Urupês
Monteiro Lobato
2ª série
Prof. Ana
Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!…”
(em “A barca de Gleyre”. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133)
Pois cá comigo - disse Emília- só aturo estas histórias como estudos da ignorância e burrice do povo. Prazer não sinto nenhum. Não são engraçadas, não têm humorismo. Parecem-me muito grosseiras e até bárbaras - coisa mesmo de negra beiçuda, como Tia Nastácia. Não gosto, não gosto, e não gosto !
- Bem se vê que é preta e beiçuda ! Não tem a menor filosofia, esta diaba. Sina é o seu nariz, sabe ? Todos os viventes têm o mesmo direito à vida, e para mim matar um carneirinho é crime ainda maior do que matar um homem. Facínora ! (Reinações de Narizinho)
“País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan é país perdido para altos destinos. (…) Um dia se fará justiça ao Kux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca – mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destroem (sic) a capacidade construtiva.” (Carta a Arthur Neiva)
Contexto histórico
• 1918 – “Velha praga”
• Manifesto no jornal
• Produção da obra “Urupês”
• LINGUAGEM
• Inovação: fala típica do caipira; comparações
deterministas; metáforas e adjetivação; termos técnicos
• AMBIENTE: interior de São Paulo
• PERSONAGENS:
tipos
medíocres,
oportunistas,
interesseiros
Os faroleiros
• Cabrea e Gerebita
• Loucura de Cabrea
• Narrador é questionado sobre crime de defesa
• Noite fatídica
• Morte de Cabrea
• Rapto de Maria Rita
O engraçado arrependido
• Francisco Teixeira – 32 anos
• Major Bentes está doente
• Piadas de ingleses e frades
• Mata o homem de rir
• Esquece de avisar o amigo político = FRACASSO
• Morte
Colcha de retalhos
• Maria das Dores = Pingo D’Água
• Pobreza
• Avó faz colcha com os vestidos da menina
• Presente de noivado
• Último retalho será do casamento
• Fuga de Pingo
A vingança do peroba
• Famílias opostas: Nunes e Porunga
• Porunga: trabalhador, honesto, honroso, família estruturada
• Nunes: vadio, desonesto, família desestruturada, alcoólatra
• Construção do monjolo com “pau de feitiço”
• Bebedeira com o filho
• Morte do filho
• Destruição do monjolo
• Tragédia humana
Um suplício moderno
• Biriba: carteiro – estafeta • Ambição de subir de cargo • Costas quentes com político
• Vingança do chefe: perda da reeleição • Despedida dos funcionários
• Biriba é poupado • Fuga
• Comédia dos erros
• “Nomeado que é o homem, não percebe a princípio sua desgraça. Só ao cabo de um mês ou dois é que entra a desconfiar; desconfiança que por graus se vai fazendo certeza, certeza horrível de que o empalaram no lombilho duro do pior matungo das redondezas, com, pela frente, cinco, seis, sete léguas de tortura a engolir por dia, de mala postal à garupa.” (p. 72)
Meu conto de Maupassant
• Guy de Maupassant: realismo fantástico • Assassinato de senhora
• Acusação do italiano • Falta de provas
• Prisão do italiano e retorno à cidade • Atira-se nos trilhos do trem
• Remorso
• Confissão do filho • Mistério
• “Meu caro, aquele pobre Oscar [...] Wilde disse muita coisa, quando disse que a vida sabe melhor imitar a arte do que a arte imitar a vida.” (p. 86)
“Pollice verso”
• Coronel e filho Nico – medicina • Diversão da cidade grande
• Formação do menino • Retorno à cidade natal • Morte de milionário
• Viagem à França para estudos • Vagabundagem
• “Ao pai escreveu:
“Isto é que é vida! Que cidade! Que povo! Que civilização! Vou diariamente à Sorbonne ouvir as lições do grande Doyen e opero em três hospitais. Voltarei não sei quando. Fico por cá durante os 35 contos, ou mais, se o pai entender de auxiliar-me neste aperfeiçoamento de estudos.”
A Sorbonne é o apartamento em Montmartre onde compartilha com o apache de Yvonne o dia da rapariga. Os três hospitais são os três cabarés mais à mão.” (p. 98)
Bucólica
• Anica: deficiências
• Vive na cama, entrevada • Rejeição da mãe
• Criada Inácia
• Ausência da empregada
• Mãe não dá de beber à filha • Morte de sede
• “A menina era entrevada e a mãe, má como a irara. Dizia sempre: “Pestinha, por que não morre? Boca à toa, a comer, a comer. Estica o cambito, diabo!”. Isto dizia a mãe – mãe, hein?” (p. 105)
O mata-pau
• Rosa e Elesbão
• Menino deixado na porta • Adoção – Manuel Aparecido
• Manuel cresce com características da mãe • Caso entre mãe e filho
• Morte do pai
• Venda de propriedade • Incêndio na casa
• Loucura de Rosa
• “Quando de manhã passantes a recolheram, estava de olhos pasmados, muda. Levaram-na em maca para o hospital, onde sarou das queimaduras, mas nunca mais do juízo. Foi feliz, rosa. Enlouqueceu no momento preciso em que seu viver ia tornar-se puro inferno.” (p. 116)
Bocatorta
• Peão da propriedade de Major Lucas
• Eduardo – noivo da filha do major, Cristina • Cristina se impressiona com o homem
• Pesadelos com o homem • Morte de Cristina
• Eduardo visita o túmulo
• Vulto no túmulo de Cristina • Bocatorta beija a defunta • Morte do homem
• “Um quadro hediondo antolhou-se-lhes de golpe: um corpo branco jazia fora do túmulo – abraçado por um vulto vivo, negro e coleante como o polvo.” (p. 130)
O comprador de fazendas
• Moreira enfeita o sítio para vendê-lo
• Trancoso: interessado nas terras e na filha • Venda garantida
• Trancoso desaparece
• Moreira escreve a amigo
• Resposta: Trancoso é caloteiro e pobretão • Trancoso ganha na loteria
• Volta para comprar o sítio • É expulso do sítio
O estigma
• História de Fausto contada por Bruno • Fausto casou por interesse
• Apaixona-se por Laura • Morte de Laura
• Esposa de Fausto, grávida, evita ver o cadáver • Criança nasce com estigma
• Estigma: cobra
• Esposa é denunciada • Morte da esposa
Velha praga
• Denúncia ao fogo das plantações
• Parasita da terra: CABOCLO: “espécie de homem baldio, seminômade, inadaptável à civilização, mas que vive à beira dela na penumbra das zonas fronteiriças.”
• Acampamento
• “Enquanto a mata arde, o caboclo regala-se: - “Eta fogo bonito!””
Urupês
• Comparação com grandes personagens literários • Indianismo: CABOCLISMO
• JECA TATU
• “[...] o caboclo é o “Ai Jesus!” nacional”.
• Características: preguiça, malemolência, ignorância, falta de destreza com as palavras, maus modos, busca por trabalho fácil, “lei do menor esforço”, barganhas
• Casa: sapé e lama; sem mobília; esteira para dormir; sem assentos no chão
• Não usa talher • Roupas do corpo
• Mantimentos empilhados no canto da casa • Buracos da parede são as gavetas
• Desconhecimento sobre patriotismo • Falta de cultura