vice – versa, sugerindo que não há determinismo nem fatalidades, mesmo em períodos e áreas caracterizadas por exclusões, o que garante que ações ou reações localizadas sejam possíveis. Demonstra que a segurança tem um papel importante e que não decorre de determinismo, nem fatalidades, mas ações desenvolvidas no próprio ambiente escolar.

Segundo Peralva (1997 p. 20 apud Lucinda, 1999, p. 32) as formas de violência são construções culturais que reproduzem relações de força em torno de duas lógicas complementares: de um lado, encenação ritual e lúdica de uma violência verbal e física; de outro, engajamento pessoal em relações de força, vazias de qualquer conteúdo preciso, exceto o de

(13)

fundar uma percepção do mundo justamente em termos de relações de força. Nos dois casos, o que está em jogo é a construção e a auto – reprodução de uma cultura da violência.

As idéias acima demonstram que existem diferentes formas de violência presentes no cotidiano das escolas, ressaltando-se, as agressões e ameaças a professores, feitas por alunos, as verbais, físicas ou psicológicas, sofridas por parte de profissionais que atuam nas escolas.

3.1 Alguns dados sobre a violência escolar em Belo Horizonte

Atualmente pesquisadores do CRISP - Centro de Estudos da Criminalidade e Segurança Pública/UFMG estão traçando o perfil da violência e suas conseqüências no cotidiano das escolas de Belo Horizonte, eles afirmam que entre alunos entrevistados em 50 escolas de Belo Horizonte 36,9% já foram assaltados pelo menos uma vez dentro do estabelecimento de ensino e as formas mais comuns de manifestação da violência escolar são: 27,8% dos alunos disseram ter visto, ao menos uma vez, pessoas armadas dentro da escola. 67,5% já viram ou ouviram falar de pessoas quebrando janelas, fazendo arruaças, bem como tendo outros comportamentos de desordem dentro da escola. 89,6% já viram ou ouviram falar de desentendimentos entre pessoas dentro da escola, envolvendo ofensas, xingamentos etc. 51,9% já viram ou ouviram falar de pessoas consumindo drogas na escola. 36,2% dos alunos já viram ou ouviram falar de pessoas vendendo drogas na escola. 52,6% já viram ou ouviram falar de criminosos ou bandidos na escola. 47% já viram ou ouviram falar de outros alunos sendo assaltados na escola. 59,4% já viram ou ouviram falar de outros alunos sendo furtados na escola. 24% dos alunos disseram ser a região de sua escola violenta e 62,7% apontaram a opção “minha escola é um pouco violenta”. 15,8% já foram roubados em sua escola ao menos uma vez. 36,9% já foram furtados na escola ao menos uma vez. 18,3% já foram agredidos fisicamente na escola ao menos uma vez. 10,4% dos entrevistados já deixaram de ir à aula ao menos uma vez por medo de ser agredido.

A grande maioria dos alunos, ou seja, 71% dos entrevistados afirmaram terem sido vítimas da violência em suas escolas, sendo 15,8% de roubos, 36,9% de furtos e 18,3% de agressões físicas. Isto se refletiu na atitude de 10,4% dos alunos que afirmaram já ter deixado de comparecer à escola por medo de ser agredido.

4. Os fatores que levam os jovens a praticar atos violentos

A desigualdade social é um dos fatores que levam um jovem a cometer atos violentos. A situação de carência absoluta de condições básicas de sobrevivência tende a embrutecer os

(14)

indivíduos, assim, a pobreza seria geradora de personalidades desruptivas, como descrito por Abramovay (1999, p.73) A partir do fato de estar numa posição secundária na sociedade e de

possuir menos possibilidades de trabalho, estudo e consumo, porque além de serem pobres se sentem maltratados, vistos como diferentes e inferiores. Por essa razão, as percepções que têm sobre os jovens endinheirados são muito violentas e repletas de ódio” é uma forma de castigar à sociedade que não lhe dá oportunidades.

A influência de grupos de referência de valores, crenças e formas de comportamento seria também uma motivação. O motivo pelo qual os jovens aderem às gangues é à busca de respostas para suas necessidades humanas básicas, como o sentimento de pertencimento, uma maior identidade, auto-estima e proteção, e a gangue parece ser uma solução para os seus problemas em curto prazo (ABRAMOVAY, 1999, p. 73), assim, o infrator se sente protegido por um grupo no qual tem confiança. Valores como solidariedade, humildade, companheirismo, respeito, tolerância são pouco estimulados nas práticas de convivência social, quer seja na família, na escola, no trabalho ou em locais de lazer. A inexistência dessas práticas dá lugar ao individualismo, à lei do mais forte, à necessidade de se levar vantagem em tudo, e daí a brutalidade e a intolerância, (MONTEIRO, 2003, apud ABRAMOVAY, 2003 p.337) a influência das gangues que se aliam ao fracasso da família e da escola. A educação tolerante e permissiva não leva a ética na família. Os pais educam seus filhos e estes crescem achando que podem tudo. É dentro das gangues ou das quadrilhas como se refere Alba Zaluar que os jovens provam sua audácia, desafiam o medo da morte e da prisão. Em conseqüência disso, a autoridade dos responsáveis pela ordem na escola torna-se mais frágil. As direções dos estabelecimentos de ensino receiam tomar atitudes para combater as gangues e os traficantes no ambiente escolar. Evitam punir para não sofrer maiores danos. As gangues interferem na vida da escola de várias formas: ameaças a alunos, demarcação de territórios onde uns podem entrar e outros não, atos de vingança, clima de tensão etc.

A violência no contexto escolar também pode ser desencadeada pelos estereótipos dos adultos em relação ao jovem e ao adolescente e pelos preconceitos, discriminações e estigmas

que, embora sejam de origem social, adentram o espaço escolar (SALLES, 1998, p. 21).

De ordem estrutural com deficiência quantitativa e qualitativa de materiais e equipamentos desportivos e de multimeios. Salas de aulas cada vez mais cheias, independentemente da sua capacidade de lotação. Falta de equipamentos para o trabalho de

(15)

inspetores, vigilantes e porteiros. Exercício de gestões autoritárias, normas e disciplinas, nem sempre compreendidas e aceitas pelos alunos/funcionários, a proibição da permanência de alunos nos corredores, quando estiverem sem aulas. Falta de vagas para novas matrículas (REVISTA

EDUCAÇÃO, N. 30).

Fatores de conflitos relacionados ao processo de convivência e disciplina na escola como desconhecimento dos direitos e deveres da criança e do adolescente e dos direitos na/da escola; distanciamento da família e da comunidade em relação à escola e desta em relação à comunidade; exercício de gestões autoritárias; atitudes de intolerância diante das diferenças (REVISTA

EDUCAÇÃO, N. 30).

A atuação docente inadequada em sala "Embora os professores anseiem por uma solução, acham-se perdidos por não poder agir com a rigidez de antigamente, que permitia até alguns castigos físicos". A autoridade do professor perante a classe só é conquistada quando ele domina o conteúdo e sabe lançar mão de estratégias eficientes para ensiná-los. Se não, como bem descreve o psicólogo austríaco Alfred Adler, a Educação se reduz ao ato de o aluno transcrever o que está no caderno do professor sem que nada passe pela cabeça de ambos (NOVA ESCOLA, Nº 226, pgs 78 à 87).

5. Conseqüência da violência escolar

As situações de violência comprometem o que deveria ser a identidade da escola. Lugar de sociabilidade positiva, de aprendizagem de valores éticos e de formação de espíritos críticos, pautados no diálogo, no reconhecimento da diversidade e na herança civilizatória do conhecimento acumulado. Essas situações repercutem sobre a aprendizagem e a qualidade de ensino tanto para alunos quanto para professores, pois, prejudica o clima indispensável à realização do processo ensino-aprendizagem; afastam alunos e professores dos projetos extraclasse; tomam muito tempo útil da direção e dos professores; danificam o material didático, prejudicando o desenvolvimento das aulas e dos projetos; consomem verbas que poderiam ter melhor aplicação e que acabam sendo gastas em consertos do patrimônio escolar ou recompras de material pedagógico (ABRAMOVAY, 2003, p. 65).

As violências no ambiente escolar para as vítimas são muito profundas, fazem com que não consigam se concentrar nos estudos, ansiedade, insegurança, queda na auto-estima, desinteresse, desmotivação, reação de autodefesa, apatia, agressividade, dificuldade de

(16)

relacionamento o qual faz desencadear uma situação de fracasso escolar. Por parte do corpo técnico/docente pode causar o estresse, medo, ansiedade, angústia, insegurança, desmotivação, sentimento de impotência, o ambiente da escola fica pesado, a qualidade das aulas piora; os professores preferem transferir-se para ambientes escolares mais seguros, ocasionando, portanto, uma defasagem de professores em escolas onde ocorrem mais violências (ABRAMOVAY, 2003, p. 65).

Quanto aos efeitos da violência sobre os próprios agressores, alguns estudos da UDEMO (Sindicato Especializado Educação Magistério Oficial pesquisa feita no Estado de São Paulo no ano de 2001) indicam que estes podem encontrar-se “às portas das condutas criminais”. Também os espectadores, a massa silenciosa de companheiros que, de um modo ou de outro, sentem-se amedrontados pela violência que testemunham, são afetados, podendo provocar certa sensação de que nenhum esforço vale a pena na construção de relações positivas. Para o agressor, dificulta a convivência com as demais crianças, e o faz agir de forma autoritária e violenta, chegando em muitos casos a converter-se em um delinqüente. Normalmente, o agressor se comporta de uma forma irritada, impulsiva e intolerante. Não sabem perder, necessitam impor-se através do poder, da força e ameaça, metem-se em discussões, pegam o material do seu colega sem o seu consentimento, e exteriorizam constantemente uma autoridade exagerada.

Para Abramovay (2003, p. 65), o ambiente escolar acaba sendo muito ruim, explica, porque as questões relacionadas à violência não são discutidas. Como exemplo "Quando existe um furto se chama a Polícia, mas o caso em si não é discutido. Ou não acontece nada, ou todo mundo finge que isso é comum, porque a escola ainda não sabe lidar com estas questões". De acordo com ela, os alunos chegam a achar normal os pequenos furtos de lapiseiras, canetas e cadernos e valores em dinheiro no ambiente escolar. “Os alunos que não possuem o material vão lá e tomam do outro", diz, lembrando que também está sendo recorrente furto de objetos mais valioso, como celulares e materiais do patrimônio das instituições públicas. "Eu acredito que a escola deve repensar sua forma de ser, abrir diálogos entre professores e alunos, e também maior contato com os pais. Penso que fazendo isso, ela pode começar a ter um melhor clima".

6. Caminhos que levam ao combate à violência escolar

De acordo com Abramovay (2003, p. 68), as medidas contra as violências nas escolas partem de três premissas gerais: realizar diagnósticos e pesquisas para conhecer o fenômeno em

(17)

sua concretude, legitimação pelos atores/sujeitos envolvidos (o que pressupõe a participação da comunidade escolar) e fazer um monitoramento permanente das ações nas escolas.

Tem-se, também, como premissa que, cada vez mais, a prevenção e erradicação das violências nas escolas exigem relacionar conhecimento sensível, ético, valorização do jovem, criação de um clima agradável e participativo, com conhecimento especializado e transdisciplinar, bem como análises sobre segurança pública, segurança escolar (ABRAMOVAY, 2003, p. 68). Deve-se assumir a importância da construção de uma Cultura de Paz, uma cultura baseada na tolerância, solidariedade e compartilhamento em base cotidiana, uma cultura que respeita todos os direitos individuais, o princípio de pluralismo, que assegura e sustenta a liberdade de opinião e que se empenha em prevenir conflitos resolvendo-os em suas fontes, que englobam novas ameaças não-militares para a segurança, como exclusão, pobreza extrema e degradação ambiental. A cultura de paz procura resolver os problemas através do diálogo, da negociação e da mediação, de forma a tornar a guerra e a violência inviáveis. A escola pode ser um local privilegiado de combate à violência, mas, para isso, necessita de profissionais respeitados, com conhecimento de pedagogia, cabendo ao poder público investir na formação e reciclagem destes profissionais, como, também, adotar estratégias para fazer prevalecer o direito e os deveres do professor.

No Brasil, o programa Abrindo Espaços: Educação e Cultura para a Paz, criado pela UNESCO, é o resultado de várias pesquisas sobre violências envolvendo os jovens no Brasil, quer como vítimas, quer como agentes diretos. Um exemplo desse trabalho é o Projeto Escola de Paz, iniciativa conjunta da UNESCO e do Estado do Rio de Janeiro, em que 250 escolas públicas abrem suas portas aos fins de semana, aproveitando os talentos e a produção cultural da própria comunidade em áreas de maior vulnerabilidade social. Esse mesmo projeto está sendo realizado em outros Estados do Brasil: na Bahia, com o nome de Abrindo Espaços: Educação e Cultura para Paz; no Mato Grosso, Abrindo Espaços, e em Pernambuco e Minas Gerais com o nome de Escola Aberta. (CADERNOS DE PESQUISA, 2002, nº 115).

Na cidade de Belo Horizonte que é marcada por altos índices de violência em meio escolar, tem acontecido uma série de iniciativas para combatê-la advindas de diferentes atores sociais. As ações desencadeadas desde 1998 pela polícia não foram restritivas, ou seja, não se limitavam a cumprir um policiamento ostensivo. Foi com a polícia que se estabeleceram convênios com a Universidade Federal de Minas Gerais/Departamento de Sociologia e Faculdade

(18)

de Educação e a Fundação João Pinheiro. Por esses acordos e convênios, a polícia militar tem conseguido produzir pesquisas e promover a capacitação de seus efetivos, no sentido da prevenção a violência escolar, por meio de curso de pós-graduação e de especialização (GONÇALVES, apud CADERNO DE PESQUISA, 2002, p. 133).

Como em outros municípios, as iniciativas têm recaído na abertura da escola, sobretudo para jovens moradores do bairro, que não freqüentam regularmente o ensino formal. Algumas experiências têm mostrado que a situação de agressão e violência pode melhorar, mesmo naqueles estabelecimentos situados em áreas marcadas pela ação do crime organizado e do tráfico de drogas (GONÇALVES, apud CADERNO DE PESQUISA, 2002, p. 133).

Embora não seja ainda uma postura universal, há, da parte da maioria do corpo docente da rede municipal, um engajamento no combate à violência. Isto se explica, talvez, pelo fato de haver, nessas ações, um amplo espectro de parceiros. Além da Polícia Militar, envolvem-se, nessas práticas: organizações não governamentais de defesa aos direitos da criança e do adolescente (GONÇALVES, apud CADERNO DE PESQUISA, 2002, p. 133).

A parceria da Secretaria de Educação com a Secretaria de Cultura e a do Desenvolvimento Social tem dado suporte às ações empreendidas pelas escolas. Em vários bairros em que se registram altos índices de delinqüência juvenil têm sido desenvolvidos, por meio dessas secretarias, projetos culturais na área da música, teatros e dança (GONÇALVES, apud CADERNO DE PESQUISA, 2002, p. 133). Entretanto, tais projetos se destacam justamente nos bairros em que já existe forte movimento de organização dos jovens, principalmente em torno da música, do grafite e de expressões da cultura negra.

Adotando posturas centradas na Pedagogia de Projetos, algumas escolas vêm conseguindo, com certo sucesso, pacificar o meio escolar. Diante de uma situação de absoluta carência de equipamentos e recursos públicos de cultura, lazer e esporte para os segmentos juvenis de escolas situadas em bairros pobres, as iniciativas de abertura da escola são sempre bem recebidas (CADERNO DE PESQUISA, 2002, p. 135).

Outro elemento que tem orientado o nascimento das políticas públicas é o conjunto de percepções que mobiliza educadores a inscrever suas escolas ou mobilizarem seus alunos para participar de projetos de redução da violência. Esses educadores podem estar movidos por uma sensibilidade ao conjunto não desprezível de dificuldades que os jovens e adolescentes enfrentam na sua experiência de vida. Mas podem também estar influenciados por uma idéia bastante

(19)

recorrente no debate público: aquele que vê o jovem e o adolescente como “problema social” e, como tal, devem ser alvos de ações reparadoras por parte do mundo adulto. Como afirma Abramo (1997, p. 32), ao ser trazida como questão pública à crise que afeta os jovens seria fruto de uma situação anômica, da falência das instituições de socialização, da profunda cisão entre integrados e excluídos, de uma cultura que estimula o hedonismo e leva a um extremo individualismo; os jovens aparecem como vítimas e promotores de uma “dissolução do social”. O pânico, aqui, se estrutura em torno da própria possibilidade de uma coesão social qualquer. (ABRAMO, 1997, p. 32).

No quadro mais comum dessas percepções estar-se-ia buscando um conjunto de práticas preventivas que supostamente colaborariam para afastar esses jovens dos caminhos da delinqüência e da criminalidade. Ocorre, assim, uma espécie de deslocamento diante das principais questões estabelecidas no alvorecer da transição democrática. Se as orientações das administrações oscilavam entre o reconhecimento de práticas autoritárias na vida escolar e da sua fraca capacidade de interagir com o conflito posto entre o mundo adulto e o universo dos alunos, propondo para isso, mecanismos facilitadores de uma maior participação de alunos e pais, o discurso atual incide sobre a população jovem, possíveis protagonistas do crime e, portanto, alvo de ações preventivas.

Não obstante esse conjunto de dificuldades é possível considerar a hipótese de que, o tema da violência em meio escolar não pode mais passar despercebido pelos formuladores das políticas, sobretudo no nível municipal e estadual, e talvez estejam dadas as condições, pelo acúmulo de experiências, para o delineamento de ações integradas que de fato configurem políticas públicas de cunho democrático. (CADERNOS DE PESQUISA, 2002, p.135/136).

7. Projetos desenvolvidos pelo Governo de Minas e Prefeitura Municipal no combate à Violência nas Escolas de Belo Horizonte:

Onde os índices de violência escolar são altos, o Governo de Minas tem tomado algumas iniciativas, ações que consistem em: abertura das escolas nos finais de semana; capacitação docente; reestruturação dos currículos, mais voltados para o atendimento de aspirações da comunidade; intensificação do processo de escolarização pelo acréscimo de um ano ao Ensino Fundamental, jornada de período integral, e atendimento psicopedagógico aos alunos. Verifica-se

(20)

diferença significativa nos índices de violência registrados após a intervenção (CORREA, 2007, p. 41).

Escola Aberta - Lazer, esporte, formação e cultura para a comunidade dentro da escola. Considerado modelo para o país pelo Ministério da Educação, o programa mantém 120 escolas abertas nos finais de semana, recebendo cerca de 58 mil pessoas (todo mês) para diversas atividades, além de integrar a “Rede pela Paz”, ação permanente de prevenção.

Projeto Rede Pela Paz - Iniciado em outubro/ 2004, com sete escolas participantes, foi ampliado em setembro/ 2005 para mais três escolas. Trata-se de uma iniciativa do governo federal, coordenada pelo Ministério dos Esportes, que na Regional Leste de BH consiste em atividades e oficinas culturais, educativas e de lazer, ministradas aos sábados e domingos, que atendem aos alunos e a toda a comunidade local. Tem como objetivos a melhoria da qualidade da educação e redução dos índices de violência. A partir da construção de uma cultura de paz, busca-se despertar a consciência cidadã entre alunos e famílias, aumentando as possibilidades de emprego e geração de renda, principalmente para os jovens em situação de risco.

Programa Escola Integrada – A Escola Integrada é uma política municipal de Belo Horizonte, que estende o tempo e as oportunidades de aprendizagem para crianças e adolescentes do ensino fundamental nas escolas da Prefeitura. São nove horas diárias de atendimento a milhares de estudantes, que se apropriam cada dia mais dos equipamentos urbanos disponíveis, extrapolando os limites das salas de aula e do prédio escolar. Estas oportunidades são implementadas com o apoio e a contribuição de entidades de ensino superior, empresas, organizações sociais, grupos comunitários e pessoas físicas.

Família e Escola: o diálogo que resolve - Nos últimos anos, a Secretaria Municipal de Educação - SMED ampliou o diálogo com as famílias por meio das ações do Programa Família – Escola. Ciente de que a aproximação Família-Escola é muito importante na formação cidadã e no aprendizado dos estudantes, a SMED criou ações e instrumentos que favorecem essa parceria como o Fórum Família-Escola, encontros nos quais os familiares são convidados a participar expondo suas dúvidas, queixas e sugestões em relação às escolas de seus filhos. Integra também o programa O Alô, Educação! Um serviço de relacionamento para toda a população da Cidade onde, são acolhidas demandas, sugestões, críticas, além de tirar dúvidas sobre as atividades desenvolvidas pela educação municipal.

(21)

O Jornal Família-Escola, um informativo direcionado aos familiares dos estudantes da Rede Municipal de Educação e distribuído em 118 mil núcleos familiares, com quatro edições trimestrais a cada ano.

O Programa Bolsa-Escola de Belo Horizonte foi instituído pela prefeitura municipal em 1997 e atende atualmente a quatro mil e quinhentas famílias, dentre as mais pobres da cidade beneficiando, indiretamente, a cerca de vinte mil crianças de zero a quatorze anos. Constitui-se numa política social de complementação de renda familiar e de garantia do direito à educação das crianças em idade escolar. Portanto, através da proteção social - transferência de renda e acompanhamento sócio-educativo - combate-se à pobreza ao mesmo tempo em que se reforça a família para que ela possa desempenhar sua função de proteger e educar os filhos.

A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Educação, iniciou a construção do seu Regimento Escolar. Objetivando garantir a participação de diferentes segmentos da sociedade civil na construção e estruturação do Regimento Escolar para as escolas da rede Municipal com o objetivo de criar um modelo de Regimento Escolar que reflita a proposta político-pedagógica da rede municipal de educação. O Regimento Escolar visa ainda construir um grande pacto de proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente com as várias instituições da nossa cidade como a Polícia Militar, a Guarda Municipal, a Promotoria da Infância e da Juventude, os Conselhos Tutelares e as Universidades.

(22)

8. Conclusão

Violência é um comportamento que causa dano. É a transgressão da ordem e das regras da vida em sociedade. Não existe consenso sobre o significado de violência, mas existe um consenso quanto ao fato de que não só a violência física merece atenção, mas os outros tipos de violências, como a simbólica exercida muitas vezes de forma sutil, sem necessariamente ser vista como violência por quem a sofre, pode ser traumática e grave e na escola afetar não só a vida dos alunos, mas de professores e demais participantes da comunidade escolar.

No cotidiano escolar a violência se apresenta de diferentes formas e é um fator determinante no aprendizado do aluno que às vezes deixa de freqüentar a escola por estar sofrendo ou ter sofrido algum tipo de agressão. Professores e funcionários que se sentem ameaçados pela violência ou obrigados a suportar o absenteísmo e a indiferença dos alunos, adoecem, mudam de escola ocasionando falta de professores no estabelecimento de ensino afetando a aprendizagem dos alunos.

A desigualdade social, a influencia de grupos, as gangues ou quadrilhas nas quais os adolescentes e jovens desafiam o medo, os estereótipos dos adultos em relação aos jovens e adolescente, preconceitos, discriminações e estigmas de origem social, são alguns dos fatores que levam os jovens a praticarem atos violentos. Não descartando os fatores de conflitos relacionados ao processo de convivência e disciplina na escola como direitos e deveres, relação escola/família, direção/aluno, professor/aluno e etc., atuação docente inadequada em sala, entre outros.

Como conseqüência da violência escolar é a repercussão sobre a aprendizagem e a qualidade do ensino que fica afetada, pois para um processo ensino-aprendizagem favorável é necessário um bom clima tanto para os alunos quanto para os professores.

Para a prevenção e erradicação da violência na escola é necessário a integração da mesma com a comunidade, envolvendo-os no cultivo da cultura da paz procurando resolver os conflitos em suas fontes através do diálogo, da negociação e da mediação.

O poder público deve oferecer recursos e programas voltados para a prevenção e combate a violência nas escolas e investir na formação e reciclagem dos profissionais que atuam nos estabelecimentos de ensino para melhor se engajarem nos projetos, e saberem aproveitar as parcerias de organizações não governamentais que atuam em defesa dos direitos da criança e do adolescente.

(23)

Escola Aberta, Projeto Rede Pela Paz, Programa Escola Integrada Família e Escola: o diálogo que resolve, O Jornal Família-Escola, O Programa Bolsa-Escola, a construção do seu Regimento Escolar, são algumas das iniciativas, ações que o Governo de Minas e a Prefeitura Municipal tem tomado e que tem feito uma diferença significativa nos índices de violência registrados na cidade de Belo horizonte.

A escola deve ser um espaço público, onde a comunidade produza relações sociais e reproduza sua cultura, seus valores, sua história e deve também ser um espaço social aberto e permeável no qual parcerias com diversos atores sociais possam aprimorar sua prática e incorporar competências específicas que não tem a obrigação de possuir, mas que a possibilite cumprir o seu papel que é o de ensinar.

(24)

Referências Bibliográficas

ABRAMO, H. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 5/6, ago. 1997.

ABRAMOVAY, Miriam; RUA, Maria das Graças - Violência nas escolas. Edições Unesco do Brasil, doações institucionais, CADERNO PITÁGORAS, 2003.

ABRAMOVAY, Miriam; Guangues, galeras, chegados e rappers. Ed. Garamond. Rio de Janeiro, 1999.

CADERNO DE PESQUISA; nº 115/ março 2002. Disponível em: http://portalpbh.pbh.gov.br. Acesso em 31/05/2010.

COLOMBIER,Claire; MANGEL,Gilbert; PERDRIAULT. Marguerite. A violência na escola. Ed.Summus. São Paulo, 1989.

CORREA, D. M. Avaliação das políticas públicas para a redução da violência escolar em Minas Gerais: o caso do projeto Escola Viva, Comunidade Ativa. 2007. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

COSTA, G. P. A Repercussão da violência social no cotidiano escolar. Porto Alegre, 2000.

CHRISPINO, Álvaro; DUSI, Miriam Lucia Herrera Masotti. Uma proposta de modelagem de política pública para a redução da violência escolar e promoção da Cultura da Paz. Ensaio: avaliação de políticas publicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 16, n. 61, p. 597-624, out./dez. 2008.

FUKUI, L. Estudo de caso de segurança nas escolas públicas estaduais da grande São Paulo, sociedade civil e educação. Campinas: Papirus, Cedes; São Paulo: Ande, Anped, 1992.

(25)

GALEGO, Carla. Violência nas escolas: Representação social dos mass media. Atas dos ateliês do Vº Congresso Português de Sociologia.

GONÇALVES, Luiz Alberto Oliveira; SPOSITO, Marilia Pontes. Iniciativas Públicas de Redução da Violência Escolar no Brasil. São Paulo. 2002.

GASPARINI, S. M; BARRETO, S. M.; ASSUNÇÃO, A. A. Prevalência de transtornos mentais comuns em professores da rede municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, dez, 2006.

GUIMARÃES, Eloisa. Escola, Galeras e Narcotráfico. Ed. UFRJ.

JOURNAL OF CRIMINAL JUSTICE - VOLUME 24, ISSUE 3, 1996, PAGES 207-226

LEME, Maria Isabel da Silva. A gestão da violência escolar. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 28, p. 541-555, set./dez. 2009.

LUCINDA, M. C.; NASCIMENTO, M. G.; CANDAU, V.M. Escola e violência. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

MINAS GERAIS. Polícia Militar. Anjos da escola. 1996.

PRIOTTO, Elis Palma. Violência Escolar: Políticas Públicas e Práticas Educativas. UNIOESTE. 2006.

REVISTA GESTÃO UNIVERSITÁRIA - EMERY, Fava Meire. nº 230. Violência Escolar. Novembro 2006

(26)

REVISTA PERSPECTIVA, Relação com a escola e o saber nos bairros populares - Florianópolis v. 20, n especial – jul/dez 2002

SALA DE NOTÍCIAS. Disponível em:<http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/>. Acesso em: 31/05/2010.

SALLES, Leila Maria Ferreira; SILVA, Joyce Mary Adam de Paula; CASTRO, Juan Carlos Revilla; VILLANUEVA, Concepción Fernandez; BILBAO, Roberto Domínguez. A Violência no Cotidiano Escolar. Vol 18 nº 30, p.15-23, 2008.

SILVA, Aida Maria Monteiro. Educação e Violência: qual o papel da escola? 2002.

SILVA, Aida Maria Monteiro. A violência na escola: a percepção dos alunos e professores. 2002. SPOSITO, M. Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Educação e Pesquisa, São Paulo, 2001.

Referências

Documentos relacionados

Lück (2009) também traz importantes reflexões sobre a cultura e o clima organizacional ao afirmar que escolas possuem personalidades diferentes, embora possam

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Diante do que foi apontado pelas entrevistadas, este Plano de Ação foi construído de forma a possibilitar novas estratégias a serem usadas com a coordenação

O presente trabalho elege como temática a adesão das escolas municipais de Belo Horizonte ao Projeto de Correção de Fluxo Entrelaçando, desde a sua implementação no ano

Na intenção de promover uma constante comunicação de parte da coleção do museu, Espíndola idealizou e realizou a mostra “Um panorama da história das artes plásticas

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

As rimas, aliterações e assonâncias associadas ao discurso indirecto livre, às frases curtas e simples, ao diálogo engastado na narração, às interjeições, às

Assim como pudemos perceber através da análise do Programa Gerenciador de Educação on-line Blackboard, há ainda pouco espaço para a interação entre aluno - aluno, entre professor