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Famílias invalidantes: relação com imagem corporal, comportamento alimentar disfuncional e relações íntimas

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Academic year: 2020

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junho de 2016

Mónica Rafaela Coelho Gonçalves

Famílias Invalidantes: Relação com Imagem

Corporal, Comportamento Alimentar

Disfuncional e Relações Íntimas

Escola de Psicologia

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Mónica Rafaela Coelho Gonçalv

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junho de 2016

Mónica Rafaela Coelho Gonçalves

Famílias Invalidantes: Relação com Imagem

Corporal, Comportamento Alimentar

Disfuncional e Relações Íntimas

Escola de Psicologia

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Trabalho realizado sob a orientação da

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Nome: Mónica Rafaela Coelho Gonçalves Endereço Eletrónico: a65557@alunos.uminho.pt Número de Cartão de Cidadão: 13466977

Título da Dissertação: Famílias Invalidantes: Relação com Imagem Corporal, Comportamento Alimentar Disfuncional e Relações Íntimas

Orientadora: Professora Doutora Sónia Ferreira Gonçalves Ano de Conclusão: 2016

Designação do Mestrado: Mestrado Integrado em Psicologia

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, 14 de junho de 2016

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Introdução...6 Método...10 Amostra...10 Instrumentos...11 Procedimento...13 Análise de Dados...15 Resultados...16 Discussão...26 Conclusão...29 Referências...31 Índice de Tabelas Tabela 1...17 Tabela 2...18 Tabela 3...19 Tabela 4...20 Tabela 5...22 Tabela 6...23 Tabela 7...24 Tabela 8...25

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Agradecimentos

À profª Doutora Sónia Gonçalves por toda a sua orientação, dedicação, disponibilidade, incentivo, e por todo o seu espírito construtivo e incansável que foram essenciais para a realização deste trabalho.

Às colaboradoras desta investigação (Doutoras Ana Pinto Bastos, Joana Saraiva e Vanessa Moutinho) por toda a disponibilidade e tempo dispensados na recolha de dados para esta investigação.

À autora da escala ICES, Victoria Mountford, por ter autorizado a sua tradução e utilização na população portuguesa.

Ao professor Carlos Gomes e restantes docentes pela colaboração nesta investigação. À direção da Escola D. Maria II de Braga e respetivos docentes por terem disponibilizado os seus alunos, mesmo perdendo algum tempo das suas aulas para participarem neste estudo.

Aos meus pais, pela educação e valores que me transmitiram. Por todo o esforço em assegurar o meu conforto, segurança, e acima de tudo felicidade. Obrigada por viverem em função de nós. Deram o que podiam e não podiam.

À minha irmã, pelos abraços de regresso a casa. Por todo o amor verdadeiro, compreensão e carinho. Pelos momentos que adormeceu no sofá à minha espera. Dedico-lhe todas as horas que foram por mim despendidas neste trabalho.

A ti Pedro, pelo amor incondicional. Por teres acreditado sempre em mim, e ouvires todas as minhas angústias e inseguranças. Pela tua incansável paciência e presença. Não seria “perfeita” sem ti.

Às minhas amigas Jerusa e Susana, pela amizade de tantos anos, pelo carinho, cafés e por todo o incentivo aos fins-de-semana.

À minha família CAUM, pela amizade incondicional, música, companheirismo, e acima de tudo por estarem sempre lá. Sem vocês a caminhada não teria sido tão marcante. Levo-vos comigo para a vida.

Obrigada, do fundo do meu coração, a todos aqueles que embora possa omitir, estão presentes no meu coração, e a quem fico eternamente grata por me terem feito mais feliz em algum momento desta jornada. Dedico-lhes também este trabalho.

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Famílias Invalidantes: Relação com imagem corporal, comportamento alimentar disfuncional e relações íntimas

Resumo

A presente investigação teve como objetivo estudar a relação entre ambientes de infância invalidantes, autoimagem corporal, sintomatologia das perturbações alimentares e dificuldades ao nível das relações íntimas numa amostra não clínica e numa amostra clínica. Na amostra não clínica participaram 431 indivíduos, entre os quais 380 (88.2%) estudantes universitários e 51 (11.8%) estudantes do ensino secundário. Na amostra clínica participaram 41 pacientes, 36 (87.8%) recrutados de dois centros hospitalares e 5 (12.2%) de um serviço de consulta psicológica universitário. Os participantes foram avaliados com a Escala de Ambientes de Infância Invalidantes, o Questionário da Forma Corporal, o Questionário de Avaliação das Perturbações Alimentares e o Inventário de Experiências nas Relações Íntimas. Os resultados na amostra não clínica demonstraram existir uma associação entre níveis de invalidação percebidos no contexto familiar e níveis mais elevados de insatisfação corporal, maiores preocupações com o peso e forma corporal e maiores níveis de evitamento da proximidade e ansiedade relacionada com o abandono nas relações íntimas. Na amostra clínica foram encontradas associações positivas entre mães e pais invalidantes, entre mães invalidantes e preocupações alimentares, e ainda entre insatisfação corporal e sintomatologia alimentar. Estes resultados apontam a invalidação parental como um constructo importante na sintomatologia alimentar.

Palavras-chave: ambientes de infância invalidantes, autoimagem corporal, sintomatologia alimentar, relações íntimas

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Invalidating Families: Relationship with body image, dysfunctional eating behavior and close relationships

Abstract

The main objective of the present study was to relate invalidating childhood environments with body self-image, eating disorders symptomatology and difficulties in terms of close relationships in a non-clinical sample and a clinical sample. The non-clinical sample was composed by 431 individuals, being 380 (88.2%) college students and 51 (11.8%) high school students. The clinical sample comprised 41 patients, 36 (87.8%) recruited from two hospitals and 5 (12.2%) from a university psychological counseling service. Participants were assessed with the Invalidating Childhood Environments Scale, the Body Shape Questionnaire, the Eating Disorder Examination Questionnaire and the Experiences in Close Relationships Inventory. In the non-clinical sample, an association was found between invalidation levels perceived within the family and higher levels of body dissatisfaction, greater concerns about weight and body shape and greater avoidance levels of proximity and anxiety related to abandonment in close relationships. In the clinical sample positive associations were found between invalidating mothers and fathers, invalidating mothers and eating concerns, and body dissatisfaction and eating symptomatology. These results point parental invalidation as an important factor in the eating symptomatology.

Keywords: invalidating childhood environments, body self image, eating symptomatology, close relationships

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Introdução

Um vínculo emocional seguro entre pais e filhos tem sido considerado um fator chave no funcionamento emocional das crianças, na medida em que estas aprendem a lidar com as suas emoções tendo por base uma ligação emocional positiva com os seus prestadores de cuidados (Holtom-Viesel & Allan, 2014; Mills, Newman, Cossar, & Murray, 2015). O estudo de Boutelle, Eisenberg, Gregory, e Neumark-Sztainer (2009) verificou que numa amostra de adolescentes existiu uma forte associação entre variáveis como, vinculação parental, suporte familiar, e a regulação emocional das adolescentes. Ambientes de infância invalidantes constituem meios familiares em que a comunicação de emoções por parte da criança foi considerada inapropriada, sendo ignorada ou punida (Ford, Waller, & Mountford, 2011; Linehan, 1993; Mountford, Corstorphine

Tomlinson, & Waller, 2007). A investigação tem considerado que um ambiente familiar disfuncional constitui um fator de risco para uma desregulação emocional no indivíduo, que por sua vez contribui para o surgimento de uma perturbação alimentar (Burns, Fischer, Jackson, & Harding, 2014; Feinson & Hornik-Lurie, 2016; Haslam, Mountford, Meyer, & Waller, 2008; Lyke & Matsen, 2013). Um indivíduo que cresceu num

ambiente de infância invalidante, aprendeu a auto invalidar-se emocionalmente, uma vez que durante a sua infância, não lhe foi permitido demonstrar emoções negativas. Este indivíduo está mais propício a lidar com as suas experiências emocionais negativas envolvendo-se em comportamentos não adaptativos, tais como a ingestão alimentar impulsiva, ou a restrição alimentar e o exercício físico excessivo (Ford et al., 2011; Haslam et al., 2008; Mountford et al., 2007).

Linehan (1993) no seu modelo de terapia comportamental dialética realçou o comportamento parental não adaptativo como um fator subjacente à maioria dos traumas na infância. Deste modo, para além de fatores relacionados com história de trauma na infância, como o abuso sexual, abuso físico e negligência física associados a psicopatologia alimentar, estudos mais recentes têm encontrado uma associação entre a psicopatologia alimentar e as formas de abuso mais subtis como as figuras parentais invalidarem a resposta emocional da criança (Ford et al., 2011; Mills et al., 2015; Mountford et al., 2007). Estes resultados apontam para uma relevância do ambiente de infância no desenvolvimento de perturbações alimentares. Ambientes de infância invalidantes parecem estar associados ao desenvolvimento de perturbações alimentares

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em indivíduos de uma amostra clínica (Haslam et al., 2008; Tetley, Moghaddam, Dawson, & Rennoldson, 2014).

Por outro lado, o estudo longitudinal de Boutelle e colaboradores (2009) verificou que a boa conectividade entre pais e filhos esteve associada a uma maior satisfação com a imagem corporal, numa amostra não clínica de mulheres adolescentes. A autoimagem corporal envolve uma atitude do indivíduo que abrange diversas

dimensões como aspetos percetuais, afetivos, cognitivos e comportamentais acerca da sua forma corporal e peso (Shea & Pritchard, 2007; Tiggemann, 2004). Um outro estudo, levado a cabo com uma amostra de jovens adultas com experiências de infância invalidantes verificou que estas necessitaram de maior valorização externa para

apresentarem uma visão mais positiva de si, sendo que, demonstraram uma maior insegurança em relação à sua imagem corporal, comparativamente às jovens com ligações mais positivas às figuras parentais (Cheng & Mallinckrodt, 2009). As jovens adultas que recordavam um ambiente familiar mais responsivo com uma ligação emocional mais positiva às figuras parentais, apresentaram maior satisfação com a imagem corporal, comparativamente às jovens que recordaram uma ligação emocional pobre com as figuras parentais (Cheng & Mallinckrodt, 2009). Altos níveis de

insatisfação corporal foram associados a maior insatisfação nas relações familiares e a maior severidade da sintomatologia alimentar (Arcelus, Yates, & Whiteley, 2012; Mantilla, Bergsten, & Birgegard, 2014; Shea & Pritchard, 2007). Por outro lado, alguns estudos têm demonstrado que existe uma associação entre insatisfação corporal e padrões de comportamento alimentar não adaptativos, e que a perceção de autoimagem corporal parece constituir um preditor muito forte no surgimento de sintomatologia alimentar em indivíduos de uma amostra clínica e não clínica (Iannaccone, D’Olimpio, Cella, e Cotrufo, 2016; Legnani et al., 2012; Munkholm et al., 2016).

A perceção de autoimagem corporal não só é construída através da ligação afetiva com outros significativos nas relações de vinculação da infância como também nas relações de vinculação na idade adulta (Cheng & Mallinckrodt, 2009; Paiva & Figueiredo, 2010). Estudos sugerem que as representações mentais do self que os indivíduos construíram em interações familiares prévias com os seus significativos, influenciam as suas interações na idade adulta numa diversidade de contextos

relacionais, como amigos e parceiros numa relação íntima (Fraley, Heffernan, Vicary, & Brumbaugh, 2011). Por exemplo, Paiva e Figueiredo (2010) salientam o impacto da relação de vinculação que o indivíduo estabeleceu na infância, no estabelecimento de

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uma relação íntima segura mais tarde. Isto indica que há uma tendência para a

manutenção dos padrões de interação com outros significativos ao longo da vida (Evans & Wertheim, 2005). Indivíduos com um estilo de vinculação seguro exibem relações mais seguras, estáveis e longas do que os indivíduos provenientes de um estilo de vinculação inseguro ou evitante (Paiva & Figueiredo, 2010). Outros estudos (Tasca et al., 2013; Tasca & Balfour, 2014; Tobler, 2007) têm demonstrado uma associação entre os estilos de vinculação insegura às figuras parentais na infância com os estilos de vinculação insegura na idade adulta, e maior severidade da sintomatologia alimentar. Foi também encontrada uma associação entre estilos de vinculação insegura,

insatisfação corporal e dificuldades ao nível da regulação de emoções negativas em mulheres com perturbações alimentares (Tasca et al., 2006). Adicionalmente, foi verificado que mulheres com perturbações alimentares exibiam características similares aos estilos de vinculação insegura e ansiosa comparativamente a mulheres de uma amostra não clínica (Evans & Wertheim, 2005; Friedman, Dixon, Brownell, Whishman, & Wilfley, 1999). O estudo de Arcelus e colaboradores (2012) também verificou que numa amostra não clínica houve uma associação entre sintomas alimentares subclínicos e uma dificuldade acrescida ao nível da intimidade na idade adulta. Assim, as

dificuldades ao nível do estabelecimento de relações íntimas parecem constituir outra variável associada à sintomatologia da psicopatologia alimentar em amostras clínicas como em não clínicas (Arcelus et al., 2012; Tasca & Balfour, 2014).

Num estudo realizado com mulheres Japonesas, verificou-se que mais de metade destas desenvolveu uma perturbação alimentar na ocorrência de problemas conjugais ou após o término de um relacionamento amoroso ou divórcio (Kiriike, Nagata,

Matsunaga, Tobitani, & Nishiura, 1996). No entanto, numa amostra não clínica também se verificou que níveis mais baixos de suporte obtido pelos parceiros românticos

estavam associados ao aumento da sintomatologia da psicopatologia alimentar (Arcelus et al., 2012; Juda, Campbell, & Crawford 2004). Na meta-análise realizada por Arcelus e colaboradores (2012) o stress conjugal foi considerado o precipitante da maioria dos casos de perturbações alimentares, sendo que, a melhoria dos sintomas da

psicopatologia alimentar pareceu aliar-se a um sentimento mais feliz numa relação íntima.

Deste modo, torna-se de extrema relevância compreender a dinâmica subjacente entre o envolvimento emocional com as figuras parentais, comportamento alimentar disfuncional, e estabelecimento de relações íntimas no domínio romântico. Na

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investigação que tem sido feita até à atualidade, tem-se verificado uma associação entre a disfuncionalidade ao nível do relacionamento familiar, insatisfação corporal, maior severidade da sintomatologia da psicopatologia alimentar, e insatisfação nas relações íntimas tanto em amostras clínicas como em não clínicas (Arcelus et al., 2012). Neste sentido, é importante perceber qual o impacto das relações do seio paternal na vida emocional futura dos filhos, tanto em relação a si próprios como na relação com os outros. Pretende-se, desta forma, compreender se ambientes de infância invalidantes contribuem para que o indivíduo fique mais predisposto ao desencadeamento de uma desregulação emocional, podendo emergir perturbações do foro emocional como as perturbações alimentares e adicionalmente dificuldades acrescidas ao nível do estabelecimento de relações íntimas seguras.

Objetivos

Este estudo tem como objetivo avaliar a relação entre ambientes de infância invalidantes, autoimagem corporal, sintomatologia das perturbações alimentares e dificuldades ao nível das relações íntimas.

Tendo em conta a escassez de investigação sobre ambientes de infância invalidantes associados à insatisfação com a imagem corporal e sintomatologia alimentar, o presente estudo pretende contribuir para uma melhor compreensão da associação entre estas variáveis no contexto comunitário e no contexto clínico,

nomeadamente numa população com perturbações alimentares. Por outro lado, existem poucos estudos acerca da relação entre a sintomatologia alimentar e estilos de

vinculação numa relação íntima no domínio romântico. Segundo alguns estudos realizados até ao momento, existe uma continuidade ao nível das dificuldades nas relações de vinculação da infância para as relações de vinculação na idade adulta (Paiva & Figueiredo, 2010). Outros estudos verificaram uma relação entre a disfuncionalidade ao nível da proximidade emocional pais-filhos e sintomatologia da psicopatologia alimentar (Feinson & Hornik-Lurie, 2016; Lyke & Matsen, 2013; Haslam et al., 2008; Mountford et al., 2007). Deste modo, este estudo pretende analisar a relação entre estas

variáveis em simultâneo, e caso se verifique uma associação entre as variáveis,ou seja,

entre dificuldades ao nível das relações com os significativos na infância,

sintomatologia da psicopatologia alimentar e dificuldades ao nível das relações com parceiros numa relação íntima, esta associação poderá fornecer uma luz acerca de uma

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eventual origem precoce das dificuldades relacionais que se mantêm na idade adulta, e que por sua vez se manifestam no desenvolvimento da insatisfação corporal e

sintomatologia alimentar.

Nesta sequência, admitem-se as seguintes hipóteses:

1. Indivíduos que caracterizam as suas famílias como invalidantes apresentam uma maior insatisfação com a imagem corporal, revelam maiores níveis de

sintomatologia alimentar e apresentam uma maior dificuldade ao nível do estabelecimento de relações íntimas que os indivíduos que caracterizam as suas famílias como validantes;

2. Existe uma associação entre ambientes de infância invalidantes, insatisfação com a imagem corporal, sintomatologia alimentar e relações íntimas em ambas as amostras;

3. Indivíduos da amostra clínica foram mais expostos a ambientes de infância invalidantes do que indivíduos da amostra não clínica.

Método Amostra

Este estudo compreende duas amostras: uma amostra não clínica e uma amostra clínica.

Na amostra não clínica participaram 431 indivíduos, sendo 365 (84.7%) do sexo feminino e os restantes 66 (15.3%) do sexo masculino. Incluíram-se 237 (55%)

estudantes de uma instituição de ensino superior público, 143 (33.2%) estudantes de uma instituição do ensino superior privado, e 52 (11.8%) estudantes de uma instituição de ensino secundário público. As idades dos participantes estiveram compreendidas entre os 15 e 52 anos (M=20.1, DP= 3.52). O índice de massa corporal (IMC) dos indivíduos variou entre 16.33 e 34.48 (M=21.6, DP=2.77).

Na amostra clínica participaram 41 indivíduos, que incluiu 38 (92.7%) indivíduos do sexo feminino e três (7.3%) indivíduos do sexo masculino. Estes

indivíduos foram recrutados em dois centros hospitalares do Porto, no qual participaram 36 (87.8%) pacientes, e de um serviço de consulta psicológica universitário de Braga no qual participaram cinco (12.2%) pacientes. As idades dos indivíduos da amostra clínica

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estiveram compreendidas entre os 15 e 40 anos (M=22.0, DP=6.66). O IMC variou entre 12.98 e 33.09 (M=18.74, DP=4.06). Relativamente aos diagnósticos dos indivíduos da amostra clínica, 26 (5.8%) indivíduos tinham anorexia nervosa, sete (1.6%) indivíduos tinham bulimia nervosa, três (0.7%) tinham sido diagnosticados com ingestão alimentar compulsiva e dois (0.4%) estavam em tratamento follow up de

anorexia nervosa.Assumiu-se que estes pacientes, para além de cumprirem os critérios

de diagnóstico segundo o DSM 5 (APA, 2013), no momento estavam em tratamento.

Instrumentos

Avaliação dos Ambientes de Infância Invalidantes

A avaliação dos ambientes de infância invalidantes foi realizada através da Escala de Ambientes de Infância Invalidantes (ICES) (Invalidating Childhood

Environments Scale, de Mountford et al., 2007). Numa primeira fase, procedeu-se à

tradução da escala para português europeu, e posterior retroversão por um sujeito bilingue. A retroversão foi enviada à autora original da ICES cujo feedback foi positivo. Posteriormente procedeu-se à administração da escala aos participantes do estudo.

Este instrumento de autorrelato é constituído por 14 itens que medem os

comportamentos maternos e paternos, definindo para cada um separadamente, um score invalidante (Haslam et al., 2008). Os participantes, nos 14 itens iniciais, responderam a uma escala tipo likert que varia entre 1 (“Nunca”) e 5 (“A todo o tempo”) para avaliar a sua experiência até aos 18 anos com cada figura parental. Os itens “5”, “8”, “12” e “14” constituem itens invertidos. Na parte final do instrumento, existem quatro itens, sendo que, cada um corresponde a um tipo de família diferente (“caótico”, “validante”,

“perfeito” e “típico”). Numa família “caótica” os pais são indisponíveis às necessidades emocionais e físicas da criança, podendo apresentar perturbações psicopatológicas, como uso de substâncias, ou problemas financeiros. A criança que cresce neste tipo de família ficou a maior parte do tempo a seu próprio cargo, e os seus pedidos de apoio foram a maioria das vezes respondidos de forma agressiva (com raiva) por parte dos pais. Uma família “validante” representa uma família em que as emoções da criança foram respondidas adequadamente através do incentivo e suporte emocional. Numa família “perfeita” aparentemente tudo parece perfeito, no entanto, os pais mostram-se chateados caso a criança exprima emoções negativas. Por fim uma família “típica”

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corresponde a uma família cujo foco se encontra essencialmente nas realizações e no sucesso profissional, existindo um controlo ao nível da expressão de emoções. Estes quatro tipos de família descritos (um validante e três invalidantes) são definidos através de um score que corresponde às perceções do indivíduo relativamente ao seu tipo de família, sendo que, o item com score mais elevado corresponde à perceção geral do indivíduo acerca do seu tipo de família, podendo este descrever-se em mais que um tipo de família. Os participantes responderam a uma escala tipo likert que varia entre 1 (“Não se parece com a minha família”) e 5 (“Parece-se com a minha família a todo o tempo”).

Neste instrumento, as médias dos scores mais elevadas correspondem a um maior nível de ambientes de infância invalidantes. Relativamente aos tipos de família, médias de scores mais elevadas correspondem a maiores níveis de tipos de família “caótico”, “validante”, “perfeito” e “típico”. Os resultados da versão original da ICES indicam bons níveis de consistência interna a nível da invalidação materna (α=.77) e invalidação paterna (α=.80). Os valores de consistência interna neste estudo para a população portuguesa também apresentaram uma elevada consistência interna tanto na invalidação materna (α=.85) como na invalidação paterna (α=.86).

Avaliação da Imagem corporal

A imagem corporal foi avaliada através do Questionário da Forma Corporal (QFC) (Body Shape Questionnaire, de Cooper, Taylor, Cooper, & Fairburn, 1987; versão portuguesa adaptada por Vieira, Palmeira, Francisco, & Teixeira, 2004).

Este instrumento constitui uma medida de autorrelato composta por 34 itens que avaliam as preocupações com o corpo e a forma corporal nas últimas quatro semanas. As respostas podem variar entre 1 (“Nunca”) e 6 (“Sempre”), sendo que as respostas mais elevadas correspondem a uma maior insatisfação com a imagem corporal. Este instrumento revelou elevada consistência interna (α=.97) no estudo original, assim como no presente estudo (α=.98).

Avaliação da sintomatologia alimentar

A sintomatologia alimentar foi avaliada através do ED-15 (Tatham, Turner, Mountford, Tritt, Dyas, & Waller, 2015; tradução de Machado, 2016). O instrumento

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consiste numa medida de autorrelato constituída por 15 itens, em que 10 itens avaliam as atitudes da semana anterior, dividindo-se em duas subescalas: “preocupações

alimentares” e “preocupações com o peso e forma corporal”. Estes itens variam segundo uma escala do tipo likert que varia entre 0 (“Nada”) e 6 (“Sempre”). Os cinco itens finais avaliam os comportamentos alimentares do indivíduo durante a semana anterior, como o número de vezes em que se envolveu em ingestão alimentar compulsiva e provocou o vómito, e o número de dias em que se envolveu no uso de laxantes, realização de exercício físico, e restrição alimentar. Este instrumento apresentou boas propriedades psicométricas, tanto na escala total (α= .93), como nas suas duas

subescalas: “preocupações com o peso e forma corporal” (α= .94) e “preocupações alimentares” (α= .80). No presente estudo, também se verificaram níveis adequados de consistência interna na escala total (α= .91), na subescala “preocupações com o peso e forma corporal” (α= .91), e na subescala “preocupações alimentares” (α= .82).

Avaliação do estabelecimento de Relações Íntimas

O estabelecimento de relações íntimas foi avaliado através do Inventário de Experiências nas Relações Íntimas (ECR) (Experiences in Close Relationships

Inventory, de Brennan, Clark, & Shaver, 1998; versão portuguesa adaptada por Paiva &

Figueiredo, 2010).

Este instrumento de autorrelato é constituído por 36 itens avaliados segundo uma escala tipo likert, que varia entre 1 (“Completamente em desacordo”) e 7

(“Completamente de acordo”). Este instrumento permite avaliar a vinculação existente nas relações íntimas baseando-se em duas dimensões: “evitamento de proximidade” e “ansiedade relacionada com o abandono”. Esta medida, no estudo original demonstrou níveis adequados de consistência interna nas dimensões avaliadas, sendo que, os valores de consistência interna para a escala total foram elevados (α=.86), assim como nas duas subescalas: “evitamento da proximidade” (α=.88) e “ansiedade relacionada com o abandono” (α=.86). No presente estudo, a escala também revelou níveis adequados de consistência interna, tanto na escala total (α=.89), como na subescala “evitamento da proximidade” (α=.87) e na subescala “ansiedade relacionada com o abandono” (α=.89).

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Procedimento

O recrutamento dos participantes da amostra não clínica foi conduzido em três instituições de ensino do Norte do país, duas de ensino superior (uma de ensino superior público e outra de ensino superior privado) e uma de ensino secundário.

O recrutamento dos estudantes do ensino secundário iniciou-se com um pedido de autorização ao responsável pela direção da instituição em questão. Seguidamente, foi pedida uma avaliação dos instrumentos do estudo à Delegação Geral da Educação (DGE), e autorização para estes serem administrados aos alunos que participassem no mesmo. Após obtida autorização por parte da DGE, oficializou-se o pedido de autorização à direção da instituição. Foram então selecionadas, aleatoriamente, três turmas de alunos dos 10º, 11º e 12º anos. Após o preenchimento dos consentimentos informados dos respetivos encarregados de educação, iniciou-se a recolha dos dados, realizada sempre no início de uma aula.

Salienta-se que, antes da aplicação do protocolo experimental, todos os

participantes da amostra não clínica, preencheram um consentimento informado onde se enfatizou a confidencialidade dos dados, e de seguida um questionário

sociodemográfico. O preenchimento dos questionários decorreu dentro de uma sala apenas na presença do investigador e, no caso dos alunos de secundário, na presença do investigador e docente responsável pela aula do momento.

O recrutamento e a seleção dos participantes da amostra clínica foram

conduzidos em dois Centros Hospitalares da Região Norte e numa clínica de consulta psicológica universitária. O estudo foi apresentado às direções das instituições e, seguidamente, aos participantes, dos quais foi obtido por escrito o consentimento informado onde se enfatizou a confidencialidade dos dados, seguido do questionário sociodemográfico. O preenchimento destes questionários ocorreu durante uma consulta no centro médico/hospitalar e apenas na presença do investigador.

Após a aceitação dos participantes, em cada uma das amostras foi realizado o protocolo experimental que envolveu quatro tarefas: avaliação de ambientes de infância invalidantes, avaliação da imagem corporal, avaliação da severidade de sintomatologia alimentar e avaliação de relações íntimas. As tarefas foram realizadas de forma aleatória entre os participantes, de forma a evitar efeitos de enviesamento por cansaço nos

questionários. O tempo para aplicação do protocolo de investigação foi de cerca vinte minutos.

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As amostras não clínica e clínica foram divididas em dois grupos: indivíduos de tipos de família invalidantes e indivíduos de tipos de família validantes. Neste estudo, foram consideradas como famílias invalidantes as famílias caóticas, as perfeitas, e as típicas. Apenas foi considerado tipo de família validante os indivíduos que se

descreveram maioritariamente neste tipo de família.

Análise de Dados

A fim de caracterizar as amostras e as variáveis em estudo, recorreu-se aos procedimentos da estatística descritiva, nomeadamente as frequências, medidas de tendência central como a média, e medidas de dispersão como o mínimo, máximo e desvio padrão. A fim de calcular o IMC dos participantes foram utilizados os valores do peso e altura que foram obtidos por autorrelato no questionário sociodemográfico.

Numa primeira fase foi realizada a análise exploratória de dados onde se realizaram testes a fim de verificar a normalidade da distribuição. Foi analisada a assimetria e curtose, o teste de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk, e o teste de

Levene. Os procedimentos da análise exploratória de dados permitiram aferir que os

pressupostos da normalidade não estavam cumpridos em todas as variáveis, sendo que, se optou por testes não paramétricos nas variáveis que não seguiram a distribuição normal. No que concerne à validação das propriedades psicométricas dos instrumentos de avaliação recorreu-se ao alfa de Cronbach o qual envolve uma propriedade

designada por coeficiente de correlação (r) cujo valor se deve encontrar pelo menos entre .70 e .90, o que permite estimar a consistência interna de cada instrumento. Foi verificada a homogeneidade entre os itens dos instrumentos utilizados, dado que o alfa de Cronbach se encontrou acima de .80, conferindo-se assim a fiabilidade dos mesmos (Field, 2009). Seguidamente, procedeu-se à análise inferencial no qual foram

determinadas as significâncias estatísticas, sendo que todos os testes de diferenças e de associação foram considerados estatisticamente significativos quando os respetivos valores de probabilidade foram inferiores a .05 (Martins, 2011).

Num primeiro momento foram avaliadas diferenças entre famílias invalidantes e validantes na amostra não clínica e clínica ao nível do pai e mãe invalidantes, da

satisfação com a imagem corporal, sintomatologia alimentar, e relações íntimas. Para os scores totais das escalas QFC, ED-15 e ECR recorreu-se a testes de Mann-Whitney, uma vez que os pressupostos da normalidade não estiveram cumpridos. Os resultados

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das subescalas “preocupações com o peso e forma corporal”, e “preocupações alimentares” do ED-15, assim como das subescalas “evitamento da proximidade” e “ansiedade relacionada com o abandono” do ECR foram comparados entre grupos através da Análise Multifatorial da Variância (MANOVA). Seguidamente, na amostra não clínica para verificar a associação entre as variáveis em estudo recorreu-se ao coeficiente de correlação de Spearman (rs), uma vez que, os pressupostos da normalidade não foram cumpridos para as variáveis intervalares.

Na amostra clínica, para verificar a associação entre as variáveis intervalares recorreu-se ao coeficiente de correlação de Pearson (r), e para testar a correlação entre variáveis ordinais, e entre intervalares e ordinais recorreu-se ao coeficiente de

correlação de Spearman (rs). Finalmente, para avaliar a associação entre contextos

invalidantes e amostra clínica vs. não clínica foi realizado um teste de Qui-Quadrado

2).

A análise dos dados foi conduzida através do software estatístico IBM SPSS, versão 23.

Resultados

1. Amostra Não Clínica

1.1. Estatísticas descritivas dos indivíduos da amostra não clínica

Neste estudo participaram 431 indivíduos de uma amostra não clínica, sendo que a grande maioria dos participantes caracterizou a sua família como validante (n = 301; 69.8%), e os restantes indivíduos caracterizaram a sua família como invalidante (n = 130; 30.2%).

1.2. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes relativamente aos pais

A tabela 1 apresenta os resultados da MANOVA realizada para testar as diferenças entre tipos de famílias invalidantes e validantes, e pais e mães invalidantes.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas multivariadas ao nível de ambos os pais invalidantes (Wilks’Lambda = .69, F (2,409) = 91.582, p < .001).

(19)

Tabela 1

Diferenças ao nível de Pais e Mães Invalidantes e Tipos de Família

Amostra Não Clínica

N = 431 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 120) M (DP) Tipos de Famílias Validantes (n = 292) M (DP) F (1,410) (univariado) Pais Invalidantes 35.19 (10.2) 23.98 (6.27) 10698.3*** Mães Invalidantes 31.86 (10.2) 23.06 (5.59) 6581.2*** *** p < .001

Verificou-se que existem diferenças estatisticamente significativas univariadas entre os tipos de família e pais invalidantes F (1,410) = 10698.3, p < .001 e mães invalidantes F (1,410) = 6581.2, p < .001, sendo que, os tipos de família invalidantes apresentam mais pais invalidantes (M=35.19, DP=10.2) e mães invalidantes (M=31.86, DP=10.2) que os tipos de família validantes.

1.3. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes ao nível da insatisfação com a imagem corporal

A tabela 2 apresenta os resultados do Teste de Mann-Whitney realizado para a escala total da Imagem Corporal. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível da variável imagem corporal total (U = 16244.50, p = .027), sendo que os indivíduos de tipos de família invalidantes apresentam maior insatisfação com a imagem corporal (Ordem Média = 232.09) que os indivíduos de tipos de família validantes (Ordem Média = 203.38).

(20)

Tabela 2

Diferenças ao nível da Insatisfação com a Imagem Corporal em função dos dois Tipos de Família

* p < .05

1.4. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes ao nível da sintomatologia da psicopatologia alimentar

A tabela 3 apresenta os resultados da MANOVA realizada para as subescalas do ED-15 correspondentes às atitudes perante a alimentação relativamente aos tipos de família invalidantes e validantes.

Relativamente às diferenças entre os tipos de família e as subescalas do ED-15, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas multivariadas ao nível da sintomatologia alimentar (Wilks’Lambda = .98, F (2,427) = 4.25, p = .015).

Os testes univariados revelaram diferenças estatisticamente significativas ao nível da subescala preocupações com o peso e forma corporal, F (1, 428) =13.1, p =

.004, sendo que os indivíduos de tipos de família invalidantes apresentaram maiores

preocupações com o peso e forma corporal (M=1.39, DP=1.44) que os indivíduos de tipos de família validantes. No entanto, não se verificaram diferenças estatisticamente significativas na subescala preocupações alimentares, F (1, 428) =9476.4, p = .442.

Amostra Não Clínica

N = 431 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 127) Ordem Média Tipos de Famílias Validantes (n = 296) Ordem Média U Insatisfação com a imagem corporal 232.09 203.38 16244.50*

(21)

Tabela 3

Diferenças ao nível das subescalas do ED-15 e Tipos de Família

Amostra Não Clínica

N = 431 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 129) M (DP) Tipos de Famílias Validantes (n = 301) M (DP) F (1,428) (univariado) Preocupações Alimentares 25.16 (150.9) 14.9 (114.4) 9476.4 Preocupações com o Peso e Forma Corporal

1.39 (1.44) 1.01 (1.18) 13.1**

** p < .01

O teste de Mann-Whitney revelou diferenças estatisticamente significativas ao nível da sintomatologia alimentar, score total ED-15 (U = 16072.0, p = .003), sendo que os participantes das famílias invalidantes referem mais sintomatologia alimentar

(Ordem Média = 237.0) que os participantes das famílias validantes (Ordem Média = 201.4).

1.5. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes ao nível das relações íntimas

A tabela 4 apresenta os resultados da MANOVA realizada para as subescalas do ECR relativamente aos tipos de família invalidantes e validantes.

No que concerne às diferenças entre os tipos de família e dificuldades ao nível do estabelecimento de relações íntimas, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas multivariadas (Wilks’Lambda = .96, F (2,392) = 7.79, p < .001).

(22)

Tabela 4

Diferenças ao nível das subescalas do ECR e Tipos de Família

Amostra Não Clínica

N = 431 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 118) M (DP) Tipos de Famílias Validantes (n = 277) M (DP) F (1,393) (univariado) Evitamento da Proximidade 49.61 (15.94) 43.14 (16.46) 3459.4*** Ansiedade relacionada com o abandono 61.36 (18.08) 56.53 (18.32) 1933.4* * p < .05, *** p < .001

Adicionalmente, verificaram-se diferenças estatisticamente significativas univariadas ao nível da subescala evitamento da proximidade, F (1,393) = 3459.4, p

<.001). Os indivíduos de tipos de família invalidantes apresentaram maiores níveis de

evitamento da proximidade no estabelecimento de relações íntimas (M=49.61,

DP=15.94) que os indivíduos de tipos de família validantes. Também foram

encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível da subescala ansiedade relacionada com o abandono, F (1,393) = 1933.4, p = .016, sendo que os indivíduos de tipos de família invalidantes apresentaram maiores níveis de ansiedade relacionada com o abandono no estabelecimento de relações íntimas (M=61.36, DP=18.08) que os indivíduos de tipos de família validantes.

O teste de Mann-Whitney revelou diferenças estatisticamente significativas ao nível do score total ECR (U = 12341.5, p < .001), sendo que, os participantes das famílias invalidantes referiram mais dificuldades no estabelecimento de relações íntimas (Ordem Média = 231.9) que os participantes das famílias validantes (Ordem Média = 183.6).

(23)

1.6. Associação entre contextos familiares invalidantes, insatisfação com a imagem corporal, sintomatologia alimentar e relações íntimas

Recorreu-se à correlação de Spearman para a associação entre as variáveis ICES mãe, ICES pai, imagem corporal, preocupações com o peso, preocupações alimentares, sintomatologia alimentar (score total ED-15), evitamento da proximidade, ansiedade relacionada com o abandono, e score total ECR. Foram verificadas correlações positivas estatisticamente significativas entre todas as variáveis, nomeadamente mães

invalidantes com: pais invalidantes (rs = .79, p <.001), imagem corporal (rs = .20, p <

.001), preocupações com o peso e forma corporal (rs = .22, p < .001), preocupações alimentares (rs = .13, p < .001), score total ED-15 (rs = .20, p < .001), evitamento da proximidade (rs = .27, p < .001), ansiedade relacionada com o abandono (rs = .28, p < .001), e score total ECR (rs = .34, p < .001); entre pais invalidantes com: imagem corporal (rs = .21, p < .001), preocupações com o peso e forma corporal (rs = .23, p <

.001), preocupações alimentares (rs = . 14, p = .005), score total ED-15 (rs = .21, p <

.001), evitamento da proximidade (rs = .31, p < .001), ansiedade relacionada com o abandono (rs = .26, p < .001), e score total ECR (rs = .36, p < .001); entre imagem corporal com: preocupações com o peso e forma corporal, preocupações alimentares (rs = .67, p < .001), score total ED-15 (rs = .79, p < .001), evitamento da proximidade (rs = .18, p < .001), ansiedade relacionada com o abandono (rs = .20, p < .001), e score total ECR (rs = .24, p < .001); entre preocupações com o peso e forma corporal com:

preocupações alimentares (rs = .63, p < .001), score total ED-15 (rs = .89, p < .001),

evitamento da proximidade (rs = . 22, p < .001), ansiedade relacionada com o abandono (rs =. 28, p < .001), e score total ECR (rs = .31, p < .001); entre preocupações

alimentares com: score total ED-15 (rs = .90, p < .001), evitamento da proximidade (rs = .11, p = .02), ansiedade relacionada com o abandono (rs = .25, p < .001), e score total ECR (rs = .23, p < .001); entre score total ED-15 com: evitamento da proximidade (rs = .19, p < .001), ansiedade relacionada com o abandono (rs = .30, p < .001), e score total ECR (rs = .29, p < .001); entre evitamento da proximidade com: ansiedade relacionada

com o abandono (rs = .27, p < .001), e score total ECR (rs = .79, p < .001); e entre

(24)

2. Amostra Clínica

2.1. Estatísticas descritivas dos indivíduos da amostra clínica

Neste estudo participaram 41 indivíduos de uma amostra clínica, sendo que 18 (43.9%) indivíduos caracterizaram as suas famílias como invalidantes e 23 (56.1%) indivíduos caracterizaram as suas famílias como validantes.

2.2. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes relativamente aos pais

A tabela 5 apresenta os resultados da MANOVA realizada para testar as diferenças entre tipos de famílias invalidantes e validantes, e pais e mães invalidantes. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas multivariadas ao nível de ambos os pais invalidantes (Wilks’Lambda = .71, F (2,32) = 6.59, p = .004), e

diferenças estatisticamente significativas univariadas entre os tipos de família e pais invalidantes F (1,33) = 515.4, p = .002 e mães invalidantes F (1,33) = 493.7, p = .012. Os tipos de família invalidantes apresentaram mais pais invalidantes (M=38.9, DP=6.8) e mães invalidantes (M=34.4, DP=6.8) que os tipos de família validantes.

Tabela 5

Diferenças ao nível de Pais e Mães Invalidantes e Tipos de Família

Amostra Clínica N = 41 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 14) M (DP) Tipos de Famílias Validantes (n = 21) M (DP) F (1,33) (univariado) Pais Invalidantes 38.9 (6.8) 26.19 (6.2) 515.4** Mães Invalidantes 34.4 (6.8) 26.5 (6.5) 493.7* * p < .05, ** p < .01

(25)

2.3. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes ao nível da insatisfação com a imagem corporal

A tabela 6 apresenta os resultados do Teste de Mann-Whitney realizado para a escala total da Imagem Corporal.

Tabela 6

Diferenças ao nível da Insatisfação com a Imagem Corporal em função dos dois Tipos de Família

n.s. = não significativo

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas ao nível da variável insatisfação com a imagem corporal total (U = 179.5, p = .89).

2.4. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes ao nível da sintomatologia da psicopatologia alimentar

A tabela 7 apresenta os resultados da MANOVA realizada para as subescalas do ED-15 correspondentes às atitudes perante a alimentação relativamente aos tipos de família invalidantes e validantes.

Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas multivariadas ao nível da sintomatologia alimentar (Wilks’Lambda = .89, F (2,33) = 1.96, p = .16). Os testes univariados também não revelaram diferenças estatisticamente significativas ao nível das preocupações com o peso e forma corporal F (1,34) = .00, p = 1.0, e ao nível das preocupações alimentares F (1,34) = 2.11, p = .27.

Amostra Clínica N = 41 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 16) Ordem Média Tipos de Famílias Validantes (n = 23) Ordem Média U Insatisfação com a imagem corporal 19.72 20.20 179.5 n.s.

(26)

Relativamente ao score total do ED-15, foi realizado um Teste de Mann Whitney, que revelou não existirem diferenças estatisticamente significativas ao nível da sintomatologia alimentar relativamente aos dois grupos em comparação, U = 178.5, p

= .97.

Tabela 7

Diferenças ao nível das subescalas do ED-15 e Tipos de Família

Amostra Clínica N = 41 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 16) M (DP) Tipos de Famílias Validantes (n = 20) M (DP) F (1,34) (univariado) Preocupações Alimentares 3.56 (1.48) 4.05 (1.14) 2.11 n.s. Preocupações com o Peso e Forma Corporal

2.92 (1.94) 2.92 (1.75) .00 n.s.

n.s. = não significativo

2.5. Diferenças entre famílias invalidantes e famílias validantes ao nível das relações íntimas

A tabela 8 apresenta os resultados da MANOVA realizada para as subescalas do ECR relativamente aos tipos de família invalidantes e validantes.

Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas multivariadas ao nível das dificuldades no estabelecimento de relações íntimas (Wilks’Lambda = .99, F (2,38) = .058, p = .94). Também não se verificaram diferenças estatisticamente

significativas univariadas ao nível da subescala evitamento da proximidade, F (1,39) = 10370.4, p = .83, e ao nível da subescala ansiedade relacionada com o abandono, F (1,39) = 2521.05, p = .91.

Relativamente ao score total do ECR, foi realizado um Teste de Mann Whitney, que revelou não existirem diferenças estatisticamente significativas ao nível das

(27)

dificuldades no estabelecimento de relações íntimas relativamente aos dois grupos em comparação, U = 45.0, p = .79.

Tabela 8

Diferenças ao nível das subescalas do ECR e Tipos de Família

Amostra Clínica N = 41 Tipos de Famílias Invalidantes (n = 17) M (DP) Tipos de Famílias Validantes (n = 24) M (DP) F (1,39) (univariado) Evitamento da Proximidade 448.8 (474.5) 416.5 (461.2) 10370.4 n.s. Ansiedade relacionada com o abandono 401.0 (455.5) 416.9 (460.9) 2521.05 n.s. n.s. = não significativo

2.6. Associação entre contextos familiares invalidantes, insatisfação com a imagem corporal, sintomatologia alimentar e relações íntimas

Recorreu-se à correlação de Spearman para a associação entre as variáveis ICES mãe, ICES pai, imagem corporal, preocupações com o peso, preocupações alimentares, sintomatologia alimentar (score total ED-15), evitamento da proximidade, ansiedade relacionada com o abandono, e score total ECR, e recorreu-se à correlação de Pearson para a associação entre as variáveis ICES pai e score total ED-15.

Verificou-se uma correlação positiva entre mães e pais invalidantes (rs = .71, p

<.001), mães invalidantes e preocupações alimentares (rs = .44, p = .002), imagem

corporal e preocupações com o peso e forma corporal (rs = .92, p <.001), imagem

corporal e preocupações alimentares (rs = .35, p <.001), imagem corporal e score total ED-15 (rs = .92, p <.001), preocupações com o peso e preocupações alimentares (rs =

.80, p <.001), preocupações com o peso e score total ED-15 (rs = .97, p <.001, e

preocupações alimentares e score total ED-15 (rs = .83, p <.001). Para a associação

(28)

<.05), de modo a que nos leva a concluir que não se verificou associação

estatisticamente significativa entre as restantes variáveis em estudo.

3. Associação entre tipos de família e amostra clínica vs. amostra não clínica Foram encontradas diferenças marginalmente significativas entre os tipos de

família e amostra clínica vs. amostra não clínica, χ2 (1) = 3.28, p = .079. Verifica-se

uma percentagem maior na descrição em tipos de família invalidantes dos indivíduos da amostra clínica (43.9%) face aos indivíduos da amostra não clínica (30.2%).

Discussão

O presente estudo tinha como objetivo estudar a relação entre ambientes de infância invalidantes, autoimagem corporal, sintomatologia das perturbações alimentares e dificuldades ao nível das relações íntimas numa amostra não clínica e numa amostra clínica.

Numa fase inicial foram verificadas diferenças estatisticamente significativas ao nível de contextos familiares invalidantes, insatisfação com a imagem corporal e sintomatologia alimentar numa amostra não clínica. Os indivíduos que caracterizaram as suas famílias como invalidantes, apresentaram maiores níveis de insatisfação com a imagem corporal, e níveis mais elevados de preocupações com o peso e forma corporal comparativamente aos indivíduos que caracterizaram as suas famílias como validantes. Adicionalmente, também foram verificadas diferenças estatisticamente significativas ao nível do estabelecimento de relações íntimas, sendo que, os indivíduos que

caracterizaram as suas famílias como invalidantes apresentaram dificuldades acrescidas ao nível do estabelecimento de relações íntimas comparativamente aos indivíduos que caracterizaram as suas famílias como validantes. Estes resultados vão ao encontro dos resultados obtidos por Boutelle e colaboradores (2009) e Cheng e Mallinckrodt (2009), que mostraram que, maiores níveis de invalidação percebidos no ambiente familiar se associaram a uma maior insatisfação corporal, e a níveis mais elevados de

sintomatologia alimentar (Mantilla et al., 2014). Os resultados obtidos também vão ao encontro do estudo realizado por Paiva e Figueiredo (2010), uma vez que, dificuldades ao nível da proximidade emocional pais-filhos foram associadas a maiores dificuldades no estabelecimento de relações íntimas no domínio romântico.

(29)

Estes resultados da amostra não clínica, também corroboraram a segunda hipótese inicial, na medida em que foi verificada uma correlação positiva

estatisticamente significativa entre as variáveis em estudo: contextos familiares invalidantes, insatisfação com a imagem corporal, sintomatologia alimentar e

dificuldades no estabelecimento de relações íntimas. Esta associação encontrada vai ao encontro dos resultados obtidos na meta-análise realizada por Arcelus e colaboradores (2012), dado que estes autores verificaram a existência de sintomas subclínicos em indivíduos de uma amostra comunitária que explicou a associação entre variáveis como relações familiares disfuncionais, insatisfação corporal, comportamento alimentar disfuncional e dificuldades ao nível do estabelecimento de relações íntimas no domínio romântico.

Adicionalmente, estes resultados vão ao encontro de outros estudos realizados como o de Juda e colaboradores (2004), uma vez que, numa amostra não clínica níveis de invalidação familiares foram associados a uma maior insatisfação corporal, a maiores níveis de sintomatologia alimentar e a dificuldades no estabelecimento de relações íntimas, ao nível do evitamento da proximidade e ansiedade relacionada com o abandono.

Na amostra clínica do presente estudo não foram encontradas associações estatisticamente significativas entre tipos de família invalidantes, insatisfação corporal, sintomatologia alimentar e relações íntimas, o que não corresponde aos resultados obtidos nos estudos realizados com amostras clínicas até ao momento (Arcelus et al., 2012; Tasca et al., 2006). Contudo, foi verificada uma associação positivamente significativa entre mães invalidantes e pais invalidantes, e mães invalidantes e preocupações alimentares. Adicionalmente, nestes indivíduos, a sintomatologia

alimentar foi associada a maior insatisfação corporal, preocupações com o peso e forma corporal, e preocupações alimentares. Esta associação vai ao encontro de estudos recentes realizados (Iannaccone, D’Olimpio, Cella, & Cotrufo, 2016; Legnani, Legnani, Pereira, Gasparotto, Vieira, & Campos, 2012; Munkholm et al., 2016), na medida em que a insatisfação corporal está fortemente associada ao desenvolvimento de

comportamento alimentar disfuncional. Hipotetiza-se que a ausência de diferenças ao nível dos contextos familiares invalidantes e as restantes variáveis em estudo tenha sido devido ao número reduzido de indivíduos nesta amostra, sendo relevante que

investigações futuras se dediquem ao estudo destas variáveis numa amostra clínica com uma maior dimensão. No entanto, relativamente à terceira hipótese deste estudo,

(30)

comparativamente aos indivíduos da amostra não clínica, foi possível verificar que na amostra clínica houve uma maior percentagem de indivíduos que se descreveu em tipos de família invalidantes, apesar de ter sido um resultado marginalmente significativo.

Os resultados obtidos para além de indicarem que a escala ICES demonstrou propriedades psicométricas adequadas na população portuguesa, indicam que a existência de dificuldades ao nível da proximidade emocional pais-filhos se associa a uma maior insatisfação corporal e ao comportamento alimentar disfuncional (Groleau et al., 2012; Mountford et al., 2007). Por outro lado, o facto de se ter verificado uma associação entre as variáveis nos indivíduos da amostra não clínica, poderá ter sido devido à existência de sintomas subclínicos nos indivíduos desta amostra. O facto de terem participado na sua maioria indivíduos do sexo feminino, estudantes do ensino secundário e ensino superior, com idades entre os 15 e os 23 anos, pode ter sido uma razão pela qual se verificou esta associação. Segundo o estudo de Levická,

Kovalcíková, e Kovácová (2014) estas idades constituem idades de risco para o desencadeamento de comportamento alimentar disfuncional, sendo que se inicia preferencialmente na adolescência, e os picos de ocorrência em média variam dos 13 anos aos 25 anos, dependendo do tipo de perturbação em questão. Segundo os mesmos autores, indivíduos do sexo feminino, com estas idades, cujo ambiente familiar não foi propício à resolução de problemas, nem à expressão de emoções negativas estão mais propícios ao desenvolvimento da sintomatologia alimentar.

Os resultados do presente estudo indicam que as experiências de infância invalidantes se associam a maior insatisfação corporal e maiores dificuldades no estabelecimento de relações íntimas, no sentido em que estes indivíduos revelaram maior evitamento de proximidade e uma maior ansiedade relacionada com o abandono. Esta relação pode ser compreendida através de uma visão holística da imagem corporal, no sentido em que esta é um constructo que envolve experiências prévias que foram internalizadas pelo indivíduo e que funcionam como um filtro nas próximas

experiências interpessoais vivenciadas pelo mesmo (Tylka & Wood-Barcalow, 2015). Deste modo, as experiências de invalidação precoce num contexto familiar, parecem estar associadas a um estado de invalidação do self, que se traduz por exemplo numa maior insatisfação corporal, associando-se ao comportamento alimentar disfuncional do indivíduo. Esta associação pode, por sua vez, ser concetualizada através de uma

(31)

mantêm na idade adulta através do medo da rejeição por parte do indivíduo, e dificuldades em confiar no outro (Tasca et al., 2013).

Conclusão

De um modo geral, os resultados corroboraram as hipóteses iniciais do estudo relativamente à amostra não clínica, verificando-se uma relação entre contextos

familiares invalidantes, insatisfação com a imagem corporal, sintomatologia alimentar e dificuldades nas relações íntimas. No entanto, o mesmo não se verificou na amostra clínica. Tendo em conta os resultados obtidos ainda é necessária mais investigação ao nível das relações de vinculação dos indivíduos com sintomatologia alimentar em amostras clínicas, uma vez que, este estudo foi maioritariamente conduzido com indivíduos de uma amostra não clínica. Tem-se em vista que intervenções

psicoterapêuticas futuras se foquem na proximidade emocional pais-filhos, dado que, segundo Mountford e colaboradores (2007) as experiências percebidas de contextos familiares invalidantes associam-se à sintomatologia alimentar. Adicionalmente, atender aos contextos relacionais no domínio romântico destes indivíduos, uma vez que, as dificuldades ao nível das relações íntimas associaram-se à sintomatologia da psicopatologia alimentar.

Nos indivíduos da amostra não clínica foram notórias as preocupações elevadas com o peso e forma corporal. Estes resultados permitem enfatizar a importância de atender às faixas etárias relativas ao ensino secundário e ensino superior, dado que constituem grupos de risco para a incidência das perturbações alimentares (Levická et al., 2014). Deste modo, identifica-se uma necessidade acrescida para a realização de ações de sensibilização acerca desta problemática, nomeadamente nas escolas e

universidades, apoiando a identificação de eventuais sinais patológicos, através de uma abordagem de nível de prevenção primária nestes grupos de risco. Tendo em conta os resultados obtidos, é possível verificar que existem inúmeros fatores de risco que em combinação mútua culminam no desenvolvimento da sintomatologia alimentar, o que acresce a complexidade deste quadro clínico e o grau de exigência na sua interpretação e intervenção pelos profissionais de saúde (Levická et al., 2014).

No presente estudo identificam-se algumas limitações, nomeadamente o número reduzido de indivíduos na amostra clínica. A investigação tem-se dedicado a estudar a relação entre o comportamento alimentar disfuncional e relações íntimas

(32)

maioritariamente em amostras comunitárias, sendo que, é necessário que mais estudos se debrucem no estudo em indivíduos com diagnóstico de perturbações alimentares. O

design transversal deste estudo também se considera uma limitação. Investigações

futuras poderão beneficiar na realização de estudos com um design longitudinal, nos quais poderá ser possível perceber uma relação temporal entre as variáveis e avançar para um conhecimento mais aprofundado acerca das origens e manutenção das dificuldades relacionais e da sintomatologia da psicopatologia alimentar. Apesar da escala ICES ter apresentado elevados níveis de consistência interna na população portuguesa, aponta-se como uma última limitação o facto de não ter sido ainda validada nesta população. Contudo, apesar das limitações enunciadas, na presente investigação enumeram-se alguns pontos fortes, nomeadamente a dimensão da amostra não clínica recolhida, assim como os instrumentos de avaliação que foram utilizados que

apresentaram todos eles elevados níveis de consistência interna na população portuguesa.

(33)

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