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ANÁLISE DOS IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS OCASIONADOS PELA UHE IRAPÉ NA SUB-BACIA DO ITACAMBIRUÇU DO RIO JEQUITINHONHA.

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ANÁLISE DOS IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS OCASIONADOS PELA UHE IRAPÉ NA SUB-BACIA DO ITACAMBIRUÇU DO RIO

JEQUITINHONHA.

OLIVEIRA, Francymara Barroso. 1

francymaraboliveira@yahoo.com.br.

SANTOS, Genilce Ferreira. 2

falecom.g@yahoo.com.br.

OLIVEIRA, Guilherme Augusto. 3

guilhermeago@gmail.com

INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta um grande potencial para a produção de energia hidrelétrica devido ao território possuir características físicas, como o relevo, o clima, a rede hidrográfica, entre outros. Nas últimas décadas houve uma necessidade de empreendimentos de geração de energia para suprimir o desenvolvimento do país. Entretanto por mais que a energia hidrelétrica seja considerada a mais limpa, ou seja, menos poluente, não deixa de alguma maneira ocasionar impactos sociais, culturais e ambientais.

Em 2002 foi iniciada a construção da UEH de Irapé na bacia hidrográfica do Jequitinhonha que se localiza há noroeste do estado de Minas Gerais e parte do sudeste da Bahia totalizando uma área de aproximadamente 70.315 km², sendo que 66.319 km² situam-se em Minas Gerais e 3.996 km² está localizado na Bahia (Ver mapa 1). O clima da Bacia possui características que varia do clima semi-árido a úmido, com temperaturas que variam de 21 a 24°C, com chuvas irregularmente distribuídas durante o ano.

A implantação da Hidrelétrica de Irapé no rio Jequitinhonha foi bastante controversa, de grande repercussão tanto econômica, político, social, cultural e principalmente ambiental. Gerou conflitos entre os envolvidos: comunidades tradicionais atingidas, ecossistemas como Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica totalmente destruída pelo represamento do rio Jequitinhonha e seu afluente Itacambiruçu

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e interresses do poder público em especial a Estatal CEMIG – Centrais Elétricas de Minas e Energia para que o empreendimento, a UEH de Irapé se concretizasse.

O presente trabalho objetiva a caracterização e o diagnóstico ambiental e social provocados pelas mudanças ocorridas na bacia hidrográfica do Itacambiruçu após a implantação da Usina hidrelétrica de Irapé. Como metodologia utilizou-se o trabalho a campo com análises empíricas e a revisão bibliográfica do tema em análise, concluindo assim o trabalho proposto.

Mapa 01: Localização da bacia do Jequitinhonha no estado de Minas Gerais.

Fonte: FERREIRA, V.O. 2009.

1 - USINA HIDRELÉTRICA DE IRAPÉ: UMA OBRA CONFLITUOSA.

A Usina Hidrelétrica de Irapé localiza-se na região noroeste do Estado de Minas Gerais nas coordenadas geográficas 16° 44’ 19’’ de Latitude Sul e 42° 34’ 30’’ de Longitude Oeste, construída na bacia do alto Jequitinhonha e na foz do afluente da margem direita o rio Itacambiruçu, o nome oficial da UHE Irapé é Usina Presidente Juscelino Kubitscheck (CEMIG/2005). A usina possui 208 m de altitude, considera a maior do Brasil e potencial de geração de 360 MW. Com investimentos de 1,2 bilhões de reais, a área inundada é de 137km² de 7 municípios mineiros.

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Foram diversas discussões acerca da construção da hidrelétrica que datam da década de 60, iniciando a construção em 2002 entrando em operação em 20 de julho de 2006. A liberação da construção da obra foi conflituosa. De acordo Costa o processo de licenciamento foi marcado por diversos conflitos; de um lado a CEMIG, empresa responsável pelo empreendimento, bem como o Governo de Minas e políticos interessados na execução da obra. E do outro, órgãos defensores dos direitos da população atingidos, a Comissão dos Atingidos pela Barragem de Irapé, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a Fundação Cultural Palmares (FCP), e o Ministério Público Federal (MPF) (COSTA, 2009 pág. 3).

De acordo com o Grupo de Estudos e Temáticas Ambientais (Gesta) da UFMG as análises e diagnósticos necessários à consolidação do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) da Usina foram iniciados no ano de 1988. Em abril de 2002, apesar da mobilização da sociedade civil, o Conselho de Política Ambiental (COPAM) de Minas Gerais aprovou a licença de instalação da hidrelétrica de Irapé, desconsideraram o informe técnico da FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente) que denunciava o não cumprimento das condições adequadas por parte da CEMIG com relação aos atingidos. A partir da concessão da licença, a empresa foi autorizada a iniciar a construção da barragem (GESTA/2007).

Segundo Santos salienta que, além disso, a forma pela qual o empreendedor a CEMIG conduziu a elaboração dos estudos de impactos ambientais e as negociações incorreram em inúmeras violações aos direitos humanos dos atingidos: as famílias foram ameaçadas e lhes foi vedado o direito à participação e informação. O próprio processo de licenciamento provocou o aprofundamento das tensões e conflitos de disputa pela posse da terra na região. Além disso, a comunidade de Porto dos Corís teve sua identidade étnica negada durante a elaboração, apreciação e aprovação do EIA/RIMA que promoveu ainda uma avaliação distorcida dos impactos a serem gerados. (SANTOS, 2007 pág. 8).

Há também o benefício à geração de receita, através do pagamento de compensação financeira aos municípios abrangidos royalties por área inundada e da arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) para o município onde se localiza o canteiro de obras. Mas até quando se pode dizer que o desenvolvimento esta subsidiado

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em detrimento da destruição de comunidades tradicionais, cultura, valores que permeiam há décadas, ecossistemas: fauna, flora sendo destruídas, submersas por toneladas de água, tratadas por descaso pelo poder público e privados de Minas Gerais.

2 – UHE DE IRAPÉ OCASIONA PROBLEMAS SOCIAIS E AMBIENTAIS.

De acordo com a CEMIG/2005 foi atingido pelo reservatório um total de 1.151 famílias em um total de 5.000 pessoas residentes de 47 comunidades ribeirinhas expulsa de suas terras, em áreas dos municípios mineiros de Berilo, José Gonçalves de Minas, Leme do Prado, Turmalina, Grão Mogol, Cristália e Botumirim como observado no mapa 2. Foram transferidos dos seus lugares originais de moradia, submersa pelas águas do reservatório, para áreas rurais da região. O reservatório de Irapé ocupou uma região formada por comunidades tradicionais, dedicadas na maioria às atividades agropecuárias. Como afirmado por Santos

“são lavradores, roceiros, vaqueiros e cortadores de cana. Em segundo lugar, numa posição quantitativamente distante das atividades rurais, aparecem os pequenos comerciantes; os pequenos garimpeiros de diamante, ouro e quartzo; os trabalhadores domésticos; e os que trabalham em estabelecimentos industriais ligados aos recursos naturais da região, tais como fábricas de farinha, de cachaça, de rapadura, de doces e de telhas”. (SANTOS, 2007 pág. 8).

Pouco menos de dois terços das famílias afetadas pelo empreendimento residiam na área rural, o restante se distribuía pelos povoados da região e das muitas famílias transferidas foram para terrenos topograficamente mais elevados, micro-clima totalmente distintos das de origem, áreas de baixa infra-estrutura como afirmado por Costa que.

“Ao prosseguir com o projeto, a CEMIG, empresa responsável pelo empreendimento, negligenciou parte das exigências e anseios das comunidades que sofrem com a disputa e infertilidade das terras, a falta d’água e as altas tarifas de energia elétrica usada para o bombeamento da água do rio, além de problemas que já existiam como a pobreza e a miséria, decorrentes da falta de emprego, do pouco dinamismo comercial e o não-investimento na região”. (COSTA, 2009 pág.14).

A implantação do empreendimento teve a realocação da comunidade Porto dos Corís (município de Leme do Prado), reconhecida pela Fundação Palmares como remanescente de quilombolas, Peixe Cru e Canabrava (município de Turmalina). Segundo Santos “população atingida é composta, sobretudo, por comunidades rurais tradicionais com características e especificidades socioculturais no que se refere à forte

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identidade com o local que habitam e às formas de apropriação e uso do território e seus recursos” (SANTOS, 2007 pág. 7). O remanejamento para outros locais propiciou a ruptura dos laços, ligações por parentescos, dos vizinhos, da história da comunidade que os uniam.

De acordo com a tabela a seguir, são demonstrados os municípios e número de famílias que foram atingidas pela construção da hidrelétrica.

Municípios Atingidos pela UEH Irapé

Município

Famílias

Remanejadas Comunidades de Origem

Famílias Reassentadas Área Territorial Populaçã o

Berilo 8 Eixo da barragem de Irapé Nenhuma 630km² 12.938

Botumirim 206

Santa Cruz; Carqueja; Serafim; Santa Maria; Palmito, Quebrabó; Bugio; Ouro Podre; Noruega;

Buriti Quebrado. 99 1.571,9km² 6.834*

Cristália 327

Itacambiruçu; Soberbo; Sussuarana; São Miguel; Córrego Dantas; Gangorrinha; Cachoeira, José de Barros; Itapacoral;

Cabra. 214 843,5km² 5.757**

Grão

Mogol 94 Alegre, Ventania: 39 15 3.902,8Km² 14.623

José Gonçalves

de Minas 144

Igicatu; Malhada;

Mandacaru; Baixão; Santa

Rita; Sobrado. 115 383km² 4.735***

Leme do

Prado 132

Porto Coris; Ribeirão Corrente; Córrego do Engenho; Mandassaia;

Posses. 82 282km² 5.584

Turmalina 240

Jacuba; Bocaina; Degredo; Buriti; Catinguinha; Cana

Brava; Peixe Cru. 131 1.685km² 17.475 Tabela 02: Municípios atingidos pela UEH Irapé.

* Hab. sendo 51% na área rural. ** Hab. sendo 70% na área rural. *** Hab. sendo 82% na área rural.

Fonte: CEMIG/2004 ORG: OLIVEIRA, F.B.

De acordo com denuncias proferidas pelo Jornal do Sindieletro - CUT/FNU muitos moradores estavam indignados, pois o descaso da CEMIG foi bastante evidente. Segundo moradores como Edinei de Oliveira1, liderança da região, afirmou que o abastecimento de água não durou nem 4 meses. “Sem outra água para consumo, as

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pessoas buscam o rio, que está contaminado. Por isso, já estão aparecendo problemas graves de saúde na região. As comunidades estão assustadas e revoltadas com o descaso da CEMIG”. Além da água imprópria para o consumo, essa população perdeu hortas e roçados, pois plantavam a partir do conhecimento do regime normal do rio (SINDIELETRO/2007). Vale lembrar que as famílias atingidas pela barragem foram reassentadas em outras áreas, mas sofrem com a escassez de água e com a dificuldade de pagar e conta de energia para as bombas de captação. Naquele período a assessoria de comunicação da CEMIG informou que a empresa avalia constantemente a água do rio, que já tinha problemas antes da usina. A companhia alegou que seu compromisso com o abastecimento das comunidades era apenas para o período de enchimento do reservatório e foi cumprido.

Houve e ainda há muitos problemas que foram provocados pela construção da hidrelétrica e fica evidente que a recuperação do Jequitinhonha pode demorar anos, sendo que a maioria da população desconheça os impactos sócio-ambientais provocados e ainda vivenciam uma situação de injustiça ambiental.

A área de inserção da UHE de Irapé foi drasticamente modificada, pois se caracteriza como uma região de transição dos ecossistemas pertencentes aos domínios do bioma Cerrado, Caatinga e fragmentos de Mata Atlântica. É necessário destacar que segundo o Gesta na área 70% da vegetação nativa encontrava-se preservada no local. Que foram totalmente suprimidas pelo empreendimento. No Plano de Controle Ambiental elaborado pela CEMIG a fisionomia natural da área de influência de Irapé é assim descrita:

“A área de influência da UHE Irapé localiza-se, principalmente, no domínio do cerrado sensu lato [sic], enquanto seu limite leste faz contato com área de transição para caatinga [...]. É dotada de cadeias montanhosas e afloramentos rochosos quartzíticos (que atingem até 1.400 m de altitude), além de chapadas de exuberante beleza cênica, as quais confrontam com o encaixado vale do rio Jequitinhonha. As íngremes drenagens e encostas das chapadas exibem reduzido uso e ocupação humana, possibilitando uma extensa e contínua cobertura vegetal nativa, diferenciada em: formações florestais [...], arbustivas [...] e campestres. Quanto ao clima, a região do empreendimento localiza-se em área de transição entre os regimes quente semi-árido de influência continental e quente subúmido de influência marítima, ambos de regime tropical.” (SANTOS, 2007 pág. 9).

Ainda segundo os estudos coordenados pela CEMIG encontrou-se 61 sítios arqueológicos pré-históricos registrados na área diretamente afetada pelo reservatório,

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pelo menos sete são seguramente anteriores à chegada dos povoadores luso-brasileiros e os outros do período colonial (CEMIG/2004).

O GESTA constatou graves alterações da qualidade da água do rio Jequitinhonha, em Coronel Murta e Virgem da Lapa, em trechos abaixo da Usina Irapé. As amostras coletadas em 2006 foram avaliadas pelo laboratório da Copasa na região e os resultados comparados com amostras analisadas pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) de 1998 a 2005. A pesquisa realizada de janeiro a novembro de 2006 aponta piora da qualidade da água, ultrapassado, em alguns casos, os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005. A Resolução determina que as águas de classe 2, como o rio foi considerado, “sirvam ao abastecimento para o consumo humano, após tratamento convencional, à proteção das comunidades aquáticas, ao lazer, à irrigação e a pesca”. Desde o enchimento do reservatório da usina, em 2005, moradores reclamam de irritação na pele, mau cheiro, gosto de ferrugem, corrosão das bombas de captação e recusa dos animais em beber a água do rio. Como houve redução do PH da água, baixa de oxigenação, aumento da concentração de manganês, nitratos, sulfatos e ferro, o estudo aponta riscos de morte de organismos aquáticos, irritação na pele e nos olhos e doenças como hepatite e difteria. Também foram relatados pelos moradores mortes de peixes e aborto de animais. (GESTA 2006).

Sendo assim fica evidente a destruição social, cultural e ambiental provocado pela construção da hidrelétrica, diversas comunidades com características peculiares, ecossistemas visivelmente preservados foram totalmente modificados pelo represamento do rio.

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Mapa 03: Municípios atingidos pela UHE de Irapé - MG.Fonte: MELO, B. M; SANTOS, L. R; FARIA, K. L; RAMOS, M. J. M; FARIA, M. H; COSTA, P. S. F. & DORNELLES JR, W. 2008. 3 – IMPACTOS OCASIONADOS PELA CONSTRUÇÃO DE UHE IRAPÉ NO RIO ITACAMBIRUÇU.

O rio Itacambiruçu compreende o alto Jequitinhonha, estendendo a sua nascente que se situa no município de Itacambira até a foz no rio Jequitinhonha no município de Grão Mogol, microrregião que compreende os municípios de Itacambira, Botumirim, Cristália, Padre Carvalho, Josenopóles e Grão Mogol na messoregião norte de Minas Gerais (Mapa 04). A microrregião localiza-se ao longo da cadeia orográfica do Espinhaço com um total de 9.075.710 Km² e população de 41.682 mil habitantes. (IBGE 2006).

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M a p a 0 4 : L o cal iza ç ã o d a Mi c r o r r e giã o d e Gr

ão Mogol Norte de Minas Gerais. Fonte: Geominas, 1996. ORG. :V. G. A. 2010.

O rio Itacambiruçu afluente da bacia do Jequitinhonha, cuja bacia hidrográfica, além de drenar os municípios da microrregião de Grão Mogol, drena outros 54 municípios mineiros e 7 baianos. O que amplia a necessidade de programas de gestão de bacia, envolvendo todos os municípios em uma ação conjunta para garantir a preservação ambiental de seus afluentes como o rio Itacambiruçu, este que possui como afluentes da margem esquerda os ribeirões Congonhas, Ticororó, Ponte Alta e Extrema e o rio Ventania; pela margem direita os Ribeirões dos Veados e Bananal.

A bacia hidrográfica do Itacambiruçu possui o domínio da vegetação do cerrado na qual se encontra potencialmente degradada principalmente pelas atividades da agricultura e pecuária e alguns trechos de expressivos do cultivo do reflorestamento. Há áreas ao longo da bacia mescladas com a vegetação do cerrado restos de Mata de Galeria. Com grande potencial hídrico, porém encontra-se em ameaça devido aos processos de assoreamento, desmatamento e diversos tipos de poluição. Logo o desmatamento excessivo esta levando a diminuição da vazão de água em toda a bacia hidrográfica do Itacambiruçu.

De forma abrangente o rio apresenta grande importância para o desenvolvimento socioeconômico de toda a microrregião, largamente utilizada por

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atividades de agricultura que na maioria é de subsistência, pecuária intensiva, doméstica, lazer, abastecimento de água, participação na geração de energia, enfim diversas atividades voltadas para a sobrevivência de muitas comunidades.

Os impactos observados no rio são diversos, mas principalmente estão relacionados ao intenso processo de assoreamento como afirmado por Santos.

“o rio antigamente apresentava grande volume de água, mesmo no decorrer das secas, era estreito e fundo da qual atravessava de canoa ou nadando, havia uma fauna com muitas diversidades de animais com jacarés do papo amarelo, garças, pastoris, peixes. Hoje, a maioria desses animais não existe, sendo que peixes é muito raro de se encontrar.”. (SANTOS, 2008, pág. 37).

Houve muitas alterações no curso d’água provocadas por processos como assoreamento, o plantio de projetos de irrigação, onde o desmatamento para o carvoeijamento bastante intensificado nas décadas 80. Provocou mudanças, de forma drástica à paisagem de outrora do rio Itacambiruçu.

No município de Grão Mogol em 1944 foi construída em um afluente do Itacambiruçu no rio Ticororó a Usina Hidrelétrica de Santa Marta, cuja potência declarada de apenas 1,50 MW com 2 unidades geradoras e volume útil do reservatório (hm3) apenas um fio d’água (CEMIG/2005). Uma usina que possui pouco aproveitamento energético.

Posteriormente em 2006 entrou em funcionamento no alto do Jequitinhonha Usina Hidrelétrica de Irapé como explicitado anteriormente. Sendo que a Usina foi construída na foz do Itacambiruçu. Segundo Santos o alagamento proporcionado pelo reservatório de Irapé atingiu áreas urbanas e rurais “numa extensão de 115 quilômetros do rio Jequitinhonha e de 50 quilômetros do afluente Itacambiruçu. Essa área corresponde a um longo trecho do alto Jequitinhonha, que se inicia pouco abaixo de Caçaratiba e termina abaixo da foz do Itacambiruçu.” (SANTOS, 2007 pág. 7).

O rio Itacambiruçu atingido pelo reservatório proporcionando mudanças no comportamento hídrico do rio, do ciclo de vida aquático que já não é mais o mesmo. Algumas famílias oriundas das comunidades de Alegre e Ventania do município de Grão Mogol a de Itacambiruçu em Cristália que se localizavam na bacia hidrográfica do Itacambiruçu foram transferidos para outros locais distantes.

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A partir da pesquisa foi demonstrado que existiu uma situação bastante conflituosa, interesses de entidades distintas em prol da construção da UHE de Irapé. Ficou evidente que houve um descaso em relação às comunidades, famílias transferidas para outro local totalmente diferente das de origem sem apoio constante, ainda falta água, energia elétrica, atendimento básicos como saúde mais próximos.

O rio Itacambiruçu atingido pelo barramento do reservatório propiciou mudanças no comportamento hídrico do rio. Da vida aquática de outrora que já não é mais a mesma. Comunidades como Alegre e Ventania do município de Grão Mogol a de Itacambiruçu em Cristália dentre outras que se localizavam na bacia hidrográfica do Itacambiruçu foram transferidos para outros locais distantes.

Diante do trabalho faz-se aqui uma crítica ao descaso do governo no que diz respeito à fiscalização no cumprimento das ações estabelecidas no licenciamento ambiental por empresas estatais. E que os impactos ocasionados pela hidrelétrica de Irapé foram vários desde sociais, culturais a ambientais e que ainda continuam a ocorrer como foi afirmado por estudos de impactos ambientais. Fica evidente que muitas pessoas ainda desconhecem esse lado ofuscado do desenvolvimento que não chega da mesma forma para todos.

REFERÊNCIAS:

COSTA, Paulo S. F. Impactos Sócio-culturais provocados pela construção da UHE de Irapé em Peixe Cru, Turmalina – MG. Seminário Visões do Vale 4. Programa

Pólo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha. Belo Horizonte. 2009.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

<http:/www.ibge.com.br> .Acesso em junho de 2010.

Centrais Elétricas de Minas e Energia: Informativos UHE de Irapé. Disponível em

www.cemig.com.br. Acesso em Junho 2010.

GESTA. Grupo de Estudos e Temáticas Ambientais – UFMG. Disponível em:

<http:/www.gesta.ufmg.br>. Acesso em maio 2010.

OLIVEIRA, Francymara Barroso; OLIVEIRA, Camilla B.; MARTINS, Vanilza A.; ALMEIDA, Maria Ivete de. Diagnóstico Ambiental do Rio Itacambiruçu sub-bacia do rio Jequitinhonha. 12° Encontros de Geógrafos da América Latina: Caminhando

em uma América Latina em transformação. 2009.

SANTOS, Márcio R. A. dos. Irapé: Paisagem Cultural e Paisagem Tecnológica.

Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Escola do Legislativo, Belo Horizonte, 2007, 12 pág.

SANTOS, Rosângela Aparecida A. Degradação Ambiental do rio Itacambiruçu no município de Botumirim, norte de Minas Gerais. Trabalho de Conclusão de Curso do

Instituto Superior de Educação de Montes Claros – ISEMOC. Montes Claros/MG 2008, pág. 51.

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Referências

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