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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Letícia Marasca

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Letícia Marasca

EFEITOS DO TRANSBORDAMENTO DA PRODUTIVIDADE

AGRÍCOLA BRASILEIRA

Santa Maria, RS

2019

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Letícia Marasca

EFEITOS DO TRANSBORDAMENTO DA PRODUTIVIDADE

AGRÍCOLA BRASILEIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção.

Orientador: Profº Dr. Adriano Mendonça Souza

Santa Maria, RS 2019

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Sistema de geração automática de ficha catalográfica da UFSM. Dados fornecidos pelo autor(a). Sob supervisão da Direção da Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central. Bibliotecária responsável Paula Schoenfeldt Patta CRB 10/1728.

Orientador: Adriano Mendonça Souza

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, RS, 2019

1. Agricultura Brasileira 2. Transbordamento agrícola 3. Modelos econométricos espaciais I. Souza, Adriano Mendonça II. Título.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), por me possibilitar a realização desse sonho, por me fazer crescer nessa caminhada como profissional e como ser humano, além de me trazer novas possibilidades.

Agradeço também a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo aporte financeiro, que tornou possível a realização de cursos e aperfeiçoamentos na área, além de proporcionar minha dedicação exclusiva ao programa, me fazendo entender a importância do pesquisador no Brasil, possibilitado que eu me tornasse um deles.

Agradeço ao meu orientador, por acreditar no meu potencial, por me formar pesquisadora. Agradeço também por ter me desafiado a trilhar nessa linha teórica e pela confiança em meu trabalho.

Agradeço também aos professores que compuseram a banca, pois o olhar, a experiência e a dedicação de vocês engradeceram essa pesquisa de uma maneira imensurável.

Agradeço minha orientadora de docência orientada, pela compreensão, dedicação, profissionalismo e por me conduzir rumo à profissão que escolhi e descobri ser a ideal.

Agradeço a todos os professores do departamento e do curso que contribuíram com o conhecimento adquirido nesse período.

Agradeço aos colegas de curso, que compartilharam conhecimentos, experiências acadêmicas, angústias e alegrias, além dos descontraídos cafés nos finais de tarde.

Agradeço aqueles que me acolheram como família, me possibilitando longas conversas e deliciosas refeições, e fizeram eu me sentir em casa, mesmo estando bem longe.

Agradeço a todos os familiares e amigos, que compartilharam momentos de alegrias, angústias e realizações.

Agradeço aos meus pais por me instigar a ser uma pessoa melhor e sempre evoluir. Agradeço minha madrinha e segunda mãe, pela preocupação e o carinho, e por fazer parte da realização desse sonho.

Agradeço ao meu companheiro, pelo apoio incondicional, quando nem eu mesma achei que ainda teria forças. Por em nenhum momento hesitar, por me auxiliar, por compreender. Pela força de todos os dias. Pelos sacrifícios e vitórias.

Agradeço a Deus, que me fez acreditar e ir atrás dos meus sonhos, e realizá-los; e me fez crer que posso ir além.

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The economy exists in and occupies space on the map; it is good that we have finally begun to acknowledge this in our models.

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RESUMO

EFEITOS DO TRANSBORDAMENTO DA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA BRASILEIRA

AUTOR: Letícia Marasca

ORIENTADOR: Adriano Mendonça Souza

A agricultura é essencial para o desenvolvimento econômico do país. O Brasil tem ocupado papel de destaque na produção agrícola mundial. Todo excedente produzido é destinado às exportações. Neste sentido, esta pesquisa visou determinar os efeitos de transbordamento agrícola dos principais grãos produzidos e exportados no país, analisando a dinâmica espacial da agricultura brasileira. Utilizou-se, para isso, o banco de dados correspondente a quantidade produzida e a área plantada das principais culturas agrícolas brasileiras de grãos: soja, milho, trigo, arroz, café e cacau, das 558 microrregiões brasileiras, correspondentes aos anos de 1992, 1997, 2002, 2007, 2012 e 2017, totalizando 20.088 observações, com coleta anual. Utilizou-se a metodologia da Econometria Espacial, inicialmente uma Análise Exploratória dos Dados Espaciais e posterior Modelagem Econométrica Espacial, para ajustar um modelo representativo das séries em estudo. Essa análise da dinâmica espacial da agricultura brasileira possibilitou identificar o padrão agrícola do país, verificando clusters de produtividade e spillovers entre as culturas. Seus resultados indicaram a presença de autocorrelação espacial positiva entre as variáveis, o que significa que microrregiões com alta ou baixa produtividade agrícola estão agrupadas em áreas específicas do mapa, rodeadas por microrregiões com características semelhantes para essa variável, tornando possível identificar efeitos de transbordamento da produtividade agrícola de grãos entre as microrregiões vizinhas. Como resultados, após a confirmação da presença de autocorrelação espacial nos dados, pela estatística I de Moran, ocorreu o ajuste dos modelos econométricos espaciais. A presença de autocorrelação espacial, confirmando que o espaço é relevante para a análise da produtividade agrícola dos grãos, é fator decisivo no ajuste dos modelos pela econometria espacial. Foi realizada a aplicação e o ajuste de três modelos espaciais: o Modelo de Defasagem Espacial com Erro Autorregressivo Espacial (SAC) foi o que melhor se ajustou às variáveis milho, arroz, café e cacau, o Modelo de Erro Autorregressivo Espacial ou Modelo de Erro Espacial (SEM) foi o melhor modelo ajustado à variável trigo e o Modelo de Durbin Espacial do Erro (SDEM) foi o melhor modelo representativo do processo gerador da série da soja. Pode-se concluir que a variável produtividade agrícola dos grãos se distribui de maneira heterogênea entre as microrregiões do país, ou seja, a produtividade agrícola está cada vez mais autocorrelacionada espacialmente ao longo do tempo.

Palavras-chave: Agricultura brasileira. Transbordamento agrícola. Modelos Econométricos espaciais.

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ABSTRACT

SPILLOVER EFFECT OF BRAZILIAN AGRICULTURAL PRODUCTIVITY

AUTHOR: Letícia Marasca ADVISOR: Adriano Mendonça Souza

Agriculture is essential for the country's economic development. Brazil stands out in world agricultural production. All surplus produced is destined for exports. In this way, this research aimed to determine the agricultural spillovers effects of the main grains produced and exported in the country, analyzing the spatial dynamics of Brazilian agriculture. It is used, for this purpose, the database corresponding to the quantity produced and planted area of the main Brazilian grain crops: soybean, corn, wheat, rice, coffee and cocoa, from the 558 Brazilian microregions, corresponding to the years 1992, 1997, 2002, 2007, 2012 and 2017, totaling 20,088 observations, with annual collection. The methodology of Spatial Econometrics was used, initially an Exploratory Analysis of Spatial Data and later Spatial Econometric Modeling, to fit a representative model of the series under study. This analysis of the spatial dynamics of Brazilian agriculture made it possible to identify the agricultural pattern of the country, verifying clusters of productivity and spillovers among crops. Their results indicated the presence of positive spatial autocorrelation between the variables, which means that microregions with high or low agricultural productivity are grouped in specific areas of the map, surrounded by microregions with similar characteristics for this variable, making it possible to identify grains agricultural productivity spillover effects between neighboring microregions. As results, after confirming the presence of spatial autocorrelation in the data, by the Moran I statistic, the adjustment of the spatial econometrics models occurred. The presence of spatial autocorrelation, confirming that space is relevant to grains agricultural productivity analysis, is a decisive factor in the models adjustment by spatial econometrics. The application and adjustment of three spatial models were performed: the Spatial Auto Regressive (SAC) model was the best fit for the variables corn, rice, coffee and cocoa, the Spatial Error Model (SEM) model was the best model adjusted for the wheat variable and the Spatial Durbin Error Model (SDEM) model was the best representative model of the soybean series generating process. It can be concluded that grains agricultural productivity variable has a heterogeneous distribution among country microregions, in other words, agricultural productivity is increasingly autocorrelated spatially over time.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Simultaneidade Espacial ... 46

Figura 2 - Convenção rainha (A), torre (B) e bispo (C) de contiguidade ... 49

Figura 3 - Diagrama de Dispersão de Moran ... 55

Figura 4 - Fluxograma da Modelagem Econométrica-Espacial ... 75

Figura 5 - Diagrama de Dispersão de Moran (Moran Scatter Plot) para a produtividade agrícola da soja nos anos 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 127

Figura 6 - Diagrama de Dispersão de Moran (Moran Scatter Plot) para a produtividade agrícola do milho nos anos 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 128

Figura 7 - Diagrama de Dispersão de Moran (Moran Scatter Plot) para a produtividade agrícola do trigo nos anos 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 129

Figura 8 - Diagrama de Dispersão de Moran (Moran Scatter Plot) para a produtividade agrícola do arroz nos anos 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 130

Figura 9 - Diagrama de Dispersão de Moran (Moran Scatter Plot) para a produtividade agrícola do café nos anos 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 131

Figura 10 - Diagrama de Dispersão de Moran (Moran Scatter Plot) para a produtividade agrícola do cacau nos anos 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 132

Figura 11 - Mapa de clusters (LISA map) das microrregiões brasileiras para a produtividade agrícola da soja nos períodos de 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 133

Figura 12 - Mapa de clusters (LISA map) das microrregiões brasileiras para a produtividade agrícola do milho nos períodos de 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f)... 134

Figura 13 - Mapa de clusters (LISA map) das microrregiões brasileiras para a produtividade agrícola do trigo nos períodos de 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 135

Figura 14 - Mapa de clusters (LISA map) das microrregiões brasileiras para a produtividade agrícola do arroz nos períodos de 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f)... 136

Figura 15 - Mapa de clusters (LISA map) das microrregiões brasileiras para a produtividade agrícola do café nos períodos de 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f) ... 137

Figura 16 - Mapa de clusters (LISA map) das microrregiões brasileiras para a produtividade agrícola do cacau nos períodos de 1992 (a), 1997 (b), 2002 (c), 2007 (d), 2012 (e) e 2017 (f)... 138

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução da quantidade produzida e da área plantada no Brasil no período de 1992 a 2017... 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução Agrícola no Brasil ... 34 Tabela 2 - Produção vegetal ... 37

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 21 1.1 PROBLEMA ... 23 1.2 OBJETIVOS ... 23 1.2.1 Objetivo Geral ... 23 1.2.2 Objetivos Específicos ... 23 1.3 JUSTIFICATIVA ... 24 1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 25 2 REVISÃO DE LITERATURA ... 27 2.1 AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ... 27

2.2 ECONOMETRIA ESPACIAL: IDEIAS INICIAIS ... 43

2.3 ECONOMETRIA ESPACIAL: A TÉCNICA ... 46

2.3.1 Análise Exploratória dos Dados Espaciais (AEDE) ... 53

2.3.2 Modelos Econométricos Espaciais ... 57

2.4 ESTUDOS RELEVANTES NA ÁREA AGRÍCOLA UTILIZANDO A TÉCNICA ECONOMETRIA ESPACIAL ... 66

3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 73

3.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA ... 74

3.1.1 Modelagem Econométrica-Espacial ... 74

3.1.2 Base de dados ... 76

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 77

4.1 ARTIGO 1 - EFEITOS DO TRANSBORDAMENTO DA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA BRASILEIRA ... 78

4.2 ARTIGO 2 - EFEITOS DA DEPENDÊNCIA ESPACIAL NA MODELAGEM DA PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA BRASILEIRA ... 99

5 DISCUSSÕES ... 113

6 CONCLUSÕES ... 115

REFERÊNCIAS ... 119

APÊNDICE A - DIAGRAMA DE DISPERSÃO DE MORAN (MORAN SCATTER PLOT) ... 127

APÊNDICE B - MAPA DE SIGNIFICÂNCIA (LISA MAPS) ... 133

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil está consolidado como um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo e esse status se deve a diversas razões como o clima favorável, a extensão territorial cultivável, os investimentos em tecnologia, a qualidade de produtos produzidos, entre outros. A agropecuária brasileira é o setor que mais contribui para o fortalecimento da economia do país, sendo responsável por quase 25% do produto interno bruto (PIB) e por quase metade das exportações, responsáveis pelo saldo positivo da balança comercial do país. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2017), essa representação pode ser ainda mais significativa se os obstáculos para a produtividade e competitividade forem reduzidos, principalmente a burocracia, que onera e dificulta a implantação e o funcionamento das empresas, assim como os seus processos de exportação.

Várias foram as mudanças ocorridas no setor agrícola, dentre as quais pode-se citar uma maior abertura externa, a desregulamentação dos mercados, bem como a criação de políticas públicas na área agrícola, mudanças essas que contribuíram para a competitividade do setor, ampliando sua concorrência nacional e internacional, aumentando a produtividade agrícola do país com redução de custos (PEROBELLI et al., 2007).

A participação do Brasil no comércio agrícola internacional está consolidando-o como um dos maiores exportadores mundiais de produtos agrícolas. Diversos são os destinos das exportações brasileiras, totalizando mais de 180 países, e os principais são China, União Europeia, Estados Unidos e países do Mercosul.

Em 2010, o Brasil ultrapassou o Canadá, se tornando o terceiro maior produtor e exportador agrícola mundial, permanecendo atrás somente dos Estados Unidos e da União Europeia, duas potências agrícolas mundiais, contando ainda com uma capacidade enorme de crescimento a médio prazo, diferentemente destes países (MAPA, 2015). No quesito área cultivável, vem crescendo gradativamente e chegou a patamares de grande destaque, atrás somente da China, da Austrália e dos Estados Unidos (CARVALHO; LAURETO; PENA, 2015).

A produção agrícola brasileira é destaque mundial com diversos produtos, sendo o país considerado o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, café e laranja; é considerado o segundo maior produtor mundial de soja e fumo e o terceiro em volume de produção anual de milho.

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O agronegócio no país passou por diversas mudanças, principalmente de ordem técnica, sendo a modernização e mecanização do processo de produção, além da expansão da fronteira agrícola fundamentais para consolidar a participação do Brasil no mercado internacional, aumentando a produtividade agrícola das áreas cultivadas.

Os programas econômicos de incentivos para aumento de produtividade obtiveram bons resultados, pois nos últimos cinquenta anos a produção agrícola praticamente quadruplicou, e o aumento na produtividade agrícola foi responsável por 85% desse crescimento, colocando o país entre os maiores exportadores do mundo (CASTRO et al., 2015).

Além dos impactos na economia do país, o agronegócio tem capacidade para atender as necessidades alimentares da população e o Brasil é o principal aspirante ao cargo de maior fornecedor de alimentos do mundo, e os motivos são sua vasta extensão territorial, mão-de-obra disponível, entre outros (COSTA et al., 2013; CONCEIÇÃO; CONCEIÇÃO, 2014).

O bom desempenho do agronegócio ocorre também no mercado externo, e segundo a EMBRAPA (2017), de cada quatro produtos agropecuários em circulação no mundo, um deles é de origem brasileira. No período de 1995 a 2015 o volume das exportações brasileiras multiplicou-se por seis, enquanto o PIB agropecuário cresceu duas vezes e meia, sendo responsável pelo superávit nacional, compensando o déficit oriundo dos outros setores da economia (BARROS, 2017).

Com o crescimento da agricultura, quase metade das exportações são provenientes do campo, setor que sustenta a balança comercial brasileira (CONAB, 2017).

Esse crescimento acentuado da produtividade agrícola deve-se aos investimentos em pesquisa agrícola, principalmente a partir de 1970, e é resultado também das políticas implementadas. Essa produtividade crescente a preços cada vez menores traz muitos benefícios para a sociedade brasileira, como a redução dos preços, o controle da inflação, a redução da pobreza e a geração de divisas (BARROS, 2017).

Atualmente a localização ou interação espacial tem ganhado espaço e as pesquisas envolvendo a convergência de produtividade ou renda são pertinentes, pois identificam economias com características semelhantes. Com base nessas afirmações, se torna relevante a análise da agricultura para a economia do país, principalmente no caso do Brasil, em que esse é um setor tão significativo.

Portanto, a fim de contribuir para melhor compreensão da estrutura espacial do setor agrícola no Brasil, este trabalho busca analisar a interação espacial da produtividade agrícola das microrregiões brasileiras no período recente.

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Para tal, faz uso da análise exploratória de dados espaciais, com o intuito de detectar associações espaciais entre a produtividade agrícola das microrregiões brasileiras, bem como identificar clusters espaciais.

A produtividade da terra tem aumentado no decorrer dos anos, e este crescimento pode ser atribuído a novas áreas destinadas ao cultivo, mais produtivas, às novas práticas de cultivo, e principalmente, como resultado de investimentos em pesquisas e novas tecnologias. De acordo com Gasques et al. (2012), os investimentos em pesquisa influenciam diretamente a produtividade agrícola, favorecendo a expansão do mercado. A análise da produtividade agrícola se torna fator essencial para o crescimento do setor e do país em longo prazo, proporcionando uma produção mais eficiente a custos menores.

As variáveis utilizadas nesta pesquisa compreendem as produções agrícolas de grãos mais significativas do país, cujo excedente de produção é destinado às exportações e são as seguintes culturas: café, soja, milho, cacau, arroz e trigo. Essas variáveis serão utilizadas para verificar a existência de efeitos de transbordamento da produtividade agrícola entre as microrregiões brasileiras, analisando a influência entre elas, caracterizando assim a dinâmica espacial da agricultura brasileira.

1.1 PROBLEMA

A produtividade agrícola das microrregiões brasileiras sofre os efeitos de transbordamento espacial? É possível determinar esses efeitos entre as microrregiões?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Verificar os efeitos de transbordamento da produtividade agrícola entre as microrregiões do Brasil, analisando a dinâmica espacial da agricultura brasileira.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Realizar a análise exploratória da dependência espacial das variáveis;

- Identificar o tipo de interação espacial que descreve o padrão dos dados utilizados neste estudo;

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- Verificar quais variáveis estão correlacionadas espacialmente entre si.

1.3 JUSTIFICATIVA

Dados os trabalhos publicados e pesquisados que versam sobre a dinâmica espacial de culturas agrícolas ou sobre a produtividade agrícola, a saber as pesquisas de Paschoalino et al. (2017), Júnior et al. (2016), Felema et al. (2016), Favro et al. (2015), Teixeira e Bertella (2015), Almeida, Perobelli e Ferreira (2008), Souza e Perobelli (2008), Perobelli et al. (2007), Almeida e Haddad (2004), no âmbito nacional e Ward, Florax e Flores-Lagunes (2014), Dorosh et al. (2012), Kumar (2011), Lotze-Campen et al. (2008), Anselin, Bongiovanni e Lowenberg-Deboer (2004), Florax, Voortman e Brouwer (2002), Yao, Liu e Zhang (2001), a nível internacional, percebe-se que a localização ou a interação espacial tem ganhado espaço, tanto nos aspectos teóricos como em sua aplicação.

Esse estudo buscou evidenciar se essa interação espacial ocorre também na produtividade agrícola dos principais grãos produzidos no Brasil, a nível microrregional: soja, milho, trigo, arroz, café e cacau. Estudar esse arcabouço teórico, tecnológico e metodológico torna-se assim relevante, sendo de suma importância a incorporação do espaço nos modelos econométricos.

A maior parte dos estudos econométricos utilizam dados regionais, percebendo as regiões como áreas isoladas, não considerando a interação existente entre elas. Quando analisadas pela econometria espacial, são estudadas de forma agregada, apresentando dependência espacial ou heterogeneidade espacial (GOLGHER, 2015).

As pesquisas envolvendo convergência, seja de produtividade ou de renda, são relevantes, pois objetivam identificar grupos de economias com características estruturais semelhantes. Esses estudos geralmente se baseiam no modelo proposto por Baumol (1986) e por Barro e Sala I Martin (1995), utilizando o modelo de crescimento de Solow (1956). A partir disso, percebe-se a importância de pesquisas baseadas na influência das localidades vizinhas sobre a produtividade de uma região, o chamado efeito espacial ou efeito spillover espacial. Assim é notável a importância da análise do comportamento da agricultura para a economia do país, ainda mais no caso do Brasil, onde a agricultura participa de forma significativa da economia e das exportações.

Segundo Gasques et al. (2012), investimentos realizados em pesquisa influenciam diretamente a produtividade, favorecendo sua expansão na agricultura, que é fator essencial

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para o crescimento em longo prazo, auxiliando a identificação do padrão agrícola nos próximos anos, proporcionando uma produção mais eficiente e custos menores.

Essa dissertação pretende contribuir para a compreensão dos efeitos espaciais da produtividade agrícola brasileira, avaliando a interação agrícola entre as microrregiões, caracterizando, desta maneira, clusters espaciais, identificando áreas que possam ser objeto de políticas públicas que visam o aumento da produtividade da microrregião, contribuindo para o desenvolvimento da região e do país como um todo. Assim, a utilização de dados regionais e análise de informações acerca da produtividade são fundamentais para a formulação de políticas públicas adequadas ao setor rural.

Nessa perspectiva, a análise realizada nessa pesquisa se diferencia das pesquisas já desenvolvidas, pois ao se trabalhar com a produtividade agrícola de grãos a nível microrregional, buscou-se não só entender a evolução dessa produtividade ao longo do tempo, mas também identificar o padrão espacial do setor agrícola no Brasil no período de 1992 a 2017, além da estimação de um modelo econométrico espacial para cada grão para o ano de 2017, último ano em análise.

Pioneira na análise da produtividade agrícola das principais culturas de grãos nas microrregiões do país, utilizando a metodologia da econometria espacial, espera-se que essa pesquisa possa trazer novos olhares e novas perspectivas para a área agrícola.

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA

Com o intuito de atender aos objetivos propostos neste estudo, esta pesquisa está organizada em seis capítulos principais estruturados da seguinte maneira:

O primeiro capítulo, a introdução, apresenta uma contextualização do tema e da técnica proposta no estudo e compreende os seguintes itens: problema da pesquisa, objetivos, nos quais estão descritos o objetivo geral e os objetivos específicos, justificativa e este item, a estrutura da pesquisa.

No segundo capítulo, apresenta-se a revisão de literatura, dividida em quatro tópicos: Agronegócio Brasileiro, com informações relevantes sobre as variáveis utilizadas na pesquisa, Econometria Espacial: Ideias Iniciais, contextualizando a técnica escolhida, Econometria Espacial: A Técnica, explicando a metodologia utilizada na pesquisa - subdividindo-se em Análise Exploratória dos Dados Espaciais (AEDE) e Modelos Econométricos Espaciais – e, por fim, o capítulo encerra-se com o tópico Estudos Relevantes na Área Agrícola utilizando a

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Técnica Econometria Espacial, citando e discutindo os artigos nacionais e internacionais publicados sobre o tema.

O terceiro capítulo, denominado materiais e métodos, refere-se à abordagem metodológica utilizada na pesquisa para se chegar aos resultados propostos. Subdivide-se em dois itens: o primeiro, Modelagem Econométrica-Espacial, descreve as etapas metodológicas da Análise Exploratória dos Dados Espaciais e da Modelagem Econométrica-Espacial, e o segundo, denominado Base de dados, descreve a base de dados utilizada na pesquisa.

O quarto capítulo apresenta os resultados da pesquisa e subdivide-se em dois itens: um deles com a primeira etapa metodológica sugerida, a análise exploratória dos dados espaciais, compreendendo assim o primeiro artigo, denominado “Efeitos do transbordamento da produtividade agrícola brasileira”; o segundo item contém a última etapa dos resultados alcançados, compreendendo o ajuste dos modelos econométricos espaciais, também apresentado no formato de artigo, intitulado “Efeitos da dependência espacial na modelagem da produtividade agrícola brasileira”.

O quinto capítulo traz uma discussão acerca dos resultados obtidos nos capítulos anteriores e o sexto capítulo encerra a pesquisa com as conclusões gerais da pesquisa. Por fim, apresentam-se as referências utilizadas para desenvolvimento da mesma e os apêndices necessários para complementar a pesquisa.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo está dividido em quatro tópicos descritos como: Agronegócio Brasileiro, Econometria Espacial: Ideias Iniciais, Econometria espacial: A Técnica e Estudos relevantes na área agrícola utilizando a técnica econometria espacial. O item Econometria espacial: A Técnica subdivide-se em: Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) e Modelos Econométricos Espaciais.

2.1 AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

O Brasil é um dos países com maior PIB do mundo, estando entre os dez primeiros dessa categoria, e sua produção agrícola é responsável por grande parte desse valor (CARVALHO; LAURETO; PENA, 2015). Em 2017 o agronegócio brasileiro representava quase um quarto do PIB e quase metade das exportações do país (CNA, 2017). Ainda segundo Carvalho, Laureto e Pena (2015), em se tratando de área para plantio agrícola, o Brasil fica atrás somente da China, da Austrália e dos Estados Unidos.

A agricultura do Brasil tem se desenvolvido ao longo dos anos, passando por várias etapas até se tornar uma referência mundial, status que se encontra hoje.

O setor agrícola teve início na era pré-histórica, possibilitando ao ser humano obter seu alimento pelo cultivo da terra, deixando de ser apenas um caçador nômade, passando a constituição de povoados e posteriormente das cidades, na chamada Revolução Neolítica. Com o aumento da população mundial, a agricultura passou a ter o importante papel de alimentar o planeta, além de ser relevante econômica, social e ambientalmente.

Com o aumento da população tornou-se necessário que o homem aprendesse o cultivo das plantas e desenvolvesse novas técnicas agrícolas constantemente, introduzindo novas culturas, novas técnicas de conservação do solo e aumentando a produção de alimentos para possibilitar o sustento das cidades.

Na Era Moderna, a Revolução Industrial consolidou o sistema capitalista, amparada pela geração de capital da agricultura, caracterizada pela mecanização da produção.

A partir do século XX, as mudanças ocorridas foram de ordem técnica, como a modernização e mecanização da produção, resultados do processo de industrialização ocorrido no país no período anterior. O crescimento da atuação agropecuária do Brasil no mercado externo se deu com a mecanização do campo, presente no país desde a segunda metade do século XX, e a expansão da fronteira agrícola para o interior do país ao longo desse

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período, aumentando assim a produtividade nas áreas cultivadas, apesar das áreas de expansão evidenciarem modelos tradicionais, com uso o extensivo da terra e a baixa produtividade.

De ordem econômica, o Estado recebeu diversos incentivos governamentais para aumento da produtividade agrícola. Em 1965, o governo brasileiro implementou o Sistema Nacional do Crédito Rural (SNCR), objetivando o financiamento dos custos de produção agrícola com taxas de juros muitas vezes negativas. Essa implementação se deu após a grande estiagem de 1963, com recordes de calor que prejudicaram a produção agrícola, sendo considerado o ano mais seco em muitas cidades brasileiras.

Até 1970, o SNCR foi o principal instrumento de política agrícola, quando ocorreu o término dos recursos disponíveis para esse fim, devido a diversos fatores, como a redução do Tesouro Nacional, a crise do petróleo de 1973 e a elevação da taxa de juros internacionais (SPOLODOR; MELHO, 2003). Com a criação do SNCR, o governo objetivava dar segmento às industrializações agrícolas que estavam ocorrendo, tendo em vista que a agricultura era responsável pela produção de alimentos a um baixo custo, pela geração de divisas com a exportação e pela requisição de insumos modernos que impulsionavam a produção do setor no país. O acesso a esses insumos aumentaria a produtividade, reduzindo os custos, e gerando um excedente agrícola propício para a exportação, o que traria divisas que possibilitariam a industrialização.

Foi nessa década, no ano de 1975, que ocorreu a geada negra na região sul do país, onde uma forte geada queimou quase todas as plantações de café, principal produto agrícola do Paraná. O café era o principal produto do agronegócio do Paraná, e fechou a safra de 1975 representando 48% da produção brasileira do grão. Era considerado o maior centro de cultivo de café do mundo, com produtividade superior à média nacional. No ano seguinte, devido a geada, a participação do Paraná na produção do país foi de 0,1%. Outras culturas também tiveram perdas significativas, passando de 50%, mas o café era o produto que sustentava a economia do estado na época. No ano de 1983 ocorreu outra geada negra, mas com impactos menores.

Foi nesse período que ocorreu uma das secas mais longas do Nordeste, que durou sete anos (1979-1985), com perdas nas lavouras, morte de pessoas e animais, trazendo à tona o problema da fome na região.

Segundo Baricelo e Bacha (2013), esse período (1965 a 1985) foi intitulado de “Processo de Modernização da Agropecuária Brasileira” e Fürstenau (1987) afirma que o período de 1965 a 1977 foi o principal para o processo de modernização do Brasil, devido aos financiamentos disponíveis. Fürstenau (1987) diz que esse crescimento econômico veio

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acompanhado de grande disponibilidade de crédito agrícola, cujas fontes eram provenientes das exigibilidades bancárias, que era considerada uma fonte de baixo custo e não inflacionária, sem a implicação da base monetária e dos aportes do Tesouro Nacional ao Banco do Brasil, uma opção de custo mais alto para o governo, o que poderia aumentar o nível de preços.

O programa de governo de incentivo à industrialização do país e suas exportações obtiveram resultados positivos. Assim como o crédito agrícola disponível era abundante, a uma taxa de juros negativa, a demanda por equipamentos agrícolas também era maior a cada safra.

Para Baricelo e Bacha (2013), o período de 1969 a 1979 foi grandioso para a indústria agrícola do país. Em 1977, a disponibilidade de crédito começou a cair e no ano de 1980 a queda foi extrema (FÜRSTENAU, 1987). Inicia-se assim o período conhecido como a década perdida, com 50% dos equipamentos agrícolas operando com capacidade ociosa no período de 1980 a 1989, com a crise acentuando-se ainda mais na década de 1990 (BARICELO; BACHA, 2013). Para os bancos, esse crédito agrícola sempre foi considerado de alto risco, pois esse é um setor que sempre apresentou oscilações (FÜRSTENAU, 1987). Em 1973, o Banco Central do Brasil (BACEN) exigiu que 10% dos depósitos em conta corrente fossem destinados ao crédito agrícola. Em 1980, esse percentual passou a ser de 20% e em 1981 passou a 25%.

De acordo com Castro et al. (2015), a produção agrícola brasileira praticamente quadriplicou desde 1970 e o aumento da produtividade agrícola foi responsável por 85% desse crescimento. A criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em abril 1973, foi uma aliada no aumento da produção, pois visou a modernização da agricultura.

A Embrapa promoveu, pelo incremento da produção agrícola, uma diminuição das importações desses produtos, apoiando programas de desenvolvimento regionais, não deixando ainda de acompanhar o desenvolvimento social e econômico do país, sendo reconhecida como um dos motores do desenvolvimento da agricultura brasileira. A soja foi uma grande beneficiada pelas novas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, como as sementes geneticamente modificadas (FIGUEIREDO; SANTOS, 2005).

No período compreendido entre 1960 e 1980, o avanço da ciência e da tecnologia no país impulsionaram a agricultura, proporcionando o cultivo em regiões que antes eram consideradas inadequadas para produção em grande escala (CONCEIÇÃO; CONCEIÇÃO, 2014).

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Um fator possibilitador para que isso ocorresse foi a revolução dos cerrados, provocada pela Embrapa, que divulgou novas técnicas de manejo e tecnologias para exploração do cerrado brasileiro, com cultivares adaptados às características da região, novas máquinas, correção do solo, entre outros fatores. A concepção de que era possível obter lucro com a agricultura no cerrado trouxe novos investimentos e possibilitou a expansão das fronteiras produtivas, principalmente na direção Centro-Oeste e Centro-Norte, incrementando os recursos produtivos, consolidando o papel do Brasil no agronegócio mundial.

Os créditos subsidiados foram o instrumento mais relevante de política de curto prazo e na década de 70 seus volumes eram comparáveis ao valor bruto da produção agrícola e da pecuária juntas, contudo, havia um menor acesso a essas políticas pelos produtores menores, tornando assim a distribuição de renda no setor agrícola cada vez mais desigual (GASQUES; VIEIRA FILHO; NAVARRO, 2010).

A partir de 1979, com a economia do país inflacionária, a opção da conta corrente foi substituída por ativos fixos protegidos, reduzindo ainda mais os créditos disponíveis. Em 1983, o Fundo Monetário Internacional (FMI) exigiu a extinção dos subsídios de crédito agrícola, obrigando o país a adotar uma taxa de 3% somada à correção da inflação, estabelecendo-se assim a crise no setor agrícola (FÜRSTENAU, 1987).

Foram anos de crise, com o crédito agrícola e a demanda por equipamentos agrícolas em queda, a não ser pelo ano de 1986, quando houve uma pequena recuperação devido ao Plano Cruzado. Assim, na década de 1980, se tornou impossível manter o modelo econômico que vinha sendo adotado até então devido à baixa capacidade de poupança do governo, ao descontrole das contas públicas e ao aumento da inflação, resultando em restrições ao crédito agrícola para investimentos (ARAÚJO et al., 2007).

No período de 1986 a 1993, Araújo et al. (2007), afirmam que o PIB reduziu-se em 44%. O aumento dos custos dos empréstimos e a baixa produtividade agrícola impediram os agricultores de honrarem suas dívidas e, em 1988, o país apresentava inadimplência em 21% das dívidas rurais, levando o governo à absolvição dessas dívidas (BACHA; DANELON; FILHO, 2006). Essa situação ficou ainda mais complicada quando, em 1987, o país decretou moratória, com sua situação fiscal e inflação como agravantes.

Nos anos 80 inicia-se um período de crescimento lento, sem investimentos por parte da união, com subsídios amplamente reduzidos e a política econômica visando somente o combate à inflação (GASQUES; VIEIRA FILHO; NAVARRO, 2010). Segundo Barros, (2017) o modelo de industrialização adotado até então não comportaria o rápido crescimento ocorrido nas décadas anteriores, a baixa poupança, o processo inflacionário em aceleração,

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entre outros, foram os causadores desse problema, desencadeando uma sequência de planos econômicos frustrados.

Nos anos 80, devido à crise da dívida externa e à falência nas propostas para combate às altas taxas de inflação da época, ficou a cargo da agricultura a geração de superávits comerciais, equilibrando a economia (CONCEIÇÃO; CONCEIÇÃO, 2014).

Essa grave crise fiscal levou a 46% de redução nos incentivos agrícolas no período de 1987 e 1989 (BARROS, 2017). Essa crise instalada obrigou que mudanças ocorressem no setor de políticas agrícolas, como a busca por novos financiamentos no setor privado. A década de 1990 continuou difícil com o aprofundamento da crise e o ano de 1994 foi considerado como o mais otimista, devido à estabilização econômica e monetária que o Plano Real trouxe ao país, com baixas taxas de inflação.

Foi na década de noventa que ocorreram alguns períodos de estiagem no país, principalmente nos anos de 1993, 1996, 1997, 1998 e 1999, com poucas ações efetivas na prevenção e redução de danos. No ano de 2001, como consequência do prolongamento da seca de anos anteriores, o rio São Francisco teve um grande período sem chuvas, considerado o maior da história, ocasionando um racionamento de energia sentido em todo o país.

Após a implementação do Plano Real, iniciou-se uma fase próspera para o setor agrícola, com a abertura comercial impulsionando as técnicas de produção pela concorrência com os mercados internacionais. A Lei Kandir, em 1996, também foi fundamental nesse processo, pois desonerou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), estimulando as exportações. Outro fator importante foi a desvalorização cambial, ocorrida a partir de 1999, que possibilitou maior competitividade no mercado internacional ao agronegócio (CORONEL; MACHADO; CARVALHO, 2009).

A partir da década de 1990, Bacha, Danelon e Filho (2006) sugerem o início de um período de grande eficiência produtiva e de menor interferência estatal. Alguns financiamentos privados foram criados, como a Célula do Produtor Rural, que além de oferecer liquidez ao agricultor, ainda assegurou os preços, o Certificado do Depósito Agrícola (CDA), entre outros. Além disso, o governo apresentou um programa de renegociação de dívidas agrícolas. Bacha, Danelon e Filho (2006) explicam que a partir de 1995, as dívidas desde 1980 foram renegociadas.

No ano de 1996 foi criado o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), que teve por objetivo fornecer créditos aos pequenos produtores agrícolas, além de estabelecimento de parcerias e organizações, para melhores condições no processo produtivo.

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Em 1998 foram lançados o Programa Especial de Saneamento de Ativos (PESA), para renegociação das dívidas agrícolas aos devedores de mais de 200 mil reais, contando com diversas facilidades, e também o Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária (RECOOP). Apesar dessas facilidades, Bacha, Danelon e Filho (2006) afirmam que nos anos de 1997 e 1998, apenas 22% das dívidas foram quitadas. Segundo Araújo (2000), o montante da dívida agrícola no final de 1998 equivalia a 42% do PIB agropecuário.

A crise de 1999 somada à queda de preços internacionais não desestimularam o setor, que encontrou novas possibilidades para continuar se desenvolvendo, apesar da desvalorização cambial de 1999, que favoreceu as exportações de grãos (FRAGA et al., 2008).

No ano 2000, o Programa de Modernização da Frota de Tratores e Implementos Associados e Colheitadeiras (MODERFROTA) foi criado com o objetivo de financiar a compra de máquinas agrícolas, apresentando um crescimento do crédito agrícola para investimentos a partir desse ano, sendo fundamental para a modernização do setor, e o ano de 2012 foi um ano recorde de vendas de equipamentos agrícolas.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, 2009), no período de 2002 a 2004 as exportações do país cresceram significativamente. Apesar do grande crescimento, as taxas de crescimento nacionais no período foram ainda menores do que as taxas mundiais, devido a políticas internas que influenciaram de maneira negativa esse processo (TEIXEIRA et al., 2018).

No período de 2003/2004, o agronegócio brasileiro perdeu espaço no mercado internacional, principalmente pela valorização cambial, que fez com que os produtos aumentassem os preços no mercado externo, perdendo assim competitividade internacional (CORONEL; MACHADO; CARVALHO, 2009).

A Lei da Biossegurança, em 2005, que liberou a produção e comercialização dos produtos geneticamente modificados, e a incorporação do biodiesel na matriz energética brasileira, auxiliaram na estruturação de um ambiente competitivo para o agronegócio no país. No período de 2004 a 2006 a região Sul do país sofreu os efeitos de uma forte estiagem, e no ano de 2005 esse fenômeno também é sentido na região Amazônica. No ano de 2007 esse fenômeno ocorreu na região norte de Minas Gerais, sendo a mais grave do estado até então. Todos os períodos de estiagem somaram enormes prejuízos para a produção agrícola do país.

Em 2009 o Brasil sentiu o reflexo da crise econômica internacional, com a redução de suas exportações de grãos principalmente para Europa, sendo considerado pela Organização

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Mundial do Comércio (OMC) como o pior ano para as exportações desde os anos quarenta. Esse retraimento ocorreu pela crise dos maiores mercados consumidores no período (Japão, Europa e Estados Unidos), além da diminuição nos créditos disponíveis e aumento de taxas em alguns países. A partir de 2010 uma recuperação já começou a ser sentida.

No ano de 2012, a seca na região Nordeste foi considerada a mais intensa dos últimos trinta anos, com prejuízos ao setor agrícola. Nesse mesmo ano de iniciou um período de estiagem em diversos estados, com a seca no Sudeste, nos anos de 2014 e 2015, como a pior crise hídrica do país. Esse período de estiagem se estendeu até 2017, sendo considerada a pior seca dos últimos cem anos.

O período de 2016 a 2018 foi bastante oscilante política e economicamente. Em 2016 aconteceu o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o período que se seguiu foi de instabilidade. No ano de 2017, o Plano Agrícola e Pecuário disponibilizou milhões em créditos para produtores rurais, visando aumentar os investimentos em custeio e comercialização.

O ano de 2018 foi marcado pelas eleições presidenciais no Brasil, e internacionalmente pelo aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, com consequente desvalorização do real. Além disso, esse aumento pressiona a inflação no país, em função do encarecimento dos produtos importados, uma vez que o país depende da importação para movimentar o setor produtivo, ao mesmo tempo que os produtos exportáveis são vendidos a valores mais altos no exterior e, consequentemente, aqui também.

Nesse grande período citado nos parágrafos anteriores, dos anos 70 aos anos atuais, ocorreram mudanças significativas na produtividade do setor agropecuário e do agronegócio no país. Ao mesmo tempo em que no decorrer dos anos os programas de incentivos governamentais perderam força, o país integrou-se economicamente ao resto do mundo. Com o mercado interno em lento crescimento, a participação da agricultura do país no mercado externo foi fator determinante na rentabilidade dos setores conectados diretamente ao mercado internacional, e também, indiretamente, de outros setores (GASQUES; VIEIRA FILHO; NAVARRO, 2010).

Na Tabela 1 observa-se o impacto da evolução econômica do país na agricultura. Com a industrialização e o aumento do uso de maquinários agrícolas, como os tratores, foi possível um melhor aproveitamento das terras, ao mesmo tempo que diminuiu o número de pessoal empregado nos campos. Nota-se ainda, em dois períodos distintos, a expansão de áreas destinadas ao cultivo. A primeira, entre 1970 e 1980, foi resultado da expansão para a região Centro-Oeste e a segunda, entre 1995 e 2006, resultado da expansão para o norte do país,

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ambos por movimentos migratórios, refletindo no desempenho econômico dessas regiões e impactando diretamente em suas economias.

As mudanças que tem ocorrido na agricultura ao longo dos anos também podem ser observadas pela análise da Tabela 1, na qual estão descritos os dados dos censos agropecuários do período de 1920 a 2006. A primeira descrição corresponde ao total de estabelecimentos agropecuários disponíveis no período.

Tabela 1 - Evolução Agrícola no Brasil

Descrição Censos 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1985 1995 2006 Estabelecimen tos agropecuários 648.153 1.904.589 2.064.642 3.337.769 4.924.019 5.159.851 5.801.809 4.859.865 5.175.489

Área total (ha) 175.104.6 75 197.720.2 47 232.211.1 06 249.862.1 42 294.145.4 66 364.854.4 21 374.924.9 29 353.611.2 39 329.941.3 93 Área média dos estabeleciment os 270,16 103,81 112,47 74,86 59,74 70,71 64,62 72,76 63,75 Área de lavouras 6.642.057 18.835.43 0 19.095.05 7 28.712.20 9 33.983.79 6 57.723.95 9 62.810.42 3 50.104.48 3 59.846.61 8 % da área de lavouras em relação a área total 3,79 9,53 8,22 11,49 11,55 15,82 16,75 14,17 18,14 Total de pessoal ocupado 6.312.323 10.159.54 5 10.996.83 4 15.633.98 5 17.582.08 9 21.163.73 5 23.394.91 9 17.930.89 0 16.567.57 4 Média de pessoal ocupado por estabeleciment o 9,74 5,33 5,33 4,68 3,57 4,1 4,03 3,69 3,2 Total de tratores 1.706 3.380 8.372 61.345 165.870 545.205 665.280 799.742 820.673 Média da área de lavoura (ha) por trator

3.893,35 5.572,61 2.280,82 468,04 204,88 105,88 94,41 62,65 72,92

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Observa-se na Tabela 1 um crescimento acentuado das áreas destinadas a agricultura, definindo assim um processo de expansão ocorrido desde o início do período em análise até os anos 80. A partir daí esse número se estabiliza, ficando em torno de 5,1 milhões no ano de 2006. Segundo Gasques; Vieira Filho e Navarro (2010) essa estabilização no número de estabelecimentos agropecuários repercute uma maior produtividade da terra e outros fatores de produção, devido aos investimentos realizados em pesquisa, mão-de-obra mais qualificada e investimentos em políticas públicas, já citadas anteriormente.

Ainda, pela análise da Tabela 1, nota-se que o percentual de áreas de lavouras teve um crescimento gradual, sendo sua participação em relação à área total 18,14% em 2006. As inovações tecnológicas ocorridas, juntamente com a introdução de outros produtos, são fatores determinantes para a queda observada na descrição pessoal ocupado, que em 1920 era de 9,74 pessoas por estabelecimento e em 2006 era de 3,2 pessoas. Essas inovações também influenciaram num menor número o total de tratores, sendo de 3.893,38 hectares (ha) por trator em 1920 e de 72,92 ha por trator em 2006, indicando uma maior disponibilidade de maquinário agrícola nos estabelecimentos e, consequentemente, uma maior utilização desse maquinário.

Sobre as variáveis agrícolas definidas para aplicação da técnica, todas são de grande relevância na produção agrícola brasileira e participam de maneira significativa no comércio interacional. A seguir será discutida a importância de cada uma das variáveis selecionadas para a pesquisa.

A soja é uma das principais commodities agrícolas brasileiras, ocupando a maior parte das terras cultivadas e correspondendo a mais de 9% da balança comercial brasileira. O Brasil produziu 114 milhões de toneladas na safra 2016/2017, fato que possibilitou a disputa à liderança mundial na produção com os Estados Unidos.

Desde 1970, a produção brasileira de soja cresceu 76 vezes, enquanto que a área cultivada aumentou 26 vezes. Esse aumento da competitividade da soja no país se deve principalmente aos avanços tecnológicos ocorridos, tanto no manejo de doenças e pragas quanto na conservação do solo, entre outros. Grande parte dessa produção é destinada ao mercado externo e isso se deve, principalmente, ao fato que a produção ocorre no período de entressafra dos países da América do Norte, para onde é destinado o maior volume exportado. A soja é considerada o principal item de exportação do país. Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC, 2017), a maior região produtora desse grão é a Centro-Oeste, principalmente no estado do Mato Grosso, e ainda os estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Tocantins e Bahia.

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O Brasil é o quarto maior consumidor de milho, o segundo maior exportador desse grão e o terceiro maior produtor, com a produção atrás somente dos Estados Unidos e da China. Alguns avanços tecnológicos permitem uma melhora na produtividade das lavouras desse grão, entre eles cita-se cultivares de alto potencial genético, controle de ervas daninhas, utilização do sistema de plantio direto, agricultura de precisão e técnicas de irrigação. A produção atende à demanda interna e seu excedente é voltado à exportação.

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias do Milho (ABIMILHO, 2017), o cultivo desse grão ocorre em todas as regiões do país, mas destacam-se os estados de Santa Catarina, Goiás, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná. A produção do estado do Paraná, que é o maior estado produtor desse grão, corresponde a quase metade da produção nacional, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2017), destacando-se como um dos segmentos econômicos mais importantes do agronegócio nacional.

Principal produtor e exportador de café do mundo, o Brasil é o segundo maior consumidor desse grão. O café teve seu auge produtivo no final do século XIX e início do século XX, com a produção em queda no ano de 1929, com a Grande Depressão. Apesar de não ser o principal produto agrícola do país, o Brasil é o principal produtor mundial desse grão, com 20% das terras cultivadas destinadas a ele e quase 70% dessa produção destinada às exportações, o que corresponde a 10% das exportações agrícolas do país, sendo o 5º produto do agronegócio mais exportado, com grande destaque na economia agrícola brasileira. Em 2016, o Brasil foi responsável por 34% do volume de café exportado no mundo, sendo considerado o maior exportador mundial de café.

O maior programa mundial de pesquisas em café é desenvolvido no Brasil, com grandes investimentos pelo Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&DCafé) em pesquisas sobre melhoramento genético, biotecnologia e manejo de pragas. Sua produção acontece principalmente em Minas Gerais (principal estado produtor), com mais da metade do cultivo do país, e, juntamente com São Paulo e Espírito Santo, concentram aproximadamente 83% da produção nacional do grão (CONAB, 2017).

A produção de cacau no Brasil o coloca no ranking dos principais produtores mundiais. A produção mundial do cacau teve início no Brasil, mais especificamente na Amazônia, se estendendo até o sul da Bahia, maior estado produtor desse grão.

O Brasil é considerado o maior produtor mundial de arroz e o décimo maior produtor mundial desse grão. Os estados responsáveis por essa produção são o Rio Grande do Sul, maior estado produtor, responsável em 2014 por 65% da produção nacional, Santa Catarina,

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Mato Grosso, Tocantins e Maranhão, cuja produção total desses estados corresponde a 92% de toda produção nacional desse grão (MAPA, 2017). No período entre 1974 e 2017, o país reduziu sua área plantada em 57% e aumentou sua produção em 82%, totalizando 321% de aumento na produtividade desse grão.

O Brasil produz cerca da metade da demanda nacional de consumo do trigo, sendo esse o principal produto importado pelo país, e o estado do Paraná é o maior produtor, seguido pelo Rio Grande do Sul.

No que tange a produtividade agrícola das variáveis citadas anteriormente, seu crescimento pode ser analisado na Tabela 2.

Tabela 2 - Produção vegetal

(continua) Descrição Censos 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1985 1995 2006 Soja Produção (toneladas) - 1.928 45.023 216.033 1.884.227 12.757.962 16.730.087 21.563.768 40.712.683 Área colhida (ha) - - - - 2.185.832 7.783.706 9.434.686 9.240.301 15.646.980 Rendimento (kg/ha) - - - - 862,02 1.639,06 1.773,25 2.333,67 2.601,95 Milho Produção (toneladas) 4.999.697 5.359.863 6.660.680 8.374.406 12.770.216 15.722.581 17.774.404 25.511.889 42.281.800 Área colhida (ha) 2.451.382 - 5.311.799 7.791.314 10.670.188 10.338.592 12.040.441 10.448.537 11.724.362 Rendimento (kg/ha) 2.039,54 - 1.253,94 1.074,84 1.196,81 1.520,77 1.476,23 2.441,67 3.606,32 Trigo Produção (toneladas) 87.180 96.885 364.108 503.715 1.905.961 2.411.724 3.824.286 1.433.116 2.257.598 Área colhida (ha) 136.069 - 515.661 - 2.057.898 2.638.320 2.518.086 842.730 1.300.006 Rendimento (kg/ha) 640,7 - 706,1 - 926,17 914,11 1.518,73 1.700,56 1.736,61 Arroz Produção 831.495 1.196.500 2.784.989 3.762.212 5.271.272 8.086.747 8.986.289 8.047.895 9.447.257

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Tabela 2 - Produção vegetal (conclusão) Descrição Censos 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1985 1995 2006 (toneladas) Área colhida (ha) 532.384 - 2.163.653 2.950.043 4.312.134 5.712.072 5.173.330 2.968.126 2.409.587 Rendimento (kg/ha) 1.561,83 - 1.287,17 1.275,31 1.222,43 1.415,73 1.737,04 2.711,44 3.920,70 Café Produção (toneladas) 520.402 792.783 1.288.831 2.685.865 752.737 1.397.452 2.442.003 1.873.189 2.360.756 Área colhida (ha) 2.215.658 - 2.465.450 4.030.614 1.635.666 2.449.225 2.636.704 1.812.250 1.687.851 Rendimento (kg/ha) 234,87 - 522,76 666,37 460,2 570,57 926,16 1.033,63 1.398,68 Cacau Produção (toneladas) 66.883 108.076 146.728 169.050 204.478 352.998 422.737 242.104 199.172 Área colhida (ha) 197.129 - 303.347 398.958 419.965 474.837 691.026 679.778 515.871 Rendimento (kg/ha) 339,29 - 483,7 423,73 486,89 743,41 611,75 356,15 386,09

Fonte: Adaptado de GASQUES; VIEIRA FILHO; NAVARRO (2010).

Na Tabela 2 observa-se uma melhoria no rendimento médio das lavouras de café, que entre 1920 e 2006 aumentou seis vezes. Já o rendimento do milho dobrou no período de 1970 a 2006, e o rendimento do trigo e da soja triplicou no mesmo período (Tabela 2).

No setor agrícola os preços são fixados pelo mercado, assim a redução dos custos e aumento da produtividade se torna essencial para o seu desempenho competitivo.

Gasques et al. (2004) afirmam que as mudanças ocorridas no setor e o desenvolvimento de novas tecnologias, propiciaram o aumento de produtividade ocorrido no período em análise, além da competição com países referências em produção agrícola mundial.

A agricultura passou a ocupar papel de destaque, devido a mecanização e automação nos processos, investimentos em pesquisas e novas tecnologias. A expansão da produção pelas novas áreas até então impróprias para o cultivo e menos custosas, como ocorre em

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países mais desenvolvidos, não é muito utilizado no Brasil. Assim, a produtividade agrícola da área é fundamental para a economia do país.

A expansão das terras cultiváveis e o aumento da produtividade da terra, elevaram a oferta mundial de alimentos, reduzindo o preço dos mesmos, o que consequentemente reduziu a renda dos produtores agrícolas, concorrendo para investimentos em novas tecnologias que visam minimização dos custos e elevação da produtividade.

O status que o Brasil alcançou nos últimos anos, se tornando uma superpotência mundial na produção agropecuária, reflete em sua economia, na demanda de empregos, na produção de alimentos, na produção de energia, na geração de renda, nas suas exportações, no PIB, além de tecnologias e estudos profissionalizantes na área.

O Gráfico 1 apresenta a evolução da quantidade produzida e da área plantada dos grãos selecionados para a pesquisa no período em análise.

Gráfico 1 - Evolução da quantidade produzida e da área plantada no Brasil no período de 1992 a 2017

Fonte: Organização do autor (2019).

0 50000000 100000000 150000000 200000000 250000000 1992 1997 2002 2007 2012 2017

Evolução da quantidade produzida e da área plantada no Brasil no período de 1992 a 2017

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Pela análise do Gráfico 1, nos últimos vinte e cinco anos, a área plantada e a quantidade produzida dos grãos não cresceram na mesma proporção. A área plantada cresceu 173% enquanto que a quantidade produzida cresceu mais de 354% e esse aumento da quantidade produzida se deve, principalmente, ao aumento da produtividade

O agronegócio é um setor com diferentes oportunidades de investimentos, desenvolvimento e tecnologia, além de contribuir para o saldo positivo da balança comercial brasileira (CONAB, 2017).

COSTA et al. (2013) afirmam que além de influenciar em todos os setores econômicos, o agronegócio tem capacidade para atender as necessidades alimentares da população, sendo vital o conhecimento dos aspectos que caracterizam essa atividade. O Brasil é o principal aspirante ao cargo de maior fornecedor de alimentos do mundo, e os motivos são sua vasta extensão territorial, mão-de-obra disponível, entre outros (CONCEIÇÃO; CONCEIÇÃO, 2014).

Além da grande disponibilidade de terras para o cultivo, o Brasil possui outras condições favoráveis, que sugerem uma vocação natural ao agronegócio, favorecendo a competitividade da produção agrícola nacional, como a abundância de água, a tecnologia de ponta, o clima favorável, a matéria orgânica nos solos e as temperaturas ideais para cultivo. Esses recursos naturais propiciam o cultivo agrícola em até três safras no ano, e além disso o Brasil não é acometido por fenômenos naturais de clima extremo que poderiam prejudicar a agricultura, como furacões ou nevascas.

As vantagens geográficas e recursos naturais, citadas no parágrafo anterior, não asseguram a liderança mundial agrícola, necessitando ainda da criação de vantagens competitivas em todos os setores envolvidos na produtividade agrícola do país (MEDEIROS; BENDER FILHO; CORONEL, 2017).

Outro fator importante que favorece a competitividade do setor no país são os programas de incentivos governamentais com grande disponibilidade de recursos financeiros e linhas de crédito rural com taxas de juros facilitadas, além da taxa de câmbio que favorece as exportações e a competitividade do país no exterior.

É o país mais extenso da América do Sul e o quinto com maior possiblidade de expansão de sua capacidade agrícola, sem prejudicar o meio ambiente. Ao mesmo tempo, alguns desafios ou barreiras ao agronegócio precisam ser vencidas, como problemas de infraestrutura e logística, complexa legislação tributária, recursos financeiros ineficazes, má gestão, mão-de-obra desqualificada, desigualdades. O potencial híbrido do país também poderia ser melhor aproveitado, com a construção de portos que minimizariam o custo com

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transportes, melhorando a logística de escoamento dos grãos. Outro ponto de melhoria que asseguraria vantagem competitiva ao país seriam melhores estratégias de administração pública ou do setor.

A logística, por exemplo, ainda tem sérios problemas quando comparada com outros países produtores, com o escoamento da produção ainda realizado quase em sua totalidade por rodovias, que em sua maioria estão em péssimo estado de conservação, praticamente sem condições de uso, aumentando gastos com fretes e trazendo grandes perdas de produtos, diminuindo a competitividade do país no exterior.

Outro grande problema no país é a sua capacidade de armazenagem. Ampliar sua capacidade de armazenagem com o aumento de investimentos em armazéns confere vantagem estratégica ao país, principalmente no sentido de gerenciamento de riscos. Os grandes produtores mundiais possuem capacidade de armazenar quase duas safras completas, enquanto o Brasil, que vem alcançando safras recordes, consegue armazenar um pouco mais de 70% de sua safra (IBGE, 2018).

Mudanças políticas também influenciam diretamente o agronegócio. O país passou por mudanças políticas recentes, como o impeachment da presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer assumindo em seu lugar. O próximo presidente eleito, Jair Bolsonaro, assumiu o país em meio a uma crise econômica e política.

O custo-Brasil, que engloba os custos de infraestrutura e transporte, além das altas taxas de juros, a carga tributária elevada e os custos trabalhistas e previdenciários também prejudicam o agronegócio, que apesar de todos esses entraves, continua prosperando e amparando o país (SILVA et al., 2018).

A agropecuária brasileira vem tendo um bom desempenho também no mercado internacional, colocando o país entre os maiores exportadores agropecuários do mundo. Segundo a EMBRAPA (2017), de cada quatro produtos agropecuários em circulação no mundo, um deles é de origem brasileira. Os principais destinos das exportações do país são a China, Estados Unidos, Países Baixos, sendo esses três países responsáveis por absorver quase 40% das exportações agropecuárias (MAPA, 2015). Os maiores exportadores de soja são os Estados Unidos, o Brasil e a Argentina, que respondem juntos por 85% das exportações mundiais desse grão (FAO, 2009).

Impactando diretamente na economia do país, o agronegócio afeta positivamente as exportações, sustentando assim a economia nacional. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA, 2017) o agronegócio representa 45% das exportações brasileiras, refletindo no PIB do país, no qual tem participação de quase 25%. De acordo com o Centro de Estudos

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Avançados em Economia Aplicada (CEPEA, 2017) é responsável por quase 20% dos empregos no país, além de movimentar muitos insumos, com a adoção de novas tecnologias e investimentos.

De acordo com Barros (2017), no período entre 1995 e 2015, o volume das exportações multiplicou-se por seis, ao mesmo tempo, nesse mesmo período, o PIB agropecuário cresceu duas vezes e meia. Toda política de incentivo ao café no período em análise trouxe excelentes resultados, chegando a ser o grão responsável por 70% do faturamento das exportações do país. Atualmente, o agronegócio é responsável pelo superávit nacional, compensando o déficit oriundo dos outros setores da economia.

Brugnaro e Bacha (2009) afirmam que a tendência mundial é a redução da participação agropecuária no PIB ao longo do tempo, o que elevaria a participação de outros setores, como indústria e serviços. Países desenvolvidos apresentaram participação no PIB muito baixa (em torno de 2%) tendendo à queda, e alguns países subdesenvolvidos apresentaram participações similares, apesar do índice um pouco mais elevado (entre 7,5 e 15%). O Brasil apresentou tendência declinante até o ano de 1993, seguindo essa tendência mundial, mas durante o período de 1994 até 2004, a participação agropecuária no PIB aumentou no país, sendo que em 2004 representou 9,6% do PIB e nos anos posteriores esse índice só cresceu.

O saldo comercial do agronegócio brasileiro apresentou valores positivos após a abertura comercial do país, sendo considerado o setor responsável pelo desempenho positivo da balança comercial do país (TEIXEIRA et al., 2018). A participação do agronegócio na balança comercial brasileira foi de 40 a 46% no período de 2002 a 2014, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA, 2017)

Com o crescimento da agricultura, quase metade das exportações são provenientes do campo, setor que sustenta a balança comercial brasileira. O agronegócio também representa quase um quarto do PIB nacional, o que traz desenvolvimento econômico ao país (CONAB, 2017).

Sobre a produtividade de grãos no país como um todo, nos últimos 46 anos o Brasil aumentou a produtividade de grãos em 555,6% e teve sua área plantada ampliada em apenas 163,43%. Esse crescimento acentuado da produtividade agrícola deve-se aos investimentos em pesquisa agrícola mais intensas, principalmente a partir de 1970, e é resultado também das políticas implementadas no período em análise, conforme citado em parágrafos anteriores. Essa produtividade crescente a preços cada vez menores ao longo do período analisado traz

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