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Escola de Saúde Pública: apoio integrado para implantação e expansão de Programas de Residência em Saúde no estado da Bahia

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Academic year: 2021

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RESUMO Este relato de experiência pretendeu destacar o papel da Superintendência de Recursos Humanos da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, por meio da sua Escola de Saúde Pública, no ordenamento e regulação da formação em serviço e desenvolvimento pro-fissional e sua relação com a transformação das práticas de atenção à saúde, por meio da es-tratégia de apoio integrado desenvolvido pelo seu Núcleo de Residências em Saúde. Nessa perspectiva, foi apresentado um panorama atual das Residências em Saúde na Bahia, com ênfase na responsabilidade gestora da Escola de Saúde Pública na qualificação dos processos formativos no âmbito do Sistema Único de Saúde Bahia.

PALAVRAS-CHAVE Gestão em saúde. Internato e Residência. Internato não médico. Apoio integrado.

ABSTRACT This experience report intends to highlight the role of the Superintendency of Human Resources of the State Health Department of Bahia, through its School of Public Health in the organization and regulation of in-service training and professional development and its relation with the transformation of health care, through the integrated support strategy developed by its Health Residencies Center. From this perspective, a current scenery of the Health Residencies in Bahia is presented, with emphasis on the responsibility of School of Public Health in the qualifi-cation of the training processes within the Unified Health System Bahia.

KEYWORDS Health management. Internship and Residency. Internship, nonmedical. Integrated support.

Escola de Saúde Pública: apoio integrado

para implantação e expansão de Programas

de Residência em Saúde no estado da Bahia

School of Public Health: integrated support for the implantation and

expansion of Health Residency Programs in the State of Bahia

Marcele Carneiro Paim1, Derbeth Silva do Carmo2

1 Secretaria da Saúde do

Estado da Bahia (Sesab), Superintendência de Recursos Humanos (SUPERH), Escola de Saúde Pública da Bahia Professor Jorge Novis (ESPBA) – Salvador (BA), Brasil.

marcele.paim@saude. ba.gov.br

2 Secretaria da Saúde do

Estado da Bahia (Sesab), Superintendência de Recursos Humanos (SUPERH), Escola de Saúde Pública da Bahia Professor Jorge Novis (ESPBA) – Salvador (BA), Brasil.

deberthcarmo@yahoo. com.br

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Introdução

No Brasil, o ordenamento da formação de re-cursos humanos em saúde é um dos preceitos da Constituição Federal de 1988 que esta-belece a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Por conseguinte, os serviços públicos que integram esse sistema se constituem como campos de prática para ensino e pesqui-sa1. Todavia, essa execução nos estados ainda consiste em desafio para a gestão.

Os Programas de Residência (médica e em área profissional de saúde) são pós-gradua-ções lato sensu (especializapós-gradua-ções) para profis-sionais da área da saúde caracterizadas por educação em serviço. Essa modalidade for-mativa, portanto, exige uma ação articulada nos diferentes níveis de atenção à saúde, bem como entre os sistemas de saúde e educação. A formação de especialistas vem promovendo mudanças nos serviços de saúde, na qualida-de da assistência e qualida-demanda organização qualida-de processos de educação na saúde2.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), por intermédio da Superintendência de Recursos Humanos (SUPERH), por meio da Escola Estadual de Saúde Pública Professor Francisco de Magalhães Netto (EESP), atu-almente Escola de Saúde Pública da Bahia Professor Jorge Novis (ESPBA), é cogestora dos Programas de Residências em Saúde caracteri-zados como formação em serviço, em articu-lação com a Comissão Estadual de Residência Médica (Cerem-BA) e com a Comissão Estadual de Residência Multiprofissional e em Área Profissional de Saúde (Ceremaps-BA).

Nessa perspectiva, a equipe do Núcleo de Residências em Saúde (Nures) da ESPBA vem desenvolvendo ações cotidianas tais como apoio à criação e ao credenciamento de novos Programas de Residência em Saúde; coordena-ção pedagógica de Programas de Residência; gerenciamento do financiamento das bolsas Sesab dos residentes em saúde; regulação dos campos de práticas de formação em serviço a serem desenvolvidos nos estabelecimentos de saúde da Rede Própria/Sesab sob gestão direta

e indireta; qualificação de preceptores, tutores e secretárias dos programas; participação nos espaços de gestão de programas como Mais Médicos (PMM) e Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), bem como a condução de grupo de trabalho com as Instituições de Ensino Superior (IES) públicas do estado para potencializar a integração edu-cação e trabalho em saúde nas unidades da rede como campo de prática de forma regionalizada.

Enquanto instituição formadora, a Escola de Saúde Pública é responsável pelo Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade (PRMFC) e pelo Programa Estadual de Residência Multiprofissional Regionalizado em Saúde da Família (Permusf ), ambos contemplados com bolsas de financia-mento federal. O PRMFC é credenciado pela Comissão Nacional de Residência Médica do Ministério da Educação (CNRM/MEC) desde 2010 e realizado em parceria com instituições de ensino, serviços de saúde e municípios. Já o Permusf é credenciado pela Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS/MEC) desde 2014 e articu-lado ao Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde (Cosems-BA) com ex-periências de inserção dos residentes nos municípios baianos de Alagoinhas, Araçás, Baixa Grande, Barreiras, Coribe, Guanambi, Ilhéus, Itabuna, Itajuípe, Jacobina, Juazeiro, Presidente Tancredo Neves, Salvador, Santo Antônio de Jesus, São Felipe, São Francisco do Conde, São Gonçalo dos Campos, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista.

A criação de novos programas, ampliação de vagas e concessão de bolsas de Residência, con-siderando as necessidades de saúde locorregio-nais e as regiões com maior vulnerabilidade, são um investimento essencial para responder às demandas e contribuir para uma melhor dis-tribuição geográfica de profissionais no estado, priorizando áreas com carência assistencial e de formação para o SUS. Nesse sentido, a inte-riorização, a descentralização e regionalização dos Programas de Residência em Saúde e de formação de preceptores se constitui política

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pública estratégica para formação e provimen-to de profissionais para o SUS no estado e como potencial de fixação do residente na região onde ele realiza essa formação especializada.

Tem-se, portanto, uma relevante demanda de qualificação da formação em saúde que reforça a importância de fortalecer e legitimar o papel do Estado enquanto agente ordena-dor e regulaordena-dor desse processo. Este relato de experiência pretende destacar o papel da SUPERH, por meio da ESPBA, no ordena-mento e regulação da formação em serviço e desenvolvimento profissional e sua relação com a transformação das práticas de atenção à saúde, por meio da estratégia de apoio in-tegrado desenvolvido pelo seu Nures. Nessa perspectiva, será apresentado um panorama atual das Residências em Saúde na Bahia, com ênfase na responsabilidade gestora dessa Escola de Saúde Pública na qualificação dos processos formativos no âmbito do SUS Bahia.

Alguns marcos históricos e

político-institucionais das

Residências em Saúde na

Bahia

No início da década de 1960, o Hospital Universitário Professor Edgar Santos intro-duziu a Residência Médica na Bahia, com a implantação dos programas de Clínica Médica, Cirurgia e Pediatria. Na década de 1970, foi im-plantado o programa de Cirurgia de Urgência do Hospital Getúlio Vargas e, em 1981, no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS). Começa assim a Residência Médica da Sesab, criada pela Portaria nº 235/81, de maio de 1981, do então Instituto de Saúde da Bahia (Iseb). Até 1984, o Iseb contava apenas com sete Programas de Residência Médica (PRM)3.

Na década de 1990, houve uma intensifi-cação e ampliação dos PRM em hospitais de ensino existentes. É importante ressaltar que ocorreu o processo de interiorização de alguns programas nas áreas básicas, já nesse período,

para atender à formação de recursos humanos no interior do estado. No ano de 1999, a Bahia já contava com 28 PRM distribuídos pelos hospitais existentes3.

Com a criação da EESP, em 2002, a Sesab passou a contar com uma unidade escolar voltada para qualificação de profissionais de nível universitário em sua administração direta, possibilitando uma melhor organização dos processos educativos dedicados a esse público, incluindo a gestão das Residências em Saúde. Observa-se, a partir de 2007, um incremento nos processos de execução, avaliação e redi-mensionamento dos PRM, Multiprofissional e em Área Profissional de Saúde, oferecidos pela rede própria da Sesab ou financiados com recursos do Tesouro Estadual, no sentido de ampliar os espaços de formação dos resi-dentes, viabilizar estágios na gestão e serviço, bem como organizar a oferta e articulação dos programas de Residência para atender às necessidades de formação de acordo com os princípios do SUS.

No ano de 2007, em consonância com o movimento no âmbito nacional de novas di-retrizes e estratégias para implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), cabe destacar o processo de elaboração coletiva da Política de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (PGTES) na Bahia. Com a primeira versão publicada em 2008, a Sesab assume o papel de ordenamen-to da formação dos trabalhadores e na trans-formação das práticas de atenção à saúde por meio da gestão do trabalho4. Mediante a im-plementação da PGETS, buscou-se a conso-lidação de espaços e estratégias de regulação e qualificação desse processo educativo para o desenvolvimento do SUS5.

Os gráficos a seguir ilustram a evolução do investimento na formação de profissionais qua-lificados por meio da Residência Médica, ao longo da última década, a partir da imple-mentação da PGETS. O gráfico 1 evidencia a ampliação de vagas no estado, já o gráfico 2, o crescimento do número de bolsas financia-das pela Sesab.

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395 459 518 542 543 585 681 731 742 790 00 100 200 300 400 500 600 700 800 900

Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010 Ano 2011 Ano 2012 Ano 2013 Ano 2014 Ano 2015 Ano 2016 Ano 2017

Vagas Vagas Vagas Vagas Vagas Vagas Vagas Vagas Vagas Vagas

Oferecidas Oferecidas Oferecidas Oferecidas Oferecidas Oferecidas Oferecidas Oferecidas Oferecidas Oferecidas

No que tange às Residências em área fissional de saúde, destaca-se, em 1997, a pro-posta de criação do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família

realizada pela Sesab em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), por meio do seu Instituto de Saúde Coletiva (ISC). Tratava-se de uma das atividades Gráfico 1. Evolução do número de vagas de Residência Médica na Bahia, 2008-2017

Fonte: Sesab8.

Gráfico 2. Residência Médica - Bolsa Sesab. Evolução do número de bolsas financiadas pelo estado da Bahia, 2007-2017

175 191 229 236 259 274 280 254 319 325 360 498 568 455 602 708 676 741 775 870 882 888 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 Concluintes Em curso Fonte: Sesab8.

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nucleares do então Polo de Capacitação, Formação e Educação Permanente para o Pessoal de Saúde da Família do Estado da Bahia, espaço de articulação interinstitucio-nal conduzido pela Sesab em parceria com a UFBA e os Departamentos de Saúde das Universidades Estaduais6.

Outro passo relevante para a consolida-ção dos programas de Residências em Áreas Profissionais de Saúde (uni e multiprofis-sional) no estado foi a criação da Comissão Estadual de Residências Multiprofissionais e em Área Profissional de Saúde (Ceremaps) por meio da Portaria nº 1.631, de 05 de outubro de 2009, Resolução CIB (Comissão Intergestores Bipartite) nº 054/2009, que tem como finalidade atuar na formulação, execu-ção e controle dos Programas de Residência em Área Profissional de Saúde e Residência em Área Profissional da Saúde, constituindo--se em um espaço democrático de discussão, com participação de diversos atores.

Atualmente, a Sesab é o principal órgão mantenedor das bolsas de Residência Médica no estado, absorvendo em torno de 65% delas. Os outros 35% são financiados por instituições privadas, filantrópicas e pelo Ministério da Saúde (MS). Em 2017, a Bahia tinha 1.442 médicos residentes. Destes, 894 são bolsas Sesab, 298 são bolsas MEC, 237 são bolsas Programa Nacional de Apoio à Formação de Médicos Especialistas em Áreas Estratégicas (Pró-Residência/MS) e 13 são bolsas de entidades privadas7. As 894 bolsas financiadas pelas Sesab corres-pondem a um investimento mensal de R$ 2.977.404,42 e anual de R$ 35.728.853,048.

O Estado da Bahia, para 2018, ofertou vagas para 182 PRM, em 61 especialidades, distribuídos entre os estabelecimentos de saúde da rede própria sob gestão direta e indireta, com o total de 675 vagas para resi-dentes do primeiro ano (R1) entre os PRM7.

Para as Residências Multiprofissionais e em Área Profissional de Saúde, a Sesab fi-nanciou aproximadamente 700 bolsas entre os anos de 2013 e 2017. Além da gestão dessas

bolsas, a ESPBA/SUPERH gerencia o pro-cesso seletivo para ingresso nos programas e realiza, anualmente, a matrícula e aco-lhimento de cerca de 140 novos residentes, totalizando um investimento anual de R$ 5.856.000,008.

O processo seletivo unificado para in-gresso nos Programas de Residência em Área Profissional da Saúde (modalidades Uni e Multiprofissional) do Estado da Bahia ofertou, em 2018, um total de 220 vagas, dis-tribuídas em 20 programas, contemplando 11 profissões de saúde, entre elas: enfermagem, odontologia, serviço social, nutrição, fisiote-rapia, psicologia, farmácia, fonoaudiologia, medicina veterinária, terapia ocupacional e bacharelado em saúde coletiva9.

O apoio integrado da Escola

de Saúde Pública da Bahia

A ideia de suporte, de amparo é clara no núcleo semântico da função ‘apoio’. A con-cepção ampliada de gestão, objetivando a produção de bens ou serviços, assim como a produção de sujeitos coletivos são uma crítica à racionalidade gerencial hegemôni-ca, proposta na metodologia Paidéia, que sig-nifica formação integral do ser humano10, 11.

O apoio pressupõe uma forma de coges-tão, na qual de

[...] um modo interativo, um modo que reco-nhece a diferença de papéis, de poder e de conhecimento, mas que procura estabelecer relações construtivas entre distintos atores sociais10(86).

Qualifica-se como o referencial pedagógi-co para a formação em saúde e retrata, ainda, uma postura que busca reformular os tradi-cionais mecanismos de gestão.

A criação de espaços coletivos que opor-tunizem a interação intersujeitos, que susci-tem reflexões, análise de situações e tomada de decisões conjuntas, que possibilitem

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análise dos processos de trabalho e construção de objetivos e compromissos são alguns recur-sos da função apoio que podem ser enfatizados nos processos de trabalho do Nures da ESPBA. É possível ainda afirmar que a prática do apoio inspirou a equipe do Nures na construção co-letiva das suas competências, a partir de um modelo de gestão colegiada.

São competências do Nures12:

– fomentar o credenciamento de Programas de Residência em Saúde, em acordo com as necessidades do SUS-BA, observando os princípios e diretrizes do SUS;

– articular intrainstitucionalmente e interinstitucionalmente (com Cerem, Ceremaps, IES, estabelecimentos de saúde e outros) a fim de ordenar a formação e fortalecer os Programas de Residência em Saúde no Estado da Bahia;

– atuar no desenvolvimento de novas rela-ções de compromisso e responsabilidade das IES e dos estabelecimentos de saúde no SUS/BA, com foco na interseção entre trabalho e educação;

– acompanhar e avaliar periodicamente convênios, contratos e termos de coopera-ção técnica/de compromisso, bem como as atividades práticas de formação em serviço na Rede SUS/BA;

– desenvolver e fomentar pesquisas e pro-dução de conhecimento sobre e no âmbito das Residências em Saúde;

– regular os campos de práticas de for-mação em serviço a serem desenvolvidos nos estabelecimentos de saúde da Rede Própria/Sesab sob gestão direta e indireta; – desenvolver estratégias para oferta de qualificação dos tutores, preceptores e orientadores que atuam nos Programas de Residência em Saúde;

– gerenciar o financiamento das bolsas Sesab dos residentes em saúde;

– organizar o Processo Seletivo Unificado para o ingresso nos Programas de Residência Multiprofissional e em Área Profissional de Saúde e colaborar com o Processo Seletivo Unificado para o ingresso nos PRM.

Produzir “análise e transformação dos processos de trabalho e dos modos de relação entre sujeitos em uma organização”13(46) é premissa do apoio institucional. Já o apoio matricial é baseado em duas dimensões: oferta de retaguarda especializada e suporte técnico pedagógico para equipes de referên-cia14,15. O apoio integrado, por sua vez, pode ser compreendido como uma estratégia que:

[...] busca privilegiar a função formativa para estabelecer relações construtivas entre as três esferas de governo, funcionando como um dispositivo de apoio à gestão e fortale-cimento da capacidade de governo sobre o sistema de saúde nos âmbitos estadual e municipal. O propósito é o de intermediar e promover a cooperação técnica aos sistemas estaduais de saúde, a partir do envolvimento participativo e integrado de todas as áreas ministeriais, atuando assim como indutor de um reordenamento e qualificação na gestão do próprio Ministério da Saúde, pela necessi-dade de se estabelecer fluxos transversais de

demandas e respostas integradas16(10).

Nesse sentido, respeitando as compe-tências específicas de cada ente federati-vo, a ESPBA, enquanto responsável pela gestão das Residências no estado e forma-ção de especialistas para o SUS, propõe-se a compor essa Rede de Apoio Integrado no que tange à formação em serviço na moda-lidade Residência. Para tanto, ao analisar e intervir no âmbito da PGETS, constituindo--se em retaguarda especializada de apoio às equipes de referência regionais e municipais,

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corresponsabilizando os sujeitos com uma função técnico-pedagógica, incluindo trans-ferência de tecnologias para a qualificação das equipes, fundamenta-se no apoio insti-tucional e no apoio matricial.

A opção pelo apoio integrado tem-se revelado para a ESPBA um caminho inte-ressante para criação de novos programas, ampliação de vagas e concessão de bolsas de Residência, por agregar a experiência de ins-tituições bem-sucedidas no desenvolvimen-to de programas e incentivar uma melhor organização regional da assistência em saúde. Realizar o apoio integrado, ou melhor, apoiar institucionalmente e matriciar a im-plantação e implementação dos processos formativos na modalidade Residência, de forma regionalizada, é um dos propósitos e desafios da Escola.

Experiências com apoio

através dos Programas de

Residência da Escola de

Saúde Pública da Bahia

Na Bahia, um conjunto expressivo de mu-nicípios foi contemplado para expandir as vagas e criação de novos cursos de medicina, totalizando mais de 880 novas vagas. A Sesab, por meio da SUPERH/ESPBA, deu início ao suporte aos municípios em 2013 quando o Ministério da Educação, no Diário Oficial da União de 23 de outubro de 2013, publicou o Edital nº 03 de Pré-Seleção de Municípios para Implantação de Curso de Graduação em Medicina por Instituição de Educação Superior Privada. Desde então, as ativida-des vêm acontecendo, e o suporte consiste em realização de oficinas, visitas técnicas a municípios, orientação para credenciamento de novos PRM e acompanhamento de visita de avaliadores da CNRM para aprovação de novos PRM no estado.

A ESPBA compreende que a ampliação das vagas, associada à desconcentração dos

cursos, contribuirá para construção de redes de formação e consequente qualificação e or-ganização das redes locorregionais de gestão e atenção. Cabe ainda ressaltar a importância da articulação com a Diretoria de Atenção Básica (DAB) para a realização de apoio institucional compartilhado com suas instâncias locorregio-nais, no sentido de fortalecer a rede de atenção que representa o cenário privilegiado das práti-cas de formação em serviço.

Os apoiadores da DAB trabalham também em articulação com a equipe do Nures como tutores de campo do Permusf. Para isso, a ESPBA vem ainda realizando sessões de educação permanente visando à qualificação da equipe. Os apoiadores devem organizar as necessidades e demandas de cada região/ município e construir uma agenda de apoio, dialogicamente e pactuada com os diversos atores corresponsáveis pelo processo.

Já o PRMFC da ESPBA vem também es-timulando a criação de novos programas de Medicina de Família e Comunidade no Estado, em municípios e universidades par-ceiras, bem como atuando no matriciamento destes. Atualmente, é um dos únicos progra-mas ativos e com residentes do estado. Além do PRMFC/ESPBA, a especialidade conta com mais três Programas de Residência ativos e com candidatos (Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf, município de Juazeiro, Universidade Estadual de Santa Cruz – Uesc com um resi-dente no município de Una e Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, sendo o pro-grama da Bahiana desenvolvido em articu-lação pedagógica com a Escola, apesar de serem programas distintos). Existem ainda outros programas no estado que não estão ativos porque não receberam candidatos por um período, ou ainda, outros que estão credenciados perante a CNRM, mas não tiveram candidatos.

A Lei que institui o programa Mais Médicos17define que, até 2018 (para início em 2019), o 1o ano do Programa de Residência

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será obrigatório para o ingresso nos PRM de medicina interna, pediatria, ginecologia e obstetrícia, cirurgia geral, psiquiatria e medicina preventiva e social. Cabe lembrar, portanto, sobre a necessidade de fomentar a medicina geral de família e comunidade, além das especialidades básicas – clínica médica, pediatria, ginecologia/obstetrícia e urgência/emergência e considerando a proposta de universalização da Residência Médica no Brasil.

Uma das principais dificuldades iden-tificadas pelas Comissões de Residência Médica (Coremes) das unidades da rede própria Sesab é a gestão administrativa dos PRM, o que igualmente demanda o apoio institucional da ESPBA visando a sua im-plantação e implementação. Hoje, além do PRMFC/ESPBA, a Coreme da Escola é refe-rência dos PRM em clínica, médica, cirurgia geral, medicina intensiva e coloproctologia do Hospital de Juazeiro; de pediatria, neo-natologia e cirurgia pediátrica do Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana; e de ginecologia e obstetrícia da Maternidade de Referência José Maria de Magalhães, em Salvador.

Nessa perspectiva da estratégia de apoio adotada, a ESPBA vem ainda conduzin-do, juntamente com a Coordenação de Integração da Educação com o Trabalho na Saúde (Ciet) da ESPBA, um grupo de traba-lho composto por Universidades Públicas Estaduais e Federais para articulação de parcerias e suporte técnico pedagógico para certificação dos hospitais da rede como hos-pitais de ensino, desde junho de 2017. Dessa forma, a organização dos campos de prática da rede Sesab vem sendo discutida de forma articulada com os estágios de graduação e com as Residências em Saúde.

Nesse contexto, a equipe do Nures estabe-leceu três dimensões para subsidiar o apoio: uma dimensão normativa que trata dos ins-trumentos que regulamentam e regulam o processo de formação em serviço; uma di-mensão organizativa estrutural que se refere

aos processos de trabalho, à infraestrutura e logística para o adequado desenvolvimen-to das atividades; e uma dimensão político pedagógica, relacionada com as abordagens, metodologias, práticas e instrumentos de ensino aprendizagem como, por exemplo, o exercício da preceptoria.

A implementação do apoio conta com di-versas ferramentas. Além de encontros pre-sencias, os apoiadores utilizam comunicação eletrônica, realização de fóruns a distância via plataforma virtual, teleconferências, videocon-ferências, Telessaúde, entre outros, a depender das necessidades e demandas dos projetos.

Considerações finais

Uma das potencialidades para consolidação da estratégia de apoio integrado e alcance dos objetivos está no fato de se constituir uma demanda institucional, consoante com as diretrizes nacionais e com a PGETS, portan-to uma das agendas prioritárias da ESPBA. Outro fator importante é a motivação da equipe Nures/ESPBA que, para além da formação em serviço e do desenvolvimento dos trabalhadores, visa contribuir com a or-ganização das redes locorregionais de gestão e atenção à saúde, no sentido de promover, prevenir, recuperar e reabilitar a saúde das pessoas. Vislumbra-se, ainda, a possibilidade de construir relações transversais e solidá-rias entre os entes federados, fortalecendo a função pedagógica da gestão e o papel do Estado enquanto agente regulador.

Por outro lado, alguns aspectos são desa-fiadores, como a inexistência de uma Política Nacional e Estadual que regulamente, por exemplo, as competências de cada esfera na gestão da formação em serviço na saúde, ou ainda uma Política de Residências. Portanto, a diversidade de atores e instituições com as quais se faz necessário dialogar, nego-ciar, pactuar, considerando os diferentes interesses que permeiam essas relações, são elementos condicionantes. Todavia, a

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possibilidade de construir coletivamente factibilidade para superação das necessida-des de qualificação dos trabalhadores para e do SUS é estimulante.

Reconhecidas como ‘padrão ouro de formação’, as Residências em saúde vêm experienciando avanços e se fortalecendo como modalidade formativa de treinamento em serviço. A Bahia vem apostando nessa

modalidade como fomento para mudanças e qualificação das práticas de atenção à saúde, sendo que os esforços empreendidos e inves-timentos realizados pela Secretaria da Saúde ratificam o compromisso ético, político e social com a formação de novos profissionais de saúde para o estado em consonância com as necessidades de saúde da população. s

Referências

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