Referência sugerida/Suggested reference:
DANIEL, O.; VITORINO, A.C.T.; ALOVISI, A.A.; MAZZOCHIN, L.; TOKURA, A.M.; PINHEIRO, E.R.P.; SOUZA, E.F. Crescimento de mudas de Acacia mangium willd em resposta à aplicação de diferentes fontes de fósforo. Revista Árvore, Viçosa, v.21, n.3, p.323-327, 1997.
CRESCIMENTO DE MUDAS DE Acacia Mangium WILLD EM RESPOSTA À APLICAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO1
Omar Daniel2 , Antonio Carlos Tadeu Vitorino2, Alves Alexandre Alovisi3 , Leandro Mazzochin3, Alessandra Mayumi Tokura3, Elaine
Reis Pinheiro3, Eliane Ferreira de Souza3
RESUMO - Mudas de A. mangium foram cultivadas em substrato composto de Latossolo Roxo distrófico (50%), areia (50%) e uma adubação básica com nitrogênio e potássio, em delineamento inteiramente casualizado, constando de 5 tratamentos (testemunha, Superfosfato Triplo, fosfato de Gafsa, fosfato Carolina do Norte, fosfato de Arad) e 5 repetições, cada uma composta de 6 plantas úteis. Ao final de 80 dias após a a semeadura, foram avaliados a altura, diâmetro do colo, comprimento de raízes, biomassa aérea, de raízes e total, razão biomassa de raízes/biomassa aérea. Concluiu-se que: os fosfatos naturais de Gafsa e de Carolina do Norte equipararam-se ao Superfosfato Triplo na promoção do crescimento das plantas, considerando-se as variáveis: altura, diâmetro do colo, comprimento de raízes, matéria seca das raízes e razão biomassa de raízes/biomassa da parte aérea; apesar da
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igualdade estatística para as variáveis citadas, entre os tratamentos de Superfosfato Triplo e dos fosfatos naturais de Gafsa e de Carolina do Norte, o primeiro tratamento proporcionou às plantas um desenvolvimento mais rápido; o fosfato natural de Arad mostrou-se a fonte menos eficiente.
Palavras-chaves: Acacia mangium, fontes de fósforo, mudas.
GROWTH OF Acacia Mangium WILLD SEEDLINGS IN RESPONSE TO THE DIFFERENTS SOURCES APPLICATIONS OF PHOSPHORUS
ABSTRACT - A. mangium seedlings growing in substrate compound of “Latossolo Roxo distrófico” (typic Haplorthox) - 50%, sand - 50% and a basic fertilization with nitrogen and potassium, in completely randomized desingn, constituted of 5 treatments (attestation, “Superfosfato Triplo”, Gafsa phosphate, North Caroline phosphate, Arad phosphate) and 5 formed by 6 usefull plants. After 80 days measured: height, colar root diameter, length of roots, aerial biomass, roots biomass, total biomass, roots biomass/aerial biomass ratio. Conclusions: the seedlings growing equality in presence of Gafsa phosphate, North Caroline phosphate and “Superfosfato Triplo” in relation to the height, colar root diameter, length of roots, roots biomass, roots biomass/aerial biomass ratio; although equality statistics between the “Superfosfato Triplo” and the Gafsa phosphate and the North Caroline phosphate, for the cited variables, the first treatment was propitious at quickly development of seedlings; the Arad phosphate was the less efficient source.
Key words: Acacia mangium, phosphorus sources, seedlings
A. mangium é uma espécie arbórea pertencente à família das
leguminosas, cuja região de origem abrange a Nova Guiné, Indonésia e Austrália, onde vegeta em solos ácidos e baixíssimo teor de fósforo (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1979).
Seu potencial de utilização para a produção de madeira para energia, recuperação de solos degradados, pasto melífero e forrageamento é citado por DUBOIS(1996).
Esta espécie tem sido cada vez mais utilizada na recuperação de áreas degradadas em razão da possibilidade de ocorrência de associação simbiótica com microorganismos tais como a bactéria do gênero Rhizobium e o fungo Thelephora ramarioides (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1983) e à elevada deposição de folhas no solo, favorecendo a ciclagem de nutrientes (DIAS et al., 1990).
Em sítios de melhor qualidade, a produtividade desta espécie pode atingir 46 m3 ha-1 ano-1 ou 20 m3 ha-1 ano-1 em sítios inferiores (NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1979).
Estas características tornam a A. mangium uma árvore de grande potencial para cultivo no Brasil, já existindo inclusive recomendação de procedências adequadas para as regiões Amazônica e Vale do Rio Doce em Minas Gerais (FERREIRA et al., 1990).
Como a maioria dos solos disponíveis para reflorestamento no Brasil são de baixa fertilidade e particularmente pobres em fósforo (BARROS e NOVAIS, 1990), e sendo comum ainda a produção de mudas de essências florestais em embalagens cujos substratos são compostos de solo ou subsolo, faz-se necessária a determinação da quantidade de fósforo a ser fornecida para o rápido crescimento das plantas.
DIAS et al. (1990), por exemplo, demostraram que houve resposta linear à adição de fósforo ao substrato (amostra sub-superficial de Latossolo Vermelho-Amarelo álico de textura argilosa), e que os teores de Ca e Mg na massa da parte aérea das mudas são dependentes das doses de fósforo aplicadas ao solo, o
deste elemento a ser aplicada em mudas de A. mangium, para vários tipos de solo.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de mudas de A. mangium produzidas em substrato composto de Latossolo Roxo distrófico e areia, submetidas à aplicação de diferentes fontes de fósforo.
2.MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no Viveiro de Mudas do Núcleo Experimental de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Dourados-MS, nas coordenadas 22° 09’S e 54° 56’W. A região apresenta clima subtropical úmido a sub-úmido com chuvas periódicas (1400 mm), temperatura média das mínimas de 17,2 °C e das máximas de 28,8 °C, com geadas raras e altitude de 450 m (EMBRAPA, 1980/89).
O viveiro foi coberto superior e lateralmente utilizando-se tela de polietileno com 45% de sombreamento a 2,5 m de altura e lateralmente.
O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e cinco repetições. Foram utilizadas vinte plantas por parcela, sendo apenas seis consideradas úteis para as medições.
Para o enchimento das embalagens de plástico opaco de 20 cm de comprimento por 11 cm de largura (fechado), utilizou-se uma mistura de 50% de Latossolo Roxo distrófico retirado de subsolo e 50% de areia grossa, volume a volume. Todos os tratamentos receberam uma adubação básica composta de 250 g de Sulfato de Amônio e 500 g.m-3 de Cloreto de Potássio. Os tratamentos constaram da adição de 585 g de P2O5.m-3 e para tanto, considerou-se o teor de P2O5 total das fontes.
Para melhor homogeneização dos tratamentos, o superfosfato triplo foi moído. A mistura dos tratamentos foi feita em quantidades de aproximadamente 2 kg de substrato por vez.
Após a mistura do adubo ao substrato, coletaram-se amostras para análise química (Quadro 1).
As sementes utilizadas foram coletadas em matrizes de três anos de idade existentes nas dependências do Núcleo Experimental de Ciências Agrárias. Antes da semeadura as sementes foram submetidas a tratamento para superação de dormência da seguinte forma: ferveu-se água e quando esta entrou em ebulição suspendeu-se a fonte de calor, imergindo-suspendeu-se imediatamente as suspendeu-sementes, onde permaneceram por 12 horas.
Quadro 1 - Características químicas dos substratos *
Table 1 - Chemical characteristics of substrates
Tratamentos M.O. pH P** mmolc.dm-3
Fontes g dm3 (H2O) (mg.dm-3) K Ca Mg Al Testemunha 9.0 4.9 2 8.7 7.0 4.0 4.0 S. F. Triplo 9.0 4.8 153 10.2 14.0 4.0 3.0 Fosfato de Gafsa 9.0 5.0 284 8.7 11.0 5.0 2.0 F. Carolina do Norte 9.0 4.9 225 8.7 9.0 5.0 3.0 Fosfato de Arad 9.0 5.0 225 7.7 12.0 3.0 2.0 * - análises realizadas pelo Laboratório de Análise de Solos do Núcleo Experimental de Ciências Agrárias/UFMS.
** - fósforo extraído com Mehlich-I
A semeadura foi realizada no dia 08/09/96, utilizando-se três sementes por embalagem, colocadas a uma profundidade máxima de 0,5 cm, sem inoculação. Foram feitos dois raleamentos, sendo o primeiro aos 20 dias e o segundo 27 dias após a semeadura, deixando-se apenas a plântula mais vigorosa por recipiente.
Aos 80 dias após a semeadura quando as plantas já apresentavam pelo menos o primeiro par de folhas definitivas, encerrou-se o experimento, coletando-se as seguintes informações: altura total,
matéria seca do sistema radicular e parte aérea, após secagem em estufa com temperatura variável de 60 a 70 oC até obter-se peso constante. Calculou-se também a razão entre o peso de matéria seca das raízes e o peso de matéria seca da parte aérea.
O comprimento do sistema radicular foi obtido utilizando-se a metodologia descrita por Tennant (1975) citado por VITORINO (1986). Para a aplicação do método, foram selecionadas duas plantas representativas por parcela.
Para a determinação do peso de matéria seca as raízes foram separadas da parte aérea e ambas sofreram secagem em estufa com temperatura variável entre 60 e 70 °C até atingirem peso constante. O peso de matéria seca total foi obtido somando-se as duas partes da planta.
Obteve-se a média por planta para cada variável medida e com estes dados foram executadas as análises de variância, comparando-se as médias dos tratamentos pelo do Teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados (Quadro 2) mostram igualdade estatística em 5 das 7 variáveis observadas, entre o superfosfato triplo e os fosfatos naturais de Gafsa e Carolina do Norte, sugerindo que a aplicação destas três fontes de fósforo, nas condições do experimento, forneceram quantidades semelhantes de fósforo disponível às plantas. Entretanto, nota-se que o primeiro tratamento proporcionou um desenvolvimento mais rápido às plantas, fato que pode estar ligado à maior solubilidade em água do superfosfato triplo, quando comparado aos demais.
No Quadro 2 observa-se que a razão entre a biomassa das raízes e a biomassa da parte aérea citada é igual em todos os tratamentos nos quais se aplicou fósforo, e diferente da testemunha. Pode-se inferir que as mudas dos quatro tratamentos
adubados com fósforo estão nutridas igualmente em relação a este elemento. Segundo GLASS (1989), esta razão aumenta à medida que se diminui o suprimento de nutrientes. Portanto, a sua diminuição está relacionada com uma melhor nutrição de fósforo.
Verificada a possibilidade de se obter os mesmos resultados na produção de mudas de A. mangium quando se utilizou qualquer uma das fontes, resta por parte do silvicultor decidir pelo produto de menor custo e facilidade de aquisição.
Quadro 2 - Médias das características das plantas de A. mangium, 80 dias após a semeadura
Table 2 - Means of plant characteristics of A. mangium seedlings, 80 days after sowing
Tratamen tos 1 Altura Diâme tro do Colo Comprimen to de Raízes Matéria seca da parte aérea Matéria seca das raízes Matéria seca total Razão raízes(g )/ parte aérea(g) (Fontes) (cm) (mm) (cm) (g) (g) (g) Testemunha 9.08 C 1.24 B 83.80 C 0.58 C 0.49 C 1.08 C 0.83 A Super F. Triplo 18.31 A 2.06 A 325.90 A 2.35 A 1.21 A 3.56 A 0.52 B Fosfato de Gafsa 15.98 AB 1.89 A 334.70 A 1.78 B 1.00 AB 2.78 B 0.58 B Fosfato Carolina do Norte 15.67 AB 1.84 A 399.63 A 1.82 AB 0.95 AB 2.77 B 0.53 B Fosfato de Arad 13.94 B 1.86 A 218.50 B 1.49 B 0.85 BC 2.34 B 0.57 B
1 - Médias seguidas da mesma letra não diferem entre sí pelo teste Tukey ao nível de 5% de probalidade.
4.CONCLUSÕES
Restringindo-se às condições descritas na metodologia deste trabalho, conclui-se que:
- os fosfatos naturais de Gafsa e de Carolina do Norte equipararam-se ao superfosfato triplo na promoção do crescimento das mudas, considerando-se as variáveis: altura, diâmetro do colo, comprimento de raízes, matéria seca das raízes e razão
- apesar da igualdade estatística para as variáveis citadas, entre os tratamentos de superfosfato triplo e dos fosfatos naturais de Gafsa e de Carolina do Norte, o primeiro tratamento proporcionou às plantas um desenvolvimento mais rápido
- o fosfato natural de Arad mostrou-se a fonte menos eficiente;
5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, N.F., NOVAIS, R.F. Relação solo-eucalipto. Viçosa: Editora Folha de Viçosa, 1990. 330 p.
DIAS, L.E., ALVAREZ , V.H., BRIENZA JR., S. Formação de mudas de
Acacia mangium: I. Resposta a calcário e fósforo. In:
CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6, 1990. Campos do Jordão. Anais...Campos do Jordão: SBS/SBEF, 1990.
DUBOIS, J.C.L. Manual agroflorestal para a Amazônia. Volume 1. Rio de Janeiro: REBRAF, 1996. 228 p.
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Boletim Agrometeorológico. Dourados: EMBRAPA/UEPAE, 1980-89. (Boletins no 2 a 11).
FERREIRA, C.A., SILVA, F.P., SILVA, M.D.D., YARED, J.A.G., CAPITANI, L.R., SUITER FILHO, W. Acacia mangium. Uma nova opção para reflorestamento?. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6, 1990. Campos do Jordão. Anais...Capos do Jordão: SBS/SBEF, 1990.
GLASS, A.D.M. Plant nutrition. An introduction to current concepts. Boston: Jones and Bartlett Publishers, 1989. 234 p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Mangium and other fast-growing
acacias for the humid tropics. Washington, D.C.: National Academy of Sciences-National Research Council, 1983. 62 p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Tropical legumes: resources for the future. Washington, D.C.: National Academy of Sciences-National Research Council, 1979. 331 p.
VITORINO, A.C.T. Caracterização e interpretação, para uso agrícola, de solos de terraço fluvial, no médio Rio Doce, Município de Córrego Novo - MG. Viçosa: UFV, 1986. 95 p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal de Viçosa, 1986.
