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Relatório de Estágio Profissional "Da superação de expectativas à concretização de um sonho"

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Da superação de expectativas à

concretização de um sonho

Relatório de Estágio Profissional

Orientadora: Professora Doutora Mariana de Sena Amaral da Cunha

Alexandre Rafael Costa Almeida Porto, setembro de 2017

Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos, conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº43/2007 de 22 de fevereiro).

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II III

Ficha de catalogação

Almeida, A. (2017). Da superação de expectativas à concretização de um sonho. Relatório de Estágio Profissional. Porto: A. Alexandre. Relatório de estágio profissionalizante para a obtenção do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, ENSINO-APRENDIZAGEM, RETENÇÃO DE APRENDIZAGEM

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III III

DEDICATÓRIA

À minha Família,

Por tornarem este sonho possível.

Aos meus Alunos,

Por terem sido os principais intervenientes de um dos meus maiores

sonhos.

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IV III

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V

AGRADECIMENTOS

À minha FAMÍLIA! Aos meus pais por possibilitarem a concretização deste sonho, pelo apoio em todas as minhas escolhas e decisões e por me amarem incondicionalmente. Pelo carinho, preocupação, por todo o esforço que fazem para que eu possa alcançar os meus objetivos, por me indicarem sempre o caminho certo quando nenhuma opção parece viável e por serem um exemplo de força, coragem e determinação. Ao meu irmão mais velho, por estar constantemente a orientar o meu caminho, pela preocupação e amizade, por estar sempre pronto a apoiar-me e a aplaudir os meus sucessos. Ao meu irmão mais novo por ter sido a melhor surpresa que apareceu na minha vida desde o primeiro momento que o segurei nos meus braços. Por tudo o que vivemos juntos que, inconscientemente, veio a revelar o jeito e o gosto de lidar com crianças bem como, o prazer de ensinar. Por todas as brincadeiras que ficaram por fazer, por todas as palavras que ficaram por dizer, por todo o crescimento que não pude acompanhar de perto. Aos meus tios e primos por todo o apoio e amizade durante este longo percurso. Aos meus padrinhos, em especial à minha querida madrinha por sempre acreditar em mim e por me incentivar a ir atrás dos meus sonhos. Aos meus avós, por serem um exemplo a seguir. Por todo o carinho, preocupação, generosidade e por sempre acreditarem em mim. Por todos os ensinamentos, por todos os sermões, por serem os melhores conselheiros. Por todos os fins-de-semana que não fui a casa. Pelos aniversários e momentos importantes que não passamos juntos. Que sintam que de alguma forma valeu a pena. Vocês são o melhor de mim.

À minha professora cooperante, professora Júlia Sequeira Gomes, pela confiança que depositou em mim desde o primeiro dia, pelos ensinamentos, partilha de conhecimento e experiências, pelos conselhos e por todo o apoio incondicional ao longo do ano letivo.

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VI

À minha professora orientadora, professora Mariana Amaral da Cunha, pelo acompanhamento, disponibilidade e orientação ao longo do Estágio Profissional.

Ao núcleo de estágio, os meus companheiros de jornada, por todos os momentos partilhados, pela interajuda, pelo companheirismo e amizade. Por juntos, termos conseguido alcançar os nossos objetivos.

À Escola Secundária António Nobre, por ter sido o palco da concretização deste meu sonho. Extensível também a todos os professores e funcionários, por me terem recebido de braços abertos e me envolverem na comunidade escolar, mostrando-se sempre disponíveis para me ajudar.

Aos meus ALUNOS, por terem sido os primeiros! Não existem palavras suficientes para agradecer a cada um de vocês! Pelos desafios e pelas aprendizagens que me propiciaram, com os quais tanto aprendi e cresci, quer profissional quer pessoalmente. Por todos os momentos marcantes e inesquecíveis, ganharam um lugar especial no meu coração.

À minha querida amiga Cristina Almeida, que me acompanhou neste longo e árduo percurso e, contribuiu em grande parte para o meu desenvolvimento pessoal. Por ter estado sempre disponível para me apoiar, para me ajudar, para me ouvir, para me aconselhar e até abraçar. Por me ter incentivado a seguir os meus sonhos. Por todo o amor, carinho, devoção e dedicação, por tudo.

Ao Diogo Oliveira, a maior amizade que o futebol me deu. Mais do que um colega de trabalho, um amigo, um confidente que contribuiu, em grande parte, para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. À pessoa exemplar que é, e pelos seus ensinamentos, por todas as conversas, todas as risadas, por todas as vitórias e todos os momentos que partilhamos nos relvados e fora deles.

À Beatriz Matos, minha confidente neste ano tão desafiante, tão exigente, tão angustiante em alguns momentos. Por toda a disponibilidade para ouvir os meus desabafos, as minhas histórias, todas as alegrias e momentos

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VII

gratificantes, vividos com os meus alunos, todas as dificuldades encontradas e angústias, arranjando sempre forma de me fazer rir com os meus relatos suavizando todos os momentos mais difíceis, ajudando, desta forma, a tornar possível um ano que aparentava ser tão impossível. Por ter rido e chorado comigo, por me ter abraçado quando mais precisei, por toda a atenção, pela companhia, carinho e amizade, e, porque sem ela, os meus dias teriam sido monótonos e sem graça.

À minha querida amiga Leonor Saraiva, por toda a força que me transmite, por acreditar mais em mim do que eu próprio e por estar sempre disponível para me ouvir, animar e colocar um sorriso na cara. Um agradecimento extensível a toda a sua família, por todos os lanches e jantares, e todo o apoio.

À minha querida amiga Filipa Teixeira, por todo o carinho e constante preocupação, extensível à sua família pela recetividade e todo o apoio numa fase crucial para o término deste documento.

Ao Nuno Campos, Luís Rodrigues, Hélder Fernandes, Gabriel Paiva e Humberto Fonseca, meus antigos professores de Educação Física e treinadores, que deixaram a sua marca e me levaram a rumar nesta direção, por tudo o que me ensinaram e por ainda hoje se preocuparem comigo.

À professora Sónia Gonçalves e ao professor Fernando Oliveira, pela disponibilidade para me ajudar a retificar e melhorar este documento.

Ao professor Rui Araújo, por toda a disponibilidade para me transmitir todo o seu conhecimento, por demonstrar que devemos lutar pelos nossos sonhos e objetivos (“Se queres a bolota, trepa a ela… Só depende de ti.”), e por ter sido a minha fonte de inspiração na temática do meu estudo de investigação.

A todos os meus atletas por tudo o que aprendi com eles e, se estive melhor preparado para defrontar este desafio, foi também graças às competências que fui desenvolvendo com eles.

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VIII

A todos os meus amigos e aos meus colegas de licenciatura e de mestrado, que mais presentes ou mais distantes, direta ou indiretamente, me ajudaram a persistir neste caminho.

A todos estes intervenientes e outros que se cruzaram e, eventualmente, influenciaram o meu percurso, um muito obrigado por me ajudarem a ser a pessoa que sou.

Ao amor da minha vida, Ana Cláudia Oliveira, por toda a amizade, cumplicidade, amor, orgulho, carinho, estima e admiração que tem por mim. Por todas as horas de “discussões” e desabafos inerentes a esta profissão. Por ser o meu braço direito, o meu ombro amigo, o meu abraço reconfortante: o meu mundo! Por ser a minha maior fonte de inspiração. Por acreditar sempre em mim, dando-me forças para enfrentar as situações mais desafiantes. Por ser a prova viva de que havia um futuro bem risonho reservado para mim. Fica a sensação de que tudo isto valeu a pena, por ti!

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

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IX

ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA ... III AGRADECIMENTOS ... V ÍNDICE GERAL ... IX ÍNDICE DE QUADROS ... XI ÍNDICE DE ANEXOS ... XIII RESUMO ... XV ABSTRACT ... XVII LISTA DE ABREVIATURAS ... XIX

1. INTRODUÇÃO ... - 1 -

2. ENQUADRAMENTO PESSOAL ... - 7 -

2.1. Identificação Pessoal ... - 9 -

2.2. Expectativas ... - 21 -

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... - 23 -

3.1. Enquadramento legislativo e regulamentar do Estágio Profissional ... - 25 -

3.2- Enquadramento Funcional ... - 27 -

3.2.1. O papel do estágio na formação inicial dos professores ... - 28 -

3.2.2. A Escola Cooperante ... - 31 -

3.2.3. O 10º ano - A turma residente ... - 32 -

3.2.4. O 10º ano - A turma partilhada e os dilemas das aulas teóricas ... - 33 -

3.2.5. O 1º ano - Atividades de Enriquecimento Curricular ... - 36 -

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ... - 41 -

4.1. Organização e gestão do processo de ensino e aprendizagem ... - 43 -

4.1.1. Conceção ... - 44 - 4.1.2. Planeamento ... - 52 - 4.1.2.1. Planeamento Anual ... - 53 - 4.1.2.2. Unidades Didáticas ... - 55 - 4.1.2.3. Planos de Aula ... - 56 - 4.1.3. Realização ... - 57 - 4.1.4. Avaliação ... - 65 - 4.1.4.1. Avaliação Diagnóstica ... - 66 - 4.1.4.2. Avaliação Formativa ... - 67 - 4.1.4.3. Avaliação Sumativa ... - 68 -

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X

4.1.4.4. Autoavaliação ... - 70 -

4.2. Participação na escola e relação com a comunidade ... - 70 -

4.2.1. Atividades elaboradas com a minha turma residente ... - 71 -

4.2.1.1. “Dia do Diploma” / Cerimónia de Entrega de Prémios de Mérito e Excelência 12/10/2016 ... - 71 -

4.2.1.2. Sarau Cultural do Agrupamento 02/06/2017 ... - 72 -

4.2.2. Reuniões do conselho de turma ... - 73 -

4.2.3. Preparação para os pré-requisitos da FADEUP ... - 74 -

4.2.4. Atividades desenvolvidas pelo núcleo de estágio ... - 75 -

4.2.4.1. Magusto 11/11/2016 ... - 75 -

4.2.4.2. Festa de Natal 07/12/2016 ... - 76 -

4.2.4.3. Corta-mato 19/01/2017 ... - 77 -

4.2.4.4. Visita de estudo à FADEUP 21/12/2016 ... - 79 -

4.2.4.5. Reuniões do núcleo de estágio ... - 80 -

4.3. Área 3 – Desenvolvimento profissional ... - 81 -

4.3.1. O papel da observação e da reflexão ... - 81 -

4.3.2. Estudo de investigação ... - 83 - 4.3.2.1. Resumo ... - 84 - 4.3.2.2. Abstract ... - 85 - 4.3.3. Introdução ... - 86 - 4.3.3.1. Enquadramento teórico ... - 86 - 4.3.3.2. Pertinência do estudo ... - 87 -

4.3.3.3. Retenção das aprendizagens ... - 88 -

4.3.4. Metodologia ... - 91 -

4.3.4.1. Participantes ... - 91 -

4.3.4.2. Unidade de Ensino de Voleibol ... - 91 -

4.3.4.3. Instrumento e procedimentos de recolha de dados ... - 95 -

4.3.4.4. Procedimentos de análise ... - 100 -

4.3.5. Apresentação e Discussão de Resultados ... - 100 -

4.3.6. Conclusões ... - 102 -

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... - 109 -

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... - 115 -

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-XI

ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 1- EXTENSÃO E SEQUÊNCIA DOS CONTEÚDOS DA UNIDADE DIDÁTICA DE VOLEIBOL PARA ALUNOS EM ETAPA 2. ... - 94 -

QUADRO 2- EXTENSÃO E SEQUÊNCIA DOS CONTEÚDOS DA UNIDADE DIDÁTICA DE VOLEIBOL PARA ALUNOS EM ETAPA 3. ... - 94 -

QUADRO 3 - PLANEAMENTO DA RECOLHA DE DADOS AO LONGO DA UNIDADE DE ENSINO DE VOLEIBOL ... - 95 -

QUADRO 4 - CATEGORIAS DE OBSERVAÇÃO E COMPONENTES

CRÍTICAS DO GPAI PARA O VOLEIBOL ... - 98 -

QUADRO 5 - EVOLUÇÃO DA APRENDIZAGEM AO LONGO DA UNIDADE DE ENSINO DE VOLEIBOL ... - 101 -

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XIII

ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO I - FICHA DE OBSERVAÇÃO DE AULA ... XXI ANEXO II - CARTAZ DO CORTA-MATO ESCOLAR ... XXII ANEXO III - ENTREGA DE PRÉMIOS DO CORTA-MATO ESCOLAR ... XXII ANEXO IV - PARTICIPAÇÃO NO MAGUSTO ... XXII ANEXO V - PARTICIPAÇÃO NO SARAU CULTURAL ... XXII

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XV RESUMO

O Estágio Profissional assume-se como o ponto auge da formação académica. É, portanto, um marco na minha formação enquanto professor de Educação Física, na medida em que, durante um ano letivo, o estudante estagiário é confrontado com a realidade tenta aplicar todo o conhecimento adquirido até então. Nesta conformidade, todas as experiências vivenciadas ao longo deste ano, entre as quais uma série de dificuldades decorrentes do contexto concreto onde foi realizada a prática, são descritas. Contudo, o relato dessas vivências não faria sentido, se não estivesse implícito um carácter eminentemente reflexivo e crítico, um instrumento fulcral e potenciador de aprendizagem, que permite, ao professor iniciante, superar essa mesma condição e aprimorar as suas capacidades, tornando-o num professor competente, detentor de uma cultura profissional, capaz de, acima de tudo, ensinar, e estar preparado para se adaptar a qualquer contexto de trabalho. O Estágio Profissional decorreu numa escola do grande Porto, num núcleo composto por três estudantes estagiários, uma professora cooperante da instituição e uma professora orientadora da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. O presente documento surge no âmbito da unidade curricular Estágio Profissional, inserida no 2º ciclo de estudos referente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário e é composto por diversos capítulos e subcapítulos. Estes revertem-se à dimensão pessoal; ao enquadramento e realização da prática profissional, nomeadamente, a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação; à participação na escola e relação com a comunidade; desenvolvimento pessoal, onde é desenvolvido um estudo de investigação sobre a existência de retenção de aprendizagem dos alunos na modalidade de Voleibol, após uma unidade didática. Por fim é realizada uma pequena conclusão, na qual reflito acerca da importância do Estágio Profissional no meu crescimento enquanto Professor de Educação Física e também como um ser integrante de toda a comunidade educativa.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA, ENSINO-APRENDIZAGEM, RETENÇÃO DE APRENDIZAGEM

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XVII ABSTRACT

The Professional Internship serves as the apex of academic education. It is therefore a milestone in my training as a physical education teacher. For one school year, the trainee teacher is confronted with the reality of trying to apply all of the knowledge gained. Accordingly, all the experiences during this year, among which a series of difficulties arose from the context in which the teaching practice was carried out are described. However, reporting of these experiences would not make sense if an eminently reflexive and critical character were not implicit. This is a key instrument and enhancer of learning that allows the beginning teacher to overcome this inexperience and improve his abilities, making him a competent teacher, a holder of a professional culture, able above all to teach and to be prepared to adapt to any context. The professional internship was held at a school in Porto, in a group of three trainee teachers, a cooperating teacher from the institution and a professor from the Faculty of Sport at the University of Porto. This document falls within the scope of the professional training course in the 2nd cycle of studies related to the Master's degree in Physical Education Teaching in Basic and Secondary Education and is composed of several chapters and sub-chapters. These possess a personal dimension, framing and implementation of professional practice, including design, planning, implementation and evaluation, participation in the school and relationship with the community, personal development, where a research study on the existence of retention of students’ learning in the volleyball module was carried out after a didactic unit. Finally, a brief conclusion is presented, in which I reflect on the importance of the professional internship on my growth as a Physical Education Teacher as well as becoming an integral part of the entire educational community.

KEYWORDS: PROFESSIONAL INTERNSHIP, PHYSICAL EDUCATION, TEACHING-LEARNING, LEARNING RETENTION

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XIX

LISTA DE ABREVIATURAS

EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

PC – Professora Cooperante

EC – Escola Cooperante

PO – Professora Orientador

UD – Unidade(s) Didática(s)

PEE – Projeto Educativo de Escola

PCE – Projeto Curricular de Escola

MEC – Modelo de Estrutura de Conhecimentos

GPAI – Game Performance Assessment Instrument

AEC – Atividades de Enriquecimento Curricular

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“Nós e a profissão. E as opções que cada um de nós tem de fazer como professor, as quais cruzam a nossa maneira de ser com a nossa maneira de ensinar e desvendar na nossa maneira de ensinar a nossa maneira de ser.”

(Nóvoa, 1992)

O presente documento foi realizado no âmbito do estágio profissional (EP), inserido no plano de estudos do Mestrado de Ensino da Educação Física (EF) nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade de Desporto (FADEUP), no ano letivo 2016/2017. A sua elaboração foi preconizada sob a orientação de uma Professora Orientadora (PO), da faculdade.

Carateriza-se por relatório de estágio e tem como objetivo expor as atividades desenvolvidas ao longo do EP, alvo de reflexão. Esta reflexão desempenha um papel fulcral na produção e estruturação do conhecimento pedagógico. Os professores devem refletir de forma situada na, e sobre a interação que se gera entre o conhecimento científico e a sua aquisição pelo aluno (Alarcão, 1996).

O EP foi desenvolvido numa escola do grande Porto, num núcleo de estágio constituído por 3 elementos, tendo sido orientado pela PO e a Professora Cooperante (PC). Assim, durante o ano letivo fiquei responsável pelo processo de ensino e aprendizagem de uma turma do 10º ano de escolaridade (turma residente), outra do 10º ano (turma partilhada) e uma turma do 1º ano, que haviam sido atribuídas à PC. Neste sentido, ficaram ao meu encargo todas as tarefas relacionadas com a conceção, planeamento, realização e avaliação, tendo estas sido supervisionadas e acompanhadas pela PC.

O EP assume-se simultaneamente como o ponto de partida e o culminar de um ciclo. Se por um lado se revela o início de uma etapa onde se experienciam variadíssimas estratégias, e conclusivamente, se consegue perceber determinadas realidades aliadas a uma vasta panóplia de aprendizagens, por outro lado, se redescobrem as aprendizagens assimiladas

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durante toda a vida escolar, desde a pré-primária até ao ensino superior. Neste sentido, é no EP que o professor estagiário se situa no centro do seu desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional, desenvolvimento esse que numa fase inicial se encara conflituoso, face às diferentes realidades constatadas entre a formação inicial, e o EP que “(…) oferece aos futuros professores a oportunidade de imergirem na cultura escolar nas suas mais diversas componentes (…)” (Batista & Queirós, 2013, p.33).

O EP encerra então, a formação inicial do estudante estagiário, no qual todos os momentos foram portadores de aprendizagens fundamentais para cumprir as mais diversas tarefas. Sendo o objetivo geral do EP a integração do estudante estagiário no “exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionado em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”.1 Para efetivar esta experiência, a FADEUP providencia

um ano de prática pedagógica em contexto escolar. Esta prática foi vivenciada por um núcleo de estágio constituído por 3 estudantes estagiários, orientados diariamente por um professor cooperante da escola e por um professor orientador da faculdade.

O choque que encontrei com a realidade da quantidade de tarefas a realizar foi tremendo. A passagem de aluno a professor num só dia foi abismal, contudo natural, pois Batista (2014, p.35) explica que, “relativamente ao que mais marca os estudantes estagiários, são as tarefas inerentes ao processo de ensino aprendizagem”. Já Queirós (2014, p.73) enuncia que, “neste momento o professor sente-se como se de repente deixasse de ser estudante e sobre os seus ombros caísse uma responsabilidade profissional”.

Para este momento, o EP, vinha com inúmeros receios e questões, sobre como iria ser, como iriam ser as minhas turmas, se iria conseguir criar uma boa

1 In Normas Orientadoras da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP: 2016/2017. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

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relação com os alunos, entre outras. Ao mesmo tempo, as expetativas eram imensas. Estava desejoso por todos os primeiros momentos, por ter as primeiras impressões com os meus alunos, conhecer as minhas turmas e por dar as minhas primeiras aulas. Existiram algumas inseguranças, apesar disso o meu objetivo centrava-se nos alunos, transmitir-lhes o meu conhecimento, proporcionar aprendizagens com significado, desenvolver as potencialidades de cada um e cativá-los para a prática desportiva.

O Relatório de Estágio é uma explanação das atividades desenvolvidas ao longo do ano letivo, com base numa atitude reflexiva que orientou toda a minha ação durante o EP. Tudo o que foi vivido, memórias e reflexões acerca das aulas e das atividades promovidas que foram merecedoras de maior destaque para a minha formação profissional. Para tal, este documento apresenta-se desenvolvido ao longo de seis capítulos. O primeiro, “Introdução” é uma apresentação dos objetivos e finalidade da realização do relatório de estágio. No segundo capítulo “Dimensão Pessoal” é realizada uma autobiografia, na qual é exposto em que medida as minhas circunstâncias contribuíram para o meu percurso académico. Ainda no presente capítulo é realizada uma reflexão acerca das expectativas para o ano de estágio. No terceiro capítulo “Enquadramento da prática profissional” é realizada uma caraterização a nível legal, institucional e funcional da prática profissional, acompanhada de uma caracterização da escola, do núcleo de estágio, da turma e do desporto escolar. No quarto capítulo “Realização da prática profissional” é concretizado um relato acerca do trabalho desenvolvido ao longo do EP suportado em três grandes áreas, área 1 – Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem, área 2 – Participação na escola e relação com a comunidade e área 3 – Desenvolvimento profissional. O quinto capítulo diz respeito a um estudo de investigação, “Retenção das aprendizagens de alunos de uma turma do 10º ano de escolaridade na modalidade de Voleibol: a problemática das unidades didáticas de curta duração”. Neste capítulo está incluída a sua pertinência, o seu propósito, a metodologia utilizada, a apresentação e discussão dos resultados e as conclusões. Por fim, o último capítulo é referente às “Conclusões”, onde é feita uma análise de todo o trabalho realizado ao longo do ano e ainda relaciona os

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objetivos iniciais, as espectativas e as ações desenvolvidas com os resultados obtidos.

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2.1. Identificação Pessoal

Chegado a professor estagiário de EF, no culminar do meu percurso académico, tenho a sensação de um sonho tornado realidade. Cabe-me agora refletir acerca de tudo aquilo que me conduziu e me levou a optar por esta área de formação profissional. Para o efeito, vou relatar um pouco da minha história e como cheguei até aqui.

Nasci na Beira Alta, em Viseu, no ano de 1994 e foi aí onde passei toda a infância e adolescência. Desde cedo surgiu a minha ligação ao desporto. Os meus pais, cientes do benefício ao nível cognitivo e motor, mas também ao nível psicossocial e preocupados em proporcionar um desenvolvimento saudável, sempre me incutiram o gosto pela prática desportiva. Aos 3 anos de idade matricularam-me na Natação. Mas ao longo dos anos, fui praticando outras modalidades: basquetebol, hipismo, judo, futebol, voleibol, ténis de mesa e badminton, pelo que esta multiplicidade de vivências desportivas se veio a verificar muito enriquecedora.

Não posso deixar de referir um momento caricato numa aula de hipismo. O cavalo levantou as patas da frente e, com 7 anos de idade, dominei o animal. Sempre que havia uma competição, o meu treinador, o “Capitão” dizia uma frase que ainda hoje ecoa nos momentos de maior tensão: “É para a vitória!”. Não esqueço também cada momento de pressão onde era testado física e cognitivamente para avançar uma etapa no judo, aumentar a minha graduação, nem as diversas competições que realizei, assim como a relação que tinha, e ainda tenho, quer com o “Mestre”, quer com o meu treinador que, de certa forma, deixaram a sua marca.

Ainda no quadro das atividades físicas e desportivas enquanto criança e jovem, tive uma participação muito assídua em férias desportivas que, de certa forma, me conduziram para a docência. Apesar de nenhum monitor me ter marcado profundamente, pelo pouco tempo que convivi com eles, sentia admiração pelo papel que desenvolviam.

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Devo, contudo, dizer que a modalidade que mais marcou a minha infância e desenvolvimento foi a natação. Pratiquei durante longos anos. No ano 2002/03, com 9 anos de idade, passei a ser atleta federado do clube da minha cidade, permanecendo assim durante oito anos. Por este motivo, considero que esta foi e será a “minha modalidade”, aquela à qual sempre me vou sentir ligado.

Fui campeão regional, várias vezes, nas provas de 100 metros bruços, tendo conseguido fazer o tempo mínimo para participar no torneio zonal. Este feito viabilizou uma convocação à seleção regional e, na última prova da época, fiquei a dois centésimos de segundo de conseguir o tempo mínimo para ir ao campeonato nacional. Todos os feitos que fui conquistando, todos os sucessos desportivos acumulados, transmitiram-me confiança e fortaleceram a minha ligação com o Desporto.

Depois de um ano tão próximo de conquistar o sonho de participar no campeonato nacional, continuei a nadar e a acreditar que iria conseguir. No entanto, a cada ano que passava este sonho tornava-se cada vez mais difícil, porque o tempo mínimo era cada vez menor e a minha evolução não foi suficiente para atingir essa meta, o que levou ao abandono da modalidade. Outro fator foi o facto de ter explicações que coincidiam com o horário dos treinos e estar inserido numa banda.

No decurso desses oito anos de ligação à natação, tive vários treinadores, mas dois marcaram-me, por motivos e características distintas. Ao primeiro treinador, admirava a relação que estabelecia com os atletas, a sensibilidade e proximidade, reconhecendo-lhe competências na relação humana. O último, o que mais exigiu de mim, respeitava e admirava o domínio dos conteúdos, que eram inquestionáveis. No entanto, faltava-lhe dimensão humana, por se focar estritamente no rendimento dos atletas. Estes treinadores marcaram-me imenso e é neles que reflito a minha imagem enquanto treinador e professor.

Por um lado, aprendi a ter domínio do conteúdo e centrar a organização do processo de treino e de ensino-aprendizagem no rendimento dos atletas e nas aquisições dos alunos, por outro, a manter uma relação muito próxima dos

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alunos, conhecendo, ajudando e guiando-os para ultrapassarem as suas dificuldades. Mas aprendi também que tenho de mostrar preocupação genuína e estar disponível para apoiar os atletas e alunos, porque, acima de tudo, lido com pessoas que se estão a desenvolver física e psicologicamente. No fundo, tenho de conjugar o mundo do conhecimento e do rendimento com o contexto humano, na qual a minha atividade profissional se insere.

Para além dos treinadores, tive vários colegas e momentos que me marcaram na natação. Destaco os convívios em situação de estágio em Coimbra na piscina olímpica. Apesar dos treinos bi-diários, havia sempre disposição, à noite, para grandes momentos de convívio em equipa. Jogos de tabuleiro, ver filmes e jogar playstation eram exemplo das atividades realizadas em conjunto. Face às características da modalidade, durante os treinos não havia espaço para convívio e cada um estava preocupado com o seu trabalho. Nas competições presidiam os momentos de tensão e o saber lidar com a ansiedade e manter o foco na prova individual.

Outro momento que me marcou foi no ano letivo 2006/07, no 7º ano de escolaridade, onde tive o maior rendimento físico. Este foi um ano muito especial. Em particular, por ser aquele em que surgiu o sonho de ser professor de EF. Foi nesse ano que conheci o professor de EF que mais me marcou. Vi nele um exemplo a seguir, pela sua maneira de ser: exigente, mas com uma relação fantástica com todos os seus alunos, sentindo um carinho especial para comigo. Senti ser o seu aluno favorito pela proximidade e preocupação constantes. Ele tinha sido nadador, inclusive tinha nadado com o meu treinador, e por isso, acompanhou toda a minha época desportiva, o que me motivou, não só para as suas aulas, como também para a minha prática desportiva extracurricular na natação, no desporto escolar (o voleibol e o badmínton e, ainda, para as atividades como o mega sprint e o corta-mato). Nesta última modalidade fiquei em primeiro lugar na escola, tendo competido com o ano de escolaridade acima e ficado bem classificado, mais tarde, na competição regional.

Ainda nesse ano fui selecionado pelo professor e incumbido de representar a escola na Taça Luís Figo. A competição foi realizada na cidade do

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Porto com vários alunos do país que se juntaram para disputar torneios de diversas modalidades. Considero que este foi mais um momento especial promovido pela experiência desportiva, que me transmitiu autoconfiança por estar a representar a escola e por sentir que tinha “jeito” para o desporto, para as diferentes modalidades.

A oportunidade de formar uma banda surgiu ainda no 3.º ciclo. Apesar do desporto ser a minha paixão, sempre tive oportunidade de o complementar com outras atividades, sendo uma delas a música. Foi uma ideia que surgiu numa conversa entre amigos e cuja experiência deixou a sua marca, pois foi nesta altura que surgiu a necessidade de aprender a liderar, gerir um grupo e trabalhar em equipa, o que não foi tarefa fácil.

Surgiu inclusive o problema de “despedir” um elemento da banda por falta de qualidade técnica, tendo sido eu a desempenhar tão difícil missão, devido à grande amizade que nos unia. As solicitações à câmara municipal e à salas de espetáculos para realizar concertos, bem como a gestão monetária do aluguer de espaços, receitas e compras do material necessário, foram também tarefas de minha responsabilidade.

Aprendi que somos nós que temos de ir atrás das oportunidades e que é preciso trabalhar muito para conquistar a sorte. Mais ainda, foi uma experiência muito gratificante porque me colocou em situações de exposição perante enormes plateias onde tive de aprender a confrontar o público e a saber estar. Aprendi a gerir grandes momentos de muita ansiedade.

Assim, foi na conjugação de todas estas vivências que passei a sentir que este era o “meu mundo”. Todas estas experiências me fizeram ver que tinha aptidão física para praticar diferentes modalidades, que tinha gosto e paixão pelo desporto, e as pessoas que me foram surgindo na minha vida, motivaram-me e influenciaram incutindo-me a vontade de ser como elas, de ser professor e de fazer do desporto a minha vida. Desta forma, o volume de experiências e sucessos deste ano contribuíram em grande medida para as minhas decisões de formação superior e profissional. E assim, naturalmente, tomei a minha

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decisão de estar sempre ligado ao desporto. Estava decidido o caminho que queria seguir.

Quando cheguei ao secundário tive de escolher uma área curricular. Os meus pais desaconselharam-me a seguir o curso de desporto por acharem que escolher a área do desporto fugia às dificuldades que iria encontrar no curso de ciências e tecnologias. Por manter os meus horizontes abertos e poder mudar de opinião ao longo dos três anos de secundário, aceitei o desafio de frequentar o curso de ciências e tecnologias. Contudo, com tantas matérias de estudo novas, com tanta mudança, com maior pressão escolar, a minha paixão pelo desporto não desvaneceu. A EF continuava a ser a minha disciplina de eleição e mantive a minha assiduidade no desporto escolar.

No último ano do secundário, após mudar de escola, conheci, um professor de EF que me marcou pelo seu profissionalismo e devoção ao ensino. Mais um ídolo que facilitou a minha escolha formativa após a conclusão do secundário. Esse ano foi um ano difícil por várias razões: a preparação para os pré-requisitos, o ano da tomada de decisão para a opção que iria ditar o meu futuro, o confronto com a realidade de que no ano seguinte muitos colegas iriam seguir para outras cidades.

No que diz respeito à preparação para os pré-requisitos, tornou-se fundamental acrescentar que foi este professor que me ajudou e me motivou, pois não foi tão simples como julgava inicialmente, mas estava determinado e não seria isto que iria colocar um termo ao meu sonho.

Ajudou-me a preparar o esquema de ginástica para a prova de solo e o salto para a prova de cavalo e ainda, mostrou uma continua preocupação na preparação das outras componentes que iriam ser alvo da minha avaliação, nos pré-requisitos. Uma vez que também era professor da turma de desporto profissional, facultou-me o acesso a algumas disciplinas teóricas para me incutir o gosto pelas matérias que iriam ser abordadas no Curso de Desportono ensino superior.

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Desloquei-me à cidade do Porto para realizar os pré-requisitos. Não foi fácil ir para uma cidade tão próxima, mas que parecia tão distante da minha, para realizar as provas que podiam ditar o meu futuro.

Foi o sonho de ser um profissional do desporto que me fez trabalhar durante tantos anos e a estar preparado para ultrapassar este obstáculo. Contei com o apoio do meu irmão que estudava no Porto, para me orientar, chegando ainda a estar presente na prova que mais receio tinha: 1000m, em menos de três minutos e trinta segundos.

O meu irmão, um ano e três meses mais velho, foi quem sempre acompanhou de perto o meu desenvolvimento. Quem me deu a mão sempre que precisei, quem sonha tão alto como eu e tudo faz para ver cumpridos os meus sonhos. Acredita muito em mim e com ele sei que nunca caminharei sozinho. Mais que um irmão, é um amigo que me dá “asas”, que me faz acreditar que há sempre solução para tudo, ”voando” sempre ao meu lado.

Não posso deixar de falar também do meu irmão mais novo. Nasceu quando eu tinha 9 anos de idade. Foi essa diferença de idades que me proporcionou a oportunidade de o ver crescer e de o ajudar a crescer enquanto eu também crescia. Ele é um dos principais “culpados” por ter optado por esta via, porque foi com ele que percebi o jeito, o carinho e a paixão que tinha em lidar com crianças e jovens. Foi fantástico acompanhar o desenvolvimento dele e ajudá-lo sempre que necessário.

Quanto aos meus pais, eles tiveram um papel fundamental para que eu conseguisse chegar até aqui. Proporcionaram-me uma infância muito feliz, com muito apoio, mas ao mesmo tempo desafiadora, porque mesmo sem nunca me ter faltado nada, ensinaram-me que para vingarmos na vida é preciso muito suor e trabalho.

O facto da minha mãe ser professora permitiu-me ter noção da realidade da profissão. Conheci sempre os dois lados da moeda, tanto as dificuldades como o quão gratificante se pode tornar pelas relações que se estabelecem com

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os colegas, os alunos e ainda pelo acompanhamento do desenvolvimento destes.

O meu pai, também professor, com a sua própria escola de línguas, para além de me mostrar a beleza da profissão mostrou-me que não há limites nem “horizontes” e que devemos lutar pelos nossos sonhos.

Para esta nova etapa da minha vida, deixei então a minha cidade de origem e rumei até à cidade do Porto. Uma vez que ia para uma cidade do litoral e que sempre quis fazer surf e ia ter a oportunidade de o praticar regularmente, foi nesse verão que aprendi a fazer surf sozinho.

Para mim, uma experiência desafiante e mais um marco na minha vida, pelo facto de ter sido autodidata, por ter ultrapassado uma barreira sozinho, que me deu confiança para enfrentar esta mudança na vida.

Lembro-me que na altura estava ansioso para dar esse próximo passo e passar pela experiência de aprender a ser independente. Agora reconheço que apesar de ter escolhido a cidade do Porto, isso mexeu muito comigo pelo facto de estar “longe” da minha família e de ter de me afastar de grande parte dos meus amigos. Para além de ter de aprender a viver sozinho, tive de aprender a viver numa cidade diferente, pelo que, mais uma vez, foi muito importante ter o meu irmão mais velho para me orientar. Não foi tão fácil como pensei que seria, mas de certa forma, esta experiência ajudou-me muito a crescer.

Já a frequentar o Curso de Desporto, tive o choque com a realidade. Questionei-me se seria isto que realmente queria. Estava a concretizar o meu sonho, mas não tinha a noção de que o curso ia ser assim.

Para além da carga emocional, surgiu uma carga física muito elevada, para a qual não me sentia preparado. A maior dificuldade no primeiro ano deu-se nas provas de atletismo. Devido à minha estatura, tive várias dificuldades nos saltos em altura, salto em comprimento e triplo salto. Com alguma preparação, consegui passar no salto em comprimento e triplo salto na época normal. No entanto, foi no salto em altura que encontrei a minha maior barreira. Mas estava

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determinado que iria conseguir. Depois de muitas horas de treino e visualização de muitos vídeos, consegui aproveitamento na época de recurso.

Mais uma vez, provei a mim mesmo que com esforço e dedicação, consigo superar as provas mais difíceis e arranjar motivação para continuar o meu percurso, agora mais ciente das minhas capacidades de superação.

Uma vez que tinha sido nadador, a natação era a unidade curricular que mais me fazia sentir à vontade. Tive dificuldade em treinar sozinho, até surgir a oportunidade de treinar com um professor, uma vez por semana. Este treino serviu de preparação para a participação no Campeonato Nacional Universitário.

A experiência proporcionada por este professor veio a tornar-se muito importante, porque me orientou durante o primeiro ano e me foi aconselhando para o meu futuro. No segundo ano tive de escolher a área de especialização de Metodologia do Treino. Fui aconselhado a falar com colegas mais velhos para tentar perceber qual seria a melhor opção para mim.

Através do meu irmão mais novo, mantive um contacto próximo com o clube de natação que tinha representado. O clube pediu-me para acompanhar equipas e arbitrar algumas provas e, uma vez no balneário, um aluno chamou-me de professor. Esse mochamou-mento marcou-chamou-me muito por ter sido a prichamou-meira vez que me tinham tratado dessa forma. Com estas experiências, se tivesse que optar naquele momento, optaria pela metodologia de treino de natação.

Contudo em conversa com colegas de outros anos, alguns do terceiro ano da licenciatura, desaconselharam-me seguir a área da natação e mostraram-me que compensava ir para a metodologia de treino de futebol uma vez que ficávamos com equivalência ao nível 1 de treinador e com a componente geral e específica do nível 2 de treinador, situação que mesmo por fora da faculdade tinha custos elevados e que não tinha tanto prestígio.

Outro fator que tive em conta foi o facto da modalidade de futebol ser considerada como o “desporto rei”, em Portugal, e que o número de participantes desta modalidade é incomparável com a modalidade da natação.

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Uma vez que tinha uma paixão enorme pelo futebol desde criança e como não tinha nada no currículo relacionado com esta modalidade, decidi aproveitar a oportunidade de ter um maior contacto com a modalidade integrando a “Gondofute” (Academia de Treinos do Gondomar Sport Clube).

Foi na “Gondofute” que tive o meu primeiro contacto com a modalidade, enquanto treinador. Comecei como treinador adjunto, apenas a auxiliar treinos no escalão de sub 8. Com a saída de um treinador, passei para o escalão de sub 7 onde conheci outro treinador que me marcou no domínio do conhecimento e na capacidade de liderança.

Fiquei responsável pelo escalão de sub 5, orientado por este treinador que referenciei. Neste âmbito, tive a primeira experiência de planear treinos e de dar treinos sozinho.

Percebi que um treinador é inevitavelmente um professor e consolidei o que no fundo já sabia: o jeito que tinha em lidar com crianças e o gosto que me dava em ajudá-las na sua aprendizagem e crescimento.

Esta experiência foi de tal maneira gratificante que ditou a minha escolha pela área a seguir na Metodologia de Treino de Futebol, já nem considerando outras opções, mas também consolidou a minha vontade de ser professor. Ainda nesse ano regressei ao escalão de benjamins onde tinha começado.

No ano seguinte, realizei o estágio com esta equipa, em contexto competitivo, tendo estabelecido uma enorme ligação com cada atleta e diretores. Foi um ano muito rico que deu para conhecer melhor a realidade do clube e o contexto onde estava inserido e entrei verdadeiramente no mundo do futebol.

Aprendi a ajustar-me perante a falta de condições espaciais e materiais que existiam e isso preparou-me de certa forma para o meu contexto atual enquanto professor, uma vez que nem sempre tive as melhores condições, os materiais necessários nem o espaço que pretendia para realizar as atividades que tinha planeado. Considero agora que foi importante ter passado por estas adversidades. Foi experiência muito rica e gratificante que contribuiu em grande

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parte para a minha forma de ser e estar enquanto professor, no sentido de organizar espaços e treinos, disciplinar, liderar e motivar o grupo, o que posteriormente me foi muito útil no EP.

Neste ano, assumi ainda a função de treinador da equipa masculina de futsal da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Aqui reforcei a minha capacidade de liderança uma vez que tive de aprender a lidar e liderar pessoas mais velhas que eu. Era extremamente importante que não notassem falta de domínio do conhecimento específico da modalidade em questão, ter um sentido de justiça apurado para justificar aos atletas que ficavam de fora nas convocatórias, conseguir motivá-los para o meu modelo de jogo, entre outros desafios que fui superando.

Após ter terminado a licenciatura, sabia que não ia ficar por aqui. Sempre tive o sonho de ser professor e precisava de seguir este trajeto para o concretizar. E assim surgiu a próxima escolha formativa: o mestrado em ensino de EF.

Nesta fase, tive de optar por me focar apenas no mestrado ou continuar no mundo do futebol, o que me iria permitir ganhar mais experiência e desenvolver competências que no ano seguinte iriam ser ferramentas uteis para o ano de estágio.

Depois de muita ponderação, decidi aceitar um projeto com o treinador que tinha conhecido no “Gondofute”, agora na Academia do Boavista Futebol Clube, com o escalão de sub 11.

O facto desse meu colega, para além de treinador ser professor de EF, foi algo que me cativou a aceitar este projeto porque sabia que ia aprender imenso com ele e assim foi.

Com esta equipa, vencemos quatro torneios e ainda o campeonato da divisão de honra. Importa realçar que as relações estabelecidas com o meu colega, com o diretor da equipa e com cada atleta que deixaram uma grande marca. Foi uma experiência muito rica, um ano de muita aprendizagem e de

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muito sucesso que me deu autoconfiança e possibilitou aprender e desenvolver muitas competências.

Em cada treino havia a preocupação de minimizar o tempo despendido nas transições entre exercícios, utilizando técnicas de organização como a disposição de um exercício já a pensar no seguinte, aproveitando alguma da sinalização e do espaço. Havia ainda a preocupação de rentabilizar o tempo de empenhamento motor promovendo tarefas entre os exercícios, reduzindo o tempo de espera ou o tamanho das filas. Também em contexto de aula e agora enquanto professor, fiz esta gestão do tempo. Para além disso, utilizei o que aprendi nas questões relacionadas com a comunicação, quer na instrução dos exercícios quer pela quantidade, qualidade, pertinência e tipo de feedback. Daí a importância de ter passado por estas experiências, com as “pessoas certas” ao meu lado, que me ensinaram e ajudaram a estar melhor preparado para o EP. Todos estes ensinamentos, tão pertinentes para a profissão, foram aplicados mais tarde, enquanto professor de EF nas diferentes vertentes: nas aulas práticas mas também nas teóricas com a turma partilhada.

Todo o trabalho de preparação e da prática do treino preparou-me para o ano de estágio. Igualmente importante foram todas as aprendizagens específicas do primeiro ano de mestrado que me dotaram com ferramentas tão úteis, como as unidades didáticas (UD), que me permitiram estar mais preparado para enfrentar a próxima etapa. De todas as unidades curriculares, destaco a Didática Geral do Desporto por tratar de assuntos com elevada transferibilidade para o ano de estágio. Destaco ainda os estudos práticos de Badminton, uma vez que lecionei esta modalidade e todas as didáticas específicas que nos ensinaram de modo a identificar o nível da turma e, a partir daí, lecionar a modalidade. Assim, de todas as unidades curriculares, interessaram-me mais aquelas onde foi possível estar no terreno, em contacto com alunos, como a unidade de ginástica e de dança uma vez que fomos dar aulas a escolas com parceria com a faculdade. Foram experiências muito importantes que me deixaram melhor preparado e com imensa vontade de começar logo o ano de estágio.

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No Verão, surgiu a oportunidade de dar aulas de surf numa escola de Vila do Conde e realizar mais uma experiência diferente, com um grande sentido de responsabilidade, e ensinando várias habilidades técnicas difíceis, em tão pouco tempo. Para além disso havia o fator da relação que se estabelecia com as pessoas, uma vez que era preciso manter uma certa disciplina com os alunos de forma a garantir a sua segurança. A responsabilidade era muito grande, sendo necessário manter a pacificidade característica da modalidade e conjugar estes dois fatores da melhor forma. Como o tempo era escasso, tive de adotar algumas estratégias e percebi que era extremamente importante que houvesse exercitação fora de água e demonstração dentro de água, bem como o feedback por cada tentativa. Foi extremamente gratificante cada vez que cada aluno era capaz de se colocar de pé na prancha.

Aproveitei ainda o verão para trabalhar na Decathlon de Matosinhos, na secção da água, a secção mais movimentada nesta altura do ano. Esta experiência permitiu-me o primeiro contacto com o mundo de trabalho bem como o desenvolvimento de competências: o trabalho em equipa com as pessoas da secção, a definição de prioridades e ordem de trabalhos, a definição de objetivos e ainda, a capacidade de orientar as pessoas na escolha dos produtos que tínhamos para oferecer.

O facto de estar a dar aulas de surf facilitou o aconselhamento que dei aos clientes, aumentando a minha credibilidade, como também na atuação enquanto professor. Se não tiver domínio do conhecimento não tenho credibilidade e não consigo convencer nem cativar os meus alunos para a realização das atividades propostas. Esta relação com os clientes fez-me ganhar competências pessoais que são também importantes na relação que estabeleço com os meus alunos. Ainda, permitiu-me manter um ritmo de trabalho muito elevado, o que facilitou ter maior predisposição para começar o meu estágio.

Após isto, iniciou-se a minha nova época no Boavista Futebol Clube, agora com as equipas de sub 8, sub 11 e sub 17 onde realizei o estágio de nível 2 de treinador. Estando a lidar com uma diversidade grande de idades, senti-me

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melhor preparado e confiante para lidar com qualquer que fosse a idade dos alunos da minha turma residente.

2.2. Expectativas

O EP simboliza o término do meu percurso académico e o encerrar de um capítulo da minha história: o concretizar de um sonho. A longa e árdua jornada que me conduziu até aqui faz-me encarar este último desafio com expetativas elevadas e com vontade de escrever um final feliz.

No âmbito profissional tencionei aplicar todos os conhecimentos teórico-práticos adquiridos até ao momento na minha formação académica, desenvolver saberes, métodos e práticas que auxiliem a minha intervenção e incrementem o meu currículo, preparando-me para as circunstâncias da vida profissional. Este será um processo contínuo que se iniciou na primeira aula, mas que nunca termina.

Na relação com os meus alunos pretendi desenvolver um trabalho cooperativo com busca da obtenção de um objetivo comum: aprender. No entanto, esta cooperação teve de ser pautada pelo respeito, justiça e equidade, através de uma gestão eficaz do dualismo distância/aproximação. Devemos sempre primar por uma proximidade que permita a criação de uma empatia, entusiasmo e de um clima de aprendizagem positivo e contagiante, que nunca revogue o respeito e a autoridade.

Com os meus colegas do núcleo de estágio pretendi criar uma relação de honestidade, cooperação, entreajuda e partilha de conhecimentos, experiências, perspetivas e opiniões, capazes de despoletar um clima de superação e sucesso coletivo e individual.

Relativamente à PC, pretendi que demonstrasse, acima de tudo, competência profissionalismo, exigência, honestidade, frontalidade, sentido crítico, vocação e gosto pela docência. Que partilhasse opiniões, saberes,

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conceções e estratégias, relevando experiência e conhecimento. Pretendo também que o PC, me coloque desafios, de forma a estimular a minha criatividade, invocar determinação e empenho na procura de respostas e soluções na prática profissional.

No que concerne à PO aspirei que demonstrasse os mesmos valores de sinceridade e transparência supracitados na PC. Prontidão na resposta às minhas dúvidas e incertezas, acompanhamento contínuo do meu trabalho e desempenho no EP, assim como na elaboração do meu relatório de estágio. E acima de tudo, que contribua para a minha experiência e aprendizagem, aconselhando-me sempre da melhor forma possível na sua área de formação profissional ou noutras áreas.

No que respeita ao grupo de EF e restante comunidade escolar, desejo que me receba de forma aberta e equitativa, ouvindo e conversando sobre as minhas ideias/opiniões e encarando as minhas inseguranças e dúvidas como decurso normal da inexperiência de professor estagiário. Espero também apresentar novas propostas de atividades, como por exemplo a realização de um sarau anual de dança e ginástica, e participar ativamente em todas as outras do plano anual de atividades. Neste sentido, será fulcral encontrar o equilíbrio e absorver todo o conhecimento e experiência que os outros professores têm para me transmitir.

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3.1. Enquadramento legislativo e regulamentar do Estágio

Profissional

De acordo com Paixão e Jorge (2014) o Estágio ocupa um tempo privilegiado na formação dos professores. É nele que se desenvolvem as competências associadas à profissão docente. Deste modo, o estágio na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) suporta-se na convergência de vários requisitos, legais e institucionais (Mesquita & Bento, 2014).

O EP no Mestrado em Ensino de EF nos Ensinos Básico e Secundário na FADEUP é uma unidade curricular do 2º ano do Ciclo de Estudos. A sua organização incorpora o espírito do ordenamento jurídico da formação de professores do ensino básico e secundário. Neste sentido, no Decreto-Lei nº 240/2001 de 30 de agosto, são definidas as exigências na formação inicial tendo em conta as dimensões profissionais, social e ética. O Decreto-Lei nº79/2014 de maio coloca o grau de mestre como habilitação mínima para a docência.

Segundo Matos (2013, p. 3) 2, “O EP visa a integração no exercício da

vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão.”

O EP desenvolveu-se ao longo do ano letivo, supervisionado pela orientadora, docente da FADEUP, e pela professora cooperante, que assumiram um papel decisivo no acompanhamento do núcleo de estágio, constituído por três estudantes estagiários.

Acrescento que, a realização deste EP foi possível devido a um protocolo pré-existente entre a faculdade e a instituição acolhedora, designada de escola

2 In Normas Orientadoras da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP: 2016/2017. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

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cooperante (EC), e entre a faculdade e a professora cooperante, uma professora de EF mais experiente, a quem a faculdade lhe reconhece competências para acolher e acompanhar os estudantes estagiários.

A tríade composta, pela professora cooperante responsável pelo acompanhamento e cumprimento de todos os objetivos propostos, pela professora orientadora responsável pelo supervisionamento de todo o processo e pelo professor estagiário responsável por operacionalizar esse mesmo processo, tinham como objetivo geral do EP a integração do estudante estagiário no “exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionado em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo capaz de responder aos desafios e exigências da profissão”.3

Assim, enquanto estudante estagiário, foi da minha competência, a responsabilidade de conduzir o processo de ensino-aprendizagem numa turma residente e outra turma partilhada, do ensino secundário, e ainda outra do ensino básico, relatando e refletindo acerca de todo o processo, inserido no relatório de estágio que será defendido perante um júri em provas públicas (Matos, 2015). Depois da aprovação ficarei habilitado à profissionalização da docência, uma vez que este ano surge como “o culminar de um processo de formação que possibilita o domínio das competências que a profissão docente solicita, promovendo a formação da própria profissão, especificamente, de professor de educação física” (Cunha, 2012).

Em suma, o EP na FADEUP suporta-se na convergência de vários requisitos legais, institucionais e funcionais (Batista & Pereira, 2014). Para tal, os mesmos autores, propuseram três áreas de desempenho:

3 In Normas Orientadoras da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da FADEUP: 2016/2017. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

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• Área 1 – Organização e gestão do ensino e aprendizagem – engloba as tarefas de conceção, planeamento, realização e avaliação, no qual o estudante estagiário tem de levar a cabo um processo de ensino-aprendizagem no âmbito da educação física. • Área 2 – Participação na escola e relação com a comunidade –

abrange as atividades não letivas nas quais o estudante estagiário deve estar envolvido promovendo o seu envolvimento na escola e possibilitando experiências educativas aos seus alunos.

• Área 3 – Desenvolvimento profissional – partindo das vivências ao longo do ano letivo o estudante estagiário deve desenvolver a sua competência profissional assumindo uma atitude reflexiva.

A atualização constante e a procura de conhecimentos devem fazer parte do dia-a-dia de um professor, de forma a transmitir os conhecimentos adquiridos com coerência.

O presente ano é sucedido por quatro de muita aprendizagem, no qual tive a oportunidade de mobilizar para a prática todos conhecimentos que adquiri numa formação anterior. Desenvolvi a minha personalidade enquanto docente de EF, tentando sempre promover um ensino de qualidade, sabendo que um professor não é um simples transmissor de conhecimentos.

3.2- Enquadramento Funcional

A escola tem como um dos principais pressupostos a formação do cidadão na sua globalidade de forma a ser inserido na sociedade em que vive. Ali as relações pessoais e interpessoais são privilegiadas e onde estão presentes influências internas e externas. Deve zelar pela formação pessoal, intelectual, cultural, social, e física de todas as crianças e jovens considerando as dificuldades de cada um, para garantir a todos os alunos a melhor experiência de aprendizagem.

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Segundo Farias (2015), a vida organizacional da escola não deve ser vista de forma mecânica, pelo que todos devem participar no processo educativo, constituindo-se como a espinha dorsal da educação formal, que se diferencia da informal exatamente pela sua intencionalidade, ou seja, por se organizar com base em certas diretrizes.

A escola constitui-se como uma instituição hierárquica, que deve educar para a vida e, por sua vez, para o mundo dos valores. Os profissionais que dela fazem parte, embora estejam preparados para o domínio das disciplinas, devem desenvolver nos jovens a educação e os valores (Guerra, 2002).

Enquanto EC, esta emerge como um elemento importante no processo de construção da identidade do estudante estagiário (Batista, Graça, & Queirós, 2014). Esta deve permitir o envolvimento do estagiário para que este se envolva na comunidade educativa e não seja um mero espetador neste processo.

3.2.1. O papel do estágio na formação inicial dos professores

O EP afigura-se como a última etapa da minha formação e, ao mesmo tempo, o período transitório que serve de ponte à passagem do mundo académico para o mercado de trabalho. Com efeito, e por definição, é o que o estágio significa.

Como refere Batista et al. (2014), no EP, devido a todas inseguranças, a cooperação e o trabalho de grupo são fundamentais; a relação com o professor cooperante é fulcral, assim como com o núcleo de estágio. Para além destes, o grupo de EF é também uma referência para o estagiário, através da comunicação com os integrantes e com a observação das suas aulas: os seus membros, aos olhos dos estagiários revelam ser agentes mediadores significativos nos processos de integração na escola e nos processos de aprendizagem.

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O ano de EP é um ano repleto de objetivos e sonhos. Contudo, a aprendizagem e a obtenção de experiência através dos momentos de contacto com a comunidade escolar proporcionam, ao mesmo tempo, um ensino de qualidade assente numa boa relação social estabelecida com a comunidade balizando todo o nosso caminho. Tal como afirma Gori (2001), o estágio é um importante elemento na preparação profissional e formação de professores ao articular a teoria e a prática sendo, por este motivo, uma referência para a prática docente após a conclusão da graduação.

Este é o momento em que o estudante tem um outro olhar sobre a profissão e efetivamente ocorre uma mudança de papéis. Surgem todas as dificuldades inerentes à profissão e não apenas a preocupação em ter consolidados todos os conhecimentos teóricos.

O estágio assume um papel decisivo na formação do estudante estagiário, sendo um meio privilegiado de contacto com a profissão. Embora ao longo do ano existisse um acompanhamento próximo do professor cooperante, senti a responsabilidade da profissão.

Como refere Batista et al. (2014), importa valorizar o saber experiencial e desenvolver as competências funcionais em estreita articulação com as do conhecimento. Os referidos autores afirmam ainda que o estágio permite “dotar os futuros profissionais não apenas de conhecimentos e habilidades mas, fundamentalmente, de capacidade de mobilizar os conhecimentos e habilidades face às situações concretas com que se vão deparar”.

A oportunidade de estagiar surge como um momento fulcral na minha envolvência com a comunidade escolar e de entender a realidade que vai muito além da simples transmissão de saberes. Bento (2003), explica que “o ato de ensinar engloba muito mais do que transmitir conhecimentos aos alunos acerca de determinada modalidade”. Ensinar implica uma formação e evolução no desenvolvimento do aluno como ser humano e como pessoa. Completa ainda esta ideia ao referir que, “o ensino não é simplesmente a transmissão de conhecimentos e apropriação simples da matéria programática; é determinante

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para o desenvolvimento da personalidade dos alunos, dado que contém em si as bases para o seu comportamento moral, forja o seu pensamento, influencia enormemente a sua vontade, os seus sentimentos e atuação, e a sua disponibilidade para o empenhamento nas tarefas do dia-a-dia”.

Segundo a literatura é no EP que o estudante estagiário conhece os contornos da profissão tornando-se, pouco a pouco, um membro da comunidade educativa. O EP é um momento de excelência de formação e reflexão por ser uma etapa de convergência e de confrontação entre os saberes “teóricos” da formação inicial e os saberes “práticos” da experiência profissional e da realidade social do ensino. É durante o EP que o estudante estagiário vai construindo a sua identidade profissional de professor, através do confronto sistemático e aprofundado sobre as vivências dos estudantes em contexto real de ensino e através da construção individual e simultaneamente social do conhecimento, advinda de experiências próprias, mas também das experiências proporcionadas pelos detentores dos “saberes da prática” (Rodrigues e Ferreira, 1997).

Posso então considerar que perspetivo o EP como a entrada do estudante estagiário na carreira de professor. É nestes primeiros anos, nestas primeiras experiências de “choque com a realidade” que os professores começam a solidificar o seu “eu profissional” e a construir a sua identidade.

Durante o primeiro ano de mestrado, ouvimos relatos de estudantes estagiários acerca das dificuldades que nos esperavam, tínhamos noção disso, mas quando chega o momento existe sempre muito mais do que realmente esperávamos (Veenman, 1984).

Batista (2014), refere que relativamente ao que mais marca os estudantes estagiários são as tarefas inerentes ao processo de ensino-aprendizagem. Também Cunha (2008) explica que é uma etapa de “choque” com a realidade da escola, do confronto entre a formação teórica recebida e a prática educativa.

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- 31 - 3.2.2. A Escola Cooperante

A EC é uma escola secundária pública localizada numa freguesia do Porto, que recebe alunos de variadas localidades, devido à facilidade de acessos e aos inúmeros cursos profissionais de que dispõe, sendo frequentada por uma população estudantil heterogénea. A parceria com o Futebol Clube do Porto permite ainda receber alunos de diferentes partes do país e do mundo.

Esta diversidade transforma-a num espaço multicultural, permitindo a toda a comunidade educativa o contacto com diferentes realidades e promovendo o espírito de escola inclusiva. Inspirada no verso “Semeando Estrelas e Plantando

Luas” de um dos poemas de António Nobre, é o lema que espelha a atmosfera

de toda a comunidade escolar.

Concebida segundo uma filosofia de “escola aberta”, inovadora na época, a EC é composta por quatro blocos, ligados por alpendres que permitem um permanente contacto com o exterior.

Debruço-me sobre os espaços que a mim mais diziam respeito, os espaços que contemplam as áreas destinadas à lecionação da “minha” disciplina. Destes sobressaiam dois campos exteriores com grandes dimensões que, sempre que as condições atmosféricas o permitiam, eram o meu espaço de eleição. No entanto, foi no pavilhão, que se encontra entre esses campos, que vivenciei grande parte do meu ano curricular. Este pavilhão está preparado para ser dividido em três, o que, apesar de ficarem espaços reduzidos para cada turma, torna exequível a lecionação em simultâneo de três turmas.

Neste pavilhão encontra-se uma sala onde fica guardado todo o material destinado às aulas de EF e ao Desporto Escolar. Os recursos materiais eram limitados, pelo que, quando estavam duas turmas a abordar a mesma modalidade em simultâneo, não havia material suficiente. O material disponível nem sempre reunia as condições mínimas, por exemplo, os volantes de badminton estavam de tal forma danificados que resolvi comprar uns que acabei por oferecer à escola.

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- 32 - 3.2.3. O 10º ano - A turma residente

Em reunião com a professora cooperante e com os meus colegas estagiários escolhemos a turma com a qual queríamos trabalhar. Foi-me alocada uma turma do 10º ano de escolaridade do curso de Línguas e Humanidades. Fiquei a saber que esta era uma turma diferente, com a qual me identifiquei, devido ao facto de ter 5 atletas do Futebol Clube do Porto.

A turma era composta no início do ano letivo por 22 alunos, 11 dos quais são do sexo feminino e 11 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos.

O meu primeiro contacto com a turma foi na aula de apresentação. Estava bastante ansioso. Achei que era muito importante criar uma boa primeira impressão para cativar desde logo a turma para as minhas aulas.

O facto de ter cinco jogadores de futebol deixou-me bastante nervoso, porque pensei que, como sou treinador, eles iriam confrontar-me com o aprofundamento do conhecimento do conteúdo. No entanto, tal receio não se verificou e estabeleci uma relação muito rica com esse grupo de alunos, vindo inclusive a observar alguns jogos deles.

Na aula de apresentação foi recolhida informação pertinente através da administração de uma ficha biográfica. Feita a análise exaustiva da mesma, saliento o facto de a turma ser muito heterogénea quer pela diversidade de modalidades que praticam: futebol, dança, atletismo, andebol, natação e outros que frequentam ginásio; quer pelo facto de oito alunos não praticarem qualquer tipo de desporto fora da escola.

Tudo isto espelha também a heterogeneidade da motivação dos alunos para a prática e a predisposição motora, pelo que nas modalidades coletivas o trabalho por níveis de desempenho foi a melhor estratégia.

Referências

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