• Nenhum resultado encontrado

RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA NA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DO COMPLEXO JORGE LACERDA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA NA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DO COMPLEXO JORGE LACERDA"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

*Centrais Geradoras do Sul do Brasil S.A.– GERASUL

Rua Paulo Santos Mello, s/n° – DGT/CEUT – Capivari de Baixo – SC – CEP 88745-000 Tel.: (048) 6214138 -- Fax (048) 6214001

e-mail: lbittencourt@gerasul.com.br ou lbittenc@tro.matrix.com.br

21 a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil

GRUPO XI

GRUPO DE ESTUDO DE IMPACTOS AMBIENTAIS

RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA NA REGIÃO DE INFLUÊNCIA DO COMPLEXO JORGE LACERDA

Lígia Bittencourt da Silva * Ilmar Goltara Gomes Cláudio Ludke Konradt Gisan Vitória da Costa Marcelo Delpizzo Caneschi Alexandre Thiele Wherinton Cavalcante

GERASUL RESUMO

As usinas do Complexo Termelétrico da GERASUL estão localizadas numa região, onde operaram, por longo tempo, depósitos de carvão mineral sem qualquer controle ambiental, tendo como resultado grandes áreas degradadas.

Diante desse quadro, procurando conciliar as necessidades da empresa com os anseios da sociedade, objetivando minimizar os impactos gerados, a GERASUL desenvolveu um projeto de recuperação ambiental para uma dessas áreas, ao lado da Usina Jorge Lacerda C (UTLC), focando os elevados índices de acidez e sólidos existentes, cuja concepção está sendo aplicada em outras áreas igualmente degradadas. Nesse trabalho será apresentado o projeto de recuperação ambiental dessa área, degradada por carvão mineral, utilizando cinzas da UTLC , bem como o programa de monitoramento e os resultados obtidos.

PALAVRAS-CHAVE

Carvão mineral, usinas termelétricas, poluição, recuperação ambiental.

1. 0 - INTRODUÇÃO

No Município de Capivari de Baixo em Santa Catarina, ao lado da mais recente usina do Complexo, Jorge Lacerda C (UTLC), e muito próximo a residências, operou, durante décadas, um depósito intermediário ou entreposto de carvão mineral da empresa atualmente extinta, Companhia Auxiliar de Empresas Elétricas Brasileiras - CAEEB, sem os devidos controles ambientais.

A falta dos controles ambientais adequados acarretou em uma área degradada de aproximadamente, 47 hectares. Coberta com carvão de alto teor de enxofre, gerou efluentes que caracterizavam-se por suas altas concentrações de sólidos e elevados índices de acidez, resultando em alto impacto ambiental nas águas superficiais e subterrâneas.

Diante das reivindicações da população local e ONGS, bem como em atendimento as solicitações dos Governos Federal e Estadual dentro do Projeto

(2)

Pró-Vida, em 1992, a GERASUL (Centrais Geradoras do Sul do Brasil S.A.) elaborou e implantou, com autorização da CAEEB e aprovação do Órgão Ambiental Estadual (Fundação de Amparo a Tecnologia e ao Meio Ambiente -FATMA), através da expedição da respectiva licença ambiental, um projeto de recuperação dessa área.

Levando em conta as características das cinzas, principalmente sua alcalinidade, e disponibilidade de cinzas para a Empresa, associada a necessidade de construção de bacias de cinzas para a nova usina, Jorge Lacerda C, foi realizado o estudo para a elaboração do projeto de recuperação.

2.0 - PROJETO DE RECUPERAÇÃO

A área degrada pelo depósito de carvão da Ex-CAEEB, 47 hectares (ver Figura 1 à direita), foi utilizada para a instalação do sistema de tratamento dos efluentes líquidos e disposição final de cinzas da UTLC, composto, basicamente, de bacias de sedimentação e clarificação de cinzas pesadas, provenientes do fundo da caldeira, totalizando quatro bacias.

FIGURA 1- - ÁREA DA EX-CAEEB DEGRADADA, À DIREITA, SEGUIDA DAS DUAS PRIMEIRAS BACIAS JÁ CONSTRUÍDAS

A primeira etapa do projeto foi a retirada gradativa (queima nas usinas) do carvão existente, preparação do terreno e a construção dos diques das bacias seguida pelas obras hidráulicas.

Após essa etapa, partiu-se para a operação das bacias, transformando-as em aterro hidráulico com cinzas, sendo os efluentes dessas bacias neutralizados e reutilizados no arraste hidráulico das cinzas.

A água ácida superficial existente nessa área é bombeada as bacias para neutralização. Em função da percolação da água das bacias, a alcalinidade das cinzas também é levada ao lençol freático, já comprometido pela acidez existente, proveniente dos anos de depósito de carvão.

Numa terceira etapa, após enchimento de cada bacia com cinzas e drenagem, uma camada de, aproximadamente, 10 cm de material argiloso é sobreposta, seguida de uma cobertura vegetal, inicialmente com a semeadura de gramínea (brachiaria ducumbens) e posteriormente com o plantio de espécies arbustivas (hibisco, azaléia, quaresmeira e estremosa) e arbóreas (Ipê Amarelo, Ipê Roxo, Jacarandá Mimoso, Sibipiruna, Cássia Chuva de Ouro, Flamboyant, Jambolão e Aroeira).

Serão distribuídas em quatro maciços, onde cada um será formado por oito árvores localizadas no centro e por dezesseis arbustos nas extremidades.

O espaçamento entre os arbustos é de 2,5 m x 2,5 m e a cova de 1,0 m x 1,0 m x 1,0 m, sendo as arbóreas, 5,0 m x 5,0 m e 1,5 m x 1,5 m x1,5 m respectivamente. A Figura 2 apresenta uma visão da área, com todas as bacias já implantadas, sendo que a bacia 1 já está coberta com gramíneas

FIGURA 2 - ÁREA DA EX-CAEEB COM AS BACIAS IMPLANTADAS, APRESENTANDO A ÁREA DA BACIA 1, À ESQUERDA, COBERTA COM MATERIAL ARGILOSO E GRAMÍNEA A exemplo do que está sendo realizado nessa área da extinta CAEEB, também no município de Capivari de Baixo, a aproximadamente 3 km do Complexo Jorge Lacerda, com o apoio da GERASUL, está sendo desenvolvido um projeto semelhante, com a utilização de cinzas pesadas do Complexo ( ver Figura 3). Trata-se da recuperação de cerca de 110 hectares do



(3)

Banhado da Estiva dos Pregos de propriedade da Coque Catarinense Limitada - COCALIT, área extremamente degradada por rejeitos piritosos desde a década de sessenta e que constituiu-se num grave problema ambiental para a região, em função da disposição desordenada e desprotegida dos rejeitos durante esse período.

FIGURA 3 - ÁREA DA COCALIT COM A LAGOA DE ÁGUAS ÁCIDAS NA PARTE SUPERIOR E ABAIXO A ÁREA COBERTA COM MATERAL ARGILOSO – VISTA AÉREA

3.0 – MONITORAMENTO AMBIENTAL

A fim de avaliar a qualidade das águas sub-superficiais da área, foi desenvolvido um programa de monitoramento do lençol freático, baseado na NBR 10.157, o qual permite acompanhar a influência das águas percoladas dessa área.

O sistema de monitoramento na área das bacias é composto por poços de monitoramento, com diâmetro mínimo suficiente para a coleta de amostras, revestidos e tapados na parte superior.

A localização desses poços é a montante e a jusante das bacias, tendo como referência o sentido do lençol freático.

As análises são realizadas de acordo com as técnicas prescritas no “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater – 14th edition, 1975.

A seleção dos parâmetros, tais como sólidos e acidez, teve como suporte os resultados de análises de testes de solubilidade e lixiviação para caracterização do carvão mineral e das cinzas, bem como a solicitação de parâmetros determinados pelo Órgão de Meio Ambiente (FATMA).

4.0 - RESULTADOS OBTIDOS

A recuperação do solo tem se mostrado eficiente. Uma cobertura vegetal já pode ser, claramente, observada nas bacias desativadas, como pode ser visto na Figura 4 .

FIGURA 4 - VISTA APROXIMADA DA BACIA 1 COM COBERTURA VEGETAL

Quanto aos resultados da água do lençol freático, os parâmetros analisados registraram valores acima dos padrões de qualidade para águas de classe 1.

Embora o pH ainda apresente valores baixos (2,5 a 4,3, ano 2000) em pontos a jusante das bacias, a acidez (média anual) chegou a reduzir na faixa de 46 a 70% no ano 2000 em relação a 1995, ano anterior a implementação das bacias de cinzas da UTLC. Essas quedas podem ser observada na Figura 5.

FIGURA 5 – MÉDIAS ANUAIS DE ACIDEZ, REGISTRADAS EM PONTOS DE MONITORAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO.

Acidez Bacias de Cinzas UTLC

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1995 1997 1998 1999 2000 Anos ppm CaCO3 Alb01 Alb02 Alb04

(4)

Os resultados de sólidos totais, constituídos pelos sólidos suspensos e dissolvidos, também apresentaram valores mais baixos no ano 2000 ( ver Figura 6), sendo que os sólidos dissolvidos registraram maiores índices do que os sólidos em suspensão (ver Figura 7).

FIGURA 6 – MÉDIAS ANUAIS DE SÓLIDOS TOTAIS, REGISTRADAS EM PONTOS DE MONITORAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO

FIGURA 7 – MÉDIAS ANUAIS DE SÓLIDOS DISSOLVIDOS E SÓLIDOS SUSPENSOS

Dos metais analisados, apenas as concentrações de chumbo apresentaram uma redução significativa, variando de 17 a 78%.

Quanto ao impacto às águas superficiais, o mesmo já não ocorre, em função do bombeamento das águas ácidas dessa área para bacias de cinzas, somadas a recirculação dos efluentes das bacias.

5.0 - CONCLUSÕES

A implementação do projeto de recuperação vem permitindo a reabilitação da área degradada, através da retirada/queima do carvão, da neutralização da acidez existente, aterro com cinzas e tratamento superficial. A integração da área a paisagem da região está concretizando-se gradualmente.

Os resultados mostram uma melhora na qualidade da água do lençol freático, principalmente, em termos de acidez e concentrações de sólidos percolados ao mesmo.

A implantação das bacias de cinzas nessa área representa, não somente uma alternativa para a disposição de cinzas, mas uma forma eficaz de minimizar impactos ambientais em área com depósitos de carvão mineral.

As águas superficiais, rios, também foram beneficiadas com o projeto, tendo em vista a neutralização das águas ácidas e recirculação dos efluentes das bacias, sem qualquer descarte de água dessa área aos rios.

6.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) ELETROSUL.1993. UTE Jorge Lacerda. Licença Ambiental de Instalação. Sistema de Tratamento de Efluentes Líquidos, Disposição de Cinza e Drenagem do Pátio de Carvão. Brasil.

(2) ELETROSUL.1990. Monitoramento Ambiental. Região de Tubarão 1987/1988. Brasil.

(3) ELETROSUL.1996. SAIBA de 4.05.93.Tribunal da Água – Caso Rio Tubarão. Brasil

(4) ELETROSUL. 1991. Projeto Básico Ambiental – UTE JORGE LACERDA IV. Brasil

(5) GERASUL. 1999. Marcelo Caneschi. Projeto de Reabilitação da Bacia 1. Brasil.

Sólidos Totais Bacias de Cinzas UTLC

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 1995 1997 1998 1999 2000 Anos ppm Alb01 Alb02 Alb04

Sólidos Dissolvidos x Sólidos Suspensos Lençol Freático - Bacias de Cinzas UTLC

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 199519971998199920001995199719981999200019951997199819992000 Sólidos Dissolvidos Sólidos Suspensos

(5)

ANEXO

DADOS BIOGRÁFICOS Nome: Lígia Bittencourt da Silva

Local e ano de nascimento: Tubarão/SC. 14/07/61.

Local e ano de graduação: Universidade do Sul de Santa Catarina (Tubarão/SC). 1984.

Experiência profissional: Engenheira química, trabalhando, desde 1986, na área de controle e monitoramento ambiental de usinas térmicas (publicações no ENESMA, SNPTEE e “Action Plan JICA –1995).

Referências

Documentos relacionados

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo caracterizar, estabelecer relações e verificar os padrões de apresentação nas cenas de violência humana das pinturas rupestres da

Colocou 200 m de água em dois recipientes. No primeiro recipiente, mergulhou, por 5 segundos, um pedaço de papel liso, como na FIGURA 1; no segundo recipiente, fez o

Em qualquer caso, reitera-se a obrigatoriedade de participação do aluno em todas as etapas (DISTRITO FEDERAL, 2005, p.15). É importante notar que tais observações

De acordo com o PROF Algarve, a área afetada por este incêndio está integrada na sua maior parte na Sub-região homogénea “Serra do Caldeirão”. Existem ainda pequenas áreas nas

Ela reconhece o ato da cura como sendo importante para a comunidade, destaca a importância da fé, tanto por parte do curador como de quem vai a busca da

É possível ampliar o estudo das relações entre duas variáveis numéricas, quer ajustando uma função, como, por exemplo, uma reta neste caso (ou mesmo duas, uma para o SEXO masculino

PALLAZZINO (Our Talisman) - 7 vitórias entre Maroñas, Palermo, La Plata, Córdoba e Santa Fé incl. GP Estrellas Juniors Sprint -

Todas as arestas que definem os elementos do modelo são visíveis de cima e estão representadas na vista superior pela linha para arestas e contornos visíveis. Por último, analise