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Projeto de Pesquisa. Patologias do Social: A Razão Diagnóstica entre a Psicanálise e a Teoria Social Crítica

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Projeto de Pesquisa

Patologias do Social:

A Razão Diagnóstica entre a Psicanálise e a Teoria Social Crítica

Christian Ingo Lenz Dunker (IPUSP- PSC) Vladimir Pinheiro Safatle (FFLCH-USP - Filosofia) Nelson da Silva Jr. (IPUSP-PST)

Resumo

A presente pesquisa pretende realizar um exame crítico das estratégias diagnósticas em curso na psiquiatria, na teoria social e na psicanálise. O objetivo é formar um quadro de referências para o entendimento das patologias sociais. Considera-se os trabalhos de Adorno, Foucault, Lyotard, Deleuze e Honneth, especificamente quanto à sua utilização e exame da prática e conceitografia psicanalítica. Pretende-se extrair implicações das teses destes autores para a própria renovação da prática diagnóstica em psicanálise bem como para o reposicionamento do alcance e limites da diagnóstica psiquiátrica. Propõe-se um protocolo clínico que reúna e organize diferentes planos de consideração da patologia social. Utiliza-se o método baseado na construção de casos clínicos para verificar a pertinência do protocolo clínico assim delimitado.

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1. Introdução

Em 1952 é publicada a primeira versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM), organizada pela Associação Psiquiátrica Americana. Ele

amplia a classificação utilizada pelo exército, desde 1918, de modo a uniformizar os critérios semiológicos da prática diagnóstica em torno de 182 distúrbios (disorders)1. Suas categorias são, sobretudo, de extração psicodinâmica ressaltando-se a oposição entre neurose e psicose. O primeiro grupo é referido principalmente em torno do espectro que vai da ansiedade à depressão, com relativa preservação da ligação com a realidade. O segundo grupo caracteriza-se pela presença de alucinações e delírios, com perda substantiva da realidade2. Quadros de etiologia biológica e condições responsivas a contextos sociais específicos encontravam-se representados. O conjunto não refletia uma clara separação entre o normal e o patológico e a intenção da obra era principalmente estabelecer um consenso terminológico entre os clínicos.

Em 1974 sob a liderança do psiquiatra Robert Spitzer, forma-se uma força tarefa com o fim de estabelecer uma nova versão deste Manual. Aparece o DSM-II com características inteiramente diferentes do anterior: há uma clara intenção em ajustar a classificação americana ao instrumento correlato proposto pela Organização Mundial de Saúde (CID), o critério etiológico é explicitamente abandonado bem como a referência à teoria psicodinâmica, além disso, o instrumento pretende uniformizar também a pesquisa em psicopatologia, com base biomédica. Em 1980, uma nova versão (DSM-III) admite pela última vez o emprego da neurose como categoria clínica. Os contextos e variantes sociais são reduzidos à “síndromes culturais específicas” ou distribuídos por um entendimento bastante limitado do campo social na determinação, expressão e caracterização dos transtornos mentais. O Manual torna-se uma referência internacional aceita na maior parte dos países do ocidente, utilizado massivamente pelos sistemas de saúde pública, pelos convênios médicos e pelos centros de pesquisa psiquiátrica e farmacêutica 3. Os critérios diagnósticos são organizados segundo cinco eixos: (1) transtornos clínicos (2) transtornos de personalidade (3) condições médicas gerais (4) problemas psicossociais e ambientais (5) avaliação global do funcionamento. Esta

1

Grob, GN. (1991) Origins of DSM-I: a study in appearance and reality Am J Psychiatry. Apr;148(4):421–31.

2

Wilson, M. (1993) DSM-III and the transformation of American psychiatry: a history. Am J Psychiatry. 1993 Mar;150(3):399–410.

3

Mayes, R. & Horwitz, AV. (2005) DSM-III and the revolution in the classification of mental illness. J Hist Behav Sci 41(3):249–67

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organização geral preserva-se nas edições seguintes, até a atualmente utilizada (DSM-R) e deve manter-se na revisão prevista para 2011 4.

Portanto, no espaço de 50 anos rompeu-se a longa tradição, em vigor desde Pinel, na qual a caracterização das formas de sofrimento, alienação ou patologia mental, fazia-se acompanhar da fundamentação ou da crítica filosófica. Isso se mostra na influência que Pinel sofrera do pensamento hegeliano, na importância de Kant para a formação da psiquiatria clássica alemã (Kraeplin), do associacionismo inglês na psiquiatria de Griesinger, ou do positivismo comteano para a psiquiatria clássica francesa (Esquirol, Morel) ou ainda presença de Husserl na psiquiatria de Karl Jaspers

5

. A partir de meados do século XX este sistema de correspondências psiquiátrico-filosófico se deslocou de tal maneira a incluir a psicanálise, isso se mostra inicialmente no modelo proposto por Eugen Bleuler e depois na figura de compromisso, um tanto ambígua quanto a sua definição exata, conhecida como psiquiatria psicodinâmica.

Não que o programa contido no Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM) esteja isento de implicações filosóficas, éticas e

epistemológicas, mas estas jamais são assumidas explicitamente e o centro desta problemática é deslocado para o campo genérico da fundamentação das ciências biológicas. O fato que nos interessa é este rompimento do nexo com os discursos psicanalítico e social que faziam a patologia mental depender dos modos de subjetivação e socialização em curso em um dado regime de racionalidade. Desta maneira é bastante plausível que tais modos de subjetivação e socialização encontrem-se ainda preencontrem-sentes nas categorias psiquiátricas, posto que sua formação histórica acusa este regime de dependência. Ocorre que tal fato tornou-se invisível e apagado da prática diagnóstica corrente ou das razões que a justificam.

É importante notar que a partir deste mesmo período, do pós-guerra, verificou-se no cenário das ciências humanas um movimento significativo de autores que, apropriando-se de categorias psicanalíticas e filosóficas, empreenderam tentativas em uma outra forma de diagnóstico. A este respeito, lembremos como algumas das correntes mais relevantes da filosofia do século XX assumiram para si a tarefa de fornecer quadros de reflexão sobre os impasses das sociedades capitalistas. Partindo da

4

First, M. (2002) A Research Agenda for DSM-V: Summary of the DSM-V Preplanning White Papers Published in May 2002.

5

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certeza de que as expectativas abertas pela modernidade filosófica só poderiam ser realizadas através de uma compreensão clara dos desafios próprios a contextos sócio-políticos de ação, tais correntes não temeram em dar, a problemas ligados a modos de racionalização de vínculos sociais, o estatuto de objetos de indiscutível dignidade filosófica. Pois estava claro que a razão demonstra sua real configuração sobretudo através das estratégias de justificação de práticas sociais em operação nas relações de sujeitos às instituições, à família ou à si mesmo em um determinado tempo histórico. Fazer uma auto-crítica da razão e de suas aspirações era pois um movimento indissociável de uma certa recuperação filosófica do campo da teoria social, já que se tratava questão de mostrar como os conceitos da modernidade filosófica ganhavam sua significação apenas lá onde instituições e práticas partilhadas que aspiravam racionalidade afirmavam sua hegemonia.

No entanto, tal recuperação filosófica do campo da teoria social foi, muitas vezes, realizado graças a um movimento que consistia em operar recursos sistemáticos à psicanálise. Esta articulação cerrada entre filosofia, teoria social e psicanálise perpassa a filosofia do século XX desde a enunciação do programa interdisciplinar da primeira geração da Escola de Frankfurt. Ela será novamente encontrada em filósofos fundamentais do pensamento francês contemporâneo, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Jean-François Lyotard, mesmo que, nestes casos, o recurso à psicanálise seja, muitas vezes, marcado pela ambivalência de quem reconhece que uma clínica inovadora e prenhe de novas problematizações pode ser solidária de práticas disciplinares que bloqueiam a reconstituição de vínculos sociais a partir de novas bases.

Ainda no período em questão assistiu-se uma renovação na forma como a psicanálise configurou o campo clínico do patológico. Destacamos aqui o trabalho de Lacan e seus continuadores que assinala uma nova ruptura com relação aos fundamentos da diagnóstica psiquiátrica. Tanto em sua teoria das estruturas clínicas6, quanto em sua concepção sobre a constituição do sujeito7 e ainda em sua concepção dos discursos como formas de laço social8 ou nas teses sobre a sexuação9, Lacan afasta os fundamentos biológicos do campo da psicopatologia. Este movimento recoloca o problema do diagnóstico em termos da relação intersubjetiva (transferência), da relação

6

Lacan, J. – (1955) O Seminário, Livro III – As Psicoses. Jorge Zahar. Rio de Janeiro, 1988.

7

Lacan, J. – (1957) O Seminário, Livro V – As Formações do Inconsciente. Rio de Janeiro, 1999.

8

Lacan, J. – (1992) O Seminário, Livro XVII – O Avesso da Psicanálise. Rio de Janeiro, 1992.

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com a linguagem (estrutura da fala e do discurso) e da relação com as estruturas antropológicas (função paterna).

Diante deste quadro propomos a realização de um balanço crítico da razão diagnóstica de forma a compilar e analisar as compatibilidades e divergências entre as diferentes maneiras de pensar as patologias do social. Não é certo que os desenvolvimentos verificados nas ciências humanas, que se serviram de categorias diagnósticas psicanalíticas, tenham retornado à psicanálise de modo a que esta incorporasse suas críticas e conseqüências. Também não é certo que as objeções levantadas por psicanalistas ao modelo psiquiátrico hegemônico estejam advertidas de seus próprios fundamentos e implicações quanto ao modo de pensar as patologias sociais. A presente pesquisa caracteriza-se, nesta medida, como um experimento teórico que pretende compilar estas diferentes estratégias diagnósticas, formuladas nos últimos 50 anos, discutir suas paridades epistemológicas e propor um teste clínico destas hipóteses. Nosso intuito é organizar o intenso esforço teórico realizado desde o pós-guerra, no interior das ciências humanas e da psicanálise de tal forma a situar certos consensos diagnósticos alternativos.

Seria possível re-converter a diagnóstica social para o interior da racionalidade clínica? Neste caso seria preciso acolher e tomar em consideração, clinicamente, as críticas que se dirigem à própria psicanálise. Nosso intuito não é promover um novo modelo, baseado afinal em uma estratégia antiga de mutualismo clínico-filosófico, mas, por meio deste experimento, tornar legível os impasses de racionalização que esta primeira estratégia esconde, contribuindo assim tanto para o campo da diagnóstica social como da diagnóstica psicanalítica. Sobretudo, trata-se também de mostrar como articulam-se de maneira orgânica, na experiência intelectual do século XX, crítica da razão, crítica das formas de vida e reflexão sobre o caráter social do sofrimento psíquico.

A este respeito, lembremos como, sendo os núcleos de interação social modos de realização de formas de ordenamento, de determinação de validade e comportamento do que estamos dispostos a contar como racional, então a verdadeira crítica da razão deverá ser uma crítica das formas de vida que se perpetuam através dos modos institucionais de reprodução social. Crítica, no caso, do caráter distorcido das formas de vida na modernidade ocidental. Crítica da natureza patológica de tais formas de vida com suas exigências de auto-conservação.

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Tomemos como exemplo o caso de Adorno. O filósofo alemão quer insistir que os modos de organização da realidade no capitalismo avançado, assim como os regimes de funcionamento de suas dinâmicas de interação social, de seus núcleos de socialização, eram dependentes da implementação de uma metafísica da identidade. Daí uma afirmação chave como: “A identidade é a forma originária da ideologia”. Esta metafísica da identidade guiaria a ontogênese das capacidades prático-cognitivas dos sujeitos através da internalização de exigências de unidade que orientam a formação do Eu e reprimem o que é da ordem do corpo, das pulsões e da sexualidade. Assim, se Adorno pode dizer que: “identidade de si e alienação de si estão juntas desde o início” (Adorno, 1975, p. 216) é principalmente porque a socialização que visa constituir individualidades segue a lógica da internalização de uma Lei repressiva da identidade. Daí afirmações como: “A consciência nascente da liberdade alimenta-se da memória (Erinnerung) do impulso (Impuls) arcaico, não ainda guiado por um eu sólido. Quanto mais o eu restringe (zügeln) tal impulso, mais a liberdade primitiva (vorzeitlich) lhe parece suspeita pois caótica” (Adorno, 1975, p. 221). Afirmações que demonstram como análise da realidade social, crítica da metafísica da identidade e crítica da ontogênese das capacidades prático-cognitivas estariam absolutamente vinculadas.

É tendo este problema em vista que podemos compreender o tipo de leitura que Adorno faz da razão prática kantiana em textos como Dialética do Esclarecimento e

Dialética negativa. Ele quer mostrar como esta metafísica da identidade está na base da

formação de conceitos reguladores para a dimensão prática como: vontade livre, autonomia, ação por amor à lei moral, liberdade como causalidade. Ele quer ainda seguir esta intuição nietzscheana fundamental que submete problemas epistêmicos (no caso, a estrutura do sujeito do conhecimento) a julgamentos morais, intuição que se pergunta pela moral pressuposta por perspectivas epistêmicas determinadas. Talvez não seja por outra razão que, ao falar da verdadeira função da subjetividade constitutiva ligada a um conceito transcendental de sujeito, Adorno utilize categorias psicológicas de forte ressonância moral como medo do caos (um motivo central para a fundamentação da filosofia moral kantiana, segundo Adorno), impulso de dominação da natureza, necessidade de auto-preservação etc.

Mas notemos um dado maior. Temos aqui um regime de crítica que não se contenta em ser guiado por exigência de realização de ideais normativos de justiça e consenso que já estariam presentes em alguma dimensão da vida social. Pois isto nos impede de desenvolver uma crítica mais profunda que nos permita questionar a gênese

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de nossos próprios ideais de justiça e consenso, já que eles dependem de valores de autonomia, liberdade e reconhecimento que têm uma gênese empírica clara. Ou seja, a crítica não pode ser apenas a comparação entre situações concretas determinadas e normas socialmente partilhadas. Esta é, no fundo, uma crítica de juizado de pequenas causas que se contenta em comparar normas e caso. Antes, a verdade crítica tem a força de se voltar contra nossos próprios ideais normativos, já que ela se pergunta se nossa forma de vida não é mutilada a ponto de se orientar por valores resultantes de distorções patológicas, ou seja, se nossa forma de vida não é uma patologia. Axel Honneth, quem desenvolveu de maneira mais bem acabada a natureza desta crítica como sintomatologia que visa identificar patologias sociais, tem uma descrição clara a respeito deste problema: “O disfuncionamento social aqui não diz respeito apenas a um prejuízo contra os princípios de justiça. Trata-se, na verdade, de criticar as perturbações que partilha com as doenças psíquicas a característica de restringir ou alterar a as possibilidades de vidas supostamente ‘normais’ ou ‘sãs’” (Honneth, 2006, p. 89)..

O que não significa nenhum grande salto, já que as categorias nosográficas psicanalíticas (como neurose, histeria, perversão, psicose) não são descrições de disfuncionamentos quantitativos em órgãos e funções psíquicas isoladas, mas modificações globais de conduta advinda de posições subjetivas possíveis frente ao desejo.

2. Justificativa

A presente pesquisa pretende contribuir com três áreas com as quais dialoga. As inúmeras críticas recebidas pelo modelo contido no Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais são atualmente objeto de uma revisão crítica, tendo em vista sua

reformulação prevista para 20011. A ineficácia, quanto à acuracidade diagnóstica; a extensão, quanto a patologização irrestrita da maior parte da população e a hipermedicalização que este modelo induz tem sido fonte de preocupação, principalmente entre os psiquiatras europeus. Nossa pesquisa pode contribuir para esta reflexão crítica que se esboça. As políticas públicas, notadamente em nosso país, que decorrem deste modelo, encontram-se divididas entre um movimento de despsiquiatrização asilar e a impossibilidade prática de lidar com a massiva fármaco-terapia que se lhe associa. Uma revisão da razão diagnóstica mostra-se, portanto, necessária em termos desta demanda social emergente.

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No que diz respeito ao uso de categorias clínico-diagnósticas pela teoria social e pela filosofia verificamos um problema crônico nesta estratégia. Ao importar conceitos para um debate, em princípio estranho ao seu solo de origem, perdem-se ligações importantes quanto ao regime de funcionamento inicial dos conceitos. Ao mesmo tempo surgem implicações tácitas que permanecem elididas neste novo modo de articulação. Contudo isso, por si só, não desautoriza a legitimidade e pertinência deste deslocamento inter-disciplinar. Falta a este movimento um retorno sobre sua referência fundamental, qual seja, a referência clínica. Nestes termos justifica-se uma pesquisa que pretende reconduzir as articulações derivadas da clínica psicanalítica para seu campo de referência inicial. Isso pode tanto reforçar o valor das teses derivadas quanto desmentir sua extensão ou universalidade.

Esta investigação pode contribuir ainda para a própria clínica psicanalítica, tanto no que diz respeito à formalização de sua práxis, quanto ao esclarecimento de seus fundamentos diagnósticos. As pesquisas atuais10 sobre os últimos trabalhos de Lacan, realizados entre 1973 e 1981, tem colocado em evidência oscilações e modificações significativas quanto ao seu entendimento do campo psicopatológico. À medida que estes trabalhos tornam-se públicos, em edições recentes11, fica cada vez mais nítida a necessidade de rever o conjunto da diagnóstica psicanalítica inspirada neste autor. Não está em questão apenas a inclusão ou não de novas categorias, mas a própria racionalidade, operativa e teórica, desta diagnóstica. Justifica-se, nestes termos, o esforço de examinar a noção de patologias do social de modo a verificar a congruência ou disparidade de suas implicações no contexto dos modos de subjetivação emergentes no capitalismo tardio.

3. Objetivos

O primeiro objetivo de nossa pesquisa é formalizar a noção de diagnóstico de tal forma a incluir as estratégias não psicologizantes ou psiquiatrizantes. Pretendemos mostrar como os principais critérios da prática diagnóstica em psicopatologia encontram correlatos na teoria social e na crítica da cultura. Nossa hipótese inicial12 é de que tais critérios insistem em quatro dimensões:

(a) Diferencial

10

Thurston, L. - Re-Inventing the Symptom: Essays on the Final Lacan. Parveen Adams, NY, 2007.

11

Lacan, J. – (1975) O Seminário – Livro XXIII O Sintoma. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2007.

12

Dunker, C.I.L. – Constituição e Estrutura da Clínica Psicanalítica. Tese de Livre Docência, Instituto de Psicologia da USP, 2007.

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(b) Evolutiva (c) Etiológica

(d) Prognóstica ou terapêutica

Pretendemos mostrar, a partir de um exame crítico destas categorias como elas encontram-se estreitamente dependentes de conceitos sociológicos e filosóficos tais como: (a) a noção de tipo ideal desenvolvida a partir de Max Weber, (b) a filosofia da história derivada de Augusto Comte (c) a teoria da causalidade derivada de Laplace e (d) a concepção homeostática dos fenômenos sociais derivada de Emile Durkheim e da incorporação das idéias darwinistas em teoria social. Nosso objetivo é mostrar como a concepção atualmente hegemônica sobre o conceito de diagnóstico não é a única possível e nem a mais crítica que se pode conceber.

Uma vez estabelecido o caráter parcial e redutivo desta acepção de diagnóstico, nosso segundo passo será propor um quadro teórico das formas de articulação entre crítica da razão, como crítica das formas de vida, no pensamento do século XX. Nossa hipótese é de que uma parte substancial da crítica filosófica, sociológica e literária da segunda metade do século XIX, entendeu a própria atividade crítica como identificação e comparação de patologias sociais. Para esta tarefa escolhemos trabalhar apenas com autores representativos deste movimento e que incluam uma referência categorial ou crítica à psicanálise, a saber: (a) Deleuze, (b) Adorno, (c) Foucault, (d) Lyotard, (e) Honneth. A escolha destes autores obedece alguns critérios. Todos eles desenvolvem suas obras na segunda metade do século XX, representando correntes de pensamento definitivamente distintas, porém sensíveis à reflexão clínica psicanalítica. Em todos os casos encontramos críticas sistemáticas à própria prática da psicanálise, seja de forma direta13, na forma contextual14, seja na figura de seus continuadores 15, ou ainda nas suas limitações pragmáticas 16. Finalmente, todos os autores em questão utilizam-se de conceitos psicanalíticos, ou de derivações destes, para praticar a crítica e a diagnóstica de nossa época.

Nossa hipótese, neste ponto, é de que a psicanálise informou este movimento crítico de forma heterogênea e capilar. Pretendemos mostrar como isso se deu de forma circunstanciada com o objetivo de reverter a crítica sociológica e filosófica para os

13

Deleuze G. & Guattari, F. – O Anti-Édipo, Imago, Rio de Janeiro, 1976.

14

Foucault, M. – História da Sexualidade VI – A Vontade de Saber. Graal, Rio de Janeiro, 1985.

15

Jacoby, R. – Amnésia Social, Zahar, Rio de Janeiro, 1977.

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próprios desenvolvimentos ulteriores da psicanálise no século XX. Escolhemos a obra de Lacan, particularmente, em seu entendimento do tratamento psicanalítico e em sua razão diagnóstica, como ponto de convergência para esta confrontação.

Uma objeção que se pode levantar à pesquisa de Adorno17, que serve de modelo para nossa própria investigação, reside no fato de que este concentra-se nos modos de descrição da patologia social evitando, cuidadosamente, a dimensão dos modos de intervenção e transformação social possíveis. Entendemos, ao contrário, que uma diagnóstica contemporânea deve levar em contra também as práticas ou estratégias de cura, tratamento e intervenção. Nosso objetivo não é verificar a validade ou eficácia desta dimensão, mas mostrar como as práticas de intenção transformativa possuem, em si, valor diagnóstico a cerca dos modos de subjetivação sob os quais se detém. Ao assumirem categorias e juízos tácitos sobre sua própria ação revelam o exercício de uma diagnóstica presumida e implícita.

Nosso último objetivo é mostrar como o conjunto de estratégias diagnósticas extraído das reflexões de nossos autores de referências pode ser localizado em narrativas particulares e estratégias intersubjetivas presentes em pacientes tratados pelo método psicanalítico nos dias de hoje. Ao contrário da pesquisa conduzida por Adorno, que procurou verificar a validade de suas intuições a partir de escalas não paramétricas e questionários, a presente pesquisa adota uma metodologia baseada na construção de casos clínicos, de modo a justificar tanto o valor paradigmático de certas narrativas sobre o sofrimento psíquico em nossa época, quanto incorporar a premissa metodológica contida no conceito de transferência.

4. Método

A pesquisa se desenvolverá em três etapas distintas. As duas primeiras etapas serão desenvolvidas por grupos de trabalho do Laboratório de Teoria Social, Psicanálise e Filosofia da USP (Latesfip), contando cada grupo com 15 pesquisadores, entre mestrandos, doutorandos e alunos de iniciação científica, além dos coordenadores. A etapa II redundará na proposição de um protocolo esquemático sobre as patologias

17

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sociais construído a partir do exame crítico das considerações diagnósticas dos autores selecionados.

Planeja-se a distribuição das tarefas de localização e organização bibliográfica e a subseqüente análise do material em formato coletivo.

Na terceira etapa contaremos com a apresentação de casos clínicos, recolhidos por 10 psicanalistas ligados ao Latesfip. A construção dos casos clínicos adotará por método a formalização das categorias propostas nas duas etapas anteriores, seguindo-se como orientação o protocolo proposto como resultado da etapa II. Nesta etapa o protocolo diagnóstico será cotejado com a experiência clínica direta, verificando-se então sua pertinência e abrangência.

(a) Etapa I

Esta etapa centra-se nas considerações sobre a possibilidade de uma estratégia diagnóstica advertida das implicações ideológicas contidas na noção de normalidade, desvio ou patologia. Parte-se dos estudos seminais de Canguilhem18 sobre este tema e pretende-se continuar a linha de pesquisa desenvolvida atualmente pelo Grupo de Manchester em torno da desconstrução da psicopatologia e da psicoterapia19.

Examina-se em seguida a querela dos diagnósticos no capitalismo pós-industrial realizando uma crítica dos modelos que pensam os modos de constituição de subjetividades a partir da detecção de invariâncias ou regularidades. Planeja-se uma crítica epistemológica das demonstrações sociológicas a partir do exame de seus fundamentos metodológicos. Esse movimento pretende subsidiar a recusa do horizonte normativo representado pela noção tipo ideal, formulada por Max Weber20. Mostraremos como esta noção impregna a gramática dos tipos combinados, que inspira o esquema classificatório do DSM.

Termina-se por realizar uma compilação crítica das formas de sofrimento social expressas em estruturas psicopatológicas proeminentes no capitalismo pós-industrial. Realizaremos um inventário histórico e epidemiológico das principais categorias mencionadas na literatura como afecções caracteristicamente prevalentes após os anos 1950. Há uma extensa bibliografia de inspiração psicanalítica que versa sobre este tema.

18

Canguilhem, G. – O Normal e o Patológico. Forense Universitária, Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1990.

19

Parker, et, alli – Desconstructing Psychotherapy, Sage, London, 1999.

20

Weber, M. – A Psicologia Social das Religiões Mundiais. In Ensaios de Sociologia, Zahar, Rio de Janeiro, 1963.

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Mostraremos que boa parte destes estudos orientam-se para uma crítica conservadora, posicionando a psicopatologia psicanalítica de forma concorrente aos sistemas classificatórios dominantes na psiquiatria contemporânea ou absorvendo suas categorias sem a necessária mediação. Nosso juízo inicial é de que falta à maior parte desta produção a reversão dos estudos sociológico e filosóficos para o interior da própria psicopatologia psicanalítica.

(b) Etapa II

Pretende-se formular um quadro teórico das formas de articulação entre crítica da razão, como crítica das formas de vida, no pensamento do século XX de modo a demonstrar como tal atividade depende e induz a identificação de patologias sociais. Segue-se uma pequena apresentação justificada dos autores e dos conceitos precípuos que pretendemos examinar:

(a) Deleuze e a noção ressentimento social. Enfatizaremos neste caso o fenômeno da produção performativa de si, que inclui como subtemas: a política dos afetos, a percepção social do risco e a implementação perversa de fantasmas. Pretendemos examinar este processo em contraste com o eixo diagnóstico (4) do DSM-IV (problemas psicossociais e ambientais) e em correlação com a noção lacaniana de dialética do reconhecimento e seus limites expressos pela noção de fantasia.

(b) Adorno e a noção de narcisismo. Abordaremos a crítica da metafísica da identidade presente neste autor. Isolamos o processo descrito como fim das práticas clássicas de internalização. Examina-se a tese de uma individualidade sem eu, a partir dos fenômenos de informidade, estranhamento, não identidade e fracasso na constituição de formas nomeadas de sofrimento. Pretendemos examinar conceitualmente a extensão desta categoria em contraste com os signos clínicos que a representam no DSM-IV, notadamento o eixo diagnóstico (2) (transtornos de personalidade), e em correlação com a tese do declínio da autoridade (imago) paterna, proposta por Lacan.

(c) Foucault e a noção de biopolítica. Abordaremos a generalização social de dois fenômenos correlatos: (a) as estruturas de anomia e disciplinarização, (b) os efeitos de violência e vulnerabilidade. Pretendemos examinar aqui os fenômenos ligados às políticas do corpo para além dos dispositivos do poder. Para tanto examinaremos as categorias ligas à corporeidade, presentes no DSM-IV (dismorfismos, transtornos

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somatoformes, transtornos relacionados à substâncias) em correlação com a teoria da sexuação em Lacan. Este tópico específico de nossa pesquisa encontra-se em estreita conexão com a pesquisa coordenada pelo Prof. Nelson da Silva Júnior, também ligado ao Latesfip.

(d) Lyotard e noção de economia libidinal. Abordaremos aqui as pragmáticas narrativas caracteristicamente associadas aos transtornos de humor e da ansiedade, segundo sua apresentação no DSM-IV. Pretendemos redescrever as táticas de instrumentalização das meta-narrativas, o funcionamento da utopia-distopia, além das posições libidinais baseadas na paródia e no cinismo. Procuramos uma correlação com a teoria lacaniana dos discursos.

(e) Honneth e o sofrimento de indeterminação. Abordaremos aqui os paradoxos normativos decorrentes da alteração do universo social orientado para a produção para o universo social organizado pelo consumo. Examinaremos a hipótese da recuperação da dimensão produtiva da intersubjetividade primária em seus subtemas: autenticidade, autonomia, independência e apego. Isolaremos. Aqui o contraste com as categorias propostas pelo DSM-IV se dará em torno do eixo (5), (Transtornos Geralmente diagnosticados pela primeira vez na Infância e Adolescência). A correlação psicanalítica se dará com a teoria lacaniana da constituição do sujeito.

Pretendemos mostrar com as reflexões trazidas por estes autores nos habilitam a proposição de um protocolo diagnóstico baseado na centralidade das experiências de determinação e indeterminação. Adotaremos os seguintes critérios para a proposição de tal protocolo:

(a) apresentação clínica cujo traço diferencial resida nos modos de relação com a linguagem e com as formas de alteridade.

(b) gramática evolutiva definida pelas estratégias de negatividade dominantes em cada categoria.

(c) concepção etiológica baseada nas formas de socialização e nos impasses de sua subjetivação.

(d) concepção terapêutica que implique os próprios esforços de determinação e de indeterminação promovidos pelo sujeito.

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Nesta etapa realizaremos o teste clínico do protocolo estabelecido na etapa anterior. Trabalharemos com 10 casos clínicos, distribuídos dois a dois segundo os grupos diagnósticos formados por nosso protocolo. Estabelecemos como critério que o tratamento seja conduzido por um psicanalista com mais de quinze anos de prática analítica e que este se desenvolva no mínimo a três anos. Preferencialmente acolhe-se tratamentos já concluídos, com diagnóstico psiquiátrico ou psicanalítico decidido.

A formalização dos casos clínicos se fará através da apresentação escrita do caso, com ênfase diagnóstica. Sobre esta se efetuarão sucessivas discussões críticas até o momento em que se encontre o ponto de paridade entre as exigências do uso rigoroso de conceitos de extração filosófica e as necessidades de pertinência e assentimento do pesquisador com relação à sua posição de psicanalista.

Serão respeitadas as exigência próprias à ética da pesquisa clínica, a saber: uso do termo de consentimento esclarecido, sigilo e não identificação do paciente, bem como aprovação pelo Comitê de Ética da Universidade.

O exercício de formalização de casos clínicos não corresponde à mera descrição do desenrolar da cura nem à narrativa pormenorizada de todos os acontecimentos, lembranças e associações. Trata-se, portanto de uma formalização dirigida aos propósitos desta pesquisa, o que nos trará como benefício potencial a proposição de um instrumento de investigação utilizável e eventualmente refutável por outros pesquisadores.

A escolha do método baseado na comparação entre casos clínicos justifica-se pois é apenas no próprio processo do tratamento que se poderá verificar a tensão entre o caráter produtivo da subjetividade contra o caráter regulador dos modos de cura.

O uso desta estratégia de investigação tem sido bastante discutido uma vez que ela introduz inúmeros pontos de incomensurabilidade: entre os diferentes tipos de terapeutas, entre os diferentes tipos de pacientes ou abordagens clínicas. Esta objeção é parcialmente relativa, no caso de nossa pesquisa, pois não pretendemos alcançar uma regularidade indutiva de tal forma que nossos casos sejam ilustrativos, ou representativos de um tipo ideal, que se pode construir por um número estocástico de sujeitos com mesmos traços clínicos e daí inferir certa previsibilidade. Diferentemente, nossa intenção é focarmos nos fracassos ou impasses do próprio tratamento. Com isso responde-se à crítica de que os modelos diagnósticos derivados da psicanálise são apenas confirmações hermenêuticas de uma concepção previamente determinada.

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Entendemos assim que a escrita e formalização de um caso clínico implica isolar um problema na esfera da reconciliação dos vínculos sociais. Isso nos habilita a encontrar uma visão mais precisa da causalidade e impacto do sofrimento social no quadro de um processo temporal mais extenso. Aqui fazemos valer o critério mais firme de contraste entre a diagnóstica psiquiátrica e a diagnóstica psicanalítica. Nesta última trata-se de um diagnóstico na transferência, no sentido de que ele exprime um juízo sobre a própria relação analítica, mas também um diagnóstico da transferência, no sentido em que seu escopo privilegiado e sua psicopatologia está baseada nos processos de constituição ou fracasso de transferências. As estruturas clínicas (neurose, psicose, perversão) os tipos clínicos (histeria, neurose obsessiva, esquizofrenia, paranóia, etc) e os grupos sintomáticos (neurose de angústia, neurose narcísica, neurose traumática, fenômenos psicossomáticos, etc) são necessariamente redutíveis à modos de transferência. Ora, a transferência não deixa de ser um aspecto de um laço social ou, no caso da situação de tratamento, uma maneira de agir diante de um determinado laço social proposto, logo, encontramos nesta categoria o ponto de conexão com os diagnósticos sociais que pretendemos examinar e compilar. Consideramos plausível pensar que atualizam-se na cura dos modos de dominação e resistência, de determinação e indeterminação, que se verificam nas formas de sociabilidade emergentes no capitalismo tardio.

5. Resultados

A análise dos resultados é consoante às três etapas da pesquisa.

A primeira etapa deve apresentar como resultado parcial um elenco organizado das objeções e críticas ao modelo diagnóstico hoje predominante em psiquiatria. Há uma extensa, porém dispersa, bibliografia sobre este ponto. Reunir a extensão deste material e organizá-lo de forma sistemática é o resultado inicial esperado para esta etapa. O segundo resultado é formulação de estratégias conceituais e epistemológicas alternativas a este modelo. Tais estratégias devem ser incorporadas à etapa seguinte da pesquisa.

A segunda etapa deve apresentar como resultados parciais: (a) um esquema crítico de paridades e divergências entre os autores selecionados e a diagnóstica psicanalítica contemporânea e (b) um modelo ou protocolo clínico que incorpore as principais contribuições da teoria social e da filosofia ao raciocínio diagnóstico da

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psicanálise de orientação lacaniana, bem como faça a crítica de seus elementos anacrônicos ou objetáveis.

A terceira etapa deve apresentar como resultados: (a) a revisão do protocolo clínico uma vez confrontado com a experiência dos casos clínicos, (b) a sedimentação da viabilidade clínica das categorias diagnósticas extraídas do modelo e (c) a formulação das condições de replicabilidade deste protocolo.

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6. Bibliografia

(a) Sobre Diagnóstica em Psiquiatria

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(b) Sobre Diagnóstica em Psicanálise

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Referências

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