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EXCLUSÃO DIGITAL DOS JOVENS BRASILEIROS E A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA ABERTA

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Academic year: 2020

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Exclusão digital dos jovens brasileiros e a

importância da escola aberta

Dr. José Manuel Bautista Vallejo, EU PhD Professor da Universidade de Huelva (Espanha) Departamento de Educación Facultad de Ciencias de la Educación

Campus de El Carmen 21007 Huelva, España

Resumo

Na América Latina e no Caribe, muitas comunidades e escolas carecem de computadores e conexões com a Internet, o que implica que muitos jovens não estejam suficientemente preparados para as oportunidades e empregos da atual economia baseada no conhecimento. Essa perda de oportunidades é ainda mais crítica para os jovens marginalizados, para os quais o hiato digital é ainda maior. Reconhecendo que 60% da população desta área tem menos de 30 anos de idade e que a maioria vive em condições de pobreza (o Brasil é um caso que deve ser considerado urgentemente), conclui-se que é extremamente urgente garantir que esse setor participe ativamente do processo de desenvolvimento e que se mobilizem suas vantagens comparativas e capacidades.

Abstract

In Latin America and in Caribbean, a lot of communities and schools lack computers and connections with the Internet, what implicates that many youths are not sufficiently prepared for the opportunities and jobs of the current economy based in the

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knowledge. That loss of opportunities is still more critic for the marginalized, for which the digital hiatus is still larger. Recognizing that 60% of the population of this area have less than 30 years of age and that most lives in poverty conditions (Brazil is a case that should be considered urgently), it is considered that is extremely urgent to guarantee that youth participates actively of the development process and that their comparative advantages and capacities are mobilized.

Palavras-chaves

Exclusão digital, jovens, escola aberta, conhecimento.

Key-words

Social exclusion, youth, open school, knowledge.

Introdução

O número atual de usuários de Internet do Brasil é estimado em 14,3 milhões, o que o situa em 9ª posição na comparação internacional e primeira na América Latina, onde representa mais de 60% do contingente da população com acesso. O serviço de telefonia convencional é utilizado como principal meio de conexão pela maioria dos usuários da Internet no Brasil. O número de linhas telefônicas é de 49,4 milhões de linhas fixas e 31,5 milhões de celulares, o que coloca o Brasil como a 7ª maior rede de telefonia, considerando ambas as modalidades, embora com densidade de penetração na população ainda reduzida (47,5%) face à população de 169 milhões de brasileiros.

Estes indicadores apresentaram crescimento expressivo nos últimos anos: em 1995 o número de domicílios atendidos por telefone era de apenas 22,4%, verificando-se um

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crescimento da ordem de 160% no período até 2001, quando as pesquisas do PNAD/IBGE indicam o atendimento em 58,9% dos domicílios (MEC, 2005).

Entretanto, a inclusão digital não é simplesmente ter uma tecnologia, mas sim ser capaz de pensar, de utilizar criativamente e de maneira produtiva, esses recursos, a serviço dos demais, na construção de uma sociedade justa.

Com o desenvolvimento das novas tecnologias aplicadas à educação as escolas estão sendo equipadas com laboratórios que permitem os primeiros contatos com as tecnologias de informação e comunicação – TICs de modo a oferecer a oportunidade para a comunidade escolar usufruir das possibilidades de interligar-se com o mundo em questão de segundos, bastando plugar-se numa tomada para inserir-se na grande rede que é a Internet. Todavia, existe uma grande barreira que surge para interromper o ritmo que poderia gerar um elo na cadeia do processo ensino e aprendizagem: O aluno está utilizando e aprofundando mais a sua prática com os computadores que o professor.

No momento em que se discutem as estratégias para possibilitar a inclusão digital da comunidade escolar favorecendo o seu desenvolvimento cognitivo e social observa-se que um elemento desse processo ainda está resistente às inovações que, infelizmente é o professor.

Exclusão em Brasil

Desigualdade econômica do país aparece nas estatísticas do mundo digital: só 12,46% têm computador em casa e 8,31% dispõem de acesso doméstico à internet. Entre os brancos, alcance da informática é mayor.

Os indicadores socioeconômicos que fazem do Brasil uma das quatro nações mais desiguais do planeta habitam não apenas o mundo real do trabalho e da educação, mas principalmente o virtual. Só 12,46% dos brasileiros têm computador em casa e míseros 8,31% dispõem de acesso doméstico à internet. Uma estatística dramática que empurra para

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o vale da exclusão digital quase nove em cada dez habitantes de um país, onde quase cem milhões de eleitores votam eletronicamente e parte da população acerta as contas com o Imposto de Renda pela Internet.

O alto índice de exclusão digital no Brasil contrasta com o ritmo acelerado de expansão da informática nos lares brasileiros. Nos 15 meses que separaram a apuração do Censo Demográfico em 2000 e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNUD, 2001), ambos do IBGE, a população com computador em casa aumentou em dois pontos percentuais: de 10,29% para 12,46%. Na atualização do relógio da inclusão digital, em 17 de março de 2003, o número de habitantes com PCs domésticos chegava a 26,703 milhões. A cada quatro meses, um milhão de brasileiros passam a ter computador em casa.

Essas informações estão no "Mapa da Exclusão Digital", o mais completo estudo já feito no Brasil sobre o tema. Resultado de uma parceria entre o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Comitê para Democratização da Internet (CDI), o trabalho traça um perfil dos excluídos e aponta como alvo principal das políticas de inclusão digital as crianças e jovens em situação de risco nas áreas urbanas.

Os jovens têm a maior necessidade e, ao mesmo tempo, são o grupo onde há mais oportunidade de atuação. A exclusão digital é imensa, mas estamos diante de uma oportunidade histórica de se reduzir essa desigualdade - diz o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV e responsável pelo mapa.

Adolescentes têm menos acesso

O mapa da exclusão não deixa dúvidas: na população de zero a 15 anos, apenas 8,98% têm computador em casa e 5,68% acesso à internet. É na faixa etária dos adultos que se concentra a maior proporção de usuários. Contudo são os mais jovens os grandes interessados em aprender informática. Pesquisas da própria FGV em comunidades carentes mostram que a maioria esmagadora dos adolescentes sonha em fazer cursos de informática.

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O estudo também analisa a exclusão digital na perspectiva de raça e escolaridade. Índios, negros e pardos são os grupos étnicos menos incluídos: 3,72%, 3,97% e 4,06%, respectivamente, têm computador em casa. Mesmo quando se comparam cidadãos com mesmo nível de escolaridade, renda e padrão de consumo, a população branca tem 167% mais chance de ter acesso doméstico à internet do que os demais. Entre os brasileiros que se declaram brancos, 15% têm computador em casa. A maior proporção, contudo, é dos asiáticos: quatro em cada dez fazem parte da era digital.

O problema da inclusão digital

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em vigor desde 1996 preconiza a necessidade da "alfabetização digital" em todos os níveis de ensino, do fundamental ao superior, o censo escolar do Ministério da Educação (MEC), realizado em 1999, revelou que apenas 3,5% das escolas de ensino básico tinham, naquele ano, acesso à Internet, e cerca de 64 mil escolas do país não tinham sequer energia elétrica. Nos últimos anos, esse quadro está mudando, com iniciativas governamentais a nível federal, estadual e municipal, além de apoios privados e do terceiro setor, mas a exclusão digital nas escolas brasileiras ainda é significativa (MEC, 2005).

Esta iniciativa legislativa tenta iniciar os alunos no futuro do digitalização social, antes de abrir um meio mais profundo em direção ao também considerada lacuna digital.

Um parceiro importante à inclusão digital é a educação. A inclusão digital deve ser parte do processo de ensino de forma a promover a educação continuada. Note que educação é um processo e a inclusão digital é elemento essencial deste processo. Embora a ação governamental seja de suma importância, ela deve ter a participação de toda sociedade em face de necessidade premente que se tem de acesso a educação e redistribuição de renda permitindo assim acesso as TIC’s.

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É também imperativo que a inclusão digital esteja integrada aos conteúdos curriculares e isto requer um redesenho do projeto pedagógico e grade curricular atuais de ensino fundamental e médio. É pré-requisito considerá-lo também na formação de profissionais dos cursos de Pedagogia, Licenciaturas e similares. Entretanto, o que se vê são laboratórios fechados para as novas práticas que buscam a integração dos conteúdos e a democratização das práticas escolares de modo a tornarem significativas as aprendizagens. Afinal, tanto a rede pública de ensino, quanto a particular enfrenta a mesma dificuldade que é a valorização do saber diante de tantos descaminhos e da desvalorização do conhecimento formal adquirido na escola.

A inclusão digital, através da internet, deve constituir uma mudança de hábitos de recolher informações e para tanto, exige novas competências a serem desenvolvidas por professores e alunos, e para a sociedade completa, onde juventude é a parte provavelmente mais importante.

Novas necessidades

No estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas em Abril de 2003, denominado de Mapa da Exclusão Digital, mostra-se que aproximadamente 35% da população com 8 a 12 anos de estudo possuem computador e acesso a Internet enquanto esse percentual cai até quase 6% para aqueles que têm apenas de 1 a 4 anos de estudo (GARDELLI, 2005). Este estudo diz que:

Promover a inclusão digital como alavanca para o desenvolvimento social

auto-sustentável e promoção de cidadania. Este é o principal objetivo estabelecido pelo Programa Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão (GESAC), um programa de inclusão digital destinado as camadas C, D e E da sociedade. Disponibiliza um conjunto de serviços avançados de inclusão digital, com acesso à Internet em banda larga, a

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amplos setores da sociedade, excluídos do acesso e dos serviços vinculados à rede mundial de computadores (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES/BR, 2005).

O atual paradigma do sistema educacional coloca em discussão o contexto da revolução da informação que surge com o advento da Internet e da Tecnologia da Informação. A educação, as tecnologias, são dois campos que desde há muito, mantêm diálogos. Por vezes tenso, mais interativos. Esse campo não é neutro, tampouco é novidade o fato dos intelectuais que pensam a educação e seus agentes estarem debatendo o tema de forma prolongada e incisiva, que argumenta que o processo de desenvolvimento de uma criança e de um jovem e sua formação como pessoal é relativamente lenta e que exige muita paciência dos envolvidos, uma preparação adequada dos professores e de metodologias condizentes com a realidade atual.

Isto é um desafio muito importante, entretanto o buraco segue crescer entre juventude de realidades e países diferentes.

Jovens e a lacuna digital

Ações de inclusão digital estão sendo desenvolvidas com o objetivo de estimular parcerias entre governos (nas esferas federal, estadual e municipal), empresas privadas, organizações não governamentais (ONGs), escolas e universidades. Governos e empresas privadas atuando prioritariamente na melhoria de renda, suporte à educação bem como tornando disponíveis equipamentos à população. Algumas ações que podem ser promovidas pelos governos e empresas privadas incluem:

° Disponibilizar acesso a terminais de computadores e correio eletrônico a toda a população;

° Oferecer tarifas reduzidas para uso dos sistemas de telecomunicações;

° Criar mecanismos de isenção fiscal, sem muita burocracia, para o recebimento de doações de computadores e equipamentos de infra-estrutura.

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Essas ações per se não são suficientes. É ainda necessário o desenvolvimento de redes públicas que possibilitem a oferta de meios de produção e difusão de conhecimento. As escolas e universidades constituem também componentes essenciais à inclusão digital uma vez que diversos protagonistas (professores, alunos, especialistas membros da comunidade) atuam em conjunto para o processo de construção de conhecimento. Note que os três pilares do tripé da inclusão digital devem existir em conjunto para que ela ocorra de fato. De nada adianta acesso às tecnologias e renda se não houver acesso à educação. Isto porque o indivíduo deixa de ter um mero papel “passivo” de consumidor de informações, bens e serviços, e então passa também a atuar como um produtor (de conhecimentos, bens e serviços).

É também imperativo que a inclusão digital esteja integrada aos conteúdos curriculares e isto requer um redesenho do projeto pedagógico e grade curricular atuais de ensino fundamental e médio. É pré-requisito considerá-lo também na formação de profissionais dos cursos de Pedagogia, Licenciaturas e similares.

Os indivíduos, que por condições de insuficiência de renda, não têm como dispor de computador e linha telefônica em casa, poderiam ter a exclusão atenuada, caso tenham acesso através de empresas, escolas ou centro de cidadãos. Isto podería ser o horizonte de um problema do futuro. Esses recursos destinar-se-iam prioritariamente àqueles que não têm acesso em suas residências. Vale ressaltar que este tipo de solução tem natureza paliativa. Adicionalmente, poderíamos ainda considerar o uso do software livre em computadores o qual seria sem qualquer custo. Entretanto, deve-se considerar a facilidade de operação, suporte e manutenção existentes. Ademais, há ainda demanda reprimida de usuários de sistemas de telecomunicações, especificamente, o sistema de telefonia fixa que pode e precisa ser expandido a fim de prover a população com esse serviço básico além de permitir que ela tenha acesso a Internet.

O Brasil tem condições de superar esse atraso e as vicissitudes existentes. Todavia, para que isso de fato ocorra, é preciso começar a fazê-lo hoje, ou melhor, ontem. Do

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contrário, as gerações vindouras continuarão com elevado índice de excluídos da era digital. A inclusão digital tem um tripé que compreende acesso a educação, renda e TIC’s. A ausência de qualquer um desses pilares significa deixar quase 90% da população brasileira permanecendo na condição de mera aspirante a inclusão digital. Dentro deste contexto, considera-se que a inclusão digital é necessária a fim de possibilitar a toda a população, por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços prestados via Internet. Hoje em dia, ter acesso a Internet significa acesso a um vasto banco de informações e serviços. Este imenso repositório de conteúdo e serviços merece e deve ser utilizado por toda população brasileira. É preciso que o governo, como principal protagonista, assuma o papel de coordenador e atue em conjunto com sociedade civil organizada a fim de assegurar o tripé da inclusão digital.

Colocar computadores nas escolas não quer dizer informatizar a educação, mas introduzir a informática como ferramenta de ensino dentro e fora da sala de aula isso sim se torna sinônimo de informatização da educação. Vítor Teodoro preocupa-se em pensar a mudança no quadro da introdução de computadores nas escolas. Na literatura, recenseia três posições (TEODORO, 1992, p.10):

- Não há mudança, mas apenas tecnologias de substituição;

- Há mudança tecnológicas graduais, com impacto gradual na sociedade. - Há mudança tecnológicas graduais, com impacto revolucionário na sociedade

Sabemos que a “chave-de-ouro” de uma verdadeira aprendizagem (sentido largo) está na parceria (professor-aluno) e a construção do conhecimento nesses sujeitos interativos. Para haver um ensino significativo que abranja todos os educandos as aulas precisam ser mais participativas, interativas, envolventes, os alunos devem se tornar “agentes” da construção de seu próprio conhecimento, o professor por sua vez estará utilizando a tecnologia para dinamizar as aulas e orientar os alunos na construção de seu saber; e nao só conhecimento de escola, nós estamos querendo dizer conhecimento pessoal

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e social também, porque os meios são ferramentas sociais (BABIN E KOULOUMDJIAN, 1989).

A utilização do computador como recurso de auxilio na construção do conhecimento dentro e fora da sala de aula torna-se uma realidade nossa, basta olhar que a Internet está hoje possibilitando infinidades de informações, serviços e outras atividades para toda comunidade. Quando falo de educação dentro e fora da sala de aula me refiro ao fato de que se na escola ele utiliza o computador para fins educacionais ele também pode utilizá-lo em casa para os mesmos fins, uma pesquisa, uma leitura, enfim ele poderá se divertir jogar, mas saberá que aquela pesquisa que precisa fazer ou aquele tema que a professora deu pode está na Internet. É claro que essa conscientização depende muito de um cuidar pela qualificação do professor de informática e pelas práticas pedagógicas dos demais professores.

Isto significa que computadores estão indo ser instrumentos para o conhecimento pessoal e social, provavelmente os mais importantes no futuro. Pero isto quer dizer tamben que os jovens terão o melhor ou o pior instrumento para a inclusão no futuro.

Jovens: novos alunos e novos cidadãos

Dificuldades, necessidades, crenças e desejos são molas propulsoras de mitos. Mitos são explicações e elaborações que as pessoas criam para compreender, aceitar e também rejeitar situações, acontecimentos ou sentimentos. Nesse sentido, a relação entre a escola e as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) vêm gerando mitos, muitas vezes, tidos como verdades absolutas e inquestionáveis. Refletindo sobre os mitos que estão circulando a respeito da relação das TIC com a educação. Muitos mitos surgiram devido a facilidades que os alunos estão encontrando no contato com os computadores e isso é vislumbrado a cada momento. Isto devido ao tempo livre que dispõe para trabalhar com os equipamentos e em diversos momentos de suas horas livres

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como: na escola, em casa, nos “cyber café”, etc . Por outro lado, nas escolas o concernente aos professores e que devido a sua jornada de trabalho, não dispõem de muito tempo para acompanhar as novas e agradáveis descobertas informáticas e sentem-se inseguros diante da nova ferramenta. Mas temos que pensar nas implicações para os jovens quando professores são excluidos.

Difícil resolver a situação porque o processo de ensino e aprendizagem possui como protagonistas aluno e professor. E ao professor deve ser dado o direito a usufruir da informática de maneira democrática e garantida.

A educação, através de seus currículos, deve acompanhar uma série dimensões que são sociais, psicológicas, econômicas, políticas, etc., e que farão a diferença agindo como detonador de um processo de mudança cada vez que disparar o termômetro de que as necessidades estão mudando.

No caso específico das novas tecnologias os jovens utilizan, constantemente o computador e as novas tecnologias de comunicação e informação e, há alguns que já estão monitorando seus mecanismos de conhecimento através de dispositivos oferecidos pela internet. Mas isto nao representa ainda um panorama geral que permite garantir a inclusão total dos jovens. Estamos num momento perigoso que está trazendo-nos mais à exclusão que à inclusão, devido a existência de diferenças sociais profundas em Brasil que estão nas raizes de todo. E isto está indo determinar diferenças no meio de pensar, capacidades diferentes, etc. Poderíamos dizer sem nenhum problema que são os jovens as crianças nascidas com o boom da Internet que dominam as novas tecnologias, de forma tão natural, como o ar que respiram?

Entretanto, alguns professores entram em choque com essa realidade com a aversão ao uso de ferramentas tão eficientes como a grande rede de informações que é a internet gerando um mal estar desagradável as relações professor-aluno que estão presentes nas dificuldades de acesso do professor às máquinas e aos acessos. Muita das vezes, pela falta

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de tempo ocasionadas devido a jornada de trabalho excessiva. Temos algo bem aprendido: a integração deve ser em conjunto, algo da sociedade inteira.

Escola inclusiva, jovens incluídos

Uma consideração fundamental é que o computador torna-se um dos recursos mediadores de uma aprendizagem dinâmica, ele não estará substituindo o professor, mas auxiliando-o como ferramenta interativa na construção da aprendizagem. Sendo assim utilizado pelo professor, vem a “enriquecer o ambiente das crianças para que as trocas simbólicas estimulem o funcionamento da representação mental (FAGUNDES, 1994, p.49). Não é diferente do que diz Vygotsky, sobre o funcionamento psicológico do sujeito e o conceito de mediação, enfocando que na relação do homem com a realidade, existem mediadores, que são ferramentas auxiliares de toda atividade humana.

Os dados está claros:

No Brasil, cerca de 13% da população têm acesso ao computador, ao passo que em países como Japão e Alemanha esse número é de 80%. Somente 350 dos 5.561 municípios brasileiros possuem provedores locais de acesso à rede. Em São Paulo, 75% dos integrantes de classes D e E, com renda média familiar de R$ 540, nunca usaram computador e 89% nunca acessaram a internet. O Brasil está em pior situação do que alguns países da América Latina: enquanto na Argentina 23% dos domicílios têm conexão à internet, aqui isso ocorre em apenas 8%, sendo que só 4% destes ficam na região Nordeste. Nos Estados Unidos, metade da população está plugada na rede (INEP/MEC, 2005).

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) incluiu um índice para medir o avanço tecnológico dos países, porque reconhece a inclusão tecnológica como um dos fatores decisivos para o desenvolvimento humano. E o Brasil, que está entre as 10 economias mundiais, ficou em 43º lugar entre 72 países analisados, atrás do Panamá e de Trinidad e Tobago, por exemplo. Podería ser considerado ista colocação que foi ruim

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porque em Brasil a tecnologia não chega igualmente às diversas camadas da população. Esse fato é preocupante, pois estamos na era do conhecimento, e tanto o poder político quanto a participação no mercado são cada vez mais derivados do gerenciamento de conhecimento. Se 150 milhões brasileiros não têm acesso a saberes que hoje são essenciais para o exercício da cidadania, o problema atinge a própria competitividade do país no cenário mundial. Se continuar assim, o Brasil perderá participação internacional, mas sem poder atuar ativamente no mercado mais disputado, que é o de produtos que envolvem alta tecnologia e inovação.

O panorama não é irreversível e algumas ações merecem destaque. Uma delas é a alta performance do Brasil no que se chama de governo eletrônico (e-gov), isto é, o uso da internet pelo Estado para difundir informações e serviços ao cidadão. Em uma lista de 132 países estudados pela Divisão de Administração Pública das Nações Unidas, o Brasil aparece em 18º, acima de nações desenvolvidas, como Japão e Itália, e é o líder na América Latina. Porém, o paradoxo é que 90% dos brasileiros não se conectam e não podem beneficiar-se dessa rede democratizadora.

Outra iniciativa louvável é a do Comitê para a Democratização da Informática (CDI), que foi uma das primeiras organizações não-governamentais a atacar a exclusão digital na América Latina. Desde 1995, quando foi criado, o CDI já capacitou 263 mil pessoas de baixa renda em 617 escolas de informática e cidadania em 10 países, e cerca de 92% dos atendidos são brasileiros. Isso ocorre através de escolas auto-sustentáveis, em que o aluno paga uma mensalidade simbólica por cursos de três meses (INEP-MEC, 2005).

Podemos falar em termos de motivação dos estudantes: segundo os professores, ao usar o computador, os alunos sentem-se mais valorizados, sua auto-estima aumenta. Podemos também lembrar a melhora do rendimento escolar: o relatório do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) permite constatar que o desempenho dos alunos que não têm computador é pior do que o dos alunos que usam ambientes digitais, e o desempenho dos alunos que têm acesso à internet também é um pouco melhor do que o dos

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alunos que não se conectam. Na 8ª série, a variação de desempenho em matemática chega a ser de 20%.

Contudo, parece-me que a contribuição mais significativa está na mudança das mentalidades. Creio que os ambientes digitais, pela não-linearidade que oferecem, ajudam a formar novas cabeças, estimulam novas relações com o conhecimento, com o tempo, com a memória social. Além disso, a interatividade provoca uma verdadeira revolução na sala de aula, rompendo com o paradigma estruturalista da emissão-recepção de mensagens.

Mas a lacuna digital é concernente a possibilidade que nao todos os jovens tem acesso completo ao computador, eu quero dizer acesso às ferramentas digitais; então isto é o desafio principal que nós temos, em termos de ferramentas de mente que são os instrumentos principais de desenvolmimento.

No futuro seria necessário dizer com segurança:

«A Sociedade da Informação que buscamos construir é uma sociedade inclusiva, onde todas as pessoas, sem distinção de qualquer espécie, possuem a ligerdade para criar, receber, compartilhar e utilizar informações e conhecimentos, em qualquer mídia e independente de fronteiras».

REFERÊNCIAS

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