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Contributo do design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos

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Academic year: 2021

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 CONTRIBUTO  DO  DESIGN  NO  PROCESSO  DE  DESENVOLVIMENTO  DE  DISPOSITIVOS   MÉDICOS.  PROJETO  DE  UM  ELEMENTO  PROTÉSICO  SEGUNDO  UMA  ABORDAGEM  

CENTRADA  NO  UTILIZADOR.   Doutoramento  em  Design    

Doutorando:  Demétrio  Ferreira  Matos   Orientador(es):  

Doutor  António  Costa  Marques  Pinho       Doutora  Ana  Margarida  Gomes  Ferreira   Doutor  João  Paulo  do  Rosário  Martins    

Constituição  do  Júri:   Presidente  e  vogal:    

Doutor  Fernando  josé  Carneiro  Moreira  da  Silva,    

Professor  Catedrático  da  Faculdade  de  Arquitetura  da  Universidade  de  Lisboa.    

Vogais:  

Doutor  Carlos  Alberto  Miranda  Duarte,  

Professor  Catedrático  do  Instituto  de  Arte,  Design  e  Empresa  –  Universitário.    

Doutor  Francisco  dos  Santos  Rebelo,  

Professor  Associado  com  Agregação  da  Faculdade  de  Motricidade  Humana  da  Universidade  de   Lisboa.  

 

Doutor  António  Costa  Marques  Pinho,   Professor  Auxiliar  da  Universidade  do  Minho.    

Doutor  Rui  Humberto  Matos  Dias,  

Professor  Auxiliar  da  Universidade  Lusíada  de  Lisboa.    

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Agradecimentos

Em primeiro lugar para à equipa de orientação: Doutor António Marques Pinho (Uminho), Doutora Ana Margarida Ferreira (IADE-U) e Doutor João Paulo Martins (FA.UL).

A todas as empresas e instituições: Ao Centro de Reabilitação Profissional de Gaia com Cristina Crisóstomo e José Sousa. À Associação dos Deficientes das Forças Armadas com Abel Fortuna, Conceição Paulo e os seus membros amputados. À Padrão Ortopédico com Carlos Quelhas, Joana Ferreira, Pedro Maia, Rui Ribeiro e os restantes elementos da exelente equipa de profissionais. À Associação Nacional de Amputados com Paula Leite e António Ferreira.

A todos os que contribuíram de alguma forma nesta investigação: A todos os pacientes. À Cristiana Costa pelo contributo imprescindível. À Ana Barros pelo apoio inicial. Ao Joaquim Gonçalves pelo apoio na estatística. Ao Filipe Chave na simulação numerica. Ao Manuel Gomes da iSurgical3D pelo apoio na digitalização 3D. Aos colegas e aos amigos, pelas suas palav

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Resumo

A crescente procura de novas soluções para o tratamento de distúrbios ou disfunções na área da saúde tem vindo a intensificar o desenvolvimento de produtos denominados ajudas técnicas, visando proporcionar uma melhor qualidade de vida ao ser humano. No entanto, estes produtos são frequentemente idealizados para responder a questões funcionais numa ótica fisico-mecânica não satisfazendo plenamente o utilizador. Por norma, as equipas multidisciplinares responsáveis por estes desenvolvimentos não contemplam o Designer como elemento fundamental para o sucesso de produtos ou sistemas desta natureza.

O presente projeto de investigação insere-se na área científica de Design e foca-se na pesquisa, desenvolvimento e teste do uso de dispositivos médicos, mais precisamente de próteses endosqueléticas para membros inferiores, através de uma abordagem de Design centrado no utilizador. Um dos objetivos base deste trabalho passa pela criação, desenvolvimento e validação de um produto através desta abordagem, demonstrando a relevância do envolvimento do Designer nas equipas multidisciplinares para uma resposta mais completa à sociedade neste domínio.

Conscientes da importância das abordagens sistémicas, multidisciplinares e centradas no utilizador para o desenvolvimento e sucesso de novos produtos no âmbito da saúde, desenvolveu-se uma investigação ativa recolhendo e

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Foi possível verificar que, frequentemente, estes produtos são pouco apelativos e apresentam lacunas evidentes com impacto no seu uso e no bem-estar do utilizador. Assim, o produto desenvolvido nesta investigação permitiu, num primeiro plano, ultrapassar algumas das limitações identificadas na fase de pesquisa ao nível destes dispositivos e obter soluções mais satisfatórias, na fase inicial da reabilitação, e durante a vida ativa do paciente.

Os resultados desta investigação permitem-nos concluir que a integração do

Design no desenvolvimento de produtos como as ajudas técnicas, em

contexto multidisciplinar vem contribuir de forma positiva na criação de dispositivos médicos. Permitindo uma resposta mais eficaz e global dos novos produtos, na medida em que considera desde o início do ato projetual, as várias funções do produto na perspetiva do utilizador, melhorando a qualidade de vida dos amputados nos principais momentos de interação com estes produtos.

Palavras-chave:

Design industrial;

Design centrado no utilizador; Multidisciplinaridade;

Prótese do membro inferior; Ajudas técnicas.

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Abstract

The growing demand for new solutions for the treatment of disorders or dysfunctions in health has intensified the development of products called technical aids, aiming to provide a better quality of life for human beings. However, these products are often devised to address functional issues from a physio-mechanical viewpoint and do not fully satisfy the user. As a rule, the multidisciplinary teams responsible for these developments do not include the Designer as a key element to the success of products or systems of this nature.

This research project falls under the scientific field of Design and focuses on the research, development and testing of the use of medical devices, specifically endoskeleton prosthetics for lower limbs, through a user-centered design approach. One of the foundation objectives of this work involves the conception, development and validation of a product through this approach, demonstrating the importance of the involvement of the

Designer in multidisciplinary teams for a more complete answer to society

in this area.

Aware of the importance of systemic, multidisciplinary and user focused approaches for the development and success of new products in health, an active investigation was led by collecting and validating work processes and the product developed, through methods such as literary criticism, direct

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the product developed in this research allows, first and foremost, to overcome the limitations identified at the stage to research of these devices and to present more satisfactory solutions in the initial phase of rehabilitation or during the active life of the patient.

The results of this research allow us to conclude that the integration of

Design in product development such as technical aids in a multidisciplinary

context will contribute positively in the conception of medical devices. Allowing a more effective and comprehensive response of new products, to the extent that considered from the start of projetual act, the various functions of the product in the perspective of the user, improving the quality of life for amputees at the principal moments of interaction with these products.

Keywords:

Industrial design; User-centered design; Multidisciplinarity; Lower limb prosthesis; Technical aids.

(11)

Índice geral

Agradecimentos vi

Resumo viii

Abstract x

Índice geral xii

Índice de gráficos xv

Índice de tabelas xvii

Índice de figuras xviii

Lista de acrónimos xxiii

Glossário xxiv

1

INTRODUÇÃO

1

1.1

Enquadramento

3

1.2

Objetivos

16

1.3

Metodologia de investigação

18

1.3.1 Questões de investigação 18 1.3.2 Desenho da investigação 19

1.4

Estrutura da tese

22

1.5

Referências

24

2

ENQUADRAMENTO

31

2.1

Introdução

33

2.2

Dispositivos médicos

34

2.2.1 Conceitos gerais 34 2.2.2 Classificações 36

(12)

Demétrio Matos | Contributo do design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos 2.4.2 Tipos de próteses e os seus componentes 53

2.4.3 Processo de fabrico 66

2.5

Recolha e análise de dados

73

2.5.1 Observação direta 74

2.5.2 Entrevista 76

2.6

Sumário

82

2.7

Referências

85

3

DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO ATIVA 97

3.1

Introdução

99

3.2

Design

100

3.2.1 Design; a definição 100

3.2.2 Design Centrado no Utilizador 105

3.2.3 O conceito 107 3.2.4 O processo 110

3.3

Inquérito

111

3.3.1 Caracterização da amostra 113 3.3.2 Desenvolvimento do questionário 114 3.3.3 Implementação do questionário 118

3.3.4 Discussão dos resultados 120

3.4

Projeto de Design Industrial

131

3.4.1 Enquadramento do problema 132

3.4.2 Geração e seleção de conceitos 137

3.4.3 Produção do protótipo 154

3.4.4 Ensaios mecânicos 170

3.4.5 Apresentação do produto final 175

3.5

Sumário

178

3.6

Referências

179

4

DISCUSSÃO E VALIDAÇÃO ATRAVÉS DO

PRODUTO

185

4.1

Introdução

187

4.2

Estruturação do processo

189

4.2.1 Definição do teste 190

4.2.2 Seleção dos participantes 191

4.2.3 Definição do cenário dos testes 192 4.2.4 Definição de procedimentos e métricas 192

4.2.5 Teste piloto 195

4.3

Validação junto dos utilizadores

196

4.4

Análise dos resultados

198

4.5

Sumário

207

(13)

5

CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

211

5.1

Conclusões

213

5.2

Perspetivas de desenvolvimentos futuros

219

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

221

ANEXOS

231

I. Termo de consentimento livre e esclarecido 232

II. Guião da entrevista 234

III. Pré-teste do questionário 238

IV. Questionário 242

V. Guião do teste de usabilidade 248

VI. Desenhos técnicos 254

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Demétrio Matos | Contributo do design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos

Índice de gráficos

Gráfico 3-1: Taxa de retorno do pré-teste 114

Gráfico 3-2: Associados da ADFA amputados 119

Gráfico 3-3: Nível de amputação do membro inferior (Pergunta 05) 122

Gráfico 4-1: Género da amostra do teste 199

Gráfico 4-2: Nível de amputação dos utilizadores 200

Gráfico 4-3: Tempo de colocação do encaixe na 1ª e 2ª tentativa. 202 Gráfico 4-4: Tempo de remoção do encaixe na 1ª e 2ª tentativa. 202 Gráfico 4-5: Tempo de colocação da 1ª cosmética na 1ª e 2ª tentativa. 203 Gráfico 4-6: Tempo de colocação da 2ª cosmética na 1ª e 2ª tentativa. 203 Gráfico 4-7: Comparativo da prótese com o protótipo. 205

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Índice de tabelas

Tabela 2-1: Classes de risco dos dispositivos médicos, adaptado de

(INFARMED, 2010) 38

Tabela 2-2: Classificação dos aspetos da prótese. 79

Tabela 2-3: Classificação dos aspetos de uso da prótese. 80 Tabela 3-1:Definições de Design Centrado no Utilizador, adaptado

de(Zhang & Dong, 2009, p. 2) 106

Tabela 3-2: Teste t-student para amostras independentes (fator: grupo

populacional) 120

Tabela 3-3: Teste t-student para amostras independentes (fatores:

idade e género) 121

Tabela 3-4: Número de próteses adquiridas 124

Tabela 3-5: Revestimento cosmético 125

Tabela 3-6: Tempo médio de utilização da prótese. 126

Tabela 3-7: Grau de satisfação do uso da prótese no dia-a-dia 126 Tabela 3-8: Dificuldade em realizar atividades no dia-a-dia da 127 Tabela 3-9: Teste Mann-Whitney (fatores: Tipo de joelho e Pé) 128 Tabela 3-10: Existência de medo na utilização da prótese 129 Tabela 3-11: Planeamento do tipo de ensaios realizados 171

Tabela 4-1: Caracterização da prótese atual. 200

(17)

Índice de figuras

Figura 1-1: Hierarquia de Necessidades Humanas, adaptado de

(Maslow, 1970) 11

Figura 1-2: Hierarquia das necessidades do consumidor, adaptado de

(Jordan, 2000, p. 5) 12

Figura 1-3: Exemplos de próteses, internas e externas. 13 Figura 1-4: Diagrama da metodologia de investigação 20 Figura 2-1: (a) Amputação adquirida, (b) Malformação congénita

(Blohmke, 2000). 45

Figura 2-2: Níveis de amputação do membro inferior 47 Figura 2-3: Prótese realizada em madeira e couro, 600 a.C.

(University of Manchester) 50

Figura 2-4: Perna descrita por Ambroise Paré em 1561 (Fliegel &

Feuer, 1966). 51

Figura 2-5: (a) Prótese e patente desenvolvida por Palmer, (b) Esquema do funcionamento interno (Kirtley, 2005). 51 Figura 2-6: Esquema do encaixe com sucção (Parmelee, 1863). 52 Figura 2-7: Prótese exoesquelética em madeira com pé em silicone. 53 Figura 2-8: Próteses endoesqueléticas (Otto Bock, 2014) 54

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Demétrio Matos | Contributo do design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos

Figura 2-13: Adaptadores: a) duplos (fêmea); b) 4 buracos; c) para encaixe; d) para tubo; e) simples (macho).

61

Figura 2-14: Espumas para modelação: a) do tornozelo, b) da tibia,

(Endolite, 2015) 63

Figura 2-15: Conformação manual da espuma 64

Figura 2-16: Revestimento cosmético para bi-amputada 64 Figura 2-17: Flexibilidade do revestimento cosmético 65

Figura 2-18: Revestimento cosmético usado 65

Figura 2-19: Pés cosméticos com duas cores de pele 66 Figura 2-20: Elementos necessários para o revestimento da prótese. 66 Figura 2-21: Oficina Ortoprotésica do CRPG onde são produzidas as

próteses. 67

Figura 2-22: a) Prova do encaixe. b) Verificação da zona de contacto.

(Matos, 2009) 68

Figura 2-23: Desenvolvimento do encaixe protésico 70

Figura 2-24: Processo de produção do encaixe em resina. 71 Figura 2-25: Montagem dos componentes de uma prótese

transfemural. 72

Figura 2-26: Fotograma da fase de colocação da prótese. 75

Figura 2-27: Fotograma da fase de deambulação. 76

Figura 2-28: Prótese utilizada pelo inquerido. 79

Figura 2-29: Procedimento para a colocação no mercado, adaptado de

(I. C. Santos, 2012) 84

Figura 3-1: As funções dos produtos, adaptado de (Bürdek, 2006) 101 Figura 3-2: Seis principais fases do processo de desenvolvimento de

produto, adaptado de (Ulrich & Eppinger, 2008). 103 Figura 3-3: Processo de Design centrado no utilizador. Adaptado de

(NP EN ISO 13407, 2008) 108

Figura 3-4: Fatores de sucesso do DCU, adaptado de (IDEO, 2009, p. 5) 108

Figura 3-5: Processo de DCU (IDEO, 2009, p. 6) 109

Figura 3-6: Material produzido para o questionário. 112 Figura 3-7: Nota informativa publicada na revista ELO – ADFA 119

(19)

Figura 3-8 P x l l g “F ” F 99 134 Figura 3-9: Ilustração da ligação de Benson, (Benson, 2005) 135 Figura 3-10: Procedimento de fixação de uma ligação ao encaixe. 136 Figura 3-11: Esquemas da patente da solução Bespoke (Summit &

Trauner, 2013) 137

Figura 3-12: Desenvolvimento de conceitos da fase 01. 140 Figura 3-13: Diagrama de utilização do encaixe rápido 141 Figura 3-14: Descrição dos componentes do sistema de encaixe. 142 Figura 3-15: Desenvolvimento dos conceitos de interface. 144 Figura 3-16: Representação em corte da solução mecânica para

ativação do encaixe 145

Figura 3-17: Conceito de ativador com eletroíman. 146 Figura 3-18: Prótese em madeira usada pela atleta e modelo, Aimee

Mullins 147

Figura 3-19: Desenvolvimento de conceitos da fase 02. 148 Figura 3-20: Conceito de revestimento transtibial. 150 Figura 3-21: Desenvolvimento do sistema cosmético 151 Figura 3-22: Diagrama de funcionamento do revestimento 152

Figura 3- 3 Ex m l m “ l ” 153

Figura 3-24: Exemplo de revestimento "bota" 153 Figura 3-25: Exemplo de revestimento "meia" 154 Figura 3-26: Exemplo de revestimento "sapatos" 154 Figura 3-27: Protótipo de verificação dimensional 156

Figura 3-28: Componentes do protótipo montados 157

Figura 3-29: Relação dos dois componentes do protótipo da fase 01. 157

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Demétrio Matos | Contributo do design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos

Figura 3-35: Aquisição da geometria adquirida com MeshLab. 160 Figura 3-36: Utilização do software 3Dstudio Max para correção da

malha. 161

Figura 3-37: Malha criada para a simulação numérica. 162 Figura 3-38: Zonas de carga e fixação para a simulação. 162 Figura 3-39: Simulação da tensão do material para uma carga de

255N. 163

Figura 3-40: Simulação do deslocamento do material. 163 Figura 3-41: Simulação de deformação do material. 164

Figura 3-42: Simulação de impacto frontal. 164

Figura 3-43: Impressão da peça com material de suporte. 165 Figura 3-44: Primeira ligação entre componentes desenvolvida. 166 Figura 3-45: Testes de encaixes para a cosmética. 166

Figura 3-46: Pormenor dos pinos de união. 167

Figura 3-47: Pormenor das fitas de fixação. 167

Figura 3-48: Balanceamento entre Dureza (HV)- Densidade (kg/m3) 169 Figura 3-49: Relação Preço (EUR/kg) -Densidade (kg/m3) do ABS. 169 Figura 3-50: Relação Dureza (HV) – Preço (USD/kg) do ABS 170 Figura 3-51: Montagem do sistema para o ensaio de compressão 172 Figura 3-52: Montagem para o ensaio cíclico de flexão 172 Figura 3-53: Deformações causadas pela má execução do ensaio de

torção. 173

Figura 3-54: Colocação do encaixe na prótese 175

Figura 3-55: Desconexão do encaixe. 175

Figura 3-56: Protótipo do conceito de cosmética. 176

Figura 3-57: Fixação do revestimento cosmético à prótese 176 Figura 3-58: Elementos de fixação do revestimento cosmético 177 Figura 3-59: Revestimento cosmético colocado na prótese 177 Figura 3-60: Aplicação do padrão, impressão por transferência da

água 177

(21)

Figura 4-2: Pinos de união. 195 Figura 4-3: Teste da colocação e remoção do encaixe. 197

Figura 4-4: Teste do revestimento cosmético 197

Figura 4-5: Teste da fixação do revestimento cosmético. 198 Figura 4-6: Triangulação das diferentes fontes de dados, adaptado de

(Barnum, 2011, p. 260) 206

Figura 4-7: Próteses em uso pelo utilizador 4 207

Figura 5-1: As duas fases do projeto. 214

Figura 0-1: Preparação da superfície. 265

Figura 0-2: Aplicação do primário na superfície. 265

Figura 0-3: Colocação da película na água. 266

Figura 0-4: Aplicação da película no produto. 266

Figura 0-5: Remoção de resíduos de película. 267

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Demétrio Matos | Contributo do design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos

Lista de acrónimos

ABS – Acrilonitrila Butadieno Estireno

ADFA – Associação dos Deficientes das Forças Armadas CAD – Computer Aided Design

CAE – Computer Aided Engineering CAM – Computer Aided Manufacturing CE – Conformidade Europeia

CIAUD – Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. CNC – Computer Numeric Control

CRPG – Centro de Reabilitação Profissional de Gaia DGS – Direção Geral de Saúde

IEA – International Ergonomics Association

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde INR – Instituto Nacional para a Reabilitação

ISO – International Organization for Standardization SNS – Serviço Nacional de Saúde

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences UM – Universidade do Minho

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Glossário

Amostra: subconjunto de elementos da população recolhido com o objetivo de estimar os verdadeiros valores das características da população (Pereira, 2002).

Amostragem: obtenção de informação sobre parte de uma população.

Biomecânica: A biomecânica é o estudo do comportamento de sistemas biológicos utilizando e aplicando os conceitos e leis da Mecânica (Silva, 2004).

Deformação plástica: Deformação que ocorre sem um deslocamento permanente dos átomos relativamente às suas posições recíprocas (Manzini, 1993, p. 216).

Design centrado no utilizador: Termo que representa o processo de desenvolvimento de produto em que o utilizador final é envolvido. Conceito originado por Donald Norman em 1980 tornou-se popular após a publicação “U -Centered System Design: New Perspectives on Human-Computer Interaction (Norman & Draper, 1986)”

Dureza: Propriedade dos materiais sólidos. Expressa-se em termos da resistência do material à penetração (Manzini, 1993, p. 217).

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Tem por missão regular e supervisionar os setores dos medicamentos, dispositivos médicos e produtos cosméticos e de higiene corporal, segundo os mais elevados padrões de proteção da saúde pública, e garantir o acesso dos profissionais da saúde e dos cidadãos a medicamentos, dispositivos médicos, produtos cosméticos e de higiene corporal, de qualidade, eficazes e seguros. (INFARMED, 2010)

Marcação CE: Indica a conformidade de um produto com os requisitos estabelecidos em diretivas comunitárias. Os equipamentos abrangidos pelas diretivas, para poderem ser comercializados nos países da Comunidade Europeia, deverão ter a marcação de Conformidade Europeia (CE).

Ortótese: Dispositivo de correção e/ou complementação de um membro ou órgão do corpo em uso externo.

População (ou universo): conjunto de elementos que têm em comum determinadas características.

Propriedades mecânicas: Características de um material relativamente à aplicação de um sistema de cargas. As características principais são a dureza, resistência à flexão, à tração e à compressão (Manzini, 1993, p. 219).

Prótese: Dispositivo de substituição, ou correção, de um membro/órgão amputado ou mal formado.

Unidade amostral: elemento individual disponível para ser selecionado em qualquer estádio do processo amostral.

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(26)
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1.1 Enquadramento

A Organização Mundial de Saúde afirmou, em 2005, que mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo possuem ou passaram por alguma experiência associada a algum tipo e/ou grau de deficiência. A população global com deficiência está a aumentar, fruto do crescimento da população, do seu envelhecimento, das patologias crónicas, ou em consequência de fenómenos como a desnutrição, as guerras, as minas, a violência, aos ferimentos domésticos ou outras causas, muitas vezes relacionadas com a pobreza. Estas realidades e a evolução do conhecimento no setor da saúde são responsáveis pela grande procura dos serviços de saúde e de reabilitação (World Health Organization, 2005).

Dentro da área da saúde e no domínio das deficiências, as incapacidades físicas adquiridas por amputação de um membro ou segmento corporal tem um impacto tremendo no bem-estar e estima do ser humano. Estas perdas de capacidades físicas significam, também, “ "perdas" de aspetos do próprio ego, desestruturando os relacionamentos a múltiplos níveis” (Oliveira, 2004, p. 64).

(28)

Capítulo 1: Introdução

indivíduos não opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo e com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que antes de tudo, investiu a sociedade capitalista”. O corpo é reflexo da vida. Grande parte dos esforços são agora canalizados para o corpo e a sua aparência, os conceitos em torno da beleza associados à indústria cosmética são incontornáveis enquanto promotores do funcionamento de uma economia mundial. Desde muito cedo o corpo foi sujeito assim, ao olhar e à crítica. Por consequência, subsistirá sempre uma preocupação do ser humano para com o seu corpo, q l “ ” isto ou exibido. Macedo (2007, p. 143) afirma que “a invulnerabilidade do corpo à agressão e ao envelhecimento são um dos sonhos que mais excitam a criatividade do imaginário humano e que mais estimulam o empreendimento na ciência e na tecnologia”. Muitas vezes, o corpo é explorado até os seus limites, esquecendo-nos que ele é “uma forma biológica limitada, mal estruturada e mal equipada para a quantidade, a complexidade e a velocidade das informações que acumulou; o corpo Humano é frágil, pouco durável e pouco resistente” (Tucherman, 1992, p. 183). Sabendo que, temos a oportunidade de nos reconstruir, de nos “amplificar”, de nos potencializar, a ideia da perfeição encoraja-nos a mudar e a adquirir uma nova “imagem” para não ficar descontextualizados perante a cultura contemporânea. Muito cedo, o Homem percebeu que com o auxílio de instrumentos poderia facilitar a sua vida e melhorar o seu dia-a-dia e bem-estar. Recorrendo aos mais diversos objetos, técnicas, mecanismos e ciências, ele evolui ao longo dos tempos no sentido de ter a vida facilitada e com menor esforço. Esta atitude faz parte da nossa realidade e sem a qual uma disciplina como o Design não faria sentido. A tecnologia é apontada como um elemento fundamental para facilitar esta evolução. O computador pessoal é um dos melhores exemplos. Ele introduziu, num primeiro momento, uma nova perceção de velocidade e de tempo. Atualmente, como grande parte das próteses criadas pelo Homem, ele sofre permanentemente atualizações. Passou do computador monumental, no momento do seu aparecimento, ao computador mais pequeno, mais potente e totalmente portátil. Com isso, adquiriu mais mobilidade e rapidez no desempenho de tarefas, sem preocupações de ordem física ou geográfica. André Lemos (2002) defende que os objetos perdem progressivamente as suas características técnicas e artificiais ao

(29)

serem incorporados na vida quotidiana dos indivíduos. Assim, retemos igualmente a ideia de Negroponte (1996), na sua obra Ser digital, que expressa o facto da tecnologia digital já não ter a ver apenas com o computador, mas sim com a vida. Brevemente, os progressos da medicina vão possibilitar-nos ultrapassar a fase de tratamentos para poder devolver capacidades perdidas e oferecer algo mais. Será possível amplificar as capacidades atuais do corpo. A medicina não se vai limitar em “reparar” corpos “danificados” para lhes devolver capacidades perdidas. Os médicos irão mais além do que potenciar apenas as atuais capacidades. É provável, que seja possível melhorar-nos, ficarmos mais rápidos e mais fortes do que o previsto pela natureza. Nesta junção, entre corpo e tecnologia, surge inevitavelmente o conceito de ciborgue, definido por Donna Haraway como sendo:

“Um organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, uma criatura de realidade social, tanto quanto de ficção. A evolução tecnológica é apontada como um elemento fundamental para esta evolução, o Homem é impulsionado para um novo modelo de sociedade e até um novo modelo de corpo” (Haraway, 1991, p. 149).

Esta afirmação representa a emergência de novos desafios e oportunidades nos campos da saúde e da “manutenção” do corpo. Por vezes, subsiste o receio de exceder os limites socialmente definidos, mas a tecnologia desempenha um papel relevante na formação do ser humano. “El responsável pela criação da segunda natureza, ou seja, a cultura, num processo de desnaturalização do ser humano” (Lemos, 2002, p. 32).

Perante estas possibilidades da técnica, o ser Humano tolera cada vez menos o desconforto, a dor e em função disso, passa grande parte da sua existência à procura de melhores condições de vida. Se é, infelizmente para já, impossível devolver um membro amputado, deve-se promover os máximos

(30)

Capítulo 1: Introdução

somado ao crescimento do número de pessoas incapacitadas, tornam este tema sempre atual e socialmente relevante.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) criou um sistema de classificação para medir e avaliar a saúde e a incapacidade da população, nomeado de Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Esta classificação é, por sua vez, organizada em dois grupos, (i) Componentes da funcionalidade e (ii) Componentes associados aos fatores contextuais (Organização Mundial de Saúde, 2004).

Assim, com o objetivo de circunscrever o tema e no sentido de traçar um caminho pela vasta área da incapacidade, o presente estudo focou-se na amputação de um membro inferior. A amputação não traumática é por exemplo, uma das consequências da doença de diabetes. Para reforço desta perspetiva, devemos ter em conta o facto de esta ser uma doença em constante evolução nas sociedades contemporâneas e de que, neste momento, corresponde à maior causa desta tipologia de amputação. É previsível que esta patologia seja ainda mais comum num prazo relativamente curto. Na compreensão do fenómeno das deficiências e das incapacidades é referido que se consideraram não apenas as limitações da atividade mas também as alterações nas funções do corpo. De acordo com a CIF, deficiências são “ bl m funções ou nas estruturas do corpo, m m m m ” (Sousa et al., 2007, p. 61). Este facto justifica amplamente a importância dada ao processo de reabilitação. A reabilitação é definida pela Direção Geral da Saúde (2005) como sendo um processo global e dinâmico, focado na recuperação física e psicológica das pessoas portadoras de deficiência, tendo em vista a sua reintegração social.

O processo de reabilitação é, por sua vez, auxiliado por produtos, os dispositivos médicos, que vão permitir efetivar esta recuperação. Devido à circunstância do aumento de população e da esperança de vida, as práticas relacionadas com a saúde adquirem uma excessiva importância para todas as economias. Neste sentido, os dispositivos médicos são importantes ferramentas de saúde. Eles fazem parte deste processo e evidenciam uma crescente evolução tecnológica. “Os equipamentos médicos são componentes determinantes na prestação de cuidados de saúde, consequência dos avanços conquistados pela investigação científica e

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tecnológica” (Amaral, 2010, p. 7). Na realidade, é possível afirmar que estes dispositivos têm vindo a melhorar os cuidados de saúde, prolongando a esperança e a qualidade de vida dos pacientes. De acordo com uma comunicação da Comissão Europeia (2009), os dispositivos médicos permitem, entre outras vantagens, um diagnóstico precoce, um uso doméstico, cirurgias minimamente invasivas e podem constituir uma alternativa a uma hospitalização sistemática ou de longo termo. Estas vantagens representavam, em 2011, cerca de 5% das despesas em saúde dos Estados Membros. “Tais vantagens conferem aos dispositivos médicos um enorme potencial para contribuir, de forma significativa, para a sustentabilidade e eficiência dos sistemas de saúde e um impacto positivo na produtividad m m “ (Alves, 2013, p. 67).

Escolher o dispositivo adequado para cada caso, tipologia, patologia e pessoa m complexa. Deve ser um processo fundamentado na avaliação das necessidades de saúde e na definição de prioridades na aplicação dos recursos. No caso das próteses de membros inferiores, a negligência ou a insipiência ao longo do processo pode conduzir ao uso impróprio, ou ao abandono do dispositivo, o que envolve um mal-estar da parte do paciente e um desperdício de recursos. É de frisar que, essa m escolha do dispositivo protésico lg q afeta negativamente, tanto os países desenvolvidos, como os países em desenvolvimento (Baio, 2011). Os perigos resultantes dos erros associados à utilização de dispositivos médicos são geralmente divididos em duas categorias, nomeadamente em falhas do dispositivo e em erros de utilização.

Os dispositivos médicos podem ser equacionados, na realidade, como os produtos onde a aplicação de novas tecnologias e materiais são mais evidentes na saúde e fazem parte de uma indústria em rápido crescimento. Porém, como afirma Amaral (2010, p. 7), eles “fazem parte das tecnologias que mudam muito rapidamente e onde o seu desenvolvimento se carateriza por ser feito através de melhorias contínuas, chegando o seu ciclo de vida a

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Capítulo 1: Introdução

inovações radicais, apesar de ter aumentado o potencial para encontrar as melhores soluções para os problemas médicos (Ciurana, 2014).

O termo produtos de apoio é igualmente uma designação comum em Portugal tendo em conta que, estes produtos se integram plenamente no âmbito e ecossistema do Sistema de Saúde Nacional, que prevê, por isso, o seu financiamento. Eles são prescritos, atribuídos e financiados no âmbito da reabilitação médico-funcional, através do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou de outros subsistemas da mesma natureza. Atualmente, este processo é denominado de Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio (SAPA), criado pelo Decreto-Lei n.º 93/2009, de 16 de Abril (Instituto Nacional para a Reabilitação, 2010). Esta realidade faz com que, se um paciente estiver internado num hospital e necessitar de um produto de apoio, deverá ser o próprio hospital a fornecer o equipamento necessário à sua reabilitação e integração. Idealmente, o médico, com o apoio da sua equipa técnica, prescreverá o produto adequado devendo fornecer as competências necessárias para que as pessoas se adaptem e aprendam a utilizar de forma segura e eficiente o dispositivo. A escolha desta tipologia de produtos deve ser refletida e rigorosa. Desejavelmente, deve ser feita uma avaliação na presença da pessoa com necessidades especiais, pelos técnicos e médicos especialistas (Instituto Nacional para a Reabilitação, 2010). Devido a questões financeiras, entre outras, esta não é a realidade corrente do sistema de saúde nacional. Surgem lacunas em diversas fases deste processo mencionado, nomeadamente no tempo de resposta do fornecimento de alguns equipamentos e na incorreta instrução do paciente e dos seus familiares ou acompanhantes.

Assumindo que, o Design pode ter um papel intervencionista na modelação da nossa cultura material, que permita melhorar a qualidade de vida do Homem, torna-se importante perceber como é que ele pode intervir sobre o corpo e sobre a sua objetividade. Algumas definições de Design descrevem-no como uma disciplina associada a conceção de produtos por meio de máquinas, produzidos industrialmente e em série. Mas atualmente, há uma consciência que o papel do Designer ultrapassa este simples ato de desenhar um produto. Nesta questão, podemos consultar a obra de Gui Bonsiepe (1992, p. 37), Teoria e prática do Design Industrial, que transcreve a

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definição de Tomás Maldonado que já tinha em conta a importância de uma boa prática no ato de projetar.

Foi no período da industrialização, entre o fim do século XIX e início do século XX, que emergiu o termo Design no sentido da conceção e da definição da forma de um projeto. M M ’ l (1998) afirmam que a preocupação com o homem no processo de desenvolvimento de um produto nasceu em meados do século XX, com a intensa evolução tecnológica. Neste contexto, surgiram avanços na produção industrial que tornaram necessário conhecer melhor o Homem, com o intuito de adequar da melhor forma possível as ferramentas, as máquinas, as tarefas e o ambiente às caraterísticas e capacidades do mesmo. O Design evoluiu ao longo da sua curta existência e gradualmente tornou-se, de alguma, forma incontornável para as empresas. As ferramentas do Design permitem orientar a perceção de um produto e fornecer um elemento diferenciador (CPD, 1997). No entanto, muito frequentemente as empresas recorrem ao

Design de modo parcelar ou apenas superfícial. Gui Bonsiepe (2011) no seu

livro Design, cultura e sociedade tece algumas críticas a este tipo de abordagem, referindo que:

“O Design se distanciou cada vez mais da ideia de “solução inteligente de problemas” e se apro i o o e ero a o a o o soletis o r pi o – a ess ncia a o a a o solesc ncia r pi a o ogo est tico- or al a gla o ri a o o n o os o etos Frequentemente, hoje em dia, Design associa o a o etos caros pouco práticos, divertidos, com formas rebuscadas e gamas cromáticas chamativas (Bonsiepe, 2011, p. 18)”.

O autor refere igualmente a necessidade de mudar as temáticas de pesquisas, direcionando-as para solucionar as questões que afligem a maioria da população com carências. As mesmas ideias são igualmente defendidas por Papanek (1984) visionário nestas matérias.

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Capítulo 1: Introdução

agradáveis, e uma abundante gama de produtos de lazer. Contudo, o lado obscuro deste sucesso é o facto de este se dirigir a um segmento muito limitado da população mundial e, no que diz respeito a essa população, consegue ainda deixar de fora aqueles com necessidades especiais, tais como os idosos e os incapacitados” (Margolin, 2014, p.

50).

Verificamos que esta temática ligada ao consumismo continua a alimentar preocupações, e que será necessário realçar a importância de incutir uma dimensão social na prática do Design, no sentido de melhorar a qualidade de vida1 da sociedade e dos utilizadores, em particular (Ferreira, 2003). A função do Designer, nesse aspeto, passa por vencer os desafios e por “propor soluções inclusivas, visando extinguir a segregação causada por barreiras físicas e sociais” (Lucio & Paschoarelli, 2009, p. 16). Voltaremos assim, à fase em que, Krippendorff (2000) referia o aumento gradual das considerações relativas aos aspetos humanos e sociais, dentro daquilo a que chamamos a cultura projetual. O Design, no seu verdadeiro sentido, não se pode limitar apenas “o Designer pode e deve trabalhar o projeto e, mais especificamente, o produto centrado no utilizador” (T. Santos, 2012, p. 26).

“Muitas necessidades do homem são satisfeitas pelo uso de objetos. Isto ocorre por meio das funções dos produtos que, no processo de utilização, se manifestam como valores de uso. A satisfação de certas necessidades presume o desenvolvimento de determinados objetos, no qual o Designer industrial toma parte representado os interesses dos usuários” (Löbach, 2001, p. 31).

Podemos concordar com Gui Bonsiepe (2012) quando ele alega que o

Design se encontra na interseção entre a cultura da vida quotidiana, da

tecnologia e da economia. Atualmente, dentro de cada categoria de deficiência, existem diferentes soluções, pessoas e tecnologias, interagindo para resolver as problemáticas inerentes à reabilitação. Neste contexto, o 10

1

A qualidade de vida é definida por um grupo de especial OMG m “ ção biológica do indivíduo acerca da sua posição na vida, de acordo com o contexto cultural e os sistemas de valores nos quais vive, sendo o resultado da interação entre os seus objetivos e expetativas e os bj í mb l l l” (Skevington, Lotfy, & O’C ll .

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papel do Design não deve ser entendido como um instrumento de diferenciação do produto em termos de competitividade e da obtenção de lucro fácil, criando produtos de consumo que acompanham modas, mas sim, como um aliado destas equipas multidisciplinares. O Designer não pode perder de vista o seu compromisso com o projeto e cair no erro de entrar num processo de estetização dos produtos: deve exercer um Design inclusivo2, e garantir o melhor equilíbrio entre a resposta funcional e emocional (Norman, 2004).

O psicólogo Abraham Maslow, com a sua proposta de Hierarquia de Necessidades Humanas (Maslow, 1970), define as necessidades básicas organizadas por prioridades relativamente ao instinto de sobrevivência, conforme o apresentado na Figura 1-1.

Figura 1-1: Hierarquia de Necessidades Humanas, adaptado de (Maslow, 1970)

Neste modelo, as necessidades fisiológicas devem ser consideradas em primeiro lugar. Num segundo nível, encontram-se as necessidades de segurança e estabilidade. Somente após a resolução destas necessidades, mais imediatas, são abordadas as necessidades sociais - de amor e relacionamento - que, por sua vez, abrem espaço para as necessidades de estima. Quando estes quatros níveis estiverem preenchidos, evolui-se para o topo da pirâmide, que corresponde à auto-realização, associada a felicidade do indivíduo. Se existirem défices na satisfação dessas necessidades é muito

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Capítulo 1: Introdução

Partindo desta ideia de Hierarquia das Necessidades de Abraham Maslow, aplicada aos fatores humanos, Jordan (2000) apresenta o modelo de Hierarquia das Necessidades do Consumidor, conforme o apresentado na Figura 1-2.

Figura 1-2: Hierarquia das necessidades do consumidor, adaptado de (Jordan, 2000, p. 5)

Essa categorização que se destina a ajudar-nos a correlacionar os fatores humanos com Design l l l usabilidade e pelo prazer. O autor defende que, um produto é inútil se não cumprir uma ou mais funções. Após dominar a funcionalidade de um produto, o utilizador procura algo fácil de utilizar - usabilidade. Uma vez equacionados estes dois atributos, serão procurados benefícios emocionais, garantindo que o produto proporcione prazer3.

Sendo a marcha uma atividade motora, essencial para a autonomia de uma pessoa, qualquer fator que responda a esta necessidade será sempre prioritário. No entanto, como também já assumido é possível concluir que “a intervenção do Design no campo da saúde é uma área que tem uma dimensão e importância social globais e que se caracteriza, hoje, por níveis cada vez mais elevados de exigência e competitividade” (Matos, Ferreira, Pinho, & Martins, 2015, p. 75).

Deste modo, podemos verificar a afirmação que, no projeto de um dispositivo médico, a ciência e o Design estão intrinsecamente ligados (Privitera & Johnson, 2009).

12

3 Jordan procura responder ao conceito de praz q “ ”

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“O futuro já chegou.

Só não está uniformemente distribuído.4” (Gibson, 1999)5.

Se transpusermos esta afirmação de William Gibson para o caso da saúde, concordaremos de imediato que no cenário das próteses, o acesso às mesmas é condicionado, por fatores como, por exemplo, os económicos e os geográficos.

Numa primeira abordagem, podem-se distinguir os produtos de acordo com duas condições: (i) as próteses externas que substituem membros amputados, como por exemplo, um braço e (ii) as próteses internas que são implantadas no interior do corpo, no caso, por exemplo, de uma prótese da anca. Atualmente, quase todos os órgãos humanos podem ser tratados ou mesmo substituídos, como os referidos na Figura 1-3.

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Capítulo 1: Introdução

Com estas novas gerações de membros artificiais já é possível reproduzir, com grande fiabilidade, o ciclo de marcha do ser humano ou, corrigir um distúrbio visual através de lentes de contacto com a maior discrição.

Apesar de ser um tipo de produto que atravessou vários séculos D’ ll 1991; Sournia, 1992), a prótese não evoluiu muito a nível de aceitação social, pois ainda não ultrapassou a conotação a si associada como aconteceu com, por exemplo, no caso dos óculos. Porém, a aceitação, seja na perspetiva física ou psicológica, da prótese é uma das fases mais importantes para a reabilitação, uma vez que ela poderá permitir retomar algumas das atividades anteriores à amputação. Geralmente, “o paciente amputado aguarda a prótese como se tratasse da sua perna perdida, com todas as facilidades que tinha antes, sem pensar no processo de adaptação inicial” (Benedetto, Forgione, & Alves, 2002, p. 86). Após a reabilitação, com a aplicação de uma prótese, o objetivo principal dos pacientes, com amputação é obter uma deambulação ativa da mesma forma que o faziam antes da perda do membro amputado (Carvalho, 2003; Kageyama, 2007; Yokogushi et al., 2004). A realização deste objetivo depende de diversas variáveis, como fatores físicos, emocionais ou sociais associados ao tipo e uso dos dispositivos adquiridos.

Através de uma abordagem adequada, uma prótese poderá ser um meio de interações integradoras para o seu utilizador. No momento em que o paciente amputado incorpora a prótese no seu esquema corporal, passará depois de algum tempo, a usá-la de forma automática, o que facilitará a reabilitação. A reabilitação não pode ser entendida como simples treino do uso de prótese e recolocação do amputado no mercado de trabalho, “mas como possibilidade de a pessoa deficiente superar dificuldades de ordem física, psicológica, social e profissional com o objetivo de participar de forma mais completa e ativa em sua vida” (Benedetto et al., 2002, p. 86). Hugh Herr e Aimee Mullins defenderam em diversos eventos, que as próteses são uma mais-valia em relação aos membros naturais. Têm a vantagem de acabar com as dores, com patologias como as varizes e com todas as tarefas de remoção de pelo, podendo manter a mobilidade até uma idade muito avançada. Segundo Aimee Mullins (2009), uma prótese do membro inferior não representa a necessidade de substituir uma perda.

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“Ela pode ser entendida como um símbolo onde o utilizador tem o poder de criar tudo o que quer criar naquele espaço, de tal modo que as pessoas consideradas debilitadas pela sociedade podem agora ser os arquitetos de suas próprias identidades - e de facto continuarem a mudar essas identidades - através da conceção de seus corpos a partir de uma posição de empoderamento6” (Mullins, 2009).

Estas próteses são avaliadas do ponto de vista de dois tipos de fatores: (i) qualitativos (funcional) e (ii) quantitativos (simbólico). No entanto, estas manifestações de mudança acontecem de forma tímida e predominantemente associadas ao campo das Artes.

Idealmente, um amputado deverá possuir diversas próteses, a fim de realizar as suas atividades diárias. Uma primeira, com as configurações básicas que lhe permitem uma marcha “ m l” m m ximo de segurança. Em casos menos frequentes, uma segunda prótese é utilizada em situações de contato com a água, normalmente empregue na higiene pessoal ou na praia. Configurada para poder ser submersa sem danificar os seus componentes, este dispositivo, designado por prótese aquática, é mais simples mas permite ao utilizador tomar banho. Todas as outras situações, como a prática de uma atividade física, necessitam de um dispositivo com configurações específicas caso-a-caso.

Diversas variáveis, tais como a usabilidade, a definição dos materiais, o processo de conformação dos mesmos e os custos de todo o processo não podem deixar de ser considerados no desenvolvimento de produtos e, em particular, nos dispositivos médicos. No entanto, verifica-se que na maioria dos casos, a ausência de um Designer nos grupos de trabalho faz com que os produtos protésicos sejam frios, reproduzindo apenas os movimentos do membro em falta ou retratando os membros perdidos numa função

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Capítulo 1: Introdução

viver uma relação em “segunda mão”7 (Miller, 1998; Rosales, 2002). O comportamento do utilizador de produto é muito mais complexo do que aparenta e o Designer necessita assimilar e considerar, no ato de criação, a realidade do utilizador e do seu ambiente social e de uso. Tem que ter presente que, um produto não é consumido apenas para satisfazer necessidades prático-funcionais, mas que a sua materialização assume múltiplos significados que contribuem para a formação, diferenciação e bem-estar social de um indivíduo. Torna-se necessário, para o efeito, ter uma visão sistémica dinâmica e evolutiva entre os objetos e aos seus utilizadores. O Design, enquanto atividade criativa de natureza inter e multidisciplinar e de integração, deve garantir ou promover esta abordagem no sentido de uma resposta mais holística do produto e mais satisfatória para o utilizador.

1.2 Objetivos

Esta investigação pretende, de modo geral, contribuir para um melhor entendimento do papel do Designer na área da saúde. Assim, visa-se demonstrar que, através da integração do mesmo numa equipa multidisciplinar, se obterá melhores resultados do produto e para o utilizador. Conciliar as suas competências com os conhecimentos dos médicos e dos engenheiros, que são, habitualmente, os únicos intervenientes no processo de desenvolvimento deste tipo de produto. Entender como a ação do Designer pode ser relevante na criação de produtos desta natureza, não só a nível funcional mas igualmente a nível social, económico e

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7

Conceito apresentado por Miller, explorado por Rosales (2002, p. 305), no contexto do consumo os bens são adquiridos mas não directamente criados pelo individuo. É desenvolvido uma relação em

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emocional. Não pode considerar-se suficiente, colocar a “camada”8 certa num novo mecanismo e desprezar a essência do objeto.

O desenvolvimento de um produto é, por norma, um processo complexo. De facto, ele envolve diferentes áreas de conhecimento como as engenharias, os fatores humanos, a biomecânica e todas as áreas que lhes estão inerentes. Podemos afirmar que “o Design de produto é, por natureza, uma atividade multidisciplinar na qual diversos especialistas dão o seu contributo no desenvolvimento do processo, portanto, o Design não diz respeito só aos Designers” (CPD, 1997, p. 13). Também a tarefa do Designer passa por tornar os objetos funcionalmente úteis, tendo sempre, o utilizador no centro das suas preocupações. Procurando entender as pessoas, sejam elas os utilizadores finais ou secundários como os técnicos protésicos, bem como todas as interações que estes estabelecem com a envolvência. O objetivo será segundo alguns autores, o de alcançar um produto o mais satisfatório possível para o consumidor (Page, Porcar, Such, Solaz, & Blasco, 2001).

“Para que um projeto seja bem-sucedido, ele deve atender às necessidades básicas das pessoas antes de tentar satisfazer as necessidades de nível mais elevado9”.(Lidwell, Holden, & Butler, 2003, p. 106)

No sentido de alcançar esse objetivo, procurou-se promover satisfação ao utilizador através do desenvolvimento de um produto que fosse fácil de utilizar, que garantisse uma fácil curva de aprendizagem, que cumprisse seus requisitos funcionais e emocionais e que fosse seguro.

Na sequência da investigação promovida, visando este objetivo e como forma de validar a investigação, surgiu o conceito de encaixe que permitisse retirar parte da prótese sem proceder ao desmantelamento da união que faz a ligação entre prótese e coto. Tal dispositivo permitirá oferecer mais segurança e mais flexibilidade na utilização diária dos elementos protésicos.

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Capítulo 1: Introdução

através da atuação do Design e da sua interação com os diversos campos de conhecimento pertinentes neste contexto.

É possível afirmar que os grupos de trabalho multidisciplinares oferecem diversas vantagens; uma delas é a rápida aproximação dos conhecimentos em áreas complementares. Outra é a possibilidade de debater as opções sob diversos pontos de vista. A gestão de todos estes recursos merece também ser salientada, devido a diversidade de áreas disciplinares envolvidas.

De um ponto de vista prático, um dos objetivos desta investigação passa por fazer emergir e transmitir a pertinência do Design no desenvolvimento de novos produtos, como estratégia de sucesso e sustentabilidade, tanto para a entidade responsável como para o utilizador e para a sociedade, na medida em que há uma melhor adequação e gestão dos recursos. Sem a pretensão de criar uma “revolução científica”10, este exercício visava, entre outros,

identificar os fatores importantes para otimizar as próteses e torná-las mais desejadas e efetivas aos seus utilizadores, ajudando-o, e à sociedade a ultrapassar a conotação negativa associada a essa tipologia de produtos.

1.3 Metodologia de investigação

1.3.1 Questões de investigação

Tendo em conta, um conjunto de pressupostos teóricos e face aos objetivos anteriormente referidos, foram definidas as seguintes questões de investigação:

18

10

Jean-Paul Gaillard (1995) define revolução científica como sendo a designação do período, localizável na história das ciências, durante os quais um aparelho paradigmático cai em desuso, substituído por outro.

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(i) Qual o contributo do Design no desenvolvimento de dispositivos médicos desenvolvidos em equipas multidisciplinares?

(ii) Como se pode tornar uma prótese mais efetiva sob a perspetiva do utilizador?

(iii) Fará mais sentido desenvolver uma prótese através de uma solução de inovação radical ou de uma solução de inovação incremental?

Foi igualmente esboçada a principal hipótese operacional. Tendo em perspectiva que este trabalho de investigação visou estabelecer uma relação clara entre a qualidade, para o utilizador, dos dispositivos médicos e a integração dos Designers envolvidos nas equipas multidisciplinares, de desenvolvimento destes produtos, construi-se a seguinte tese:

- O contributo do Design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos é importante para uma resposta mais completa ao utilizador.

1.3.2 Desenho da investigação

Neste âmbito, esta investigação intitula-se d “Contributo do design no processo de desenvolvimento de dispositivos médicos. Projeto de um elemento protésico segundo uma abordagem centrada no utilizador”. Como forma de validar a tese, esta investigação foi projetada através de três principais momentos metodológicos. O primeiro, nomeado de análise, permitiu fazer uma contextualização teórica sobre os temas sob análise; numa segunda fase, apelida de síntese 11 de natureza interventiva e correspondendo ao que permitiu o desenvolvimento do produto e, por

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Capítulo 1: Introdução

Figura 1-4: Diagrama da metodologia de investigação

Como é vísivel, na primeira fase e para perceber melhor o problema, foi utilizada uma metodologia mista, de base qualitativa não intervencionista, com a observação direta dos utilizadores e dos processos envolvidos e a crítica literária. Foi igualmente aplicado um questionário e promovidas

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entrevistas semi-estruturadas a pessoas amputadas e a técnicos ortoprotésicos. A revisão documental forneceu informações relevantes da dimensão diacrónica acerca destes artefatos e sobre as questões normativas envolvidas na criação destes produtos. Para possibilitar a melhor recolha de dados, foi realizada uma parceria com o Centro de Reabilitação Profissional de Gaia e com a Associação dos Deficientes das Forças Armadas. Estas parcerias tornaram possível uma relação direta com os utilizadores.

O segundo momento metodológico, designado de síntese, permitiu dar significado à componente de análise permitindo perceber que produtos poderiam ajudar a atingir os objetivos pretendidos. Ao longo do processo de desenvolvimento dos mesmos, utilizou-se uma metodologia de “Design centrado no utilizador” como sustentação das opções tomadas e sempre com a participação ativa dos utilizadores finais. Este desenvolvimento consiste numa sequência de ações ou atividades que têm que ser realizadas, no sentido de obter um produto coerente. Nesta abordagem de Design centrado no utilizador, o utilizador deve estar envolvido desde o início do desenvolvimento do projeto (Courage & Baxter, 2005).

Com o propósito de identificar necessidades não satisfeitas dos utilizadores, foi promovido um inquérito, através da aplicação de um questionário dirigido a pessoas amputadas de um membro inferior. Um dos objetivos da aplicação desta ferramenta foi o de detetar problemas e de registar queixas dos utilizadores pela utilização das próteses atuais no mercado. Este trabalho permitiu definir os requisitos necessários para o desenvolvimento do projeto que se pretendia no âmbito desta investigação.

Zenios (2010) alerta-nos para o facto de aquando o diálogo com os médicos, bem como outras pessoas envolvidas na prestação de cuidados, temos de aprender a diferença entre o que dizem, o que querem, o que vão pagar e o que realmente fazem. Esta constatação, reforça a ideia da importância da complementaridade de métodos utilizados quando desenvolvemos uma

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Capítulo 1: Introdução

mesmos. Os diferentes testes foram realizados com 95% de confiança, o que corresponde a dizer que a rejeição da hipótese nula tem uma margem de erro associada de 5%.

O último momento metodológico, relativo à avaliação, permite validar a hipótese desta investigação. A realização de testes de usabilidade, precedidos de um teste-piloto permitiu à equipa de desenvolvimento aferir problemas antes de iniciar o teste propriamente dito. Os testes desta natureza cumprem um conjunto de procedimentos já validados que garantem a robustez dos resultados obtidos.

1.4 Estrutura da tese

Esta dissertação foi organizada em cinco capítulos, agrupados por três momentos distintos. Os mesmos estão ordenados em congruência com o processo de investigação desenvolvido e nas suas várias fases.

Capítulo 1. Introdução - Este primeiro capítulo corresponde a uma nota introdutória em jeito de apresentação e contextualização da investigação, permitindo fazer uma aproximação ao universo em estudo. Apresenta igualmente os elementos de base, nomeadamente, os objetivos definidos e a metodologia de investigação verificada ao longo do processo investigativo. Capítulo 2. Enquadramento - No segundo capítulo, são abordados os principais temas do trabalho no sentido de circunscrever o problema em estudo e, assim, levantar as questões e fundamentar a hipótese para a investigação empírica que se seguiu. São apresentados os conceitos de dispositivos médicos, de amputação e de prótese. Foi importante entender, com mais consistência, o conceito de dispositivo médico e as normas associadas ao mesmo e ao seu desenvolvimento. No subcapítulo alusivo à

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amputação, é realizada uma contextualização deste procedimento, fazendo referência às suas causas e níveis diversos. No subcapítulo referente aos dispositivos protésicos, analisam-se os elementos constituintes do produto e as ligações de componentes atualmente utilizados e existentes no mercado. Este capítulo é concluído com a apresentação da recolha e análise de dados, de natureza formativa, que, através da observação direta, realize uma exploração no universo dos utilizadores de próteses.

Capítulo 3. Desenvolvimento da investigação ativa - Contém a dimensão prática da investigação; aborda o Design e a ferramenta e abordagem projetual escolhida para o desenvolvimento do produto. Apresenta igualmente a ferramenta de recolha de informação que pretende fundamentar as variáveis utilizadas no processo, expondo os objetivos do inquérito, a sua elaboração, os seus resultados e os resultados recolhidos. Esta fase foi, particularmente penosa, por falta de informação e pela dificuldade em ter acesso a pessoas representativas do público-alvo. Tentou-se, inicialmente, aceder ao Sistema Nacional de Saúde através dos hospitais, mas as imposições burocráticas apresentadas pelas comissões de ética e o tempo necessário para ultrapassar todo esse processo, somado ao facto de não existir comunicação entre instituições, levou a uma procura de estruturas mais pequenas e organizadas. Consequentemente, surgiu numa primeira fase, o Centro de Reabilitação Profissional de Gaia (CRPG) e, posteriormente, a Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), onde foi possível realizar o pré-teste e aplicar o questionário.

São ainda apresentados subcapítulos, onde o processo de desenvolvimento de Design industrial é descrito e argumentado, através da geração de conceitos, da produção e testes do protótipo até a apresentação de uma solução para validação junto dos utilizadores.

Capítulo 4. Discussão e validação através do produto – Como dimensão analítica da investigação, este capítulo é dedicado aos testes de usabilidade,

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Capítulo 1: Introdução

e teste de um elemento protésico e o contributo do mesmo para esta área do conhecimento. Numa segunda parte, são apresentadas as recomendações para futuras investigações nesta área do conhecimento, quer dando continuidade ao produto estudado quer a novos produtos.

Por último, apresenta-se as referências bibliográficas, os anexos e apêndices, onde consta o material essencial, de base e complementar, para a compreensão de alguns conceitos e outras informações contidas no presente trabalho e pilares ou guias do exercício investigativo desenvolvido.

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Imagem

Figura 2-2: Níveis de amputação do membro inferior
Figura 2-13: Adaptadores: a) duplos (fêmea); b) 4 buracos; c) para encaixe; d) para tubo; e)  simples (macho)
Figura 2-15: Conformação manual da espuma
Figura 2-24: Processo de produção do encaixe em resina.
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Referências

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