AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL N" 386.751 - RJ (2013/0279705-3)
RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN
AGRAVANTE : ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROCURADOR ; JONER AUGUSTUS TOLEDO DE CARVALHO FOLLY E
OUTRO(S)
AGRAVADO : ANA LÚCIA RODRIGUES DE ALMEIDA DIB E OUTROS
ADVOGADOS ; JORGE SOARES CHAIM
VINICÍUS ANDREOLI CHAIM DECISÃO
Trata-se de Agravo de decisão que inadmitiu Recurso Especial (art. 105, III, "a", da CF) interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro cuja ementa é a seguinte;
Apelação Cível. Ação de Obrigação de Fazer. Servidores do Poder Judiciário. Pretensão de reconhecimento do Direito ao reajuste dos vencimentos em 24%. Sentença de procedência parcial. Irresignação que deve ser acolhida, para que haja a implementação dos valores devidos de uma única vez e o pagamento das parcelas vencidas. Declaração de Inconstilucionalidade já reconhecida pelo Eg. Órgão Especial do TJRJ e confirmada pelo Eg. STI;. Art. 5° da Lei Estadual n° 1.206/87 que, ao conceder reajustes aos servidores do Estado, excluiu aqueles pertencentes ao Poder Judiciário. Trânsito em julgado da Sentença de procedência, proferida nos autos da ação proposta, à época, por grupo de servidores. Posterior decisão administrativa da Presidência deste Tribunal de Justiça concedefido a extensão do reajuste a toda categoria, porém, de forma parcelada e ad futurum. Autores que tem o mesmo Direito, já reconhecido a outros servidores de igual função, ao implemento do reajuste, de uma única vez, bem como ao pagamento das parcelas pretéritas. Inocorrência da Prescrição do fundo de Direito. 21 30 AC n° 0081858-65.2011.8.19.0001 (G) DESEMBARGADORA REGINA LÚCIA PASSOS
Irresignação do Estado réu que não se sustenta. Relação de trato sucessivo. Aplicação da Súmula n° 85 do STJ. Afronta ao Princípio Constitucional da Isonomia. Atuação do Poder Judiciário como legislador positivo. Inocorrência. Simples implementação de reajuste, que não significa concessão de aumento. Procedência do pedido que deve ser mantida e ampliada. Implemento imediato do reajuste no percentual faltante (5,51%). Fixação dos honorários que deve ser realizada com base no art. 20, § 4°, do CPC. Precedentes citados: AgRg no REsp 1224083/CE, Rei. M i n i s t r o NAPOLEÃO N U N E S MAIA FILHO, P R I M E I R A TURMA, julgado em 15/12/2011, DJe 10/02/2012; 0202410-59.2011.8.19.0001 - APELAÇÃO DÊS. MARCELO LIMA BUHATEM - Julgamento: 29/02/2012 - QUARTA CÂMARA CÍVEL; 0359841-93.2010.8.19.0001 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO DIS. JOSÉ C. FIGUEIREDO Julgamento: 29/08/2012 DÉCIMA P R I M E I R A C Â M A R A CÍVEL; 001024925.2011.8.19.0000
MANDADO DE SEGURANÇA DÊS. VALMIR DE OLIVEIRA SILVA Julgamento: 28/11/2011 ÓRGÃO ESPECIAL; 029274794.2011.8.19.0001 -APELAÇÃO / R E E X A M E NECESSÁRIO DÊS. LINDOLPHO MORAIS MARINHO - Julgamento: 16/08/2012 - DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL; 0036980-58.2011.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO DÊS. ADEMIR PIMENTEL - Julgamento: 29/02/2012 - DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL; 0286707-96.2011.8.19.0001 - APELAÇÃO DÊS. REINALDO P. ALBERTO FILHO - Julgamento: 13/06/2012 - QUARTA CÂMARA CÍVEL; 0052729-18.2011.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA DÊS. N I L / A BITAR - Julgamento: 16/04/2012 - ÓRGÃO ESPECIAL; AgRg no REsp 947368/RS, Rei. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 02/09/2010, DJe 27/09/2010; AR 3.182/MG, Rcl.i Ministro PAULO MEDINA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/2007. DJ 30/04/2007, p. 279;RE-AgR 546981, CÁRMEN LÚCIA, STF; RE-AgR 549031, EROS GRAU, STF; Sexta Turma Especializada, Apelação 199751010742228 RJ, Relatora: Juíza Federal convocada CARMHN SILVIA DE A R R U D A TORRES, 27/07/2009, DJU de 05/08/2009; 000033164.2006.8.19.0002 Apelação/Reeexame Necessário -Dês. Luisa Bottrel Souza - Julgamento: 16/09/2009 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL; 0013569-46.2012.8.19.0001 - APELAÇÃO - DÊS. ROGÉRIO DE OLIVEIRA SOUZA - Julgamento: 11/12/2012 - NONA CÂMARA CÍVEL 0182719-59.2011.8.19.0001 - APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO; DÊS. LE1LA ALBUQUERQUE Julgamento: 04/09/2012 DECIMA OITAVA CAMARÁ CÍVEL; 002954275.2011.8.19.0001 APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO DÊS. REGINA LÚCIA PASSOS -Julgamento: 03/07/2012 i- NONA CÂMARA CÍVEL; 0003312-43.2011.8.19.0050 - APELAÇÃO DÊS. CARLOS AZEREDO DE ARAÚJO - Julgamento: 31/08/2012 - OITAVA CÂMARA CÍVEL. PROVIMENTO PARCIAL » DO PRIMEIRO RECURSO E DESPROVIMENTO DO SEGUNDO, (íls. 852-854, e-STJ)
Os Embargos de Declaração foram rejeitados (fl. 893, e-STJ).
O agravante, nas razões do Recurso Especial, sustenta que ocorreu
violação dos arts. 535, I e II, 472, 458, II, e 165, do CPC; e 1° do Decreto
20.910/1932.
Contraminuta apresentada às íls. 1026-1034, e-STJ.
Houve juízo de admissibilidade negativo na instância de origem, o que
deu ensejo à interposição do presente Agravo.
É o relatório.
Decido.
Os autos foram recebidos neste Gabinete em 26.8.2013.
Inicialmente, em relação à alegada ofensa aos arts. 535, 458 e 165 do
CPC, a irresignação não merece prosperar. »
O insurgente restringe-se a alegar genericamente ofensa às citadas
normas sem, contudo, demonstrar de forma clara e fundamentada como o aresto
recorrido teria violado a legislação federal apontada. Incide na espécie, por analogia, o
princípio estabelecido na Súmula 284/STF.
Nessa esteira:
'
PROCESSUAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO., COMPROVAÇLÃO DE TEMPESTIVIDADE.SÚMULA 7/STJ. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE LEI SUPOSTAMENTE VIOLADOS. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF.
l .Não cabe, na via especial, a revisão das premissas fáticas de julgamento para afastar a conclusão da Corte de origem que, com base em documentos, reconheceu a comprovação da tempestividade do agravo de instrumento manejado na origem.
2. O ora agravante não aponta, nas razões do especial, os dispositivos de lei que entende como contrariados. Aplica-se ao apelo nobre o óbice da Súmula 284/STF.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no ARESP 268.667/ES, Rei. Min. CASTRO .MEIRA, Segunda Turma, Dje 25/05/2013).
PROCESSUAL CIVIL AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC 1NOCORRÊNC1A - TEMPESTIVIDADE DE RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO NA ORIGEM - IMPOSSIBILIDADE; DE ANÁLISE DA CONTROVÉRSIA - SÚMULAS 211/STJ, 280/STF E 284/STF.
4. É deficiente a fundamentação do recurso especial na parte em que não demonstra com clareza em que consiste apontada violação a dispositivo de lei federal. Incidência da Súmula 284/STF.
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg no ARESP «4.949/SP, Rei. Min. ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJe 17/04/2013).
No que diz respeito à prescrição, esta Corte Superior orienta-se no
sentido de que, nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública
figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a
prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquénio anterior à
propositura da ação.
A propósito:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. ATO OMISSIVO CONTINUADO. OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA.
1. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que, em se cuidando de ato omissivo continuado, que envolve obrigação de trato sucessivo, o prazo para o ajuizamento da ação mandamental renova-se mês a mês, não havendo falar em decadência, tampouco em prescrição.
Precedentes: REsp 1.273.946/AM, Rcl. Ministro Castro Meira. Segunda Turma, DJe 12.3,2012; e REsp l .188.31 l / A M , Rei. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 13.10.201 1.
2. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no REsp 1320586/AM, Rei. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe 03/10/2012).
Na hipótese em exame, o Tribunal a quo entendeu não configurada a
prescrição do fundo de direito, mas apenas de trato sucessivo, nos lermos da Súmula
85/STJ. Assim consignou:
Ressalte-se, desde logo, que a relação jurídica entre as partes tem natureza de obrigação de trato sucessivo, eis que, mensalmente, a cada período trabalhado, renova-se a pretensão dos servidores de postular, junto a sua fonte pagadora, o alegado reajuste de seus vencimentos.
Assim, não há que se falar em prescrição do fundo de Direito, eis que somente serão atingidas pelo prazo prescricional as prestações vencidas no quinquénio anterior ao ajuizamento da demanda.
Aplica-se, portanto, ao caso em tela, a Súmula 11° 85 do Superior Tribunal de Justiça:
relações jurídicas de traio sucessivo, em que a fazenda pública figure como Devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações vencidas antes do quinquénio anterior àpropositura da ação." (fls. 856-857, e-STJ)
Dessume-se que o acórdão recorrido está em sintonia com o atual
entendimento deste Tribunal Superior, razão pela qual não merece prosperar a
irresignação. Incide, in casu, o princípio estabelecido na Súmula 83/STJ: "Não se
conhece do Recurso Especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se
firmou no mesmo sentido da decisão recorrida."
Em relação à ofensa à coisa julgada, a Corte local afastou tal alegação
sob o seguinte fundamento:
Noutro giro, cabe dizer que não há ofensa à coisa julgada. Com efeito, não pretendem os autores, ora apelantes, a extensão dos efeitos daquele julgado, proferido nos autos da ação originária, sob o n° 0024210-36.1988.8.19.0001, o que de fato violaria a coisa julgada, na medida em que a Sentença não pode beneficiar nem prejudicar terceiros, conforme dispõe o art. 472 do CPC.
Na verdade, a pretensão dos apelantes consiste em ver reconhecido seu Direito ao reajuste, para que assim façam j us ao recebimento das diferenças havidas nos cinco anos anteriores ao ajuizamento da ação e para que o percentual, a ser implementado a partir de então, se dê integralmente, ou seja, de urna única vez.
Assim, o pedido da* presente ação não é a extensão dos efeitos da aludida Sentença proferida anteriormente, mas, sim, a condenação do réu a
realizar o reajuste a que fazem jus os autores, como servidores da ativa, tendo como causa de pedir a Inconstitucionalidade, já reconhecida, do art.5° da Lei
1.206/87 e o respeito ao Princípio Constitucional da Isonomia.
Oportuno dizer que o Egrégio Órgão Especial desta Corte Estadual vem entendendo pela inexistência de ofensa à coisa julgada, a exemplo do estabelecido no julgamento do Mandado de Segurança impetrado, por servidores inativos, com a pretensão de reconhecimento do Direito líquido e certo ao aludido reajuste, que somente contemplou, administrativamente, os servidores da ativa. (fl. 859, e-STJ)
Tenho que, na presente hipótese, não há como afastar a aplicação da
Súmula 7 do STJ, uma vez que a verificação da plausibilidade da alegação do
recorrente acerca da ocorrência de ofensa ao instituto da coisa julgada demandaria o
revolvimento do acervo fático-probatório dos autos, circunstância vedada no âmbito
desta Corte Superior.
Nesse sentido: '
PROCESSUAL C I V I L . AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. LIMITES DA COISA JULGADA. REEXAME DE MATÉRIA FATIGA. IMPOSSIBILIDADE. ENUNCIADO SUMULAR 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1; No caso, a análise dos limites da coisa julgada implica, necessariamente, reexame de matéria fático-probatória, o que é inviável cm sede de recurso especial, sendo o caso de incidência da Súmula 7/STJ.
2. Agravo regimental não provido,
(AgRg no AREsp 224.394/SP, Rei. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, DJe 19/12/2012).
PROCESSO C I V I L . TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. VERIFICAÇÃO DOS LIMITES DA COISA J U L G A D A . IMPOSSIBILIDADE. S Ú M U L A 7/STJ.
!.(...)
2. Analisar, na espécie, os limites da coisa julgada quando esta foi rechaçada pelo Tribunal de origem, mediante o exame de matéria fático-probatória, atrai a incidência da Súmula 7/STJ. Nesse sentido: AgRg no REsp 1247142/PR, Rei. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 24.5.2011, DJe 1°.6.2011: AgRg no Ag 1373008/SP, Rei. Min. Mauro Campbell Marques. Segunda Turnia, julgado cm 7.4.201 l, DJe 15.4.20] 1.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no AREsp 92.244/AL, Rei. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 02/10/2012).