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Relatório de Estágio Profissional "Reviver o Percurso Refletindo a Experiência"

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Academic year: 2021

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Universidade do Porto Faculdade de Desporto

REVIVER O PERCURSO REFLETINDO A EXPERIÊNCIA

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro).

Orientador:

Doutor Ramiro José Rolim Marques

Rui Miguel Novais Barbosa Torres Porto, Setembro de 2013

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Ficha de Catalogação

Torres, R. (2013). Reviver o percurso refletindo a experiência: relatório de estágio profissional. Porto: R. Torres. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, ALUNOS, PLANEAMENTO, REFLEXÃO, MODELO DE EDUCAÇÃO DESPORTIVA.

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III

Agradecimentos

Apesar de este relatório ser assinado no singular existe toda uma base que o sustentou, uma espécie de “trabalho invisível” que contribuiu para a sua elaboração, essência e fundamento. Um apoio ilimitado, sem o qual não teria sido capaz. A todos os meus sinceros e profundos agradecimentos.

Ao Doutor Ramiro Rolim, orientador da faculdade, pela disponibilidade, saber partilhado, incentivo e exigência.

Ao Mestre José Carlos Cruz, professor cooperante, pelo seu trabalho na orientação do meu estágio, o seu profissionalismo, pelo apoio incondicional, a partilha de conhecimentos e experiências, pela amizade, paciência e compreensão.

Ao Doutor Domingos Silva, pela disponibilidade e apoio incondicional ao longo de todo o processo.

À minha família, especialmente aos meus pais Mário Rui e Maria Cassilda, que em todos os momentos “disseram presente”. Os meus modelos e a minha motivação.

À minha namorada, Joana, pelo seu apoio, compreensão e incentivo. Aos meus colegas de estágio, Joana Martins e Nelson Fernandes, pela amizade, companheirismo, partilha de experiências e alegrias.

A todos os meus professores que, ao longo deste trajeto, contribuíram para a minha formação.

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V

Índice Geral

Agradecimentos III

Índice Geral V

Índice de Figuras VII

Índice de Quadros IX

Índice de Anexos XI

Resumo XIII

Abstract XV

Lista de Abreviaturas XVII

1. Introdução 1

1.1 Caraterização geral do estágio e os seus objetivos 3 1.2 Finalidade e processo de realização do relatório 4

2. Enquadramento Pessoal 9

2.1. Dados Pessoais 9

2.2. Expetativas iniciais em relação ao Estágio Profissional 10

3. Enquadramento da Prática Profissional 15

3.1 Escola como Instituição 15

3.2. Caraterização da Escola Secundária/3 de Barcelinhos 16

3.3 Enquadramento Normativo 17

4. Realização da Prática Profissional 21

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem 21

4.1.1. Conceção 22

4.1.2. Planeamento 25

4.1.3. Realização 31

4.1.4. Avaliação 42

4.2 Área 2 – Participação na Escola 45

4.3 Área 3 – Relação com a Comunidade 52

4.4 Área 4 – Desenvolvimento Profissional 57

4.5 Estudo sobre a aplicação do Modelo Educação Desportiva no

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VI 4.5.1. Resumo 60 4.5.2. Introdução 60 4.5.3. Revisão da Literatura 62 4.5.4. Objetivos 65 4.5.5.1. Material e Métodos 65

4.5.5.2. Procedimentos e Análise dos dados 68

4.5.5.3. Procedimentos Estatísticos 68

4.5.6. Resultados 68

4.5.7. Desenrolar e Desenvolvimento da Experiência 72

4.5.8. Conclusões 75

5. Conclusões Gerais 79

6. Referências Bibliográficas 83

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VII

Índice de Figuras

Figura 1 – Painel de Convidados Colóquio “Prós e Contras do Desporto de Alto Rendimento”

53

Figura 2 – Momentos da Atividade Dia “D”

Figura 3 – Caraterísticas Estruturais do MED (Siedentop, 1994)

56 62

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IX

Índice de Quadros

Quadro 1 – Instrumento de Recolha de Dados 65

Quadro 2 – Análise de Frequências 67

Quadro 3 – Análise Descritiva dos Resultados: média, desvio-padrão, valores mínimo e máximo 68 Quadro 4 – Avaliação da Normalidade das Distribuições 69

Quadro 5 – Avaliação da Homogeneidade das Variâncias 70

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XI

Índice de Anexos

Anexo 1 – Questionário aplicado no Projeto de Estudo XXXI

Anexo 2 – Estrutura da Época Desportiva XXXIII

Anexo 3 – Manual de Equipa XXXVI

Anexo 4 – Manual Capitão-Treinador XXXIX

Anexo 5 – Guia de Arbitragem XL

Anexo 6 – Boletim de Jogo XLI

Anexo 7 – Ficha Equidade XLII

Anexo 8 – Ficha Fair-play Anexo 9 – Certificado

Anexo 10 – Diploma Fair-play

Anexo 11 – Prémios Evento Culminante XLII XLIV

XLV XLVI

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XIII

Resumo

Este relatório é refente ao Estágio Profissional realizado no âmbito da conclusão do segundo Ciclo de Estudos, conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O Estágio foi cumprido na Escola Secundária/3 de Barcelinhos. Este documento assenta na descrição de todos os acontecimentos e na reflexão das vivências proporcionadas pelo estágio, durante o ano letivo, de forma a deixar o testemunho do meu percurso, como tudo se processou e desenvolveu.

O presente relatório está dividido em quatro grandes capítulos, respeitantes às quatro áreas de desempenho sobre as quais se desenvolve o Estágio Profissional: 1. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; 2. Participação na Escola; 3. Relação com a Comunidade; e 4. Desenvolvimento Profissional.

No primeiro capítulo efetuo uma breve introdução, onde clarifico a finalidade do Estágio Profissional e o modo como está estruturado o Relatório de Estágio. No segundo, abordo o meu percurso de vida até ao momento, traçando as minhas expectativas face ao Estágio Profissional. No terceiro capítulo realizo o Enquadramento da Prática Profissional, a nível institucional e normativo, e efetuo uma caraterização da escola e do perfil dos alunos. Por último, no quarto capítulo é analisada a Realização da Prática Profissional, refletindo acerca das quatro áreas de desempenho, bem como, sobre o projeto de estudo relativo à Aplicação do Modelo de Educação Desportiva no ensino da modalidade de Voleibol.

A realização deste relatório ajudou-me a perceber o quão produtivo e enriquecedor foi o ano de Estágio Profissional. Este estágio permitiu-me desenvolver ao máximo as minhas capacidades e alargar os meus conhecimentos e conceitos. Foi a realização do sonho, o sonho de ser professor.

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XV

Abstract

This report explains the professional traineeship under the second cycle which leads the Master's degree in Teaching Physical Education, Sport's Faculty, Oporto University. The professional traineeship occurred at Barcelinhos Secundary/3 School and this report highlights all the events and experiences that the internship provided me, in order to testify throughout my career and the way everything was conducted and developed.

This report is divided into four chapters, relating to four areas of performance under which the professional traineeship is developed: 1. Organization and management of teaching and learning, 2. Participation in Secundary/3 School. 3. Relationship with the Community, and 4. Professional Development.

The first chapter makes a brief introduction in order to clarify the purpose of professional traineeship and how is structured the internship report. The second chapter approaches my life journey, tracing my expectations about the professional traineeship. The third chapter deals with the framework of professional practice at an institutional and normative school. It also characterizes the school’s environnement and the students’ profile. Finally, the fourth chapter carefully analyzes the achievement of Professional Practice, reflecting on the four areas of performance, as well as project study on the application of Sportive Education Model for the teaching of Volleyball.

With the fulfillment of this process, this year was extremely productive and rewarding. This allowed me to enhance abilities and develop new knowledge and concepts. It was the fulfillment of the final stage to my dream, the dream of being a teacher.

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XVII

Lista de Abreviaturas

Educação Física (EF) Estágio Profissional (EP)

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) Núcleo de Estágio (NE)

Professor Cooperante (PC) Relatório de Estágio (RE) Unidade Temática (UT)

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INTRODUÇÃO

1

1. Introdução

O Estágio Profissional (EP) marca todo um processo formativo, cujo objetivo passa pela integração do estudante estagiário no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada. No entanto, o culminar desse processo será traduzido pela elaboração de um Relatório de Estágio (RE) que retratará todas as vivências e experiências obtidas nesse contexto.

O RE assume-se como o processo conclusivo do 2º ano do mestrado em Ensino da Educação Física (EF) nos ensinos Básico e Secundários da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

O estágio decorreu na Escola Secundária/3 de Barcelinhos, em Barcelos, num núcleo de estágio constituído por três elementos, ficando a sua orientação e acompanhamento a cargo de dois professores durante todo o ano letivo. Assinalou o final de um ciclo, sendo um espaço de aplicação de toda uma bagagem de conhecimentos e experiências adquiridas ao longo da formação académica. Foi o materializar de todos os saberes teóricos absorvidos e uma profunda análise dos resultados da sua aplicação. A teoria e a prática mantiveram sempre uma estreita relação, quer na confirmação de processos, quer na descoberta das suas lacunas. Foi esta relação que me possibilitou regular e modelar a minha atuação pelos prismas do sucesso.

O presente RE expõe, assim, uma prática reflexiva, através de um processo de autoanálise, de todo o processo formativo e do trajeto ao longo de este ano letivo enquanto professor de Educação Física. Trata-se de uma construção que reúne todo um conjunto de conhecimentos estruturados e valores, pelos quais a minha prática profissional foi regulada.

Ao longo destes anos, neste extenso percurso, mantive sempre um espírito interessado e empreendedor, procurando retirar o máximo de conhecimentos a todos os níveis. Foi um “eu professor” que se foi formando guiado pelos padrões de excelência que a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto incute desde logo aos seus estudantes. No entanto, o ano de estágio assume-se indubitavelmente como aquele mais especial, mais marcante, e mais rico da

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INTRODUÇÃO

2

minha formação. O viver a realidade de ser professor de EF, estar no contexto de ensino e realizar todas as tarefas que lhe estão inerentes, foi ver um sonho e um objetivo cumprido, foi uma sensação de orgulho pelo alcançar dos objetivos propostos. Não poderia deixar de mencionar que neste sonho também participaram o meu orientador, o professor cooperante e os meus colegas de estágio, que foram pedras basilares em todo o processo, através dos seus ensinamentos e pelo seu apoio incondicional.

Cumprido o estágio, fiquei verdadeiramente ciente da riqueza da profissão docente. A missão de um professor não é exclusivamente ensinar, um professor é um amigo, é um companheiro, é um familiar. O professor além de transmitir conhecimento está ele próprio num processo de constante aprendizagem. Presentemente sinto-me mais professor, mais capaz e um melhor profissional.

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INTRODUÇÃO

3

1.1. Caraterização geral do Estágio e os seus objetivos

“O EP visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão. Estas competências profissionais, associadas a um ensino da Educação Física e Desporto de qualidade, organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; II. Participação na Escola;

III. Relação com a comunidade; IV. Desenvolvimento profissional.” 1

O EP desenrola-se durante o segundo ano do 2º ciclo de estudos. A sua realização respeita a duração do ano letivo na escola onde o mesmo é cumprido. Paralelamente, é mantida uma formação contínua na faculdade que visa um acompanhamento das atividades desenvolvidas na escola, munir os estudantes estagiários de melhores “ferramentas”, aprimorar o ato de ensinar e, consequentemente, otimizar o processo de ensino-aprendizagem.

Podemos encará-lo como o momento que encerra todo um processo formativo, marca a transição para a vida profissional, funcionando como um mediador, como um ritual de “passagem”. Funciona como complemento à nossa formação, é um trabalho em contexto real, assente na aprendizagem com professores mais experientes. Reúne uma vasta experimentação de processos e metodologias para a sua consolidação e consequente amadurecimento. Resulta da confrontação com a realidade, da aplicação de saberes, e de uma partilha de opiniões em convergência com uma prática reflexiva. A reflexão sobre a prática assume papel fulcral em todo este processo, sendo o meio através do qual os estudantes estagiários se tornam conscientes das suas potencialidades, das suas dificuldades e das suas

1

In Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP.

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INTRODUÇÃO

4

responsabilidades e, assim, desenvolvem estratégias para ultrapassarem as dificuldades.

Um professor reflexivo, que analisa, questiona, e reflete sobre as suas práticas é seguramente mais competente e um melhor profissional. Importa aqui reforçar que o conhecimento não é estanque, o bom profissional não se deve acomodar, estagnar no tempo, nem se limitar à sua formação inicial, impera uma “atualização” de saberes permanente, sempre na busca de um processo ensino-aprendizagem mais eficaz.

1.2. Finalidade e processo de realização do relatório

Este trabalho pretende descrever minuciosamente todo um conjunto de atividades desenvolvidas durante o EP, respeitando uma lógica reflexiva acerca de todo o processo. Surge no sentido de enriquecer e otimizar as minhas ações e métodos, impulsionando-me a tornar num profissional competente e inovador nas minhas práticas. Neste sentido, esta “construção”, vem dar significado a todas as vivências experienciadas ao longo do meu percurso que permitiram múltiplos crescimentos nos vários domínios da ação docente, como também nos processos de reflexão e investigação. Fica a minha história contada, esperando que num futuro próximo ou até mais distante possa ajudar todos aqueles que venham à procura de um testemunho que relate a vida de um estagiário de EF.

É descrito o modo como foi perspetivado e encarado o meu estágio, as estratégias e os modelos de ensino-aprendizagem que utilizei, bem como os meus principais sucessos, receios e inquietações. Espero que possa influenciar positivamente todos os interessados e permita facultar linhas orientadoras para regularem a sua atuação profissional e os seus trabalhos.

O presente relatório encontra-se estruturado em cinco pontos. O primeiro ponto diz respeito à contextualização do estágio. É efetuada uma caraterização geral, focando a finalidade e os principais objetivos. O segundo ponto é mais pessoal, é onde me apresento e me dou a conhecer. Refere-se ao

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INTRODUÇÃO

5

enquadramento biográfico, onde é feita a minha caraterização e é descrito parte do meu percurso de vida. Seguidamente, são apresentadas as minhas expectativas face ao EP. No terceiro ponto, é efetuado um enquadramento da prática profissional. Inicialmente, é realizada uma caraterização institucional do estágio e posteriormente uma caraterização funcional, com a descrição da escola e do meio onde está inserida. O ponto quatro reporta-se à prática profissional, tratando da reflexão do processo educativo. Faz referência a tudo o que foi realizado e desenvolvido durante o ano letivo. Também é efetuada uma análise cuidada sobre prática pedagógica, a nível do planeamento (anual, unidade temática e aulas), da sua realização e avaliação. Contempla ainda o estudo de investigação-ação realizado com a turma. Por último, no quinto ponto, é elaborada uma conclusão, onde faço uma análise retrospetiva de todo o ano letivo e são tocadas as minhas perspetivas para o futuro.

(24)
(25)

2.

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ENQUADRAMENTO PESSOAL

9

2. Enquadramento Pessoal

2.1. Dados Pessoais

De uma forma breve e sucinta, apresentar-me-ia assim: Sou o Rui, tenho 23 anos, sou natural de Vila Nova de Famalicão, pratico futebol e estou no 2º Ano do 2º Ciclo do Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Todavia, esta identificação é muito superficial, é necessário voltar a tocar no meu passado e assim conhecer e entender o meu percurso.

O meu nome é Rui Miguel Novais Barbosa Torres. Nasci a 16 de Dezembro de 1989, em Vila Nova de Famalicão. Presentemente habito com os meus pais e a minha avó em Viatodos, freguesia pertencente ao maior concelho do país, Barcelos. Tudo que sou hoje devo-o à minha família, pelos valores que me incutiram desde criança, e pelos sábios conselhos na escolha das direções e na orientação do rumo que a minha vida seguiu. É com orgulho que afirmo que são o meu “Suporte”.

Passando ao meu percurso escolar, sempre fui um aluno dedicado e trabalhador, como demostraram os meus resultados. Por vocação, na passagem para o ensino secundário enveredei pela área do desporto, mais precisamente no Curso Tecnológico de Desporto, em paralelo, mantive o meu outro sonho, o futebol.

A minha formação desportiva regista passagens por dois clubes, o Gil Vicente Futebol Clube e o Varzim Sport Clube, sempre no papel de lateral esquerdo. Vivenciei o futebol nos vários escalões de formação, e além das inesquecíveis experiências e momentos que vivi, ficaram os muitos amigos que fiz ao longo destes anos. Cresci, aprendi e ainda hoje preservo os bons valores que este desporto me facultou, os quais ajudaram a moldar a minha forma de encarar a vida e olhar os outros. Integrei também, as várias equipas de futsal das escolas por onde passei.

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ENQUADRAMENTO PESSOAL

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Terminado o ensino secundário, ainda com muitas dúvidas sobre o meu futuro surgiu uma oportunidade única no futebol e decidi fazer uma pausa de um ano. O Varzim Sport Clube abriu-me as portas do sonho, assinei um contrato de formação, passando a treinar regularmente com a equipa profissional do clube. Este foi, sem dúvida, um ano cheio de desafios e conquistas, durante o qual aprendi e cresci bastante, não só como atleta mas, mais importante ainda, como pessoa.

Contudo, passado um ano “acordei” do sonho e decidi investir na minha formação e no meu futuro. Por incentivo familiar e dos amigos, segui a “minha área” no ensino superior, com o objetivo de um dia, me tornar professor de Educação Física. Com isto, cheguei a uma das mais conceituadas Faculdades de Desporto do país, a Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

A minha vida académica foi vivida de forma muito intensa, com viagens diárias entre Barcelos e o Porto, para além do futebol, quer como jogador quer como treinador. Só com muita disciplina, organização, responsabilidade e com grande força de vontade consegui seguir o caminho, ultrapassando os obstáculos e, acima de tudo, tornando os meus pais orgulhosos. Afinal de contas todo o esforço financeiro a que se sujeitaram estava a ser recompensado. Finalizado o 1º ciclo, iniciei o 2º que agora se aproxima do fim. Até então, foram quatro anos riquíssimos de aprendizagem, novos saberes e conhecimentos, novas pessoas e muitas amizades. Vivências que perdurarão para sempre.

Para terminar é importante percorrer alguns traços da minha personalidade, sou uma pessoa humilde, amiga, persistente, interessada, lutadora, sociável, divertida e bem-disposta.

2.2. Expetativas iniciais em relação ao Estágio Profissional

As minhas expetativas face ao EP sempre foram muito elevadas, era o momento mais aguardado desta longa “caminhada”. É o culminar de quatro

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ENQUADRAMENTO PESSOAL

11

anos de formação visando a aplicação e consolidação de aprendizagens e o amadurecimento de ideias e processos.

Desde logo, desfeita a dúvida e a incerteza das colocações, as minhas expectativas começaram a ser correspondidas no momento em que vi confirmado o meu estágio na Escola Secundária/3 de Barcelinhos. Foi uma primeira “vitória” que me deixou extremamente motivado, pois, já possuía algum conhecimento e algumas vivências da realidade da escola e do contexto social envolvente. A segunda “vitória” prende-se com o facto de ter formado núcleo de estágio com duas pessoas que já conhecia e me relacionava.

Os meus objetivos para esse ano eram aplicar todas as aprendizagens e ensinamentos adquiridos, potenciar as minhas capacidades e competências e suprir as minhas principais lacunas, com todo o suporte e orientação que me foram prestados. Foi meu objetivo e “missão”, desenvolver todo o planeamento referente à turma. Desde as unidades temáticas até à aplicação dos planos de aula, desde a interação com os alunos, à parceria com o núcleo de estágio na dinamização de um conjunto de atividades para projeção da Escola, à partilha de experiências e ideias com outros professores

Relativamente às aulas, senti aquele nervosismo e ansiedade caraterísticas da primeira vez, embora confiante e convicto do trabalho que tinha de realizar. Procurei manter a turma motivada durante as aulas e incutir nos alunos os objetivos da EF. Tentei também, manter uma relação de total abertura com os alunos, embora com um “distanciamento” recomendável a fim de garantir o respeito e a disciplina, elementos fulcrais para o sucesso de todo o processo ensino-aprendizagem.

Quanto ao meu grupo de estágio, o facto de nos conhecermos previamente foi muito positivo, possibilitou uma total abertura e diálogo desde o primeiro dia, o que facilitou a atuação de todos. Adotada uma postura de amizade, união e sinceridade conseguimos todos realizar um ótimo trabalho.

Em relação ao professor cooperante, estava ansioso por o conhecer, queria conhecer a pessoa, a forma de ensino. Todo este nervosismo passou quando ele me contatou, ainda antes de receber a confirmação da escola onde

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ENQUADRAMENTO PESSOAL

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iria estagiar, esta atitude revelou todo o seu profissionalismo. Revelou-se desde logo uma pessoa muito recetiva e disponível o que me permitiu encarar o EP com grande otimismo, sustentado por uma relação de respeito, confiança e amizade recíproca. Foi estabelecido um bom entendimento entre as partes, com um espírito de compreensão, abertura e simultaneamente crítico, baseado na reflexão sobre os aspetos negativos e positivos da minha atuação que me permitiram melhorar. Além disso, assumiu-se como o nosso “ombro amigo” e naqueles momentos mais delicados disse sempre “presente”. Toda a sua experiência profissional foi um instrumento fundamental para moldar a minha identidade e postura como professor.

Por sua vez, o orientador da faculdade, o professor Ramiro Rolim primou pelo lema que sempre nos incutiu ao longo destes anos, “máxima liberdade, máxima responsabilidade”. Rigoroso, exigente, e fiel aos princípios da nossa “casa” de formação: perfecionismo e excelência, assumiu-se como um outro pilar, prestando um apoio incondicional nesta caminhada.

Em relação aos professores do Subdepartamento de Educação Física, mantive sempre uma boa relação com todos. Mostrei total disponibilidade de colaboração, dentro das minhas possibilidades, zelando sempre pelo bom funcionamento do Subdepartamento. Todos os professores mostraram total abertura para troca de ideias e análise de estratégias de ensino.

Este estágio permitiu a aplicação prática de toda a teoria e conhecimentos adquiridos, assinalou um momento de passagem, o aluno tornou-se professor. Como professor foi meu objetivo honrar os meus direitos e cumprir com os meus deveres. Sinto que atingi os meus objetivos, que estive à altura dos desafios e consegui dar uma resposta cabal daquilo que sou! Sou Professor de Educação Física!

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3.

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ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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3. Enquadramento da Prática Profissional

3.1. Escola como Instituição

De acordo com Moreira e Candau (2003), escola e cultura são indissociáveis, são dois universos entrelaçados – a escola é uma instituição cultural. A escola é uma instituição construída historicamente no contexto da modernidade, considerada como mediação privilegiada para desenvolver uma função social fundamental: transmitir cultura, oferecer às novas gerações o que de mais significativo culturalmente produziu a humanidade. Deste modo, a escola e os seus atores, assumem papel principal na formação dos seus alunos, dados os anos e o tempo que crianças e jovens passam neste universo.

“A escola é uma instituição onde se concretiza o direito à educação, que se exprime pela garantia de uma permanente ação formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade.” (in blog prof2000)

Segundo Freitas (2009), compete à escola, do mesmo modo, “formar cidadãos críticos, reflexivos, autónomos, conscientes dos seus direitos e deveres, capazes de compreender a realidade em que vivem, preparados para participar da vida económica, social e política do país e aptos a contribuir para a construção de uma sociedade mais justa. A função básica da escola é garantir a aprendizagem de conhecimentos, habilidades e valores necessários à socialização do indivíduo.”. Além da transmissão de conhecimentos e saberes, a escola detém uma responsabilidade social, no sentido de transmitir aos seus alunos, regras, valores e ideais para a vida em sociedade.

"A educação promove o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando cidadãos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem na sua transformação progressiva." (Lei de Bases do Sistema Educativo, Cap. 1º, artº 2º, ponto 5).

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ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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3.2. Caraterização da Escola Secundária/3 de Barcelinhos

A realização do meu estágio decorreu na Escola Secundária/3 de Barcelinhos, localizada no lugar de S. Brás, da freguesia de Barcelinhos, na margem esquerda do Rio Cávado, paredes-meias com a cidade de Barcelos. É uma escola com história, a funcionar desde 1 de Outubro de 1986. Apesar da sua longa existência, a escola reúne um conjunto de instalações e serviços que proporcionam ótimas condições aos alunos, favorecendo um ambiente escolar saudável e propicio à aprendizagem.

A nível de instalações desportivas, a Escola Secundária/3 de Barcelinhos, dispõe de um pavilhão desportivo que, para além de ser o espaço de lecionação da EF e do desporto escolar, é utilizado fora do horário letivo, pela comunidade e por coletividades da região. Adjacente a este, existe um complexo polidesportivo exterior composto por um campo de basquetebol, um campo de voleibol, uma pista de atletismo e uma caixa de areia. A escola tem ainda um protocolo com as piscinas municipais, facto que permite a lecionação da natação.

Em relação aos alunos, são na sua maioria oriundos das freguesias da área concelhia situada na margem esquerda do Cávado, caraterizada por uma forte tradição rural, embora atenuada com o passar dos tempos. Esta caraterística reflete notoriamente o modo de ser e de estar da maioria da população escolar, baseado no espírito de cooperação e entreajuda, resultante das tradicionais relações de vizinhança e vida em comunidade. Aliado a isto constata-se nos alunos, uma maior capacidade de aceitação das coisas, ou de procurar transformá-las de forma gradual e consolidada, sem grandes riscos ou ruturas.

Nesta interação com a escola e toda a comunidade escolar, senti-me muito bem acolhido, em especial pelo PC, pelo grupo de EF e também pelo pessoal não docente, com o qual estabeleci maior ligação e contacto. Em relação à turma lecionada, foi possível manter uma relação muito próxima e de grande abertura com todos, imperou um clima de respeito mútuo, confiança e de grande amizade.

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ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

17 3.3. Enquadramento Normativo

O EP insere-se no 2º ciclo de estudos do Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário. Em termos institucionais tem a duração de dois semestres, período correspondente a um ano letivo. A sua orientação fica a cargo de um professor orientador da faculdade e de um professor cooperante. Este último é o professor titular da turma com a qual é realizado o estágio. Pelo que vivenciei, ao longo deste ano, são dois apoios fundamentais. No entanto, o professor cooperante, pela convivência diária e por uma maior proximidade, revela um ascendente face ao orientador, funcionando como uma “sombra” que medeia e regula a nossa intervenção ao longo de todo o processo, ajudando-nos e explicando-nos as metodologias mais eficazes para desenvolvermos a nossa atividade.

A este conjunto de intervenientes ainda se juntam os colegas estagiários, que completam assim o núcleo de estágio. Todos em sintonia formamos uma comunidade de prática envolta num clima de aprendizagem, partilha e descoberta, que propicia uma evolução mais sustentada, contribuindo direta e indiretamente para um objetivo comum. No fundo, a nossa atuação acaba por sofrer influências de cada um dos elementos do núcleo, pois, na busca das melhores estratégias, todos sugerem e fornecem linhas orientadoras, pelo que, o sucesso individual representa o sucesso de todos.

Em termos funcionais, o estágio proporciona ao estagiário a vivência integral da profissão docente, respeitando direitos e deveres e cumprindo todos os papéis e procedimentos que a função acarreta. O papel do estagiário não se limita à lecionação das aulas, assume uma responsabilização pela turma em todos os assuntos que lhe estão inerentes. Além destas tarefas, no caso particular da EF, temos ainda a participação no desporto escolar (futsal), a organização e dinamização de atividades extracurriculares e a participação nas reuniões que tratam dos procedimentos da instituição escolar.

Todo este conjunto de funções e tarefas fazem transparecer a riqueza do EP e a mais-valia que este representa para os estagiários. Fornece uma

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ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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grandiosa multiplicidade de experiências que os aproximam da realidade da profissão e do que representa realmente “ser professor”.

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REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

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4. Realização da Prática Profissional

O EP revelou-se um desafio muito aliciante e de igual modo muito enriquecedor neste meu percurso. Permitiu-me moldar a forma de entender a escola, o ensino e os alunos, enquanto partes constituintes de todo o processo educativo. Para dar resposta a toda esta complexidade, o profissionalismo e a dedicação do professor são imperiais, assumindo-se estes como municiadores e condutores de todo o processo.

Cumprindo o objetivo de reviver o meu percurso, durante o EP, vou percorrer cada uma das áreas de desempenho do EP, para que com um espírito crítico e reflexivo, possa efetuar uma análise à forma como o trabalho foi processado. Perante os objetivos definidos irei analisar as estratégias adotadas, os recursos utilizados, a minha atividade e a forma como conduzi todo o processo avaliativo. Deste processo de autoanálise resultou uma reflexão sobre as diretrizes do estágio e sobre a forma como efetuei o controlo sobre o trabalho desenvolvido ao longo do ano letivo. Vou apresentar, também, reflexões relativas às aulas lecionadas de forma a tornar mais objetiva a minha análise e a elucidar melhor o leitor deste trabalho.

Importa referir, que a apresentação da reflexão sobre as diferentes áreas de desempenho do estágio será exposta separadamente, para uma melhor compreensão e entendimento, não esquecendo o facto de estas estarem articuladas e funcionarem como um todo e em plena sintonia.

4.1. Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

Esta área de desempenho contempla quatro etapas que se interligam: a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação. Toda a bagagem que transportamos da nossa formação, vivências e experiências são colocadas ao serviço destes procedimentos, respeitando a realidade factual e contextual do meio onde serão desenvolvidos e aplicados.

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22 4.1.1. Conceção

Podemos entender a conceção como a primeira tarefa/função do professor, onde esta assenta e pela qual é regulada. O docente vai regular a sua atuação partindo de pressupostos definidos nesta fase, como o reconhecimento dos programas curriculares, a análise contextual do meio envolvente da escola, e a definição do perfil geral dos alunos que frequentam a mesma. Mediante estas circunstâncias, define-se um conjunto de estratégias de intervenção, orientadas por objetivos pedagógicos, que respeitem os conteúdos programáticos e que visem a eficácia pedagógica no processo de educação e formação dos alunos nas aulas de EF.

Voltando à minha jornada pessoal, ainda a desfrutar do período de férias, um sentimento de ansiedade apoderou-se de mim, eram inúmeras as questões sem resposta, e eram elevadas as expetativas. Ansiava por saber qual a escola onde iria cumprir o estágio, qual a forma de trabalhar do professor cooperante, como seria o primeiro contacto com a turma, como seriam as aulas, um infindável leque de situações que poderia vir a experienciar. Conhecida a escola em que iria realizar o estágio, estabelecido o primeiro contacto com o professor cooperante e com o núcleo de estágio, antes da informação institucional ser oficializada, a ansiedade passou e fui apoderado por uma sensação de segurança e confiança em relação ao EP. Este sentimento de segurança e confiança tinha como alicerce a formação teórico-prática obtida ao longo dos últimos quatro anos, especialmente o trabalho desenvolvido no ano transato, que me permitiu aprofundar o conhecimento acerca do estado e do funcionamento do ensino, o que se revelou extremamente proveitoso e enriquecedor. Tenho de referir também a experiência de treino e relação profissional com outros atletas que me permitiu desenvolver ferramentas a nível da comunicação e na relação interpessoal.

Ainda na fase de conceção, a realização do Projeto de Formação Individual, permitiu-me perspetivar como se iriam desenrolar todas as atividades a desenvolver durante o estágio, perceber os objetivos a atingir, identificar

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possíveis dificuldades e traçar planos para colmatar as falhas. A realização do Projeto de Formação Individual levou-me a fazer uma autoanálise do “eu professor” identificando lacunas e dificuldades. Identificadas as dificuldades percebi que com muito trabalho e com a ajuda do professor cooperante, do professor orientador e dos meus colegas de estágio, as minhas falhas iriam ser superadas, e eu seria assim um melhor profissional. Este projeto acabou por ser o documento orientador de todo o estágio.

Como já foi dito, o professor cooperante contactou-me e a todos os colegas de estágio ainda antes de sermos informados pela faculdade, e fez questão de marcar uma reunião antes do início ano letivo. Nesta reunião, após as apresentações e outros formalismos, o professor voluntariou-se para ser nosso guia numa visita pela escola, de forma a conhecermos os “cantos à casa”. No caso particular do nosso núcleo, dois dos elementos já tinham sido alunos nesta escola enquanto eu, pela proximidade geográfica, conhecia também a instituição escolar. Dado isto, a função do professor cooperante e a nossa missão ficou um pouco facilitada, uma vez que, já conhecíamos minimamente as regras de funcionamento da escola, assim como o seu contexto envolvente. Numa outra reunião foi efetuada a análise minuciosa das normas de funcionamento institucionais e foi-nos facultada informação sobre os pontos mais relevantes do regulamento interno da escola. Nesse mesmo dia, fomos apresentados à comunidade escolar, e ficamos a conhecer as turmas com as quais iríamos trabalhar. A seleção das turmas foi aleatória. Selecionadas as turmas decidimos pôr as mãos no trabalho procurando reunir o máximo de informações relativas à turma, para conhecermos as suas caraterísticas a nível social e psicomotor. No meu caso particular, beneficiei do facto do professor cooperante ser o diretor da turma que me foi designada, facto que me permitiu ter acesso a um conjunto de informações mais específicas e pormenorizadas acerca dos meus alunos, nomeadamente em termos comportamentais, a nível do caráter, bem como, do domínio cognitivo e sócio-afetivo. Da conversa mantida com o professor pude depreender que eram alunos muito sociáveis, respeitadores, com bons hábitos e com bons níveis de aptidão física. A informação relativa aos meus alunos ficou completa aquando do

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preenchimento das fichas individuais. Com os dados obtidos a partir destas fichas pude complementar a informação já reunida sobre os meus alunos, em particular, com informação referente a problemas de saúde, aspeto fundamental a considerar na nossa intervenção. Importa referir que esta ficha individual foi concebida pelo núcleo, onde foram combinadas e formuladas um conjunto de questões no sentido de recolher um conjunto de dados relevantes para nos auxiliarem na nossa atuação. Dadas as limitações que um problema de saúde pode ter na prática de exercício físico, fomos muito minuciosos na recolha de informação médica. Preenchidas as fichas individuais constatei que tinha dois alunos asmáticos e outros dois com alergias. Constatado esse facto, perguntei sobre a autorização médica para a prática das aulas de EF, sendo que os quatro alunos estavam devidamente autorizados pelo médico a realizar as aulas de EF com alguns cuidados que me foram transmitidos. Os restantes alunos eram saudáveis não apresentando quaisquer limitação à prática das aulas de EF.

Indubitavelmente o reunir destas informações foi extremamente pertinente, servindo como suporte para todo o planeamento e adequação do processo de ensino-aprendizagem à realidade e às limitações encontradas.

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25 4.1.2. Planeamento

O programa de EF aplicado na escola resulta da análise aos programas nacionais por parte de todos os professores do subdepartamento, que após análise e algumas adaptações definiram a Planificação Anual de EF. Neste planeamento constam todas as modalidades a abordar durante o ano letivo, em cada um dos períodos, para cada ano de escolaridade. São também definidas o número aulas previstas. Contudo, o número de aulas e a ordem de lecionação das Unidades Temáticas (UT) ficam ao critério dos professores, tendo em consideração as condições climatéricas, a disponibilidade dos espaços físicos e do material necessário para a realização das aulas. O professor cooperante facultou desde logo o programa de EF para o ensino secundário definido pelo subdepartamento, elemento de extrema importância para o delineamento do planeamento anual da minha turma - 12ºC. No caso particular do 12º ano de escolaridade e da escola, são os alunos que moldam o programa às suas preferências no que se refere aos desportos coletivos. Como modalidades obrigatórias são impostas o atletismo e a dança, ficando ao critério dos alunos a opção sobre duas modalidades coletivas e uma outra individual definida no programa. Como modalidades coletivas, os alunos, optaram pelo futsal e pelo voleibol, a nível individual escolheram a natação. Outra particularidade é que este conjunto de modalidades foram lecionadas durante todo ano letivo à exceção de dança. Pessoalmente concordei com estas escolhas e achei pertinentes os moldes em que se desenvolveram esta planificação, possibilitando uma abordagem mais consistente das modalidades e permitindo seguir uma lógica mais estruturada e sequencial dos conteúdos programáticos. O plano definido permitiu aos alunos terem um período mais prolongado para assimilarem e consolidarem as aprendizagens, o que lhes permitiu atingir níveis mais elevados de desempenho. Pude comprovar esta premissa através dos resultados em crescendo dos alunos, de período para período, ao longo do ano letivo. Contudo, admito os riscos que a mesma pode incorrer, sobretudo gerar um clima de monotonia e desmotivação nos alunos. De modo a evitar a monotonia é imprescindível planear e promover, para os

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alunos, aprendizagens desafiantes e motivadoras, as quais requerem um trabalho de casa profundo e minucioso. Para tal, em muito contribuiu a adoção da minha parte do Modelo de Educação Desportiva (MED) para conferir às aulas esse caráter tão essencial.

Todavia, ao longo dos três períodos surgiram alguns imprevistos que vieram condicionar o cumprimento integral das UT, nomeadamente, com a “subtração” de aulas para a realização de testes intermédios, visitas de estudo, palestras e atividades da escola. Aliado a isso, havia as requisições nas piscinas municipais para as aulas de natação, que tinham de ser cumpridas e respeitadas, uma vez que todas as datas foram definidas no início ano letivo. Durante o segundo período, estavam planificadas duas aulas de dança que acabaram por não se realizar, devido ao facto de uma delas coincidir com a realização do teste intermédio de português e a outra com a participação numa palestra referente à temática “Tráfico de Seres Humanos”. Houve a tentativa de compensar estas perdas, mas pelos motivos acima já referidos, pela estruturação das outras UT e pela articulação dos espaços e do material com os outros professores não foi possível. Outras situações semelhantes verificaram-se com as outras UT, mas pela sua extensão tornou-se mais fácil efetuar esses reajustes.

Estando ciente que estas situações inesperadas podem surgir, devemos tentar sempre precaver, para ganhar “tempo e espaço” para resolvê-las da forma mais oportuna. Apesar destas situações específicas ultrapassarem as minhas competências, gostaria de ter dado outra solução ao caso. Contudo, analisada a situação com o Professor José Cruz, primeiramente, e de seguida, debatida em conjunto com a turma, optamos não repor as aulas pois iriam comprometer as restantes planificações e alterar as sequências metodológicas das restantes UT.

A planificação anual da turma acabou por seguida com sucesso, embora em casos pontuais sofresse algumas alterações faces aos imprevistos que foram acima relatados. Sempre que fui obrigado a fazer reajustes os mesmos foram devidamente justificados.

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Por seu turno, a construção das Unidades Temáticas foi baseada nos níveis de desempenho demonstrados pelos alunos na avaliação diagnóstica de cada modalidade. Mediante o que foi demonstrado e após uma cuidada análise, é que foram definidos e estruturados os conteúdos a lecionar bem como os objetivos pretendidos para o final de cada UT. Bento (2003), defende que as mesmas devem apresentar aos professores e alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem. É oportuno referir que esta tarefa contou sempre com a importante ajuda do PC e dos meus colegas. Aquando do planeamento anual, procuramos desde logo uma equidade entre o número de aulas para cada modalidade, quer a nível das individuais quer a nível das coletivas. Na planificação das UT isso foi respeitado de forma a possibilitar aos alunos uma igualdade de oportunidades. Outro aspeto que tive em consideração foi a alternância das UT ao longo das semanas durante o ano letivo. Procurei de semana a semana alternar as modalidades de forma a manter os níveis de motivação dos alunos sempre elevados. Esta programação tornava as aulas menos saturantes e gerava nos alunos grande entusiasmo e expetativa face às modalidades.

Todo este planeamento foi seguido, respeitando o roulement, a rotatividade pelos espaços. Desde o início do ano letivo ficou instituído, que todas as quartas-feiras de quinze em quinze dias, teríamos aulas de natação e que nos restantes dias, mediante o espaço disponível, alternaríamos as restantes UT. O objetivo de cumprir essa programação foi atingido sem problemas, alternando os espaços com os outros professores sempre que necessário. Isto só foi possível dada a grande flexibilidade existente entre todos os professores, em função das necessidades de cada um.

Relativamente à lecionação das modalidades, em todas seguimos a metodologia da base para o topo. Em todas elas foram utilizados “traços” do MED sendo que no segundo e terceiro períodos nas modalidades de voleibol e futsal o mesmo foi adotado na sua essência.

Em determinados momentos, estas unidades sofreram algumas alterações, ora pelos impeditivos já referidos anteriormente, ora por se

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mostrarem desajustadas face à resposta dos alunos, conforme podemos observar no exemplo a seguir:

“…os princípios de jogo de cobertura defensiva e ofensiva foram alvo de avaliação sumativa, no entanto, a sua percentagem de contribuição para a nota final foi muito reduzida. Perante isto iremos continuar a trabalhar os mesmos no 2º período para que estes sejam assimilados de uma forma mais consistente e sejam aprimorados gradualmente. Contudo, no próximo momento de avaliação a sua percentagem de contribuição para a nota final logicamente será maior.”

(Justificação UT de Futsal)

Na construção das UT admito a minha dificuldade sobretudo a nível da seleção dos conteúdos, pois pairava sempre a dúvida se estaria a ser demasiado otimista face às capacidades dos alunos ou por contrário pessimista. No entanto, com o auxílio do PC e também dos meus colegas chegamos à conclusão que esta dúvida iria sempre permanecer, mas como estes planeamentos são meramente orientadores e guias de aprendizagem estão sempre passíveis a alterações e reajustes face a imprevistos e às respostas dos alunos. A realização deste planeamento revelou-se extremamente enriquecedora, sobretudo a nível da minha capacidade de observação, análise e interpretação e consequentemente de decisão sobre o que era mais pertinente e oportuno para a minha turma em geral e para os alunos em particular.

Chegamos ao último nível do planeamento, os Planos de Aula. Estes assumiram-se como a maior preocupação desde a primeira até à última aula do ano letivo, não só pela sua elaboração mas também pela estruturação e sequenciação do que ia ser realizado. De acordo com Bento (2003), a aula não é apenas a unidade organizativa essencial, mas sobretudo, a unidade pedagógica do processo de ensino. O ser minucioso, o refletir do plano de aula, dos exercícios, da sequência e progressão das situações de aprendizagem foi uma constante em cada aula planeada, ser criativo, planear aulas motivantes e atrativas foi o meu princípio. Tudo isto imperou uma pesquisa, uma análise e uma reflexão permanente para permitir aos alunos aprendizagens mais efetivas. O meu modo cuidadoso e perfecionista de realizar as coisas,

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me a pensar e a ponderar cada situação de aprendizagem, a sua sequência e progressão lógica e a prevenir a possível falha ou erro com um plano alternativo. Neste âmbito, foi muito importante considerar as reflexões das aulas anteriores na construção do plano de aula seguinte, de forma a identificar os erros e prevenir a sua repetição, como por exemplo:

“Como também me foi sugerido pelo professor Rolim, para os alunos com mais dificuldades em vez da referida situação, organizei uma situação de passe e condução pois para os referidos alunos é muito mais proveitoso para a sua evolução.” (Reflexão Aula 29)

“Por sua vez, na situação de jogo, optei por reduzir a complexidade face às aulas anteriores, pretendi reduzir o número de jogadores, “alargar” o espaço de jogo para que todos interviessem mais vezes sobre a bola, o que foi conseguido com sucesso. A situação de aprendizagem revelou-se muito ajustada acabando por funcionar muito bem. Por outro lado, variei a forma de jogo que venho utilizando e os alunos deram uma boa resposta.” (Reflexão Aula 30)

No planeamento das aulas vários fatores têm de ser levados em conta, nomeadamente, os conteúdos programáticos, a adaptabilidade das situações de aprendizagem aos níveis de desempenho dos alunos (para promover o seu desenvolvimento), os espaços e o material disponível, bem como as condições climatéricas que se fazem sentir. Não menos importante, surge o processo reflexivo inerente a esta construção. A reflexão sobre a prática assume papel fulcral em todo este processo, é através deste meio que vamos identificando as nossas lacunas e delineamos estratégias para as suprir, o mesmo permite-nos um desenvolvimento profissional sustentado. As confrontações de várias índoles a que os professores estão sujeitos requerem um reunir de ferramentas consistente para lhes fazer frente, sendo a reflexão o veículo para fazer essa análise e estruturar as melhores respostas. De acordo com Cunha (2008), esta diversidade e complexidade exigem do professor um conhecimento científico e técnico, profundo e rigoroso, além da sua capacidade de questionamento, de análise, de reflexão e de resolução de problemas, impondo-se,

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necessariamente, um novo conceito de professor – o professor reflexivo. Assevera também, que cada professor deverá ter a capacidade de desenvolver o seu próprio quadro interpretativo sobre o ato educativo, resultante de uma reflexão sistemática e fundamentada acerca do significado das experiências da prática e das técnicas educativas baseadas na investigação.

Ao longo deste ano de estágio a minha atuação foi sempre guiada e sustentada pela reflexão permanente. O meu processo reflexivo teve como base as aulas lecionadas, as aulas observadas, assim como, todo o conjunto de pesquisas e revisões da literatura efetuadas. Esta postura reflexiva permitiu-me identificar lacunas e erros e avançar com estratégias para os ultrapassar, permitiu-me, de igual modo, potenciar as minhas capacidades tornando-me um profissional mais capaz e com mais bagagem para o futuro.

Finalmente gostaria de ressalvar que todas as exigências e obrigações que o estágio me proporcionou a nível de planeamento e tudo que lhe estava inerente me possibilitaram uma evolução muito positiva.

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31 4.1.3. Realização

Ultrapassadas as importantes fases de conceção e de planeamento é chegado o momento de colocar em prática tudo que foi estruturado e planeado. Contudo, esta transferência nem sempre ocorre da forma prevista dado estarmos sempre vulneráveis a imprevistos que de algum modo condicionam o nosso trabalho. E por vezes, em determinadas situações tudo o que pensava ser o mais correto e mais ajustado revela-se impreciso e desenquadrado. É perante estas situações que a capacidade adaptativa, caraterística dos professores de EF, deve fazer a diferença e dar resposta à complexidade de todo processo educativo.

Apesar de iniciar estágio com uma curta experiência de liderança enquanto treinador de futebol e com a experiência da prática pedagógica do ano anterior, os momentos antes da primeira aula foram de ansiedade e de nervosismo. No entanto, tirando partido do facto do PC ser o diretor da turma pelo qual eu fiquei responsável, tive a possibilidade de estabelecer um primeiro contacto com a minha turma logo no primeiro dia de aulas, na reunião de apresentação das turmas. Nessa reunião, o professor José Cruz apresentou-me à turma e logo de seguida tive oportunidade de desempenhar o apresentou-meu papel de professor, auxiliando o professor José Cruz, no decorrer da aula de apresentação, durante a qual foram tratadas todas as burocracias caraterísticas de cada início de ano letivo. Apesar do nervoso miudinho inicial, à medida que fui conversando e interagindo com os alunos, foi se instalando a acalmia e tudo se desenrolou naturalmente.

Superado este primeiro impacto, parti mais sereno e mais confiante para a aula de apresentação de EF, já com uma primeira impressão da turma. Aí, naturalmente, a interação com os alunos foi maior e todos fizeram uma apresentação mais detalhada, foi um dos momentos mais marcantes do meu estágio, a minha primeira aula, aquela que tanto ansiava. Terminadas as apresentações, chegou a hora de dar início a lecionação dos conteúdos programáticos da disciplina. Logo numa das aulas iniciais o PC corrigiu dois

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aspetos na minha atuação, respeitantes à minha colocação no espaço da aula e a importância de percorrer/controlar todo espaço. Ciente da importância destes aspetos empenhei-me desde logo em corrigir a minha postura e a minha ação.

“Para além disso, tive a preocupação de “percorrer” todo o espaço da aula passando por todos os grupos, sempre com o intuito de corrigir os erros e emitir feedbacks sobre a prestação dos alunos. Foi um aspeto que dei especial ênfase, uma vez que, numa aula passada por ter descorado um pouco a minha atenção sobre “o meu espaço” de aula, acabei por perder um pouco o controlo sobre os alunos o que levou estes a entrarem em brincadeiras e não cumprirem com o que lhes foi solicitado.” (Reflexão Aula 5)

Outro problema que, em determinados momentos condicionou o meu desempenho como professor foi a falta de controlo da turma. O PC alertou-me, desde início, sobre a importância de controlar os alunos, no entanto, e apesar do esforço desenvolvido nesse sentido, em algumas aulas acabei por não conseguir exercer um controlo efetivo sobre a turma.

“O principal aspeto apontado pelo Professor Carlos Cruz prendeu-se na questão do controlo da turma. Como referiu nas aulas anteriores, tinha estado muito bem a este nível, no entanto, na aula de hoje esse controlo não foi tão bem conseguido o que condicionou a aula e o meu trabalho.” (Reflexão Aula 7)

A dificuldade em manter o controlo da turma manifestou-se essencialmente na fase inicial do primeiro período, progressivamente fui ganhando a confiança da turma, e a partir daí, com a empatia criada, consegui manter os alunos focados nos objetivos das aulas.

“Para finalizar, a análise do Professor Cruz à minha prestação foi positiva, frisou o bom controlo sobre a turma, realçou a minha postura ativa durante a aula, destacou o dinamismo das situações de aprendizagem, sintetizando que “este é o caminho a seguir!”. (Reflexão Aula 10)

A instrução e a gestão do tempo de aula foram dois pontos que mereceram especial atenção da minha parte. Num período inicial, ao planear

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as aulas tentava organizar a transição entre exercícios da forma mais eficiente e eficaz possível. Organizava as situações de forma flexível e de forma a ajustá-las rapidamente para as seguintes. Também, a nível da instrução procurei ser sempre muito objetivo, focar o essencial e o que era pretendido em cada situação. Cumprindo estes dois pressupostos consegui sempre garantir boa rentabilidade nas minhas aulas.

“Relativamente à minha intervenção, penso ter sido positiva. Consegui ser prático e objetivo na instrução das situações de aprendizagem, bem como, na demonstração (sempre que achei oportuno) das mesmas. Fui bastante interventivo na emissão de feedbacks, que penso terem sido pertinentes para a correção de alguns aspetos e para melhoria de performance dos alunos.” (Reflexão Aula 16)

“…Foi unânime a minha opinião e a do professor Cruz, que esta foi uma boa aula, muito dinâmica e produtiva.” (Reflexão Aula 11)

Importa destacar que com o passar do tempo, de uma forma lógica e natural, fui otimizando o controlo e o domínio destes dois aspetos.

Como principal instrumento da profissão docente, a comunicação não poderia deixar de ser mencionada. Uma comunicação clara e objetiva facilita o processo de ensino-aprendizagem. O sucesso do mesmo está dependente da capacidade de comunicação que o docente manifestar, é fundamental passar a mensagem de forma clara para que esta seja entendida e assimilada. Por de trás de um bom professor está um bom comunicador. De acordo com Rosado e Mesquita (2009), a capacidade de comunicar é um dos fatores decisivos da eficácia pedagógica no contexto do ensino da EF. Diretamente relacionada com a comunicação está a relação criada entre o professor e os alunos, esta, em muito definida pelo que a primeira pode despoletar. No meu caso particular, desde cedo criei uma grande empatia com a turma, numa relação de grande amizade e proximidade. Contudo, tentei manter sempre um distanciamento entre os papéis, num clima de respeito mas ao mesmo tempo muito cúmplice. Esta é a minha forma de ser e de estar, no entanto, em determinadas situações esta postura teve repercussões negativas no controlo da turma. De facto,

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houve alturas em que o PC me alertou para o excesso de confiança existente entre aluno e professor, apesar disso, essas situações foram facilmente resolvidas através de uma conversa aberta com os alunos. Tudo aí era sanado. Nesta lógica, Ribeiro et al. (2005) explana que os professores afirmam que a afetividade é importante no estabelecimento de uma melhor relação educativa, entre professores e alunos, favorecendo as aprendizagens. Estou convicto que consegui seguir esta ideia, pois, na minha última intervenção, fiz questão de frisar que em cada um deles levava um amigo e pela despedida sentida com que me brindaram, deixaram-me com um sentimento de emoção e saudade, mas acima de tudo, com o sentimento de vitória e de dever cumprido.

Apesar desta forte ligação e amizade fiz questão de deixar sempre bem vincada a minha posição, pois, em determinadas alturas fui obrigado a intervir e ser mais ríspido para sanar alguns comportamentos nada condicentes com o espaço de aula. Não me refiro a faltas de respeito, nem indisciplina mas, a alguns pequenos desentendimentos entre alunos provocados pela competição caraterística do MED que adotei para as minhas aulas. A minha turma, no geral apresentava níveis de aptidão muito bons o que aliado a um espírito de competição originava, por vezes, discórdia entre alunos.

“No entanto, é de referir uma situação menos positiva que se verificou entre dois alunos. Esta é uma turma muito competitiva por natureza, e numa disputa de bola mais ríspida gerou-se um pequeno desentendimento entre eles. Contudo, a minha rápida intervenção acalmou os ânimos e numa pequena conversa chamei-os à razão, tendo tudo ficado sanado por ali. Após isso, mandei-os sentar um pouco de forma a “puni-los” pelo sucedido e a refletirem sobre a atitude negativa que tomaram.” (Reflexão Aula 10)

“Os alunos na linha que têm traçado mostraram-se empenhados, motivados e muito envolvidos nas tarefas. Outra caraterística que lhes é comum e ficou bem patente nesta aula é a competitividade, no entanto, alguns alunos levaram-na ao limite e tive que reprimir e reprovar certas atitudes (a razão para introdução de cartões na arbitragem e o registo estatístico para punir estes atos na classificação final). Como o MED preconiza devemos retirar

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do desporto de competição as coisas boas, no entanto, na Educação Física em primeiro lugar está a segurança e a integridade física dos alunos. Verificou-se o caso de uma aluna que necessitou de assistência pelo que tive de intervir, reprovar o sucedido e chamar os alunos à razão e reforçar esta ideia. No desporto e no treino este tipo de atitudes são permitidas e até incentivadas, mas como já referi acima, na Educação Física a saúde dos alunos é primordial.” (Reflexão Aula 32)

Como diretor da turma, o PC comentou que este tipo de situações eram comuns também nas restantes disciplinas, principalmente na altura da comunicação dos resultados das fichas de avaliação, momento em que o orgulho e a vanglória causava um certo desconforto e animosidade entre os alunos. Em várias ocasiões, no período de reflexão no final das aulas, tentei explicar que este tipo de competição entre eles até era saudável, mas que este comportamento tinha limites. Ninguém tinha o direito de inferiorizar ninguém, pois cada pessoa é singular e tem os seus pontos fortes e as suas limitações. Nesse sentido, expliquei que o melhor e mais correto a fazer é ajudar os colegas e que cada um deveria aproveitar os seus pontos fortes para auxiliar os outros nas suas dificuldades.

Dentro do enorme campo da comunicação, a comunicação gestual é muito importante, pelo que lhe atribui a importância merecida durante as minhas aulas. Gradualmente, conforme o conhecimento se foi aprofundando entre as partes, o significado de um simples gesto, um sinal, uma expressão era facilmente compreendido. A comunicação gestual funciona como as rotinas, com o passar das aulas estas vão-se desenvolvendo e implementando.

Outro aspeto que desenvolvi durante este estágio foi a capacidade de observação. Ao longo da nossa formação fomos insistentemente alertados para a importância desta capacidade, o quão importante é aprender e saber observar. Desde o início do estágio, tanto o PC como o PO nos preveniram para a pertinência desta capacidade, da importante ferramenta que é, e da ajuda que nos fornece no processo de ensino-aprendizagem. É através da

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observação que dominados e controlamos as ações dos alunos pelo espaço da aula.

Intimamente relacionada com a capacidade de observação surge o feedback pedagógico, fator e importante variável da aprendizagem das habilidades motoras, (Annete e Kay, 1957). O feedback pedagógico, como fonte de informação, fornece ao aluno, os dados necessários para que estes melhorem o seu desempenho motor. Durante o estágio tive particular cuidado com o feedback fornecido aos alunos, foi meu objetivo fornecer informação de qualidade e pertinente para o desenvolvimento dos alunos. De facto, aproveitei todos os momentos para fornecer informação e corrigir erros. No entanto, não há uma receita, uma medida certa para a emissão de feedbacks. Cada aula é singular, e só perante as respostas dos alunos às situações de aprendizagem, e mediante a nossa observação, é que devemos ponderar a necessidade de emissão do feedback. Pessoalmente, fui sempre muito interventivo, procurando acompanhar sempre de perto a realização dos exercícios pelos alunos, de modo a detetar os seus erros e corrigi-los. Esta postura interventiva e de proximidade transmitia a minha preocupação com a evolução dos meus alunos. Para além disso, estive sempre disponível para o esclarecimento de dúvidas, quer no final da aula ou em tempos mortos. Várias foram as vezes, que fui interpelado pelos alunos para exposição de dúvidas, às quais respondia prontamente. Esta minha postura interventiva foi evoluindo desde o primeiro período de aulas, o que pode ser comprovada nos excertos seguintes:

“A nível da minha intervenção, consegui movimentar-me bem por todo o espaço da aula, pelo que, consegui exercer um bom controlo sobre os alunos e acompanhar a sua exercitação. No entanto, “pequei” na intervenção, como apontou o Professor Cruz. Deveria ter sido mais interventivo, ter emitido mais feedbacks corretivos e avaliativos individualizados àqueles alunos com mais dificuldades. A direção dos feedbacks emitidos foram mais no âmbito da turma, mais no geral.” (Reflexão Aula 32)

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