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O impacto do Regime Tecnológico na Persistência em Inovação

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O impacto do Regime Tecnológico na Persistência em Inovação

Fellipe Fernandes Leal

Dissertação

Mestrado em Economia e Gestão da Inovação Orientado por

Professora Joana Costa Professora Aurora Teixeira

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Nota Bibliográfica

Fellipe Fernandes Leal nasceu em 1988, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Licenciou-se em Publicidade e Propaganda no ano de 2013 pela ESPM/RJ, no ano de 2017 finalizou o curso de pós-graduação em Gestão de Negócios, pela Fundação Dom Cabral, que estava a fazer para entrar no seu sonho acadêmico, o mestrado em Economia. No próprio de 2017, iniciou os estudos em Economia e Gestão da Inovação na faculdade de economia da Universidade do Porto (FEP), e nesta instituição conclui a sua dissertação com a temática “O impacto do Regime Tecnológico na Persistência em Inovação ”

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Agradecimento

Quero expressar a minha gratidão para com a minha família e a minha namorada Paola, que foram os alicerces mais importantes para que este desafio fosse concluído com sucesso. Sem dúvida me ajudaram bastante durante esta caminhada, foram momentos delicados e, sem este apoio, é evidente que o resultado seria diferente.

Quero também agradecer a minha orientadora Joana Costa por ter aceitado o desafio de me orientar e ter tido a paciência de exercer a função de professora e orientada em todos os momentos da dissertação, sempre disposta a explicar as questões da forma mais simples e objetiva possível.

Agradeço também a minha coorientadora Aurora Teixeira por ter participado de forma prática e objetiva em todos os momentos em que fora consultada.

Julgo como oportuno, agradecer a FEP, aos meus colegas de aulas e às amizades que foram formadas durante este período em que estivemos a interagir.

Finalmente, mas não menos importante, agradecer aos professores e amigos que participaram ativamente durante todo o meu percurso académico; sem dúvida, eu só cheguei até aqui por conta do contributo de todos vocês ao longo de todos estes anos.

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Resumo

O objetivo deste estudo é avaliar a relação entre a persistência em inovação e o Regime Tecnológico ao qual a empresa pertence. Para aferir esta questão será utilizado o questionário do CIS (Community Innovation Survey) nas ondas de 2008, 2010, 2012, 2014 e 2016. Utilizar-se-à uma metodologia quantitativa para proceder as estimações econométricas, no entanto, e de forma heterodoxa já que, primeiramente se construirá um painel balanceando as empresas respondentes e só posteriormente serão aplicados modelos binomiais. Este processo faz emergir algumas limitações, nomeadamente ao nível dos respondentes, uma vez que requer a utilização exclusiva das empresas que não responderam às cinco ondas do questionário incluídas. O resultado deste estudo é a descrição empírica da relação entre a persistência em inovação e Regime Tecnológico para o cenário português, algo que ainda não foi feito.

Após avaliar uma amostra de 920 empresas, monitorizadas num painel de 10 anos, focado em aferir a persistência da inovação em Portugal e a relação do Regime Tecnológico. Foi possível identificar um conjunto de determinantes da persistência, bem como desenhar as singularidades deste comportamento no contexto de um país moderado em inovação, como é Portugal.

Foram construídos 7 modelos alternativos, a saber: os três primeiros tem por objectivo compreender se a definição da proxy de comportamento inovador afecta diferentemente a probabilidade de ser persistente; e, os quatro últimos fazem uma segmentação da amostra de acordo com os regimes tecnológicos para compreender se os determinantes da persistência se mantem ou se são específicos a cada uma das sub-amostras.

De um modo geral, verificamos que ser inovador complexo tem um maior impacto na probabilidade de persistir inovando do que quando olhamos para o inovador em geral; verificamos a importância das actividades de I&D, do efeito positivo da dimensão empresarial, da similitude entre os diferentes regimes tecnológicos e o capital humano. Merece atenção por parte dos analistas o efeito não significativo da existência de processos de inovação aberta bem como da utilização dos fundos públicos. A similitude de padrões em cada um dos regimes tecnológicos também desmistifica a ideia de que as empresas High Tech sejam, no contexto Português tão diferentes das demais no que concerne à persistência de inovação.

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Abstract

The aim of this study is to assess the relationship between persistence in innovation and the Technological Regime to which the company belongs. To assess this issue, the CIS (Community Innovation Survey) questionnaire will be used in the waves of 2008, 2010, 2012, 2014 and 2016.

A quantitative methodology will be used to make econometric estimates, however, and in a heterodox way since, first, a panel will be constructed balancing the responding companies and only later will binomial models be applied. This process brings out some limitations, namely at the level of respondents, since it requires the exclusive use of companies that did not respond to the five waves of the questionnaire included. The result of this study is the empirical description of the relationship between persistence in innovation and the Technological Regime for the Portuguese scenario, something that has not yet been done.

After assessing a sample of 920 firms, monitored in a 10-year panel, focused on assessing the persistence of innovation in Portugal and the relationship between the Technological Regime, it was possible to identify a set of determinants of persistence, as well as to draw the singularities of this behaviour in the context of a moderate country in innovation.

Seven alternative models were constructed, namely: the first three aim to understand whether the definition of the innovative behaviour proxy differently affects the probability of being persistent; and the last four make a segmentation of the sample according to the technological regimes to understand whether the determinants of persistence remain at all specific to each of the sub-samples.

Overall, we find that being a complex innovator has a greater impact on the likelihood of persisting with innovation than when we look at the innovator in general; we see the importance of R&D activities, the positive effect of the entrepreneurial dimension, the similarity between different technological regimes and human capital. The insignificant effect of the existence of open innovation processes as well as the use of public funds deserves attention from analysts. The similarity of standards in each of the technological regimes also demystifies the idea that High Tech companies are, in the Portuguese context, so different from the others in what concerns the persistence of innovation.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO DO ESTUDO ... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 4

PRINCIPAIS CONCEITOS ... 4

2.1INOVAÇÃO ... 4

2.2PERSISTÊNCIA DA INOVAÇÃO ... 5

2.3REGIMES TECNOLÓGICOS ... 9

2.4REGIME TECNOLÓGICOS COMO DETERMINANTES DA PERSISTÊNCIA EM INOVAÇÃO ... 14

FONTE:ELABORAÇÃO PRÓRPIA ... 18

2.5A RELAÇÃO ENTRE REGIMES TECNOLÓGICOS E PERSISTÊNCIA EM INOVAÇÃO NA LITERATURA EXISTENTE ... 19

2.6HIPÓTESES EM TESTE ... 23

3 OS DADOS ... 25

3.1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS ... 25

3.2A DIMENSÃO DA BASE DE DADOS ... 26

3.3OPAINEL BALANCEADO ... 27

3.4OS TIPOS DE INOVAÇÃO ... 27

3.5O TIPO DE INOVADOR ... 30

3.6FUNDOS ... 32

3.7A EMPRESA PERTENCE A ALGUM GRUPO ... 33

3.8CAPITAL HUMANO ... 34

3.9REGIME TECNOLÓGICO ... 34

3.10REGIME TECNOLÓGICO PELO TAMANHO DA EMPRESA ... 35

3.11PERSISTENTE EM INOVAR ... 36

3.12PERSISTENTE EM INOVAR DE ACORDO COM REGIME TECNOLÓGICO... 36

3.13A RELAÇÃO ENTRE REGIME TECNOLÓGICO E FUNCIONÁRIOS COM ENSINO SUPERIOR ... 37

3.14A RELAÇÃO ENTRE PERTENCER A GRUPOS EMPRESARIAIS E PERSISTIR NA INOVAÇÃO ... 38

4. ANÁLISE ECONOMÉTRICA ... 39

5. RESULTADOS EMPÍRICOS ... 42

6. CONCLUSÃO ... 48

BIBLIOGRAFIA ... 51

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS DE INOVAÇÃO E PERSISTÊNCIA EM INOVAÇÃO ... 8

TABELA 2DEFINIÇÃO DE REGIME TECNOLÓGICO ... 13

TABELA 4REGIME TECNOLÓGICO E PADRÃO DE INOVAÇÃO... 21

TABELA 5RELAÇÃO ENTRE REGIME TECNOLÓGICO E PERSISTÊNCIA EM INOVAÇÃO ... 22

TABELA 6HIPÓTESES A SEREM TESTADAS AO LONGO DA INVESTIGAÇÃO. ... 24

TABELA 7RESPOSTAS AO CIS– EDIÇÃO PORTUGUESA ... 26

TABELA 8OS TIPOS DE INOVAÇÃO DO CIS(2008-2016). ... 29

TABELA 9MODELO ECONOMÉTRICO ... 41

TABELA 10DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS ... 42

TABELA 11ESTIMAÇÃO DOS EFEITOS MARGINAIS DA REGRESSÃO LOGÍSTICA ... 43

TABELA 12HIPÓTESES RESULTADOS ... 47

TABELA 14MATRIZ DE CORRELAÇÃO ENTRA AS VARIÁVEIS ... 54

TABELA 15MODELO 01 DA REGRESSÃO LOGÍSTICA ... 54

TABELA 16MODELO 02 DA REGRESSÃO LOGÍSTICA ... 55

TABELA 17MODELO 03 DA REGRESSÃO LOGÍSTICA ... 55

TABELA 18MODELO 05 DA REGRESSÃO LOGÍSTICA ... 56

TABELA 19MODELO 06 DA REGRESSÃO LOGÍSTICA ... 56

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1BIBLIOMETRIA PARA AS PALAVRAS-CHAVES "PERSISTENCE INNOVATION" E "TECHNOLOGICAL REGIME".. ... 19

FIGURA 2.REPARTIÇÃO DAS EMPRESAS SEGUNDO PESSOAL AO SERVIÇO ... 27

FIGURA 3 DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE INOVAÇÃO REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS ... 27

FIGURA 4DISTRIBUIÇÃO DO INOVADOR GERAL REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS ... 30

FIGURA 5 INOVADOR TECNOLÓGICO REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS ... 31

FIGURA 6DISTRIBUIÇÃO INOVADOR COMPLEXO REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS ... 32

FIGURA 7UTILIZAÇÃO DE FUNDOS REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS... 33

FIGURA 8PERTENCER A GRUPO EMPRESARIAL REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS. ... 33

FIGURA 9DISTRIBUIÇÃO DO CAPITAL HUMANO DENTRO DAS EMPRESAS. ... 34

FIGURA 10REGIME TECNOLÓGICO REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS. ... 35

FIGURA 11REGIME TECNOLÓGICO SEGMENTADO PELO TAMANHO DA EMPRESA. ... 35

FIGURA 12EMPRESAS QUE PERSISTIRAM EM INOVAR DE ACORDO COM O TAMANHO. ... 36

FIGURA 13PERSISTENTE EM INOVAR E REGIME TECNOLÓGICO REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS. ... 37

FIGURA 14A DIVISÃO ENTRE O NÍVEL DE ESCOLARIDADE DE O REGIME TECNOLÓGICO. ... 37

FIGURA 16NÃO PERTENCER A GRUPOS EMPRESARIA E INOVAR REALIZADO PELAS EMPRESAS DA AMOSTRA DO CIS... 38

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1 Introdução e Objetivo do estudo

Por inovação, tendo como base a definição do manual de Oslo de 2018, pode-se entender a criação ou a melhoria de um produto ou serviço. Para que seja considerado algo novo, esta nova solução deverá ser significativamente diferente da versão anterior. No que toca à melhoria de algo existente, é expectável que cumpra de forma mais satisfatória a função que já era exercida pela solução anterior.

Considerando o trabalho seminal de Schumpeter (1934) a inovação pode ser classificada como uma atividade fundamental para a promoção do crescimento económico e consequentemente um estímulo à atividade económica. Isto pode acontecer através da criação de novos produtos, serviços, novos métodos de produção e até mesmo através da interação com novos mercados.

É aceite que o propósito da inovação seja o de colocar o inovador em situação de vantagem comparado com os demais concorrentes a operar no mercado. Esta vantagem surge através da criação de produtos ou processos que, resultem de uma inovação radical ou de uma melhoria incremental Schumpeter (1934). Consoante o produto da atividade inovadora, o agente poderá ser classificado como líder em inovação ou seguidor de inovador (follower), respectivamente. Aliás, no caso de um follower, a empresa decide reproduzir uma inovação que já é desenvolvida por outrem, mas que contudo constitui novidade para a si mesma; já o líder em inovação precisa desenvolver produtos que são novos quer para si quer para todos os demais, e, por força da ambição em perpetuar os lucros de monopólio esforçar-se-à para continuar como líder (Schumpeter, 1934).

Até aos anos 90, a teoria económica, de um modo geral, dissertou sobre a desejabilidade da inovação pelos seus efeitos ao nível micro e macroeconómico, associando estas actividades à promoção do crescimento económico (e.g.(Grossman e Helpman, 1989); (Barro, 1991; Romer, 1987). Não obstante, a partir dos anos 90 reforça-se não apenas a desejabilidade deste comportamento como a sua repetibilidade. Assim, e a partir deste momento, uma das temáticas muito exploradas dentro do aspeto de inovação é o ato de ser persistente ao inovar (Peters, 2009; Suarez, 2014). Este tema é amplamente explorado, não apenas no domínio teórico mas também na sua aplicação empírica. Esta temática está relacionada com a criação da vantagem competitiva da empresa, uma vez que esta vantagem, advém da habilidade da empresa de inovar

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e de forma continuada (Le Bas, Mothe, & Nguyen-Thi, 2015). A temática da inovação têm servido de base ao trabalho de muitos investigadores, e, no presente, tão importante quanto abordar a inovação é perceber de que forma esta atividade pode acontecer de forma continuada ao longo do tempo (Peters, 2009).

Para que a Inovação aconteça de forma contínua, é necessário executar e entender a relação de uma sequência de atividades que vão desde a acumulação e difusão do conhecimento e a relevância da apropriabilidade até à perceção da empresa relativamente a fatores externos a organização e que podem gerar impactos positivos ou negativos (Frenz e Prevezer, 2010).

A apreciação dos determinantes da persistência tem vindo a receber a atenção da comunidade académica, não obstante, existem muitos campos ainda sub-explorados. Concretamente, a relação entre Persistência em Inovação e os diferentes tipos de inovação, seja através de produto, processo, serviços, organizacional ou de marketing, e seja de forma mais ou menos complexa, ainda precisa de mais investigação (Le Bas et al., 2015).

No âmbito da avaliação dos fatores internos e externos, que impactam a persistência da atividade de inovação, F. Malerba, Orsenigo, e Peretto (1997) discutem a relação entre o Regime Tecnológico e a Persistência da Inovação levando a cabo uma investigação empírica, tendo como base a indústria de manufatura em seis países (França, Alemanha, Itália, Japão, EUA e UK), e demonstram a existência de padrões de persistência de inovação condizentes com a especialização tecnológica.

No entanto, os resultados apresentados por Suarez (2014) ao tratar do caso Argentino indicam que a Persistência em Inovação está, diretamente relacionada, com investimentos que a empresa aloca em inovação e com a capacidade que esta tem em responder as mudanças que acontecem no ambiente externo e como que a organização reconduz essas adversidades ou oportunidades para dentro de sua rotina.

Todavia, a relação dos Regimes Tecnológicos com a persistência da atividade de inovação dentro das empresas ainda é pouco explorada e menos ainda no caso de países distantes da fronteira do conhecimento. Assim, esta investigação visa analisar a relação do Regime Tecnológico da empresa com Persistência da atividade de Inovação, compreendendo se este padrão é transversal, consoante se trate de inovação tecnológica ou não tecnológica.

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Por consequência, a motivação principal deste estudo é contribuir para um melhor entendimento da relação entre o Regimes Tecnológico ao qual a empresa pertence e a Persistência da Inovação, no contexto de um país moderadamente inovador. O foco da pesquisa está em analisar quais são as variáveis que afetam a propensão em persistir na inovação, com destaque para o Regime Tecnológico da firma e verificar se estes drivers se mantém para os diferentes regimes.

Este trabalho tem um objetivo bidirecional, a saber: por um lado procura fornecer orientações aos gestores empresariais, para que estes possam identificar e avaliar quais são as variáveis que podem gerar maior relevância tendo como premissa quais são os elementos básicos para que o Negócio vivencie o processo de persistência em inovação. E por outro, dotar de conhecimento fundamentado os decisores de política pública para que possam promover o desenvolvimento e a capacitação das empresas no sentido de se munirem das competências que fomentem o desenvolvimento de actividades de inovação persistente.

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2 Revisão de Literatura

Principais conceitos 2.1 Inovação

Para Schumpeter (1934), no seu trabalho Theory of Economic Development. a inovação é o ponto central para o crescimento económico. Importa sublinhar o facto de que esta é um elemento chave em qualquer economia, aliado ao papel do empreendedorismo (Schumpeter, 1934).

Para diferenciar os tipos de inovação, é importante recuperar uma definição clássica em que Schumpeter (1942) defendia que consiste em fazer algo além do que está sendo feito no momento actual. Mais especificamente, este autor categorizou inovação em cinco vectores e são eles: novos bens e serviços, novos mercados, novos processos e novas formas de organização industrial (Schumpeter, 1947). Esta estrutura estará subjacente ao longo deste trabalho, uma vez que, servirá de base para construir as proxies caracterizadoras do comportamento inovador bem como a forma como os regimes tecnológicos afectam a persistência da inovação. Ao longo do trabalho desenvolvido por Schumpeter em Capitalism, socialism and democracy (1942), o autor desenvolve a ideia de que a inovação pode acontecer dentro das categorias anteriormente citadas; e que a inovação em um desses níveis, pode resultar na inovação, subsequente, em outro nível, como uma resposta necessária ao movimento anterior.

Já recentemente, Suarez (2014) advoga que atos de inovação no presente, tendem a fazer com que a empresa passe a melhorar alguns processos produtivos e em geral essas melhorias acabam por gerar eficiência num momento futuro.

A inovação é um processo que combina fatores internos e externos, para acontecer de forma a ser favorável ao agente que a está a desenvolver (Le Bas et al., 2015). A forma como são combinados os elementos de competências empresariais internas, difusão do conhecimento, entendimento do impacto de fatores externos, com a intenção de evoluir um determinado tipo de inovação, também pode ser classificado como um processo de inovação (Antonelli, Crespi, & Scellato, 2013).

É possível afirmar que umas das variáveis importantes para o crescimento económico de um país ou de uma empresa seja o grau de dedicação que esteja agente possui para a vertente de inovação, sendo também muito evidente nos estudos de (Romer, 1987, 1994). O crescimento

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económico assenta no progresso tecnológico, e, este por sua vez precisa do componente de inovação (Romer, 1987). Neste contexto, é importante considerar que o crescimento económico de um agente pode ser estimulado não somente pelo desenvolvimento de inovação própria mas de inovação compartilhada e advinda de terceiros, e a externalidade positiva dessa inovação pode ser potenciada pela capacidade de difusão tecnológica deste agente (Pavitt, 1984).

Tendo em mente os argumentos ora expostos, é possível afirmar que a temática da inovação não é apenas uma tendência efémera, mas um fator de diferenciação que alavancará empresas e países no caminho da competitividade, eficiência e desejavelmente da sustentabilidade. O tema de inovação através dos esforços de I&D são bases para as discussões de Eco-Inovação, Indústria 4.0, Fintechs, Inovação responsável, sustentabilidade e outros temas que prometem revolucionar a maneira como lidamos com a tecnologia em geral, e procuramos assegurar o futuro das gerações vindouras.

2.2 Persistência da Inovação

A temática de persistência em inovação, remonta ainda que de forma embrionária aos estudos de Joseph Schumpeter, uma vez que este explica este fenómeno através de duas abordagens conceptuais: “creative destruction” e “cumulative creation”, não obstante surja de forma tácita, ganhando forma explicita na literatura dos anos 90.

A definição de “creative destruction” (Schumpeter Mark I), pode ser entendida como uma facilidade maior da entrada de novas tecnológicas dentro de um determinado setor empresarial, e que em sua maioria é orientada pela figura do empreendedor ou por empresas que possuem iniciativas inovadoras. Essa iniciativa pode acontecer, seja através de produtos ou ideias, no entanto, acabam por ter como possíveis externalidades positivas, o ato de provocar novos meios de produção, distribuição e organização empresarial, um dos efeitos acaba por ser o desafio às empresas que já estão estabelecidas nestes mercados (Breschi, Malerba, & Orsenigo, 2000).

A definição de “cumulative creation” (Schumpeter Mark II), caracteriza-se pela presença, muito acentuada, de empresas de grande dimensão já estabelecidas em seu mercado e com elevadas barreiras à entrada para novos concorrentes que queriam inovar dentro desta área (Breschi et al., 2000). Essas empresas acabam por possuir grandes incentivos em I&D, produção e distribuição uma vez que já possuem o conhecimento tecnológico de como realizar tal atividade.

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Tendo como base os estudos de Schumpeter (1934), pode-se afirmar que as condições para inovações variam de forma significativa entre indústrias, e as mudanças tecnológicas também podem variar, assim como seus impacto. Segundo este autor, o estudo da inovação assenta basicamente em duas grandes dimensões, são elas: Inovação tecnológica e não tecnológica. Muitos autores acabam por analisar a inovação no âmbito de produtos ou processos (Altuzarra, 2017; Antonelli et al., 2013; Ganter e Hecker, 2013) enquanto que outros autores acabam por investigar inovação não tecnológica, ou seja, que passa pela categoria de serviços, desenvolvimento de mercados, e a composição da estrutura organizacional, (Hecker e Ganter, 2014; Peters, 2009; Roper e Hewitt-Dundas, 2008; Suarez, 2014).

Persistência em inovação acontece quando uma empresa investe em algum dos tipos de inovação num determinado período e depois acaba por inovar no período seguinte também, ou seja, inova de forma contínua dentro de um determinado espaço de tempo, mas não é necessário que seja, necessariamente, no mesmo tipo de inovação (Peters, 2009).

A persistência em inovação é um processo de inovação, que acontece no passado, mas que gera externalidade positiva, para futuros processos de inovação que serão realizados pela empresa (Ganter e Hecker, 2013; Suarez, 2014). O processos de inovação no passado, acabam por possibilitar a empresa a ter menor custo de inovação em projetos futuros (Suarez, 2014). A inovação e a persistência em inovação resulta das iniciativas de I&D e muito disto é oriundo da geração do conhecimento tecnológico (Pavitt, 1984).

Ao longo do século XX, estudiosos começaram a destacar cada vez a importância do conhecimento tecnológico, pois este fator pode contribuir de forma positiva para o progresso tecnológico e isto é verificado na literatura por autores como (Romer, 1987; Solow, 1956, 1988). Esses estudos possibilitaram entender a importância do conhecimento tecnológico e passaram a classificar este fator (as atividades em I&D) como um bem económico justamente por ser considerado como um bem não rival e parcialmente não exclusivo (Frenz e Prevezer, 2012).

A classificação do conhecimento tecnológico, como um bem não rival e parcialmente não exclusivo acaba por enfatizar a importância do elemento de apropriabilidade, que é muito explorado por (Malerba e Orsenigo, 1997; Romer, 1994). Assim, o conceito de apropriabilidade, uma das variáveis inerentes ao Regime Tecnológico, procura explicitar de que forma este impacta ou é impacto pelo conhecimento tecnológico. Um exemplo prático deste conceito reside no facto de que, uma vez que o conhecimento é classificado como um bem parcialmente

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não exclusivo, os processos de imitação e o que é necessário para atenuar este tipo de atividade; difusão do conhecimento e como melhorar esta atividade empresarial ou mesmo os pedidos de patentes; e tudo isso tem como intenção que minimizar os danos para a empresa.

A definição de Persistência em Inovação que está a ser utilizada neste trabalho, é uma definição de sentido amplo (lato sensu), ou seja, caracteriza-se como persistente toda a empresa que faz uma inovação de qualquer tipo (Schumpeter) que seja em um determinado período e volta a realizar atividades de inovação no período seguinte de forma contínua. Esta definição afasta-se de alguns artigos prévios (Peters, 2009; Suarez, 2014) onde apenas os tipos de inovação dita tecnológica são considerados.

A tabela1 possibilita a orientação quanto aos principais conceitos relacionados a Inovação e a Persistência em Inovação que serão utilizados nesta investigação e que servirão de base para fundamentar algumas das hipóteses, análises e resultados futuros.

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Tabela 1 Definição dos conceitos de inovação e persistência em inovação

Fonte: Elaboração própria

Conceito Definição Referência

Inovação

Entende-se como a criação ou a melhoria de um produto ou serviço. Para que seja considerada algo novo, esta nova solução

deverá ser significativamente diferente da versão anterior. (Manual Oslo 2018)

A criação de novos produtos, serviços, novos métodos de produção e até mesmo a interação em novos mercados. (Schumpeter, 1934) O estudo da inovação assenta basicamente em duas grandes dimensões e são elas: Inovação tecnológica e não tecnológica. (Schumpeter, 1934)

A Externalidade positiva da inovação gera crescimento económico. (Romer, 1990)

Persistência em Inovação

Persistir em inovação é a capacidade que a firma tem em repetir o fenómeno da inovação com a intenção de gerar uma

externalidade positiva. (Peters, 2009; Suarez, 2014);

Persistir em inovação é o foco que a firma possui para criar vantagem competitiva oriundas do processo de inovação ao longo do

tempo e de forma continuada. (Le Bas, Mothe, & Nguyen-Thi, 2015).

A persistência em inovação é um processo de inovação, que acontece no passado, mas que gera externalidade positiva, para

futuros processos de inovação que poderão vir a ser realizados pela empresa (Ganter & Hecker, 2013; Suarez, 2014). Para que a Inovação aconteça de forma contínua, é necessário executar e entender a relação de uma sequência de atividades que

vão desde a acumulação e difusão do conhecimento, a relevância da apropriabilidade até à percepção da empresa relativamente a fatores externos

(Marion Frenz & Prevezer, 2010). Persistência em inovação acontece quando uma empresa investe em algum dos tipos de inovação num determinado período e

depois acaba por inovar no período seguinte também, ou seja, inova de forma contínua dentro de um determinado espaço de

tempo, não é necessário que seja no mesmo tipo de inovação. (Peters, 2009).

Persistência em Inovação está, diretamente relacionada, com investimentos que a empresa aloca em inovação, com a capacidade de resposta as mudanças que acontecem no ambiente externo e como que esta traduz essas adversidades ou oportunidades para

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2.3 Regimes Tecnológicos

Noutro domínio deste trabalho analisa-se o conceito de Regime Tecnológico e como que impacta no fato das empresas serem ou não persistentes em inovar. Num período seguinte ao de Schumpeter, Winter (1984), começou a analisar a importância de classificar o Regime Tecnológico, propondo que que Regime Tecnológico tem relação direta com o ambiente (interno e externo) no qual a empresa está inserida.

Segundo (Wright, 1982) a interpretação de Nelson e Winter (1984) para a definição de Regime Tecnológico entra na questão de identificar as diferenças em uma variedade de aspectos que estão direta ou indiretamente relacionados. Essas variáveis passam por elementos como a facilidade em proteger a propriedade intelectual, incluindo questões como as barreiras para dificultar a imitação, o número de bases de conhecimento que estão disponíveis e que ajudam a criar processos mais inovadores durante a rotina da empresa, o quão fácil é conseguir incorporar as resultados obtidos com as atividades de I&D para a rotina da empresa, e como que os processos de I&D são alimentados. Caracterizar e classificar estes elementos ajuda a identificar e definir as principais variáveis que caracterizam o Regime Tecnológico no qual aquela empresa está inserida.

Malerba e Orsenigo (1997), acabam por se apoiar neste conhecimento propondo algo mais específico, uma vez que, identificam as condições e definem que Regime Tecnológico como sendo a combinação de alguns elementos fundamentais como: Opportunity conditions; Appropriability conditions; Cumulativeness conditions; The Knowledge base e as definições seguem a seguinte linha conceptual:

2.3.1 Condições para oportunidade tecnológicas (Opportunity conditions)

Esta dimensão reflete o quão fácil é inovar a partir de investimentos realizados em pesquisas anteriores ou novas pesquisas que resultem em externalidade positiva para o agente que está a inovar (Malerba e Orsenigo, 1997). Tem relação direta com o grau de oportunidade tecnologica no setor, abrangência, fontes ou incentivos existentes para que se possa investir no desenvolvimento de uma dada tecnologia. Desta forma, num ambiente em que existam grandes incentivos para o desenvolvimento de novas tecnologias, será propício o surgimento outras mais e até novas empresas (Frenz e Prevezer, 2010)

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No entanto, uma questão pertinente quanto a esta variável está em definir o que é sucesso, e é importante adiantar que está não é uma métrica padrão e nem de consenso entre investigadores (Frenz e Prevezer, 2010; Peneder, 2010).

Quando se está a analisar questionários que tentam responder a esta questão, como é o caso do Community Innovation Survey, a pergunta que está a ser feita, e neste caso, está em saber quanto de receita financeira foi gerada a partir do desenvolvimento de novos produtos. É importante ressaltar que a variável, Condições para de Oportunidades tecnológicas, não pode ser restritiva e medir apenas o retorno em vendas como a única forma de sucesso (Peneder, 2010). Essas condições de oportunidade podem sofrer alterações de indústria para indústria, e mesmo dentro da própria indústria, essa variável pode sofrer alterações ao longo do tempo (Breschi et al., 2000).

Para algumas indústrias, as variáveis inerentes ao surgimento de condições de oportunidade tecnológicas podem não ser favoráveis, enquanto que em outros setores, as condições para o surgimento de oportunidades tecnológicas favoráveis sejam, e assim acabem por incentivar atividades ligadas à inovação ( Malerba e Orsenigo, 1997).

Para (Frenz e Prevezer, 2010) o conceito de oportunidade tecnológica surgiu para evidenciar que as indústrias possuem momentos diferentes e condições diferentes entre si, e que estes momentos podem resultar numa maior facilidade ou dificuldade para transportar as iniciativas de inovação com a intenção de gerar avanços tecnológicos que resultem em retorno para o agente que realizou tal investimento.

2.3.2 Condições de apropriabilidade (Appropriability conditions)

Tem como orientação identificar quão protegida uma determinada iniciativa de inovação está contra elementos de imitação; e, como se consegue ter retornos financeiros oriundos desta inovação ( Malerba e Orsenigo, 1997). Quanto maior as condições para apropriabilidade, mais protegida se encontra esta propriedade intelectual, e isso pode acontecer seja através de patentes, segredo industrial ou outras formas ( Frenz e Prevezer, 2010).

Quanto maior esta proteção maior o incentivo para as empresas que já se encontram neste mercado, e assim continuar a investir em I&D e outras formas de inovação (Breschi et al., 2000). Vale ressaltar que para novos entrantes, ou empresas de pequena dimensão , neste

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cenário, maior a dificuldade em inovar e menor a difusão do conhecimento tecnológico (Breschi et al., 2000; Frenz e Prevezer, 2010).

As empresas possuem algumas formas diferenciadas para proteger a sua propriedade intelectual e não existe, necessariamente, a melhor maneira, cada iniciativa apresenta a sua vantagem. Na verdade, tudo vai depender da natureza daquela inovação, do quão vital esta iniciativa se apresenta para a sobrevivência da empresa e quão complexa será conseguir manter aquele conhecimento dentro da empresa (Peneder, 2010).

Remetendo novamente ao questionário do CIS como exemplo, este acaba por tentar validar quais são as formas que as empresas utilizam para proteger sua propriedade intelectual, não obstante no caso Português é muito ténue a resposta neste domínio.

2.3.3 Condições para Acumulação de Conhecimento Tecnológico (Cumulativeness conditions) A inovação é vista como um processo incremental e que tenderá a gerar externalidades positivas no futuro (Breschi et al., 2000). Para autores como ( Frenz e Prevezer, 2010), a proliferação de novas tecnologias não ajuda necessariamente todas as empresas ao mesmo tempo, na verdade, as empresas precisam entender quais são as suas características únicas de produção de bens ou serviços e como que a tecnologia pode ajudar no desenvolvimento desta iniciativa. A tecnologia precisa suportar o método de produção da empresa e não é a empresa quem necessariamente precisa se dobrar ao uso da tecnologia.

A inovação do futuro tem como base o conhecimento e as ações de inovação que acontecem hoje. Um processo de inovação tem a capacidade de gerar uma sequência de atividades que são melhorias de ações e de ideias, e que possuem como origem o momento inicial da primeira atividade de investigação ( Malerba e Orsenigo, 1997).

Altos níveis de cumulatividade acabam por indicar que tal indústria é caracterizada pelo ato de persistir em inovação e que tais atividades acabam por gerar externalidades positivas (Breschi et al., 2000; Malerba e Orsenigo, 1997).

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2.3.4 Condições para criação da base de conhecimento (The Knowledge base)

Esta variável possui ligação direta com as atividades de inovação, e como que o conhecimento tácito ou não, oriundo deste tipo de iniciativa é produzido, e como que acontece da difusão e aplicabilidade deste tipo deste tipo de conhecimento na rotina da empresa. (Breschi et al., 2000).

A criação da base de conhecimento envolve alguns fatores como nível de profundidade de um conhecimento, complexidade na criação e difusão, interdependência deste tipo de iniciativa com outras ações dentro da empresa ( Frenz e Prevezer, 2010).

A variação para a criação desta base de conhecimento passa por aspectos como: definir se o conhecimento é genérico ou específico; se o conhecimento é tácito, ou seja, é intrínseco a quem executa a atividade ou se este conhecimento é codificado e pode ser replicado para outros colaboradores; se este conhecimento é simples ou complexo para ser elaborado, ou seja, se necessidade de pouca ou muita atividade de I&D; se é um conhecimento que pode ser produzido de forma isolada ou se precisa da relação com outros colaboradores ou áreas ( Malerba e Orsenigo, 1997).

Com intenção de estabelecer uma ligação entre o conceito de Regime Tecnológico apresentado acima, e para possibilitar a efectivação da análise empírica dos capítulos subsequentes as empresas serão repartidas nos respectivos regimes tecnológicos seguindo a taxonomia proposta em (Silva e Teixeira, 2011) Para esta categorização assenta nas atividades económicas consoante (CAE rev.3) para transformar e agrupar as diversas respostas em três regimes tecnológicos (Baixa Tecnologia, Média tecnologia e Alta tecnologia), (vide tabela 20 em anexo).

Embora a taxonomia original defina sete tipos de regimes tecnológicos, aqui apenas os três principais foram considerados dispondo-se da seguinte forma: baixa tecnologia (agrupando tecnologia muito baixa e baixa tecnologia); média tecnologia (agrupando tecnologia média-baixa, média tecnologia, média-alta tecnologia) e alta tecnologia (agrupando alta tecnologia, muito alta tecnologia).

A tabela 2 sumariza os principais conceitos de Regime Tecnológico utilizados ao longo deste trabalho.

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Tabela 2 Definição de Regime Tecnológico

Conceito Definição Referência

Regime Tecnológico

Regime Tecnológico é o ambiente no qual a firma desenvolve suas atividades de inovação, uma

vez que este ambiente pode influenciar a forma como esta atividade é conduzida. Dosi (1982); Existem dois regimes tecnológicos, um regime de base científica e o outro Regime Tecnológico

de base cumulativa. O regime de base científica identifica o conhecimento mais amplo, que propicia maiores oportunidades tecnológicas e consequentemente torna o acesso ao conhecimento universal. O regime de base tecnológica apresenta restrição para com as oportunidades tecnológicas e o conhecimento, justamente pelo caráter cumulativo da tecnologia.

Pavitt (1984)

Regime Tecnológico é a combinação especial das condições de oportunidades, apropriabilidade, condições para acumulação de conhecimento tecnológico e as condições para criação da base de conhecimento.

(Breschi et al., 2000; Franco Malerba & Orsenigo, 1997).

Regime Tecnológico não possui grande expressão, pois outras características da empresa seriam mais importantes para avaliar os padrões de persistência em inovar como a competência técnica dos funcionários, saúde financeira da empresa e fatores macroambientais.

(Frenz e Prevezer, 2012)

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2.4 Regime Tecnológicos como determinantes da persistência em inovação Conforme referido na secção anterior os regimes podem impactar diretamente uma empresa no ato de ser persistente a inovar ou não. Os pontos mais relevantes são: Oportunidade Tecnológica; apropriabilidade; cumulatividade e a base de conhecimento.

O indicador de oportunidade tecnológica visa identificar a facilidade com que a inovação pode ser obtida em um determinado setor. Esse grau de facilidade pode determinar a incidência de inovação, pois quanto menos acessível for a obtenção daquela tecnologia mais complicado para um novo entrante ou mesmo para uma empresa já atuante continuar a inovar ( Malerba e Orsenigo, 1997).

O indicador de apropriabilidade visa identificar o grau de proteção que é destacado para proteger a propriedade intelectual e o conhecimento tecnológico. Quanto menor for este grau de proteção, mais competitivo é o ambiente de inovação e isso pode afastar as empresas que queriam entrar ou inovar de forma recorrentes (Breschi et al., 2000)

O indicador de cumulatividade visa identificar o grau de dependência entre a inovação e o conhecimento tecnológico passado. Quanto maior for o grau de cumulatividade que o setor têm, maior a dependência das inovações passadas que a empresa precisa possuir, neste cenário para novos entrantes este pode ser um desafio e para os que interromperam por algum motivo, mas querem voltar também pode ser um grande desafio (Breschi et al., 2000).

O indicador relativo as características da base do conhecimento, busca identificar se o conhecimento tecnológico tem uma dimensão mais genérica ou mais aplicada do conhecimento produzido. Quanto mais intenso for este grau conhecimento aplicado é necessário para que a firma continue a inovar e a ter as suas inovações sendo absorvidas pelo mercado (Breschi et al., 2000).

Quando o tema é persistência em inovação, com a intenção de gerar externalidades positivas através da produção conhecimento tecnológico, algumas teorias se mostram relevantes não somente pela importância teórica que possuem, mas também por ajudar na definição das possíveis consequências para quando se realiza esse tipo de investimento.

O ato de persistir em inovação, pode ser explicado pelo comportamento de quem decide investir da seguinte forma: a decisão de inovar em um determinado período, aumenta a

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probabilidade de inovar no período subsequente (Peters, 2009). Esse tipo de ação pode ser explicada basicamente por três teorias complementares: “success breeds success (sucesso gera sucesso)”, “sunk costs (Teoria dos custos afundados)” e “the evolutionary innovation theory (teoria evolucionista da inovação)” (Peters, 2009).

2.4.1 Sucesso Gera Sucesso (Success Breeds Success)

Uma teoria que é importante para este estudo é baseada em que ações de inovação que geram resultados positivos no passado podem gerar sucesso em iniciativas no período seguinte. Esta teoria é abordada por Stoneman (1983), e este autor defende que inovações, que geraram externalidades positivas no passado, afetando positivamente as condições para que se realize uma inovação futura, e isso se garante através do crescente poder de mercado que a inovação gerou para a empresa. No entanto, é importante ressaltar que existe uma outra linha teórica que é defendida por Mansfield (1968), argumentando que o sucesso da inovação amplia as oportunidades tecnológicas tornando assim mais provável o sucesso subsequente da inovação futura, mas não é algo garantido.

Também se argumenta que os projetos de inovação devem ser observados com atenção, uma vez que, em sua maioria se apresentam como de alto risco, e as empresas precisam recorrer a fundos internos ou externos para financiar este tipo de atividade. Quando existe resultado positivo, oriundo do processo de inovação, esta iniciativa passada acabar por proporcionar a empresa um capital que pode ser alocado para financiar novas operações de inovação. É importante ressaltar, que existe um ponto em comum entre todas essas teorias que foram abordadas, que é a probabilidade de sucesso futuro que a empresa possui caso decida por investir em ações de inovações no presente (Peters, 2009).

2.4.2 Teoria dos custos afundados (Sunk costs)

O conceito de custos afundados apresenta-se como uma teoria para explicar o motivo pela qual algumas empresas realizam ações de inovação de forma persistente, sendo abordada por teóricos como (Nelson e Winter, 1982; Peters, 2009; Wright, 1982).

Investir em atividades de inovação não é uma decisão fácil a ser tomada pelas empresas pela sua natural aversão ao risco, e parte da complexidade desta questão está que muitas das

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para a criação de laboratórios de I&D, criação de uma nova unidade de negócio, recrutamento de pessoas qualificadas e outros).

Além dos custos iniciais já mencionados, o financiamento contínuo ao projeto é essencial em todo o processo de inovação até produto é lançado no mercado (Altuzarra, 2017; Peters, 2009). Outro fator que pode vir a dificultar o investimento inovação é se a cultura da empresa é de aversão ao risco ou se existem investidores procurando apenas a rentabilidade do dinheiro do investido, nestes casos essas pessoas serão relutantes em fazer com que o dinheiro da empresa seja direcionado para iniciativas incertas e com alto risco (Altuzarra, 2017).

Assumindo que o investimento é feito neste tipo de atividade, não parece muito acertado, parar essas atividades sem que estejam finalizadas, e que por consequência ainda não tenham dado o resultado esperado, já que, de haver sucesso, os gastos são pequenos em comparação com o retorno potencial. Mas essa irreversibilidade, ou seja, o investimento não volta sem que o resultado seja alcançado, é considerada uma barreira para dar o primeiro passo rumo à inovação. Desta forma, as empresas que decidem investir em atividades de I&D tendem a investir continuamente desenvolvimento dessas atividades ao longo do tempo, criando estoque de capital físico e humano, o propósito está em criar processos contínuos de inovação que gerem ganhos de eficiência ou produtividade (Altuzarra, 2017; Le Bas et al., 2015; Peters, 2009).

O fato do custo inicial dos processos de inovação se apresentarem como elevados, faz com que não são persistentes em inovar, mas que querem, acabem por não iniciar esta iniciativa, uma vez que, a barreira de entrada se apresenta como alta. Esta constatação acabar por reforçar a crença em ciclos virtuosos de acumulação de conhecimento.

2.4.3 (Teoria de Evolução da Inovação (The Evolutionary Innovation Theory)

A Teoria Evolucionista da Inovação, também fornece elementos que ajudam a justificar o ato da persistência em inovação. É defendido que o investimento em atividades de inovação está associado ao aumento dos retornos dinâmicos, ou seja, esse retorno pode vir através basicamente de três fatores e são eles: do ato de aprender a realizar melhor uma determinada atividade e compensar a perda de produtividade (learning by doing), a na forma de aprender alavancando-se nas potencialidades e combinações que aquela inovação gera para a empresa (learning by using) a as interações que acabam por surgir ao praticar um determinada prática de

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inovação, dentro e fora da empresa, isso pode levar a externalidades positivas para atividades de inovação o praticar a inovação (learning by interacting) (Altuzarra, 2017; Pavitt, 1984; Peters, 2009). O conhecimento tecnológico é reconhecido como bem económico e tem características de cumulatividade e não-exlcusividade, e isto acabar por propiciar uma grande inclinação para a persistência da inovação, uma vez que o novo conhecimento que é gerada pode vir a ajudar a melhorar aquele que já existe dentro da empresa, e desta forma, pode vir a servir de base para futuras atualizações de novos conhecimentos, o resultado deste processo pode ser a criação da vantagem competitiva da empresa e deste forma a empresa acaba por iniciar um círculo virtuoso (Altuzarra, 2017; Antonelli et al., 2013; Le Bas et al., 2015; Peters, 2009).

O capital humano acaba por ter um papel importante neste processo, uma vez que, o conhecimento tecnológico é gerado através do trabalho, e é isso que permite com que o estoque existente de conhecimento propicie uma capacidade maior de capturar novas oportunidades de inovação, cuja capacidade de absorção permite a aquisição de novas informações do meio inovador. As diferentes teorias que procuraram justificar a motivação para a persistência nas atividades de inovação são complementares entre si, já que a interação do sucesso gera sucesso com a acumulação de conhecimento, neste caso acabam por orientar a geração de um círculo virtuoso de persistência, em que os lucros alcançados em atividades de I&D, permitem que o processo de aprendizagem continue a se perpetuar dentro da empresa (Altuzarra, 2017; Peneder, 2010).

Existe outro fator a ser considerado, as inovações que são classificadas como bem sucedidas pela empresa, e ajudam-na a obter externalidade positiva daquela investimento através do aumento do lucro, rentabilidade, criação de patente, acabam por reduzir a desconfiança por parte de investidores. E a empresa comunica para o mercado que foi capaz de transformar o investimento realizado em resultados positivos, e neste caso ajuda a reduzir a incerteza já que o conhecimento para continuar a investir em inovação está dentro da empresa (Altuzarra, 2017). No que diz respeito à complementaridade entre os custos irrecuperáveis e a acumulação do conhecimento, os custos irrecuperáveis se apresentam como importantes na construção do conhecimento de acumulação, uma vez que a existência de processos de inovação anteriores reduzirá os custos e aumentará o conhecimento necessário para a empresa continuar inovando e a acumular conhecimento no futuro (Antonelli et al., 2013).

(26)

A tabela 3 a seguir permite concatenar as principais teorias económicas que possuem uma relação direta com a questão de investigação deste trabalho, e é com esse objetivo que esta tabela foi organizada.

Conceito Definição Referência

Teoria dos custos afundados

Muitas das vezes o custo do investimento inicial é elevado e se apresenta como irrecuperável. O financiamento contínuo ao projeto é essencial em todo o processo de inovação até produto é lançado no mercado

Nelson & Winter, (1982); Sutton, (1991), (Peters, 2009). Teoria de evolução da inovação

O investimento em atividades de inovação está associado ao aumento dos retornos dinâmicos, ou seja, esse retorno pode vir através basicamente de três fatores e são eles :(learning by doing); (learning by using) e (learning by interacting)

(Altuzarra, 2017; Peters, 2009).

Sucesso Gera Sucesso

Inovações, que geraram externalidades positivas no passado, afetando positivamente as condições para que se realize uma inovação futura, e isso se garante através do crescente poder de mercado que a inovação gerou para a empresa.

(Stoneman, 1983)

O sucesso da inovação amplia as oportunidades tecnológicas tornando assim mais

provável o sucesso subsequente da inovação futura, mas não é algo garantido. (Mansfield, 1968)

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2.5 A relação entre Regimes Tecnológicos e Persistência em Inovação na literatura existente

Com a intenção de comprovar a importância do tema e mostrar e relação direta que pode ser estabelecida entre Regime Tecnológico e Persistência em Inovação, fora realizada uma bibliometria 1utilizando o site da Scopus e a Web of Science para aferir o volume de busca para

estas palavras-chaves ao longo do tempo, conforme descrito na figura 1.

O corte temporal realizado se inicia em 1997 e termina em 2019, no entanto, a pesquisa fora realizada no mês de junho de 2019, ou seja, o ano ainda não está concluindo e por isso a queda brusca para o volume de citações entre estes termos. O ano de início é 1997 pois é o momento em que a primeira citação acontece relacionando os dois termos de busca, e são eles: Regimes Tecnológicos e Persistência em Inovação. Ao analisarmos o gráfico, fica claro o forte laço entre esses dois conceitos e a sua importância crescente.

Figura 1 Bibliometria para as palavras-chaves "Persistence Innovation" e "Technological Regime". Elaboração própia. Desta forma fica evidenciado não somente a evolução do interesse pelo tema ao longo como também a sua relevância, através do volume de citações destes termos no período analisado. A conexão literária sobre este tema será analisada neste ponto, uma vez que, esta conexão é o que dita o rumo desta investigação.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Tópicos: Persistence Innovation AND Technological Regime

(28)

O conceito de regimes tecnológicos se torna crucial para determinar a e evolução de uma inovação realizada por uma firma dentro de um espaço temporal. A escola que segue a linha de Schumpeter, diz que é fundamental analisar não somente o tipo de tecnologia ou inovação a que a firma se empenha para desenvolver, como também analisar o setor no qual esta mesma firma se encontra, e o cruzamento destas variáveis ajuda a definir o grau de inovação (Winter, 1984; Wright, 1982)

Para diferenciar os sistemas setoriais por tipos de inovação e gerar aperfeiçoamento no conceito dos regimes tecnológicos é primordial para que continue a evoluir o estudo de regimes tecnológicos e persistência da inovação (Marsili e Verspagen, 2002; Peters, 2009).

Os autores Wright (1982); (Dosi, 1982) e (Winter, 1984) afirmam que a descrição do ambiente tecnológico e operacional, no qual as empresas operam, é dada por regimes tecnológicos nos quais essas firmas se encontram. Se apoiando no conceito gerado por Nelson e Winter (1982), Malerba e Orsenigo (1997) definem que os regimes tecnológicos são o conjunto das principais características económicas, das tecnologias e dos processos de aprendizagem envolvidos em atividades de inovação.

Pode-se inferir que a relação entre regimes tecnológicos e a persistência em inovação passa pela combinação específica das condições de oportunidade, cumulatividade, apropriabilidade e as características para acumulação do conhecimento tecnológico (Breschi et al., 2000). Esses mesmos autores ainda conjugam os regimes tecnológicos com a utilização dos conceitos de padrões de inovação, para classificar a incidência de novos entrantes, a estabilidade dentro do setor e a concentração da atividade de inovação.

Autores como (Malerba et al., 1997; Peneder, 2010; Peters, 2009) concluem que os regimes tecnológicos estão associados diretamente aos estudo da persistência da inovação, uma vez que, é esperado níveis mais altos de cumulatividade tecnológica para aquelas empresa que estão a investir e a persistir em inovação de forma consistente.

Para Frenz e Prevezer (2012) o Regime Tecnológico é importante, mas não deve ser considerado como o fator mais importante, já que existem outras características da empresa que podem impactar significativamente nos padrões de persistência. Segundo Frenz e Prevezer, (2012), mais baixa as característica do Regime Tecnológico da empresa menor a probabilidade de persistência da firma.

(29)

Ao utilizamos a literatura apresentada até o momento, espera-se que a persistência da inovação esteja afectada com a atividade de inovação que esteja sendo realizada pela organização. Isso quer dizer que:

• as empresas com de alta intensidade tecnológica devem ser mais propensas a serem inovadoras e bem-sucedidas, e desta forma apresentando uma maior propensão para serem persistentes na inovação;

• as empresas que operam em setores de média intensidade tecnológica, que são esperados para ter níveis intermitentes no padrão de persistência a inovar; • as empresas que fazem parte de setores de baixa intensidade tecnológica, devem

apresentar baixa probabilidade de persistir na inovação.

A tabela 4 sumariza os principais conceitos Malerba e Orsenigo (1997) para com o conceito de Regimes Tecnológicos.

Tabela 3 Regime Tecnológico e Padrão de Inovação

Regime Tecnológico Padrões de Inovação

Concentração Estabilidade Novos Entrantes

Oportunidade Tecnológica Tende a Diminuir Tende a Diminuir Aumenta

Apropriabilidade Aumenta Aumenta Diminui

Cumulatividade Aumenta Aumenta Diminui

Conhecimento Específico Aumenta Neutro Diminui

Conhecimento Genérico Neutro Neutro Aumenta

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A tabela 5 tem como objetivo traçar a relação entre persistência da inovação e os regimes tecnológicos conforme a elaboração de ( Malerba & Orsenigo, 1997). Estabelecendo a relação entre os conceitos Persistência na Inovação e Regimes Tecnológicos.

Tabela 4 Relação entre Regime Tecnológico e Persistência em Inovação Fonte: Elaboração Própria

Regime Tecnológico Persistente Persistência em Inovação Intermitente Não Inovador

Oportunidade Tecnológica

Quanto maior a probilidade da empresa ter externalidades positivas no investimento

realizado, maior a probabilidade de ser persistente

Quanto menos estável for a probilidade da empresa ter externalidade positiva do investimento realizado,

maior a probabilidade desta ser intermitente no processo de inovação.

Se a firma não consegue comprovar externalidade positiva do investimento realizado, maior a probabilidade dela não inovar

nos períodos seguintes.

Apropriabilidade Quanto maior a apropriabilidade, a empresa tende a ser persistente para inovação. Se for baixa, tende a nao fazer.

Quanto menos sofisticado for o sistema de apropriabilidade da firma ou de setor, maior a probabilidade da empresa ser intermitente no

processo de inovação.

Quanto menos sofisticado for o sistema de apropriabilidade da firma ou de setor, maior a

probabilidade da empresa ser intermitente no processo de inovação.

Cumulatividade

Maior a habilidade da firma de utilizar e formar conhecimento para base de investigação futura, maior a probabilidade de

ser persistente.

Quanto menor for a capacidade da firma em formar conhecimento para base de investigação futura,

maior a probabilidade de ser Intermitente.

Quando não é uma prioridade para a firma formar conhecimento para base de investigação

futura, maior a probabilidade desta figurar como não inovadora.

Base de Conhecimento

Maior a habilidade criação e categorização do conhecimento e maior capacidade de difundir este conhecimento, maior a propabilidade de

ser persistente.

Maior a habilidade criação e categorização do conhecimento e maior capacidade de difundir este

conhecimento, maior a propabilidade de ser persistente.

Menor a preocupação para criar níveis de profundidade de conhecimento maior a propabilidade desta se encaixar como não

inovadora.2

(31)

2.6 Hipóteses em teste

Tendo como base a revisão de literatura apresentada pode afirmar-se que o Regime Tecnológico ao qual a empresa pertence bem como as suas características estruturais afectam a sua probabilidade de persistir nas actividades de inovação. Mais contretamente aevidência demonstra que as empresas High Tech serão aquelas que mais frequentemente desenvolvam novas actividades de inovação, controlando para o respectivo tamanho, dotação de capital humano, despesas em I&D, entre outros.

A análise empírica subsequente pretende inferir de que modo estas características afectam a persistência para na amostra em análise. Ao compararmos os efeitos de processos de inovação e implementação de máquinas, é possível observar que os processos de inovação tendem a gerar efeitos mais tardios para a organização, se compararmos os efeitos que a implantação de máquinas tendem a gerar, quase que de forma imediata, para a produção (Suarez, 2014).

A hipótese convencional de persistência na inovação aponta para uma clara relação entre as estratégias de inovação passadas com o presente, ou seja, as empresas continuarão a investir em inovação devido à sua dependência do passado ou continuarão como não inovadoras pelo facto de não terem inovado no passado, não obstante a evidência empírica, concretamente do caso Português revela a existência de comportamentos descontínuos e refuta as hipótese da persistência pura quando abordamos a concepção stricto senso (Costa, 2018).

No entanto, espera-se que as empresas que realizaram inovação no passado continuem a inovar no presente, pelo menos até completarem o ciclo daquela inovação ou surgir a necessidade de iniciar um novo tipo de inovação, até porque esta é a abordagem mais lógica no ponto de vista financeiro.

A tabela 6 elenca as hipóteses que serão trabalhadas nesta investigação e mais para frente, serão essas hipóteses que serão testadas em modelos econométricos.

(32)

Tabela 5 Hipóteses a serem testadas ao longo da investigação.

Hipótese descrição da hipótese

H1 Empresas que operam em setores pertencentes a diferentes regimes tecnológicos apresentam diferentes padrões de persistência de inovação.

H2 Empresas que operam em setores pertencentes a regimes tecnológicos caraterizados por uma mais elevada intensidade tecnológica são mais persistentes em termos de inovação.

H3 As empresas com maior dimensão são mais propensas a a inovar continuadamente.

H4 Os gastos em I&D afectam positivamente a probabilidade de persistir na inovação H5 O capital humano auxilia a persistência em inovação em Tecnológica e Complexa.

H6 Empresas que utilizam o apoio público são mais persistentes em inovar do que as demais. Fonte: Elaboração Própria

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3 Os Dados

3.1. Considerações Iniciais

O CIS, é um instrumento utilizado pelo Sistema Estatístico Nacional e regulamentado pela União Europeia. Tendo como objetivo medir e caracterizar as atividades de inovação dentro das empresas e realiza-se de acordo com os princípios definidos no Manual de Oslo. É um inquérito por amostra de periodicidade bienal.

Os indicadores que são mostrados em cada relatório do CIS, servem para descrever as atividades e os padrões de inovação no tecido empresarial, incluindo os recursos e investimentos realizados com atividades de inovação nas empresas, e os tipos de atividades de inovação realizadas (inovação de produto; inovação de processo; inovação organizacional; inovação de marketing e inovação de serviço).

Este será um estudo empírico sobre a relação da temática de persistência da inovação com os regimes tecnológicos, utilizando metodologia quantitativa. Esta metodologia será utilizada, uma vez que, a fonte de dados para ajudar a explicar as hipóteses levantadas, será o inquérito do CIS, nas suas ondas 08, 10, 12, 14 e 16, cobrindo o período 2006 a 2016, este utiliza essencialmente variáveis binárias. A construção do painel com um horizonte de 10 anos permite-nos alisar as flutuações macroeconómicas ocorridas no período.

A relação da persistência da inovação com os regimes tecnológicos, conforme já fora apresentado em seções anteriores deste trabalho, possui uma conexão direta com a teoria que aborda que a inovação realizada no passado, a influenciar os resultados de inovação no presente e no futuro, por isso será construído um painel das empresas monitorizando os cinco biénios Será considerado o comportamento inovador das empresas, ou seja, qualquer que seja a sua política de inovação, e assim será possível encontrar empresas que: inovam sempre, empresas que não inovam, outras que fazem sempre o mesmo tipo de inovação modo e aquelas empresas que não praticam o mesmo tipo de inovação por anos seguidos, mas existe uma persistência nas atividades de inovação, uma vez que, variam o tipo de inovação de um período para o outro. Importa ressaltar que as empresas podem variar de um ano para outro o tipo de inovação (produto, processo, serviço, mercado e organização), já que a definição escolhida é latu senso.

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Os persistentes em inovação serão classificados como aquelas empresas que realizam os processos de inovação de forma contínua, respondendo que realizam pelo menos um tipo de inovação em todos os cinco questionários.

Os dados dos CIS que servirão de base para esta investigação estão circunscritos aos dados das empresas Portuguesas das cinco ondas (2008, 2010 2012, 2014 e 2016). Para analisar a persistência das atividades de inovação nos dados recolhido nos cinco relatórios do CIS, será construidoum painel balanceado (a finalidade deste painel está em avaliar a persistência da inovação ao longo de um determinado período, uma vez que, é necessário um horizonte temporal para aferir se a empresa é persistente em inovar ou se inova de forma esporádica). 3.2 A dimensão da base de dados

A base de dados a ser estudada nesta dissertação possui um acumulado de 10 de anos de abrangência contendo cinco (5) ondas do inquérito de inovação (CIS), conforme já fora mencionado anteriormente. O tamanho da base de dados é de: 6593 empresas no CIS 2008, 6160 no CIS 2010, 6840 no CIS 2012, 7083 no CIS 2014 e 6775 no CIS 2016, conforme os dados da tabela 7 abaixo.

Tabela 6 Respostas ao CIS – edição Portuguesa Fonte: Elaboração Própria

Período N de Empresas CIS 08 2006 - 2008 6593 CIS 10 2008 - 2010 6160 CIS 12 2010 - 2012 6840 CIS 14 2012 - 2014 7083 CIS 16 2014 - 2016 67753

3 Para chegar a classificação do tamanho da empresa, foi utilizado o conceito estatístico da moda, uma vez que, a mesma empresa pode vir a responder de maneira diferente o tamanho em função do número de funcionários de um questionário para outro.

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3.3 O Painel Balanceado

A amostra a seguir apresenta a segmentação realizada incluindo apenas as empresas que responderam aos questionários do CIS de forma regular ao longo das cinco ondas (2008, 2010, 2012, 2014 e 2016). Após essa segmentação, a amostra

incluide 920 empresas, todas as análises futuras baseiam-se neste painel. Atentos às empresas da amostra, pode-se perceber que 32% das empresas são de pequena dimensão, 47% são de média dimensão e 21% são de grande dimensão, Caracterizando o referido painel.

Figura 2. Repartição das empresas segundo pessoal ao serviço Fonte: Elaboração Própria CIS 3.4 Os tipos de Inovação

A figura abaixo ilustra o número de empresas que realizaram cada um dos vectores de inovação em cada uma das ondas do CIS. Cada empresa pode realizar até 5 tipos de inovações por cada onda.

Figura 3 distribuição dos tipos de Inovação realizado pelas empresas da amostra do CIS (2008 – 2016). Fonte: Elaboração Própria CIS Ao analisar os dados da figura 3, verifica-se que que existe primeiro uma queda no número de inovações e depois uma relativa estabilização no número de inovações.

426 378 358 364 376 322 257 258 240 278 572 549 506 497 524 426 414 409 355 390 510 482 457 356 393 C I S 0 8 C I S 1 0 C I S 1 2 C I S 1 4 C I S 1 6

DIS T R IB UIÇÃO DA IN OV AÇÃO POR V ET OR

Produto Serviço Processo Marketing Organizacional

289

435

196

P E Q U E N A M É D I A G R A N D E

(36)

A tabela 8 apresentada abaixo, segmenta os dados com a intenção de aferir quais foram os tipos de inovação realizados pelas empresas portuguesas que podem ser classificadas como persistentes em inovar, , e quantas não inovaram também, ao longo dos 10 anos do CIS ( 2008 - 2016 ).

A riqueza dos dados desta tabela está em apresentar que veio a acontecer no período de 5 ondas do CIS. Analisando a coluna Produto e Processo, aferimos que houve um decréscimo no número de 5 pontos percentuais em ambos os casos, deste tipo de inovação, se comparar o ano de 2008 com 2016. Ainda nesta análise é possível ventilar a ideia de que isso indica um decréscimo na âncora da inovação convencional, uma vez que para muitos teóricos a inovação se dá pela vertical de produto ou de processo.

Se está afirmativa for levada como verdadeira, é possível acreditar que aparentemente exista um empobrecimento da iniciativa inovadora no tecido empresarial português, mas por outro lado outras inovações acabam por se estabilizar.

Através dos dados da Tabela 8 é plausível questionar se o tecido empresarial português é composto maioritariamente por seguidores dos processos de inovação ou por aqueles que ditam e criam as tendências de inovação. Parece relevante, é notável o decréscimo em todos os tipos de Inovação se comparar o CIS 2008 com o CIS 2016.

Felizmente, quando se analisa a inovação de processo, é possível perceber uma certa consolidação desta atividade inovadora. Isso pode indicar que essas empresas, possivelmente, estejam a trabalhar mais na orientação da redução de custos do que na maximização de lucros. Outra análise a ser ressaltada ainda da Tabela 8 , é que os tipos não convencionais de inovação (Serviço, Marketing e Organizacional), figuraram investimento ao longo do tempo, apresentando uma certa diversificação por parte das empresas e isso pode indicar que as empresas preferem diversificar os investimentos em inovação consoante as vaiáveis macro ambientais.

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Tabela 7 Os Tipos de Inovação do CIS (2008 - 2016). Fonte: Elaboração Própria com base CIS

Distribuição dos vetores de inovação

Produto Serviço Processo Marketing Organizacional

CIS08 Sim N 426 322 572 426 510 % 46% 35% 62% 46% 55% Não N 494 598 348 494 410 % 54% 65% 38% 54% 45% CIS10 Sim N 378 257 549 414 482 % 41% 28% 60% 45% 52% Não N 542 663 371 506 438 % 59% 72% 40% 55% 48% CIS12 Sim N 358 258 506 409 457 % 39% 28% 55% 44% 50% Não N 562 662 414 511 463 % 61% 72% 45% 56% 50% CIS14 Sim N 364 240 497 355 356 % 40% 26% 54% 39% 39% Não N 556 680 423 565 564 % 60% 74% 46% 61% 61% CIS16 Sim N 376 278 524 390 393 % 41% 30% 57% 42% 43% N 544 642 396 530 527

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3.5 O tipo de Inovador

Ao analisar a base de dados, e identificar o grupo que servirá de trabalho para este estudo, que são as 920 empresas que responderam de forma contínua o questionário do CIS, realiza-se uma nova segmentação e com a intenção de classificar os tipos de inovadores em três categorias: Inovador geral; Inovador Tecnológico e Inovador Complexo.

3.5.1 O Inovador Geral

As firmas que estão dentro desde grupo, correspondem ao fato de terem sido persistente em inovação ao declarar que realizaram pelo menos um tipo de inovação ao longo dos 10 anos em que participaram respondendo ao questionário do CIS em suas cinco ondas. E elas estão descritas da seguinte forma. As empresas que estão na escala de “0” significa que elas responderam ao questionário, mas afirmaram não ter realizado nenhum tipo de inovação no período que foram entrevistadas. E as empresas que se encontram na outra extremidade, ou seja, na escala de 5, afirmaram ter realizado os cinco tipos de inovação no ano em que fora realizado o questionário.

A Figura 4 exemplifica como estão distribuídos esses inovadores ao longo dos inquéritos que foram realizados, a quantidade de empresas que chegaram a realizar um determinado tipo de inovação. É possível notar que as empresas que inovaram são a maioria frente as empresas que não inovaram, isso indica um certo dinamismo.

Figura 4 Distribuição do Inovador Geral realizado pelas empresas da amostra do CIS (2008 – 2016). Fonte: Elaboração Própria CIS

195 106 143 166 184 126 205 134 145 178 168 90 230 139 149 157 145 100 273 137 137 159 146 68 226 138 162 160 151 83 " O " I N O V A Ç Õ E S 0 1 I N O V A Ç Ã O 0 2 I N O V A Ç Ã O 0 3 I N O V A Ç Ã O 0 4 I N O V A Ç Ã O 0 5 I N O V A Ç Ã O D I S T R I BU I Ç Ã O D O I NO V A D O R GE R A L

Referências

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