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LIDERANÇAS FEMININAS NO UNIVERSO POLÍTICO KAINGANG: UM ESTUDO SOBRE A TERRA INDÍGENA JAMÃ TŸ TÃNH, ESTRELA/RS

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LIDERANÇAS FEMININAS NO UNIVERSO POLÍTICO KAINGANG: UM ESTUDO SOBRE A TERRA INDÍGENA JAMÃ TŸ TÃNH, ESTRELA/RS

Juciane Beatriz Sehn da Silva Centro Universitário UNIVATES/Lajeado/RS. E-mail: sehn@universo.univates.br Luís Fernando da Silva Laroque

Centro Universitário UNIVATES/Lajeado/RS. E-mail: lflaroque@univates.br RESUMO

A atuação de mulheres tanto dentro do mundo Kaingang como fora, em contato com a sociedade não-índia está presente nas concepções culturais desse grupo étnico. No entanto, merece atenção especial a participação de lideranças femininas no universo político Kaingang permeado, sobretudo, pelo gênero masculino. O presente estudo tem por objetivo analisar a atuação e a representação política das mulheres Kaingang no processo de lutas e conquistas da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, situada na cidade de Estrela/RS. Dentre os resultados preliminares deste estudo, destaca-se a forte atuação sociopolítica das mulheres Kaingang tanto dentro da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, como fora, sobretudo em questões relacionadas a luta pela garantia de direitos constitucionais e a conquista do respeito frente a outras lideranças Kaingang.

Palavras-chave: Mulheres Kaingang; Especificidades culturais; Universo político.

INTRODUÇÃO

Os Kaingang são povos falantes da família linguística Jê e tradicionalmente ocupavam uma extensa área do Brasil Meridional. Os limites desta ocupação até o século XIX se estendiam desde o rio Tietê, no estado de São Paulo, passando pelos estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na direção oeste do rio Peperi-Guaçu, o território avançava para a província argentina de Misiones. Atualmente constituem uma das populações ameríndias mais numerosas do Brasil, contabilizando mais de 33 mil indivíduos distribuídos nos quatro estados brasileiros (BRASIL-IBGE, 2012).

A região do Vale do Taquari, localizada na macrorregião nordeste do Rio Grande do Sul/Brasil foi um tradicional território de ocupação indígena no passado. Diversos

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estudos1 de caráter arqueológico já avançaram, no sentido de demonstrar a ocupação indígena, com base na cultura material encontrada nestes sítios arqueológicos.

Destaca-se o estudo realizado na Bacia Hidrográfica do Rio Forqueta/RS, por Sidnei Wolf (2012), que comprova a existência não só de grupos caçadores-coletores e Guarani, como também de populações Proto-Jê na região que compreende o Vale do Taquari. Segundo Wolf (2012, p.169), foi uma “persistente ocupação sustentada por um sistema de assentamento composto por estruturas subterrâneas e locais com evidências líticas a céu aberto”. Desta forma, a presença de sítios líticos próximos a lugares com estruturas subterrâneas, supõe a ocorrência de áreas de exploração para caça, coleta e pesca.

A Terra Indígena2 Jamã Tÿ Tãnh constituiu-se a partir de um processo de movimentação do patriarca Manoel Soares com suas esposas e filhos em busca de sustentabilidade e do local onde Manoel teria suas raízes. Isto se deve, sobretudo pela memória das marcas deixadas pelos seus antepassados em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas/RS. Desta forma, a memória constitui-se como elemento fundamental na busca deste lugar de origem, e marca a relocalização do grupo no Vale do Taquari/RS. Este processo teve início em meados da década de 1960, sendo o grupo oriundo do município de Santa Cruz do Sul/RS. Acredita-se que a família de Manoel Soares e de suas esposas teriam permanecido fora dos aldeamentos instituídos por

1Destacamos o estudo “O contexto ambiental e as primeiras ocupações humanas no Vale do Taquari-RS”

(2008), que constitui a dissertação de mestrado de Marcos Rogério Kreutz, na qual o referido autor procura compreender a relação pretérita homem e ambiente por meio da análise e caracterização do contexto ambiental em sítios arqueológicos do Vale do Taquari. Também contribui neste sentido, o estudo de Jones Fiegenbaum intitulado “Um Assentamento Tupiguarani no Vale do Taquari/RS” (2009). Posterior a estes estudos podemos apontar ainda o estudo de Sidnei Wolf “Paisagens e sistemas de assentamento: um estudo sobre a ocupação humana pré-colonial na Bacia Hidrográfica do Rio Forqueta/RS” (2012) e de Fernanda Schneider “Interpretação do espaço Guarani: um estudo de caso no sul da Bacia Hidrográfica do rio Forqueta/RS/BR” (2014).

2Na perspectiva de Seeger e Castro (1979) o termo “Terra Indígena” adquire uma dimensão de

territorialidade, com significados simbólicos e culturais para os grupos indígenas. Juridicamente, o termo “Terra Indígena” está previsto na Constituição Federal de 1988, no Capítulo VIII, que trata especificamente “Dos Índios”, em seu Artigo 231, como sendo aquelas tradicionalmente ocupadas pelos indígenas, elencando quatro critérios, baseados nas finalidades práticas da ocupação tradicional, para considerar determinada área como indígena: as habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao seu bem-estar, e, as necessárias à sua reprodução física-cultural, segundo seus usos, costumes e tradições (BRASIL, 1988).

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políticas indigenistas desde o século XIX, por vezes até negando sua própria identidade em decorrência dos contatos com as frentes expansionistas e pioneiras, bem como com os imigrantes alemães e seus descendentes.

O objetivo deste estudo é analisar a atuação e a representação política das mulheres Kaingang no processo de lutas e conquistas da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, situada na cidade de Estrela/RS, enfocando os critérios que permeiam a escolha das lideranças dentro da comunidade e como se dá a relação de gênero considerando as especificidades culturais dos Kaingang. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e de caráter exploratório e indutivo. Na realização deste estudo nos baseamos na revisão bibliográfica de livros, artigos científicos, dissertações de Mestrado e teses de Doutorado. Também realizamos uma busca documental junto ao Ministério Público Federal de Lajeado, onde tivemos acesso a diversos documentos sobre a referida Comunidade Indígena, tais como laudos antropológicos, pareceres, procedimentos administrativos, ofícios e acervos jornalístico. Além disso, nos utilizamos da metodologia de História Oral durante à pesquisa de campo na emã Jamã Tÿ Tãnh, realizada com lideranças Kaingang que neste estudo serão denominados como EA e com não-índios, denominados de EH, pelo fato de terem assinado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) que resguarda a identidade dos entrevistados. Também utilizou-se diários de campo elaborados durante a pesquisa, os quais constam dados importantes sobre o cotidiano do grupo, seus anseios, lutas e conquistas, bem como o acervo documental do projeto de Pesquisa “Sociedades Indígenas Kaingang da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas” e do Projeto de Extensão “História e Cultura Kaingang em territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas”, vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates, nos quais atuamos como voluntária. Os dados para este estudo foram analisados com base em aportes teóricos de autores como Clastres (1979), Sahlins (1997) e Laraia (2008).

1 O GÊNERO FEMININO NAS CONCEPÇÕES SOCIOPOLÍTICAS KAINGANG

Pode-se dizer que tradicionalmente relegava-se à mulher Kaingang à esfera doméstica, enquanto os homens monopolizavam a esfera pública no que diz respeito a

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vida ritual e as atividades políticas. Nesta perspectiva, Rocha (2010) reafirma que homens e mulheres Kaingang possuíam papeis distintos em suas redes cosmológicas, sociais e políticas.

Num período mais recente, a luz de alguns estudos pioneiros nesta temática, vemos as mulheres Kaingang presentes no universo político de forma direta ou indiretamente, articulando importantes conquistas para suas Aldeias e Terras Indígenas. Aponta-se o estudo “O papel político feminino na organização social Kaingang” (2010), pelo qual Cinthia Creatini da Rocha traz como exemplo a figura de Martina Vergueiro, em torno da qual se articula a formação do movimento indígena para a reivindicação da Terra Indígena Sêgu, situada na região norte do Rio Grande do Sul. Além de seu próprio protagonismo indígena, Rocha (2010) traz o exemplo de outras mulheres Kaingang que têm atuado de forma significativa em situações de reivindicação de terras e fixação/expansão geopolítica dos grupos. No caso de Martina Vergueiro, ela não foi uma liderança política explícita, porém, articulou todo o movimento junto do marido e dos filhos, estando a frente de diversos embates, decisões e reuniões com autoridades não-índias.

Contrapondo a esta realidade, uma pesquisa empírica realizada por Faustino, Novak e Lança (2010) sobre os Kaingang do Paraná, revelou que a mulher indígena tem pouca participação política nas funções de liderança. Segundo as autoras, a elas ainda é delegado o papel de garantir a economia do grupo, pois são as mulheres que estão à frente da produção e comercialização da arte expressa em seus artesanatos. Também é função das mulheres realizar outras tarefas “domésticas” e cuidar das crianças.

O estudo de Cleci Claudino (2015) visa demonstrar o papel social da mulher na Terra Indígena Guarita/RS, sobretudo em aspectos relacionados ao trabalho feminino e atividades desempenhadas por elas em relação ao conhecimento cultural. Dessa forma, apresenta o papel político expresso através de trabalhos que elas exercem na sociedade, tanto dentro como fora das aldeias, sendo fundamentais na organização social, econômica e também na esteira política. Detentoras de múltiplas papeis, a elas não cabe a liderança política, sendo esta uma função masculina, o que é justificado pela autora através de afirmação de que isto é cultural do povo Kaingang. No entanto, é possível verificar que

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as mulheres Kaingang de Guarita atuam nos bastidores das decisões políticas, influenciando seus esposos através de ideias proferidas no âmbito da família e que são muitas vezes levadas pelos maridos nas reuniões realizadas pelas lideranças masculinas e que acabam influenciando nas decisões. Claudino (2015) revela ainda que no passado Kaingang, a participação feminina no espaço público era menor, porém, no presente ocupam espaços nas esferas públicas da sociedade e continuam a ter grande importância nas decisões comunitárias e familiares.

A participação política de mulheres é algo bastante singular na história Kaingang, na medida em que a maior parte dos documentos e material historiográfico produzidos refere-se quase que exclusivamente a aspectos da organização política como sendo do universo masculino. No entanto Laroque (2005) apoiado em fontes documentais, procura demonstrar que, em relação à atuação da mulher dentro do mundo Kaingang, bem como nas relações com as sociedades não-índias, o gênero feminino sempre esteve presente. Nesta lógica, a referência a duas lideranças Kaingang – Azelene Krin Kaingang, nascida na Terra Indígena Carreteiro/RS, e Maria Antônia Soares, da Terra Indígena Jamã Tÿ

Tãnh/RS – torna-se bastante elucidativo da presença da mulher indígena de forma ativa

nas questões políticas. Na percepção do referido autor, isto é perfeitamente possível dentro das pautas culturais nativas, pois ambas são filhas de prestigiados caciques e, quem sabe, até representantes de Casas Kaingang, associando o conceito de comunidade como vinculado à mulher (Mulher: Casa; Casa: Comunidade).

Simonian (2009, p.10) destaca que após a conquista e no início da colonização nas Américas, as mulheres indígenas acabam perdendo o poder político que detinham, “que em parte lhes era garantido pela disseminação do matriarcado e da matrilinearidade”. Assim, com a interferência europeia na organização sociopolítica de muitos grupos indígenas e na sujeição e exploração a que muitas mulheres indígenas acabaram sendo expostas, é que haverá uma ruptura da presença feminina direta em contextos políticos.

Há de se considerar também a participação política de mulheres indígenas em termos individuais. Nesta direção, tem-se as indígenas, funcionárias da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), professoras indígenas, agentes comunitárias de saúde, todas ligadas ao setor público, sendo esta uma realidade entre as Kaingang do sul do Brasil, as

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indígenas Macuxi e Wapixama de Roraima e entre as indígenas Bakairi, do Mato Grosso (SIMONIAN, 2009).

Conforme enfatiza Rocha (2010, p.8) “as mulheres saem de cena como aquelas relacionadas a um lugar puramente doméstico, para assumirem um papel político feminino, que está na base da organização social Kaingang contemporânea”. Desse modo, encontramos em Laraia (2008) a concepção teórica para compreendemos que de fato as culturas são dinâmicas e estão em constante movimento no sentido de se reelaborarem de acordo com as realidades que vão se impondo, onde a tradição e ressignificação permanecem imbricadas.

2 O PAPEL POLÍTICO DE LIDERANÇAS FEMININAS NA TERRA INDÍGENA JAMÃ TŸ TÃNH

Em 1990, devido a morte do patriarca Manoel Soares, assume a liderança da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh sua filha mais velha, Maria Antônia Soares, que teve uma forte atuação junto à sociedade não-índia, lutando para garantir direitos a sua comunidade indígena. Em 2002, conquistou junto ao Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPI) o reconhecimento do grupo como sendo da etnia Kaingang e nos anos seguintes, muitas foram às conquistas de Maria Antônia Soares. Ela, juntamente com suas irmãs Maria Sandra Soares e Maria Conceição Soares, participou do CEPI durante largo período de tempo, representando a sua emã (SILVA; LAROQUE, 2012).

Ainda em 2002, Maria Antônia Soares conquistou o direito de ter uma escola dentro da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh. Através do decreto nº 41700 de 03 de julho de 2002 foi criada a Escola Indígena Manoel Soares e isto se deve à necessidade percebida pelo grupo Kaingang de ter uma educação escolar diferenciada, voltada às peculiaridades indígenas, já que as crianças não tinham acesso, na escola regular que frequentavam, a um aprendizado voltado à sua cultura indígena e na sua língua materna (OFÍCIO de 25/08/2004, Ministério Público Federal de Lajeado). Cabe ressaltar, no entanto, que na visão das mulheres Kaingang da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh a escola é um complemento da educação que deve ocorrer, sobretudo, no âmbito da família e da convivência com os mais velhos. Através das vivências do dia a dia, das histórias e

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memórias que são oralizadas e na observação pelos mais velhos, que as crianças adquirem os ensinamentos essenciais e constroem significados do seu mundo cultural.

Em 2004, a área de terras da chamada “Aldeia Velha”, que foi o primeiro local onde o grupo veio a se instalar na década de 1960, situada próximo ao trevo de acesso à Bom Retiro do Sul/RS, era de aproximadamente 1 hectare (CERTIDÃO de 25/05/2004, Ministério Público Federal de Lajeado). Havia dezenove casas no local, em situações bastante precárias. Diante dessa realidade, Maria Antônia passou a reivindicar junto ao CEPI a construção de novas casas e de uma área de terras maior, com melhores condições de sustentabilidade, o que veio a confirmar-se em 2005, quando este órgão negocia e confirma a ampliação da área de terras para 14 hectares (RELATÓRIO de 08/03/2005, Ministério Público Federal de Lajeado). A construção de dezenove casas de madeira na nova área (ainda mais abaixo da Aldeia Velha) teve início em março de 2006 e no mesmo ano foram finalizadas, vindo a beneficiar cerca de 130 Kaingang que residiam no local (SILVA; LAROQUE, 2012).

Em 2009, outra irmã de Maria Antônia Soares, de nome Maria Sandra Soares é indicada pelo grupo para assumir a liderança (SILVA, 2011). Porém, em 2011, Maria Antônia retorna e permanece como liderança até meados de 2012. Vemos portanto, que desde a morte do patriarca, as lideranças giram em torno da figura feminina. São as mulheres que estão à frente dos encaminhamentos, demandas e reuniões do grupo. Sobre esta questão, a narrativa do EH informa:

[...] conhecendo um pouco da história dessas famílias que ali estão, que o fortalecimento de algumas lideranças e assim, a escolha destas para cargos de liderança dentro e fora da aldeia, veio junto com a história da territorialidade do povo Kaingang no Rio Grande do Sul. A Maria Antônia Soares é uma liderança de destaque entre os Kaingang. Ela, assim como a Maria Sandra, vivenciou e aprendeu com a liderança do pai, Manoel Soares. Elas contam que várias vezes foram expulsas de espaços, como a Gruta do Índio, em Santa Cruz do Sul, espaços no município de Mariante [Venâncio Aires], sempre ao lado do pai. Foi seguindo ele, que retornaram para o Vale do Taquari, espaço onde o pai e seus antepassados tinham vivido. No momento em que ele faltou, repentinamente, pois morreu atropelado na estrada, essas filhas, com apoio e a partir da organização interna, assumiram seu papel. E desde então, elas vêm assumindo e você percebe que assumem, assim, com muita garra. [...] Maria Antônia, por exemplo, por um tempo, foi a única mulher no Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPI). Participava, representando a sua aldeia. Maria Sandra, Maria Conceição fizeram parte do Conselho também. Elas eram as únicas mulheres. Hoje as lideranças Kaingang que vivem nas aldeias em Porto Alegre (Morro do Osso, Lomba do Pinheiro), na aldeia Por Fi em São

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Leopoldo, na aldeia em Farroupilha, Foxá, em Lajeado e, na própria aldeia, Linha Glória, em Estrela, tem um respeito muito grande e uma consideração muito grande por essas lideranças femininas (EH, 06/05/2011, p.4).

Com base neste fragmento de História Oral, percebe-se que as lideranças femininas são de fato uma referência para as lutas e conquistas desta Terra Indígena, especialmente porque demonstram uma compreensão e sensibilidade com as questões do grupo e empenham-se em bem representá-lo. Maria Antônia Soares protagonizou inúmeras conquistas para sua Terra Indígena diante do empreendimento da duplicação da BR 386 no trecho entre Estrela/Tabaí, aprovado em 2009 para receber investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Federal. Desde o efetivo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da rodovia, realizado entre 2008 e 2009, e da elaboração do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), onde constam Medidas Mitigatórias e Compensatórias decorrentes da concretização da obra, Maria Antônia participou ativamente das reivindicações e reuniões realizadas com autoridades não-índias, indo inclusive até Brasília para reivindicar direitos junto à Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT), tendo em vista que a duplicação afetaria a territorialidade do grupo (SILVA, LAROQUE, 2012; DIÁRIO de campo 19/05/2016, p.3).

Houve para tanto, uma sensibilidade por parte de Maria Antônia em relação a inclusão no EIA/RIMA de Terras Indígenas situadas em contextos urbanos próximos à Estrela e que seriam impactadas direta ou indiretamente pelo empreendimento, como é o caso da Terra Indígena Foxá, situada em Lajeado, da Terra Indígena Pó Nãnh Mág, situada em Farroupilha, da Terra Indígena Por Fi Gâ, de São Leopoldo, das Terras Indígenas Ymã Topẽ Pẽn, Ymã Fág Nhin e Morro Santana, ambas situadas em Porto Alegre. Esta questão é possível de ser verificada na continuidade da fala do entrevistado H:

Estas lideranças foram as primeiras a incluir e a chamar o seu povo para as reuniões referentes a duplicação da BR 386. Ouço, seguidamente, na aldeia e nas reuniões com agências oficiais, a cacique Maria Antônia dizendo: nós somos um povo. Somos parentes. Vivemos num grande território. O que prejudica um, prejudica todos nós. Temos que saber comer juntos e receber um parente que quer morar na aldeia, até mesmo dentro da nossa casa. Temos que

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seguir unidos. Fortalecendo nossas alianças e nossa cultura (EH, 06/05/2011, p.4).

Isto se deve sobretudo ao entendimento que os Kaingang têm em relação ao território, que não se circunscreve em limites político-administrativo. O território para eles é um espaço contínuo onde os usos e costumes indígenas são colocados explícita e intencionalmente como prática de sua sociabilidade. Reforçando esta linha de raciocínio, podemos destacar os estudos de Cabral (2007), onde o referido autor salienta que o território tem a ver com uma rede de relações vividas e, que não se faz necessário um enraizamento material para que determinado espaço seja concebido como território.

O estudo de Lylian Mares Cândido Gonçalves (2012) intitulado “Maria Antônia Soares: a memória de uma guerreira indígena” aborda sobre a trajetória histórica desta importante liderança Kaingang da Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh. Permeado por memórias narradas por Maria Antônia Soares à Lylian Gonçalves, o estudo traz, dentre outros aspectos, o momento em que ocorre a morte do pai, e ela passa à liderança, mesmo não havendo a aceitação de alguns parentes homens. Gonçalves (2012, p. 11) enfatiza que “Para eles, a mulher deveria fazer artesanato, vender, cozinhar (preparar o fuá), cuidar dos filhos e se entregar aos prazeres do sexo”. Mas, ao contrário do que preconizavam os homens, afirma ainda que Maria Antônia enfrentou-os e assumiu a liderança política compartilhando com seus irmãos e irmãs muitas responsabilidades. Em dado momento, ela teria passado a liderança aos seus irmãos, tendo em vista as reclamações advindas deles, porém, tão logo a devolveram (GONÇALVES, 2012).

Em meados de 2012, a liderança é transferida para outra irmã de nome Maria Conceição Soares, tendo como vice-liderança, Maria Sandra Soares (DIÁRIO de campo, 30/08/2013). Importante ressaltar que Maria Sandra Soares sempre esteve imbuída de papeis, ora como vice-liderança, ora como liderança do grupo. Na realidade, a partir do momento em que Maria Antônia assumiu o lugar do pai, ela foi indicada para a função de vice-liderança e esteve junto de Maria Antônia em diversas conquistas da Terra Indígena.

Na liderança de Maria Conceição Soares que o grupo enfrentou um de seus momentos mais difíceis, qual seja, a morte de Maria Antônia Soares ocorrida em

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novembro 2014. Neste sentido, o desafio da liderança seria continuar a luta da irmã para fazer valer seus direitos previstos através das medidas compensatórias e mitigatórias no EIA/RIMA, sobretudo no que diz respeito as perdas territoriais sofridas e a regularização da área de terras ocupada. Em setembro de 2013 Maria Conceição e Maria Sandra Soares, juntamente com as lideranças de outras Terras Indígenas impactadas direta ou diretamente pela duplicação, solicitaram uma reunião urgente com o DNIT, Ministério Público Federal e a FUNAI para esclarecer questões referente ao programa fundiário, tendo em vista que à aquisição de terras para as comunidades indígenas não havia avançado (CERTIDÃO de 17/09/2013, Ministério Público Federal de Lajeado).

Maria Conceição Soares permaneceu como liderança do grupo até 2015. A partir de então vemos uma nova realidade, onde os homens, inicialmente os irmãos de Maria Antônia, passarão ao cargo de liderança. Constatou-se ainda através de pesquisa de campo, que desde 2015 a liderança da Terra Indígena tem oscilado e que em 2016, teremos outra família, fruto da união de Manoel Soares e Dona Eva Rosalina de Mello, como liderança masculina (DIÁRIO de campo, 12/05/2015). No entanto, o papel de vice-liderança continua nas mãos das mulheres, irmãs de Maria Antônia ou mesmo de suas filhas. São elas que tomam a frente nos debates e servem de referência para questões sociopolíticas do grupo.

As lideranças possuem um papel fundamental dentro da comunidade indígena e sua escolha se deve pela capacidade de bem representar o grupo frente aos órgãos e instituições não indígenas, de mediar questões de sociabilidade do grupo, de lutar pelos direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988, de reivindicar melhorias para a comunidade (DIÁRIO de campo, 07/07/2016). Apoiados em Pierre Clastres (1979) é possível afirmar que praticamente todas as sociedades indígenas da América são dirigidas por líderes ou chefes, porém, nenhum deles possui “poder” no sentido de quem domina ou tem força sobre os demais. Clastres (1979) destaca que a um chefe indígena compete apaziguar situações quando necessário, ter talento oratório, ser generoso com os seus e ainda inúmeros grupos reconhecem a poligamia como sendo privilégio quase que exclusivo do chefe. Embora o antropólogo refira-se aos “chefes” indígenas como sendo do universo masculino, vemos que em se tratando dos Kaingang e dos estudos empíricos

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realizados na Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, os elementos referidos, exceto à poligamia, as demais características podem ser associadas as lideranças femininas em questão.

A escolha das lideranças, conforme o relato de EA, ocorre da seguinte forma:

[...] a gente faz uma solicitação quem que se inscreve para se (sic) liderança, aí depois a gente escolhe, tem sorteio, assim eles botam o nome ali, a gente faz uma caixinha. Por exemplo, que nem tem de cacique e vice, só assim se tem dois que querem ser cacique, daí a gente bota o nome dos dois, o que ganha mais ponto é o que vence (EA, 10/02/2016, p.2).

Vemos, portanto, que é uma escolha democrática onde todos têm o direito de se candidatarem e de participar. No entanto, cabe ressaltar que, na medida em que a pessoa escolhida não estiver satisfazendo as necessidades do grupo, esta é destituída da função através de uma reunião feita pela comunidade. Pode ocorrer também de a liderança não mais querer permanecer na função. Desta forma, manifestado o desejo de sair, uma outra pessoa é escolhida. Somente as crianças não votam (DIÁRIO de campo, 07/07/2016).

A liderança e a vice-liderança são auxiliadas por outras representatividades dentro da Terra Indígena, como por exemplo, o capitão, o delegado e o cabo. Ambos formam a chamada “polícia” dentro da Terra Indígena. Além deles, existe ainda a figura do(a) conselheiro(a). Quando questionada sobre o papel destas representatividades, o entrevistado EA (2016) nos informa:

A tarefa deles é nos ajuda (sic). Quando der brigas assim entre casais, entre um e outro dá brigas assim, eles vão chama (sic) pra ter uma reunião, uma conversinha. Se caso eles não respeita, não quisé (sic) respeita essas lideranças que nóis (sic), o cacique e o vice-cacique botaram, aí nóis que acabemo (sic) resolvendo daí, se eles não querem respeitá, mas assim a maioria sempre tão respeitando né, eles vê (sic) se eles não pude com eles, eles já vê, que tem o cacique e o vice que são mais forte que eles (EA, 10/02/2016, p.2).

Há toda uma organização sociopolítica e percebe-se, na narrativa que há todo um poder envolto na figura da liderança ao referir que “se eles não pude com eles, eles já vê, que tem o cacique e o vice que são mais forte”. Assim, é possível constatar que há um respeito e uma autoridade congregados na função destas lideranças.

Os termos “capitão”, “cabo” e “delegado” utilizados por eles, demonstram o quanto as culturas indígenas são capazes de se reelaborarem em contato com outros grupos. Porém, o significado atribuído para as necessidades de seu cotidiano só podem

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ser compreendidos no contexto das vivências nativas. Reforçando esta ideia, podemos destacar o estudo de Sahlins (1997) pelo qual o autor enfatiza o quanto as populações indígenas3 são dinâmicas no sentido de englobar outros padrões, no entanto o fazem com uma “racionalidade” própria, sem perder o sentido de si mesmos, mantendo o seu próprio sistema cultural.

As mulheres Kaingang que assumem o cargo de liderança, dividem o tempo dedicado as questões sociopolíticas de sua comunidade com a tarefa de bem educar seus filhos. Segundo o relato do EA (10/02/2016), a educação principal deve vir de casa. É no âmbito da família, com o pai e a mãe, que a criança aprende a respeitar os outros. Vemos portanto, que as mulheres ocupam um lugar fundamental no ordenamento desta comunidade indígena e servem de referência tanto no âmbito familiar quanto comunitário, direcionando importantes decisões políticas e protagonizando importantes conquistas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo da presença feminina no universo político Kaingang é um processo em curso, e muitas questões ainda encontram-se em aberto. No entanto, conforme procurou-se demonstrar através deste estudo de caso envolvendo a Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, a presença do gênero feminino em questões sociopolíticas da comunidade é uma realidade que acompanha este grupo já há bastante tempo. À luz de trabalhos e pesquisas já realizadas por estudiosos, constatou-se que esta realidade também se apresenta em outras Terras Indígenas Kaingang.

Observamos portanto, as mulheres serem protagonistas de relevantes conquistas para suas Terras e Aldeias Indígenas e demonstrarem um sensibilidade singular nas questões que envolvem a coletividade, o cuidado com as crianças e com o ambiente, a luta pela terra e busca por sustentabilidade. Embora haja uma predominância de lideranças masculinas, pelo menos em se tratando dos Kaingang em seu tradicional território, percebe-se esta realidade ampliar-se e sobretudo, as mulheres Kaingang

3 O termo “índio” utilizado por Sahlins (1997) em seu estudo não é relativo somente às populações

tradicionais da América, mas é entendido como um conceito muito mais amplo, e refere-se a todos os povos de regiões tradicionais (indianidade).

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conquistarem espaço, respeito e reconhecimento em um universo de lideranças masculinas.

REFERÊNCIAS

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DIÁRIO DE CAMPO de 19/05/2016. Pesquisa de Campo na Terra Indígena Jamã Tÿ

Tãnh. Projeto de Extensão História e Cultura Kaingang em Territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas. Lajeado: Univates. 19 jan. 2016, 4 p.

DIÁRIO DE CAMPO de 07/07/2016. Pesquisa de Campo na Terra Indígena Jamã Tÿ

Tãnh. Projeto de Extensão História e Cultura Kaingang em Territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas. Lajeado: Univates. 19 jan. 2016, 6 p.

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EA - Entrevistado A: depoimento [10 fev. 2016, 10 p.]. Terra Indígena Jamã Tÿ Tãnh, Estrela/RS. Entrevistador: Juciane Beatriz Sehn da Silva. Lajado (RS): s.e., 2016. Gravação em gravador digital. Entrevista concedida ao Projeto de Extensão História e

Cultura Kaingang em Territórios da Bacia Hidrográfica Taquari-Antas. Lajeado:

Univates.

EH – Entrevista EH: depoimento [06 de maio de 2011, 5 p.]. Terra Indígena Jamã Tÿ

Tãnh, Estrela/RS. Entrevistador: Juciane Beatriz Sehn da Silva. Lajado (RS): s.e., 2011.

Gravação em gravador digital. Entrevista concedida a Juciane Beatriz Sehn da Silva. Lajeado: Univates.

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Referências

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