• Nenhum resultado encontrado

ESCOLA SUPERIOR BATISTA DO AMAZONAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA FRANCINE DE OLIVEIRA SARDÁ

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ESCOLA SUPERIOR BATISTA DO AMAZONAS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA FRANCINE DE OLIVEIRA SARDÁ"

Copied!
60
0
0

Texto

(1)

MELANOMA DE CAVIDADE ORAL EM CÃO COM METÁSTASE NOS LINFONODOS REGIONAIS – RELATO DE CASO

Manaus 2018

(2)

FRANCINE DE OLIVEIRA SARDÁ

MELANOMA DE CAVIDADE ORAL EM CÃO COM METÁSTASE NOS LINFONODOS REGIONAIS – RELATO DE CASO

Manaus 2018

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Medicina Veterinária, da Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM), a ser utilizado como requisito parcial para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) a fim de obter o título de Bacharel em Medicina Veterinária.

Orientador: Prof. Me. José Allan Soares de Araujo

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

Bibliotecária Responsável: Thaís Lima Trindade – CRB11/ 687

S244m Sardá, Francine de Oliveira.

Melanoma de cavidade oral em cão com metástase nos linfonodos regionais: relato de caso / Francine de Oliveira Sardá. _ Manaus, 2018.

58p.: il., color; 31cm.

Orientador: Prof. Msc. José Allan Soares de Araujo.

Monografia (Bacharelado em Medicina Veterinária) – Escola Superior Batista do Amazonas.

1. Histolpatologia. 2. Metástase. 3. Melanoma. I. Araujo, José Allan

Soares de. II. Escola Superior Batista do Amazonas III. Título

(4)
(5)

Dedico este trabalho para a minha Mãe (in memoriam), que deve estar orgulhosa por eu estar realizando este sonho de criança. Obrigada por sempre olhar por mim e me guiar, de alguma forma, a seguir no caminho certo!!

(6)

AGRADECIMENTOS

Esse trabalho só foi possível ser concretizado com o apoio, incentivo e carinho de muitas pessoas, como professores, amigos, colegas de faculdade e família. Por isso, aqui vai o meu sincero agradecimento a todos que me ajudaram de alguma forma.

Agradeço aos meus colegas de curso e futuros colegas de profissão, Marcella, Elke, Amanda, Edinei e Victor, por todo o conhecimento compartilhado e companhia fiel nesta jornada.

Ao professor José Allan Soares de Araujo, meu orientador, por ter aceitado desenvolver comigo este projeto. Nossas discussões durante todo o curso, que não foram poucas, contribuíram muito para o meu crescimento profissional.

Ao pessoal da clínica onde realizei meu estágio supervisionado, Diagnovet, pela ótima convivência e aprendizado com todos vocês. Agradecimento especial aos veterinários Filipe Rudhjá e Jéssica Padinha, que foram os responsáveis pelo atendimento do animal do caso relatado.

Aos meus maiores incentivadores, minha base, Leandro e Enrico, sempre pacientes me dando muita força para não desistir do meu sonho.

Por fim agradeço aos meus pais pelo amor incondicional e bagagem moral, cultural e intelectual, e as minhas irmãs, Michelle e Thais, por tudo que até hoje já me ensinaram e pelo incentivo que sempre me deram.

(7)

preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. iz m qu s o t o l s

(8)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Neoplasia benigna e maligna da cavidade oral em cães... 13

Figura 2 – Neoplasias orais benignas ... 18

Figura 3 – Neoplasias orais malignas ... 18

Figura 4 – Melanomas da cavidade oral em cães ... 23

Figura 5 – Fotomicrografias de melanomas melânicos ... 24

Figura 6 – Cão, poodle, 13 anos e diagnosticado com melanoma oral e indícios de metástases... 25

(9)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

CAPÍTULO I ... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 11

2.1 Neoplasias em Pequenos Animais ... 11

2.1.1 Definição ... 11

2.1.2 Etiopatogenia ... 11

2.1.3 Importância do Diagnóstico Precoce ... 11

2.1.4 Incidência ... 12

2.1.5 Carcinogênese e Fatores Predisponentes ... 12

2.1.6 Comportamento Biológico ... 13

2.1.7 Sinais Clínicos ... 13

2.1.8 Diagnóstico ... 14

2.1.9 Tratamento ... 15

2.2 Neoplasias da Cavidade Oral em Pequenos Animais ... 16

2.2.1 Etiopatogenia ... 16 2.2.2 Classificação ... 16 2.2.3 Sinais Clínicos ... 19 2.2.4 Diagnóstico ... 19 2.2.5 Tratamento ... 20 2.2.6 Prognóstico ... 21

2.3 Melanoma da Cavidade Oral em Cães ... 21

2.3.1 Etiopatogenia ... 21 2.3.2 Localização ... 21 2.3.3 Epidemiologia ... 22 2.3.4 Sinais Clínicos ... 22 2.3.5 Diagnóstico ... 22 2.3.6 Achados Macroscópicos ... 23 2.3.7 Achados Microscópicos ... 24 2.3.8 Metástase ... 25 2.3.9 Prognóstico ... 25 2.3.10 Tratamento ... 26

(10)

REFERÊNCIAS ... 27 CAPÍTULO II ... 30 4 MELANOMA CAVIDADE ORAL EM CÃO COM METÁSTASE NOS

LINFONODOS REGIONAIS – RELATO DE CASO ... 31 ANEXOS ... 44

(11)

1 INTRODUÇÃO

O presente Trabalho Monográfico de Conclusão de curso (TMCC) objetiva a defesa da disciplina TMCC, do 10º período de medicina veterinária da Escola Superior Batista do Amazonas, o qual está dividindo em dois capítulos, sendo o primeiro capítulo uma revisão de literatura e o segundo um relato de caso.

No primeiro capítulo, para realização da revisão de literatura, o enfoque teórico utilizado foram as neoplasias. Foi realizada uma revisão dos principais pontos sobre neoplasias em pequenos animais, posteriormente uma revisão mais restrita sobre neoplasias orais em pequenos animais e, por fim, uma revisão com ênfase no tema do trabalho, ressaltando as referências mais atualizadas acerca do melanoma oral em cães.

Já o segundo capítulo descreve um relato de caso sobre melanoma da cavidade oral em cão com aparecimento de metástase nos linfonodos regionais, iniciado por uma breve introdução do tema, seguido do relato propriamente dito, discussão e conclusão, de acordo com as normas da revista Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia (PUBVET).

(12)

CAPÍTULO I

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 NEOPLASIAS EM PEQUENOS ANIMAIS

2.1.1 Definição

A expressão câncer deriva d p l vr gr g k rkinos f z uma analogia ao caranguejo relacionado ao aspecto infiltrativo dos tumores sólidos. Estes são representados por diversas formas de neoplasias malignas, as quais apresentam diferentes comportamentos biológicos, podendo ser mais agressivos ou não, porém apresentando uma característica comum que é a formação de novos tecidos, por isso o termo neoplasia. Basicamente, estes tumores são formados por células com duas características primordiais: elevada atividade proliferativa e capacidade de invasão de outros órgãos (PINHO, 2005).

2.1.2 Etiopatogenia

O acúmulo gradativo de mutações no genoma celular é responsável pela formação das neoplasias, provocando uma ruptura irreversível dos mecanismos homeostáticos reguladores do crescimento, diferenciação e morte celular (PINHO, 2005). Fenotipicamente, tratam-se de alterações genéticas e epigenéticas ocorridas por longo período de tempo, podendo estas serem herdadas (relacionadas a fatores endógenos) ou adquiridas (resultantes da exposição a fatores ambientais) (PINHO, 2005).

O processo de formação neoplásica envolve diferentes fases. Inicialmente os tumores são pequenos e benignos, na sequência ocorre a proliferação de tecidos e células anormais, e por fim a neoplasia pode se tornar invasiva e metastática (MANZAN et al., 2005).

2.1.3 importância do Diagnóstico Precoce

-s qu hoj os nim is d omp nhi s o considerados como membros da família, assim o diagnóstico de uma neoplasia é recebido com muito pesar pelos proprietários (WITHROW et al., 2013). Um diagnóstico tardio pode afetar no prognóstico e diminuir o tempo de sobrevida do animal, mas quando traçado precocemente o diagnóstico influencia na

(13)

escolha do tratamento a ser utilizado (HORTA, 2012). É fundamental o conhecimento dos mecanismos de formação, classificação, invasão local e metástase tumoral (RODASKI, 2009), visto que as neoplasias são uma das maiores causas de morte ou de eutanásia nos animais (HOWARD, 2002).

2.1.4 Incidência

No Brasil, o câncer é o principal responsável pela morte entre os animais idosos, pois o aumento na expectativa de vida destes proporciona o aparecimento de doenças ligadas à idade (FIGHERA, 2008). Já entre os animais de companhia de diferentes faixas etárias, o câncer lidera a segunda maior causa de mortes, ficando atrás apenas das doenças infecciosas e parasitárias (BENTUBO et al., 2007).

2.1.5 Carcinogênese e Fatores Predisponentes

O termo carcinogênese se refere ao processo de formação e desenvolvimento tumoral, o qual ocorre em diversas fases, dependendo de fenômenos genéticos e epigenéticos espontâneos ou então induzidos por agentes carcinogênicos, os quais estão divididos em físicos, químicos ou biológicos (BRASILEIRO FILHO et al., 2012).

Em um indivíduo geneticamente suscetível, células tumorais podem se originar de células normais, devido à ocorrência de mutações ou pela existência de defeitos no sistema de reparo do DNA. Ainda, fatores ambientais podem estar envolvidos no desenvolvimento do câncer, estando a carcinogênese induzida por agentes carcinogênicos (BRASILEIRO FILHO et al., 2012).

O agente carcinogênico físico mais conhecido, responsável pelo desenvolvimento de determinados cânceres de pele, é a radiação ultravioleta solar (HENRY, 2013). Na medicina veterinária, a carcinogênese química é representada por pesticidas, herbicidas e inseticidas (HENRY, 2013). Por fim, a carcinogênese biológica é realizada, principalmente, por agentes virais capazes de induzir a gênese tumoral a partir da ligação do DNA viral ao genoma do hospedeiro (BRASILEIRO FILHO et al., 2012).

(14)

2.1.6 Comportamento Biológico

As neoplasias são consideradas indolores, não provocam reação inflamatória e se classificam em benignas e malignas. Os tumores benignos são caracterizados pelo crescimento lento, presença de cápsula, não emitem metástases e, podem se apresentar pedunculados, facilitando a remoção cirúrgica. Em contrapartida, os tumores malignos são considerados mais agressivos, de crescimento rápido, sendo capazes de invadir os tecidos circundantes, emitindo metástases. Morfologicamente, os tumores malignos podem se apresentarem ulcerados, hemorrágicos, necróticos, de consistência variável podendo ir de friáveis a duros (Figura 1) (BRASILEIRO FILHO et al., 2009).

Figura 1 – Neoplasia benigna e maligna da cavidade oral em cães – pilom s diss min dos nos l ios gengiva de um canino adulto (tumor benigno). – l nom m l n ti o n r gi o nt rol t r l do p l to duro d um nino om omprom tim nto d nt rio tumor maligno).

Fonte: Andrade, 2012.

2.1.7 Sinais Clínicos

O paciente com qualquer tipo de neoplasia tende a apresentar as chamadas síndromes paraneoplásicas, além dos sinais específicos para cada tipo tumoral. As síndromes paraneoplásicas correspondem a manifestações clínicas associadas a neoplasias que ocorrem em locais distantes do tumor primário ou de suas metástases, sendo consideradas efeitos indiretos do câncer. A detecção de uma síndrome paraneoplásica permite o diagnóstico precoce e o tratamento eficaz da neoplasia adjacente, melhorando o prognóstico e a qualidade de vida do paciente (RAMOS et al., 2008)

(15)

Os principais sinais clínicos relacionados às síndromes paraneoplásicas in lu m m nif st s g strint stin is omo qu xi ul r o g stroduod n l endocrinológicas, como por exemplo hip r l mi hipogli mi h m tol gi s r pr s nt d s por n mi ritro itos l u o itos n utrof li trom o itop ni ut n s omo lop i d rm tofi ros nodul r n urol gicas; outr s m nif st s v ri d s t is omo ost op ti hip rtr fi hip rt rmi t l

Dentre as manifestações clínicas mais características apresentadas pelos animais com neoplasia e que afetam diretamente a qualidade de vida do animal, estão: a caquexia, caracterizada pela fraqueza acentuada; a anemia; e o emagrecimento, o qual ocorre pela diminuição considerável no apetite (BRASILEIRO FILHO et al., 2009). Estas condições são consideradas preocupantes, principalmente em pacientes g ri tri os n ssit ndo om urg n i d modifi s di t ti s omo institui o d di t s s ir s stimul nt s do apetite (OGILVIE, 2004).

2.1.8 Diagnóstico

A citologia, definida como o exame morfológico de células, sem a presença da arquitetura tecidual, é um método diagnóstico confiável e minimamente invasivo, sendo considerado exame de extrema importância para o diagnóstico, o planejamento e a condução de um caso clínico de neoplasia. Quando bem realizada, uma citologia pode alterar ou eliminar a necessidade de um procedimento cirúrgico (CARNEIRO; HORTA, 2013).

As técnicas mais comuns para se obter as preparações citológicas consistem em: punção aspirativa por agulha fina (PAAF), aspiração de medula óssea, lavado traqueal e bronco-alveolar (CARNEIRO; HORTA, 2013). Como resultado da citologia de neoformações malignas é possível notar anisocariose, anisocitose, atividade fagocítica e heterotopia, quando há presença de um determinado tipo celular atípico para aquela determinada região, células com nucléolos evidentes e aumento na proporção núcleo citoplasma (CULLEN et al., 2002).

No entanto, na prática veterinária, geralmente, a citologia é realizada primariamente ao exame histopatológico, no sentido de se apurar um diagnóstico, aliando-se o baixo grau de invasão do exame citológico com a quantidade de informação obtida e com a estrutura tecidual da histopatologia (CARNEIRO; HORTA, 2013).

Para avaliação histopatológica, se faz necessário realização de biópsia do tecido suspeito de neoplasia, sendo este considerado um dos métodos mais precisos de diagnóstico de massas tumorais (BERG, 2007). As biópsias podem ser excisionais, em que ocorre a

(16)

extirpação tumoral com ampla margem de segurança, as quais visam o diagnóstico e tratamento com apenas uma intervenção cirúrgica, normalmente, sendo preferíveis às biópsias incisionais, nas quais são coletadas amostras de diferentes locais da neoplasia, afim de se estabelecer o diagnóstico (BERG, 2007).

A interpretação do exame histopatológico, bem como o momento e a forma de coleta do tecido, representa uma das etapas mais cruciais no manejo de um paciente com câncer, em que a biópsia não pode comprometer uma ressecção cirúrgica curativa subsequente (BERG, 2007).

Ainda, em muitos casos, alguns tumores indiferenciados podem representar uma dificuldade na determinação da histogênese, sendo utilizada a técnica de imuno-histoquímica. Esta consiste no uso de marcadores imuno-histoquímicos específicos para células epiteliais e mesenquimais, auxiliando na definição do diagnóstico (FERNANDEZ et al., 2005).

2.1.9 Tratamento

A intervenção cirúrgica no paciente oncológico é um dos métodos mais efetivos no tratamento da maioria dos tumores sólidos em cães e gatos, podendo, muitas vezes, oferecer a possibilidade de cura (BERG, 2007). No entanto, antes de optar pela cirurgia, é necessário reunir o máximo de informações relacionadas ao paciente e à neoplasia. Para alguns pacientes, a opção pela cirurgia no tratamento é apenas paliativa, sem benefício na sobrevida, portanto com o objetivo de apenas melhorar a qualidade de vida (BERG, 2007).

Segundo Polton (2008), a quimioterapia é uma forma de tratamento sistêmico caracterizada pelo uso de fármacos citotóxicos capazes de induzir danos químicos nas células em divisão celular, interferindo no ciclo celular, sendo considerado um tratamento efetivo na diminuição do tamanho tumoral, capaz de prolongar a vida de animais com cânceres metastáticos. Sabe-se que as células que estão se dividindo rapidamente são mais suscetíveis aos efeitos dos fármacos antineoplásicos, porém não existe a diferenciação entre células normais e tumorais, o que provoca o aparecimento de efeitos colaterais. Assim, a escolha da terapia específica depende do tipo tumoral, grau histológico do tumor, estadiamento da doença e tolerância do paciente aos efeitos colaterais.

A eletroquimioterapia já teve a sua eficácia comprovada em estudos utilizando vários modelos de tumores. Esta técnica consiste na combinação da quimioterapia convencional e da eletroporação, com a finalidade de facilitar a entrada de um fármaco nas células tumorais, na tentativa de diminuir ou limitar o crescimento do tumor (SILVA et al., 2006).

(17)

A técnica de imunoterapia representa uma opção acessível no tratamento de neoplasias e tem por objetivo a ativação de componentes celulares da resposta antitumoral ou ação seletiva sobre estruturas moleculares do próprio tumor. Sua associação a tratamentos convencionais, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, tem demostrado sucesso (HENRY, 2013).

Por fim, a radioterapia, que consiste no uso da radiação ionizante para o tratamento das neoplasias, é considerada um tratamento local eficaz para muitos tumores sólidos no cão e no gato, sem efeitos sistêmicos. Isso porque as células cancerígenas fora do campo de radiação não são acometidas, sendo os efeitos colaterais limitados aos tecidos dentro do campo de radiação. Apesar desse benefício, a radiação é mais eficaz no controle do câncer quando os tumores são pequenos ou subclínicos, como por exemplo depois de uma excisão incompleta (DOBSON; SCASE, 2007).

2.2 NEOPLASIAS DA CAVIDADE ORAL EM PEQUENOS ANIMAIS

2.2.1 Etiopatogenia

A cavidade oral dos cães é formada por uma estrutura complexa, composta de vários tecidos capazes de originar neoplasias (GIOSO, 2007). Além disso, existem fatores intrínsecos e extrínsecos responsáveis pelo desenvolvimento das neoplasias orais. Dentre os fatores extrínsecos, ressaltam-se falta de cuidados de higiene oral, exposição a compostos químicos carcinogênicos e radiação ultravioleta. Os alimentos são a principal fonte de exposição à agentes químicos, devido ao número de substâncias adicionadas a alimentação. Já os fatores intrínsecos incluem idade, predisposição genética, porte do animal, raça e sexo (GIOSO, 2007).

2.2.2 Classificação

Segundo Gioso (2007), as neoplasias orais podem ser classificadas quanto ao grau de evolução como fulminante, progressivo, estável e quiescente; e quanto ao tamanho, como pápulas (lesão circunscrita sólida e elevada, com tamanho variando de milímetros a 1 cm de diâmetro), nódulo (lesão circunscrita sólida, situada na superfície ou na profundidade, variando de 1 a 3 cm de diâmetro) e tumor (lesão circunscrita sólida, elevada ou não, com dimensões superiores a 3 centímetros de diâmetro). Além disso, podem ser de aderência séssil

(18)

(base igual ou maior que a formação) ou pedunculado (haste delgada unindo tumor a tecidos adjacentes).

Existe uma segunda classificação, restrita as neoplasias orais, a qual leva em consideração a origem do tecido neoplásico: neoplasias odontogênicas e não odontogênicas. As odontogênicas surgem do epitélio e do mesênquima dentário e os tumores não odontogênicos se originam das estruturas da cavidade oral, como o periodonto, mucosa, língua, mandíbula, maxila, palato e tonsilas, sendo considerados na grande maioria malignos (VERSTRAET, 2005).

De acordo com Mendonça (2015), as neoplasias orais podem se apresentarem como benignas ou malignas. Quando benignas, sua taxa de crescimento é baixa, com baixo grau de recidiva. As neoplasias orais benignas mais comuns são o ameloblastoma acantomatoso canino e o fibroma odontogênico periférico, porém, podem ocorrer a papilomatose oral, o ameloblastoma central e o odontoma (Figura 2).

Em contrapartida, as neoplasias malignas possuem alta taxa de crescimento, são infiltrativas, seu grau de diferenciação é variável e seus efeitos locais e sistêmicos são relevantes e, muitas vezes, letais. Em neoplasias malignas é alto o grau de recidiva e as chances de metástases, sendo os tumores melanocíticos e o carcinoma de células escamosas os mais frequentes, apesar de também já ter sido relatado o fibrossarcoma (Figura 3) (MENDONÇA, 2015).

(19)

Figura 2 – Neoplasias orais benignas. 2A – Lesão ulcerada na região de dente canino caracterizando um ameloblastoma acantomatoso. 2B – Tumor não ulcerado, de superfície lisa, não pigmentada, em cão com fibroma odontogênico periférico. 2C – Cão com lesões difusas, proliferativas, sem pigmentação, aspecto de couve-flor, característico de papilomatose oral. 2D - Radiografia oral de um cão com lise óssea e áreas císticas sugestivo de ameloblastoma central. 2E – Lesão ulcerada, com presença de dentículos, sendo o diagnóstico de odontoma.

Fonte: McEntee, 2012; Chamberlain & Lommer, 2012.

Figura 3 – Neoplasias orais malignas. 3A – Lesão ulcerativa com pontos de pigmentação em região de mandíbula de cão, sugestivo de melanoma. 3B – Carcinoma de células escamosas na região da gengiva e afetando parte rostral de mandíbula em um cão. 3C – Lesão hiperêmica, não ulcerada, sem pigmentação, e difusa em maxila e palato duro de cão, com diagnóstico de fibrossarcoma.

(20)

2.2.3 Sinais Clínicos

Pacientes com neoplasias na cavidade oral tendem, ao exame clínico, apresentar halitose, perda de peso, salivação intensa, sangramento oral, dor ao movimentar a boca, dificuldade de mastigar e engolir alimentos (disfagia), deformidade da face e perda dentária. Além disso, com o decorrer clínico podem apresentar fraturas de mandíbula ou maxila, apresentando comprometimento ósseo (GIOSO, 2007).

A evolução clínica das neoplasias orais pode ser dividida em quatro tipos: fulminante, quando o aparecimento tumoral é súbito, com rápido crescimento; progressiva, quando ocorre uma contínua piora da doença; estável, caracteriza-se quando a neoplasia se estabiliza em fase de crescimento, sem progressão, apesar do aparecimento de sintomas; e quiescente, quando em algum estágio os sinais clínicos são imperceptíveis (GIOSO, 2007).

2.2.4 Diagnóstico

Nas fases iniciais da doença neoplásica, os tumores orais podem ser facilmente confundidos com abscessos, pólipos, gengivite, estomatite, hiperplasia gengival, queilite, tonsilite, sialoadenite, mucocele salivar, rânula e osteomielite, dificultando o diagnóstico (GIOSO, 2007). Em geral, os proprietários encaminham seus animais ao médico veterinário quando estes apresentam o estágio mais avançado da doença, o que prejudica a análise dos dados referentes à evolução, muitas vezes podendo já ter ocorrido metástase (DOBSON; SCASE, 2007).

Informações básicas são necessárias para a definição do diagnóstico de neoplasia oral, como o tempo de surgimento, evolução e tratamentos realizados anteriormente. No exame físico pode-se avaliar tamanho, local de acometimento, aderência, consistência, se há invasividade, presença de ulcerações e alterações em linfonodos regionais (GIOSO, 2007). Ao término do x m l ni o s f z n ss rio r liz o d x m s ompl m nt r s omo o h mogr m ioqu mi l m d v li o por im g m os qu is uxili m n v rifi o do st do g r l do nim l d pr s n d m t st s s

O exame citológico é útil na identificação da neoplasia, porém para um diagnóstico mais preciso é necessária realização de biópsia excisional ou incisional para exame histopatológico, sendo este de extrema importância no que se refere à terapia e ao prognóstico do paciente, oferecendo um plano de ação racional frente à neoplasia (BERG, 2007)

(21)

Para alguns tipos tumorais, os critérios histológicos não são favoráveis para se estabelecer um diagnóstico preciso, sendo a técnica de imuno-histoquímica, por meio do uso de marcadores específicos, essencial para traçar um diagnóstico. Essa técnica consiste em um onjunto d pro ssos olorim tri os d stin dos d t t r nt g nos t idu is, em um m nismo si o s do no r onh im nto do nt g no por um anticorpo (TEIXEIRA, 2011).

2.2.5 Tratamento

Eliminação do tecido afetado, em conjunto com a preservação da função e, se possível, a aparência estética da cavidade oral é o objetivo primordial da terapia neoplásica oral (HOWARD, 2002). Para isso, existem inúmeras modalidades terapêuticas em cães e gatos, podendo ser utilizadas isoladas ou associadas entre si, tais como a excisão cirúrgica, quimioterapia sistêmica, radioterapia, criocirurgia e imunoterapia, sendo a cirurgia, a terapia mais indicada e a que apresenta melhores resultados (GIOSO, 2007).

Assim, o tratamento de eleição geralmente é a excisão cirúrgica, visto ser a única medida efetiva para tumores orais, no entanto, para se ter sucesso, o tumor deve ser excisado com margens cirúrgicas de segurança adequadas de tecido normal periférico (DOBSON; SCASE, 2007).

Além disso, já foi testada a crioterapia, a qual consiste na aplicação de substâncias em uma temperatura extremamente baixa visando a destruição seletiva de tecidos neoplásicos, sendo normalmente utilizada de forma paliativa em casos de difícil ou impossível ressecção total (DOBSON; SCASE, 2007).

A radioterapia também já foi utilizada em neoplasias orais e esta pode ser realizada como um tratamento primário ou como adjuvante para tumores com excisão cirúrgica incompleta ou com um comportamento local agressivo, sendo a combinação de cirurgia e radioterapia considerado o tratamento mais efetivo para os tumores orais em cães (DOBSON; SCASE, 2007).

Outros métodos já utilizados para neoplasias orais, embora com menor frequência, incluem a eletrocirurgia, quimioterapia e imunoterapia (LIPTAK; WITHROW, 2007).

(22)

2.2.6 Prognóstico

As neoplasias de caráter benigno tendem a apresentar um prognóstico favorável, desde que tratadas corretamente (GIOSO, 2007). Em contrapartida, neoplasias malignas, tais como o fibrossarcoma, tendem a ter um prognóstico ruim, devido ao seu grau de invasão e normalmente sua localização impedir a remoção cirúrgica. O prognóstico reservado a ruim do melanoma se dá pela sua alta probabilidade de metástase, sendo considerada baixa a sobrevida do animal (GIOSO, 2007). Enquanto isso, o prognóstico do carcinoma de células escamosas irá depender da localização e do estágio clínico no momento do diagnóstico, sendo normalmente considerado ruim para animais com grandes tumores invasivos (ROSOLEM et al., 2012).

2.3 MELANOMA DA CAVIDADE ORAL

2.3.1 Etiopatogenia

Apesar de apresentar uma etiologia desconhecida, o melanoma pode estar associado a alguns fatores, tais como a consanguinidade, trauma, exposição a produtos químicos, fatores hormonais e aspectos genéticos (TEIXEIRA, 2011).

Os melanomas são neoplasias originadas nos melanócitos, células estas responsáveis por produzirem o pigmento melanina (GOLDSCHMIDT; HENDRICK, 2002). A transformação de melanócitos normais em neoplásicos ocorre durante o processo de mutação gênica, a qual provoca perda da homeostase entre queratinócito-melanócito, seguida pela transformação celular e metástase. Em outras palavras, os melanócitos passam a se multiplicar de forma autônoma, fugindo do controle dos queratinócitos, assumindo crescimento difuso e descontrolado, formando assim os tumores sólidos (MANZAN et al., 2005).

2.3.2 Localização

Em cães, o melanoma frequentemente ocorre em cavidade oral e junção mucocutânea dos lábios, e apenas 10% destas neoplasias têm origem cutânea (GOLDSCHMIDT; HENDRICK, 2002). Na cavidade oral, o melanoma tende a se localizar mais na mucosa gengival (42% a 63% dos casos), apesar de já ter sido relatado na região dos dentes molares, na mucosa labial ou jugal e no palato (FONSECA et al., 2014).

(23)

2.3.3 Epidemiologia

Este tipo de neoplasia é frequentemente relatado em cães e raramente em outras espécies (NISHIYA et al., 2016). Existe uma certa predisposição racial para ocorrência de melanoma oral, podendo este fato estar associado à predisposição genética. As raças frequentemente acometidas são: Chow-Chow, Cocker Spaniels, Golden Retrievers, Poodle, Dachshunds e Pug (LIPTAK; WITHROW, 2007).

Acredita-se que alguns fatores estejam relacionados com o desenvolvimento dessa neoplasia, tais como porte, mucosa oral pigmentada e idade (MANZAN et al., 2005). O melanoma oral é uma neoplasia que pode ocorrer em cães de 3 a 15 anos de idade, mas normalmente acomete cães na faixa etária geriátrica, entre 7 e 12 anos, sem predileção sexual (GOLDSCHMIDT; HENDRICK, 2002).

2.3.4 Sinais Clínicos

Os sinais clínicos já relatados para melanoma oral incluem: halitose, sialorréia, sangramento, apatia, hiporexia, dificuldade na apreensão do alimento e mastigação, perda de peso, apatia e dor intensa (RIBAS et al., 2015). Já foram observados dentes frouxos ou deslocados, deformação facial e/ou secreções nasais, podendo ocorrer ulcerações secundárias ao traumatismo, decorrente da dificuldade de apreensão dos alimentos em pacientes com neoplasias mais volumosas (NELSON; COUTO, 2010).

2.3.5 Diagnóstico

Para o diagnóstico, como em qualquer outra neoplasia, é essencial tanto uma anamnese quanto um exame físico detalhado (GIOSO, 2007). Como exames complementares podem ser solicitados: exames radiográficos de crânio, os quais são úteis para a avaliação de alterações ósseas; e exames laboratoriais (hemograma e bioquímico) para avaliação das condições de higidez orgânica do animal (GIOSO, 2007).

Características macroscópicas e microscópicas são essenciais para se fechar um diagnóstico de melanoma. Assim, se faz necessário a realização do exame citológico, o qual pode ser através de aspirados om gulh fin impr ss o d t idos s lidos sw ou por esfoliação tecidual. No entanto, para classificar e determinar o tipo tumoral envolvido,

(24)

deve-se realizar o exame histopatológico, deve-sendo este esdeve-sencial para determinar o grau de malignidade e o diagnóstico definitivo (MANZAN et al., 2005).

No caso do melanoma, mais especificamente do melanoma amelânico (tumor com pouca ou nenhuma produção de melanina), quando este necessita ser diferenciado de outros tipos tumorais e os critérios histológicos não estão favoráveis para estabelecer um diagnóstico certeiro, se faz necessário o uso de marcadores imuno-histoquímicos específicos, através da técnica de imuno-histoquímica, auxiliando assim na definição do diagnóstico (TEIXEIRA, 2011). A proteína S-100 é um marcador amplamente utilizado no diagnóstico do melanoma e parece apresentar a melhor marcação nos melanomas amelânicos (ROLIM et al., 2012).

2.3.6 Achados Macroscópicos

O melanoma é caracterizado por se apresentar com diferentes tonalidades de cores que variam entre castanho, avermelhado, cinza, preto e até mesmo apigmentado (ETTINGER; FELDMAN, 2004). No entanto, a pigmentação não é uma característica específica do melanoma, já que outras lesões neoplásicas podem manifestar coloração semelhante. O tamanho do tumor pode variar de 1 a 10 cm de comprimento, apresentando bordas irregulares, achatadas e em placas, com superfície assimétrica. Ainda, podem ser de aderência séssil ou pedunculado, de consistência firme, hemorrágicos e ulcerados, devido ao rápido crescimento (TEIXEIRA, 2011).

Há uma classificação que influencia diretamente no fenótipo do melanoma, a qual se baseia na síntese de melanina, permitindo denomina-los melânicos, quando ocorre síntese intensa de melanina, ou amelânicos, quando ocorre pouca ou nenhuma produção de melanina (Figura 4) (TEIXEIRA, 2011).

Figura 4 – Melanomas da cavidade oral em cães. 4A – Melanoma melânico. 4B – Melanoma amelânico.

(25)

2.3.7 Achados Microscópicos

De acordo com a classificação utilizada na medicina veterinária, quanto ao seu aspecto morfológico, os melanomas são divididos, convencionalmente, em três subtipos histológicos: epitelióide (células arredondadas, citoplasma abundante, núcleo largo e nucléolo proeminente); fusiformes (células alongadas com estroma escasso); e mistos (envolve os dois tipos celulares) (Figura 5) (TEIXEIRA, 2011).

Ao exame citológico, além das características típicas das células neoplásicas malignas (anisocitose, anisocariose e nucléolos evidentes) pode ser observado a presença de grânulos marrons a pretos. A quantidade de melanina produzida pelos melanócitos diminui gradativamente à medida que vai aumentando a malignidade da neoplasia, ocorre também uma diferenciação morfológica das células, as quais passam a assumir tipos curtos ou longos de células fusiformes ou epitelióides e o citoplasma se torna grande e claro (TEIXEIRA, 2011).

Figura 5 – Fotomicrografias de melanomas melânicos. 5A – Melanoma epitelióide, caracterizado por células com núcleos grandes e citoplasmas arredondados. 5B – Melanoma fusiforme, com células apresentando citoplasma em forma de fuso. 5C – Melanoma misto, com a presença de células arredondadas e/ou fusiformes. (Aumento 40x).

Fonte: Teixeira, 2011.

(26)

A célula tumoral apresenta uma intensa proliferação, perde facilmente sua capacidade de aderência, secreta enzimas que atacam a matriz extracelular, invade os tecidos vizinhos, adentra os vasos sanguíneos e linfáticos e, por fim, dissemina-se pelo organismo, estabelecendo e proliferando em locais distantes de sua origem, produzindo os chamados tumores secundários ou metástases (MANZAN et al., 2005).

Para o melanoma, existem dois tipos de crescimento tumoral: o radial e o vertical. O crescimento radial ocorre na maioria das lesões por um longo período de tempo e indica a tendência do melanoma a crescer horizontalmente no interior das camadas da pele. Nessa etapa as células não possuem capacidade de sofrer metástase. Posteriormente, o padrão de crescimento assume um aspecto vertical, quando o melanoma cresce em direção as camadas dérmicas mais profundas, na forma de uma massa em expansão (MANZAN et al., 2005).

Agravando ainda mais o quadro clínico do paciente, o melanoma oral apresenta uma certa tendência a sofrer metástases. Estas podem ocorrer por duas vias: via linfática, para os linfonodos regionais, ou via hematógena, para os pulmões (Figura 6). Além disso, exibem um caráter infiltrativo o que exige uma retirada cirúrgica com ampla margem de segurança (GOLDSCHMIDT; HENDRICK, 2002).

Figura 6 – Cão, poodle, 13 anos, diagnosticado com melanoma oral e indícios de metástases. 6A – massa enegrecida na região dos linfonodos, indicativa de metástase. 6B – nódulos enegrecidos localizados no pulmão, indicativos de metástases.

Fonte: Rodrigues, 2017.

2.3.9 Prognóstico

O prognóstico do melanoma oral é considerado desfavorável, uma vez que a taxa de sobrevivência por mais de um ano é baixa, em torno de 10%. Pacientes diagnosticados com melanoma oral, normalmente apresentam uma sobrevida de apenas três meses, devido às

(27)

complicações relacionadas à metástase, mesmo havendo a extirpação cirúrgica da massa tumoral (NISHIYA et al., 2016).

2.3.10 Tratamento

Segundo Gioso (2007), a excisão cirúrgica é considerada o tratamento de eleição para o melanoma oral, sendo suas margens limitadas pela localização e pela extensão da lesão. Quando ocorre o envolvimento de grande parte da mandíbula ou maxila, a indicação é a remoção completa da mesma, a qual parece contribuir para aumentar a sobrevida do animal (FOSSUM, 2008). Se a massa tumoral estiver localizada na região rostral ou mediana da mandíbula ou maxila, pode-se realizar mandibulectomia ou maxilectomia parciais (FOSSUM, 2008).

Para a realização da excisão cirúrgica leva-se em consideração o estado geral do animal, pois os benefícios da cirurgia podem ser pequenos e apenas contribuir para diminuir a sobrevida do paciente (LINDOSO et al., 2017). A hemorragia parece ser a complicação pós-cirúrgica mais relatada, muito embora já tenha sido observado problemas com apreensão e mastigação dos alimentos, dor, epistaxe e excessiva sialorreia (LIPTAK; WITHROW, 2007).

Na tentativa de melhorar a qualidade de vida do animal, a cirurgia pode ser associada a tratamentos adjuvantes, os quais compreendem a radioterapia, crioterapia, eletrocirurgia, quimioterapia e imunoterapia, muito embora pareçam ser de benefício mínimo (LIPTAK; WITHROW, 2007).

(28)

REFERÊNCIAS

BERG, J. Tratamento cirúrgico. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais, 3. ed., v. 2., cap. 163, p. 2324-2328, 2007.

BENTUBO, H.D.L.; TOMAZ, M.A.; BONDAN, E.F. et al. Expectativa de vida e causas de morte em cães na área metropolitana de São Paulo (Brasil). Ciênc. Rural, v.37, n.4, p.1021-1036, 2007.

BRASILEIRO FILHO, G.; PEREIRA, F.E.L.; GUIMARÃES, R.C. Distúrbios do crescimento e da diferenciação celulares. In: BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia. 8.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Cap.8, p. 219-276. 2012.

CARNEIRO, R.A., & HORTA, R.S. Exame citológico das neoplasias. Cadernos Técnicos de Veterinária e Zootecnia. n.70, p. 29-37, 2013.

CHAMBERLAIN, T. P.; & LOMMER, M. J. Clinical behavior of odontogenic tumors. In: ARZI, B.; VERSTRAETE, F. J. M. (Ed.). Oral and maxillofacial surgery in dogs and cats. First ed. Pennsylvania: Elsevier Ltd, p. 403-410. 2012.

CULLEN, J.M.; PAGE, R.; MISDORP, W. An overview of cancer pathogenesis, diagnosis and management In: MEUTEN, D.J. Tumors in Domestic Animals. 4. ed. Iowa: Blackwell, Cap. 1, p. 3-44. 2002.

DOBSON, J.M.; & SCASE, T.J. Advances in the diagnosis and management of cutaneous mast cell tumours in dogs. J. Small. Anim. Pract., v. 48, p. 424- 431, 2007.

ETTINGER, S.; & FELDMAN, E. Tratado de medicina interna veterinária: doenças do cão e do gato. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. 2004.

FERNANDEZ, N.J.; WEST, K.H.; JACKSON, M.L.; KIDNEY, B.A. Immunihistochemical and histochemical stains for differentiating canine cutaneous round cell tumors. Vet. Pathol., v. 42, n. 4, p. 437-445, 2005.

FONSECA, A. K. S., MUZZI, B. S., RIOS, P. B. S., KAWAMOTO, F. Y. K. & SAMPAIO, G. R. Hemimaxilectomia caudal em cão com melanoma amelanocítico – Relato de caso. XXIII Congresso de pós graduação da UFLA. Lavras, Minas Gerais. 2014.

FIGHERA, R.A.; SOUZA, T.M.; SILVA, M.C. et. al. Causas de morte e razões para eutanásia de cães da Mesorregião do Centro Ocidental Rio-Grandense (1965-2004). Pesq. Vet. Bras., v.28, n.4,p.223-230, 2008.

FOSSUM, Theresa Welch. Cirurgia de pequenos animais. Elsevier Editora, 3a ed. 1314p. 2008.

GIOSO, M. A. Neoplasia da cavidade oral. In: Odontologia veterinária para o clínico de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Manole. Cap. 10. p. 91-100. 2007.

(29)

GOLDSCHMIDT, M. H. & HENDRICK, M. J. Tumors of the skin and soft tissues. In: Meuten, D. J. (ed.) Tumors in Domestic Animals, Fourth Edition. Iowa State Press, Iowa. 2002.

HENRY, C.J. Chemical, physical, and hormonal factors. In: WITHROW, S.J.; VAIL, D.M.; PAGE,R.L. Withrow & MacEwen´s Small Animal Clinical Oncology. 5ed. Philadelphia: W.B Saunders Company, Cap.1, Section B, p.15-29. 2013.

HORTA, R.S.; COSTA, M.P.; LAVALLE, G.E. et al. Fatores prognósticos e preditivos dos tumores caninos definidos com auxílio da imuno-histoquímica. Ciênc. Rural, v. 42, p. 1033-1039, 2012.

HOWARD, P. E. Neoplasias maxilares e mandibulares. In: BICHARD, S. J.;SHERDING, R. G. Manual Saunders – Clínica de Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: Roca, p. 1181-1189. 2002.

LINDOSO, J. V. D. S., RUFINO, A. K. B., DA SILVA LUZ, P. M., DA SILVA, T. S., DE SOUSA JÚNIOR, F. L., DE SOUSA, F. B., & DA SILVA SALES, K. D. K. Melanoma metastático em cão: Relato de caso. PUBVET, v. 11, p. 313-423, 2017.

LIPTAK J. M.; & WITHROW S. J. Chapter 21: Cancer of the gastrointestinal tract. In: W TH W J E CEWEN’ V m ll nim l linical oncology, 4 ed. St Louis: Saunders Company, 2007, p. 455-475.

N N J N E NE C E T NCE C V Consid r s so r l nom ligno m s um ord g m histol gi Boletim de di in V t rin ria, o ulo j n d z

MCENTEE, M. C. Veterinary radiation therapy: review and current state of the art. Oral and maxillofacial surgery in dogs and cats. Pennsylvania: Elsevier p. 387-402. 2012.

MENDONÇA, P.P. Perfil epidemiológico do câncer de boca em cães: estudo multicêntrico. 2015. Dissertação (Mestrado em Clínica Cirúrgica Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais, 4. ed. Rio de Janeiro: Elsiever. 2010. p. 1430.

NISHIYA, A. T., MASSOCO, C. O., FELIZZOLA, C. R., PERLMANN, E., BATSCHINSKI, K., TEDARDI, M. V., GARCIA, J. S.; MENDONÇA, P. P.; TEIXEIRA, T. S.; & ZAIDAN DAGLI, M. L. Comparative aspects of canine melanoma. Veterinary Sciences, v. 3, n. 1, p. 7, 2016.

V E ndrom s p r n opl si s n ETT N E J E N E C Tr t do d m di in int rn v t rin ri d io d Janeiro: Guanabara-Koogan, cap.97, p.529-537. 2004.

(30)

PINHO, M. Angiogênese: O Gatilho Proliferativo. In: PINHO, M., Biologia Molecular do Câncer: fundamentos para a prática médica. 1.ed. Rio de Janeiro. Revinter Ltda. Cap.10, p.155-162. 2005.

CH H C NCE C HEC E C T Estudo d pr v l n i d s prin ip is s ndrom s p r n opl si s d s om linfom – r l to d sos V t rin ri oot ni v n p -39, 2008.

RIBAS, R. C.; PRADO, C NE E EN CE E H N J N CH T sp tos Cl ni os tor s rogn sti os do Melanoma oral de qu tro s Ci n i nim l . p.07-12. 2015.

RODASKI, S; PIEKARZ, C. H. Epidemiologia e Etiologia do Câncer. In: DALECK, C. R. DENARDE, A. B.; RODASKI, S. Oncologia em Cães e Gatos. São Paulo: Roca. cap. 1, p.1-23. 2009.

RODRIGUES, A.C.; CASTRO, M.R.; VISCONE, E.A.; OLIVEIRA, L.A.; MEDEIROS, A.A. Melanoma em cão com múltiplas metástases – Relato de Caso. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Goiânia, v.14 n.25; p.904. 2017.

ROSOLEM, M. C.; MOROZ, L. R.; RODIGHERI, S. M. Carcinoma de células escamosas em cães e gatos - Revisão de literatura. PUBVET, Londrina, v. 6, n. 6, ed. 193, art. 1299, 2012.

V C N E W T N E T T W TE T W TE NNE E E E l nom m l n ti o m s studo r trosp tivo d sos - r t riz o imuno-histoqu mi ispon v l em : <http://www.scielo.br/pdf/pvb/v32n4/11.pdf > Acesso em: 02, setembro, 2018.

SILVA, M. S. B.; MENEZES, L. B.; SALES, T. P.; LIMA, F. G.; PAULO, N. M. Tratamento de melanoma oral em um cão com criocirurgia. Acta Scientiae Veterinariae, Porto Alegre, v.34, n.2, p. 211-213, 2006.

TEIXEIRA, T. Melanotic and amelanotic melanomas from the buccal cavity of dogs: epidemiological, morphological and molecular aspects [melanomas melânicos e amelânicos da cavidade bucal de cães: aspectos epidemioloógicos, morfológicos e moleculares]. 2011. 138 f. Tese. (Doutorado em Ciências) – Faculdade de medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.

WITHROW, S.J.; VAIL, D.M.; PAGE, R.L. Why worry about cancer in pets? In: WITHROW, S.J.; VAIL, D. M.; E Wiithrow Ew n’s m ll nim l Clinical Oncology, 5.ed., introduction, p. XV-XVI, 2013.

VERSTRAET, F. J. M. Mandibulectomy and maxillectomy. Veterinary Clinics of North America Small Animal Practice, Philadelphia, v. 35, p. 1009-1039, 2005.

(31)

CAPÍTULO II

Os procedimentos de pesquisa estão de acordo com os princípios éticos de experimentação e foram aprovados pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Escola Superior Batista do Amazonas (ESBAM), sob protocolo nº 087/2018 (Anexo 8). O caso clínico apresentado no relato a seguir foi utilizado com permissão do tutor do animal, após assinatura do termo de consentimento e esclarecimento pelo responsável (Anexo 2). A formatação segue as diretrizes da revista Pubvet (ISSN 1982-1263) (Anexo 1).

(32)

Melanoma de cavidade oral em cão com metástase

nos linfonodos regionais – Relato de caso

Francine de Oliveira Sardá¹; José Allan Soares de Araujo²

¹Graduanda em Medicina Veterinária na Escola Superior Batista do Amazonas. Manaus – AM – Brasil. E-mail: fransardah@hotmail.com

²Professor Mestre de Medicina Veterinária da Escola Superior Batista do Amazonas. Manaus – AM – Brasil. E-mail: joseallan@esbam.edu.br

RESUMO. O estudo da neoplasia é de grande importância para a compreensão de suas causas, tipos e formas de tratamento. Objetivou-se relatar um melanoma oral com presença de metástase nos linfonodos regionais de um cão macho, 8 anos de idade, da raça Pug, o qual apresentou aumento da região maxilar, deformidade da face, linfonodos submandibulares aumentados, mucosas hipocoradas, sialorreia e odor fétido na boca. A biópsia excisional diagnosticou melanoma, por meio de exame histopatológico. Foi realizado o procedimento cirúrgico com a exérese da massa tumoral e o animal veio a óbito 15 dias após a cirurgia, sendo realizada a necropsia e posterior análise histopatológica, o que reafirmou o melanoma na massa da cavidade oral e presença de metástase nos linfonodos regionais.

Palavras-chave: canino, histopatologia, neoplasia, tumor.

Oral cavity melanoma in a dog with metastasis in regional lymph nodes – Case report

ABSTRACT. The study of neoplasia is very relevant for the understanding of its causes, types and treatment. The objective of this research is reporting an oral melanoma with metastasis in the regional lymph nodes of an 8-year-old Pug dog, which presented an increase in the maxillary region, facial deformity, enlarged submandibular lymph nodes, hypocorous mucosae, sialorrhea and fetid odour in the mouth. Excisional biopsy was conducted by histopathological examination to diagnose melanoma. The surgical procedure was performed, with tumour mass excision, and the animal has died 15 days after surgery. Necropsy and subsequent histopathological analysis were performed, which reaffirmed melanoma in the mass of the oral cavity and presence of metastasis in the regional lymph nodes.

(33)

Melanoma de cavidad oral en perro con metástases en los ganglios linfáticos regionales – Relato de caso

RESUMEN. El estudio de la neoplasia es de gran importancia para la comprensión de sus causas, tipos y formas de tratamiento. En el presente estudio se evaluó un melanoma oral con presencia de metástasis en los ganglios linfáticos regionales de un perro macho de 8 años de edad de la raza Pug, el cual presentó aumento de la región maxilar, deformidad de la cara, ganglios linfáticos submandibulares aumentados, mucosas hipocoradas, sialorrea y olor fétido en la boca. La biopsia excisional diagnosticó melanoma, por medio de un examen histopatológico. Se realizó el procedimiento quirúrgico con la exéresis de la masa tumoral y el animal llegó a la muerte 15 días después de la cirugía, siendo realizada la necropsia y posterior análisis histopatológico, lo que reafirmó el melanoma en la masa de la cavidad oral y presencia de metástasis en los ganglios regionales.

Palabras clave: canino, histopatología, neoplasia, tumor

Introdução

A oncologia representa uma especialidade de destaque na medi in v t rin ri visto que as melhorias na nutrição, aliadas às campanhas de prevenção e técnicas cada vez mais atualizadas de tratamento de doenças, contribuíram com o aumento da expectativa de vida dos animais de companhia, aumentando também a probabilidade do desenvolvimento de doenças r l ion d s s nilid d como o câncer (Withrow et al., 2013). De fato, as neoplasias são consideradas uma das maiores causas de morte ou eutanásia nos animais, e a cavidade oral representa o quarto lugar de ocorrência entre os tumores (Fonseca et al., 2014).

O melanoma é uma neoplasia originada nos melanócitos (Goldschmidt & Hendrick, 2002), caracterizado por lesões que variam de 0,5 a 10 cm de diâmetro (Manzan et al., 2005). Em cães, a maior parte dos melanomas ocorre em cavidade oral, acometendo cães senis e geriátricos e sem predisposição sexual (Goldschmidt & Hendrick, 2002), e tem como principais fatores de risco pigmentação da mucosa oral, porte e idade (Manzan et al., 2005).

Os sinais clínicos do melanoma oral incluem halitose, sialorréia, sangramento, apatia, hiporexia, dificuldade na apreensão do alimento e mastigação, perda de peso, apatia e dor (Ribas et al., 2015). Além dos sinais clínicos, para o diagnóstico, é realizada a coleta de amostra para exame histopatológico, sendo este essencial para avaliar o grau de malignidade e a classificação do tumor (Manzan et al., 2005).

(34)

O prognóstico é considerado ruim, pois a taxa de sobrevivência é baixa e normalmente o animal apresenta uma sobrevida média de três meses após a retirada cirúrgica (Nishiya et al., 2016), em virtude do alto índice de metástase (Liptak & Withrow, 2007).

O tratamento de eleição para o melanoma oral é a excisão cirúrgica, obviamente dependendo do estado geral do animal, pois seus benefícios podem ser pequenos e apenas contribuir para diminuir a sobrevida do paciente (Lindoso et al., 2017). A cirurgia pode ser associada a tratamentos adjuvantes, como a radioterapia e a quimioterapia, embora pareçam ser de benefício mínimo (Liptak & Withrow, 2007).

O presente trabalho tem como principais objetivos descrever o melanoma oral com presença de metástase nos linfonodos regionais de um cão macho da raça Pug, atendido em uma clínica veterinária na cidade de Manaus; e, por meio desse relato, fornecer subsídios acerca desta patologia na clínica de pequenos animais.

Relato de Caso Clínico

Um canino macho, da raça Pug, com 8 anos de idade, pesando 7,2 kg foi atendido em uma clínica veterinária, localizada na cidade de Manaus no dia 21 de fevereiro de 2018. Durante o atendimento, a proprietária relatou que o animal estava apresentando salivação excessiva (sialorréia), diminuição no apetite, apatia e desinteresse em passear, comportamentos considerados anormais. Ademais, o animal apresentava protocolos vacinais e vermífugos em dia.

Durante o exame físico, observou-se aumento da região maxilar direita, com deformidade da face, linfonodos submandibulares aumentados, mucosas pálidas, odor fétido na boca e desidratação. Foi identificado uma massa na junção mucocutânea da cavidade oral do animal, na região da maxila, medindo aproximadamente 4 cm de diâmetro, ulcerada, de superfície irregular, coloração enegrecida e consistência macia (Figura 1).

(35)

Figura 1 – Animal com deformidade da face (A) e nódulo na cavidade oral com comprometimento da maxila (B). Fonte: Arquivo pessoal.

Sendo assim, foram realizados exames complementares, tais como: hemograma completo, bioquímica sérica renal e hepática, radiografia do maxilar e exame citológico. No hemograma foi observada uma discreta anemia (Anexo 3). No exame bioquímico (Anexo 3), os valores de ureia, creatinina, fosfatase alcalina, ALT/TGP, proteína total e albumina se mostraram dentro dos valores de referência, sem nenhuma alteração.

Para realização do exame citológico coletou-se amostra por punção aspirativa com agulha fina (PAAF) da massa presente na boca do animal, sendo o esfregaço corado com coloração Panótico Rápido. As características celulares foram compatíveis com o diagnóstico de melanoma, embora tenha sido solicitado o exame histopatológico para sua confirmação (Figura 2) (Anexo 3).

Figura 2 – Aspirado de agulha fina do nódulo da cavidade oral.

Observa-se células com anisocariose (seta preta), evidenciação dos nucléolos (seta vermelha) e grânulos de melanina (seta azul). Objetiva de 100x. Fonte: Clínica Veterinária Prontovet.

(36)

Já no exame radiográfico da maxila, foi possível observar a presença de uma massa tumoral ao lado direito cranial na região do maxilar, com lise óssea em região peritumoral de maxila (Figura 3).

Figura 3 – Radiografias, dorsoventral (A) e laterolateral (B) do crânio do animal, ressaltando a lise óssea e o comprometimento maxilar. Fonte: Clínica Veterinária Prontovet.

No sentido de tentar melhorar a qualidade de vida do animal, foi prescrito, como tratamento paliativo, o uso indeterminado de anti-inflamatório Firocoxib na dose de 5mg/Kg via oral SID, imunoestimulantes, suplementos vitamínicos a base de ômega 3 e spray oral a base de Digluconato de Clorexidina.

Três meses depois o animal retornou ao atendimento veterinário com a queixa principal de sangramento oral. Como protocolo da clínica, foi realizado um novo hemograma e bioquímico, e observou-se um hematócrito inferior ao anterior e uma certa leucocitose. Já no exame bioquímico novamente todos os valores encontrados se mostraram dentro dos valores de referência, sem nenhuma alteração (Anexo 4).

Optou-se pela realização do exame histopatológico, juntamente com a exérese cirúrgica, visto que o tumor estava dificultando a alimentação do animal e o levando a inanição. Inicialmente, administrou-se Prednisolona 20mg (meio comprimido, via oral BID por 10 dias) como medicação pré-cirúrgica, na tentativa de controlar o edema da massa tumoral, o qual estava impedindo abertura do olho direito e interferindo na sua alimentação normal.

Ao final do tratamento paliativo estabelecido, o animal foi submetido à biopsia excisional da massa tumoral para realização do exame histopatológico. Para o procedimento

(37)

cirúrgico, foi preconizado jejum hídrico e alimentar de 6 e 12 horas, respectivamente. Como medicação pré-anestésica (MPA) utilizou-se Acepromazina na dose de 0,05 mg/kg/IM. Em seguida o paciente foi induzido com Propofol na dose de 6mg/kg/IV e entubado, sendo mantido em anestesia inalatória com Isofluorano e oxigênio há 2,5% Concentração Alveolar Mínima (CAM) (Figura 4).

A exérese da neoformação foi realizada utilizando bisturi elétrico e após a retirada foram feitas suturas de aproximação e sutura em padrão simples interrompido dos tecidos, com fio náilon 3.0, para minimizar a possível fístula palatina decorrente da retirada do tecido (Figura 4). O material excisado foi acondicionado em frasco com formaldeído à 10% e encaminhado para biópsia ao laboratório TECSA, localizado no estado de Minas Gerais.

Figura 4 – Massa tumoral na cavidade oral do animal (A), exérese da neoformação, com realização de flape gengival (B) e suturas de aproximação e em padrão simples interrompido (C). Fonte: Arquivo pessoal.

Na macroscopia, foi observado um nódulo irregular medindo 5,5 x 4,0 x 2,0 cm, macio e acastanhado, e em sua superfície observou-se a presença de perda focalmente extensa da camada epitelial e necrose (úlcera). Na microscopia, foi observado uma neoplasia nodular, densamente celular, mal delimitada, não encapsulada e infiltrativa localizada na epiderme e derme superficial. As células neoplásicas são arredondadas a fusiformes, possuem bordos mal definidos, citoplasma moderado, eosinofílico e por vezes preenchidos total ou parcialmente por grânulos enegrecidos. O núcleo é arredondado, central e a cromatina esparsa. Há acentuada anisocitose e anisocariose. Pode ser observado de 1 a 3 nucléolos evidentes e 5 mitoses em 10 campos de grande aumento (40x). Há discreta quantidade de linfócitos, plasmócitos e em menor número mastócitos entremeados a neoplasia. Concluindo-se que os

(38)

achados histopatológicos foram compatíveis com neoplasia de células fusiformes, sendo sugestivo de melanoma (Figura 5) (Anexo 5).

Figura 5 – Histopatológico do melanoma da cavidade oral em cão, apresentando células tumorais de distribuição difusa (Aumento 10X) (A) presença de grânulos de melanina (Aumento 40X) (B) padrão misto das células,

fusiformes e arredondadas (Aumento 40X) (C). Fonte: Laboratório TECSA.

Quando a proprietária retornou ao atendimento clínico para receber o resultado do histopatológico com a confirmação do melanona, diante do estado avançado da neoplasia e as condições do animal, decidiu pela sua eutanásia e com realização posterior de necrópsia.

Durante a necrópsia pode-se notar que o animal apresentava uma massa de 2,0 x 3,0 x 2,0 cm, com coloração preta, entre o músculo orbicular do olho e o masseter. Foi observado também aumento de volume e coloração preta dos linfonodos da cadeia superficial da região submandibular. Nos pulmões, observou-se múltiplas áreas de aproximadamente 2mm de diâmetro, com coloração preta, tanto na superfície cortical quanto no parênquima pulmonar.

No exame histopatológico realizado após a necropsia, observou-se na massa da cavidade oral proliferação neoplásica invasiva de células variando de fusiformes a redondas, com citoplasma moderado, eosinofílico e repleto de melanina. O núcleo variando de redondo a ovalado, com nucléolo único e marginalizado. O pleomorfismo é acentuado e há baixo índice mitótico. Nos linfonodos regionais observou-se áreas multifocais a coalescentes de metástase de melanoma, enquanto o fragmento do pulmão não apresentou alterações

(39)

significativas; concluindo no exame histopatológico o diagnóstico de melanoma (Figura 6) (Anexo 6).

Figura 6 – Histopatológico de melanoma da cavidade oral em cão, apresentando células tumorais com grânulos de melanina associadas a área de necrose (Aumento 10X) (A) e histopatológico dos linfonodos, apresentando

padrão misto das células, fusiformes e arredondadas, com presença de grânulos de melanina, indicativo de metástase de melanoma (Aumento 10X) (B). Fonte: Laboratório de Patologia Animal (UFCG).

Discussão

O paciente deste relato foi diagnosticado com melanoma oral, sendo este considerado o principal tumor de acometimento na cavidade oral de cães (Goldschmidt & Hendrick, 2002). Segundo Howard (2002), as neoplasias orais normalmente são observadas pelos proprietários em estágio clínico avançado, o que conforme Liptak & Withrow (2007) tem influência no prognóstico e no tempo de sobrevida do animal, não divergindo deste relato, que pela clínica avançada da doença, culminou com a eutanásia do animal. Segundo Fonseca et al. (2014), as neoplasias são consideradas uma das maiores causas de morte ou eutanásia nos animais, ficando atrás de doenças infecciosas e parasitárias.

O melanoma oral geralmente se desenvolve em cães de pequeno porte, incluídos na faixa etária geriátrica entre 7 a 12 anos e com mucosa oral pigmentada (Liptak & Withrow, 2007), porém sem predisposição sexual (Goldschmidt & Hendrick, 2002). Segundo Mendonça (2015), os animais de pequeno porte têm quase 3,4 vezes mais chance de serem acometidos por neoplasia maligna se comparado aos cães de grande porte.

De acordo com Kemper et al. (2012), com o avanço da idade existe a tendência de aumentar a pigmentação na cavidade oral elevando o risco de desenvolvimento para o melanoma. Além disso, é confirmada a predisposição racial correlacionada a pigmentação enegrecida da mucosa oral, estando a raça Pug incluída nesta estatística (Liptak & Withrow, 2007). Quando se considera tumores orais no geral, os cães machos são mais afetados do que

(40)

as fêmeas (Howard, 2002) e, de acordo com Ferro et al. (2004), é possível que essa predominância sexual tenha correlação com fatores hormonais a serem ainda melhor esclarecidos. Nesse sentido, o animal do relato apresentava características em potencial para o desenvolvimento do melanoma oral: macho, raça Pug, pequeno porte e 8 anos de idade.

Uma outra característica que pode ter contribuído para aparecimento do melanoma oral do animal relatado está relacionada ao estado reprodutivo do animal. Um estudo recente confrontou o estado reprodutivo dos animais com o aparecimento das neoplasias malignas orais e demonstrou que animais inteiros apresentam uma maior frequência de acometimento se comparado aos castrados, destacando a castração como um fator de proteção ao câncer oral maligno (Mendonça, 2015). O cão citado neste relato era um animal considerado intacto reprodutivamente, no entanto, segundo Mendonça (2015), existem poucos dados na literatura acerca da relação direta da neoplasia oral canina e com o estado reprodutivo dos animais, sendo necessários estudos mais aprofundados sobre o tema.

Os principais sinais clínicos apresentados por animais com melanoma oral incluem: halitose, sialorreia intensa, cansaço, apatia, disfagia e perda de peso (Ribas et al., 2015). Ainda, segundo Montanha & Azevedo (2013) a deformação facial também pode fazer parte dos sinais clínicos nos cães acometidos por melanoma oral, e isso se dá pela rápida disseminação das lesões para a maxila ou mandíbula, produzindo aumento do volume facial. Outro sinal clínico já observado, porém não específico para melanoma oral, é a linfoadenomegalia submandibular (Ribas et al., 2015). O animal do relato chegou para avaliação médica com salivação excessiva, diminuição no apetite, apatia, deformidade da face, linfonodos submandibulares aumentados, mucosas pálidas, odor fétido na boca e desidratação, sintomas característicos ao que já foi relatado pela literatura para melanoma de cavidade oral.

As características macroscópicas e microscópicas do tumor do caso relatado condizem com os achados na literatura. Segundo Manzan et al. (2005), o melanoma oral em cães varia entre 0,5 e 10 cm de tamanho, com a presença de ulcerações, pigmentação e secreção sanguinolenta. De acordo com Silva (2013), o aumento da atividade proliferativa de células tumorais está associado à malignidade e é um fator de prognóstico importante em diversas neoplasias. Uma taxa superior a 3 figuras mitóticas por 10 campos está relacionada a presença de tumores altamente proliferativos, representando uma forma mais maligna da doença, associada estatisticamente com menor sobrevida dos animais. Na microscopia do caso relatado, pode-se observar um índice mitótico de 5 mitoses em 10 campos, sendo assim

(41)

definido com alto grau de malignidade, o que pode ter contribuído a baixa sobrevida apresentada pelo animal.

Segundo Liptak & Withrow (2007), o melanoma da cavidade oral é altamente maligno e possui alto índice metastático chegando a 80% dos cães que apresentam o tumor. As metástases podem ocorrer por duas vias, via linfática e via hematológica, para linfonodos regionais e pulmões, respectivamente (Freitas et al., 2007), estando somente a metástase a nível de linfonodo presente no paciente deste relato. Um estudo revelou que a tendência do melanoma é emitir primeiramente metástases para linfonodos regionais e, em seguida, para os pulmões (Gineste, 2016).

Isso indica a chance de que o animal deste caso estaria no início do processo metastático pulmonar, visto que apresentou metástase apenas nos linfonodos regionais. No entanto, considerando o padrão agressivo do melanoma, bem como o comprometimento da qualidade de vida do animal, com uma má condição metabólica e posterior piora em seu quadro clínico, mesmo após a excisão cirúrgica do tumor, a proprietária optou por realizar a eutanásia. Isso pode ter interferido na emissão de possíveis metástases e no acometimento pulmonar.

Devido ao seu crescimento agressivo e seu caráter infiltrativo, com uma rápida disseminação pelos tecidos adjacentes, a excisão cirúrgica de pacientes com melanoma exige uma retirada com grande margem de segurança (Fonseca et al., 2014). No entanto, particularmente no caso dos melanomas orais, essa margem fica comprometida devido a sua localização (Goldschmidt & Hendrick, 2002). No caso relatado, o padrão de crescimento do tumor era do tipo invasivo, pela presença de comprometimento maxilar.

Em muitos casos, é indicada a realização da mandibulectomia e maxilectomia para controle local do tumor, visto o seu potencial em invadir e causar lise no tecido ósseo (Fonseca et al., 2014), bem como o seu alto grau de recidiva em seguida às tentativas de excisão (Jones et al., 2000). Como o animal apresentou recidiva, na mesma região e de tamanho considerável, apenas 15 dias após a cirurgia, acredita-se que seria indicado o procedimento de maxilectomia, na tentativa de garantir uma margem de segurança e controle tumoral. No entanto, em um estudo recente acerca de melanoma oral, uma cadela da raça Lhasa Apso foi submetida a cirurgia de hemimaxilectomia esquerda, e por apresentar complicações no pós-operatório, com rápida evolução no quadro de pneumonia, acabou sendo eutanasiada (Barreto et al., 2017). Assim, a conduta médica adotada levou em consideração as complicações associadas a este procedimento, visto que o animal apresentava uma condição

(42)

metabólica desfavorável, bem como a baixa aceitação pelos proprietários, principalmente devido a alteração facial (Verstraet, 2005).

Conclusões

A falta de inspeção periódica da cavidade oral pode provocar atraso no diagnóstico da doença, o que influencia diretamente no estadiamento tumoral. Particularmente, o melanoma oral, por seu padrão altamente agressivo, requer diagnóstico precoce, para que possa ser procedido o tratamento imediato na tentativa de aumentar a sobrevida do animal.

Conclui-se que, apesar dos métodos diagnósticos eficazes, o melanoma oral é considerado um desafio na clínica de pequenos animais. Isso se deve tanto ao seu alto grau de malignidade e capacidade de emitir metástases, quanto à grande chance de recidiva tumoral, o que diminui a eficácia dos tratamentos estipulados.

Referências bibliográficas

Barreto, H.M., Trindade, D.C., Mazzeo, R.A., Oliveira, J.M., Custodio, M.A.F.S. 2017. Aspectos Patológicos, Clínicos, Cirúrgicos do Melanoma Oral em Cão – Relato de caso.

Revista Científica de Medicina Veterinária – ISSN 1679-7353 Ano XIV.

rro op s V nturini Corr H ioso r v l n i d n opl si s d vid d or l d s t ndidos no C ntro dontol gi o V t rin rio dontov t ntr rquivos d Ci n i s V t rin ri s Zoologia da UNIPAR, Umuarama, Universidade Paranaense, Cascavel, v. 7, n. 2, p. 123-128.

Fonseca, A. K. S., Muzzi, B. S., Rios, P. B. S., Kawamoto, F. Y. K. & Sampaio, G. R. 2014. Hemimaxilectomia caudal em cão com melanoma amelanocítico – Relato de caso. XXIII Congresso de pós graduação da UFLA. Lavras, Minas Gerais.

Freitas, S. H., Dória, R. G. S., Pires, M. A. M., Sousa Mendonça, F., Camargo, L. M. & Evêncio Neto, J. 2007. Melanoma oral maligno em cadela relato de caso. Veterinária em

Foco, 5, 16-21.

Gineste, D.L. 2016. Melanomas orais em cães: Relato de caso. Curitiba-PR. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) - Curso de Pós Graduação. Centro Universitário- CESMAC.

Goldschmidt, M. H. & Hendrick, M. J. 2002. Tumors of the skin and soft tissues. In: Meuten, D. J. (ed.) Tumors in Domestic Animals, Fourth Edition. Iowa State Press, Iowa.

Referências

Outline

Documentos relacionados

Ainda que olhar para este livro seja ver trajetórias pessoais no feminino, perscrutar as narrativas destas mulheres significa assumir, indubitavelmente, que a história que aqui se

Constituem encargos do FUNDO, além da taxa de administração a ser paga ao ADMINISTRADOR, as seguintes despesas: (i) taxas, impostos ou contribuições federais, estaduais ou

O mundo fora da caverna representa o mundo real, que para Platão é o mundo inteligível por possuir Formas ou Ideias que guardam consigo uma identidade indestrutível e imóvel,

Outros estudos se interessaram pelas estratégias familiares de escolarização, pelos processos de produção das desigualdades escolares, pela análise das relações entre escola

Uma parte da produção dos quintais abastece as famílias dos participantes; a outra parte é comercializada para, com o dinheiro, fazer a manutenção. Vários pratos, gostosos

O presente trabalho teve como objetivo detectar anticorpos IgG do vírus da imunodeficiência felina em gatos domésticos clinicamente doentes ou sadios, provenientes da

Poderão participar todos os nadadores com idade igual ao superior a 14 anos de idade (femininos) e 15 anos (masculinos), à data de realização da prova, titulares de licença

O resto da energia interna total do sistema é constante durante a expansão livre, nem o calor, nem o trabalho são transferidos ao sistema por um agente externo... Este processo,