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Educação, tecnologia e subjetividade:
aproximações estratégicas
1Educati on, t echnol ogy and subj ecti vit y : st rategi c appproches
Wilton Garci a2
Resu mo
O presente texto introduz uma reflexão crítica acerca de educação, tecnologia e subjetividade, tomando a cultura digital marcada por aspectos sócio-políticos. Também, apresenta elementos circunstanciais que possibilitam uma leitura crítica sobre educação a distância (EaD), baseado na internet. Assim, este artigo investiga a forma complexa em que educação e tecnologia articulam uma dinâmica relacional de co-existência subjetiva hoje. Corpo, experiência e imagem elencam-se como categorias críticas, as quais são inscritas de modo diluído ao longo desta pesquisa, a partir da linguagem – estratificada entre cultura e representação. Aqui, os estudos contemporâneos estrategicamente contextualizam uma abordagem teórico-metodológica.
Palavras -ch ave: educação – tecnologia – subjetividade – EaD Abstract
The present text introduces a critical reflection on education and technology, taking digital culture marked by socio-political aspects. Also, it presents circumstantial elements that make possible a critical reading about the distance education (EaD), based in web. Thus, this article researches the complex form in which education and technology articulate a dynamic relational of subjective co-existence today. Body experience and image lists itself as critical categories which are entered so diluted during this paper, from the language – stratified between culture and representation.
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Agradeço ao Grupo de Pesquisas Multidisciplinares em Tecnologias (GPMT) da Universidade Braz Cubas (UBC) pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho, que faz parte da pesquisa atual: “Estudos contemporâneos: subjetividade, corpo e cultura digital”.
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Artista visual, trabalha com fotografia e vídeo, pesquisando estudos contemporâneos. Doutor em Comunicação e Estética do Audiovisual pela ECA/USP e Pós-Doutorado em Multimeios pelo IA/UNICAMP. Atualmente, é professor do Mestrado em Semiótica, Tecnologia da Informação e Educação da Universidade Braz Cubas – UBC. Autor de Corpo, mídia e representação: estudos contemporâneos (Thompson, 2005), entre outros.
Here, contemporary studies strategically contextualize an approach theoretical and methodological.
Key -Words : Education – technology – subjectivity – EaD
Para pensar as implicações conceituais que assolam o contemporâneo é preciso (re)considerar as atualizações, os avanços e as inovações tecnológicas. Atualizar é ater, incondicionalmente, ao novo e à modificação.
A cultura digital, hoje, promove uma mudança significativa na percepção humana. É a partir dessa premissa que pretendo desenvolver algumas idéias sobre o encontro entre educação, tecnologia e subjetividade mediante uma economia do saber – uma síntese que tenta englobar diversos fatores humanos, capazes de expressar uma produção de conhecimento.
Na verdade trata-se de uma aproximação estratégica como indica o próprio título deste texto. As transformações tecnológicas que atualizam as diretrizes da sociedade são enfoques evidentes no planejamento didático-pedagógico à formação cidadã, tão necessária.
Mais que isso, trata-se de uma expectativa de observar as matizes conceituais e pragmáticas que possam projetar um resultado satisfatório e eficiente à demanda. O tecido teórico-metodológico visa constituir uma rede de perspectivas (multi/inter)disciplinares com seus deslocamentos. Então, ativam-se as mudanças!
A sociedade tem testemunhado as transformações que as tecnologias promovem. São modificações que trazem a sofisticação, do ponto de vista estético, plástico, conceitual e, conseqüentemente, injetam uma discussão perceptiva. A percepção, agora, eleva-se pelo substrato cognitivo mais acelerado. E tais transformações organizam-se por estratégias discursivas, afinal, elegem as melhores condições adaptativas para ressaltar as predicações digitais na educação, pó exemplo.
Segundo Pierre Lévy:
O ciberespaço poderia igualmente anunciar, já encarna às vezes, o futuro aterrador ou inumano que nos é apresentado em certos romances de ficção científica (...). No entanto, no mundo virtual para a inteligência coletiva pode ser igualmente portador de cultura, de beleza, de espírito e de saber como um templo grego, uma catedral gótica, um palácio florentino (...). Pode desvendar inéditas galáxias da linguagem, fazer vir à tona temporalidades sociais desconhecidas, reinventar o laço social, aperfeiçoar a democracia, abrir entre os homens trilhas de saber desconhecidas (LÉVY, 1999, p.103).
É diante dessa proposição do autor que pretendo considerar a mediação educação, tecnologia e subjetividade. Quando se fala desse encontro – educação e tecnologia – cria-se uma imagem de compartilhamento de idéias através dos
computadores e da internet. Há um crescente exercício de refletir sobre o aparato tecnológico e sua intervenção da sala de aula.
A partir disso, elaboram-se as seguintes questões: É produtivo instaurar a programação digital na sala de aula? Como isso ocorre, de fato? Para que serve a sala de informática e como explorar as marcas da educação a distância como elemento facilitador de uma formação contemporânea? Como refletir acerca da transversalidade comunicacional na EaD? Qual seria a medida ideal que relaciona educação e tecnologia? Qual a relevâncias da subjetividade neste contexto? É possível dizer que os estudos contemporâneos tentam produzir uma perspectiva mais versátil?
Nota-se que, mídia e mercado se sincretizam como espaços de agenciamento/negociação das mercadorias e dos bens simbólicos, uma vez que a tecnologia torna-se território flexível de atualizações, avanços e inovações – conforme anunciado. Fica evidente que isso gera desafios para constituir a complexidade crítica de um olhar atento ao somatório: educação, tecnologia e subjetividade.
Logo, este texto introduz uma reflexão acerca de educação, tecnologia e subjetividade, tomando a cultura digital marcada por aspectos sócio-políticos. Também, apresenta elementos circunstanciais que possibilitam uma leitura crítica sobre educação a distância (EaD), baseado na internet. Assim, este artigo investiga a forma complexa em que educação e tecnologia articulam uma dinâmica relacional de co-existência subjetiva hoje.
Corpo, experiência e imagem elencam-se como categorias críticas, as quais são inscritas de modo diluído ao longo deste trabalho, a partir da linguagem – estratificada entre cultura e representação (Garcia, 2006). Procuro, com isso, ativar uma produção de conhecimento que otimize novos saberes, cujas estratégias registram diferentes estados de apreensão perceptiva/cognitiva. Organiza-se um mapeamento pontual de anotações estratégicas.
Diante de tais informações passo a apresentar quatro tópicos que se complementam: O contemporâneo; Educação & tecnologia; Anotações sobre EaD e A
internet banda larga - IBL. Essa divisão contextualiza o recorte do panorama proposto
além de aprofundadas o debate com a verticalização de idéias.
O Con temp orâneo
O contemporâneo demonstra-se como território de reverberações e desafios, em que noções, fundamentos, conceitos e pressupostos são atualizados. Isto é, trata-se de
uma atualização constante em passagens inteligíveis e sensíveis no mundo; portanto, é preciso abordar o deslocamento e a flexibilidade como possibilidade de uma leitura crítica a ser elaborada. Mais que designar a questão temporal, contemporâneo destaca uma (re)dimensão conceitual ao circunscrever a prática dos fenômenos atualizados pela sua expressão.
Advertência: a contemporaneidade aqui deve ser observada pela linhagem teórica de Homi Bhabha (1998). A compreensão sobre as qualidades inventivas do contemporâneo – provisório, parcial, inacabado, efêmero – requer (re)pensar seus efeitos de sentidos.
O efeito torna-se um atrator significativo para o impacto, a surpresa, a novidade. No contemporâneo, desdobram-se categorias críticas – corpo, experiência, imagem –, que fazem emergir o embate de “novos/outros” saberes na produção do conhecimento.
Neste caso, a idéia de contemporâneo tange a atualização da linguagem – estratificada por cultura e representação. É fato que, atualizar implica resgatar parâmetros de recorrências que se desenvolvem ao longo de cada evento/acontecimento. Segundo Humberto Maturana (1997), isso indica um estado embrionário de agenciamento/negociação, que propícia a troca de rede conversações discursivas sobre determinadas coordenadas de condutas da linguagem.
Para descrever a dinâmica híbrida que relaciona educação, tecnologia e subjetividade, enfatizo a lembrança do leitor sobre os estudos contemporâneos (BHABHA, 1998; CANCLINI, 1998; COSTA, 2004; EAGLETON, 2005; GUMBRECHT, 1998; HALL, 2000; HUTCHEON, 2000; MATURANA, 1997; YÚDICE, 2004). Trata-se de uma proposição emergente. Esses estudos investigam fundamentos, conceitos, teorias, métodos, técnicas e críticas para realizar pressupostos e mediações de experiências, cujos aspectos sincréticos reforçam e revelam um registro aberto – em constante transformação.
Os estudos contemporâneos, estrategicamente, contextualizam uma abordagem teórico-metodológica, ao propor desdobramentos de redes enunciativas que se (re)formulam mediante a convergência de assuntos como a tecnologia.
Tais estudos pesquisam atualizações sincréticas e vasculham uma linhagem teórico-política, associada ao sistema de linguagem. As atualizações esboçam esses estudos em sua peculiaridade descritiva, quando adiciona um olhar investigativo sobre inovações temáticas da sociedade e do mercado de bens e serviços. Com isso, atualizar, avançar e inovar são argumentos aqui bastante ponderados.
As representações incomensuráveis no contemporâneo, em suas múltiplas (re)configurações, evidenciam a articulação de estratégias discursivas. Essas estratégias são mecanismos que (re)instauram a condição adaptativa da educação em diálogo com a tecnologia, cuja leitura crítica evidencia a subjetividade.
Com efeito, os chamados estudos contemporâneos elegem diferentes anotações epistemológicas para fomentar intercâmbios discursivos, relativos aos: estudos culturais (Bhabha, 1998) e suas variantes – multiculturalismo, pós-colonialismo e diásporas – com o desenvolvimento das tecnologias digitais da informação, (re)nomeadas de hipermídia.
Evidentemente, as teorias acerca da nova economia e do mercado globalizado, acentuada à tecnologia da informação, por exemplo, especulam sobre a atual situação da educação e suas propriedades produtivas. Esse procedimento promove a paisagem à (des)construção instrumental de estudos contemporâneos.
Do pensar a respeito do trânsito do contemporâneo, é notório haver uma perspectiva (multi/inter)disciplinar de argumentos sincréticos sobre educação e tecnologia. As impressões subjetivas acerca do contemporâneo inserem novas abordagens e leituras capazes de prolongar os enunciados que escapam – ou propositalmente criam vertigens – no trânsito midiático.
As atualizações conceituais, efetivamente, esboçam a área dos estudos contemporâneos em sua intensidade descritiva. Efetivamente, a perspectiva desses estudos deve (con)centrar-se nos desafios atuais sobre educação e tecnologia, mais especificamente no enfoque temático na EaD.
Educação & Tecnol ogia
As transformações tecnológicas (avatáres3), eminentemente, ressaltam mudanças na vida cotidiana como sínteses que metamorfoseiam uma abordagem relacional, humano-tecnológica. Essas transformações existem a partir do momento em que se observa o uso do computador, de forma intensa, como recurso ferramental importante no desenvolvimento das habilidades humanas. Indiscutivelmente, a educação avança junto com as tecnologias.
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Avatar, aqui, deve se visto/lido para além do lugar comum da tecnologia. É a partir da possibilidade de transformação do objeto em outra coisa que o contexto se refaz. Ao expandir o olhar sobre o termo (em voga pela cultura digital) fundamenta-se seu princípio axiológico, epistemológico e ontológico. Avatar trata-se, conceitualmente, de um construto de adequação, ajuste, metamorfose, passagem, ponte, transformação, transfiguração de sistemas.
Também, observa-se “novos/outros” movimentos dinâmicos que permeiam a relação de formação professor/aluno com o contexto de ensino-aprendizagem. Ao transversalizar tal fusão, agencia-se, negocia-se os (re)posicionamentos, que não podem mais constituir hierarquias. Afinal, objetivam-se participações colaborativas em que todos/as contribuem.
A presente marca da tecnologia no campo da educação deve estar caracterizada – e fortalecida – pela experimentação de uma produção reflexiva e atualizada, em que o esforço crítico possa ser descritivo e, ao mesmo tempo, exploratório. Neste sentido, a esfera tecnológica (re)configura o desenvolvimento educacional. Isso demonstra a incursão subjetiva entre eles.
Professor (educador, facilitador, mediador) e aluno tornam-se usuário-interator do sistema computacional. Há um modo diferente de pensar hierarquia, classificação e categorias aqui. É um renivelamento automático do usuário-interator com a prática educacional e tecnológica. Ou seja, elabora-se a expectativa de desenvolvimento dos aspectos socioculturais e políticos que promovem, paulatinamente, o acesso à educação – via rede digital.
De um lado, como pesquisador dos estudos contemporâneos, fico atento ao quadro expressivo de transformações que as tecnologias propiciam, atualmente. Tenho alertado à formação (ensino-aprendizagem) de estratégias que enunciam a relação da educação com as ferramentas tecnológicas.
Por outro, como professor, remeto essas idéias a uma proposição didático-pedagógica que debate o uso e a função representacional das tecnologias e da sua demanda sociocultural. Preocupa-me ponderar as efetivas incrementações que a tecnologia possa lançar à educação atual.
Torna-se, portanto, relevante ampliação de estudos exploratórios que (re)dimensionem a flexibilidade da tecnologia no ambiente educacional. Nessa relação de (in)formação, tomo a sistematização de experiências que potencializam a discussão para exibir o caráter dinâmico da hipermídia. A educação contemporânea deve vislumbrar as transformações e os avanços tecnológicos, pois esses legitimam a morada do futuro.
Muito mais que se possa articular a partir do paradigma da hipermídia, da manifestação do objeto e/ou sua recepção, a lógica dos estudos contemporâneos converge a acoplagem de corpo/máquina (Garcia, 2005), na relação inteligível-sensível
com o mundo, cuja competência encontra-se no a descrição crítica da experiência digital.
Diria que esse é um ponto precioso que aponta a subjetividade, porque vale mais de uma leitura. Aciona-se, com isso, um olhar investigativo sobre as inovações temáticas – em especial, as atreladas ao campo reflexivo das redes de coordenadas discursivas da hipermídia, geradas pelas comunicações efetuadas pelo usuário-interator.
Desta forma, é preciso (re)pensar a produção do conhecimento atual, a (i)materialidade da informação a partir do usuário-interator e seu aspecto ambiental hipermidiático. Mais que isso, é dinamizar o entre-lugar – espaço de (inter)subjetividades – que se (re)conduz diante dos aparatos tecnológicos e suas novidades.
O movimento meticuloso entre educação e tecnologia serve para tentar atualizar o desenvolvimento de idéias e conceitos, uma vez que novas derivativas estão empenhadas na promoção cultural do conhecimento humano e sua carga afetiva. Neste viés, aponto alguns desdobramentos hipermidiáticos.
Os diferentes dispositivos dessas novas tecnologias digitais são atualizados pela velocidade que se atualizam. É um exercício de leituras e reflexões que proporciona a confluência de idéias atualizadas pelo caráter (multi/inter)disciplinar com a abertura de estados intermediários. Equaciona-se, portanto, a ambigüidade de fatores complementares no procedimento que parece extrapolar uma simples noção de EaD.
Anotações s obre EaD
Para investigar educação a distância (EaD) proponho um olhar conceitual e crítico, capaz de estabelecer uma abertura dinâmica acerca da contemporaneidade. Registra-se, portanto, uma proposta que projeta e constitui um recorte ao contexto emergente, comprometido com o (des)envolvimento sociocultural e político.
Recorro a uma experiência digital como possibilidade de agenciamento/negociação para pensar EaD, baseado na internet. Assim, ancora-se uma acoplagem dinâmica de educação e tecnologia diante da rede mundial dos computadores.
Observa-se que, a expectativa de transversalidade deste trabalho propõe investigar, (multi/inter)disciplinarmente, a EaD como estado atualizado de inserção sociocultural e política dos parâmetros flexíveis, a qual dialoga com o processo que (inter)media a produção de saberes via tecnologias digitais.
Essa (inter)mediação estratégica equaciona um sistema transversal da EaD, cujo (des)envolvimento interativo amplia suas manifestações e significados. Nesse transito, direciono minha escrita sobre a condição adaptativa da educação para tentar atualizar, conceitualmente, algumas malhas (inter/trans)textuais que emergem com a demanda das novas tecnologias da informação, em especial a EaD.
É notório que a relação educação e tecnologia serve como fio condutor para despertar o interesse de intelectuais, pesquisadores e professores e profissionais aptos a investigar e acordar as mudanças da sociedade, bem como as representações (in)comensuráveis na atualidade, especialmente a instauração da EaD.
No desenvolvimento de critérios conceituais e críticos deste trabalho, parto da hipótese de que um projeto de EaD aciona diferentes dispositivos na cultura hipermidiática, na qual o corpo surge estrategicamente como recorrência discursiva potente, junto aos efeitos tecnológicos.
Refletir sobre essas questões, é fazer valer uma linha de investigação que (re)inscreve o deslocamento da percepção sobre o usuário-interator. Ressalvo que, essas premissas incorporam impressões empíricas que absorvo e tento traduzi-las mediante as frenéticas inovações do contexto da mídia digital, impregnado pelo código semiótico e disponibilizado nas diversas redes criadas pelo usuário-interator.
A perspectiva das novas mídias traz consigo uma reflexão aos desafios traduzidos como responsabilidade social, pelos estudos contemporâneos, os quais tentam (cor)responder as demandas educacionais no que diz respeito à formação cidadã. Acredito num projeto vivo de cidadania!
O processo reflexivo entre educação e tecnologia revigora a ecologia de um ambiente digital da cibercultura, ao adicionar o sistema virtual da linguagem cada vez mais complexo. A hipermídia, neste caso, acusa-se na extravagância das intenções midiáticas, que intensificam conceito e prática.
Isso constitui um corpus polifônico de expressões sensíveis e técnicas como condição hipermidiática. Portanto, acolhem-se desdobramentos da hipermídia, marcadamente, a partir do corpo e sua (inter)mediação educacional com o uso das tecnologias. Isso (re)dimensiona a noção de EaD no contemporâneo.
A EaD aborda conceitos de rede, interatividade, interface – diante de uma realidade complexa de postar conteúdos – por rádio, televisão, videoconferência, telefone, computador (SANTOS, 2006). Para a EaD, o fenômeno da cibercultura
convoca um “novo/outro” corpo. Também, programa-se o mapeamento de uma significativa demanda crescente de cursos e disciplinas on line no Brasil e no mundo.
Reforço que, essa diretriz estabelece uma complexa relação dinâmica entre educação e tecnologia, pois incorporam perspectivas (multi/inter)disciplinares, em que se acusam elementos culturais do sujeito social. Assim, retomo a idéia de que as recorrências discursivos da linguagem, na EaD, podem ser (re)configuradas.
O problema a ser levantado neste estudo, portanto, é investigar conceitualmente o desempenho e o aproveitamento da possibilidade de uma educação contemporânea, que constitui como modalidade a presencialidade e o distanciamento. Isso porque se trata de uma proposição científica que equaciona resultados com suas variantes.
A questão do fator presencial junto com o fato distância devem ser tópicos relevantes para serem explorados em um futuro recente. Presença e distância são variantes que coabitam educação e tecnologia. Uma projeção investigativa almeja contribuir com o desempenho de soluções criativas.
A In tern et Banda L arga - IBL
Notadamente, o campo da educação e a tecnologia digital são pontos temáticos que se interpelam em um complexo enfoque investigativo. Portanto, expõe-se um tecimento de idéias diante de uma investigação (multi/inter)disciplinar que elenca estratificações recorrentes entre educação e tecnologia.
Paradoxalmente, o código binário do computador (0-1) facilita e, ao mesmo tempo, intensifica o estado da representação, hoje. E mais: se a EaD coloca em cheque a noção de espaço ao indagar sobre o contexto ensino e escola como território do saber, imagine a força da imagem de sofisticação relaciona a internet banda lar (IBL). É um (up date) atualizar!
Contudo, a apreensão do conhecimento ocorre por uma rede de ambivalências em que professor e aluno (usuários/interatores) se deparam com uma articulação hipermidiática. Conhecimento é um fluxo constante das relações humanas; neste caso, ocorre também na dinâmica usuário/interator.
Há aí um estranhamento no usufruir do panorama de (in)formação (ensino-aprendizagem), visto que a constituição de educação e tecnologia, nesse processo, desloca seus elementos instrumentais a partir da condição adaptativa entre presença e distância.
Com isso, observam-se as ações cotidianas referentes na prática de formadores (educadores, professores), atentos às implementações das tecnologias digitais, que tentam acompanhar o desenvolvimento das novas tecnologias da informação digital. As atualizações de ferramentas digitais alteram-se paulatinamente, assim como as inovações que o mercado lança. Trata-se de uma experiência singular à condição adaptativa da educação, cuja idéia de presencialidade é traduzida pela virtualidade e, conseqüentemente, pela atualidade.
A implantação da internet banda larga (IBL) forma um território de recursos técnicos e conceituais mais amplos a serem investigados junto aos parâmetros da EaD. Essa implantação representa um avanço no desenvolvimento tecnológico da linguagem comunicacional, uma vez que remete à criação de novos conceitos, técnicas, métodos, entre outros. A experiência na rede de computadores amplia-se com maior agilidade e velocidade das informações.
Trata-se de uma base tecnológica diferenciada, com destaque para as novas mídias e redes de interatividade. A IBL torna-se um relevante meio comunicacional para a EaD em expansão e está na agenda dos debates como novidade. Assim, legitimam-se “novos/outros” saberes educacionais e compreendem uma efetiva participação de ação tecnológica de compartilhamentos on line.
A internet banda larga IBL é um formato de recursos tecnológicos em que a população (usuário-interator) tem mais acesso às informações de transmissão e armazenamento de dados. Neste sistema, o usuário-interator deve ter a disponibilidade de assegurar maior e melhor interatividade com a realização de atividade on line.
Ela, a IBL, fomenta uma significativa parcela de armazenamento e envio de informações (som, imagens, textos) com maior grau de compactação. Isso gera uma disposição mais imersiva do ponto de vista da navegação para (re)produzir informações.
Consid erações Finai s
No decorrer deste texto, houve uma tentativa de expor idéias e posicionamentos a partir da minha pesquisa que investigo “Estudos contemporâneos: subjetividade, corpo e cultura digital”; por isso justifico a (re)dimensão de educação e tecnologia a partir da subjetividade. É um exercício reflexivo, ou melhor, são algumas impressões preliminares, para não dizer empíricas. Tento fazer uma proposição reflexiva acerca de diferentes recursos técnicos e estilísticos da sociedade contemporânea e a cultura digital.
O que serve como respaldo é o somatório de (inter/trans)textos subjetivos, apropriadamente, suturados pela fusão que acopla educação e tecnologia.
Evidente que não focalizo apenas o impacto das tecnologias, pois acredito que a hipermídia auxilia na extensão gerativa da natureza humana atrelada ao pensar perceptivo/cognitivo e a tecnológica. Fundir e/ou estabelecer uma relação direta entre educação e tecnologia tangencia uma perspectiva contemporânea, que se pretende atualizar, avançar e inovar.
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