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Destaque Depec - Bradesco

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Academic year: 2021

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A reorganização do ambiente econômico brasileiro desde meados de 2016 resultou em ancoragem das expectativas de inflação e desobstrução dos canais de transmissão da política monetária. Ao adicionarmos a

esse ambiente a retomada moderada do crescimento econômico vista até agora, a apreciação da moeda brasileira e um choque de oferta favorável de alimentos, o resultado tem sido uma desaceleração considerável da inflação, que passou de 6,3% em 2016 para 2,4% no mês passado. Apesar da forte contribuição dada pela queda dos preços de alimentos (-2,4 p.p.), a descompressão foi disseminada, totalizando uma redução de 3,8 p.p. do índice, incluindo a contribuição de serviços, com queda de 0,5 p.p.. Quando fazemos esta análise desde o final de 2015, as contribuições se equilibram ainda mais. Para os próximos meses, esperamos que a inflação registre ligeira aceleração e termine o ano em 3,0%, limite inferior do regime de metas de inflação. Essa variação baixa gerará uma inércia favorável para o próximo ano, para quando esperamos aceleração do IPCA para 3,9%, permanecendo abaixo do centro da meta, mesmo considerando a retomada do crescimento econômico, que passará de 0,9% em 2017 para 2,8% em 2018.

Além da inércia favorável e da ancoragem das expectativas, outros vetores suportam nosso cenário benigno para a inflação. Dentre estes, destacamos: (i) elevada ociosidade na indústria, que, mesmo com a recuperação

da produção industrial, segue 7,0 p.p. abaixo da média histórica; (ii) ausência de pressões oriundas do mercado de trabalho – mesmo que a taxa de desemprego esteja melhorando antes do que o esperado, os dissídios salariais seguem em níveis historicamente baixos (4,9%) e o aumento esperado para o salário mínimo em 2018 (3,0%) será o menor desde 1996; e, por último, (iii) há enorme folga no balanço de pagamentos, que permite ao país importar um eventual excesso de demanda sobre a produção doméstica sem gerar pressões inflacionárias. 6,3% 9,4% 5,5% 7,2% 6,5% 1,3% 6,3% 2,5% -5,3% 6,4% 2,7% 5,1% -1,7% 3,5%

IPCA Alim. Domicílio (16,6%) Administrados (24,3%) Demais livres (7,7%) Serviços (35,8%) Duráveis (8,7%) Média dos núcleos Título do Gráfico dez-16 set-17 25 de outubro de 2017

Cenário de inflação seguirá benigno em 2018, mesmo com fechamento mais rápido do hiato

Leandro Câmara Negrão

Fonte: IBGE, Bradesco

Contribuição (p.p.) -3,8 -2,4 0,2 -0,3 -0,5 -0,3 Título do Gráfico

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Mesmo com esse cenário benigno de inflação, alguns riscos devem ser monitorados. O primeiro deles está

associado à perspectiva para a taxa de câmbio. Esperamos que o real encerre 2018 cotado a R$ 3,20. Porém, uma depreciação de cerca de 10% gerada por fatores domésticos ou externos pode acrescentar 0,6 p.p. ao nosso cenário base para o IPCA. O segundo risco está relacionado ao clima. Em caso da ocorrência de La Niña de forte intensidade, pode haver um efeito altista sobre os preços de alimentos que acrescenta até 1,0 p.p. à nossa projeção de inflação cheia. Além disso, as incertezas associadas ao cenário hidrológico, devido a recorrente falta de chuvas, podem afetar o preço da energia elétrica e adicionar outros 0,25 p.p. em 2018. Parte dessa incerteza, inclusive, se revelou ontem, com o reajuste das bandeiras tarifárias, que deve impactar o IPCA de curto prazo em 0,1 p.p. Entretanto, uma das principais dúvidas, em nossa avaliação, diz respeito à resposta da inflação ao fechamento do hiato do produto.

A velocidade de fechamento do hiato do produto será crucial para determinar a persistência de juros baixos ao longo de 2018. O crescimento potencial é aquele que, tudo mais constante, não gera pressão inflacionária,

ou seja, é a taxa de crescimento compatível com a variação de preços no centro da meta estabelecida. Alguns componentes afetam essa variável no longo prazo, com destaque para a produtividade da economia e a demografia, mas, no curto prazo, pesam bastante a ociosidade da indústria e do mercado de trabalho, além da taxa de investimento agregada da economia, que é baixa. Por se tratar de uma variável não observada, sua estimativa está carregada de grande incerteza. Sem entrar em detalhes metodológicos, simulamos dois cenários para o crescimento potencial e, por consequência, para o hiato do produto resultante. No cenário 1, o

4,9 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 13 14 15 16 17

Gráfico 2 – Reajustes salariais nominais, Pesquisa Empresarial Bradesco (em %)

Fonte: Bradesco

Tabela 1 – Impacto do La Niña sobre preços internacionais de commodities e inflação, sob três cenários

Milho 8,0% 9,0% 10,0%

Soja 10,0% 11,0% 12,0%

IPCA Alimentação no domicílio 4,5% 5,7% 9,8%

Impacto IPCA cheio (p.p.) 0,0 0,25 1,00

Intensidade do La Niña Ausência Fraco -0,5 ⁰C

Forte -1,5 ⁰C

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-2,5 -0,3 0,6 -3,5 -2,1-1,2 -5,0 -4,0 -3,0 -2,0 -1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Cenário 1 Cenário 2

Nos dois cenários simulados, a inflação fica abaixo do centro da meta em 2018 e somente em 2019 pode vir a ultrapassar essa marca. Com um fechamento lento do hiato, a inflação estará abaixo do centro da meta ainda

em 2019, atingindo 4,1%. Já sob um fechamento mais acelerado, a inflação chega a 4,8%, requerendo reação da política monetária no final de 2018 ou início de 2019, em função da defasagem entre a política monetária e seu resultado efetivo sobre a variação de preços. Em nosso cenário central, a inflação deverá ficar no centro da meta no final de 2019, considerando um aperto de 125 b.p. na taxa básica de juros a partir do início daquele ano, condicional à evolução da agenda de reformas e do ambiente para investimentos, que pode tornar o aperto maior ou menor do que o estimado hoje em dia. Vale destacar que utilizamos em todos os cenários a ausência de um choque climático de forte intensidade, taxa de câmbio estável e expectativas de inflação ancoradas. Caso alguma dessas variáveis não se confirme, os resultados também tendem a se alterar.

Gráfico 3 – Hiato do PIB sob duas hipóteses para a velocidade de redução da ociosidade

Fonte: IBGE, Bradesco

3,9% 4,3% 3,5% 4,1% 3,0% 4,1% 4,8% 2,0% 2,5% 3,0% 3,5% 4,0% 4,5% 5,0% 5,5% 6,0% 6,5% 7,0% 16 17 18 19 base Cenário 2 Cenário 1 Gráfico 4 – IPCA com cenários baseados em diferentes hipóteses de hiato do PIB

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Portanto, o que as simulações indicam é que, na ausência de choques, a aceleração da inflação tende a ser bastante gradual ao longo dos próximos meses, comportando uma política monetária bastante acomodatícia. A reforma que definiu o teto de gastos (ausência de expansão real do gasto federal), a nova taxa

de juros do BNDES e importantes ajustes na política para-fiscal (menor intensidade na concessão de crédito público e direcionado) podem não estar sendo adequadamente incorporados no hiato do produto e estender o período de juros baixos adiante. Ao mesmo tempo, incertezas do cenário externo, combinadas com dúvidas remanescentes em relação à continuidade da agenda de reformas, podem pressionar a taxa de câmbio e as expectativas, acelerando precocemente a inflação. O grau de exposição da economia brasileira à competição e a pequena abertura comercial tornam menos previsível o espaço para repasse de margens diante da retomada em curso da economia. Ainda assim, em nossa avaliação, a maior recessão da história, as reformas implementadas e os vetores aqui mencionados para uma inflação benigna nos dão elevada confiança de que o tema das pressões inflacionárias, se surgir, tende a ser muito mais focado em 2019 do que em 2018.

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Equipe Técnica

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Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa

Economistas Ana Maria Bonomi Barufi / Andréa Bastos Damico / Constantin Jancso / Daniela Cunha de Lima / Ellen Regina Steter / Estevão Augusto Oller Scripilliti / Fabiana D’Atri / Igor Velecico / Leandro Câmara Negrão / Marcio Aldred Gregory / Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / Regina Helena Couto Silva / Thomas Henrique Schreurs Pires

Estagiários Alexandre Stiubiener Himmestein / Camila Medeiros Tanomaru / Felipe Yamamoto Ricardo da Silva / Mariana Silva de Freitas / Rafael Martins Murrer / Thaís Rodrigues da Silva

Referências

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