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Realização da Prática Profissional

REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

14 Este modelo de ensino atribuiu às aulas um caráter e um “colorido” diferente tornando-as mais cativantes.

4.5.6. Desenrolar e Desenvolvimento da Experiência

Enquanto professor, posso afirmar que adoção deste modelo é bastante desafiadora. O professor tem de considerar múltiplas variáveis na consumação dos procedimentos que o modelo impera. No meu contexto, atendendo ao desconhecimento total dos alunos face ao modelo, foi essencial o período adaptativo face aos requisitos do MED. O período adaptativo decorrreu durante os dois primeiros períodos letivos, altura em que fui integrando de uma forma progressiva algumas das caraterísticas do modelo. A resposta dada pelos alunos funcionou com um estímulo e um impulsionador para a sua aplicação integral mais à frente. Contudo, é importante reconhecer que isto só foi possível dada a organização programática da disciplina, onde a lecionação do voleibol foi extensível a todo o ano letivo.

A nível de planeamento, o primeiro aspeto prende-se com a definição/duração da época desportiva e do respetivo quadro competitivo que deve respeitar e que vem substituir a unidade temática. A época estendeu-se por sete aulas, correspondendo as duas primeiras à fase de pré-época, na qual ocorre a integração dos alunos e o conhecimento das suas equipas, assim como o desempenho do papel que lhes foi atribuído. Serviu de igual modo, como um período preparatório da competição, para a definição das estratégias

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de jogo, bem como, para a sua exercitação. Daí em diante, deu-se início à competição tendo-se prolongado ao longo das cinco aulas. Foi adotado o jogo formal (6x6). A cada aula desenrolou-se uma jornada onde todas as equipas se defrontavam entre si no total de cinco voltas. A última jornada correspondeu ao evento culminante, onde após os encontros se procedeu à entrega dos prémios relativos aos desempenhos das equipas ao longo da época desportiva.

Ainda neste âmbito, após a definição e estruturação da época desportiva, foi preponderante preparar todo o material de apoio ao ensino do voleibol que o MED implica. Neste âmbito, elaborei e disponibilizei o manual de equipa, o manual do capitão-treinador, ficha de equidade, ficha de fair-play, guia de arbitragem e o boletim de jogo. Numa fase posterior deu-se a construção dos prémios e dos diplomas a entregar no evento culminante.

Como transparece, toda esta preparação é exaustiva e minuciosa, pelo que requer grande empenho do professor na sua elaboração, sendo também imprescindível para que todo o processo se desenrole de forma harmoniosa e eficaz. Contudo, todo este trabalho preparatório vai-nos libertar durante as aulas, onde podemos assumir uma postura de facilitadores e supervisores. A liderança do processo, sem deixar de ser controlada pelo professor, vai sendo transferida para os alunos. Naturalmente que a delegação de competências nos alunos exige do professor uma vigilância muito atenta de todo o desenrolar do processo, não sendo raros os incidentes críticos que, a não serem resolvidos no seio das equipas, impõem a magistratura do professor. Desse modo, esta maior disponibilidade permite ao professor avaliar mais afincadamente os progressos dos alunos, bem como, as suas maiores carências, podendo fornecer-lhes de um modo mais oportuno o feedback acerca do seu desempenho.

Analisando os “prós e os contras”, a minha perceção acerca do modelo em termos da planificação/aplicação acaba por se revelar uma ótima alternativa, pois, apesar da exigência inicial de um vasto trabalho “preparatório” vai-nos permitir posteriormente acompanhar o processo de ensino-

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aprendizagem dos nossos alunos de um modo mais próximo, efetivo e disponível.

Por sua vez, relativamente à eficácia deste modelo, ele revelou-se muito oportuno e produtivo na turma. Embora, seja importante frisar mais uma vez a estrutura programática seguida, isto é, a extensão da lecionação da modalidade de voleibol a todo o ano letivo, ela influenciou de forma positiva todo o processo. Assim, no cômputo geral toda a turma mostrou-se muito recetiva ao modelo fazendo transparecer um total envolvimento e empatia.

De realçar ainda que o período preparatório proporcionado aos alunos foi determinante para uma adaptação mais favorável ao modelo, pois, o mesmo despertou o gosto dos alunos pelas principais caraterísticas do MED. Do mesmo modo, este espaço inicial permitiu-nos detetar as principais dificuldades e renitências dos alunos face ao modelo. Esta análise inicial foi muito proveitosa, possibilitou-nos uma intervenção mais esclarecida e efetiva aquando da realização do estudo propriamente dito. Especificando, estas relutâncias estavam relacionadas com questões do domínio sócio-afetivo, nomeadamente a pouca filiação às equipas, pouca interação em equipa, um sentido de pertença praticamente ausente e a exclusão de alguns elementos, ou seja, aspetos que não se compaginam com os princípios estruturais do modelo.

Mediante isto, procuramos dar especial ênfase a este aspeto na elaboração do instrumento, procurando direcionar mais as variáveis no sentido do domínio sócio-afetivo, o que explica a discrepância de itens para cada domínio definido. Contudo, existem itens que poderiam ser enquadrados num dos outros dois domínios que não no determinado.

Noutro âmbito, esta eficácia pode ser reconhecida pelos resultados que os alunos foram conseguindo. Todos foram melhorando progressivamente o seu desempenho. Além do mais, permitiu aos alunos ir além da aprendizagem restrita das habilidades técnicas e táticas da modalidade. Os conhecimentos que desenvolveram em termos de arbitragem foram notáveis e conferiram aos jogos um caráter ainda mais formal, o que elevou ainda mais o modelo.

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Em suma, o impacto da aplicação do MED no ensino do Voleibol foi extremamente positivo, face a um contexto escolar muito “preso” ao Modelo de Instrução Direta. Para primeira experiência os resultados foram muito satisfatórios e encorajadores para adoção definitiva deste modelo de ensino. O MED veio confirmar-se como uma alternativa credível e uma inovação na condução de todo o processo de ensino da disciplina de EF.

4.5.7. Conclusões

Com o objetivo deste estudo pretendia-se a análise do impacto da aplicação do MED no ensino do Voleibol no contexto da EF, sob o ponto de vista dos alunos e da perceção do professor que o conduziu.

Face aos resultados obtidos podemos afirmar que o MED se revelou eficaz, em particular, no domínio sócio-afetivo. Também no domínio cognitivo os efeitos foram muito positivos, permitindo uma aprendizagem mais abrangente e mais consolidada acerca do jogo e sobre todos os seus intervenientes diretos (árbitros e oficiais de mesa). A nível motor, os alunos deram uma ótima resposta, transparecendo total envolvimento e dedicação às exigências do modelo.

A turma, pelo que os resultados nos transmitem, na sua generalidade gostou desta abordagem, mostrando-se muito motivada para com os princípios deste modelo e pela forma como a lecionação do voleibol se processou. O facto de se tratar de uma novidade tornou este processo ainda mais aliciante para todos. O seu empenho e espírito de entreajuda foram essenciais, daí a pertinência desta referência.

A nível pessoal foi mais uma experiencia a lecionar seguindo as orientações deste modelo, que vieram reforçar a minha perceção face ao mesmo, um modelo muito interessante e desafiador tanto para professores como para os alunos. Permite uma abordagem mais holística das modalidades, proporcionando aos alunos vivências mais próximas do jogo e do contexto formal. Na sua génese, forma alunos “desportivamente competentes, cultos e

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entusiastas”. Por outro lado, senti um grande privilégio por ter proporcionado aos alunos uma experiência nova, nunca antes por eles vivida no contexto escolar e particularmente da EF.

Nós, cumprindo os nossos objetivos deixamos na escola a “semente” do MED, esperando que o impacto positivo que este causou possa despertar noutros professores a curiosidade e os desafios que este trás inerentes e estes possam continuar com a sua projeção e exploração na Escola Secundária/3 de Barcelinhos.

5.