VARIANTES SINTÁTICAS (PADRÃO E NÃO-PADRÃO)
EM CONSTRUÇÕES PRONOMINAIS DO PORTUGUÊS:
USOS, REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E ATITUDES
LINGUÍSTICAS DE FALANTES MADEIRENSES
Aline Bazenga*, Catarina Andrade* e Lorena Rodrigues**
INTRODUÇÃO
Mudança e Variação nas construções pronominais em
variedades do português:
1.
Variação e mudança em PE
2.
Variação dialetal em PE
3.
Variação em variedades não europeias do
português: variedades do PB e Africanas (Angola e
Moçambique)
INTRODUÇÃO
Etapas de uma investigação ainda em curso sobre
Variantes não-padrão de OD em variedades do PE
na Madeira (usos e perceção)
1.
Dados atestados em falantes madeirenses
◦
Amostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal); BAZENGA (2011)
◦
Primeiros resultados quantitativos - trabalhos de mestrado de 2014
2.
Dados da perceção de falantes madeirenses
◦
ANDRADE (2014); BAZENGA e ANDRADE (2015)
VARIAÇÃO E MUDANÇA NA SINTAXE
PRONOMINAL EM PE
(MARTINS, 1994)
Século XIII
(1) a. (Lx, 1290) presente fuy e esta procuraçõ cõ
mha mãão propria escreuy e rapeyaa e emmendeya na oytaua regra no logo que diz Achelas
b. (NO, 1277) e o dito Steuã díaz u octorgou
Século XV
(2) a. (NO, 1408) e façouos della doaçom Antre vjuos b. (NO, 1414) e xe lho obrigem A lhas defender
e lhas Asy darem desëbargadas
Século XVI
(3) a. (Lx, 1544 e desta maneira os ha ella dita
senhora dona guyomar por Reçebidos em sy
Fonte: http://cvc.instituto-camoes.pt/hlp/gramhist/sxgenerativa.html ordem 1250-99 1300-49 1350-99 1400-49 1450-99 1500-49 cl V 7.1% (4/56) 24.6% (15/61) 41.9% (18/43) 78.9% (30/38) 92.7% (38/41) 98.8% (80/81 ) V-cl 92.9% (52/56) 75.4% (46/61) 58.1% (25/43) 21.1% (8/38) 7.3% (3/41) 1.2% (1/81)
VARIAÇÃO E MUDANÇA NA SINTAXE
PRONOMINAL EM PE
(MARTINS, 1994)
AUTORES PRÓCLISE ÊNCLISE INTERPOLAÇÃO
Afonso de Albuquerque (1462-1515) 73.5% (119) 26.5% (43) sim
Damião de Góis (1502-1574) 97.1% (130) 2.9% (4) sim
Fernão Mendes Pinto (1510?-1583) 98.1% (102) 1.9% (2) sim
Diogo do Couto (1542-1616) 72.5% (74) 27.5% (28) sim
Francisco M.de Mello (1608-1666) 92.3% (36) 7.7% (3) sim
(residual)
António Vieira (1608-1697) 31.6% (117) 68.4% (248) não
António Verney (1713-1792) 27.3% (18) 72.7% (48) não
Almeida Garrett (1799-1854) 19.3% (11) 80.7% (46) não
Oliveira Martins (1845-1894) 2.4% (2) 97.6% (80) não
Fonte: disponível em : http://www.clul.ul.pt/files/ana_maria_martins/MartinsFromUnity.pdf
VARIAÇÃO E MUDANÇA NA SINTAXE
PRONOMINAL EM PE
(Português Arcaico)
•
Nunes, José Joaquim Nunes, Compêndio de Gramática
histórica, 1989: 235 (pronomes)
•
ele ou el acusativo (ou OD): exemplos publicados por Pedro D’Azevedo
(Revista Lusitana, VIII, 39)
(4)
Séc. XIII
(1270) a. “(...) faredes senpre per tal preeto que uos
tenades
ele
em uossa uida”
Séc. XIV (1311) b. “(...) que esta carta mandamos fazer
ela
per
dante homees “
VARIAÇÃO NA
SINTAXE PRONOMINAL
– PE dialetal
(5)
a velha onti à nõiti dê
Ø
uma pazada (Odeleite – p. 125)
(6)
começa
Ø
só com duas ripas tambéim (Odeleite – p. 128)
(7)
Eu não quero
ele
cá dentro (Ericeira – p. 180)
(8)
Molhómos
elas
todas (Ericeira – p. 180)
(9)
dá para
mim
guardari (Odeleite – p. 153)
(GUEDES E BERLINCK, 2006: 1476)
(10)
apenas eu
lhe
boto no forno (Ajuda da Bretanha/Açores)
VARIAÇÃO NA
SINTAXE PRONOMINAL
- PB
Pessoa
Português brasileiro formal Português brasileiro informal Sujeito Complemento Sujeito Complemento 1ª pessoa singular Eu Me, mim, comigo Eu, a gente Eu, me, mim, Prep + eu,
mim 2ª pessoa singular Tu, você, o senhor, a
senhora
Te, ti, contigo, (preposição +)
o senhor, com a senhora Você/ocê, tu
Você/ ocê/ cê, te, Preposição + você/ocê (= docê, cocê)
3ª pessoa singular Ele, ela 0/a (em desaparecimento), lhe, se, si, consigo
Ele/ei Ele, ela, lhe, Prep + a gente
1ª pessoa plural Nós Nos, conosco A gente A gente, Prep + a gente 2ª pessoa plural Vós (de uso restrito),
os senhores, as senhoras, vocês
(preposição +)
os senhores, as senhoras Vocês/ ocês/ cês
Vocês/ ocês/ cês, Preposição + Vocês/ vocês
3ª pessoa plural Eles, elas Os/as (em
desaparecimento), lhes, se, si, Eles/eis, elas
Eles/eis, elas, Preposição + eles/eis, elas
IV CIDS - SORBONNE, PARIS - 2016 10
21 Por esse motivo, Cyrino (1997), utilizando a teoria para elipses de Fiengo & May (1994), propõe que, devido a fatores históricos que descreveremos abaixo, o objeto nulo é um fenômeno de elipse em Forma Fonética e reconstrução em Forma Lógica, nos moldes das elipses de sintagma verbal.
Essa proposta tenta resgatar a idéia avançada em Kato (1993) de que o objeto nulo em Português Brasileiro é a contraparte nula do pronome neutro o, o primeiro pronome clítico de terceira pessoa a desaparecer nessa língua. Como veremos abaixo, o objeto nulo parece ter surgido a partir da queda desse pronome, em construções em que a elipse também era permitida pela gramática.
Os resultados do estudo diacrônico em Cyrino (1997) mostram vários fatos acerca do Português Brasileiro:
a) um decréscimo de posições preenchidas para o objeto direto - veja a tabela 1. posições nulas posições
preenchidas TOTAL Século n. % n. % n. % XVI 31 11 259 89 290 100 XVII 37 13 256 87 293 100 XVIII 53 19 234 81 287 100 XIX 122 45 149 55 271 100 XX 193 79 51 21 244 100
Tabela 1. Distribuição de posições nulas vs. preenchidas, em Cyrino (1997).
b) o primeiro objeto nulo a aparecer é aquele cujo antecedente é proposicional, isto é, o objeto que poderia ser realizado pela clítico neutro o:37
Século NP[+específico] NP[-específico] proposicional genérico XVI 3 % (4/139) 9% (3/34) 23% (23/99) 50% (1/2) XVII 4% (4/100) 18% 16/90) 21% (14/68) 33% (3/12) XVIII 8% (9/120) 6% (2/33) 45% (41/90) 25% (1/4) XIX 31%(38/121) 4% (1/24) 83% (81/98) 33% (1/3) XX 67% (64/95) 86% (31/36) 91% (97/107) 0
Tabela 2. Objetos nulos de acordo com o tipo de antecedente, adaptado de (Cyrino1997) - excluídos: elipse de VP e objeto nulo dêitico
1.2 O trabalho de Duarte
Duarte (1987 e 1989), trabalhando principalmente com corpus de língua falada da cidade de São Paulo, identifica um processo de mudança lingüística em curso com relação à realização do objeto direto anafórico, com a substituição do clítico acusativo de 3ª pessoa (o/a/os/as) pela categoria vazia [cv] e, em menor escala, pelo pronome lexical na forma nominativa (ele[s]/ela[s]). De um total de 1.974 ocorrências, o clítico só representa 4,9% dos dados, conforme a tabela:
Tabela 1: Realização do objeto direto anafórico em Duarte (1987)
Variante Ocorrências % Clítico 97 4,9 Pronome lexical 304 15,4 Categorial vazia 1235 62,6 SNs anafóricos 338 17,1 Total 1974 100,0
Fonte: Duarte (1989, p. 21), adaptado.
Note-se que o uso de SNs anafóricos não se constitui exatamente como uma variante lingüística, mas sim pode ser visto como um processo de esquiva diante da avaliação social da variação.
Com efeito, Duarte busca identificar os valores sociais adquiridos pelas variantes. Embora seja a forma conservadora e investida de prestígio pela tradição gramatical, o uso do clítico não tem boa aceitação social entre os informantes, por ser considerado “pedante”, sendo pouco apropriado para a fala natural e a conversação espontânea. Já o pronome lexical, que passa a ocupar “naturalmente” a função do clítico, sofre uma forte estigmatização social, ao ser identificado como característico de classes baixas, e é evitado. Diante desse quadro, desponta o uso da categoria vazia como estratégia neutra, não marcada socialmente. Entretanto, há também vários fatores de ordem estrutural que entram em jogo no uso das variantes.
Tabela 4. Variação OD nulo / realizado no PB (CYRINO, 1997;
2002)
Tabela 5. Variantes OD em PB, num corpus de língua falada em S. Paulo (Duarte, 1986; 1989)
VARIAÇÃO NA
SINTAXE PRONOMINAL
VARIAÇÃO NA
SINTAXE PRONOMINAL
- PB
• uso do clítico o
(11)
A- Meu filho estava no shopping.
B- a. Eu vi seu filho lá.
[estr. SN pleno – muito frequente]
b. Eu vi ele lá.
[estr. ‘ele acusativo’, estigmatizado]
c. Eu vi-o lá.
[estr. Clítico o – Norma culta]
d. Eu vi [ ] lá.
[estr. Omissão ]
• uso do clítico lhe (perda da sua função como dativo e uso crescente como
acusativo em alternância com te (mesmo se o falante trata o interlocutor por
você)
(12)
a. Você gosta mesmo de golfe! Eu lhe vejo sempre no clube. [estr. ‘lhe
acusativo’]
b. Você gosta mesmo de golfe! Eu te vejo sempre no clube. [estr.
Gráfico1.Resultados globais: Distribuição das variantes segundo a variedade do português (PE e PB) in FREIRE, 2005: 106) 47% 8% 14% 31% 77% 0% 11% 12%
Clítico Pronome ele SNanafórico Objeto Nulo
Freire (2005), A realização do acusativo e do dativo anafóricos de
Terceira pessoa na escrita brasileira e lusitana
PB PE
VARIAÇÃO NA
SINTAXE PRONOMINAL
(13)
PM: Levam a miúda para o quarto, vestem-
lhe.
PA: minha mãe diz que lhe vão buscar e
lhe
vão levar
todos os dias.
(GONÇALVES, 2015: 175 )
VARIAÇÃO NA
SINTAXE PRONOMINAL
– PM e PA
•
Uso de
lhe
como OD, o fenómeno mais frequente em PA
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
FALADO NO FUNCHAL
(BAZENGA, 2011)
o
Amostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
– 0
(14)
a. […] jogava-
o
po chão (FNC11_MA1:032)
b. […] é normal que a seguir prevaleça e
os
corrija
de com maior cuidado do que corrija o meu teste.
(FNC-MA3.1:101)
o
Amostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
objeto nulo [ ]
(15)
a. […] faço o jantar sirvo
[ ]
[sirvo-o] à família
(FNC11_MA1:010)
b. o meu pai falava comuigue e eu ouvuia
[ ]
[ouvia-o]
logue (FNC11_MA1:082)
c. a minha licenciatura termina-se antes do tempo
pretendido_ tive que me enquadrar no bolonha e
tive que
[ ]
[a] acabar mais cedo – (FNC-MA3.1:013)
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
o
Amostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
repetição lexical
(16)
a. gostava de comprar
uma mota
_ e os meus pais
detestam
motas
[detestam-nas] (FNC-HA1:004)
b. queria
a minha roupa
vestia
a minha roupa
[vestia-a] (FNC11_MA1:067)
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
o
Amostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
ELE
(17)
a. ponho
ele
a ver boneques [bonecos] (FNC11_MA1
243)
b. mete [meto]
ele
andar de bicicleta (FNC11_MA1 243)
c. vi
ele
a passar ao pé dela (FNC11_MA1 270)
d. e depois o maride deixou
ela
e ficou na na quinta
(FNC11_MC1.1 453)
e. e então _devorava logo
eles
todos (FNC11_MA2.2 31)
f. levou
ele
à cozinha (FNC-MB1: 344)
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
o
Amostra do CSF (Corpus Sociolinguístico do Funchal)
LHE
(18)
a. tento-lhe explicar e
lhe
informar [informá-lo] sobre
as coisas (
FNC11_HA1426)
b. levo-
lhe
[levo-o] a escola (FNC11_MA1 006)
c. eu não gostava dele nem
lhe
[nem o podia] podia
ver a frente (FNC11_MA1 204-5)
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 NÍV EL 1 NÍV EL 2 NÍV EL 3
OD NÃO-PADRÃO
(FUNCHAL ,2011)
OD- ele OD-Lhe
5 0 0 0 2 4 6 8 10 12 (18-35) (36-55) (56-75)
OD NÃO-PADRÃO
(FUNCHAL, 2011)
OD- ele OD-Lhe
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
32,70% 18,20% 30,90% 16,40% 1,80% Repetição Padrão OD Nulo Ele Lhe 36,10% 5,60% 33,30% 22,20% 2,80% 27,30% 36,40% 27,30% 9,10% 0% 25% 25% 50% 0% 0%
Repetição Padrão OD Nulo Ele Lhe
Nível 1
Nivel 2
Nível 3
Gráfico 4
.
Realização OD, 6 informantes mais velhos do Funchal(CAIRES e LUIS, 2014).Gráfico 5
.
Realização OD, 6 informantes mais velhos do Funchal(CAIRES e LUIS, 2014).VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
Repetição 29% Padrão 16% Nulo; 30; 37% Lhe; 7; 9% Ele 9%
Repetição Padrão Nulo Lhe Ele 0
2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
nivel 1 nivel 2 nivel 3
Repetição (R) Padrão (O) Nulo (Z) Lhe (L) Ele (E)
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
37,1%
36,4% 4,2%
2,8%
19,6%
SNRep OD Nulo Lhe Padrão Ele
23, 30% 46, 50% 11, 60% 2, 30% 16, 30% 34% 22% 1, 90% 0% 22, 60% 53, 20% 21, 30% 0% 6, 40% 19, 10%
SNREP OD NU LO LH E PAD RÃO ELE
Faixa A Faixa B Faixa C
Gráfico 8. Variação na realização OD, 6 informantes com
escolaridade básica (nível 1) do Funchal(AVEIRO e SOUSA, 2014). Gráfico 9. Variação na realização OD, 6 informantes com escolaridade básica(nível 1) e por faixa etária do Funchal(AVEIRO e SOUSA, 2014).
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
4, 9 15, 4 62, 6 17, 1 16 9 37 29 18, 2 16, 4 30, 9 32, 7
CLÍTICO PRO-ELE VAZIO/NU LO REPETIÇÃO SN
PB (S.Paulo) PE (Funchal)A PE (Funchal)C
VARIANTES DE OD NO PORTUGUÊS
Pontos de Inquérito
(6)
Funchal, Santa Cruz, Machico, Câmara
de Lobos, Santana e S. Vicente
Figura 1. Pontos de Inquérito (Andrade, 2014)
Idade Escolaridade Sexo
A 18 - 35
anos 1 > Básico H
Homem
B 36 - 55
anos 2 > Secundário M Mulher C 56 - 75
anos 3 > Superior
Tabela 6.Amoststra estratificada (18 informantes p/ ponto de inquérito) num total de 126 (Andrade, 2014)
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
A
B
B1
C
Variantes sintáticas (escala de Lickert)
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
65% 16% 7% 8% 4% 10% 6% 7% 13% 63% 54% 17% 11% 9% 10% 33% 11% 9% 18% 29%
1- very bad 2- bad 3-average 4- good 5- very good
Sim, eu sei, eu vi-lhe ontem Sim, eu sei, eu vi-o ontem sim, eu sei, eu o vi ontem sim, eu sei, eu vi ele ontem
O namorado da Carolina estava na praia
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL
(ANDRADE, 2014)
50% 17% 0% 22% 11% 61% 0% 0% 6% 33%
1-Very Bad 2- Bad 3- Average% 4- Good 5- Very Good
Sim, eu vi ele ontem
Calheta Câmara de Lobos
11% 22% 17% 28% 22% 0% 0% 17% 39% 44%
1-Very Bad 2- Bad 3- Average% 4- Good 5- Very Good
Sim, eu vi ele ontem
Funchal Machico
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL
(ANDRADE, 2014)
58% 48% 33% 17% 12% “Porque estava
chovendo” “Sim, eu sei, eu vi ele ontem.” “Tem muito trânsito nas ruas.” Porque só no verão é que a gente vai-se à praia.” “Sim, eu sei, eu vi-lhe ontem.”
Perceção de construções não-padrão no PE insular (ilha da Madeira)
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL
(ANDRADE, 2014)
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL
(RODRIGUES, 2015)
• 412 estudantes da Universidade
da Madeira;
• De ambos os sexos;
• Das áreas de Humanidades,
psicologia, engenharia,
educação física e gestão
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
FUNCHAL
(RODRIGUES, 2015)
•
Avaliação dada a cada forma
•
Sexo do informante
•
Curso
•
Viveu fora da ilha
•
Traço [± humano] do OD
•
Género do OD
•
Forma do verbo (simples ou
composta)
•
Posição do pronome
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
Gráfico 16. Resultados da avaliação das variantes OD ele e -lhe por estudantes da UMa (RODRIGUES, 2015; RODRIGUES e BAZENGA, 2016): fator social (género dos inquiridos).
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
Gráfico 17. Resultados da avaliação das variantes OD ele e -lhe por estudantes da UMa (RODRIGUES, 2015; RODRIGUES e BAZENGA,
PERCEÇAO / AVALIAÇÃO - VARIANTES
DE OD NO PORTUGUÊS FALADO NO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
•
O sistema pronominal da Língua Portuguesa está
em processo de mudança avançado nas variedades
brasileira, africanas e madeirense, em comparação
com o PE continental.
•
A não distinção de formas entre nominativo,
acusativo e dativo, na terceira pessoa, aponta para
uma mudança em que o sistema de casos passa a
um sistema referencial (FREIRE, 2005; RODRIGUES
(no prelo)).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
•
Fatores cognitivos e culturais (LABOV, 2010)
estariam no centro dessas mudanças, uma vez
que ocorrem de modo semelhante em
diversas variantes geográficas do português
“pós-colonial”.
Referências bibliográficas
ANDRADE, Catarina Graça Gonçalves, Crenças, Perceção e Atitudes Linguísticas de Falantes Madeirenses, Dissertação de Mestrado em Estudos Linguísticos e Culturais apresentada à Universidade da Madeira, Funchal, texto policopiado, 2014
BAZENGA, Aline, Aspectos do português falado no Funchal e Variedades do Português, III SIMELP
(Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa), Universidade de Macau. Macau, China. 31de
Agosto-3 de Setembro de 2011.
BAZENGA, Aline e ANDRADE, Catarina, Evaluating The Continuum Of Syntactic Variability In Spoken European Portuguese (Madeira Island), World Conference on Pluricentric languages and their
non-dominant varieties, University of Graz, Austria, 8-11 de Julho de 2015.
CÂMARA JR., J. Mattoso. Ele como acusativo no português do Brasil. In: CÂMARA JR., J. Mattoso; UCHÔA, C. E. Falcão (org.). Dispersos. Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1975, p.47- 53.
CASTILHO, Ataliba T. de; ELIAS, Vanda Maria. Pequena gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.
CYRINO, Sônia Maria Lazzarini. Observações sobre a mudança diacrônica no português do Brasil: objeto nulo e clíticos. In: ROBERTS, Ian; KATO, Mary A. (orgs.). Português Brasileiro: uma viagem diacrônica.
Referências bibliográficas
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européenne du portugais, Université de Lyon 2, Tese de Doutoramento, 2005.
DUARTE, M.E.L. Clítico acusativo, pronome lexical e categoria vazia no português do Brasil. In: TARALLO, Fernando (org.). Fotografias sociolingüísticas. Campinas, SP: Pontes, UNICAMP, 1989, p.19-34.
FREIRE, Gilson Costa. A realização do acusativo e do dativo anafóricos de terceira pessoa na escrita
brasileira e lusitana. Tese de Doutorado em Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Faculdade de Letras,
UFRJ, 2005.
FIGUEIREDO, Maria Cristina Vieira de. O objeto anafórico no dialeto rural afro-brasileiro. 2004. Dissertação (Mestrado em Letras e Linguística) – Universidade Federal da Bahia, Salvador.
GONÇALVES, Perpétua, A Génese do Português de Moçambique, Lisboa: IN-CM, 2010.
GONÇALVES, Perpétua. O português em África. In: RAPOSO, Eduardo B. P. et al.(Org.) Gramática do
Referências bibliográficas
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Panorama do Português Oral de Maputo - Vol. III: Estruturas gramaticais do português: Problemas e exercícios, Maputo, Instituto Nacional do Desenvolvimento da Educação, 1998, pp. 35-163. Disponível
em http://cvc.institutocamoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/explorar-por-autor.html?aut=133 INVERNO, Liliana, Português vernáculo do Brasil e português vernáculo de Angola: reestruturação parcial vs. mudança linguística. In Mauro Fernández, M. Fernández-Ferreiro e Nancy Vázquez Veiga (eds.) Los Criollos de base ibérica: ACBLPE, Madrid: Iberoamericana/Frankfurt am Main: Vervuert, 2004, pp. 201-213.
INVERNO, Liliana, A transição de Angola para o português vernáculo: estudo morfossintático do sintagma nominal, In Ana M. Carvalho (ed.) Português em contato, Madrid, Frankfurt: Iberoamericana, Editorial Vervuert, 2009, pp. 87-106
LABOV, William Padrões sociolingüísticos. Trad. Marcos Bagno; Ma. Marta Pereira Scherre; Caroline Cardoso. São Paulo: Parábola, 2008.
Wiley-Referências bibliográficas
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MARTINS, Ana Maria, Construções com SE: Mudança e Variação no Português Europeu, in CASTRO, Ivo e DUARTE, Inês (eds.), Razões e Emoção. Miscelânea de Estudos em Homenagem a Maria Helena
Mateus, vol. 2, Lisboa, INCM, 2003, pp. 19-41
MINGAS, Amélia A. Interferência do Kimbundu no Português Falado em Lwanda. Caxinde: Luanda, 2000.
OMENA, Nelize Pires. Pronome pessoal de terceira pessoa: suas formas variantes em função acusativa. Rio de Janeiro, 1978. Dissertação (Mestrado em Linguística de Língua Portuguesa) – Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
PAGOTTO, Emílio G. Clíticos, mudança e seleção natural. In: ROBERTS, Ian & KATO Mary A.(org.).
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RODRIGUES, Lorena e BAZENGA, Aline, “A categoria caso nos pronomes pessoais de terceira pessoa: "estou estudando ela" em perspectiva sociolinguística”, III Congresso internacional “Pelos mares da
Referências bibliográficas
RODRIGUES, Lorena, As Fronteiras Linguísticas entre o Português Falado na Madeira e o Português Brasileiro, comunicação apresentada no Colóquio Internacional “As Fronteiras da Mobilidade”, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 12 nov. 2015.