Celebração das Exéquias
INTRODUÇÃO
• A
celebração
das
exéquias
recupera
a
índole
pascal
da
morte cristã, expressa no atual
Ritual de Exéquias, reformado
por ordem do Concílio Vaticano II.
• A morte sempre foi celebrada na tradição cristã como passagem para a vida eterna, chegando o Apóstolo a desejá-la: “o viver para mim é
Cristo é o morrer é lucro”
(Fl 1,21).
• Por isso mesmo, seu aspecto pascal sempre prevaleceu na liturgia, sobretudo no culto aos mártires.
• O Concílio Vaticano II recuperou a força da expressão “o mistério pascal de Jesus Cristo” para significar o ser e a missão do Filho de Deus no mundo e a continuação da sua obra através da Igreja.
• Na sociedade atual a morte não é vista como uma “passagem”, mas como um “fim tenebroso”.
• De um lado, há uma negação da morte. Por isso, tentam torná-la o mais ausente possível dos olhos de toda a sociedade.
• De outro lado, ela é vista como um espetáculo de curiosidade, um show para expectadores.
• Neste contexto, reconhecer e assumir a morte é admitir os limites da própria existência, bem como a falência do sistema contemporâneo, incapaz de saciar uma civilização desejosa de felicidade e vida sem limites.
• Para muitas pessoas, experiência da morte continua sendo uma ameaça e um extremo desconforto, um atentado à auto-suficiência pretendida pela sociedade moderna.
• Assim, torna-se difícil conceber a própria morte. Ainda mais, a morte dos outros é apenas tolerada e não há muito espaço para manifestações que exprimam os sentimentos de luto.
• Por causa da banalização da morte,
perderam-se muitas atitudes rituais
que ajudavam a enfrentá-la.
• Julga-se que dela é preciso livrar-se
o quanto antes, para se retomar as
atividades
rotineiras,
que,
muitas
vezes, mascaram um sistema que
provoca
mortes
prematuras
e
violentas.
• De uma forma ou de outra a
morte
é
um
dos
grandes
desafios a serem enfrentados
na cultura atual.
• Uma
das
propostas
mais
brilhantes
veio
da
reforma
litúrgica do Concílio Vaticano II:
“exprimir mais claramente a
índole pascal da morte
cristã”
(SC 81).
• Recuperar na prática celebrativa a índole pascal da morte cristã é um processo lento, seja pela falta de formação, seja pelo despreparo dos ministros, seja, ainda, pelos resquícios da antiga mentalidade e as dificuldades apresentadas na pós-modernidade.
• Numa sociedade que perdeu a ritualidade frente à morte, o tema permanece um tabu, porque traz à tona a impotência da humanidade diante da própria finitude.
• A dimensão pascal da morte
permeia
toda
a
celebração
exequial,
suscitando,
além
da
esperança
da
vida
eterna,
o
compromisso solidário, sobretudo
para com as vítimas da violência,
opressão e exclusão.
• A morte do cristão precisa ser
entendida como páscoa para a
vida em plenitude.
• Libertado dos laços da morte
pelo
sacrifício
do
Cordeiro
imolado
na
cruz,
o
cristão
participa do mistério de Cristo.
• O dia da morte inaugura para o
cristão a consumação de seu
novo
nascimento,
iniciado
no
Batismo, conferida na unção do
Espírito Santo e antecipada na
Eucaristia (CIC, 1683).
• Temos uma convicção de fé: O
cristão que morre em Cristo Jesus
“deixa este corpo para ir morar
junto do
Senhor”(2Cor 5,8).
• As primeiras comunidades cristãs nos
apontam para uma compreensão positiva
da morte, entendida como participação no
mistério de Cristo.
• O sentido pascal da morte era claro, como
podemos ver a partir do testemunho dos
mártires. Estavam certas que as portas da
vida plena foram abertas exatamente pela
vitória de Cristo sobre a morte violenta na
cruz.
• Assim como Jesus fora glorificado
pela sua fidelidade ao projeto do Pai,
também
o
cristão,
pela
fiel
perseverança
no
seguimento
de
Cristo
até
o
fim,
torna-se
co-participante da mesma herança que o
Filho de Deus conquistou ao preço de
seu Sangue Redentor.
• Portanto, a experiência da morte e
ressurreição em Cristo, antecipada
misticamente no batismo,
completa-se na morte real de cada cristão. A
partir disso, pode-se afirmar que a
morte do cristão é a sua derradeira
páscoa, na páscoa de seu Deus e
Senhor.
RITUAL DAS EXÉQUIAS
• O ritual de exéquias solicitado
pelo
Concílio
Vaticano
II
recuperou a índole pascal da
morte cristã (SC 81).
• O caminho e os métodos percorridos pela reforma litúrgica (SC), colaboraram para que a mentalidade pascal fosse ressaltada no ritual das exéquias.
• “Os funerais cristãos não conferem ao defunto nem sacramento nem sacramental, pois ele ‘passou’ para além da economia sacramental”(CIC, 1684).
• Estamos convencidos de que é
necessária dar atenção à preparação
da celebração das exéquias, a fim de
que ela expresse a relação entre o
Mistério Pascal do Senhor e a índole
pascal da morte cristã.
• Não podemos deixar a preparação
para uma celebrações de exéquias
depois informados sobre a morte de
alguém.
• A Eucaristia é a mais elevado ação
onde professamos nossa fé na
vida
eterna,
enquanto
se
aguardamos
a
vinda
gloriosa
do
Senhor Ressuscitado.
• A exéquia celebrada, na missa ou
fora da missa, permite
viver a vida
presente com os olhos fixos na
eternidade, considerando a finitude
de nossa existência terrena como um
passo importante neste caminho para
o futuro.
• Celebramos os funerais em três lugares: casa, igreja ou cemitério. Merece atenção a realidade da família, os costumes locais, a cultura e a piedade popular, a composição da assembléia (católicos, evangélicos...). Merece importância o ministério da presidência, seja de do ministro ordenado ou de leigos e leigas.
• É necessário exercer bem o ministério, pois celebrarmos a morte como um evento pascal.
Esquema comum para
celebrações de um funeral
1. Acolhimento da comunidade 2. Liturgia da Palavra
3. Sacrifício eucarístico (quando posível) 4. Ritos finais (adeus)
SUBSÍDIO NOSSA PÁSCOA
No subsídio “NOSSA PÁSCOA” oferece uma riqueza de celebrações para:
VELÓRIOS:
• Em forma de celebração da palavra; • Em forma de ofício divino;
ENCOMENDAÇÕES:
É a celebração que acontece antes de iniciar a procisão de enterro.
SEPULTAMENTO:
É a celebração própria para a hora em que o corpo é depositado na sepultura.
• ORIENTAÇÕES:
Exéquias com crianças;
Para quem escolheu a cremação;
• APÊNDICE:
A apêndice 1 apresenta diversos textos bíblicos apropriados para a celebração das exéquias. O apêndice 2 alguns cânticos apropriados, tirados do Hinário Litúrgico da CNBB e do Ofício
• Ainda
que
marcadas
pela
dor
humana da separação, as lágrimas
dos cristãos são consoladas pela fé e
a celebração litúrgica, especialmente
a missa de 7º dia, auxilia os cristãos
a viverem o luto como um elemento
salutar e necessário no processo da
caminhada da fé.
• Hoje, na celebração das exéquias é
possível conciliar a dimensão da
intercessão (sufrágio) pelos defuntos
e a dimensão do consolo diante da
separação
de
entes
queridos,
justamente por causa da esperança
na vida eterna.
• Assim, a celebração das exéquias, em suas diversas etapas, é marcada pela acolhida fraterna de irmãos, pela escuta orante da Palavra de Deus e, quando possível, culminada com a celebração eucarística.
• A visibilidade dos sinais sensíveis e das ações simbólico-rituais da liturgia são auxilio eficaz para se celebrar a esperança na páscoa definitiva.
• Um fator a ser recuperado é o
sentido
do
luto
e
nossa
presença eclesial, sobretudo,
ao longo dos 7 dias.
• Outro problema é a cremação,
para a qual não estamos bem
preparados
liturgicamente,
até
porque já houve muita resistência
da Igreja a isto.
• Estamos conscientes da necessidade de recuperar a pascalidade da morte cristã. Desta forma, os cristãos enlutados podem professar a fé, celebrando no mistério da páscoa de Cristo a páscoa dos que partem deste mundo para a casa do Pai. Escolher e preparar bem o roteiro celebrativo é fundamental para que se atinja os objetivos de uma celebração conforme a Igreja orienta.
• Resta-nos a esperança de que possamos aprofundar estas e outras dimensões, sempre em função de celebrarmos melhor o mistério de Cristo que “participou da
nossa condição, a fim de destruir pela morte o dominador da morte, e libertar os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte” (Hb 2,14).