A Cadeira de Balanço Cunhã: Projeto de Cadeira de Balanço
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(2) A cadeira de balanço CUNHÃ: projeto de cadeira de balanço. movimento oscilatório, contínuo e compassado e este movimento é tão fundamental para o ser humano que as crianças, que foram privadas deste estímulo, podem desenvolver, mais tarde entre outros distúrbios, seu próprio balançar. Assim que podem dominar o seu corpo, embalam-se sozinhas, com movimentos para frente e para trás. No livro O Primeiro Ano de Vida, da psicóloga Rene Spitz (1987), o balançar patológico na criança, mereceu um capítulo inteiramente dedicado a ele. Mesmo não sendo a cadeira de balanço um móvel da tradição da cultura brasileira, como na Europa, a cadeira de balanço aparece em dois momentos distintos da vida. Na primeira idade, quando a criança nasce, a mãe a utiliza para embalar seu filho, e na terceira idade, na velhice, quando se está retornando ao início e dispõese de mais tempo. A cadeira de balanço é um símbolo, um signo que está encarregado de representar uma situação, sem sê-la (TURIM,1992), ou seja, está encarregada de reproduzir o deslocamento e a oscilação natural do corpo. Por meio dela e do envolvimento cognitivo a que ela remete, tem-se a possibilidade de repensar as relações afetivas, os espaços físicos e o tempo dedicados à afetividade no mundo de hoje. “A alternativa de ter ou não um determinado tipo de móvel vai da escolha que o usuário faz para sua vida íntima” (BONSIEPE, 1978). Um indivíduo leva durante a trajetória da vida, um equipamento básico, um “kitvida”, composto por uma família e um mobiliário. Com este equipamento básico, ele se estrutura, se articula e interage com o mundo, durante toda a vida. Balançar é sempre uma ação solitária, íntima e contemplativa. Outra identificação importante diz respeito aos espaços construídos. Os ambientes estão sendo minimizados e alguns espaços até extintos. Os projetos arquitetônicos, em função da minimização dos custos, têm eliminado justamente os espaços para contemplação e lazer, aglutinando várias atividades em poucos ambientes. É praticamente inexistente material didático específico que aborde o tema cadeira de balanço. Em contrapartida, livros e revistas de arquitetura e design apresentam muitos ambientes nos quais ela faz parte da mobília residencial. A grande maioria das cadeiras encontradas nas revistas especializadas tem um desenho tradicional, que remete ao passado. Isso se dá também porque sua utilização,como parte da mobília residencial, antigamente era muito mais freqüente. Observe-se que muitas vinham com os imigrantes europeus. Mesmo encontrando um grande número de cadeiras antigas, é relevante também observar que designers e arquitetos de todas as épocas, muitos modernos inclusive, desenvolveram suas versões para um móvel de embalar.. 18. 3 Análises de Similares As cadeiras de balanço aqui analisadas são, sem dúvida, móveis de extremo aprimoramento formal e técnico. Peças leves e delgadas, que trabalham no limite da madeira, como as cadeiras de balanço de Joaquim Tenreiro, em madeira colada e vergada (técnica sueca), como a espreguiçadeira de Oscar Niemeyer ou em lâminas encaixadas, como na cadeira de Reno Bonzon. Todas sempre em madeira associadas a fibras naturais ou couro. Apesar de todas utilizarem técnicas aprimoradas na sua fabricação, partem sempre do conceito de um assento apoiado sobre arcos de madeira.. Figura 1. Michel Arnoult – poltrona de balanço, assento e encosto em madeira curvada, revestida de mogno, estrutura maciça, 1990.. Figura 2. Joaquim Tenreiro – Cadeira de balanço em palhinha e jacarandá, 1959.. DEVIDES, M. T. C.; FONTOURA, I. de J. / UNOPAR Cient., Ciênc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 4, p. 17-22, nov. 2005.
(3) A cadeira de balanço CUNHÃ: projeto de cadeira de balanço. A. B A Figura 4. Oscar e Anna Maria Niemeyer – espreguiçadeira de balanço, em madeira Palhinha com almofada em rolo revestida em couro – 1977.. Figura 5. Esquema de funcionamento de cadeira de balanço, desenvolvido por Michel Arnoult.. 4 Resultados. B. Figura 3. Joaquim Tenreiro – Cadeira de balanço estruturada em madeira, com e encosto em couro, 1947.. A análise de inúmeras cadeiras de balanço trouxe a constatação de que todas se desenvolvem por meio do seguinte modelo: um assento sobre dois arcos com curvaturas, que podem variar quanto ao tamanho, assim como no tipo de revestimento usado na confecção do assento, que pode ser de fibras naturais, couro, madeira, assentos estofados ou não. Apesar de ser um modelo que funciona, a literatura e os questionamentos levantados durante o trabalho remeteram a outras formulações sobre este mobiliário, que devem ser traduzidos em sua solução formal. A proposta para o projeto da cadeira de balanço CUNHÃ fundamenta-se no embalo como uma ação que. DEVIDES, M. T. C.; FONTOURA, I. de J. / UNOPAR Cient., Ciênc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 4, p. 17-22, nov. 2005. 19.
(4) A cadeira de balanço CUNHÃ: projeto de cadeira de balanço. envolve o corpo todo, em todas as direções. Envolvente como um “ninho”, formado pelos braços da mãe, o intuito é repetir este ato por meio de uma solução formal. Caminhou-se por várias propostas formais, inicialmente repetindo a cadeira apoiada sobre dois arcos, que realizava o movimento oscilatório sempre em um só sentido. Buscou-se um modelo que permitisse repetir o movimento em outras direções. Por fim, pensou-se na união de inúmeros arcos de mesmo raio, de maneira a formar uma ‘calota’, que pudesse balançar em todas as direções, conforme os impulsos do corpo. 4.2 Geração de alternativas e ante-projeto. 20. Figura 6. Geração de alternativas.. Figura 8. Geração de alternativas.. Figura 7. Geração de alternativas.. Figura 9. Geração de alternativas.. DEVIDES, M. T. C.; FONTOURA, I. de J. / UNOPAR Cient., Ciênc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 4, p. 17-22, nov. 2005.
(5) A cadeira de balanço CUNHÃ: projeto de cadeira de balanço. Figura 12. Anteprojeto – vista lateral. Referências Figura 10. Anteprojeto – vista superior.. BARDI, P.M. Mobiliário Brasileiro: premissas e realidade. São Paulo: Museu de Arte de São Paulo, 1971. BONSIEPE, Gui. Teoria e practica del diseño industrial: elementos para uma manualistica crítica. Barcelona: Gustavo Gili, 1978. HATGE, Gerd. Muebles Modernos . Barcelona: Gustavo Gili, 1970. KETTIGER, Ernest; VETTER, Franz. Muebles e Interiores. Barcelona: Gustavo Gili, 1970. SANTOS, Maria Cecília L. O Movél Moderno no Brasil. São Paulo: EDUSP, 1995. EKAMBI-SCHMIDT, Jèzabelle. La Percepcion del Habitat. 2.ed. Barcelona: Gustavo Gili, 1974. SPITZ, René Arpad. O Primeiro Ano de Vida. São Paulo: Martins Fontes, 1987.. Figura 11. Anteprojeto vista frontal – assento estofado, apoiado sobre arco metálico. Este arco está fixado na ‘calota’ de madeira que faz o balanço.. TURIM, Roti Nielba. Elementos da Linguagem. Aulas Caderno RL2. Universidade de São Paulo. Escola de Engenharia de São Carlos. Departamento de Arquitetura e Planejamento. São Carlos/SP. Serviço Gráfico-EESCUSP – nº 2. Junho, 1992.. DEVIDES, M. T. C.; FONTOURA, I. de J. / UNOPAR Cient., Ciênc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 4, p. 17-22, nov. 2005. 21.
(6) A cadeira de balanço CUNHÃ: projeto de cadeira de balanço. Maria Tereza Carvalho Devides* Arquiteta formada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Design de Móveis (UNOPAR). Docente do curso de Desenho Industrial da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). e-mail: <maria.devides@unopar.br>. Ivens de Jesus Fontoura Mestre em Design Industrial, pela UNAM-México. Mestre em Educação pela UFPR. Doutorando em Ciências da Educação pela Universidade de Santiago de Compostela, Espanha, Professor do Curso de Design Industrial da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). e-mail: <ivens.fontoura@utp.br> * Endereço para correspondência: Rua Gago Coutinho, 464 – CEP 86.039-190 Londrina, Paraná, Brasil.. 22. DEVIDES, M. T. C.; FONTOURA, I. de J. / UNOPAR Cient., Ciênc. Exatas Tecnol., Londrina, v. 4, p. 17-22, nov. 2005.
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