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RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

GRADUAÇÃO

José Francisco Flach Moura

Ijuí, RS, Brasil

2014

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1

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

José Francisco Flach Moura

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária, Área de Equinocultura, da Universidade Regional

do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como

requisito parcial para obtenção do grau de

Médico Veterinário.

Orientadora: Profª Med. Vet. MSc. Denize da Rosa Fraga

Supervisor: Med. Vet. Rodrigo Ramos Kaipper

Ijuí, RS, Brasil

2014

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Universidade Regional do Noroeste do Estado do

Rio Grande do Sul

Departamento de Estudos Agrários

Curso de Medicina Veterinária

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o

Relatório de Estágio da Graduação

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

elaborado por

José Francisco Flach Moura

como requisito parcial para obtenção do grau de

Médico Veterinário

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________ Denize da Rosa Fraga, MSc (UNIJUÍ)

(Orientadora)

______________________________________ (Fernando Silveiro Ferreira da Cruz, MSc(UNIJUÍ)

(Banca)

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3

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família, amigos

e professores que me apoiaram nessa nova fase da minha vida.

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RESUMO

Relatório de Graduação

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM

MEDICINA VETERINÁRIA - ÁREA DE CLÍNICA DE EQUINOS

AUTOR: JOSÉ FRANCISCO FLACH MOURA

ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA Data e Local da Defesa: Ijuí, 04 de Dezembro de 2014.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, localizado em São Borja– RS, totalizando 150 horas, realizadas no período de 11/08/2014 a 12/09/2014, sob orientação da Professora Médica Veterinária MSc. Denize da Rosa Fraga e supervisão do Médico Veterinário Rodrigo Ramos Kaipper. Durante o período do estágio foram acompanhados atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos e de medicina veterinária preventiva. Dos quais, relato aqui dois casos clínicos, um deles sobre Laminite em equinos e outro sobre Vulvoplastia em égua. Este estágio proporcionou a aproximação da teoria com a prática e possibilitou uma aproximação com a área de trabalho e com a realidade do dia a dia do trabalho a campo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 8

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS... 10

2.1 Atividades em medicina veterinária preventiva... 10

2.2 Atendimento clínicos... 11

2.3 Procedimento cirúrgicos... 11

2.4 Procedimentos obstétricos... 12

3 RELATOS DE CASO... 13

3.1 Laminite em eqüino da raça crioula... 13

3.2 Vulvoplastia em égua... 21

4 CONCLUSÃO... 28

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 29

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Resumo das atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja– RS, no período

de 11/08/2014 a 12/09/2014...

10 Tabela 2- Atividades desenvolvidas na área de medicina veterinária preventiva

durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja– RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014...

10 Tabela 3- Atendimentos clínicos realizados durante o período de Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja–

RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014...

11 Tabela 4- Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja–

RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014...

11 Tabela 5- Atendimentos obstétricos acompanhados durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja–

RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014...

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LISTA DE ANEXO

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, localizado no 1° Distrito, Zona Rural, São Borja– RS, totalizando 150 horas, realizadas no período de 11/08/2014 a 12/09/2014, sob a supervisão do Médico Veterinário Rodrigo Ramos Kaipper e orientação da Médica Veterinária Denize da Rosa Fraga. O estágio foi realizado na área de Clínica de Equinos.

A Coudelaria se origina da antiga Estância de São Gabriel, que pertencia à Companhia de Jesus. Em 1843, foi incorporada aos bens do Estado e, em 1891, passou à jurisdição do Ministério do Exército com o nome de Colônia de São Gabriel.

A Coudelaria Nacional de Rincão foi criada em 1922. Em 1975, passou a ser utilizada pelo Exército Brasileiro apenas como Campo de Instrução de Rincão (CIR), e seu acervo foi encaminhado à Coudelaria de Campinas (SP). Recriada em 1988 como Coudelaria e Campo de Instrução de Rincão, permanece, atualmente, como única Coudelaria do Exército. Apresenta como atividades básicas a produção de equinos, o apoio aos Exercícios Militares e o desenvolvimento de projetos de interesse do Exército.

Sua missão é disponibilizar área para apoio no adestramento das tropas militares, produzirem equinos para cerimoniais militares, instrução, representação no âmbito do exército e desenvolver projetos de interesse da 3ª Região Militar.

Tem com visão de futuro ser uma organização militar reconhecida nacionalmente por seu destacado nível técnico no melhoramento zootécnico e desenvolvimento sustentável na área de criação de equinos. Dentre as atividades realizadas a produção de equinos, é destacada como a principal. Os animais produzidos são distribuídos para Organizações Militares de todo Brasil, tendo como finalidade o uso em cerimonial militar, adestramento de tropas e prática de esporte, perfazendo uma média de 150 animais por ano.

Subordinada à seção Veterinária, foi criada a seção de Agricultura, com o intuito de tornar viável o projeto de auto-suficiência, que visa atender todo o efetivo de animais com produção de grãos, cereais, fenos e pastagens, e as subseções de produção de bovinos, ovinos e outros animais atendem a manutenção de uma

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reserva técnica de alimentos, que garantem o suporte à atividade principal. Para alcançar a excelência desses serviços são realizadas uma série de atividades subsidiárias, tais como transporte de grãos, fenos, instalação de cercas, construção e manutenção das instalações físicas, entre outras.

Visando integrar a Coudelaria de Rincão com a sociedade São Borjense e o meio acadêmico, são realizados cursos técnicos em conjunto com parceiros, temporadas hípicas, rodeio crioulo, atividades as quais ganham projeção no âmbito nacional dentro e fora da Força.

Seu corpo técnico especializado participa de distintas atividades como feiras, exposições, simpósios entre outros, agregando assim novas tecnologias e conhecimentos em prol da melhor execução do trabalho, mantendo assim, o padrão de excelência da Coudelaria de Rincão, que hoje atinge o patamar de referência nacional na produção de equinos.

A instituição realiza acompanhamento dos equinos, distribuídos para os outros quartéis, de todo o Brasil, desde a maternidade, cria, recria e doma, com todo o apoio técnico necessário, contando com piquete maternidade, cuidados com neonatos, nutrição de acordo com as fases de desenvolvimento dos animais, clínica de equinos e reprodução. Suas estruturas são providas de pavilhão de monta, enfermaria e baias. No pavilhão de monta são realizados procedimentos de coleta de sêmen, inseminação artificial, transferências de embriões e controle folicular das éguas. A enfermaria é onde se realiza a maioria dos procedimentos clínicos, dispondo de três troncos de contenção e onde são guardados os medicamentos. As baias dispõem de equipamento de ventilação e bebedouros, nelas são mantidos os garanhões em um pavilhão, já em outro pavilhão as éguas com potro ao pé, realizando cuidados necessários com os neonatos.

Durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi acompanhada a rotina dos médicos veterinários na área de clínica de equinos, procedimentos cirúrgicos e medicina veterinária preventiva. Com o estágio desenvolvido foi possível o acompanhamento da rotina dos Médicos Veterinários, proporcionando relacionar os conhecimentos adquiridos em sala de aula com a realidade do trabalho a campo.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão, resumidamente, descritas na Tabela 1.

Tabela 1 – Resumo das atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja– RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014.

Tipo de Atividade %

Atendimentos obstétricos 7 1,1%

Atendimentos clínicos 37 5,7%

Procedimentos cirúrgicos 79 12%

Medicina veterinária preventiva 530 81,2%

Total 653 100

2.1 Atividades em medicina veterinária preventiva

As atividades desenvolvidas na área de medicina veterinária preventiva durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritas na Tabela 2.

Tabela 2 – Atividades desenvolvidas na área de medicina veterinária preventiva durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja– RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014.

Tipo de Atividade %

Casqueamento preventivo 2 0,4%

Cuidados com neonato 9 1,7%

Coleta de Sangue para teste de Anemia

Infecciosa Equina 150 28,3%

Coleta de sangue para teste de Mormo 150 28,3%

Desverminação 219 41,3%

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2.2 Atendimentos clínicos

Os atendimentos clínicos realizados durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritos na Tabela 3.

Tabela 3 – Atendimentos clínicos e procedimentos realizados durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja– RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014.

Atendimentos Clínicos/ Procedimentos %

Artrite asséptica 1 12,5% Coleta de sêmen 1 12,5% Suspeita de tétano 1 12,5% Miiase vulvar 1 12,5% Broca 2 25% Laminite 2 25% Total 8 100 2.3 Procedimentos cirúrgicos

Os procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritos na Tabela 4.

Tabela 4 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja– RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014.

Procedimentos Cirúrgicos %

Entrópio 1 1,3%

Retirada de granuloma de membro posterior direito 1 1,3%

Vulvoplastia 1 1,3%

Sutura de lesão no membro posterior esquerdo 1 1,3%

Orquiectomia 75 94,8%

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2.4 Atendimentos obstétricos

Os atendimentos obstétricos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária estão descritos na Tabela 5.

Tabela 5 – Atendimentos obstétricos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária realizado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, São Borja– RS, no período de 11/08/2014 a 12/09/2014.

Atendimentos Obstétricos %

Retenção de placenta 1 2,8%

Aborto 1 2,8%

Acompanhamento de partos eutócicos 5 13,8%

Inseminação artificial 10 27,8%

Controle folicular para inseminação artificial 19 52,8%

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3 RELATOS DE CASO

RELATO DE CASO I

3.1 LAMINITE EM EQUINO DA RAÇA CRIOULA

José Francisco Flach Moura, Denize da Rosa Fraga, Rodrigo Ramos Kaipper

Resumo

Um cavalo da raça crioula foi atendido na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, com queixa principal de claudicação, através da anamnese descobriu-se que o animal havia participado de uma cavalgada e que era pouco utilizado para prática de esportes, durante o exame clínico apresentava sobrepeso, relutância ao movimento, dor, claudicação e pulso digital aumentado. Através dos sinais clínicos e da anamnese foi diagnosticado o quadro de laminite, e instituído o tratamento a base de Acepromazina, 1mL, duas vezes ao dia, por via intramuscular e Fenilbutazona, 10mL, uma vez ao dia por via intravenosa, por 5 dias. O animal foi casqueado, ferrado, com a ferradura invertida e estabulado, após duas semanas o animal apresentou melhora clínica. A laminite está relacionada a quadros patológicos, que envolvem outros sistemas, que cursam com casos de choque endotóxico e, ou, séptico, excesso de ingestão de carboidratos, síndrome cólica, diarreias, peritonite, pleuropneumonia e endometrite. Outros casos seriam devido a exercício intenso, trabalho em piso duro, transporte e terapia prolongada com corticóides, levando a alterações microcirculatórias nos cascos dos equinos, predispondo a isquemia e necrose das lâminas sensitivas dos cascos, provocando rotação de falange distal. Este relato tem por objetivo descrever o caso clínico de laminite acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, da UNIJUÍ.

Palavras-chave: Casco. Claudicação. Endotoxemia.

Introdução

A Laminite também é conhecida como Pododermatite Asséptica Difusa e Aguamento (THOMASSIAN, 2005). Atinge várias espécies, principalmente equinos e bovinos. Caracteriza-se por apresentar alterações circulatórias, degenerativas e inflamatórias nas lâminas dos cascos, podendo levar a necrose, deformação e até mesmo a perda do casco. Seu sinal mais evidente é a claudicação, devido ao

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aumento da pressão no interior do casco, prejudicando o retorno venoso, podendo ocasionar a rotação e deslocamento da terceira falange (SCHILD, 2001). Segundo Eades et al., (2002) quadros de laminite estão associados a eventos patológicos, que envolvem outros sistemas, que cursam com casos de choque endotóxico e, ou, séptico, excesso de ingestão de carboidratos, síndrome cólica, diarreias, peritonite, pleuropneumonia e endometrite. Outros casos seriam devido a exercício intenso, trabalho em piso duro, transporte e terapia prolongada com corticóides.

Este relato tem por objetivo relatar o caso de laminite em equino da raça crioula, tratado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, da UNIJUÍ.

Metodologia

Um cavalo da raça crioula foi atendido na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, com queixa principal de claudicação, através da anamnese descobriu-se que o animal havia participado de uma cavalgada e que era pouco utilizado para prática de esportes. Durante o exame clínico apresentava sobrepeso, relutância ao movimento, ficando deitado a maior parte do dia, distribuía o seu peso para os membros posteriores, aparentava dor e pulso digital aumentado, nos dois membros anteriores.

Sugeriu-se o diagnóstico de laminite, com base na anamnese e ao exame clínico. O animal recebeu 1mL de Acepromazina, duas vezes ao dia, por via intramuscular e Fenilbutazona, 10mL, uma vez ao dia por via intravenosa, por 5 dias, foi realizado o ferrageamento, com as ferraduras invertidas, para estabilizar o deslocamento da terceira falange. A dieta instituída foi a base de pastagem de azevém e feno, e priorizado a redução das atividades físicas, deixando o animal estabulado, com alta quantidade de serragem na baia, mantendo o piso o mais macio possível, na tentativa de maior absorção do impacto do casco com o chão.

Após duas semanas o animal já apresentava melhora do caso clínico, sendo mantido na baia e com a dieta reformulada e instituindo exercícios de forma periódica e gradual.

Resultados e Discussão

O casco dos equinos tem características funcionais, que dependem da integridade das lâminas do casco, as quais possuem uma sensível rede

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microvascular, responsável pela nutrição e eliminação de catábolicos (THOMASSIAN, 2005). Segundo Schild, (2001) os cascos são as ultimas estruturas a receberem suprimento sanguíneo, por apresentar mínima circulação, sendo mais sensível a isquemia e mais vulnerável a lesões.

Não se sabe o mecanismo exato entre as doenças desencadeantes e os casos de laminite, havendo algumas teorias, relacionadas com a abertura dos shunts arteriovenosos, formação de microtrombos e ao aumento da pressão do interior do casco (RADOSTITS et al., 2010).

O animal atendido apresentava em seu histórico de atividades, a participação em uma cavalgada longa, em superfície dura, acredita-se que devido ao seu treinamento inadequado associado com o exercício intenso tenha causado a enfermidade, devido à compressão das redes microvasculares do casco prejudicando a circulação, predispondo a isquemia, lesionando os capilares dérmicos, aumento da pressão sobre a rede vascular digital (SCHILD, 2001).

Vale ressaltar que existem outras causas que predispõem a laminite, podendo estar relacionadas aos quadros de endotoxemia que geralmente são decorrentes de afecções gastrointestinais, que coincidem com lesões vasculares, levando a perda de líquidos e a desequilíbrios eletrolíticos. As lesões geradas na mucosa intestinal facilitam a absorção de toxinas, comprometendo a vascularização dos tecidos (THOMASSIAN, 2005).

No caso clínico acompanhado não foi citado como causa principal o excesso de ingestão de carboidratos, mas vale ressaltar que devido a multiplicação de bactérias, no interior do ceco, principalmente Lactobacillus e Streptococcus, e ao aumento do ácido láctico em conjunto com a redução do pH, ocorre o aumento da osmolalidade do fluido cecal, levando ao acumulo de fluidos, extra e intravascular, no lúmen intestinal, reduzindo o volume plasmático causando um desequilíbrio hidroeletrolítico, alterando a frequência cardíaca e o tempo de preenchimento capilar. Com a quebra da parede celular das bactérias gram-negativas, ocorre a liberação de endotoxinas, que devido a redução do pH torna-se possível a absorção de toxinas (THOMASSIAN, 2005). Resultando em eventos sistêmicos, devido a liberação de mediadores inflamatórios como catecolaminas, prostaglandinas, serotonina e interleucina. Alterando o fluxo sanguíneo das artérias digitais, fazendo vasoconstrição digital e abrindo os “shunts” arteriovenosos, tendo como consequência redução da perfusão da membrana, agregação plaquetária, formando

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trombos, causando isquemia e necrose laminar, prejudicando a síntese normal do tecido córneo do casco (LINEIRO, 2008).

De acordo com a teoria enzimática, em situações de stress ocorre à ativação das metaloproteinases, que acabam potencializando a degradação de colágeno da membrana basal e perda das inter-digitações entre as lâminas dérmicas e epidérmicas, mediada por leucócitos, citocinas inflamatórias ou toxinas bacterianas (POLLITT, 1999).

A laminite pode surgir de forma aguda, aguda ou crônica. A fase sub-aguda surge após os fatores que desencadeiam o ciclo fisiopatológico, até que o animal manifeste os primeiros sinais, durando em média 16 a 24 horas (THOMASSIAN et al., 2005). Após esta fase a enfermidade se caracteriza de forma aguda, conforme o caso acompanhado, caracterizado pelo aparecimento súbito de sinais de claudicação, afetando os membros anteriores, podendo evoluir e afetar todos os membros, sendo os membros torácicos os mais afetados, geralmente, devido à maior distribuição do peso para eles, quando comparados aos posteriores, apresentando sinais de dor, ansiedade, tremor muscular, aumento de temperatura na parede dorsal e coroa dos cascos, relutância ao andar, mucosas congestas, temperatura corporal levemente aumentada, taquicardia, taquipneia, lombo arqueado, relutância ao se movimentar, distribuição do peso para os membros posteriores, longos períodos de tempo deitados e sudorese (THOMASSIAN et al., 2000). O aumento do pulso digital, o qual o animal estudado apresentava, ocorre pelo aumento da resistência do fluxo sanguíneo, devido às lesões nos capilares dérmicos (PINTO e LINEIRO, 2011)

No caso estudado o equino não chegou a desenvolver o quadro crônico da doença, que geralmente ocorre após 48 horas dos primeiros sinais clínicos, onde é notada a separação das lâminas do casco, alteração de marcha (SCHILD, 2001). Segundo Thomassian et al., (2000) casos de laminite crônica acabam reduzindo o fluxo sanguíneo do casco, afetando o seu crescimento, deixando com aspecto irregular, refletindo em seu tecido córneo, em formas de anéis, da coroa até a pinça. Em seguida com a rotação da terceira falange e outras deformidades no estojo córneo a sola acaba ficando convexa, podendo levar ao desenvolvimento de outras enfermidades, se houver a exteriorização da falange, transformando em um processo séptico.

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A enfermidade pode ocasionar devida pressão excessiva na sola a rotação da falange distal, não comprovada durante o caso estudado, o qual segundo Lineiro (2008) acaba prejudicando a perfusão arterial. Pois as lâminas dorsais da parede do casco são mais predispostas à isquemia, do que as lâminas da parte caudal, devido a sua irrigação não conter artérias tão vulneráveis. Seu movimento ocorre entre a fixação do osso e a parede do casco, podendo haver rotação dorsal, deslocamento distal simétrico ou deslocamento distal unilateral. A maior consequência da rotação da falange distal é ocasionada pela perda do seu paralelismo com a muralha do casco, comprometendo a vascularização das lâminas epidérmicas do casco levando a perda do estojo córneo (THOMASSIN, 2005).

O diagnóstico da laminite do animal estudado foi baseado na anamnese e sinais clínicos, que segundo encontrado na literatura deve ser realizado em conjunto com achados radiográficos, o qual não foi realizado, avaliando a história clínica para que possa indicar possíveis causas, como doenças, manejo inadequado, partos distócicos e observações de perdas do paralelismo entre a face dorsal da falange e a muralha do casco, devendo ser monitorado e avaliado, devido à rotação de 3° falange (THOMASSIAN et al., 2000).

O equino foi tratado imediatamente, de acordo com Linford (2006) sendo que o tratamento de casos agudos deve ser considerado uma emergência, e realizados, inclusive quando há chances do animal desenvolver a enfermidade, como medida profilática deve ser realizado antes do surgimento dos primeiros sinais clínicos. Promovendo o alivio da dor, remoção da causa, melhora da circulação digital, reduzindo a inflamação e a necrose.

Durante o atendimento clínico não foram realizados exames laboratoriais, sendo esses de grande importância para o seu diagnóstico e acompanhamento. Segundo Thomassian, (2005) deve ser indicado à realização de exames laboratoriais, avaliando as causas, estado geral do animal, sistemas acometidos, sendo eles hepático, renal, gastrointestinal e cardiovasculares. Os exames requeridos incluem hemograma, proteínas totais, fibrinogênio, fosfatase alcalina, bilirrubina, AST, ureia e creatinina. Lembrando que devido à liberação de toxinas na corrente sanguínea, o fígado acaba sendo a primeira linha de defesa, contra as endotoxinas, levando a alterações laboratoriais mais evidentes.

O tratamento realizado no equino em estudo foi com 1mL de Acepromazina, duas vezes ao dia, por via intramuscular e Fenilbutazona, 10mL, uma vez ao dia por

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via intravenosa, por 5 dias, sendo a ultima indicada para casos de laminite aguda, seu uso, por via intravenosa, 4,4 mg/kg, no primeiro dia, duas vezes ao dia, e 2,2 mg/kg, uma vezes ao dia, durante o 2° dia e 1,1 mg/kg, até a redução dos sinais, tendo cuidados com a sua administração, para evitar efeitos colaterais (THOMASSIAN, 2005). É de grande importância evitar o uso de anti-inflamatórios esteroidais, seu uso é contra-indicado devido a sua ação vasoconstritora periférica e por favorecer a formação de microtrombos (LINFORD, 2006). Poderia ter sido usado simultaneamente, Flunixina Meglumina, por 3 dias, 1,1 mg/kg, por via intravenosa. Vale ressaltar que o uso de antiinflamatórios não esteroidais é benéfico para o alivio da dor, sendo, o mais recomendado (LINFORD, 2006). A utilização de Acepromazina, no caso em estudo, é de grande importância por ser um fármaco vasodilatador, o qual auxilia o fluxo sanguíneo laminar, quando administrada por via intramuscular, em doses de 0,01 a 0,05 mg/kg, duas vezes ao dia (RADOSTITS et al., 2010).

O uso da ferradura invertida no animal acompanhado foi aplicado com a ideia de diminuir a pressão sobre o casco, evitando o movimento de alavanca, distribuindo o peso para os talões. Segundo Linford (2006) é de grande importância reduzir a tensão sobre as lâminas do casco, devido à união da parede do casco com a falange distal, para isso deve-se promover sustentação da ranilha e proteção da sola. Uma recomendação é a elevação do talão, reduzindo a tração do tendão flexor profundo, diminuindo a tensão sobre as lâminas. Em conjunto com a retirada da ponta da pinça, evitando o movimento de alavanca do casco.

Grunert (1973) indica a redução das atividades físicas dos equinos, ficando estabulados, priorizando o seu bem estar, com alta quantidade de serragem na baia, mantendo o piso o mais macio possível, como realizado com o animal em estudo, na tentativa de maior absorção do impacto do casco com o chão. Priorizado o conforto do animal e passeio 4 vezes ao dia em terrenos moles, para estimular o fluxo sanguíneo (THOMASSIAN et al., 2000).

O gessamento do casco também apresenta vantagens e pode ser instituído no tratamento por promover a proteção da sola, apoiar a falange e por melhorar o fluxo sanguíneo podal, proporcionando alivio da dor (THOMASSIAN et al., 2000).

Duchas frias, sobre os cascos do cavalo podem ser indicadas quando aplicadas 3 vezes ao dia, durante 10 a 15 minutos e em casos mais graves é indicado o uso do pedilúvio, com água e gelo (THOMASSIAN et al., 2000).

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Outras opções que podem ser instituídas como tratamento nos casos de laminite, causada pela ingestão excessiva de carboidratos, seria o uso de purgantes ou laxantes, soro hiperimune promovendo a eliminação de toxinas e suas fontes (LINFOR, 2006).

Durante o tratamento, também poderia ter sido benéfico, se instituído, o uso de fármacos anticoagulantes, por inibir a agregação plaquetária, logo prevenindo a formação de trombos, como o ácido acetilsalicílico, em dose indicada de 10 mg/kg, a cada 48h, por via oral (RADOSTITS et al., 2010). Outra opção seria a Heparina, por via subcutânea, três vezes por dia, monitorando o tempo de protrombina, em doses 40 UI / kg (LINEIRO, 2008). O uso de Dimetilsulfoxido também poderia ter sido utilizado diariamente, por via intravenosa, se administrado com solução eletrolítica balanceada, evitando sua reação hemolítica (LINFOR, 2006).

O prognóstico do animal analisado foi reservado, por não se ter auxílio de exames complementares que poderiam ter auxiliado na avaliação da lesão, como por exemplo, o Raio-x. Segundo Radostits et al., (2010) o prognóstico favorável depende de um diagnóstico rápido e preciso em conjunto com um tratamento adequado, baseando-se a partir do exame radiográfico, verificando o grau de rotação da falange distal, sendo que animais com menos de 5,5° de rotação podem retomar suas atividades.

Para controlar e prevenir casos de laminite é indicado exercitar animais, muito gordos, ou quando muito tempo parados, cuidando com a sua alimentação, principalmente com as que contêm um elevado teor de carboidratos em conjunto com o tratamento de doenças que podem causar quadros de endotoxemia (THOMASSIAN et al., 2000).

Conclusão

A laminite por se tratar de uma inflamação das lâminas dérmicas dos cascos, causa isquemia e necrose do estojo córneo do casco, sendo assim, de grande importância entender a fisiopatologia da doença, para poder tratá-la e se chegar a um resultado satisfatório, lembrando que deve ocorrer a intervenção o quanto antes possível, eliminando as causas e prevenindo a rotação de falange distal. A terapia suporte, cuidados, casqueamento corretivo e ferrageamento resultam em altas taxas de sobrevivência em conjunto com a manutenção dos animais em baias confortáveis.

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Referências Bibliográficas

EADES, S, C.; ASHLEY, M, S.; HOLM, D, V, M. Uma revisão da fisiopatologia e tratamento da laminite aguda:. Patofisiológia e implicações terapêuticas de endotelina-1 . AAEP Proc , v.48, p.353-361, 2002.

LINEIRO, A, G. 2008. Infosura en el equinos. Disponível em: <http://www.fvet.uba.ar/equinos/infosurarutal-2008.pdf > acessado em 15/10/2015. GRUNERT, E. Manual de obstetrícia veterinaria, vol 2, Sulina, Porto Alegre, p.179. 1973.

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RELATO DE CASO II 3.2 VULVOPLASTIA EM ÉGUA

José Francisco Flach Moura, Denize da Rosa Fraga, Rodrigo Ramos Kaipper

Resumo

Foi atendida na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, uma égua da raça BH com sinais de corrimento vaginal e laceração vulvar, na anamnese descobriu-se que o animal havia parido há oito dias, um potro de tamanho relativamente grande e instituído o tratamento cirúrgico, através da técnica de Vulvoplastia. Geralmente lacerações localizadas na região vulvar estão relacionadas a casos de distócias, éguas primíparas, éguas pequenas cruzada com cavalos grandes, uso de força exagerada durante o parto, tração violenta, sem lubrificação, estreitamento do canal pélvico, má apresentação do feto, mau posicionamento, abortos e gêmeos. Ferimentos originados pelo parto podem ocorrer em qualquer local do canal fetal, podendo comprometer a viabilidade física e reprodutiva das fêmeas, levando a casos clínicos de aderências, peritonite e a hemorragias. Podendo causar maiores complicações quando ocorre o envolvimento do períneo, o qual acaba comprometendo a fertilidade dos animais. Seu diagnóstico é simples, facilitando a aplicação do tratamento, sendo que a intervenção precoce, favorecendo o prognóstico. O presente estudo tem por objetivo discutir as causas, sinais clínicos e tratamento cirúrgico de casos de laceração vulvar.

Palavras-chave: Distócia. Equinos. Reprodução.

Introdução

O trabalho de parto envolve uma grande soma de energia mecânica, pelo miométrio e contrações musculares abdominais, que em conjunto com a liberação de ocitocina propulsiona o feto pelo canal pélvico (HAFEZ e JANUDEE, 2004).

Ferimentos na via fetal surgem decorrentes do parto, em casos onde há o uso de força exagerada, tanto em contrações como extrações, podendo levar a ruptura de útero, vagina, vulva e períneo. Sendo mais frequente em primíparas e fêmeas mais velhas, com histórico de outros traumatismos, como atresia vulvar e retrações cicatriciais (GRUNERT, 1973). Geralmente em casos de partos laboriosos e fetos

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grandes, os mesmos podem levar ao rompimento da comissura vulvar, podendo dilacerar as outras estruturas envolvidas (THOMASSIAN, 2005).

Este trabalho tem por objetivo o relato técnico e discussão do caso acompanhado, em Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realiza do na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão.

Metodologia

Foi atendida na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão, uma égua que apresentava sinais de corrimento e laceração vulvar, através da anamnese se descobriu que o animal havia parido há 8 dias, um potro de tamanho relativamente grande. Observou-se, no exame clínico ginecológico, que o animal encontrava-se em estação, com bom estado nutricional e com todos os parâmetros vitais dentro da normalidade. Por meio da inspeção da vulva diagnosticou-se a sua laceração. Em seguida foi instituído o tratamento cirúrgico corretivo, com o intuito de melhorar a saúde reprodutiva, a estética e a qualidade de vida do animal.

Para realização do procedimento o animal foi contido em estação no brete, a cauda enfaixada e contida lateralmente, em seguida realizou-se a limpeza do reto, por palpação retal e higienização da vulva e do períneo, com água e sabão. Após foi feita a anti-sepsia com solução degermante 10%, a base de iodo. A anestesia foi realizada com 40 ml Cloridrato de Lidocaína 2%, com vasoconstritor, nos lábios vulvares.

O objetivo da cirurgia foi reduzir a abertura da vulva evitando a aspiração de ar, diminuindo as chances de infecção e inflamação do trato urogenital. Foi necessária a remoção do processo de cicatrização já formado, nas margens da ferida e em seguida posicionando as bordas e suturadas com fio nylon 2-0, com pontos isolados simples.

No pós-operatório a égua foi mantida por duas semanas em um piquete de pasto verde com disponibilidade de água para diminuir a consistência do bolo fecal, ficando separado de outros animais em ambiente limpo, junto com o potro. Em 10 dias os pontos foram retirados, onde foi avaliado a cicatrização do local e o animal foi liberado.

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Durante o parto, Prestes (2000) cita que as lacerações podem ocorrer em qualquer local do canal fetal, compreendendo vulva, vestíbulo, cérvix, corpo e corno uterino. As lacerações podem ser superficiais, profundas isoladas ou extensas, afetando a viabilidade física e reprodutiva das fêmeas, podendo levar a aderências e a hemorragias.

As lacerações vulvares são relacionadas segundo Nokes (1991), com a tração violenta, realizada durante o parto, sem lubrificação, podendo haver o estreitamento do canal pélvico. No caso relatado, não houve intervenções mecânicas, acredita-se que devido ao grande tamanho do feto em conjunto com sua, provável, má apresentação, durante o parto seguido do uso de força exagerada da fêmea, tenha causado a laceração vulvar. Segundo Troedssom (2006) as causas mais comuns de distócias em éguas ocorrem devido a má apresentação, mau posicionamento, abortos ou partos de gêmeos.

Segundo Tomassian (2005) casos de lacerações podem estar relacionados em éguas pós-parto, devido a coberturas de garanhões durante o cio do potro, não sendo a causa da patologia apresentada pelo animal em estudo, pois a mesma pós-parto não teve contato com garanhões. As lesões vulvares podem ser relacionadas com a proporção do tamanho da vagina da fêmea com o pênis do macho, ressaltando também o temperamento do animal no momento da cobertura (THOMASSIAN, 2005).

O caso clínico apresentado não havia comprometimento do reto, mas em casos mais graves, onde ocorre o seu comprometimento, pode ocorrer complicações, devido à presença de fezes na vulva, levando a quadros de infecções genitais, acometendo o útero e predispondo a esterilidade (GRUNERT, 1973).

A égua apresentava sinais de corrimento e laceração vulvar, lembrando que a mesma havia parido há mais de uma semana. De acordo com Nokes (1991) os sinais visíveis seriam de desconforto pélvico, contrações e eliminação de exsudato. Prestes (2000) complementa que em partos distócicos podem ocorrer hemorragias vaginais, devido as escoriações, com riscos de afetar grandes vasos da vagina, vestíbulo e cérvix, que causam hematomas localizados, os quais não foram apresentados pela égua, possivelmente pelo tempo que se levou para o diagnóstico e implantação do tratamento. Estas lesões geram riscos de contaminações secundárias, podendo desenvolver fístulas e abscessos. Os sangramentos são

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facilmente notados, podendo ser adotado o tratamento de forma rápida, ligando os vasos individualmente (Prestes, 2000).

Em um trabalho realizado por Farias et al., (2013, apud O'Rielly et al., 1998) as lacerações perineas constituem um dano ao corpo perineal definido em diferentes graus, podendo ser classificado em primeiro, segundo e terceiro dependendo das estruturas lesionadas. Lacerações de primeiro grau envolvem a mucosa vestibular e pele da comissura dorsal da vulva; segundo grau envolve a mucosa vestibular e submucosa, a pele da comissura dorsal da vulva e o músculo do corpo perineal; e terceiro grau envolve adicionalmente a mucosa retal e submucosa, septo perineal e esfíncter anal. Classificando-se assim a lesão vulvar apresentada no estudo em laceração de grau 1°.

Farias et al., (2013, apud O'Rielly et al., 1998) cita ainda que o diagnóstico é com base na inspeção da região, sendo fácil de ser estabelecido e relacionando-se na maioria das vezes ao parto. Caso não tratada e corrigida a lesão, podem advir complicações como pneumovagina, urovagina, vaginite, endometrites com consequente quadro de infertilidade. O tratamento é cirúrgico (vulvoplastia), onde se realiza a recuperação plástica da vulva, períneo e reto, caso este ultimo esteja lacerado. No animal atendido não foi constatado grandes complicações, além da apresentada, devido à demora do diagnóstico, cuja qual pode ser determinante para um prognóstico favorável.

O prognóstico do caso clínico foi favorável e alguns cuidados instituídos como de acordo com Turner e Mcilwraith (2002) cita que a égua deve ser acompanhada, para evitar seu comprometimento reprodutivo. Segundo Prestes (2000), casos em que ocorrem aderências no espaço vaginal, partos com intervenções mecânicas, devem receber avaliação ginecológica e instituído o tratamento adequado.

O tratamento realizado no caso em estudo foi intituido após 8 dias do surgimento da lesão (pós-parto). Segundo Grunert (1973) deveria ter sido realizado nas primeiras 12 horas, evitando consequências mais graves.

Thomassian (2005) afirma que éguas atendidas até seis horas após a laceração tem grande probabilidade de recuperação pelo tratamento cirúrgico, já as que sofreram as lesões a mais de 6 horas, devem ser tratadas como feridas, até a formação de tecido fibroso, para receberem outra intervenção, aumentando o tempo do tratamento. De acordo com Nascimento e Santos (2003) poderia ser notado como

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agravamento do quadro a formação de fístulas entre o reto e a vagina ou entre o reto e o vestíbulo vaginal, que dificultaria o tratamento.

A técnica de reparação utilizada foi a técnica de Vulvoplastia de Caslick, a qual foi instituída com o objetivo de reduzir a abertura vulvar evitando a aspiração de ar e reduzindo as chances de infecção e inflamação do trato urogenital. Para o seu preparo segundo Turner e Mcilwraith (2002) deve-se iniciar com a remoção das fezes do reto, manualmente, isolando o rabo, evitando com que o mesmo contamine o campo cirúrgico. A limpeza instituída deve envolver o períneo, com solução desinfetante branda, depois de enxaguado é realizado a anti-sepsia local, como a qual foi realizada no presente estudo com solução de degermante 10% a base de iodo.

Após foi realizada a anestesia local com Cloridrato de Lidocaína 2%, com o uso de 40mL, introduzidos nos lábios vulvares, de acordo com Grunert (1973) a anestesia de escolha deve ser suficiente para que as bordas sejam reavivadas e isoladas e que o animal se mantenha em estação. Neste caso relatado a égua apresentava processo de cicatrização, desordenado, o qual foi removido, e redirecionado a sua recuperação. Conforme Turner e Mcilwraith (2002) para o sucesso do procedimento deve-se retirar as áreas necrosadas e as que já apresentam tecido de cicatrização. O uso de Cloridrato de Lidocaína 2%, com vasoconstritor apresenta maior vantagem por reduzir o fluxo de sanguíneo no lugar da injeção, ocasionando maior tempo de ação anestésica local. Após deve se realizar a síntese da região prejudicada com sutura isolada simples, usando fio não absorvível, como o fio nylon n°2-0, realizado no caso em estudo, vale ressaltar que a extensão da sutura varia de acordo com a conformidade da vulva, podendo chegar até 2/3 de sua extensão, partindo da metade superior da vulva. Para conclusão da técnica, em alguns casos pode-se realizar o ultimo ponto, isolado simples, ventral, mais profundo que os outros, segundo Turner e Mcilwraith (2002) evitaria a tensão na linha de sutura, desde que fosse avaliado para que não interferisse futuramente na procriação.

No presente estudo o animal recebeu alta e foi liberado após a retirada dos pontos, sendo 10 dias depois da realização do procedimento cirúrgico. Durante o pós-operatório não foi indicado o uso de antibióticos, de acordo com Turner e Mcilwraith (2002) seria necessário nos casos onde ocorre o a rompimento de períneo e suas complicações, tais como, de retenção de fezes, tenesmo, necrose,

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prolapso retal, eversão da bexiga, infertilidade e infecções bacterianas (PRESTES, 2000). Poderia ter sido instituído durante o tratamento o uso de anti-inflamatórios não esteroidas, por reduzir o processo inflamatório e melhorar a vascularização da região (THOMASSIAN, 2005).

Existem técnicas opcionais, que podem ser realizadas durante partos distócicos que permitem diminuir a tensão da constrição vestibular, prevenindo a laceração próxima, sendo a de eleição a Episiotomia, por ser um procedimento obstétrico, que promove a dilatação vulvar e expulsão do produto, sendo uma incisão na comissura dorsal da vulva, durante o parto (WENZEL, 2002). A qual evita o envolvimento do reto, que poderia comprometer a vida reprodutiva da fêmea, a técnica não foi utilizada no animal em estudo, mas deve-se ter como opção em casos de partos laboriosos. Alguns cuidados devem ser feitos para realização da técnica de Episiotomia segundo Prestes (2000) deve-se evitar incisões no períneo em direção ao ânus, prevenindo maiores lacerações. É indicada a realização da incisão obliqua lateral a comissura dorsal ou superior da vulva, que no final do parto deve ser reconstruída, de forma uniforme.

Conclusão

Com o presente estudo pode-se concluir que são comuns os casos onde ocorre laceração vulvar, geralmente estão relacionados a partos distócicos, tornando de grande importância o acompanhamento e avaliação das fêmeas que se encontram em períodos de parição, viabilizado os piquetes pré-partos. O seu diagnóstico é simples, facilitando a aplicação do tratamento. As lacerações vulvares podem levar a grandes complicações, que exigem intervenção precoce, favorecendo o prognóstico. Ressaltando que o animal depois de recuperado pode voltar para a reprodução, mas o seu acompanhamento é essencial, pois podem ocorrer recidivas. Referências Bibliográficas

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4 CONCLUSÃO

A equinocultura brasileira, nos últimos anos, tem mostrado grande crescimento no agronegócio, com resultados expressivos em expansão e negócios associados a esta cadeia produtiva, tornando-se foco de investimentos. Sendo assim de grande importância o trabalho do Médico Veterinário e a sua especialização profissional, tornando o meio produtivo o mais eficaz, possível.

Através da realização do Estágio Supervisionado na Coudelaria de Rincão e Campo de Instrução de Rincão foi possível, uma maior, aproximação da área de trabalho com a realidade do dia a dia do trabalho a campo, relacionando os conhecimentos adquiridos em sala de aula com as atividades desenvolvidas. Onde foi realizados trabalhos na área cirúrgica, reprodutiva, medicina veterinária preventiva, cuidados com neonatos, atendimentos clínicos e obstétricos.

Com o Estágio Curricular Supervisionado percebeu-se a grande importância do médico veterinário na área, auxiliando no desempenho animal, em conjunto, com o aumento da vida útil dos mesmos, detectando lesões, diagnosticando doenças, prevenindo-as, realizando exames, orientando o manejo e treinamentos.

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