• Nenhum resultado encontrado

Se conhecemos a taxa de variação de uma quantidade em relação a outra, podemos determinar a relação entre essas quantidades?

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Se conhecemos a taxa de variação de uma quantidade em relação a outra, podemos determinar a relação entre essas quantidades?"

Copied!
46
0
0

Texto

(1)

U

NIVERSIDADE DO

E

STADO DA

B

AHIA

– UNEB

D

EPARTAMENTO DE

C

IÊNCIAS

E

XATAS E DA

T

ERRA

– DCET / C

AMPUS

I

DISCIPLINA: Cálculo II (MAT 089) CH: 75

PROFESSOR: Adriano Cattai SEMESTRE: 2012.1 ALUNO:

A

POSTILA

01: I

NTEGRAL

I

NDEFINIDA E

T

ÉCNICAS DE

I

NTEGRAÇÃO

1.1

Integração

O Cálculo Diferencial lida com o problema de se determinar a taxa de variação de uma quantidade com relação a outra. Iniciaremos o estudo de uma outra parte do cálculo, conhecida como Cálculo Integral. Aqui estamos interessados precisamente no problema oposto:

Se conhecemos a taxa de variação de uma quantidade em relação a outra, podemos determinar a relação entre essas quantidades?

A ferramenta principal utilizada no estudo do cálculo integral é a antiderivada de uma função, e desen-volvemos regras para a antiderivação, ou integração, como é chamado o processo de encontrar a antiderivada ou integral indefinida. A derivada foi motivada por problemas de determinação do coeficiente angular de uma reta tangente e definição de velocidade. A integral definida, como veremos, surge de modo natural quando consideramos o problema da determinação da área de uma região curvilínea. Esta é, entretanto, apenas uma das aplicações.

Veremos que o conceito de integral, que é formado totalmente independente do conceito de derivada, guarda com este uma relação muito importante. Esta relação entre os dois conceitos foi estabelecida por Newton e Leibniz no século XVII, sendo hoje conhecida como o Teorema Fundamental do Cálculo.

Assim, além de introduzirmos técnicas de integração (antidiferenciação), o conceito de integral e tratarmos das propriedades e de suas relações com a derivada, apresentaremos algumas aplicações do cálculo de compri-mentos, áreas, volumes e equações diferenciáveis com variáveis separáveis, onde esta última, na versão bem leve, pois equações diferenciáveis será uma unidade da disciplina Cálculo III.

1.1.1

Antidiferenciação: A Integral Indefinida

Em estudos anteriores resolvemos problemas do tipo: Dada uma função f , determinar sua derivada f. Estudare-mos agora um problema relacionado: Dada uma função f , achar uma função F tal que F= f . Ou seja, a operação inversa da derivada.

1.1 Definição. Uma função F será chamada de antiderivada ou primitiva de uma função f num intervalo I se

F′(x) = f(x)para todo x no intervalo I.

Exemplo 1.1. Se F for definida por F(x) =x2, então F(x) =2x. Assim, se f for a função definida por f(x) =2x, então f é a derivada de F e F é uma antiderivada, ou primitiva, de f .

(2)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

Note que, se G for a função definida por G(x) = x2+3 então, G também será uma primitiva de f , pois G′(x) = 2x. Na verdade, há uma infinidade de primitivas para 2x. De modo geral, se K é uma constante arbitrária, então x2+Ké uma primitiva de 2x, do fato em que a derivada de uma constante é zero, ou seja

Dx(x2+K) =2x+0=2x.

Assim, existe uma família de antiderivadas de 2x. Resumimos nos seguintes teoremas.

1.2 Teorema. Seja F uma antiderivada de f num intervalo I. Se G é uma outra antiderivada de f em I, então

G(x) =F(x) +K para alguma constante arbitrária K e para todo x em I.

Prova: Seja H a função definida em I por H(x) = G(x) −F(x). Então, para todo x em I temos que H′(x) = G′(x) −F′(x). Mas, por hipótese, G(x) =F(x)para todo x em I, logo H(x) =0 para todo x em I. Portanto H é uma função constante, digamos H(x) =K, assim G(x) =F(x) +K, para todo x em I.

1.3 Teorema. Seja F uma antiderivada particular de f num intervalo I. Então, toda antiderivada de f em I será

da forma

F(x) +K

onde K é uma constante arbitrária e todas as antiderivadas de f em I poderão ser obtidas atribuindo-se certos valores a K.

Prova: Suponha que G represente qualquer antiderivada de f em I, então G′(x) = f(x), para todo x em I.

Mas, F é uma antiderivada particular de f em I, então F(x) = f(x)para todo x em I. Segue portanto que G′(x) =F′(x)para todo x em I. Logo, pelo teorema anterior, existe uma constante K, tal que G(x) =F(x) +K para todo x em I. Como G representa qualquer antiderivada de f em I, segue que toda antiderivada de f pode ser obtida de F(x) +K, onde K é uma constante arbitrária.

1.4 Definição(A Integral Indefinida). O processo de se determinar todas as antiderivadas de uma função é

chamado de antidiferenciação ou integração. Usamos o símboloZ , chamado de sinal da integral, para indicar que a operação de integração deve ser executada sobre uma função f . Assim

Z

f(x)dx=F(x) +K

nos diz que a integral indefinida de f é a família de funções dada por F(x) +K, onde F(x) = f(x). A função f a ser integrada é chamada de integrando, e a constante K é chamada de constante de integração.

1.5 Observação. A expressão dx que segue ao integrando f(x)lembra-nos de que a operação é executada com respeito a x. Se a variável independente é t, escrevemosZ f(t)dt. Neste caso, dizemos que tanto t quanto x são variáveis mudas. Exemplo 1.2. (a) Z 3x2dx=x3+K pois (x3+K)′=3x2; (b) Z

cos(t)dt=sen(t) +K pois (sen(t) +K)′=cos(t);

(c) Z eudu=eu+K pois (eu+K)′=eu; (d) Z 1 xdx=ln(x) +K pois (ln(x) +K)′= 1 x.

(3)

UNEB ⋆ 2012.1 1.1. Integração

O seguinte teorema estabelece que diferenciação e integração indefinida são processos inversos porque, de certo modo, um desfaz o outro.

1.6 Teorema. (i)Z Dxf(x)  dx= f(x) +K (ii) Dx Z f(x)dx  = f(x)

Prova: A verificação para (i) é Óbvia! Verifiquemos (ii). Suponha que F é uma antiderivada de f , ou seja,

F′= f. Assim, Dx Z f(x)dx  =Dx  F(x) +K=Dx  F(x)+Dx(K) = f(x) +0= f(x).

Regras Básicas de Integração

Acabamos de ver queZ f′(x)dx = f(x) +K. E isto permite usarmos qualquer fórmula de derivada para obter uma fórmula correspondente de integral indefinida, que chamamos de integral imediata, como na tabela a seguir.

Derivada Integral Indefinida f′(x) Z f′(x)dx= f(x) +K (x)′ = 1 Z dx = x+K  xn+1 n+1 ′ = xn Z xndx = xn+1 n+1+K (ln(x))′ = 1 x Z 1 x dx = ln|x| +K (ax)′ = ax·ln a Z axdx = 1 ln a·ax+K (ex)′ = ex Z exdx = ex+K

1.7 Observação. A fórmula dada na 3alinha, é chamada de regra da potência para integral indefinida, para

tanto, é preciso que tenhamos n 6= −1. Como se vê no exemplo a seguir, frequentemente é preciso modificar a forma de um integrando para aplicar a regra da potência, ou uma identidade trigonométrica.

Exemplo 1.3. (a)Z x3·x2dx= Z x5dx= x 5+1 5+1+K= 1 6x6+K; (b)Z 1 x2 dx= Z x−2dx= x−2+1 −2+1+K= − 1 x +K; (c)Z √3y dy= Z y13 dy= y 1 3+1 1 3+1 +K= 3 4y 4 3 +K; (d)Z tg(z) sec(z)dz= Z cos(z) ·sen(z) cos(z) dz= Z sen(z)dz= −cos(z) +K; (e)Z 1 cos(u) ·cotg(u) du= Z sec(u) ·tg u du=sec(u) +K.

(4)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

Prosseguindo, como na tabela anterior, temos as seguintes integrais imediatas:

1. Z xndx= x n+1 n+1+K, n6= −1; 2. Z 1 xdx=ln|x| +K; 3. Z axdx= a x ln(a)+K, 0<a6=1; 4. Z exdx=ex+K; 5. Z sen(x)dx= −cos(x) +K; 6. Z cos(x)dx=sen(x) +K; 7. Z sec2(x)dx=tg(x) +K; 8. Z cossec2(x)dx= −cotg(x) +K; 9. Z sec(x) ·tg(x)dx=sec(x) +K;

10. Z cossec(x) ·cotg(x)dx= −cossec(x) +K; 11. Z √ dx 1−x2 =arcsen(x) +K; 12. Z √−dx 1−x2 =arccos(x) +K; 13. Z dx 1+x2 =arctg(x) +K; 14. Z −dx 1+x2 =arccotg(x) +K; 15. Z dx xx2−1 =arcsec(x) +K; 16. Z −dx xx2−1 =arccossec(x) +K;

1.8 Observação. À medida que avançamos, novas integrais imediatas serão apresentadas. Para tanto,

precis-aremos de algumas técnicas (ou métodos). Os exemplos (integrais) contendo o símbolo⋆, serão chamados de

exemplos estrela. Esses exemplos irão completar nossa tabela de integrais imediatas, mas não na sua totalidade.

Propriedades Operatórias da Integral Indefinida

Resumimos no seguinte teorema, de fácil verificação.

1.9 Teorema. Sejam f e g duas funções com primitivas num intervalo I e c6=0 uma constante qualquer, então

(i)Z c·f(x)dx=c· Z f(x)dx; (ii)Z f(x) ±g(x)dx= Z f(x)dx± Z g(x)dx; Prova:

(i) Seja F(x)uma primitiva de f(x). Então, c·F(x)é uma primitiva de c·f(x), pois

(c·F(x))′ =k·F′(x) =c· f(x). Portanto, Z c·f(x)dx = c·F(x) +K=c·F(x) +c·K1, (c·K1=K) = c· (F(x) +K1) = c· Z f(x)dx.

(ii) Sejam F(x)e G(x)duas primitivas quaisquer das funções f(x)e g(x), respectivamente. Então, F(x) ±

G(x)é uma primitiva da função f(x) ±g(x), pois 

(5)

UNEB ⋆ 2012.1 1.1. Integração Portanto, Z  f(x) ±g(x)dx = F(x) ±G(x)+K = F(x) ±G(x)+K1+K2, (K1+K2=K) = F(x) +K1±G(x) +K2 = Z f(x)dx± Z g(x)dx.

Este último teorema estabelece que para determinar uma antiderivada de uma constante vezes uma função, achamos primeiro uma antiderivada da função, multiplicando-a, em seguida, pela constante. E, para determinar uma antiderivada da soma (ou subtração) de duas funções, achamos primeiro a antiderivada de cada uma das funções separadamente e então, somamos (ou subtraimos) o resultado.

O teorema seguinte, de prova análoga, estende para um número qualquer, finito, de funções.

1.10 Teorema. Se f1, f2, . . ., fnestão definidas num intervalo, então

Z  c1f1(x) ±c2f2(x) ±. . .±cnfn(x)  dx=c1 Z f1(x)dx±c2 Z f2(x)dx±. . .±cn Z fn(x)dx,

em que c1, c2, . . . , cnsão constantes.

Nota 1. Não há uma propriedade análoga para o produto entre funções, ou seja, Z f(x) ·g(x)dx6= Z f(x)dx· Z g(x)dx, como ilustra o seguinte contra-exemplo.

Exemplo 1.4. Facilmente, vemos queZ x2dx= x3

3 +Ke que

Z

x dx= x2

2 +K1. Deste modo, se supusermos queZ f(x) ·g(x)dx= Z f(x)dx· Z g(x)dxteremos: Z x2dx = Z (x·x)dx= Z x dx· Z x dx= x2 2 +K1  · x22+K1  = um polinômio de grau 4. Um absurdo, poisZ x2dx= x3 3 +Ktem grau 3.

Exemplo 1.5. Vejamos algumas integrais indefinidas.

(a) Z (5x4−8x3+9x2−2x+7)dx = 5Z x4dx−8Z x3dx+9Z x2dx−2Z x dx+ Z 7 dx = 5· 15x5−8·14x4+9·33x3−2·12x2+7x+K = x5−2x4+3x3x2+7x+K. (b) Z √ x  x+1 x  dx = Z x12 x+x−1 dx= Z  x32 +x−12 dx= Z x32 dx+ Z x−12 dx = x 5 2 5 2 + x 1 2 1 2 +K= 2 5x2 √ x+2√x+K. (c) Z 2x3+1 x2 dx = Z 2x3 x2 + 1 x2  dx= Z 2x3 x2 dx+ Z 1 x2 dx=2 Z x dx+ Z x−2dx = 2·12x2+ x−1 −1 +K=x2− 1 x +K.

(6)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II (d) Z x2 x2+1 dx = Z x2+1−1 x2+1 = Z x2+1 x2+1 dx− Z 1 x2+1 dx= Z dx− Z 1 x2+1 dx = xarctg(x) +K. (e) Z 

3 sec(x) ·tg(x) −5 cossec2(x) dx = 3Z sec(x) ·tg(x)dx−5Z cossec2(x)dx

= 3 sec(x) −5(−cotg(x)) +K = 3 sec(x) +5 cotg(x) +K. (f) Z 2 cotg(x ) −3 sen2(x) sen(x) dx = 2 Z 1 sen(x)·cotg(x)dx−3 Z sen2(x) sen(x) dx = 2Z cossec(x) ·cotg(x)dx3Z sen(x)dx

= 2(−cossec(x)) −3(−cos(x)) +K=3 cos(x) −2 cossec(x) +K.

(g) Z  tg2(x) +cotg2(x) +4 dx = Z  [sec2−1] + [cossec2(x) −1] +4dx = Z sec2(x)dx+ Z cossec2(x)dx+2Z dx = tg(x) −cotg(x) +2x+K.

Note que neste último exemplo, usamos as identidades tg2(x) +1 = sec2(x)e cotg2(x) +1 = cossec2(x). As identidades trigonométricas são frequentemente usadas quando calculamos integrais envolvendo funções trigonométricas. As identidades fundamentais a seguir são cruciais.

cossec(x) = 1 sen(x), sec(x) = 1 cos(x), tg(x) = sen(x) cos(x), cotg(x) = cos(x) sen(x),

sen2(x) +cos2(x) =1, tg2(x) +1=sec2(x), cotg2(x) +1=cossec2(x).

Equações Diferenciais: uma Visão Muito, Muito, Simples

Uma equação diferencial é uma um equação que envolve uma função e suas derivadas. Muitos problemas aplicados podem ser enunciados em termos de uma equação diferencial. Uma função f é solução de uma equação diferencial se verifica a equação, isto é, se a substituição da função incógnita por f resulta em uma identidade. Resolver uma equação diferencial significa achar todas as suas soluções. Em alguns casos, além da equação diferencial, podemos conhecer certos valores de f , chamados condições iniciais.

As integrais indefinidas são úteis para a resolução de certas equações diferenciais, porque, dada uma derivada f′(x), podemos integrá-la e usar o Teorema 1.9 para obter uma equação envolvendo a função incógnita f :

Z

f′(x)dx= f(x) +K.

Dada uma condição inicial para f , é possível determinar f(x)explicitamente, como no exemplo a seguir.

Exemplo 1.6. Resolva a equação diferencial y′ =6x2+x5 sujeita à condição inicial y(0) =2.

Solução: Escrevendo y′= dy dx, temos dy dx =6x 2+x5 e dy= (6x2+x5)dx. Portanto, y= Z dy= Z (6x2+x−5)dx=2x3+x2 2 −5x+K.

(7)

UNEB ⋆ 2012.1 1.1. Integração

Logo a solução da equação diferencial dada, com a condição inicial y(0) =2, é

y=2x3+1

2x2−5x+2.

Exemplo 1.7. Em qualquer ponto(x, y)de uma determinada curva, a reta tangente tem uma inclinação igual a 4x−5. Se a curva contém o ponto(3, 7), ache sua equação.

Solução: Como a inclinação da reta tangente e uma curva em qualquer ponto(x, y)é o valor da derivada nesse ponto, temos dy

dx =4x−5, e então y= Z dy= Z (4x−5)dx=2x2−5x+K.

A equação y=2x25x+Krepresenta uma família de curvas. Como queremos determinar uma certa curva dessa família que contenha o ponto(3, 7), a substituição x por 3 e y por 7, obtém-se K = 4, e portanto y =

2x25x+4 é a equação da curva pedida.

1 2 3 −1 2 4 6 8 −2 b K=4 K=7 K=6 K=5 K=3 K=2 K=1 y7=7(x3) x y (3, 7)

Exemplo 1.8. Uma equação da reta tangente t à curva C no ponto(1, 3)é t : y = x+2. Se em qualquer ponto

(x, y)da curva y= f(x)se tem y′′=6x, encontrar uma equação para esta curva.

Solução: Pela equação da reta tangente à curva no ponto(1, 3), temos que a sua inclinação neste ponto é mt(1) = 1 (que é o coeficiente angular da reta t). Então, temos que y′(1) = 1. De y′′ = 6x, lembrando que

y′′= dy

dx, ou ainda dy′=y′′dx=6xdx, integrando em relação à x, obtemos: y′ =

Z

dy′ =

Z

6x dx=6· x22+K1=3x2+K1.

Como já temos y(1) =1, substituindo na igualdade acima, obtemos: 1=3·12+K1⇒K1= −2.

(8)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

Daí, temos que y=3x22. Como y= dy

dx, ou ainda dy=ydx. Integrando, mais uma vez, em relação à x, temos: y= Z dy= Z ydx= Z (3x2−2)dx= 3x 3 3 −2x+K2=x3−2x+K2.

Uma vez que o ponto(1, 3)pertence à curva, temos que y=3 quando x=1. Portanto, substituindo, temos: 3=13−2·1+K2⇒K2=4.

Portanto, uma equação para a curva C é y=x3−2x+4.

A função f(x) = expossui derivada f′(x) =ex, ou seja, neste caso f′ = f. O exemplo seguinte determina todas a funções cuja derivada resulta na própria função.

Exemplo 1.9. Determine todas as funções y= f(x)tais que y=y.

Solução: Escrevendo y′= dy dx, supondo y′=y, temos dy dx =y, donde dy y =dx. Integrando, temos Z 1 ydy= Z dx ⇒ ln(y) =x+K1.

Assim, y = ex+K1. Pondo eK1 = K, temos y = K·ex. Como K R, temos assim todas as funções tais que

y′=y.

Interpretação Cinética

Do estudo da cinética sabemos que a posição de um ponto material em movimento, sobre uma curvaC

(trajetória) conhecida, pode ser determinada, em cada instante t, através de sua abscissa s, medida sobre a curva

C. A expressão que nos dá s em função de t é s=s(t), e é chamada equação horária.

Sendo dado um instante t0e sendo t um instante diferente de t0, chamamos velocidade média do ponto entre os instantes t0e t o quociente

vm= s(t) −s(t0)

tt0 = ∆st, e chama–se velocidade escalar do ponto no instante t0o limite

v(t0)=tlim→t0vm=tlim→t0 s(t) −s(t0) tt0 =∆limt→0st =s(t 0).

Em outras palavras, a derivada da função s = s(t)no ponto t = t0é igual à velocidade escalar do móvel no instante t0.

Sabemos ainda que a velocidade v de um ponto material em movimento pode variar de instante para in-stante. A equação que nos dá v em função do tempo t é v = v(t), e é chamada equação da velocidade do ponto. Chama–se a aceleração média do ponto entre os instantes t e t0o quociente

am= v(t) −v(t0)

tt0 = ∆vt, e chama–se aceleração escalar do ponto no instante t0o limite:

a(t0)= lim t→t0am=tlim→t0 v(t) −v(t0) tt0 =∆limt→0vt =v(t0).

Em outras palavras, a derivada da função v = v(t)no ponto t = t0é igual à aceleração escalar do móvel no instante t0.

(9)

UNEB ⋆ 2012.1 1.1. Integração

Exemplo 1.10. Suponha que um ponto percorre uma curva obedecendo à equação horária s = t2+t2 (Unidades SI). No instante t0=2 a velocidade é dada pela derivada s′no ponto 2, ou seja,

v(2) = s′(2) =lim t→2 s(t) −s(2) t−2 =limt→2 (t2+t−2) − (22+22) t−2 = lim t→2 t2+t−6 t2 =limt→2 (t−2)(t+3) t2 =5 m/s.

No entanto, podemos, por meio da integração indefinida, percorrer o caminho inverso,ou seja, dada a acel-eração a(t), temos v(t) =

Z

a(t)dt, e então s(t) =

Z

v(t)dt.

Exemplo 1.11. Mostre que para um movimento em uma reta com aceleração constante a, com velocidade inicial

v0e deslocamento inicial s0, o deslocamento do móvel após o instante t é dado por s=s0+v0t+12at2.

Solução: Como temos que a aceleração 

v′(t) = dv

dt 

do móvel é constante e igual a a, então temos que

v′(t) = dv

dt =a, onde a é constante. Pondo v′(t)dt=dv=adt, por integração em t, obtemos: v(t) =

Z

v′(t)dt=

Z

a dt=a·t+K1.

Como a·t = ∆v = vv0, da equação acima, concluímos que K1 = v0. Portanto, temos v = a·t+v0. Lembrando que v(t) = ds

dt =s′(t), substituindo na igualdade acima e por integração em t, obtemos s(t) = Z ds= Z v(t)dt= Z (a·t+v0)dt= a·t2 2 +v0t+K2.

Lembrando que v·t =∆s =ss0, comparando, concluímos que K2 =s0. Portanto, temos que s =s0+v0· t+1

2a·t2.

Exemplo 1.12. Uma pedra é lançada verticalmente para cima de um ponto situado a 45 m acima do solo e com

velocidade inicial de 30 m/s. Desprezando a resistência do ar, determine (a) a distância da pedra ao solo após t segundos; (b) o intervalo de tempo durante o qual a pedra sobre; e (c) o instante em que a pedra atinge o solo, e a velocidade nesse instante.

Solução: Primeiramente, notemos que o movimento da pedra pode ser representada por um ponto numa coordenada vertical com origem no solo e direção positiva para cima.

(a) A distância da pedra ao solo no instante t é s(t)e as condições iniciais são s(0) =45 e v(0) =30. Como a velocidade é decrescente, v(t) <0, isto é, a aceleração é negativa. Logo, pelas observações descritas acima, a(t) =v′(t) = −9, 8, e então v(t) = Z a(t)dt= Z −9, 8 dt= −9, 8t+K1

Como v(0) =30, temos que K1 = 30, e conseqüentemente, v(t) =

Z

9, 8 dt= −9, 8t+30. Obtemos agora, s(t)da seguinte forma:

s(t) =

Z

v(t)dt=

Z

(10)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

Como s(0) = 45, temos que K2 = 45. E portanto a distância ao solo no instante t é dado por s(t) =

4, 9t2+30t+45.

(b) A pedra subirá até que v(t)até que v(t) =0, isto é,−9, 8t+30=0, ou t≈3.

(c) A pedra atingirá o solo quando s(t) = 0, isto é, quando−4, 9t2+30t+45 = 0. Donde t = −1, 24 ou t = 7, 36. Como t é não-negativo, temos que quando t= 7, 36s a pedra atingirá o solo, sob velocidade v(7, 36) = −9, 8(7, 36) +30≈ −42, 13m/s.

Exemplo 1.13. Um tanque tem o seu volume de água V, em m3, dado em função da altura h da água no mesmo.

Sendo conhecido que a taxa de variação de V em relação a h é π(3h−2), e sabendo que quando a altura da água é 1m, existem no tanque 3π m3de água, determine o volume de água no tanque quando a altura for de 3m.

Solução: A taxa de variação do volume V em relação a h é a derivada dV

dh, assim, dV

dh = π(3h−2). Escrevendo dV=π(3h2)dhe integrando em relação a h, temos

V(h) = Z dV= Z π(3h2)dh=π 3h2 2 −2h  +K.

Para h=1, temos que o volume é 3π m3, ou seja V(1) =3π. Portanto, obtemos

=π 3 ·12 2 −2·1  +KK= 2 .

Assim, a expressão do volume em função da altura h é dada por V(h) = π 3h2 2 −2h  + 2 = π 3h2 2 −2h+ 7 2 

. Logo, para h=3, o volume é:

V=π 3 ·32 2 −2·3+ 7 2  =11π m3.

Mudança de Variável na Integral Indefinida: Integração por substituição

As fórmulas para integrais indefinidas que estabelecemos até aqui têm objetivo limitado, por que não pode-mos usá-la diretamente para calcular integrais como

Z

cos(3x)dx, Z √4x+1 dx ou Z tg(x)dx.

Veremos um simples método, mas poderoso, para mudar a variável de integração de modo que essas integrais (e muitas outras) possam ser calculadas por meio de uma integral imediata. Esta técnica de integração decorre da regra da cadeia.

Suponhamos que conhecemos uma primitiva, F, para a função f (isto é, F= f) e que g é uma função derivável. Denotando por h a função composta de F e g, então h(x) = F g(x)

e da fórmulaZ Dxh(x) dx=

h(x) +Ktemos

Z

(11)

UNEB ⋆ 2012.1 1.1. Integração

Aplicando a regra da cadeia no integrando DxF g(x)e do fato que F′ = f obtemos

Dx F g(x)=Fg(x)·g′(x) = f (x)·g′(x) e portanto Z f (x) ·g′(x)dx=F g(x) +K. (1.1)

Podemos rememorar a fórmula (1.1) usando o seguinte artifício: Faça u=g(x). Assimdu

dx =g′(x)e logo du=g′(x)dx. Então, podemos reescrever (1.1) da seguinte forma:

Z

f(u)du=F(u) +K,

e portanto, se conhecemos uma primitiva da função f , conhecemos também uma primitiva para(fg) ·g′que é Fg.

Este método de calcular integrais indefinidas é conhecido como Mudança de Variável ou Método da Substituição, e resumimos da seguinte forma.

1.11 Teorema(Regra da Cadeia para Antidiferenciação). Se F é uma antiderivada de f , então Z f g(x)g(x)dx=F g(x) +K. Se u=g(x)e du=g′(x)dx, então Z f(u)du=F(u) +K.

Exemplo 1.14. Determine as integrais indefinidas exibidas no começo desta seção.

(a)Z cos(3x)dx (b) Z √ 4x+1 dx (c) (⋆) Z tg(x)dx Solução:

(a) Fazendo a substituição u=3x e du=3dx, temos

Z cos(3x)dx= Z cos(u) du 3 = 1 3 Z cos(u)du= 1 3sen(u) +K= 1 3sen(3x) +K

(b) Fazendo a substituição u=4x+1 e du=4dx, temos

Z √ 4x+1 dx= Z √ u du 4 = 1 4 Z u12 du= 1 4 u32 3 2 +K= 1 6u 3 2 +K= 1 6 q (4x+1)3+K (c) Como tg(x) =sen(x)

cos(x), fazendo a mudança de variável u=cos(x)e du= −sen(x)dx, temos

Z tg(x)dx= Z sen(x) cos(x) dx= − Z du u = −ln|u| +K= −ln|cos(x)| +K=ln|sec(x)| +K

1.12 Observação. Analogamente ao item (c) do exemplo acima, temos que

(⋆)

Z

cotg(x)dx=ln|sen(x)| +K De fato, como cotg(x) = cos(x)

sen(x), façamos a substituição u=sen(x)e du=cos(x)dx, logo

Z cotg(x)dx= Z cos(x) sen(x) dx= Z du u =ln|u| +K=ln|sen(x)| +K.

(12)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

1.13 Observação. Nem sempre é fácil decidir a substituição u=g(x)necessária para transformar uma integral indefinida em uma forma que possa ser facilmente calculável. Às vezes é preciso tentar várias possibilidades diferentes até achar uma substituição adequada. Na maioria dos casos, nenhuma substituição simplificará pro-priamente o integrando. Vejamos algumas diretrizes.

Diretrizes para a substituição da variável:

1. Decidir por uma substituição favorável u=g(x); 2. Calcular du=g′(x)dx;

3. Com auxílio de 1. e 2., transformar a integral em uma forma que envolva apenas a variável u. Se qualquer parte do integrando resultante ainda contiver a variável x, usar uma substituição diferente em 1., ou outro método, caso a variável x persista em aparecer;

4. Calcular a integral obtida em 3., obtendo uma antiderivada envolvendo u;

5. Substituir u por g(x)na antiderivada obtida na diretriz 4. O resultado deve conter apenas a variável x.

Exemplo 1.15. Calcular, com uma mudança de variável, as seguinte integrais (a) Z

xex2dxe (b)

Z 2x+5

3x−1 dx.

Solução:

(a) Fazendo u=x2, temos que du=2xdx donde1

2du=xdx. Daí Z xex2 dx= Z ex2x dx= 1 2 Z eudu= 1 2eu+K= 1 2ex 2 +K.

(b) Fazendo u=3x1, temos que du=3dx, donde 1

3dx, x= u+1 3 e 2x+5= 2 3(u+1) +5. Logo, Z 2x+5 3x−1 dx = 1 3 Z 2 3(u+1) +5 u du+K= 1 9 Z 2u+17 u du+K = 1 9 Z 2 du+ 1 9 Z 17 u du= 2 9u+ 17 9 ln|u| +K = 2 9(3x−1) + 17 9 ln|3x−1| +K.

1.14 Observação. Na verdade, este último exemplo, é um caso particular de uma situação mais geral, que fica

como exercício a sua verificação. Sejam a, b, c e d números reais, tal que c6=0, então

Z ax+b cx+d dx= a c2(cx+d) +  bcad c2  ln|cx+d| +K.

1.15 Teorema. Se f é derivável com antiderivada F e se n6= −1 é um número racional, então

(i)Z  f(x)n f′(x)dx=  f(x) n+1 n+1 +K (ii)Z f(ax+b)dx= 1 aF(ax+b) +K, a6=0

Prova: Basta fazer a mudança de variável u= f(x)e du= f′(x)dxpara (i), e u=ax+be du

a =dxpara (ii).

(13)

UNEB ⋆ 2012.1 1.1. Integração

Exemplo 1.16. CalculeZ tg(x) ·sec2(x)dxpor dois métodos: (a) substituição u = tg(x), (b) substituição u =

sec(x), e (c) compare as respostas entre (a) e (b).

Solução:

(a) Fazendo u=tg(x), temos que du=sec2(x)dx, logo

Z tg(x) ·sec2(x)dx= Z u du= u2 2 +K= 1 2tg2(x) +K.

(b) Fazendo u=sec(x), temos que du=sec(x) ·tg(x)dx, logo

Z tg(x) ·sec2(x)dx= Z sec(x) ·sec(x) ·tg(x)dx= Z u du= u2 2 +K= 1 2sec2(x) +K.

(c) Como sec2(x) =1+tg2(x), as funções definidas por 1

2tg2(x)e 12sec2(x)diferem por uma constante, e assim sendo cada uma serve como antiderivada de tg(x) ·sec2(x), pois

1 2sec2(x) +K = 1 2(tg2(x) +1) +K= 1 2tg2(x) + 1 2+K = 1 2tg2(x) +K1, onde K1= 1 2 +K.

Algumas vezes é possível obter uma primitiva após efetuarmos a mudança de uma variável, mesmo não sendo tão explicito como no Teorema 1.11. Vejamos o seguinte exemplo como ilustração desse fato.

Exemplo 1.17. Calcule Z

x2√1+x dx.

Solução:

1aForma. Fazendo u=1+x, temos que du=dxe x=u−1. Assim temos

Z x2√1+x dx = Z (u1)2u12 du= Z u52 du2 Z u32 du+ Z u12 du = u 7 2 7 2 − 2· u 5 2 5 2 +u 3 2 3 2 +K= 2 7(1+x) 7 2 4 5(1+x) 5 2 +2 3(1+x) 3 2 +K.

2aForma. Fazendo v=√1+x, temos que v21=xe 2vdv=dx. Então

Z x2√1+x dx = Z (v2−1)2·v·2v dv=2Z v6dv−4Z v4dv+2Z v2dv = 2 7v7− 4 5v5+ 2 3v3+K= 2 7(1+x) 7 2 4 5(1+x) 5 2 +2 3(1+x) 3 2 +K.

(14)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

Exemplo 1.18(⋆). Obter fórmulas para (a)

Z

sec(x)dxe (b)Z cossec(x)dx.

Solução:

(a) Multiplicando o numerador e o denominador por sec(x) +tg(x), temos

Z sec(x)dx= Z sec(x)(sec(x) +tg(x)) sec(x) +tg(x) dx= Z sec2(x) +sec(x ) ·tg(x) sec(x) +tg(x) dx

e mudando de variável, u=sec(x) +tg(x), temos du= (sec(x) ·tg(x) +sec2(x))dxobtém-se

Z

sec(x)dx =

Z 1

u du=ln|u| +K

= ln|sec(x) +tg(x)| +K

(b) Multiplicando o numerador e o denominador por cossec(x) −cotg(x), temos

Z cossec(x)dx= Z cossec(x)(cossec(x ) −cotg(x)) cossec(x) −cotg(x) dx= Z cossec2(x ) −cossec(x) ·cotg(x) cossec(x) −cotg(x) dx

e mudando de variável, u = cossec(x) −cotg(x), temos du = (−cossec(x) ·cotg(x) +cossec2(x))dx obtém-se Z cossec(x)dx = Z 1 u du=ln|u| +K = ln|cossec(x) −cotg(x)| +K

Nota 2. Escrevendo sec(x) = 1

cos(x) =

cos(x)

cos2(x) =

cos(x)

1−sen2(x), podemos mudar a variável u = sen(x), donde du=cos(x)dxe, então, integramos a secante de outra maneira:

Z sec(x)dx = Z cos(x) 1−sen2(x) dx= Z 1 1−u2 du= 1 2ln 1+u 1−u +K= 1 2ln 1+sen(x) 1−sen(x) +K. Agora, percebemos que:

1 2ln 1+sen(x) 1−sen(x) = 1 2ln (1+sen(x))(1+sen(x)) (1−sen(x))(1+sen(x)) = 1 2ln (1+sen(x))2 cos2(x) = ln 1+sen(x) cos(x) =ln|sec( x) +tg(x)|.

Exemplo 1.19(⋆). Mostre, por uma mudança de variável, que:

(a)Z √ 1 a2−x2 dx=arcsen x a  +K; (b)Z 1 a2+x2 dx= 1 aarctg x a  +K; (c)Z 1 xx2−a2 dx= 1 aarcsec x a  +K; (d)Z √ 1 x2±a2 dx=ln x+ p xa2 +K; (e)Z 1 x2−a2 dx= 1 2aln xa x+a +K; (f)Z 1 a2−x2 dx= 1 2aln x+a xa +K. Solução:

(15)

UNEB ⋆ 2012.1 1.1. Integração

(a) Notemos primeiro queZ √ 1

a2−x2 dx= Z 1 r a21−xa22  dx= 1 a Z 1 q 1− xa 2 dx. Fazendo u= x

a, temos que adu=dxe logo

Z 1 √ a2−x2 dx= 1 a Z a √ 1−u2 du=arcsen(u) +K=arcsen x a  +K. (b) ComoZ 1 a2+x2 dx= Z 1 a21+x2 a2  dx= 1 a2 Z 1 1+ x a 2 dx, pondo u= x

a, temos que a·du=dxe logo

Z 1 a2+x2 dx= 1 a2 Z a 1+u2 du= 1 aarctg(u) +K= 1 aarctg x a  +K. (c) ComoZ 1 xx2−a2 dx = Z 1 x r a2xa22 −1  dx = 1 a Z 1 x q x a 2

−1, pela mudança de variável u = x a, temos x=a·udonde dx=a·du, e logo

Z 1 xx2a2 dx= 1 a Z a auu21 du= 1 aarcsec(u) +K= 1 aarcsec x a  +K. (d) ComoZ √ 1 xa2 dx= Z 1 √ xax+√xa2 x+√xa2 dx, fazendo u=x+ √ xa2, temos: du=  1+ 2x 2√xa2  dx= √ x2±a2+xxa2 dx, portanto Z 1 √ xa2 dx= Z 1 u du=ln|u| +K=ln|x+ p xa2| +K. (e) ComoZ 1 x2−a2 dx= Z 1 (x+a)(xa) dx= Z 1 (x+a)2(xa) (x+a) dx, fazendo u= xa x+a e pela regra da derivada do quociente, temos que

du= 1· (x+a) −1· (xa) (x+a)2 dx= 2a (x+a)2dx, donde, du 2a = dx (x+a)2 e portanto Z 1 x2−a2 dx= Z 1 u du 2a = 1 2a Z 1 u du= 1 2aln|u| +K= 1 2aln xa x+a +K. (f) Idem (e).

(16)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

1.2

Técnicas de Integração

Até aqui, estabelecemos fórmulas para o cálculo de integrais indefinidas a partir da fórmula

Z

Dx f(x) dx= f(x) +K

e pelo método da substituição de variável, que possibilita transformar uma integral em outra mais simples, que possa ser facilmente calculada.

Desenvolveremos então, outras maneiras de simplificar integrais, entre elas a integração por partes. Este poderoso dispositivo permite-nos obter integrais indefinidas de ln(x), arctg(x) e outras expressões transcen-dentes importantes. Desenvolveremos ainda, técnicas para simplificar integrais que contenham: potência de funções triogonométricas; radicais; expressões racionais e√a2−x2,√a2+x2e√x2−a2.

Às vezes pode ser preferível fazer uso de uma tabela de integrais, em vez de efetuar uma integração com-plicada. Tabelas desse tipo pode-se encontrar em quase todos os livros de cálculo. Algumas vezes é necessário empregar técnica de integração para expressar o integrando na forma em que ele aparece na tabela, exigindo que reconheça qual técnica a ser empregada numa dada integral. Quase rodas as fórmulas nas tabelas de inte-grais, são desenvolvidas a partir das técnicas de integração, por essa razão, aconselhamos o uso das tabelas de integrais somente depois que você dominar a integração.

Na prática, não é sempre possível calcular uma integral indefinida, isto é, o integrando não tem uma an-tiderivada que possa ser expressa em termos das funções elementares. Exemplos de tais integrais são

Z

e−x2 dx e

Z sen(x)

x dx.

1.2.1

Integração por Partes

Da fórmula da derivada do produto de duas funções obtemos um método de integração muito útil, chamado Integração por Partes, que é estabelecido da seguinte forma.

Se f e g são duas funções diferenciáveis, então

Dx f(x) ·g(x)= f′(x) ·g(x) +f(x) ·g′(x)

ou equivalentemente

f(x) ·g′(x) =Dx f(x) ·g(x)− f′(x) ·g(x).

Integrando ambos os membros em relação a x, obtemos

Z f(x) ·g′(x)dx= Z Dx f(x) ·g(x) dx− Z f′(x) ·g(x)dx e escrevemos esta última equação da seguinte forma:

Z

f(x) ·g′(x)dx= f(x) ·g(x) −

Z

f′(x) ·g(x)dx (1.2) que é chamada de fórmula de Integração por Partes. Esta fórmula pode ser simplificada fazendo

u = f(x) dv = g′(x)dx du = f′(x)dx v = g(x)

(17)

UNEB ⋆ 2012.1 1.2. Técnicas de Integração

resultando na seguinte versão da fórmula de integração por partes

Z

u dv=u·v

Z

v du (1.3)

Observe, que esta fórmula nos permite expressar uma integral indefinida em termos de outra que pode ser mais fácil de calcular, escolhendo adequadamente u e dv. O termo por partes é do fato que este processo separa o integrando em duas partes. É importante a escolha adequada de dv, que em geral fazemos representar a parte mais complicada do integrando que possa ser prontamente integrada, pois v será uma primitiva de dv.

Resumimos este processo de integração da seguinte forma:

Olhamos uma função h que queremos integrar, como o produto de duas funções, uma das quais é a derivada de uma função já conhecida, isto é,

h(x) = f(x) ·g′(x), com g sendo uma função conhecida. Como vimos, temos que

Z h(x)dx= Z f(x) ·g′(x)dx= f(x) ·g(x) − Z g(x) ·f′(x)dx.

Esperamos, então, que nossa escolha para as funções f e g tenham sido boa de maneira que conheçamos uma primitiva para g·f′.

Usando novas variáveis, u e v, podemos representar a igualdade acima de uma forma mais simples: fazendo u = f(x) dv = g′(x)dx

du = f′(x)dx v = g(x)

e, portanto, nessas novas variáveis, a fórmula que obtivemos acima,

Z

f(x) ·g′(x)dx= f(x) ·g(x) −

Z

g(x) · f′(x)dx se reduz a resultando na seguinte versão da fórmula de integração por partes

Z

u dv=u·v

Z

v du. A seguir, exemplos ilustrando este método de integração.

Exemplo 1.20. Calcular Z

xln(x)dx.

Solução: Para determinar quais as substituições para u e dv, devemos ter em mente que para encontrar v

precisamos saber integrar dv. Isso sugere que u=ln(x)e dv=x dx. Então,

du= 1 x dx e v= x2 2 +K1. Da fórmula (1.3), temos: Z x·ln(x)dx = ln(x) x2 2 +K1  − Z  x2 2 +K1  dx x = x2 2 ln(x) +K1ln(x) − 1 2 Z x dxK1 Z dx x = x2 2 ln(x) +K1ln(x) − x2 4 −K1ln(x) +K2 = x2 2 ln(x) − x2 4 +K2.

(18)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

1.16 Observação. Neste último exemplo, note que a primeira constante de integração K1, não aparece na resposta final. K1foi usada somente para mostrar que todas as escolhas de v da forma 12x2+K1produzem o mesmo resultado paraZ xln(x)dx. Essa situação vale em geral e provamos isso da seguinte forma:

Escrevendo v+K1na fórmula (1.3), temos

Z u dv = u(v+K1) − Z (v+K1)du = uv+K1u− Z v duK1 Z du = uv+K1u− Z v duK1u = uv− Z v du.

Assim sendo, é desnecessário escrevermos a constante de integração quando calculamos v a partir de dv.

Exemplo 1.21. Calcular Z

x3ex2 dx.

Solução: Usando integração por partes, com u=x2e dv=xex2, temos então que du=2xdx e v= 1

2ex 2

em que v foi obtido pelo método de mudança de variável. Da fórmula (1.3) temos

Z x3ex2dx = x2 1 2ex 2 − Z 1 2ex 2 2x dx = 1 2x2e x2 − Z xex2 dx = 1 2x2ex 2 −12ex2+K.

Exemplo 1.22. Pelo método de integração por partes, calcule as seguintes integrais.

(a)Z x·cos(x)dx (b)Z (x2+3x) ·sen(x)dx.

Solução:

(a) Seja u=xe dv=cos(x)dx. Então du=dxe v=sen(x). Pela fórmula (1.3)

Z

x·cos(x)dx = x·sen(x) −

Z

sen(x)dx

= x·sen(x) +cos(x) +K.

(b) Fazendo u = x2+3x e dv = sen(x)dx, temos du = (2x+3)dxe v = −cos(x). Portanto, pela fórmula (1.3), temos Z (x2+3x) ·sen(x)dx = −(x2+3x) ·cos(x) − Z (−cos(x))(2x+3)dx = −(x2+3x) ·cos(x) + Z (2x+3) ·cos(x)dx.

(19)

UNEB ⋆ 2012.1 1.2. Técnicas de Integração

cos(x). Aplicando a integração por partes novamente, sendo

u = 2x+3 dv = cos(x)dx du = 2dx v = sen(x)

teremos

Z

(x2+3x) ·sen(x)dx = −(x2+3x)cos(x) +(2x+3)sen(x) −

Z

2·sen(x)dx

= −(x2+3x) ·cos(x) + (2x+3)sen(x) +2 cos(x)dx+K

= −(x2+3x−2) ·cos(x) + (2x+3) ·sen(x) +K.

1.17 Observação. De modo geral, as integrais Z

f(x) ·cos(x)dx ou Z f(x) ·sen(x)dx onde f(x)é um polinômio, usamos a integração por partes, tomando

   u = f(x) dv = cos(x)dx du = f′(x)dx v = sen(x) ou    u = f(x) dv = sen(x)dx du = f′(x)dx v = −cos(x)

Exemplo 1.23. Pelo método de integração por partes, calcule as seguintes integrais.

(a)Z x·exdx (b)Z 2x·ln(x)dx. Solução: (a)    u = x dv = exdx du = dx v = ex =⇒          Z x·exdx = x·ex− Z exdx = x·exex+K = (x−1) ·ex+K. (b)    u = ln(x) dv = 2x dx du = 1 xdx v = x 2 =⇒            Z 2x·ln(x)dx = x2·ln(x) − Z x2·1x dx = x2·ln(x) − Z x dx = x2·ln(x) − x 2 2 +K.

1.18 Observação. De modo geral, nas integrais da forma

Z

f(x) ·axdx ou

Z

f(x) ·loga(x)dx

onde f(x)é um polinômio e a é uma constante, usamos integração por partes, fazendo        u = f(x) dv = axdx du = f′(x)dx v = a x ln(a) ou      u = loga(x) dv = f(x)dx du = x·ln a1 dx v = primitiva de f(x)

(20)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II (a)Z ln(x)dx=x·ln(x) −x+K (b)Z arctg(x)dx=x·arctg(x) −12ln(1+x2) +K (c)Z eax·cos(bx)dx= e ax a2+b2  bsen(bx) +acos(bx)+K (d)Z eax·sen(bx)dx= e ax a2+b2  asen(bx) −bcos(bx)+K Solução:

(a) Aplicando o método integração por partes, escrevemos:

u = ln(x) dv = dx du = 1 xdx v = x Assim, Z ln(x)dx = x·ln(x) − Z x·1x dx=x·ln(x) − Z dx = x·ln(x) −x+K. (b) Novamente, pelo método de integração por partes, temos:

u = arctg(x) dv = dx du = 1 1+x2dx v = x Donde Z arctg(x)dx = x·arctg(x) − Z x 1+x2 dx = x·arctg(x) −1 2ln(1+x2) +K, em queZ x

1+x2 dxfoi obtida pela mudança de variável u=1+x

2e du=2xdx.

(c) Pela integração por partes, tem-se

u = eax dv = cos(bx)dx du = aeaxdx v = 1 bsen(bx) onde Z eax·cos(bx)dx= 1 be ax ·sen(bx) − a b Z eax·sen(bx)dx.

Note que no segundo membro temos uma integral semelhante, exceto em vez de cos(bx)temos sen(bx). Então, aplicando novamente o método de integração por partes, para esta integral temos

u = eax dv = sen(bx)dx du = aeaxdx v = −1bcos(bx) onde Z eax·sen(bx)dx= −1beax·cos(bx) +a b Z eax·cos(bx)dx.

(21)

UNEB ⋆ 2012.1 1.2. Técnicas de Integração

Substituindo essa expressão na igualdade precedente, temos:

Z eaxcos(bx)dx = 1 be ax ·sen(bx) −a b  −1beax·cos(bx) + a b Z eax·cos(bx)dx  = 1 be ax ·sen(bx) + a b2e ax ·cos(bx) −ba22 Z eax·cos(bx)dx

Levando ao primeiro membro a integral do segundo membro, obtemos a seguinte igualdade:  1+ a2 b2 Z eax·cos(bx)dx=eax 1 bsen(bx) + a b2cos(bx)  +K

e portanto, temos que

Z eax·cos(bx)dx= e ax a2+b2  bsen(bx) +acos(bx)+K.

(d) Obtém-se de modo análogo ao item (c).

Exemplo 1.25 (⋆Integração de Potência de Funções Trigonométricas: Fórmula de Redução). A integração

por partes pode às vezes ser usada para obter fórmulas de redução para integrais. Utilizamos tais fórmulas para escrever uma integral que envolve potências de uma expressão, em termos de integrais que envolvem potências inferiores da mesma expressão. Veremos como estabelecer uma fórmula de redução para as integrais de potências de funções trigonométricas, dos tipos:

Z

senn(x)dx,Z cosn(x)dx,Z tgn(x)dx,Z cotgn(x)dx,Z secn(x)dx,Z cossecn(x)dx

que são: (a)Z senn(x)dx= −1 ncos(x) ·sen n−1(x) +n−1 n Z senn−2(x)dx (b)Z cosn(x)dx= 1 nsen(x) ·cos n−1(x) + n−1 n Z cosn−2(x)dx (c)Z tgn(x)dx= 1 n−1tgn−1(x) − Z tgn−2(x)dx (d)Z cotgn(x)dx = −n 1 −1cotgn−1x− Z cotgn−2(x)dx (e)Z secn(x)dx= 1 n−1sec n−2(x ) ·tg(x) +n−2 n−1 Z secn−2(x)dx (f)Z cossecn(x)dx = −n1 −1cossecn−2(x) ·cotg(x) + n2 n−1 Z cossecn−2(x)dx

Solução: Detalharemos somente o item (a), uma vez que os demais são análogos.

(a) Pela integração por partes, fazemos

u = senn−1(x) dv = sen(x)dx

du = (n−1)senn−2(x) ·cos(x)dx v = −cos(x) e integrando, temos Z sennx dx = −cos(x) ·senn−1(x) + (n −1) Z senn−2(x ) ·cos2(x)dx

(22)

UNEB ⋆ 2012.1 Cálculo II

como cos2(x) =1sen2(x), escrevemos

Z

sennx dx

= −cos(x) ·senn−1(x) + (n1)Z senn−2(x) · (1sen2(x))dx

= −cos(x) ·senn−1(x) + (n1)Z senn−2(x)dx− (n1)Z senn(x)dx,

conseqüentemente Z senn(x)dx+ (n −1) Z senn(x)dx = −cos(x) ·senn−1(x) + (n −1) Z senn−2(x)dx

onde o membro esquerdo se reduz a nZ senn(x)dx, e dividindo ambos os membros por n, obtemos

Z senn(x)dx = −1ncos(x) ·senn−1(x) +n−1 n Z senn−2(x)dx. (1.4)

É evidente que, mediante aplicações reiteradas da fórmula (1.4), calculamosZ senn(x)dxpara qualquer

inteiro positivo n, pois essas reduções sucessivas terminam emZ sen(x)dxou

Z

dx, ambas imediata-mente integráveis.

Exemplo 1.26. Use uma das fórmulas de redução apresentadas no exemplo anterior, para determinar a integral Z

sen4(x)dx.

Solução: Usaremos a fórmula dada no item (a), com n=4. Assim

Z sen4(x)dx= −1 4cos(x) ·sen3(x) + 3 4 Z sen2(x)dx.

Aplicando a fórmula (1.4), com n=2, para a integral à direita, temos

Z

sen2(x)dx = −12cos(x) ·sen(x) +1

2 Z dx = −12cos(x) ·sen(x) +1 2x+K, e conseqüentemente, Z sen4x dx = −1 4cos(x) ·sen3(x) + 3 4 Z sen2(x)dx = −14cos(x) ·sen3(x) +3 4  −12cos(x) ·sen(x) + 1 2x+K 

= −14cos(x) ·sen3(x) −38cos(x) ·sen(x) +3

8x+K1

onde K1= 34K.

1.19 Observação. Mais adiante, com auxílio das identidades trigonométricas fundamentais, desenvolveremos

outro método para integrais envolvendo potências de funções trigonométricas, de uma forma mais geral, como por exemploZ cosn(x

(23)

UNEB ⋆ 2012.1 1.2. Técnicas de Integração

1.2.2

Integrais do tipo:

Z

Ax

+

B

ax

2

+

bx

+

c

dx e

Z

Ax

+

B

ax

2

+

bx

+

c

dx

Faremos a discussão em 4 casos, que são:

Caso 1. Z 1 ax2+bx+c dx Caso 3. Z 1 √ ax2+bx+c dx Caso 2. Z Ax+B ax2+bx+c dx Caso 4. Z Ax+Bax2+bx+cdx Caso 1. Z 1 ax2+bx+c dx

Transformamos, primeiramente, o denominador pondo-o sob a forma de uma soma ou de uma diferença de quadrados, completando quadrado, da seguinte forma:

ax2+bx+c = a  x2+b ax+ c a  = a " x2+2·2ab x+ b 2a 2 − b2a 2 + c a # = a "  x+ b 2a 2 −b24a24ac # = a "  x+ b 2a 2 + −∆ 4a2 # , em que ∆=b24ac.

Temos que 4a2é sempre maior do que zero, no entanto precisamos olhar para ∆=b24ac. Então

(i) Se ∆<0, então−∆>0, fazendo k2= −

4a2 temos Z 1 ax2+bx+c dx= Z 1 a   x+2ab2+k2  dx = 1 a Z 1  x+2ab2+k2 dx.

Pela mudança de variável u=x+ b

2a e du=dx, e pelo Exemplo (⋆) 1.19(b) temos

Z 1 ax2+bx+c dx= 1 a Z 1 u2+k2 du= 1 a· 1 k·arctg u k  +C.

(ii) Se ∆>0, então−∆<0, fazendo k2=

4a2 temos Z 1 ax2+bx+c dx= Z 1 a   x+ b 2a 2 −k2  dx = 1 a Z 1  x+ b 2a 2 −k2 dx.

Pela mudança de variável u=x+ b

2a e du=dx, e pelo Exemplo (⋆) 1.19(e) temos

Z 1 ax2+bx+c dx= 1 a Z 1 u2k2 du= 1 a· 1 2k·ln uk u+k +C. (iii) Se ∆=0, então Z 1 ax2+bx+c dx= 1 a Z 1  x+2ab2 dx, e pela mudança de variável u=x+ b

2ae du=dx, temos Z 1 ax2+bx+c dx= 1 a Z 1 u2 du= − 1 au +C.

Referências

Documentos relacionados

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Fita 1 Lado A - O entrevistado faz um resumo sobre o histórico da relação entre sua família e a região na qual está localizada a Fazenda Santo Inácio; diz que a Fazenda

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Universitário de Évora e viria a exercer muitos outros cargos de relevo na Universidade de Évora, nomeadamente, o de Pró-reitor (1976-

Para preparar a pimenta branca, as espigas são colhidas quando os frutos apresentam a coloração amarelada ou vermelha. As espigas são colocadas em sacos de plástico trançado sem