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ESTUDO. Milso Nunes de Andrade Junior Consultor Legislativo da Área VII Sistema Financeiro, Direito Comercial, Direito Econômico, Defesa do Consumidor

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Academic year: 2021

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Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados Centro de Documentação e Informação

Coordenação de Biblioteca http://bd.camara.gov.br

"Dissemina os documentos digitais de interesse da atividade legislativa e da sociedade.”

ANÁLISE DAS IMPLICAÇÕES LEGAIS E JURÍDICAS

DATRANSFERÊNCIA DE PATRIMÔNIO DE UMA

INSTITUIÇÃO BENEFICENTE PARA UMA

SOCIEDADE DE FINS ECONÔMICOS, BEM COMO,

DA DESTINAÇÃO DOS DIVIDENDOS

DECORRENTES DA ATIVIDADE LUCRATIVA QUE A

INSTITUIÇÃO PASSA A EXERCER

Milso Nunes de Andrade Junior

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ESTUDO

Câmara dos Deputados Praça 3 Poderes Consultoria Legislativa Anexo III - Térreo Brasília - DF

ANÁLISE DAS IMPLICAÇÕES LEGAIS E JURÍDICAS DA

TRANSFERÊNCIA DE PATRIMÔNIO DE UMA INSTITUIÇÃO

BENEFICENTE PARA UMA SOCIEDADE DE FINS

ECONÔMICOS, BEM COMO, DA DESTINAÇÃO DOS

DIVIDENDOS DECORRENTES DA ATIVIDADE LUCRATIVA QUE

A NOVA INSTITUIÇÃO PASSA A EXERCER

.

Milso Nunes de Andrade Junior

Consultor Legislativo da Área VII Sistema Financeiro, Direito Comercial, Direito Econômico, Defesa do Consumidor

ESTUDO FEVEREIRO/2006

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2

© 2006 Câmara dos Deputados.

Todos os direitos reservados. Este trabalho poderá ser reproduzido ou transmitido na íntegra, desde que citados o autor e a Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. São vedadas a venda, a reprodução parcial e a tradução, sem autorização prévia por escrito da Câmara dos Deputados.

Este trabalho é de inteira responsabilidade de seu autor, não representando necessariamente a opinião da Câmara dos Deputados.

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ANÁLISE DAS IMPLICAÇÕES LEGAIS E JURÍDICAS DA

TRANSFERÊNCIA DE PATRIMÔNIO DE UMA INSTITUIÇÃO

BENEFICENTE PARA UMA SOCIEDADE DE FINS

ECONÔMICOS, BEM COMO, DA DESTINAÇÃO DOS

DIVIDENDOS DECORRENTES DA ATIVIDADE LUCRATIVA

QUE A NOVA INSTITUIÇÃO PASSA A EXERCER.

Milso Nunes de Andrade Junior

Implicações legais e jurídicas (a) da transferência de

patrimônio de uma instituição beneficente para uma sociedade empresária

1

e (b) da destinação dos dividendos decorrentes da atividade desta

2

.

O Código Civil (CC) prevê, em seu art. 44, a existências das seguintes espécies de pessoas jurídicas de direito privado:

I – associações; II – sociedades; III – fundações;

IV – organizações religiosas; V – partidos políticos.

Dessas, apenas as associações e fundações seriam próprias para a realização de atividades beneficentes, constituídas como pessoas jurídicascom tal finalidade.3

1 Conforme a inteligência dos arts. 981, caput, e 982, caput, combinados com o art. 966, caput e parágrafo

único, todos do Código Civil, todas as sociedades têm “fins econômicos”, ainda que umas seja “empresárias” e, outras, “simples”.

2 Somente se contempla a distribuição de “dividendos” nas hipóteses de sociedades anônimas (arts. 1.088 e

1.089 do Código Civil e Lei das S. A. – 6.404, de 1976) e de sociedades em comandita por ações (art. 1.090 do Código Civil).

3 As organizações religiosas, embora atuem de forma beneficente, terão fins ligados à prática e divulgação

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4

Segundo o art. 53 do CC, as associações constituem-se pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos (entre estes, portanto, podem constar os fins de benemerência).

Em relação às fundações, o parágrafo único do art. 62 do CC determina que somente poderão constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (esta, portanto, a segunda hipótese que atende a preocupação do solicitante do presente estudo).

Dissolução da Associação de Benemerência

Reza o caput do art. 61 do CC que, “Dissolvida a associação, o

remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 564, será destinado à entidade de fins não

econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, a

instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes”.

O § 1º do citado dispositivo contempla a possibilidade de que, “Por

cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o

respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação”. Já o § 2º determina que “Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições

indicadas” no

caput

, “o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do

Estado, do Distrito Federal ou da União”.

Dissolução de Fundação Privada

Deve-se observar inicialmente, por, oportuno, que, em relação ao patrimônio inicial, o seu instituidor “(...) fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina (...)” (art. 62, caput). “Quando

auxílio mútuo entre seus membros, quando tal atividade for realizada em volume mais significativo, o correto será instituírem pessoa jurídica individualizada, até para obtenção de benefícios fiscais, entre outros.

4 “Art. 56. (...) Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da

associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.”

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insuficientes (...), os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante” (art. 63, caput).

No que tange à dissolução, o art. 69 do CC prevê que, “Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção,

incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante”.

Sobre o assunto, devemos registrar os escritos do Dr. José Eduardo Sabo Paes em seu livro “Fundações e Entidades de Interesse Social” (Brasília : Brasília Jurídica, 5 ed., 2004, p. 417-418), a saber:

“Do Destino dos Bens em Caso de Extinção

Não há dúvida de que o patrimônio composto de bens livres é elemento essencial da fundação, estando presente, de forma indelével, na sua constituição e durante toda a sua existência.

Por essa razão especial, no momento em que se trata da extinção da entidade, deve haver um cuidado em relação a estes bens que compuseram a dotação inicial da fundação, e que foram posteriormente acrescidos ao seu patrimônio.

O destino dado aos bens que compõem o patrimônio da fundação será aquele estabelecido na parte final do art. 69 do Código Civil (...).

O primeiro caminho a ser adotado como destino do patrimônio residual é verificar-se no estatuto da fundação, ou na sua escritura pública de instituição, se se encontra presente manifestação do(s) instituidor(es) sobre o que deve ser feito, em caso de extinção da entidade, com os bens que dela remanescerem.5

O segundo caminho a ser trilhado surge a partir do momento em que o ato constitutivo ou o estatuto da fundação for silente quanto ao destino dos bens. Nesse caso, o patrimônio residual será incorporado a outras fundações que se proponham a fins iguais ou semelhantes.

O terceiro caminho aventado pela doutrina, uma vez que dele não dispõe expressamente a lei, é no caso de inexistir no Estado onde se situa a fundação outra fundação com fins iguais ou semelhantes à extinta, apta a receber o patrimônio remanescente. Nesse caso, os bens que se tornaram vagos serão devolvidos à Fazenda do Estado ou do Distrito Federal.”

5 As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso, deve,

obrigatoriamente, constar do estatuto registrado ex vi do art. 46, VI, do CC. (PAES, op. cit., p. 418, nota de rodapé 389)

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Conclusão

É de se concluir, à vista das disposições legais vigentes, que não existe previsão para a transferência de patrimônio de instituição beneficente para uma sociedade, seja ela “empresária” ou “simples”.

As únicas hipóteses possíveis seriam:

a) no caso das associações, a situação em que cláusula do estatuto ou, na falta, deliberação dos associados, previssem a restituição, aos associados (incluindo a sociedade empresária objeto do questionamento inicial), em valor atualizado, das contribuições que houverem prestado ao patrimônio da associação;

b) no caso de fundações, a situação em que o estatuto ou o ato constitutivo previssem a destinação do patrimônio a fim diverso da regra legal, sendo tal fim a incorporação ao patrimônio de uma sociedade empresária.

À parte da possível consideração de que tal hipótese, além de remota, constituiria uma excrescência, por desvirtuar a finalidade original da aplicação dos recursos em atividades beneficentes6, deve-se verificar, portanto, se há previsão formalizada em estatuto da associação ou fundação, ato constitutivo da fundação, ou deliberação dos associados, antes da dissolução da instituição beneficente.

Em havendo, o patrimônio restituído ou destinado se incorporará ao patrimônio da sociedade anônima ou em comandita por ações, sem que haja qualquer obrigação de destinação dos dividendos a atividades vinculadas a benemerência ou outras, observando-se tão-somente a legislação própria das sociedades por ações, inclusive para o prévio aumento do capital e a correspondente distribuição de novas ações, ou aumento do seu valor patrimonial, pelos detentores de ações representativas do capital social anterior.

Na hipótese de ser a sociedade empresária de outro tipo ou sociedade simples, também serão observadas as regras próprias para aumento de capital e atribuição das novas quantidades ou valores de quotas, proporcionalmente às anteriormente detidas pelos sócios. A repartição de resultados não ficará vinculada, em relação ao patrimônio advindo da instituição beneficente.

6 No caso da fundação, por certo, o crivo da autoridade competente, do juiz e do Ministério Público (arts.

65, caput e parágrafo único, 66, caput e §§, 67, III, 68 e 69 do Código Civil, atuarão para inibir essa possibilidade).

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De se ressaltar, por fim, que o Ministério Público, ao verificar o desvio de finalidade e a ocorrência de práticas ilícitas (por exemplo, aumento de patrimônio em decorrência de benefícios fiscais ou isenções tributárias, não compensados quando da transferência do patrimônio para a sociedade empresária), pela utilização indevida de associação ou fundação beneficente, poderá propor a competente ação penal e civil para que as partes prejudicadas (o Erário ou particulares) sejam ressarcidos dos danos causados, além de serem apenados os responsáveis, na forma da lei penal.

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