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Direcção-Geral da Saúde

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Academic year: 2021

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Direcção-Geral da Saúde

PATOLOGIAS A INTEGRAR,

PRIORITARIAMENTE, EM PROJECTOS DA

GESTÃO INTEGRADA DA DOENÇA

DIVISÃO GESTÃO INTEGRADA DA DOENÇA

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1. INTRODUÇÃO

Os sistemas de saúde encontram-se num ponto de encruzilhada face aos novos paradigmas que se configuram ao nível da prestação de cuidados de saúde às populações. Estes derivam não só das alterações demográficas que se observam (envelhecimento progressivo da população), das transformações ocorridas ao nível da epidemiologia, em virtude do aumento da incidência das doenças crónicas, das doenças transmissíveis e não transmissíveis, mas também pela necessidade de controlar os custos com o sector da saúde.

Tradicionalmente, os sistemas de saúde e as instituições que os integram, oferecem tratamentos para os sintomas detectados/identificados, o que implica elevados custos, pois a intervenção apenas ocorre num estadio mais avançado, e uma menor qualidade de vida para os doentes. Muito embora os benefícios da prevenção da doença e promoção da saúde estejam há muito identificados, o investimento que os sistemas de saúde efectuam nesta sua componente continua a ser ainda muito baixa, comparando-a com a destinada ao diagnóstico e tratamento de patologias – cerca de 3% em média para os países da OCDE.

Acresce ainda, o facto de estarmos numa época em que a ciência médica regista avanços sistemáticos, o que se reflecte ao nível das tecnologias disponibilizadas (cada vez mais incisivas e com uma grande contribuição ao nível da formulação de diagnósticos), e das novas modalidades e combinações terapêuticas, o que vem criar maior pressão sobre os sistemas, pois todas estas inovações incorporam um elevado investimento, o que se reflecte ao nível dos custos do sector.

De facto, o envelhecimento demográfico associado ao aumento da esperança média de vida e o aumento da incidência das doenças crónicas, ou que produzem graus de incapacidade elevados, tem provocado grandes pressões sobre os sistemas de saúde, pois são combinações de factores que obrigam, com frequência, a repetidas intervenções, a todos os níveis de prestação de cuidados de saúde, o que produz efeitos ao nível da curva de custos, que se aproxima da uma tendência exponencial.

Importa por isso promover uma acção concertada no sentido de se obter uma intervenção precisa, através da mobilização de recursos, que permitam uma melhoria do estado de saúde, da qualidade de vida e do bem-estar global dos doentes. Esta acção passa pela crescente colaboração e coordenação dos diferentes níveis de prestadores de cuidados, no sentido de oferecer cuidados integrados de saúde, que permitam disponibilizar cuidados de elevada qualidade em termos da prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e acompanhamento.

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A acção deverá centrar-se nas doenças que têm grandes implicações para os sistemas de saúde, a níveis distintos, primeiro um elevado peso orçamental, o que implica necessariamente uma melhor coordenação de cuidados e uma crescente uniformização das práticas dos profissionais, e segundo as que estão na base de graves consequências para os doentes, nomeadamente a precocidade e severidade da incapacidade que lhes é imposta, com as necessárias repercussões a nível social e económico.

Os sistemas de saúde e os decisores estão sensíveis a todas estas dinâmicas, existindo a preocupação crescente em responder às necessidades da população, tornando imperiosa a criação de mecanismos de resposta, no sentido de não excluir ninguém e garantindo a universalidade e equidade no seu acesso.

Atenta a esta realidade, a Direcção-Geral de Saúde promoveu, através do recurso a uma metodologia de análise qualitativa de dados – Painel Delphi – junto de peritos reconhecidos em diferentes patologias, uma análise de 17 patologias, procurando que estes chegassem a um consenso e definissem as patologias que prioritariamente necessitam de uma intervenção.

2. METODOLOGIA

A Técnica Delphi é uma das poucas metodologias científicas que permite analisar dados qualitativos.

Trata-se de um método que permite descobrir as opiniões de especialistas – denominado de painel Delphi – através da realização de uma série de questionários. São apresentadas uma série de proposições específicas aos participantes para que, cada um individualmente, as ordene mediante um dado critério estabelecido. Os resultados depois de agregados são entregues aos especialistas para que possam reformular as proposições apresentadas.

Este método distingue-se essencialmente por três características básicas, o anonimato, a interacção com "feedback" controlado e as respostas estatísticas do grupo. As principais características do método Delphi consistem então, na utilização de um painel de peritos para obter conhecimento, o facto de os participantes não terem confrontação frente a frente, a garantia de anonimato das respostas dadas pelos participantes e o uso de ferramentas estatísticas simples para identificar padrões de acordo. Com efeito, uma das grandes vantagens deste método é permitir que pessoas que não se conhecem, desenvolvam um projecto comum, e sem ter que revelar as suas opiniões uns aos outros, cheguem a um acordo geral sobre uma dada área de interesse.

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Os dados iniciais foram enviados aos peritos por e-mail, acompanhados por um glossário de conceitos associados aos atributos a considerar na classificação das patologias, procurando, desta forma, objectivar a opinião de cada perito, permitindo que todos, embora individualmente, estivessem a responder ao mesmo quesito.

Neste caso específico, definiram-se duas rondas para atingir resultados. Após a realização desta primeira ronda, os especialistas tiveram acesso aos resultados, tendo-se passado a uma segunda ronda de análise, onde já só constavam as patologias que tinham atingindo um score mais elevado (foram retiradas as que se consideraram terem uma importância completamente irrisória através da pontuação atribuída pelos peritos), e os especialistas ordenaram de novo as patologias, através de nova ronda de pontuação.

3. RESULTADOS – 1ª RONDA

Dos dados apurados, verificamos que a Patologia mais pontuada, no total das sete variáveis escolhidas para a avaliação, em termos de prioridade, para os Projectos de Gestão Integrada da Doença é a Diabetes, seguida da Hipertensão Arterial, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica, Insuficiência Cardíaca, HIV/SIDA, Cancro Colorectal, Cancro da Mama Feminino, Asma, Doenças Reumáticas Degenerativas e Depressão.

Quadro 1 – Patologias em Análise

N.º PATOLOGIA SCORE 1 Diabetes 3,6 2 HTA 3,5 3 DPOC 3,4 4 Insuficiência Cardíaca 3,4 5 HIV/Sida 3,3

6 Cancro do Colo Rectal 3,3

7 Cancro da Mama Feminino 3,2

8 Asma 3,2

9 Doenças Reumáticas Degenerativas 3,1

10 Depressão 3,1

11 Cancro do Colo do Útero 2,9

12 Obesidade Mórbida 2,9

13 Hiperlipidémia 2,9

14 Doenças Reumáticas Auto-Imunes 2,9

15 Osteoporose 2,8

16 Cataratas 2,2

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As Patologias como o Cancro do Colo do Útero, a Obesidade Mórbida, Hiperlipidémia, as Doenças Reumáticas Auto-Imunes, a Osteoporose, as Cataratas e a Hipertensão Ocular, foram as que reuniram pontuações mais baixas, fruto da valorização de cada uma das componentes que avaliavam o seu grau de importância, no sentido de serem consideradas, ou não, como prioritárias nos projectos de Gestão Integrada da Doença.

Atendendo às pontuações atribuídas às variáveis que estiveram na base da classificação alcançada, observamos que as mais valorizadas foram as que constam do quadro 2.

Quadro 2 – Variáveis de Análise

N.º VARIÁVEL SCORE

1 Possibilidade de Uniformização das Práticas dos Profissionais 3,7

2 Capacidade de Coordenação de Cuidados 3,3

3 Elevado Peso Orçamental 3,3

4 Severidade da Incapacidade 3,0

5 Magnitude Epidemiológica 2,9

6 Doença com Possibilidade de Auto-Controlo 2,7

7 Precocidade da Incapacidade 2,3

Os peritos valorizaram mais as variáveis Possibilidade de Uniformização das Práticas dos Profissionais, Capacidade de Coordenação de Cuidados e o Elevado Peso Orçamental. Já a Doença com Possibilidade de Auto-Controlo e Precocidade da Incapacidade, foram as menos pontuadas.

Gráfico 1 – Importância de cada Variável

3,3 3,3 3,0 2,9 2,3 2,7 3,7 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 Possibilidade de Uniformização das Práticas dos

Profissionais Capacidade de Coordenação de Cuidados Elevado Peso Orçamental Severidade da Incapacidade Magnitude Epidemiológica Doença com Possibilidade de Auto-Controlo Precocidade da Incapacidade

(6)

Dentro de cada uma das Patologias, procurou-se evidenciar a componente que cada uma das variáveis representava na composição final da sua pontuação, para que houvesse uma leitura mais imediata.

Da leitura do gráfico 2, verifica-se a Possibilidade de Uniformização das Práticas dos Profissionais atinge uma percentagem mais elevada nas Patologias Cancro do Colo do Útero, Hiperlipidémia, Hipertensão Ocular e Cataratas. Analisando a Capacidade de Coordenação de Cuidados, registamos que é nas Neoplasias da Mama, Colo Rectal, Colo do Útero e na Hipertensão Ocular, que se atingem percentagens mais altas.

Gráfico 2 – Contribuição relativa de cada variável por Patologia

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Possibilidade de Uniformização das Práticas dos Profissionais Capacidade de Coordenação de Cuidados Elevado Peso Orçamental Severidade da Incapacidade

Magnitude Epidemiológica Doença com Possibilidade de Auto-Controlo Precocidade da Incapacidade

Foi entendimento da Divisão de Gestão Integrada da Doença excluir, para a segunda ronda, as Patologias que obtiveram um score abaixo da média (3,0):

Quadro 3 – Patologias Excluídas

N.º PATOLOGIA SCORE

11 Cancro do Colo do Útero 2,9

(7)

13 Hiperlipidémia 2,9 14 Doenças Reumáticas Auto-Imunes 2,9

15 Osteoporose 2,8

16 Cataratas 2,2

17 Hipertensão Ocular 2,1

Gráfico 3 – Score por Patologia

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 4. RESULTADOS – 2ª RONDA

Tomando como base de trabalho os dados da primeira ronda, os resultados foram enviados aos peritos, tendo sido solicitado que estes se pronunciassem novamente sobre as patologias em análise (reduzidas a 10, após a exclusão das 7 que obtiveram um score inferior a 3.0), utilizando as mesmas variáveis e escala para atribuírem a pontuação.

Quadro 4 – Scores por Patologia

N.º PATOLOGIA SCORE 1 Diabetes 3,6 2 Insuficiência Cardíaca 3,4 3 HTA 3,4 4 Asma 3,4 5 DPOC 3,4

(8)

6 HIV/Sida 3,2

7 Cancro da Mama Feminino 3,2

8 Depressão 3,2

9 Cancro do Colo Rectal 3,1

10 Doenças Reumáticas Degenerativas 3,0

Na posse dos dados da 2ª ronda efectuada junto dos peritos, e com os scores alcançados para cada uma das patologias, efectuou-se uma comparação entre o score atingido inicialmente e o agora obtido, no sentido de verificar se existia alguma tendência de valorizar as patologias com maior pontuação inicial ou se existiria uma redistribuição da pontuação pelas patologias.

Quadro 5 – Comparação dos scores por Patologia

1ª RONDA 2ª RONDA

N.º PATOLOGIA SCORE N.º PATOLOGIA SCORE POSIÇÃO

1 Diabetes 3,62 1 Diabetes 3,57 2 HTA 3,48 3 HTA 3,39 3 DPOC 3,44 5 DPOC 3,35 4 Insuficiência Cardíaca 3,40 2 Insuficiência Cardíaca 3,44 5 HIV/Sida 3,32 6 HIV/Sida 3,23 6 Cancro do Colo Rectal 3,26 9 Cancro do Colo Rectal 3,12 7 Cancro da Mama Feminino 3,25 7 Cancro da Mama Feminino 3,16 8 Asma 3,21 4 Asma 3,36 9 Doenças Reumáticas Degenerativas 3,09 10 Doenças Reumáticas Degenerativas 2,97 10 Depressão 3,06 8 Depressão 3,16

Conforme se pode observar pela leitura do quadro 5, onde estão dispostas as patologias, seguindo a ordenação da 1ª ronda, constatamos que em regra existiu uma ligeira diminuição da pontuação atribuída na maioria das patologias, exceptuando a Depressão a Insuficiência Cardíaca e a Asma, que viram os scores aumentados.

Quadro 6 – Comparação dos scores por Variável

1ª RONDA 2ª RONDA

N.º VARIÁVEL SCORE N.º VARIÁVEL SCORE POSIÇÃO

1 Possibilidade de Uniformização das

Práticas dos Profissionais 3,7 1

Possibilidade de Uniformização das

Práticas dos Profissionais 3,9 2 Capacidade de Coordenação de

Cuidados 3,3 2

Capacidade de Coordenação de

Cuidados 3,6 3 Elevado Peso Orçamental 3,3 5 Elevado Peso Orçamental 3,2 4 Severidade da Incapacidade 3,0 4 Severidade da Incapacidade 3,2 5 Magnitude Epidemiológica 2,9 3 Magnitude Epidemiológica 3,3 6 Doença com Possibilidade de Auto-Controlo 2,7 6 Doença com Possibilidade de Auto-Controlo 3,0 7 Precocidade da Incapacidade 2,3 7 Precocidade da Incapacidade 2,7

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Já no que concerne aos pontos atribuídos a cada uma das variáveis individualmente, verificamos que apesar de existir uma alteração da posição da variável Magnitude Epidemiológica, que subiu duas posições, todas as variáveis reuniram uma pontuação mais elevada.

Gráfico 4 – Importância de cada Variável

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 Possibilidade de Uniformização das Práticas dos Profissionais Capacidade de Coordenação de Cuidados Elevado Peso Orçamental Severidade da Incapacidade Magnitude Epidemiológica Doença com Possibilidade de Auto-Controlo Precocidade da Incapacidade 1ª Ronda 2ª Ronda

A única variável que registou uma ligeira diminuição na pontuação atribuída pelos Peritos foi a do Elevado Peso Orçamental, com menos uma décima percentual.

Gráfico 5 – Contribuição relativa de cada variável por Patologia

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Possibilidade de Uniformização das Práticas dos Profissionais Capacidade de Coordenação de Cuidados

Magnitude Epidemiológica Severidade da Incapacidade

Elevado Peso Orçamental Doença com Possibilidade de Auto-Controlo

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Gráfico 6 – Score por Patologia 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 D iabe tes HT A DP O C In su fici ê n ci a Ca rd ía c a HI V /S id a C a nc ro do C ol o Re c ta l C a nc ro da M am a Fe m in in o As m a Do e n ç a s R eum áti c a s D eg ene rati v as De p re s s ã o 1ª Ronda 2ª Ronda

Os dados obtidos permitem então apontar como patologias a integrar prioritariamente em Projectos de Gestão Integrada da Doença, as indicadas no quadro 11.

Quadro 7 – Scores por Patologia

N.º PATOLOGIA SCORE 1 Diabetes 3,6 2 Insuficiência Cardíaca 3,4 3 HTA 3,4 4 Asma 3,4 5 DPOC 3,4 6 HIV/Sida 3,2

7 Cancro da Mama Feminino 3,2

8 Depressão 3,2

9 Cancro do Colo Rectal 3,1

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Elaborado por:

Anabela Candeias J. Alexandre Diniz Miguel Rodrigues

Referências

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