• Nenhum resultado encontrado

Sintomas depressivos em idosos e o exercício físico: uma revisão da literatura

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Sintomas depressivos em idosos e o exercício físico: uma revisão da literatura"

Copied!
17
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA CURSO BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSOS E O EXERCÍCIO FÍSICO:

UMA REVISÃO DA LITERATURA

Marcelo Henrique Câmara de Souza

NATAL/RN 2019

(2)

MARCELO HENRIQUE CÂMARA DE SOUZA

SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSOS E O EXERCÍCIO FÍSICO:

UMA REVISÃO DA LITERATURA

NATAL/RN 2019

Monografia

apresentada

a

Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, para obtenção do título de

Bacharel em Educação Física, sob

orientação do professor Dr. Paulo

Moreira Silva Dantas.

(3)

SINTOMAS DEPRESSIVOS EM IDOSOS E O EXERCÍCIO FÍSICO: UMA REVISÃO DA LITERATURA

Marcelo Henrique Câmara de Souza

RESUMO:

O presente trabalho tem como principal objetivo realizar uma revisão da literatura em relação aos efeitos amenizantes do exercício físico sobre a incidência de depressão em idosos, analisando a eficacia desta prática como possível terapia junto à outros tratamentos no combate a depressão. Para a realização do objetivo, o trabalho realizou uma revisão de artigos em português nas bases de dado do SciELO no período de janeiro de 1999 à novembro de 2019, utilizando as palavras chave “depressão”, “idosos” e “exercício”. Inicialmente, na pesquisa realizada no SciElo, foram encontrados 32 artigos que falassem acerca das palavras chaves selecionadas. Desses 32 artigos, apenas 14 foram selecionadas para a primeira leitura. Dos 14 selecionados, 6 foram excluídos por conta de tratarem de métodos e treinamentos que não se encaixavam, e de assuntos que não são relevantes para o trabalho, o que totalizou na escolha de oito artigos para a discussão. Concluiu-se que os benefícios dos exercícios físicos se mostram de maneira evidente em todos os artigos revisados, mostrando seus benefícios psicológicos e físicos nos idosos depressivos, promovendo a prevenção e redução dos sintomas depressivos.

Palavras chaves: idoso; depressão, exercício físico.

ABSTRACT:

The present work has as main objective to carry out a literature review regarding the mitigating effects of physical exercise on the incidence of depression in the elderly, analyzing the effectiveness of this practice as possible therapy with another treatments to combat depression. To achieve the objective, the work carried out a review of articles in Portuguese in the SciELO databases from January 1999 to November 2019, using the keywords "depression", "elderly" and "exercise". Initially, in the SciELO research, 32 articles were found that spoke about the selected keywords. Of these 32 articles, only 14 were selected for the first reading. Of the 14 selected, 6 were excluded because they deal with physical training methods and other types of technical procedures in physical education classes, subjects that are not relevant to the work, which totaled the choice of eight articles for discussion. It was concluded that the benefits of physical exercise are overwhelming and self-evident in all reviewed articles, showing its psychological and physical benefits in depressed elderly, promoting the prevention and reduction of depressive symptoms.

(4)

1 INTRODUÇÃO

Hodiernamente, ocasionada pela explosão demográfica pós segunda guerra mundial, a população mundial evoluiu de forma exponencial. Por conta da explosão demográfica que houve no século anterior, a geração atual apresenta um grande número de pessoas idosas, sendo que a maioria delas são sedentárias e não possuem uma vida física ativa. Contudo, antes de adentrar propriamente na população idosa, é necessário ter um panorama do que é o envelhecimento.

De acordo com Irigaray (2007), o que se compreende por envelhecimento é a ocorrência do fenômeno biopsicossocial que afeta todos os seres vivos, sendo amplamente presente em todas as fases da vida. Com a ocorrência do processo de senescência, o ser humano perde uma parcela gradual de sua qualidade de vida. Agora que falamos da qualidade de vida, resta saber o que ela especificamente significa no contexto do trabalho atual. Irigaray (2007) informa que a qualidade de vida pode ser compreendida como o conjunto de satisfações que o indivíduo tem do seu cotidiano, essas satisfações podem ser interpretadas tanto em termos psicológicos e sociais quanto econômicos, materiais e físicos.

Junto do envelhecimento populacional, é possível observar o aumento gradual de doenças psiquiátricas nessa classe de indivíduos, gerando neles uma incapacidade funcional, perda da independência e de autonomia (IRIGARAY, 2007).

Desta maneira, os transtornos depressivos e outros tipos de doenças psicológicas são recorrentes em idosos. Contudo, é necessário afirmar que a depressão não é uma consequência natural do envelhecimento, já que ela está associada à um sofrimento e uma deterioração da qualidade de vida, o que causa um declínio cognitivo e outros tipos de agravos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2006), os idosos que apresentam baixas taxas de sedentarismo são os que apresentam a menor prevalência de doenças mentais. A OMS (2006) também afirma que uma vida ativa é benéfica para a saúde mental, ajudando a atenuar desordens mentais como a demência, o Alzheimer e a depressão.

Coley et al. (2008) afirmam que diversas pesquisas de cunho nacional e internacional apontam para os benefícios da atividade física em função da manutenção psicológica do indivíduo, reduzindo os riscos de depressão e demência,

(5)

além de auxiliar no bem-estar e autoestima da população idosa.

O bem-estar físico que o ser humano consegue extrair da pratica dos exercícios físico é fundamental para o tornar mais forte contra os problemas crônicos e contra até mesmo a própria velhice, o que afasta os indicadores de depressão e sentimentos negativos como a solidão, a tristeza, dentre outras coisas.

As pesquisas dedicadas à qualidade de vida nos seres humanos em geral positiva os benefícios da atividade física e de exercícios físicos em auxílio da saúde mental, as pesquisas realizadas com idosos se mostram ainda mais expressivas (DJERNES, 2006; IRIGARAY, 2007). Os estudos mostram que a prática regular de exercícios físicos ajuda a aliviar o estresse e apresentam valores terapêuticos no tratamento de sentimentos negativos como a ansiedade e a tristeza.

Outros trabalhos (MINGHELLI et al. 2013; AGUIAR et al. 2014) demonstram que durante a realização de práticas físicas, o cérebro libera substancias reguladoras do humor, como a dopamina, a serotonina e a endorfina, o que causa um efeito analgésico e tranquilizante no indivíduo. Sendo assim, pessoas que praticam atividades físicas regularmente se beneficiam do efeito relaxante pós-esforço, o que gera, por consequência, um estado de equilíbrio no humor que torna o indivíduo mais forte contra estresses e outros tipos de ameaças do meio externo.

Diante do referencial exposto acima, fica comprovada a relevância de investigar os efeitos do exercício físico nos idosos praticantes, bem como se há diferença entre aqueles com e sem sintomas depressivos.

2 O QUE É A DEPRESSÃO?

Os sintomas depressivos aparecem frequentemente em comorbidade com outras patologias, assim, o seu diagnóstico, apesar de ser bastante usual na modernidade, seguido de indicações de antidepressivos, ainda é bastante difícil de ser assertivo, pois existe uma quantidade significativa de patologias que tem como efeitos secundários a depressão, e assim, trata-la não é combater a sua sintomatologia, e sim, atuar no foco patológico que a desencadeou.

A depressão ainda possui os seus sintomas clássicos: tristeza, visão negativa de si e do mundo, alterações no apetite, libido, sono, ânimo, entre outros. E esses sintomas são bem democráticos.

(6)

Apesar da literatura indicar fatores associados de prevalência como sexo, nível social e estado civil, o que denotaria um “público alvo”, os sintomas depressivos, ainda atingem pessoas de qualquer idade, crença, sexo e estado civil. Pereira (2016) descreve em seu artigo intitulado: “As fronteiras da depressão: um possível diálogo entre Freud e Beck ‘que a depressão mesmo analisada em diferentes abordagens dentro das ciências psicológicas, ainda faz vínculo com o fator “perda” e “disposições patológicas ou esquemas”, nesse sentido, percebe- se que de uma maneira geral, a depressão tem relação com perdas e também a estruturas enraizadas de personalidade.

Segundo Del Porto (1999) o termo depressão na linguagem corrente, tem sido empregado para designar tanto um estado afetivo normal (a tristeza), quanto um sintoma, uma síndrome e uma (ou várias) doença (s).

Essa resposta emocional (tristeza) tem um valor adaptativo, do ponto de vista evolutivo, uma vez que, através do retraimento, poupa energia e recursos para o futuro. O que de alguma maneira já sinaliza a necessidade de um olhar psicoterapêutico. É válido salientar que a tristeza é uma emoção comum que permeia a vida psíquica de todos os indivíduos e a atenção dispendida para ela, tem relação com a sua frequência e que efeitos secundários, pois ela pode atingir o comportamento e as relações interpessoais.

Enquanto sintoma a depressão pode se manifestar em vários quadros clínicos, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), em alguns tipos de demências, na esquizofrenia, no uso de entorpecentes, álcool, doenças clínicas e em situações das mais adversas (DEL PORTO, 1999).

Já como síndrome, ela atinge respostas de humor, alterações cognitivas e finalmente, enquanto doença, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-V inclui na classe dos transtornos depressivos o transtorno disruptivo da desregulação do humor, depressivo maior, depressivo persistente (distimia), disfórico pré-menstrual, depressivo induzido por substância/medicamento, devido à condição médica, especificado e não especificado.

Embora a característica mais típica da depressão seja a tristeza, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de tristeza, muitos descrevem a falta de interesse em algumas atividades que lhe davam muito prazer. Existem outros sintomas que facilitam o diagnóstico da depressão:

(7)

uniforme, é algo que acontece em todos os seres humanos, podendo ocorrer por conta das escolhas feitas durante a vida, isto é, estilo de vida, estresse do trabalho, dieta e outras variáveis sociais que em maior ou menor grau afetam nas funções cognitivas.

De acordo com o autor supracitado, a depressão é apontada como a principal causa de desordens mentais na terceira idade. A depressão pode ser causada por diversos fatores, sendo que a sua consequência mais expressiva é a diminuição da qualidade de vida que ela causa no indivíduo acometido.

Incapacidade física, dor e outras alterações no estilo de vida são fatores comuns que aparecem como consequência da depressão, sendo assim, fica claro que indivíduos depressivos tendem a mostrar uma capacidade funcional reduzida, quando comparados com outros indivíduos. A perda de prazer em atividades que outrora eram consideradas prazerosas, a apatia e o retardo psicomotor são elementos que alteram a capacidade funcional do indivíduo na realização de atividades diárias. A partir disso, o indivíduo começa a sentir que as tarefas mais simples do dia custam a ele quantidades enormes de energia, o que as tornam difíceis de serem executadas.

2.1 A velhice e as suas consequências

Atualmente, segundo Antes (2012), pelo menos uma em cada dez pessoas tem 60 anos ou mais, e estima-se que até 2050 essa proporção passe para uma a cada cinco pessoas considerando uma média mundial.

Antes (2012) ainda afirma que o processo de envelhecimento já começa a acontecer a partir do nascimento do indivíduo, sendo que a velhice é um processo que ocorre de forma dinâmica, progressiva e gradual, ocorrendo mudanças tanto funcionais como morfológicas, psicológicas e bioquímicas no indivíduo. O envelhecimento tem como seu ápice a perda progressiva da capacidade do homem de conseguir se adaptar ao meio ambiente, o que naturalmente o leva à um estado de vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos, o que pode resultar em sua morte.

Conforme Daniela de Souza et al. (2012), o envelhecimento também pode ser observado por dois vieses. O viés físico: através da deterioração do corpo e de suas capacidades funcionais, perca da elasticidade da pele, queda dos cabelos. O viés psicológico: perca das funções cognitivas como a memória e a percepção, deterioração das memórias curtas, dentre outros fatores.

(8)

A Figura 1 mostra um ciclo que ocorre na vida do idoso onde os fatores físicos levam a uma queda da qualidade de vida e da saúde mental, que geram uma inatividade física e assim por diante.

Figura 1: Ciclo do Envelhecimento

Fonte: Litvoc (2004)

Um dos conceitos importantes para o presente trabalho e que deve ser discutida apenas de forma breve é o da saúde mental, já que se estender nele seria perder o foco do trabalho.

A saúde mental pode ser compreendida como o equilíbrio psicológico resultante da interação do indivíduo com as coisas que estão ao seu redor, isto é, a realidade. A realidade é meio onde a pessoa está inserida e onde ela pode desenvolver as suas capacidades e potencialidades.

De acordo com o estudioso Del Porto (1999), em um tratado acerca das doenças que afetam o psicológico, a saúde mental do idoso pode ser influenciada por todo o ambiente ao seu redor, desde as suas predisposições genéticas até fatores sociais. Sendo assim, o lado cognitivo do indivíduo está sujeito à toda uma classe de fatores, desde os fatores físicos até os imateriais.

Contudo, de acordo com o autor supracitado, o psicológico do indivíduo parece estar mais suscetível a ser afetado por fatores imateriais. As funções cognitivas e psicológicas parecem ser as mais vulneráveis de acordo com o avançar da velhice.

A senilidade é uma das principais características da velhice, e que geralmente vem acompanhada de outras patologias e da perca de habilidades cognitivas que outrora eram mais fortes no indivíduo. Pereira (2016) afirma que o envelhecimento é gerador de diversas modificações tanto estruturais quanto funcionais no corpo

(9)

humano, diminuindo a vitalidade e facilitando o aparecimento de doenças comuns nesse período da vida.

Sendo assim, fica claro que o envelhecimento em si já se caracteriza como um fenômeno que favorece o aparecimento de alterações cognitivas, alterações que podem ser potencializadas de acordo com a genética e outros tipos de variáveis. Além dos idosos já serem acometidos por esse fenômeno natural, outros estudos elencam quais são os padrões de funções cognitivas que são comprometidas durante a velhice. Os estudos apontam que as funções cognitivas mais afetadas estão relacionadas à memória, à noção espacial e à memória explicativa (PEREIRA, 2016)

2.2 A Depressão e os seus principais sintomas

Para Motta (2004), a depressão afeta três esferas da vida do indivíduo:

 Esfera afetiva: causando choro, tristeza, apatia, indiferença perante à vida;

 Esfera cognitiva: sentimentos de inutilidade por conta da indisposição, problemas relativos a memória, dentre outros problemas;

 Esfera somática/física: indisposição, falta de energia, distúrbios no sono, no apetite e na libido.

O autor supracitado esclarece que durante o processo ocorrem diversas alterações físicas e psicológicas que tornam o diagnóstico da depressão algo mais dificultoso nos idosos, já que durante o envelhecimento é comum o surgimento de patologias crônicas e dolorosas, a diminuição do apetite sexual, os problemas funcionais psicomotores, os sintomas subjetivos da perda, os problemas de memória e algumas disfunções relativas ao sono.

Sendo assim, o diagnóstico clínico da depressão em idosos costumar ser realizado através da anamnese, logo então, é essencial que haja a identificação ativa destes sintomas, sendo realizado em conjunto a investigação de um histórico de depressão na vida do sujeito e na família dele. O médico deve investigar os medicamentos utilizados pelo idoso, sintomas e manias, além de abordar cuidadosamente questões relacionados ao luto e ao suicídio (MOTTA, 2004).

(10)

humor ranzinza e irritadiço, sendo por vezes acompanhados da anedonia, isto é, a incapacidade do idoso em sentir prazer ou alegria em atividades que outrora lhe eram prazerosas.

É necessário falar acerca da sensação subjetiva da diminuição de energia, o cansaço e a fadiga são sintomas comuns e relatados por indivíduos depressivos. Além da falta de energia, o desinteresse, as ideias pessimistas e os sentimentos de ruína também devem ser algo percebido pelos familiares. Caso não haja a identificação dos sintomas da esfera afetiva/cognitiva, os familiares devem se atentar a sintomas da esfera somática, isto é, aqueles sintomas que envolvem a qualidade do sono do idoso, além do que já foi citado anteriormente por Motta (2004).

De acordo com o autor supracitado, o diagnóstico clínico e formal que é usualmente utilizado em ambientes de pesquisa são as entrevistas estruturadas baseadas em critérios do CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) e do DSM-4 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders).

3. MATERIAIS E MÉTODOS.

O presente estudo, inicialmente, se trata de uma revisão da literatura realizada nos últimos 20 anos, se utilizando de estudos e enciclopédias acerca da velhice e da depressão. O método sistemático é uma maneira de realizar a revisão de forma planejada, seguindo critérios específicos com o objetivo de filtrar e utilizar artigos de relevância para a pesquisa.

Foram revisados artigos e outros tipos de trabalho (dissertações, monografias, livros) na língua portuguesa que tratassem acerca de três temas: depressão, terceira idade e atividades físicas. Durante a produção do trabalho, os critérios de inclusão foram: que os trabalhos: tratassem dos efeitos do exercício físico no combate à depressão nos idosos, com idade de 60 até 98 anos, e que os mesmos poderiam relatar também outras patologias e quadros psíquicos, como ansiedade, demência, Alzheimer, bem-estar, auto estima. Os critérios exclusão foram: artigos científicos repetidos, e que fugisse do foco dos idosos.

Os estudos foram selecionados inicialmente através da leitura de seus títulos, tendo como base os critérios de inclusão e exclusão anteriormente estabelecidos.

Posteriormente, foi realizada a leitura detalhada dos resumos, excluindo os artigos em que os resumos não abrangeram os critérios de inclusão e por fim, foram

(11)

avaliados os textos em sua íntegra.

4 RESULTADOS

Inicialmente, na pesquisa realizada no SciELO, foram encontrados 32 artigos que falassem acerca das palavras chaves selecionadas. Desses 32 artigos, apenas 14 foram selecionados para a primeira leitura. Dos 14 selecionados, 6 foram excluídos por conta de tratarem de artigos científicos repetidos, e que fugisse do foco dos idosos, assuntos que não são relevantes para o trabalho, o que totalizou na escolha de oito artigos para a discussão.

O quadro 1 apresenta as principais informações dos oito artigos que foram selecionados para a composição da discussão. Os artigos tratam da atividade física em função de idosos depressivos, versando acerca dos benefícios da atividade e sob quais meios ela combate a depressão.

Quadro 1: Revisão sistemática dos autores selecionados.

Autores e Ano Objetivo Amostra Principais Resultados

Lima (2002). Identificar a forma como a atividade

física está

relacionada com a auto-estima global dos adultos idosos.

A amostra é constituída por 73 adultos idosos de ambos os sexos, de duas Instituições com idades compreendidas entre os 62 anos e os 98 anos de idade.

Foram encontradas

melhorias na Auto-estima Global dos adultos idosos depois do programa de actividade física com 14

semanas de duração.A

percepção sobre as

capacidades físicas e

estados emocionais dos adultos idosos demonstrou melhorias significativas depois da realização do programa de atividade física. Irigaray (2007). Investigar a intensidade e prevalência de sintomatologia depressiva em idosas Participaram 103 idosas integrantes da UNITI.

Este estudo aponta para a

existência de uma

associação, a ser melhor investigada, entre menor

intensidade de

(12)

participantes da Universidade para a Terceira Idade (UNITI) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. tempo de participação na UNITI superior a 1 ano. Também sugere que a

participação em uma

universidade para a terceira idade traz melhoras aos idosos. Petroski (2008). Avaliar a associação entre nível de atividade física e o estado de saúde mental de pessoas idosas. 875 idosos da cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Os resultados reforçam a importância de estilo de vida ativo para prevenção de problemas de saúde mental de idosos. Infere-se que a atividade física tem conseguido reduzir e/ou

atrasar os riscos de

demência, embora não se

possa afirmar que a

atividade física evita a demência. Antes (2012). Verificar a associação entre a presença de sintomas depressivos e o Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) em idosos praticantes de exercícios físicos. A população foi composta por 146 idosos, participantes do Programa Floripa Ativa -

Fase B, sendo a

amostra constituída de 77 idosos com média de 67,9 (DP 5,7) anos de idade. Encontrou-se uma correlação negativa (r= -0,307) e significante (p=0,007) entre o IAFG e a GDS. Esse fato demonstra uma relação inversamente proporcional, ou seja, idosos com melhor IAFG

apresentaram menor

incidência de sintomas depressivos.

Mazo (2012). Verificar a relação entre autoestima e presença de depressão em idosos praticantes de exercícios físicos. A amostra constituiu-se de 174 idosos do Grupo de Estudos da Terceira Idade (GETI).

Deve-se incentivar a pratica de EF, pois auxiliam na autoestima dos idosos e, consequentemente, reduzem os sintomas depressivos. De Souza, Serra, Suzuki, (2012). Verificar a influência da prática de Foram selecionados 15

idosos para uma

entrevista.

Os dados coletados

mostraram uma possível afirmação de que a prática

(13)

exercícios físicos na ocorrência de sinais sugestivos de depressão geriátrica. de exercícios físicos

regulares contribui de forma positiva para diminuir os níveis de depressão em idosas, pois o indivíduo ativo apresenta um menor

risco de desenvolver doenças. Minghelli. Tom. Nunes. Neves. Simões. (2013). Comparar a relação entre os níveis de ansiedade e depressão entre idosos ativos e sedentários. A amostra foi constituída por 72 idosos, divididos num grupo de 38 idosos sedentários (GS) e outro grupo (GA) de 34 fisicamente ativos.

A prática da atividade física pode representar um fator importantepara reduzir os níveis de ansiedade e depressão em idosos. Aguiar, Moraes, Silveira, Oliveira, Deslandes, Laks (2014). O objetivo do

estudo foi com-parar diferentes intervenções com exercícios físicos na QV e nos sintomas . Foram selecionados

idosos com depressão maior, divididos em grupo exercício (n=31) e controle (n=21).

O presente estudo mostrou que tanto o TA quanto o TF com intensidade moderada podem contribuir para a redução dos sintomas de depressão e melhora da qualidade de vida.

5 DISCUSSÃO

No que se refere a diminuição e combate dos sintomas depressivos, a literatura, de forma uniforme, afirma que o exercício físico é uma das principais intervenções terapêuticas nesse quesito. Os estudos mostraram amplamente a eficácia do mesmo na melhoria da saúde mental do indivíduo.

Petroski (2008) afirma que o estilo de vida ativo, principalmente quando é desenvolvido desde a juventude, retarda os efeitos do envelhecimento, não só os efeitos físicos quanto os efeitos psicológicos.

Os benefícios psicológicos do exercício físico para o idoso podem ser divididos da seguinte maneira:

 Os benefícios físicos que acontecem de modo imediato: relaxamento, redução da ansiedade, controle do estresse e melhora do estado de espírito.

(14)

bem-estar geral melhorado, melhor saúde mental e melhora cognitiva, o que ocasiona menores riscos de depressão e outros sintomas psicológicos.

Antes (2012) afirma que indivíduos idosos que se exercitam com certa regularidade possuem uma melhor perspectiva acerca de si mesmos, isto é, são mais auto motivados, além de possuir uma autoestima e um sentimento de auto eficácia excelentes acerca deles mesmos. Esse tipo de sensação subjetiva, de acordo com o autor, diminui o índice de doenças crônicas e aumenta a disposição geral do idoso.

Em relação ao aumento da disposição geral, Petroski (2008) afirma que a prática regular de atividades físicas aumenta a disposição geral que os idosos têm para executar as atividades cotidianas, tanto as tarefas de cunho físico quanto as de cunho psicológico.

Petroski (2008), em seu artigo, elenca que a atividade física regular e bem planejada contribui para a minimização do sofrimento psíquico do idoso deprimido, além de oferecer oportunidade de envolvimento psicossocial, elevação da autoestima, implementação das funções cognitivas, com saída do quadro depressivo e menores taxas de recaída.

Em uma dissertação de mestrado, Lima (2002) cita diversos autores que afirmam que a autoestima é uma das principais variáveis psicológicas que a atividade física afeta. O autor também afirma que esta variável psicológica está diretamente ligada com os sintomas depressivos, já que o indivíduo com depressão costuma ter uma má imagem acerca de si mesmo. Sendo assim, a melhora da autoestima pode ajudar a combater os sintomas de depressão, e como já foi afirmado anteriormente, a exercício física interfere diretamente neste autoconceito.

Dentro do fator autoestima, Lima (2002) relata que a manutenção da força física, da tonicidade dos músculos, da resistência e dos aspectos físicos é a principal classe de fatores que aumenta a autoestima dos idosos, a partir da auto percepção dos idosos.

Mazo (2012) e De Souza et al. (2012), dez anos depois do estudo de Lima (2002), obteve os mesmos resultados no seu estudo. O autor afirma que a melhora da imagem corporal, principalmente quando o idoso realiza um esforço que ele considerava impossível, também podem melhorar a sua autoestima. Sendo assim, a elevação da própria imagem não está apenas na melhora do aspecto físico, mas na auto realização psicológica do idoso.

(15)

exercícios físicos, afirmando que a boa imagem do idoso perante si mesmo aumenta a sua moral. O autor afirma que os indivíduos com baixo autoestimas são um dos mais predispostos a desenvolver sintomas depressivos, baixas expectativas em relação à vida e comportamentos ansiosos.

Minghelli et al. (2013) afirma que a atividade física se mostra altamente eficaz no combate à depressão, apresentando melhores resultados que as intervenções farmacológicas, tendo valor igual e por vezes superioras que outras formas de intervenções psicoterápicas. Logo então, o autor conclui que a atividade física não só está relacionada com a redução da depressão, mas está associada à uma blindagem antidepressiva mais forte e duradoura do que a psicoterapia.

Os autores Aguiar et al. (2014), em um estudo randomizado acerca da depressão na população idosa, verificaram que os mecanismos fisiológicos (5 – HT) responsáveis pela liberação de serotonina sofrem uma disfunção com o envelhecimento, havendo uma atividade retroativa da produção da enzima responsável pela liberação de serotonina. A serotonina, de acordo com os autores supracitados, também está relacionada com a saúde mental, a deficiência dessa substância contribui para o surgimento da depressão e de outros sentimentos negativos (IRIGARAY, 2007).

Sendo assim, o exercício físico não está relacionado apenas à auto percepção física e mental que o idoso tem de si mesmo, mas também está relacionada com fatores bioquímicos de um importante grau. Os autores supracitados concluíram que a atividade física interfere de maneira significativa no sistema nervoso central, aumentando a síntese de serotonina e causando um efeito antidepressivo.

Indo além, Aguiar et al. (2014) afirmam que a atividade física é a principal forma de terapia não farmacológica no tratamento de transtornos depressivos. Quando comparado com o tratamento farmacológico, a atividade física apresenta diversas vantagens: menor custo econômico; menor quantidade de efeitos colaterais indesejáveis; maior envolvimento e maior comprometimento ativo por parte do idoso, o que melhoram a sua autoestima e autoconfiança. Pode-se concluir, logo então, que o exercício físico é um forte aliado no tratamento e prevenção da depressão. Se mostrando como um recurso ansiolítico e que não apresenta riscos e nem contraindicações. Praticamente todos os indivíduos podem realizar a atividade física.

(16)

6 CONCLUSÕES

Seguindo a discussão do trabalho, depreende-se que o exercício físico no tratamento da depressão em idosos se relaciona de duas maneiras diferentes: a depressão conduz o indivíduo à uma inercia e indisposição física, promovendo a redução da prática de atividades físicas e diárias; o exercício físico é coadjuvante e atua como auxiliador da prevenção da depressão e de outros transtornos psicológicos. Dado o exposto, ainda é necessário que mais estudos sejam realizados nessa área, utilizando grupo-controle, população homogênea, outros tipos de escalas e testes mais fidedignos, monitorização dos exercícios físicos e outros tipos de ferramentas de mapeamento cerebral.

Contudo, na literatura encontrada, os benefícios do exercício físico se mostram de maneira evidente e eficaz, mostrando seus benefícios psicológicos e físicos nos idosos depressivos, promovendo a prevenção e redução dos sintomas depressivos.

REFERÊNCIAS

AGUIAR B, MORAES H, SILVEIRA H, OLIVEIRA N, DESLANDES A, LAKS J. Efeito do treinamento físico na qualidade de vida em idosos com depressão maior. Rev Bras Ativ Fís Saúde. 2014;.

ANTES, Danielle Ledur e colaboradores. Índice de aptidão funcional geral e sintomas depressivos em idosos. Revista brasileira de cineantropometria e desempenho humano, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 125-133, 2012.

COLEY, N. et al. Dementia prevention: methodological explanations for inconsistent results. Epidemiol Rev. v. 30, p. 35-66, 2008.

DE SOUZA, Daniela Barcelos; SERRA, Andrey Jorge; SUZUKI, Frank Shiguemitsu. Atividade física e nível de depressão em idosas. Revista brasileira de ciências da saúde, v. 16, n. 1, p. 3-6, 2012.

DEL PORTO, José Alberto. Conceito e diagnóstico. Revista brasileira de psiquiatria, São Paulo, v. 21, supl. 1, p. 06-11, mai., 1999.

(17)

DJERNES, J. K. Prevalence and predictors of depression in populations of elederly: a review. Acta Psychiatr Scand.; v.113, p.372-387, 2006

IRIGARAY, Tatiana Quarti; SCHNEIDER, Rodolfo Herberto. Prevalência de depressão em idosas participantes da Universidade para a Terceira Idade. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre , v. 29, n. 1, p. 19-27, Apr. 2007

LIMA, N. M. B. C. A. Auto-estima e atividade física: contributo de um programa

de atividade física na auto-estima em adultos idosos do Conselho de Coimbra.

Tese de mestrado, Porto, 2002.

LITVOC, J.; BRITO, F. C. Envelhecimento: prevenção e promoção da saúde. São Paulo: Atheneu, 2004.

MAZO, Giovana Zarpellon e colaboradores. Autoestima e depressão em idosos praticantes de exercícios físicos. Kinesis, Santa Maria, RS, v. 30, n. 1, 2012.

MINGHELLI B, TOM B, NUNES C, NEVES A, SIMÕES C. Comparação dos níveis de ansiedade e depressão entre idosos ativos e sedentários. Rev Psiq Clín. 2013

MOTTA, Luciana Branco da; CALDAS, Célia Pereira. Processo do envelhecimento. In: SALDANHA, Assuero Luiz; CALDAS, Célia Pereira. Saúde do Idoso: a arte de cuidar. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Organização Mundial da Saúde. Trad. Suzana Gontijo. Brasília:

Organização Pan-Americana da Saúde, 2006.

PEREIRA, Diôgo Fagundes. As fronteiras da depressão: um possível diálogo de Freud e Beck. Psicologia.pt, Portugal, 2016.

PETROSKI, Edio Luiz; GONÇALVES, Lúcia Hisako Takase. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Revista de saúde pública, São Paulo, v. 42, n. 2, p. 302-7, abr., 2008.

Referências

Documentos relacionados

favorecida), para um n´ umero grande de poss´ıveis lan¸ camentos, esperamos que a frequˆ encia de cada face seja parecida. • Em outras palavras, esperamos que a frequˆ encia

Então eu acho também bacana, Evelyn, de você trazer essa rede colaborativa para esse nível de escola de você trocar com seus pares, que não é aquela coisa nas portas, ficar

O sistema tem como cenários de utilização a gestão de agendamentos de atendimentos da Área de Saúde, a geração automática de relacionamento entre cliente e profissional

Os alunos que concluam com aproveitamento este curso, ficam habilitados com o 9.º ano de escolaridade e certificação profissional, podem prosseguir estudos em cursos vocacionais

Índices como os de riqueza de espécies e de diversidade tradicional, que são medidas de diversidade alfa, não são suficientes se o propósito for selecionar sítios

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos

Atualmente, a mídia tem destacado as “empresas-cidadãs”, ou seja, empresas responsáveis socialmente. Todos os anos essas empresas publicam seus Balanços Sociais com o objetivo

Promover medidas judiciais e administrativas visando responsabilizar os causadores de poluição ou degradação ambiental e aplicar as penalidades administrativas previstas em